Gênese da Língua Brasileira

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1. RESUMO

A máxima que a língua é viva do poeta brasileiro Olavo Bilac está presente em cada etapa da história linguística brasileira a tal ponto, que em cinco séculos desenvolveu-se expressivamente trazendo consigo a interrogativa sob qual fase da linha de desenvolvimento do idioma falado no território brasiliano encontra-se, principalmente na jornada do século XXI. A miscigenação etnolinguística absorvida nesses 521 anos pelo Brasil transformou a língua, onde a questão interrogativa não está se o Brasil fala português mas se está em gestação como luso-brasiliana, ou se nasceu a Língua Brasileira.

Palavras Chave: Filologia, Lexicologia, Linguística histórica, multilinguíssimo e Terminologia.

RESUMEN

A particularmente dado que la lengua e anima a un poeta Brasil Olaf bilac esta presente em cada etapa da la historia lingüística brasileña desde tan profundo, que em cinco séculos desenvolveu-to expresivamente trazendo consigo un sop interrogativo fase igual dar linha de Desenvolvimento do languages ​​falado no hay barrio Brasil encontra-uno, principalmente en la jornada de século 21. A miscigenação Etnolingüística absorvida nesses 521 pelo Brasil transformou una lengua dorada, de ahí la pregunta interrogativa não está el portugués brasileño O Fala mas se está abajo para gestação como Luso-Brasiliana, el aceite nace de Língua Brasiliana.

Palabras Clave: Filología, Lexicología, Lingüística Histórica, Multilingüe y Terminología

2. Introdução

O estudo da linguística é primordial para a sustentabilidade idiomática de uma nação, como também, seus códigos de comunicação. Visto que, havendo a inexistência de códigos a comunicação seria inviável e a ausência idiomática permeariam em embaraços para a normatização dos códigos de comunicação.

Para haver o estudo da linguística necessita haver o discernimento o modus operandi para sua realização. A Doutora Marília Freitas apresenta uma definição para pesquisa:

O termo “pesquisa” significa, segundo o dicionário Aurélio (FERREIRA, 1986, p. 1320), “indagação ou busca minuciosa para averiguação da realidade; investigação, inquirição”. Além disso, também significa “investigação e estudo, minudentes e sistemáticos, com o fim de descobrir ou estabelecer fatos ou princípios relativos a um campo qualquer do conhecimento”. Essas definições nos ajudam a compreender a pesquisa como uma ação de conhecimento da realidade, um processo de investigação, minucioso e sistemático, para conhecermos a realidade ou alguns aspectos da realidade ainda desconhecidos, seja essa realidade natural ou social. (Tozoni-Reis, pág.2)

A língua, como um organismo vivo, evolui continuamente segundo as mudanças dos falantes em meio a interação temporária, mas principalmente de grupos sociais de idiomas diferentes, fazendo-se necessário conhecer o processo de formação de uma língua.

A observação da árvore linguística, a qual conduz à língua pesquisada, permite a percepção de sua genealogia em seu tronco linguístico e o desenvolvimento de seus ramos. Essa observação, conduz a compreensão do hibridismo e o entendimento do nascimento de novos idiomas, com sua necessidade de desenvolvimento contínuo de seus ramos linguísticos e o nascimento nos ramos maduros.

A imagem à baixo demonstra o tronco linguístico europeu com desenvolvimento por meio de um relacionamento iniciado através da interação humana, a princípio em um contexto regional, ou com ligação de o princípio de coexistência comercial ou migratória, ou mesmo por meio de domínio político-ideológico, político- militar e ou mesmo ambos, um domínio político- militar fomentado, ou embasado, em uma ideologia.

A interação humana, em todos os seus aspectos, conduz a uma interação linguístico-cultural, com a preponderância da linguagem com menor número de falantes ou mais frágil etimologicamente, ou inferior em meio a etapa no desenvolvimento humano.

