Educação em crise e extinção da escola

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 2
1 – CONCEITO DE EDUCAÇÃO 3
2 – AS FAMÍLIAS DO SISTEMA ESCOLAR 5
3 – AS OPÇÕES DO PROFESSOR ATUAL 10
4 – A CRISE NA EDUCAÇÃO SEGUNDO COOMBS 10
5 – POSSIBILIDADES ABERTAS COM O AUXÍLIO DE TEIAS DE APRENDIZAGEM INFORMAL 11
CONCLUSÕES 15
BIBLIOGRAFIA 15

INTRODUÇÃO

Para desenvolvimento de uma monografia, foi-nos dado o tema Educação em Crise e Extinção da Escola. Para desenvolvê-lo, tentaremos definir educação apontando possíveis falhas do sistema escolar, bem como as deficiências e contradições de conhecimento formalmente ensinado, baseados na concepção dos autores que estudam o problema.

Tentaremos desenvolver a idéia da existência de uma sociedade sem escolas, baseada no auxílio de teias de aprendizagem informal.

Amparados no que for desenvolvido emitiremos as conclusões, a respeito de como se desenvolve o processo educacional e como deveria ser desenvolvido para que seja amplo, variado e flexível a fim de atender os indivíduos na sua realidade própria e única.

1 – CONCEITO DE EDUCAÇÃO

Em sentido lato, educação é sinônimo de socialização (processo pelo qual o indivíduo é integrado na sociedade).

Socialização significa aprendizagem ou educação, que começa na primeira infância e termina com a morte da pessoa.

Em sentido restrito, porém, a educação compreende todos aqueles processos, institucionalizados ou não, que visam transmitir aos jovens determinados conhecimentos e padrões de comportamento a fim de garantir a continuidade de Cultura na sociedade.

O caráter institucional da educação se manifesta na sua forma mais concreta que é a escola.

Há, portanto, que ser considerada a educação como parte integrante das culturas humanas e a educação como mecanismo de transmissão dessas próprias culturas.

Para Durkheim , a educação é a ação exercida pelas gerações de adultos sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança, certo número de estados físicos intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio social a que a criança particularmente se destine.

A educação consiste na educação metódica das novas gerações.

Fernando de Azevedo , diz que em todos os grupos humanos dá-se o fenômeno da educação pelo qual a sociedade transmite a sua cultura de uma geração a outra e prepara através da formação de gerações jovens, as condições essenciais de sua própria existência.

A educação desempenha papel importante, como meio mais eficiente pelo qual uma sociedade pode melhorar a qualidade do fator humano no processo do desenvolvimento econômico e de modernização social.

É necessário que a educação motive o homem no sentido de tornar-se um ser criador e uma personalidade eficiente, para atuar de modo útil junto à comunidade, elaborando em si mesmo, as imagens e estímulos recebidos.

A tarefa da educação está em formar ou alimentar o dinamismo por meio do qual se faz o homem; não o homem abstrato de Platão, mas uma criança de determinada nação, determinado meio social e época histórica.

A verdadeira educação não pode ser compreendida como simples adaptação. Representa uma ação humana consciente, voluntária e intelectual, que deve, necessariamente, envolver agentes qualificados que se encarreguem de sua realização.
 

2 – AS FAMÍLIAS DO SISTEMA ESCOLAR

Antigamente existiam sociedades sem escolas, e ainda hoje isto acontece em algumas áreas chamadas “mais atrasadas” do Terceiro Mundo. Na sociedade africana pré-colonial, educar-se era viver a vida do dia-a-dia em comunidade, plantar, escutar da boca dos velhos as estórias da tradição oral, participar nas cerimônias coletivas.

A prática educativa consistia na aquisição de instrumentos de trabalho e na interiorização de valores e comportamentos, enquanto o meio ambiente em seu conjunto era um contexto permanente de formação.

Não havia professores. Todo adulto ensinava. Aprendia-se a partir da própria experiência e da experiência dos outros. Aprendia-se fazendo, o que tornava inseparáveis o saber, a vida e o trabalho.