Imagem 1: Formação linguística europeia.

http://cvc.instituto-camoes.pt/tempolingua/04.html

2.1. Considerações sobre a composição das palavras

A composição de uma palavra tem sua origem em um lexema ou raiz da palavra mais prefixo, sufixo ou ambos. Diversos linguistas afirmam que alguns sufixos adquirem determinado valor pelo uso. Assim, eles teriam mais do que a função de formar novas palavras com novas classes gramaticais. As funções deles estariam ligadas à semântica. Por exemplo, a adição do sufixo “eco” à palavra jornal não gera apenas o diminutivo da primitiva, mas tem valor depreciativo.

2.2. Sufixos relacionados à naturalidade

Sufixos de nacionalidade dos países membros da CPLP têm um termo peculiar a um dos membros: Brasil. Percebe-se que a todos foi utilizado sufixos a fim, exceto o mencionado.

Gráfico 1: Forma linguística de cidadania dos membros da CPLP

Angola

Angolano

Brasil

Brasileiro

Cabo verde

Cabo-verdiano

Guiné-Bissau

Guineense

Guiné- Equatorial

Guinéu-equatoriana

Moçambique

Moçambicano

Portugal

Português

São Tomé e Príncipe

Sãotomeense

Timor-Leste

Timorense

Países não membros da CPLP, porém tem o português como segundo idioma e já foram território português e são, ou foram, regiões administrativas próprias.

Gráfico 2: Forma linguística de cidadania de cidades autônomas

Macau (região administrativa na China)

Macaense

Goa (região administrativa na Índia)

Goense

O intuito de apresentar esses gráficos está no distúrbio linguístico, onde desde sua origem a relação da nação brasileira junto à metrópole Portugal não fora de migração, porém de deslocamento de trabalhadores. Diferentemente dos demais países membros da CPLP que foram desde sua origem um território de migração.

3. Idiomas

A formação de um idioma passa basicamente por três fases: dialeto, língua e idioma; onde a diferenciação entre essas fases está no processo temporal de cada uma. Fez-se necessário apontar a definição de cada uma para que seja viável a finalidade deste respectivo artigo.

Basicamente o dialeto é composto pelo hibridismo entre duas ou mais línguas; onde a língua são os símbolos ágrafos ou grafos em que uma comunidade realiza sua comunicação no seio social; e o idioma permeia a oficialização da língua como comunicação entre todos os membros de um território ou sociedade.

Segundo BECHARA (2010, p.30), a rápida latinização da península ibérica foi responsável pelas características linguísticas arcaicas do latim hispânico, as quais resultaram no nascimento do espanhol e do galego-português; a qual corrobora AREÁN-GARCÍA (2011, p.2-3), onde podemos apontar que o Reino das Astúrias estava unificado sob o reinado de Fernando I (1035 – 1063) com os territórios cristãos já se estendiam até Coimbra e avançando em direção ao sul da Península Ibérica.

Durante o reinado de Fernando I (1035 – 1063), os territórios cristãos já se estendiam até Coimbra e avançavam em direção ao sul da península ibérica. Um pouco antes de sua morte, Fernando I dividiu o reino entre seus filhos: deixando a região de Castela a Sancho II, Leão a Afonso VI e Galiza a García I. Então, durante o período de 1065 a 1090, a Galiza tornou-se um reino independente sob a cora de García I, cujos os limites ao sul ultrapassavam as margens do rio Douro e, a leste, se estendiam por terras que hoje são asturianas, leonesas e também zamora. (AREÁN-GARCÍA, Revista Philologus, pag. 7-8)

Imagem 2: Península Ibérica Século IX ao XI

http://web.archive.org/web/20101222040200/http:/www.maravedis.net/castilla.html

A questão que Fernando I não poderia imaginar a dimensão da ambição de Afonso VI em reunificar o outrora reino de seu pai sobre sua coroa e através da imagem à cima, fica claro que o Califado de Cordoba ocupava todo o sul da península ibérica e ao norte perdeu território para os cristãos do Reino Cristão de Fernando I. Após longos anos pela retirada dos mulçumanos da península ibérica, Rei Fernando próximo à sua morte deixa como herança os reinos de Galiza para García I, Reino de Leão para Afonso VI e o Reino de Castela para Sancho II.