Foi somente a partir da Idade Média, que, na Europa, a educação se tornou produto da escola e um conjunto de pessoas, em sua maioria religiosos, especializou-se na transmissão do saber. A atividade de ensinar passou então a desenvolver-se em espaços específicos, cuidadosamente isolados do mundo dos adultos e sem qualquer relação com a vida de todo o dia.

Durante séculos esse tipo de escola ficou reservado às elites. Serviu em primeiro lugar aos nobres, passando depois a atender a burguesia que na medida de sua ascensão, exigiram os mesmos privilégios que possuíam os aristocratas.

O “resto” – lavradores, operários, a gente pobre – aprendia na prática do dia-a-dia.

A escola da nobreza cultivava o passado: atribuía importância central à moral e à religião, ao domínio da palavra e do saber abstrato.

O conhecimento científico, portador de mudanças, era menos importante do que o espírito contemplativo e o latim, símbolos da tradição a preservar, num mundo que se considerava imune à transformação.

Para os herdeiros da aristocracia educar-se era sinônimo de aprender a pensar e a comportar-se como grandes senhores.

A escola da nobreza perdurou até o surgimento do desenvolvimento do capitalismo industrial.

Com a revolução tecnológica, novas classes sociais emergiram: a nascente burguesia industrial, responsável pelo progresso técnico, tomou o poder da velha aristocracia rural; uma classe operária formada pela concentração, em torno de novos centros de produção, de uma mão-de-obra pobre e desqualificada.

O desenvolvimento industrial requer um número maior de quadros técnicos e científicos. Essa insuficiência econômica leva a uma mudança radical nos conteúdos da escola. Ela é forçada a se modernizar.

As disciplinas científicas adquiriram importâncias crescente ao lado dos antigos conteúdos clássicos e literários.

A burguesia dominante começou a perceber a necessidade de um mínimo de instrução para a massa trabalhadora que se aglomerava nos grandes centros industriais.

Os ignorantes deveriam ser “educados” para tornarem-se bons cidadãos e trabalhadores disciplinados.

Paralelamente à escola dos ricos foi surgindo uma outra escola, a escola dos pobres.

A coexistência desses dois tipos de escola cria uma situação de verdadeira segregação social.

As crianças do “povo” freqüentavam a “escola primária”, que não é concebida para dar acesso a estudos mais aprofundados.

As crianças da elite seguiam um caminho a parte, com acesso garantido ao ensino de nível superior, monopólio da burguesia.

O acesso à educação e à cultura torna-se pouco a pouco reivindicação prioritária.

A classe operária industrial se bate para que todos tenham direito de freqüentar uma mesma escola em condições de igualdade de oportunidades.

A expectativa dos operários é de que a escola transformada numa espécie de serviço público aberto a todos – seja um instrumento de emancipação e de educação das classes menos favorecidas.

Os filhos de operário, lavradores e assalariados de baixa renda vêm tendo maior acesso à escola. No entanto, suas possibilidades de êxito permanecem muito menores do que as dos filhos de outras categorias sociais.

A desigualdade social permanece:

- Diante dos índices de reprovação nos primeiros anos de escola;

- Na seleção que se faz entre os que vão para os cursos superiores e os que só terão acesso aos cursos técnicos ou de aprendizagem manual;

- Na possibilidade de acesso à universidade.

A Escola reproduz a divisão da sociedade em categorias sociais distintas:

- 47% dos filhos de famílias de executivos entram na vida profissional com o mesmo status do pai;

- 63,9% dos filhos de famílias operárias tornam-se também operários. Quanto aos filhos de lavradores, 38,8% permanecem no campo e 34,9% tornam-se operários da indústria (urbanos).

A Escola só faz legitimar uma situação pré-existente.

A maneira como se processa a educação da criança é feita segundo a autora, com a finalidade de domá-la.

A criança de seis anos é “parafusada” numa cadeira dura para estudar palavratório durante horas e horas.

Não é um acaso. É um plano. Um plano desconhecido para os que o cumprem. Trata-se de domesticar fisicamente esta máquina fantástica de desejos e prazeres que é a criança.

A escola é um mundo de ritos imutáveis onde os papéis de cada um estão previamente determinados.

Um mundo onde só é permitido falar bem.

Trata-se de um mundo uniforme que trata a todos da mesma maneira, todos devem ter o mesmo ritmo de trabalho, com o mesmo livro, o mesmo material, todos devem aprender as mesmas frases, saber as mesmas palavras.

Todos devem adquirir os mesmos conhecimentos, devem fazer os mesmos exames, ao mesmo tempo.

A maior parte das perguntas que o professor faz se inscrevem num contexto de comunicação artificial.

Não se trata de perguntas de verdade uma vez que quem pergunta sabe as respostas; mas se trata de mensagens com um sentido autêntico, pois o destinatário já conhece o conteúdo.

Outras críticas:

- O grande número de provas, num ritmo alucinante que gera tensão e inquietação;

- Os conhecimentos são divididos em rações anuais;

- Apresenta-se como um mundo com conteúdos estranhos, que não têm qualquer significado nem qualquer utilidade imediata para os alunos;

- O ensino é desligado do que acontece lá fora, da realidade cotidiana;

- Existe uma hierarquização das diversas matérias que se manifesta tanto na diferença de tempo que se consagra a cada uma, como no peso que elas têm na avaliação e seleção de alunos;

- Da forma como são ensinadas, cada matéria está destinada a ser cuidadosamente arrumada em uma gavetinha, que não se comunica com as outras.

A Escola não leva em conta:

1- As diferenças nas condições materiais de vida;

2- Diferenças de cultura;

3- Diferenças nas experiências adquiridas fora da escola;

4- Diferenças de atitudes dos pais em relação à escola.

Na Escola ocorre o aprendizado:

- Do cada um por si, da competição (pelo incentivo ao trabalho e sucesso individuais);

- Do sentimento de inferioridade (pela supervalorização do sucesso intelectual em detrimento dos trabalhos manuais);

- Da submissão (pela autoridade do professor);

- Do respeito pela ordem estabelecida e o medo do conflito.

Algumas soluções apontadas:

- Fornecer recursos e instrumentos aos alunos para que eles possam reagir a seu meio ambiente e construir, pouco a pouco, as noções próprias a seu desenvolvimento intelectual;

A partir dessa premissa, torna-se evidente que ensinar só tem sentido se o educador é capaz de se colocar a disposição do aluno, de se adaptar à sua linguagem, à sua conduta e a seus modos de socialização.

- Respeitar a dimensão afetiva e social, o que faz com que espontaneamente os programas e a organização da classe seja mudada pelo professor;

- Não adoção de atitude autoritária ou burocrática;

- Desenvolver uma vida de grupo dentro da sala de aula.

Uma outra educação só será viável em larga escala quando a experiência quotidiana de cada cidadão, de cada comunidade, ou de cada grupo social em sua vida e em seu trabalho, em seu modo de comportamento e em suas relações com os outros se transformar em fonte de questionamento, de criatividade, de participação e, portanto, de conhecimento.

Somente uma outra maneira de sentir e de pensar pode levar-nos a viver uma outra educação que não seja mais o monopólio da instituição escolar e de seus professores, mas sim uma atividade permanente, assumida por todos os membros de cada comunidade e associada a todas as dimensões da vida cotidiana de seus membros.
 

3 – AS OPÇÕES DO PROFESSOR ATUAL

Num sistema de educação formal encontramos dois tipos de professor; o professor policial nada mais faz do que atuar visando a manutenção dos padrões vigentes, transmitindo conteúdos que respondem a uma opção ideológica e política. Universaliza a cultura burguesa, não percebendo a pluralidade das sub-culturas, aceita o caráter ideológico dos conteúdos, transmite conteúdos alienantes, desvinculados do presente e da realidade em que vive.

A opção do “professor-povo” apresenta-se como a mais adequada, proporcionando o desenvolvimento do indivíduo, de suas potencialidades, preparando-o para no meio em que vive, valorizando as experiências e diferenças individuais.

Isto se manifesta pela valorização da cultura popular, entre outras coisas. Ajuda a desenvolver a expressão das crianças de classes populares, na perspectiva de sua própria cultura e não na perspectiva de impor a cultura dos grupos dominantes. Ajuda-as a desmitificar a cultura burguesa, para romper com o sentimento de inferioridade e dependência nelas desenvolvido com o passar do tempo.