Tomando para si o Reino de Castela e passando assim a denominar-se Reino de Leão e Castela; e posteriormente justificar haver problemas com os sarracenos[1] ao sul de Galiza tomando-o para si. Ao fazer a reunificação do reino, transformou o reino de Galiza e Castela em condados fazendo-os de vassalos. (AREÁN-GARCÍA, 2011.p.8)

Areán-Garcia apresenta que a decisão pela divisão do Reino da Galiza pelo Rei Afonso VI, e subordina-lo como Condados, criou o princípio para a viabilidade do nascimento da Língua Portuguesa. Ao norte do rio Minho, foram enviados a sua filha Dona Urraca casada com Dom Raimundo de Borgonha como Condes da Galiza e ao sul Dona Tereza casada com Dom Henrique de Borgonha como condes do recém nomeado Condado de Portucale[2][3];  onde, de acordo com Lorenzo (1994, p.35-36 apud AREAN-GARCIA, 2011, p.8), a definitiva separação da Galiza deu-se pelo fato de Dona Urraca, Condessa de Galiza, ser sucessora direta do Rei Afonso VI, marcando definitivamente a separação política entre os Condados Norte e Sul.

O marco histórico para a separação ocorreu pelo fato da Rainha Dona Urraca unificar a Galiza ao reino de Leão e Castela, visto que, S.M. assumiu o título de Rainha do Reino de Leão e Castela e Condessa da Galiza.

O Conde de Portucale D. Henrique para o sul expulsando os mouros teve a recompensa de ser nomeado rei por meio da Bula papal Manifestis Probatum [4]de Alexandre III. A questão idiomática está na definitiva separação em dois idiomas devido Portucale a popoulação ter se relacionado linguística e culturalmente com os árabes durante a ocupação Emirado Al Queluz auxiliando na mudança linguística e a Galiza permaneceu estática.

Portugal vivenciou as três fases de desenvolvimento idiomático: dialeto onde prefixos e sufixos foram absorvidos do árabe (absorção de novas palavras e composição de novas palavras por justaposição e aglutinação); idioma galego-português para relacionamento entre Galiza e Portugal; e separação entre o Português e o Galego com línguas nacionais como marco entre a separação do reino de Portugal e o Condado de Galiza que havia sido retomada por Leão e Castela visto que a Condessa da Galiza se tornou rainha do Reino.

Esse fato contribuiu para a definitiva separação entre os idiomas devido ao receio da Corte Portuguesa ter um destino semelhante pelo parentesco da rainha e dos reis de cada reino.

Imagem 3: Figura: Manifestis Probatum. Bula papal, Alexandre III, 1179. Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo, PT-TT-BUL/16/20

Sabemos por evidentes sucessos que como bom filho e príncipe católico tendes feito vários serviços à sacrossanta Igreja, vossa mãe, destruindo valorosamente os inimigos do nome cristão, dilatando a fé católica por muitos trabalhos de guerra e empresas militares […] Por isso nós concedemos à tua excelência e autoridade, e confirmamos por autoridade o Reino de Portugal com a integridade das honras e a dignidade de Reino que os reis pertence, e também todas as terras que, com auxílio da graça celeste, arrebatares das mãos dos Sarracenos […] Tradução de Frei António Brandão. (SOUZA, 2019. P.1)

Martins expressa que uma característica adotada pelo Reino de Espanha foi a permissão do multilinguíssimo em seu território, estando todos os idiomas sujeitos à língua espanhola, a qual unificou a nação e trata das relações internacionais. O catalão (MARTINS, pg.5) é falado na Catalunha, Ilhas Baleares, comunidade valenciana e nos distritos orientais de Aragão; o vasco (Eus1ara ou Eus1era) é falado nas "Comunidades Autônomas Basca e em Navarra (MARTINS, p.7); o Galego é falado na Galicia, ao noroeste da península, e é sua língua oficial ao lado do castelhano. Está no sistema escolar, nos meios de comunicação de massa e nas relações entre administração pública e os cidadãos assim como nos tribunais (p.10).

Observa-se que o exemplo da Espanha aponta uma questão idiomática junto a administrativa, cada idioma está relacionado exclusivamente ao seu grupo de comunidades autônomas; como de praxe existe uma dinâmica migratória nas províncias que impulsiona ao hibridismo idiomático. Porém as modificações linguísticas são mínimas dentro do censo populacional.