Revisa os conteúdos ideológicos dos manuais e textos, dá-lhes um novo enfoque, buscando a verdade de maneira honesta. Não coloca os conteúdos como resposta dogmática, mas sempre de uma forma problematizadora; preocupa-se com a funcionalidade dos conteúdos, selecionando um mínimo que seja significativo e dentro disso, trabalha com profundidade e num ritmo agradável; dá mais importância ao fato contemporâneo e à observação do meio onde as crianças vivem e sobretudo não transforma os conteúdos em finalidade do processo ensino-aprendizagem; ao contrário considera-os um meio para alcançar os objetivos educacionais.

É bem verdade que esta opção, dentro da estrutura atual da escola torna-se mais difícil, visto que todo processo, está elaborado de forma distinta, atuando a escola como uma poderosa agência de controle social.
 

4 – A CRISE NA EDUCAÇÃO SEGUNDO COOMBS

Há um consenso universal quanto à existência de crise no mundo da educação.

Existem algumas linhas de ação proposta no sentido de dirigir ou minimizar tal crise.

Uma delas, que poderíamos chamar de funcionalista, visa a melhoria do sistema educacional já existente e a outra propõe uma radical mudança.

Nesta linha encontramos com características próprias os revolucionários da educação.

Apresentamos os cinco fatores de crise, segundo a linha funcionalista de Coombs:

1- Inundação estudantil, em que a quantidade de alunos fez baixar a qualidade e a eficiência do ensino;

2- Aguda escassez de recursos destinados à educação;

3- Elevação dos custos reais por estudante;

4- Inadequação dos produtos – ocorrendo aumento de “desempregados diplomados”.

5- Inércia e ineficiência.

Uma estratégia positiva deverá ser desenvolvida a partir de uma comunhão de objetivos, de uma percepção racional e de uma força de vontade, amparadas pela continuidade e durabilidade, emanadas diretamente do meio social, econômico e cultural a que vai servir. Envolve diversos níveis e se adapta às circunstâncias e responsabilidades peculiares de cada nível e lugar, podendo ser internacional, regional, nacional, estadual e local, devendo, porém, todas as atividades serem pautadas pelos mesmos critérios, compartilharem as linhas básicas de prioridades e receberem apoio de várias direções.

Precisaria ainda dar atenção às relações entre as coisas, tanto àquelas dentro do sistema de ensino, entre seus vários níveis e partes internas, como as do sistema de ensino e seu meio cultural, enfocados tanto o “in put” quanto o “out put”; dar rigoroso destaque à inovação que deve ser aceita tanto pelos educadores quanto pelos alunos e pais dos alunos, isto é, a sociedade.

Como metas prioritárias aparecem a educação formal e a educação não formal.

A primeira se dará pela modernização da administração escolar, modernização do corpo docente, modernização do processo de aprendizagem e fortalecimento das finanças da educação.

É preciso maior destaque ao ensino não formal.

Nos países industrializados surgiu uma maior conscientização de que o ensino formal precisa ser acompanhado por uma forma adequada de educação “permanente”, constituída em alguns países, de pelo menos três sistemas:

- O das empresas particulares, reciclando ou aperfeiçoando os empregados;

- O das corporações militares;

- O das atividades educacionais patrocinadas por organizações voluntárias.

Merecem destaque as realizações escandinavas, francesas, alemãs e inglesas na educação de adultos. Também os países socialistas têm dado ênfase à educação permanente, rompendo as barreiras entre educação formal e não formal.

Nos países não desenvolvidos o ensino não formal enfrenta problemas de tipo diferentes devido a não possuírem a mesma base econômica e de ensino popular.

Um grande problema é a falta de meios organizacionais, para enquadrar o ensino não formal no planejamento educacional; devido principalmente à falta de recursos.

A cooperação internacional em grande escala é um aspecto obrigatório da estratégia educacional de todos os países, sejam eles ricos ou pobres.

Três posições básicas servirão de base a tal relacionamento; são elas: uma ajuda mais substancial do que aquela até aqui oferecida, procura comum de soluções que atendam às reais necessidades dos países não desenvolvidos e contribuição dos países não desenvolvidos para a educação dos países industrialmente desenvolvidos.
 

5 – POSSIBILIDADES ABERTAS COM O AUXÍLIO DE TEIAS DE APRENDIZAGEM INFORMAL

O Inverso da Escola é possível.