4. Idiomas no Brasil

4.1. Primeiros passos

O Brasil vivenciou diversas influências idiomáticas, em fases e modos diferentes, que marcaram definitivamente a Linguagem nacional e exploraremos cada uma dessas fases vivenciadas. Sua primeira fase oficialmente iniciar-se-ia com a divisão territorial a leste da linha traçada no Tratado de Tordesilhas após o descobrimento da América por uma frota espanhola que buscava a circum-navegação com os portugueses, mesmo sem a certeza de haver terras abaixo do ponto encontrado.

A chegada da Frota comandada por Pedro Álvares Cabral para domínio do território abaixo do ponto fez com que rapidamente tomassem posse o denominando Terra de Vera Cruz e enviasse navios da frota para informar ao rei português enquanto completavam a viagem com a maior parte da frota pelo Cabo da Boa Esperança, extremo sul da África, até as Índias. Tecendo um rápido comentário sobre duas questões sobre as Índias: nascidos nas Índias são indianos e etimologicamente “nos” - origem e índia- Hindu.

A carta enviada está transcrita paleográfica e no artigo original no português lusitano, porém, como o intuito deste artigo está em demonstrar a demasiada diferença entre o lusitano e o brasileiro, fora acrescida mais uma coluna com o brasileiro e o lusitano que está como português contemporâneo renomeado pelo autor como lusitano.

Demonstrado à baixo a carta de Pero Vaz de Caminha ao El Rey de Portugal arquivada na Torre de Tombo, sendo o texto arquivado Paleográfica e transcrito pelo autor para o Português contemporâneo Lusitano comparando-o ao Brasileiro.

Tabela 2: Transcrição Paleográfica, transcrição contemporânea portuguesa e transcrição contemporânea brasileira

TRANSCRIÇÃO PALEOGRÁICA[5]

TRANSCRIÇÃO CONTEMPORANEA PORTUGUESA[6]

TRANSCRIÇÃO CONTEMPORANEA

BRASILEIRA[7]

Snõr posto queo capitam moor desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam avossa alteza anoua do acha mento desta vossa terra noua que se ora neesta naue gaçam achou. nom leixarey tam bem de dar disso minha comta avossa alteza asy como eu milhor poder ajmda que perao bem contar e falar o saiba pior que todos fazer.

 Pero tome vossa alteza minha jnoramçia por boa vomtade. aqual bem çerto crea q[ue] por afremosentar nem afear aja aquy de poer ma is caaquilo que vy e me pareçeo.

Senhor: Posto que o Comodoro desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que ora nesta navegação se achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que — para o bem contar e falar — o saiba pior que todos fazer. Tome Vossa Alteza, porém, minha ignorância por boa vontade, e creia bem por certo que, para aformosear nem afear, não porei aqui mais do que aquilo que vi e me pareceu.

Senhor: Já que o Conta-Almirante desta sua frota, e assim os outros capitães escrevem para Sua Alteza o novo da descoberta desta sua nova terra, que agora está nesta navegação, não deixarei de dar minha conta à Sua Alteza, assim como posso fazer melhor, mesmo que - por uma questão de contar e falar - saiba o que é pior do que tudo fazer. Tome Sua Alteza, no entanto, minha ignorância por boa vontade, e acredite bem com certeza que, para deixá-lo com medo, eu não vou colocar aqui mais do que o que eu vi e me pareceu.

Percebe-se a grande mudança da língua portuguesa ao longo dos anos, mas a questão principal está na diferença entre Portugal e o Brasil. À cima, existe uma percepção de peculiares diferenças, mas será demonstrado outras questões substanciais.

Durante o discurso, foi citado o início de Portugal com a origem portuguesa do seu irmão galego. Como demonstrado, Portugal instalou-se no Brasil com a perspectiva de exploração do território em princípio com desmatamento para envio de pau-brasil e madeiras nobres para comercialização.

Para a organização, D. João III dividiu o território em Capitanias, onde os capitães seriam responsáveis pela administração e envio de produtos à Portugal. Vê-se uma perspectiva de instalação de um feudalismo, onde os capitães estavam em uma perspectiva próxima à nobiliária.

Observe na imagem à baixo uma inexistência de união territorial, mas uma espécie de divisão de condados/ capitanias que se auto governavam e dirigiam-se diretamente à corte com relatórios e sujeitos ao senhorio do Rei como vassalos.

Imagem 4: Capitanias hereditárias

https://www.todamateria.com.br/capitanias-hereditarias/

4.2. Etimologia das capitanias

  • Ceará- carne seca
  • Ilheus- radical de ilha. Galiza (Espanha) Galego
  • Itamaracá- itá – pedra + mbara’ká – chocalho
  • Maranhão - grande mentira
  • Pernambuco – tupi mparanã (mar) + mbuka (oco), em referência aos arrecifes que se formam no litoral .
  • Piauí - tupi piaby - (piaba ou pi(ra)awa, "piaba" ou "piau" + 'y "rio").
  • As demais capitanias têm etimologia estritamente portuguesa.

As nomenclaturas dessas capitanias aproximam-se muito ao proposto neste artigo. Cada nomenclatura é formada por justaposição ou aglutinação entre ternos de outros idiomas, chegando a encontrarmos raízes com idiomas diferentes, onde com a chegada dos portugueses ao Brasil, outrora Terra de Santa Cruz, de hibridismo por plurilinguíssimo na colônia.

4.3. Indígenas

O modelo de instauração de extrativismo com mão de obra indígena não foi bem-sucedido. As tribos não se deixaram serem escravizadas e seu território e seu modo de vida usurpados rebelando-se contra os portugueses; porém, as tribos não se uniram e desta forma, muitas sucumbiram nas mãos portuguesas. O modelo de capitania manteve-se por 16 anos, contudo sucumbiu por fatores como cita:

São diversas as razões para o descaso português com as terras do Brasil nos primeiros anos após o descobrimento. Portugal ainda se recuperava da peste negra que assolou a Europa no século XIII, de modo que a oferta de mão de obra foi um limitador, hoje poucas vezes lembrado. Grande parte da população era rural e se dedicava ao cultivo de alimentos. Outro grande percentual da mão de obra era absorvido pela indústria naval, setor intensivo em trabalho na época. (Mattos, p. 437)

Pode-se ficar a pergunta sobre a situação dos indígenas. Para compreensão faz-se necessário entender que o território era ocupado integralmente pelos tupinambás e que eles formavam uma sociedade com tribos autônomas, porém do mesmo modo de estrutura político-social e um tronco linguístico dinâmico.

Semelhante à árvore idiomática latina, é preciso visualizar a árvore idiomática indígena-brasileira.

Imagem 5: Árvore linguística indígena-brasileira

https://www.dicionariotupiguarani.com.br/voce-sabia-que-nao-existe-a-lingua-tupi-guarani/

Pode-se observar algumas características dos idiomas indígenas-brasileiras. Primeiramente podemos afirmar que as línguas indígenas sul-americanas são origem de uma mesma língua, o Tupi, com suas exceções do Peru e América Central: Incas, Maias e Astecas. Segunda característica é que diferentemente da Europa, as demais línguas descendentes não estão por hibridismo, mas por distanciamento territorial.

4.4. Tronco linguístico indígena brasileiro

Imagem 8: Localização das principais famílias e seus troncos linguísticos

https://i.pinimg.com/originals/11/f5/f0/11f5f0c204d21c5e36d58abb8e075318.jpg

O fim deste trabalho a questão, atentemos a interação dos idiomas. A interação entre os indígenas tupi com o português tem algumas questões, visto que se faz necessário pontuarmos importantes questões sobre os portugueses que permaneceram em solo brasileiro e que estavam a bordo na frota e sua missão. Comecemos pelos Jesuítas, onde esta ordem tinha a primícias de oficializar o registro da aquisição de um território e catequizar os povos encontrados com os fins do cristianismo e o desenvolvimento da educação dos descendentes dos portugueses em solo brasileiro e dos indígenas.