Podemos depender de aprendizagem automotivada em vez de contratar professores para compelir o estudante a encontrar tempo e vontade para aprender.

Características gerais de novas instituições educativas e formais: são três os propósitos de um bom sistema educacional:

- Dar a todos que queiram aprender, acesso aos recursos disponíveis, em qualquer época de sua vida;

- Capacitar a todos os que queiram partilhar o que sabem a encontrar os que queiram aprender algo deles;

- Dar oportunidade a todos que os que queiram tornar público um assunto a que tenham possibilidades de que seu desafio seja conhecido.

Tal sistema requer a aplicação das garantias constitucionais à educação. Os aprendizes não deveriam ser forçados a um currículo obrigatório ou à discriminação baseada em terem um diploma ou certificado.

É preciso usar a tecnologia moderna para tornar a liberdade expressão, de reunião e de imprensa verdadeiramente universal e, portanto plenamente educativa.

Essas novas instituições devem ser canais aos quais o aprendiz tenha acesso sem credenciais ou linhagem.

Apenas quatro canais diferentes de intercâmbio de aprendizagem poderiam conter todos os recursos necessários para uma real aprendizagem.

Coisas, modelos, colegas e adultos são quatro recursos; cada um deles requer um diferente tipo de tratamento para assegurar que todos tenham o maior acesso possível a eles.

Propõe-se rotular quatro diferentes abordagens que permitam ao estudante ter acesso a todo e qualquer recurso educacional que poderá ajudá-lo a definir e obter suas próprias metas:

1° Serviço de consultas a objetos educacionais – que facilitem o acesso a coisas e processos que concorrem para a aprendizagem formal. Algumas coisas podem ser totalmente reservadas para este fim, armazenadas em bibliotecas, agências de aluguéis, laboratórios e locais de exposição tais como museus e teatros; outras podem estar em uso diário nas fábricas, aeroportos, fazendas, mas devem estar a disposição do estudante, seja durante o trabalho ou nas horas vagas.

2° Intercâmbio de atividades – que permite as pessoas relacionarem suas aptidões, dar as condições mediante as quais estão dispostas a servir de modelo para outras que desejem aprender essas aptidões e o endereço em que podem ser encontradas.

3° Encontro de colegas – uma rede de comunicação que possibilite às pessoas descreverem a atividade de aprendizagem em que desejam engajar-se, na esperança de encontrar um parceiro para pesquisa.

4° Serviço de consulta a educadores em geral – que podem ser relacionados num diretório dando o endereço e a autodescrição de profissionais, não profissionais, free-lancers, juntamente com as condições para ter acesso a seus serviços.

Tais educadores podem ser escolhidos por votação, ou consultando seus clientes anteriores.

Distinguem-se três tipos de competência educativa especial: criar e manejar as espécies de intercâmbio educacionais; orientar estudantes e pais no uso dessas redes; agir como primus interpares ao empreender jornadas exploratórias intelectualmente difíceis.

Os dois primeiros podem ser concebidos como ramos de uma profissão independente: administradores educacionais e conselheiros pedagógicos.

Isto requer pessoas com a mais profunda compreensão de educação e administração, numa perspectiva bem diferente e oposta às escolas.
 

CONCLUSÕES

Podemos concluir que, realmente a educação formal, nos moldes que é a realizada, constitui-se num processo deficiente, que não proporciona um desenvolvimento integral das potencialidades dos indivíduos.

A educação deverá se processar no sentido de fornecer elementos mentais e técnicos capazes de levar o homem a uma ação social plenamente integrada nas realizações e exigências do momento, para que as relações humanas se estabeleçam em clima de responsabilidade e de igualdade, sem a condição humilhante da subalternidade forçada, da menor valia social decorrentes da falta de oportunidade para uma conveniente realização pessoal.

A meta deverá ser educar para que a cultura deixe de ser fonte de privilégios e passe a ser a razão de novos e maiores encargos sociais para o individuo; educar respeitando a individualidade.

A família tem compromissos indissolúveis com a educação.

A escola deve ensinar não apenas os assuntos convencionais, mas desenvolver também personalidades estáveis, promover a saúde física e mental, preparar para a vida em sua plenitude.