Segundo MARTINS,

Por isso afirmaram, claramente, que: não eram monges. Os mosteiros seriam substituídos por casas, residências e colégios; as celas por cubículos; dispensavam a sala capitular sem que isto significasse a abolição da prática da correcção fraterna ou a prática da penitência como meio privilegiado da ascese cristã. (MARTIN, P.90, 2004)

Apenas após nove anos de aprovação da Ordem pelo Papa Paulo III, os primeiros jesuítas desembarcaram no Brasil em 1549 liderados por Manoel de Nóbrega junto com o primeiro Governador-Geral do Brasil, Tomé de Souza. Os religiosos foram os pioneiros com o trabalho de educação dos descendentes dos portugueses e nativos.

A Companhia de Jesus possuía características diferentes de toda as ordens religiosas pois assemelhavam-se a uma “Companhia Militar” com função missionária, inclusive com uma constituição própria.

Companhia: Todo aquele que pretende alistar-se sob a bandeira da Cruz, na nossa Companhia, que desejamos se assinale com o nome de Jesus para combater por Deus e servir somente o Senhor e ao Romano Pontífice, seu Vigário na terra, depois do voto solene de perpétua castidade persuada-se que é membro da Companhia. (MARTINS, 2004. P.91)

O Frei José de Anchieta teve um papel primordial no diálogo entre as tribos tupi-guarani e os portugueses, ensinando-os o português aos indígenas e evangelizando-os.

Os portugueses iniciaram um processo de construção de vilarejos, onde o seu estabelecimento desenvolveu toponímias. O resultado dessa interação encontra-se na denominação de diversas cidades, como também o grupo familiar de residentes de diversas cidades; como também de frutas e animais. Exemplo:

  • Açaí - fruta amazônica
  • Carioca - Naturais da cidade do Rio de Janeiro
  • Guará - lobo
  • Itaúna - cidade no Estado do Espírito Santo
  • Itapemirim - Cidade no Estado do Espírito Santo
  • Juçara - palmeira - Nome Próprio
  • Macaúba - árvore do sertão nordestino
  • Manaus - Tribo que residia às margens do rio Negro
  • Manauara - Naturais de Manaus
  • Mandioca - macaxeira - aipim
  • Mutirão /português-tupi/ - trabalho excepcional em grupamento
  • Nhenhenhém - tagarelar
  • Pará - nome de um rio - Estado Brasileiro
  • Paraíba - Estado Brasileiro
  • Sagui - espécie animal
  • Tijuca - bairro da cidade do Rio de Janeiro
  • Tupi-guarani – idioma e etnia indígena brasileira e paraguaia

O encontro da língua portuguesa com o idioma tupi-guarani agregou palavras ao Português.

5. Idiomas africanos

Os idiomas africanos são oriundos dos escravos das colônias portuguesas na África para dinamizar a mão de obra necessária a um custo ínfimo, escravidão. Voltando-nos a linguística, os africanos trazidos dividiam-se em dois grupos linguísticos: sudaneses e bantos: onde os sudaneses eram originários da região entre a Etiópia ao Chade e ao sul do Egito a Uganda mais ao norte da Tanzânia; e os bantos eram originários da África meridional estendendo-se para o sul logo abaixo dos sudaneses, compreendendo as terras que vão do Oceano Atlântico ao Oceano Índico até o Cabo da Boa Esperança. (PRANDI, 2000)

Imagem 6: Região do Sudão

https://www.blogger.com/null

Imagem 7: Povo Bantos

https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Banto/Introdu%C3%A7%C3%A3o#/media/Ficheiro:Niger-Congo_map.png

A quantidade de idiomas presentes na África era bastante expressiva e todos os povos cativos deixaram sua marca linguística transformando o português-brasileiro. Os indígenas contribuíram de forma surpreendente no fornecimento de palavras que foram introduzidas em sua totalidade ou com composição por justaposição e aglutinação. Porém, o africano trouxe, além da semelhança indígena, mudanças na semântica brasileira.