Um objetivo exame da situação atual, leva a certeza de que as escolas, sozinhas, não podem cumprir todas estas propostas. Elas não podem dar uma contribuição adequada para tão importantes programas, senão forem organizadas em classes menos numerosas, em prédios e terrenos melhores, se não tiverem materiais de instrução de boa qualidade. A escola deve atender as necessidades sociais.

O lar, a escola e a comunidade devem trabalhar em perfeita harmonia, para que as necessidades da criança sejam atendidas. A educação não é só tarefa da escola. Não é só a escola que tem se preocupar com a educação, mas todas as instituições, toda a sociedade.

As instituições mais comprometidas com a educação e com mais estreitas ligações com a escola são a família, a Igreja e o Estado.

A educação deve ter caráter permanente, sendo o objetivo de quem ensina desenvolver o espírito crítico e o pensamento reflexivo a fim de tornar a pessoa menos dependente. O homem passa a instruir-se toda a vida, por todos os meios a sua disposição: bibliotecas, rádio, televisão, seminários, conferências, institutos de formação, etc.

Todos sabem que, na medida em que o desenvolvimento socioeconômico se acelera, trazendo modificações, tanto mais as substituições são numerosas e rápidas, devendo a educação prepara-se para uma mobilidade sem instabilidade e disponibilidade sem fragmentação.

A questão através da orientação pedagógica moderna não será apenas “como orientar”, mas como o aluno deverá orientar-se. Não se situará o problema, apenas, num quadro da relação “orientador-aluno”, mas do “eu-meio”.

É preciso que o indivíduo aprenda a escolher, a decidir-se, a dirigir-se.

A orientação educativa e a orientação do desenvolvimento se confundem num mesmo processo, de autodeterminação esclarecida, numa dinâmica de adaptação do homem mundo e do mundo ao homem, na incessante busca de aventura e equilíbrio.

A educação e o desenvolvimento podem existir em separado, visto que aquela é fator de desenvolvimento.

A escola deve se auto-renovar, sob pena de se tornar fretadora do progresso humano e social. Imprescindível a elevação do nível de vida das populações, porque concorre para:

- Aumento do poder aquisitivo;

- Ampliação de mercadorias;

- Progresso técnico científico;

- Treinamento em serviços;

- Aperfeiçoamento dos padrões de consumo;

- Realização de inovações;

- Inovações tecnológicas;

- Proteção à saúde;

- Favorecimento da auto-educação;

- Aperfeiçoamento das aptidões humanas em geral;

- Organização das atividades em geral;

- Propensão à poupança e aumenta da renda real;

- Melhor desenvolvimento político;

- Transmissão implantação de novos valores.

Os recursos humanos estratégicos (educadores, pesquisadores, administradores, técnicos de nível médio e superior, trabalhadores qualificados em geral) ou mão-de-obra estratégica constituem-se, portanto, em fatores criadores ou multiplicadores de conhecimentos técnicos e habilidades práticas.

A técnica aplicada à educação deve estar a serviço da elevação do homem.

A instituição deve ser feita para o homem e não o homem para a instituição. Isto implica no respeito ao homem como projeto, tornando o processo educativo, processo de libertação e personalização.

BIBLIOGRAFIA

1 – AZEVEDO, Fernando de. Sociologia Educacional. 2 ed, São Paulo, Melhoramentos, 1951, p. 324.

2 – COOMBS, P. A Crise Mundial da Educação. São Paulo, Vozes, 1976.

3 – DURKHEIM, E. Educação e Sociologia. 7 ed. São Paulo, Melhoramentos, p. 91.

4 – FAURE, E. Aprender a Ser. 3 ed, Lisboa Bertrand, 1981, p. 456.

5 – HARPER, Babette. Cuidado, Escolas! 5 ed. São Paulo, Brasiliense, 1980, p. 117.

6 – ILLICH, I. Sociedade sem Escolas. 2 ed. Petrópolis, Vozes, 1973, p. 184.

7 – NIDELCOFF, Maria Teresa. Uma Escola para o Povo. 13 ed. São Paulo, Brasiliense, 1982, p. 102


Publicado por: Isabel C. S. Vargas

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