Um exemplo muito interessante encontra-se presente na palavra “você”. A palavra “você” nasceu no Brasil por parte dos escravos, onde trata-se de uma inusitada aglutinação de uma frase, a qual modificou-se paulatinamente:

Etimologia você: Tratamento à classe nobiliária “vossa mercê”, popularizou “vossemecê”, “vomecê”, até chegar a você. Esta nova palavra é marcante no idioma brasileiro em relação ao português visto que, este termo substitui os pronomes “Tu” e “Vós” modificando completamente o tratamento, outrora, segunda pessoa do singular e plural, para a terceira singular e plural respectivamente.

Outra modificação é a tonicidade das palavras. Portugal utiliza fonética tônica enquanto o Brasil utiliza átona. Essa diferença é perceptível na pronúncia e escrita.

  • Fonética – Um idioma e diferentes sotaques

A alteração de pronúncia é o que mais evidencia as diferenças entre português de Portugal e do Brasil. Os brasileiros pronunciam as vogais abertas em decorrência da sua fala lenta. Já em Portugal pronunciam de forma mais fechada, onde as consoantes por vezes passam despercebidas.

  • Sintaxe – Construções de frases

As construções sintáticas também apresentam algumas diferenças. As chamadas regras gramaticais para formação de frases.

Alguns exemplos de palavras do cotidiano brasileiro que são de origem africana, o que comprova o idioma afro-brasileiro:

  • Dengo: Manha _ palavra de origem banta
  • Cafuné: Acariciar a cabeça de alguém
  • Caçula: Quibando Kazuli_ filho mais novo
  • Moleque; mu`leke _ garoto_ com o tempo tornou-se pejorativo
  • Quitanda: Kitanda_ estabelecimento que vende produtos frescos
  • Fubá: Banto _ Farinha feita com milho.
  • Dendê: óleo de palma_ indispensável na culinária brasileira, em especial a Bahia
  • Cachaça: aguardente da cana de açúcar.
  • Muvuca: Mvúka_ aglomeração
  • Cuíca: Pwita _ tambor

Essa questão de inserção de novas palavras no cotidiano e a oficial, demonstram que a linguística e cultura africana tornou-se uma a brasileira, podendo ser claramente um idioma afro-brasileiro.

6. Aportuguesamento e empréstimo de novas palavras

A língua portuguesa originou-se da união de diversos idiomas os quais se influenciam mutuamente os quais formaram a Península Ibérica, ao Norte cristãos e ao sul o Emirados de Al-Andaluz. Que após ser vencido foi expandido e formou a Galiza, onde por meio de seu idioma Galego e a influência árabe formou o Galego-Português que evolui progressivamente ao Português arcaico e este seguiu sua história evolutiva como foi visto anteriormente.

O resumido parágrafo supracitado lembra-nos que Portugal iniciou com o plurilinguíssimo. A realidade brasileira volta-se que desde a chegada portuguesa em 1500 o plurilinguíssimo e a miscigenação idiomática acelerou rapidamente mudanças irreversíveis ao Português- brasileiro.

A diferenciação idiomática entre ambos idiomas, além do reconhecimento de ambas as nações, está presente na sociedade acadêmica mundial e destacada na legenda e dublagem internacional; a tal ponto, que a cinematografia em toda a CPLP se utiliza de legenda e dublagem para português-lusitano e português- brasileiro.

O porquê deste distanciamento fonético, gráfico e palavras é resultante da relação idiomática dos grupos linguísticos que modificaram o português- brasileiro. Observemos as principais miscigenações:

  1. Português- indígena; mamelucos, raça e em idioma
  2. Português- africano: mulato; raça e em idioma
  3. Negro-indígena: cafuzo: raça e idioma

Essas três miscigenações raciais e idiomáticas são as três primárias brasileiras, contudo, poder-se-ia acrescentar muitas outras e as misturando em uma grande proporção. Porém, o intuito não é demonstrar a questão racial, e sim, a irrevogável mistura linguística.

Tem-se outra relevância, a presença das miscigenações secundárias; isto é, a chegada de outras nações e a inserção de outros idiomas em meio ao sincretismo linguístico já existente e a consequência de outras miscigenações idiomáticas:

  1. Franco-brasileiro
  2. Ítalo-brasileiro
  3. Nipo-brasileiro
  4. Sino-brasileiro
  5. Anglicismo

A franco-brasileira trouxe novas palavras as quais foram "aportuguesadas", a ítalo-brasileira agregou muitas palavras e foram minimamente aportuguesadas, a nipo-brasileira devido não utilizar a mesma grafia foi utilizado a grafia segundo a pronúncia, semelhantemente a sino-brasileira foi introduzida. O anglicismo necessita de uma análise à parte; o anglicismo obteve uma notoriedade de ser o idioma de relações internacionais. O Brasil agregou integralmente palavras junto a sua grafia, fonética e seu completo sentido.

O anglicismo tem sido um divisor moderno entre o português-brasileiro em relação ao português-lusitano, pois este aportuguesou todas as palavras às quais não havia condições de tradução, e quando possível traduzia, o que não foi realizado pelo Brasil.

A condução da divergência linguística tem intensificado a parcial ratificação do acordo ortográfico por Portugal e o Brasil já não terem línguas iguais ou mesmo semelhantes. Podemos dizer que o português-brasileiro está para o português-lusitano como o Português para o galego.

7. Conclusão

Os idiomas latinos são originários do hibridismo idiomático, onde ao longo do tempo entraram no processo do nascimento de um novo idioma e consequentemente uma nova língua. SILVA, 2021 descreve a origem da Língua Portuguesa como originária do galego, o qual por meio de divisão política ainda na idade média levou o reino do Sul expandir-se tendo contato secular com a língua e costumes árabes que conduziu a uma grande mudança linguística, passando assim a árvore idiomático portuguesa como oriunda direta e indireta de outras diversas línguas: latim, grego, galego, árabe etc.

O grupo linguístico brasileiro foi formado por uma grande variedade de idiomas ao longo de sua história como demonstrado neste trabalho. Havendo o estudo comparativo entre português-lusitano moderno e o português-brasileiro demonstrado um substancial, semelhantemente, quanto o português e o galês à época de sua plena divisão.

Concluímos que as diferenças linguísticas além-mar trouxeram dificuldade da manutenção plena acarretando inclusive dificuldade de compreensão entre lusitanos e brasileiros com a compreensão que a realidade brasileira na convivência secular com as mesmas etnias, com diversidade de idiomas e dialetos e sua extensão territorial, apresenta as características do nascimento de um novo idioma.

8. Referência Bibliográfica

AREÁN-GARCÍA, Nilsa. A divisão do Galego- Portugês em portugues e Galego, duas línguas com a mesma origem. Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos. CiFEFIL, Rio de Janeiro, n.49, p.7-8, Jan./abril.2011

BECHARA, Evanildo. Estudos da Língua Portuguesa: textos de apoio. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2010

CAMINHA, Carta de Pero Vaz de. 1 de Maio de 1500. Portugal, Torre do Tombo, Gavetas, Gav. 15, mç. 8, n.º 2. Disponível em: http://purl.pt/162/1/brasil/obras/carta_pvcaminha/index.html

CARDOSO, Mário, Vímara Peres e Guimarães. Revista de Guimarães. Universidade do Ninho:  Ninho, n.78 (1-2), p. 121-146, Jan./Jun. 1968

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[1] Sarracenos designação atribuída aos Árabes que ocuparam partes da Península Ibérica a partir do século VIII

[2] Portucale era uma cidade portuária ao Sul da península ibérica sob a cora de Leão e Castela. Interessante de Portucale é uma palavra por composição por justa posição de portus (latim) da cidade de cale (celta e latim) a qual era frequentemente conhecida como cidade de cale, ou Gaia.

[3] A Cidade de Portutucale elevada à condição de Condado, como condado de Portucale e o conde e súditos conhecidos como residentes de portucalenses; visto que o sufixo “ense” denota a origem.

[4] Manifestus Probatum é a bula emitida pelo Papa Alexandre III concedendo o coroamento de D, Henrique como Rei de Portucale pelos seus esforços à Santa Igreja pela vitória sobre o Emirado de Al Andaluz e expulsão árabe da península e aos seus descendentes.

[5] Transcrição Paleográica, Torre de tombo f.1

[6] Transcrição Contemporânea Portuguesa f.1

[7] Transcrição Contemporânea Brasileira, autor 


Publicado por: Wendel Jacinto da Silva

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