CIBEREDUCAÇÃO: O DUELO ENTRE ESCOLA E INTERNET

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1. RESUMO:

Este artigo problematiza o universo da cibercultura e as mudanças socioculturais impostas a dinâmica educacional. Examinando a divergência entre o ensino formal e o conhecimento característico da cultura digital, denunciando a premência de se assimilar as transformações trazidas pela internet e criar estratégias para atrair a atenção dos estudantes para a escola. Propõe medidas de adaptação dos agentes a esse cenário virtual, sugerindo ações no campo comportamental dos sujeitos do sistema educacional para a adesão das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Com planos de contingências para a adequação dos processos de formação docente às exigências da cibereducação.

Palavras-chave: Cibercultura. Educação. Internet. Comunicação. Transmídia.

Abstract:

This article discusses the universe of cyberculture and the sociocultural changes imposed on educational dynamics. Examining the divergence between school education and the characteristic knowledge of digital culture, denouncing the urgency of assimilating the transformations brought about by the internet and creating strategies to attract students' attention to the school. It proposes measures for the adaptation of educational agents to this virtual scenario, suggesting actions in the behavioral field of the subjects of the educational system for the adhesion of Information and Communication Technologies (ICT). With contingency plans for adapting teacher training processes to the requirements of Cyber-education.

Keywords: Cyberculture. Education. Internet. Communication. Transmedia.

2. INTRODUÇÃO

Com o nascimento da internet surgiu o universo do ciberespaço e dentro dele foi construída a cibercultura, que impôs as grandes mídias: televisão; rádio e impresso uma nova maneira de comunicação social, dessa forma, os grandes veículos de comunicação foram forçados a convergirem para a internet e assimilarem as transformações desse meio para traçarem estratégias e atrair o público. Da mesma maneira, a educação também foi forçada a mudar e se adaptar a internet na forma de Cibereducação (LIMA, 2012). Mas essa adaptação não se mostra tão integrada, pois ainda é observado no aluno a falta de interesse pelos conteúdos postados nas websalas e a escassez de profissionais educadores capacitados e incorporados a ciberescola (COSTA JR, 2011) como ciberprofessores (ARRUDA,2004). Essa interconexão educacional ainda está longe do ideal e muito há de ser feito para chegar a um nível aceitável de engajamento dos docentes e discentes. “Para integrar se a uma comunidade virtual, é preciso conhecer seus membros e é preciso que eles o reconheçam como um dos seus.” (Levy, 1999, p. 70).

Em razão da convergência da evolução histórica e da transformação tecnológica, entramos em um modelo genuinamente cultural de interação e organização social. Por isso é que a informação representa o principal ingrediente de nossa organização social, e os fluxos de mensagens e imagens entre as redes constituem o encadeamento básico de nossa estrutura social. (CASTELLS p.573, 2008).

Os desafios da Cibereducação (LIMA, 2012) em assimilar as transformações da internet e criar estratégias para atrair a atenção dos estudantes para o ensino escolar justificam a necessidade dessa pesquisa em buscar meios de familiarização com as novas tecnologias e a didática educacional. Dessa forma esse estudo pretende identificar as Principais Transformações da Internet para traçar Estratégias de Desenvolvimento da Cibereducação, bem como, explicar a Importância do “Letramento Midiático”. “Aqui, entende-se por letramento não apenas o que podemos fazer com material impresso, mas também com outras mídias.” (Jenkins, 2004). Para, dessa maneira, descobrir o que atrai a atenção dos estudantes para o Ensino escolar da Cibereducação. Assim serão abordados importantes mudanças advindas da internet, como o: Ciberespaço; Cibercultura; Comunidade Virtual; EAD (ensino aberto e a distância); e a Aprendizagem Coletiva de Levy (1999), e a Cultura da Convergência juntamente com a Narrativa Transmídia e o Letramento Midiático de Jenkins (2009).

Educação informal: aprendizado que ocorre fora da sala de aula, incluindo programas extracurriculares, educação dos filhos em casa (home schooling) e aulas em museus e outras instituições públicas, bem como o aprendizado menos estruturado que ocorre à medida que as pessoas deparam com novas ideias por meio das mídias ou de suas interações sociais. (JENKINS, 2009, p. 334).

Para Traçar Estratégias de Desenvolvimento da Cibereducação serão levados em consideração os seguintes processos de ampliação do conhecimento sobre a internet e a educação escolar, são eles: Cursos de Docência Virtual, aqui a preocupação recai justamente na formação dos profissionais da linha de frente, os ciberprofessores, que deverão receber instruções com a especificidade da Interconexão educacional da escola. Já na Estrutura EAD da Ciberescola é preciso rever as metodologias adotadas e conhecer o que significa o Ciberespaço e sua Cibercultura para fomentar a instituição de processos de adaptação da estrutura EAD a prática desenvolvida no ciberespaço.

O ciberespaço (que também chamarei de "rede") é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (Levy, p. 16, 1999, p. 16).

E desse modo, construir Websalas como verdadeiros fóruns em conformidade com as redes sociais, a exemplos do: Facebook, Twitter e Instagram. Instituindo assim uma interação real entre alunos e professores de maneira humanizada, promovendo a convergência dos meios de educação, apropriando-se da cultura da convergência e aplicando a narrativa transmídia na exposição dos conteúdos. Fazendo da webaula experiências interativas com Interconexão da disciplina, com participação do aluno na construção do saber. Edificando, desse jeito, a aprendizagem coletiva e a educação participativa da ciberescola, criando a comunidade escolar virtual.

A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. (Levy, 1999, p. 51).

Assim se faz necessário o aprofundamento nos estudos da Importância do Letramento Midiático para a formação de docentes especializados na Cibereducação. O letramento midiático refere-se a um agrupamento de competências relativas ao ingresso, tradução e apreciação dos conteúdos acessados na mídia. Essas aptidões auxiliam a compreender as comunicações expedidas em distintas configurações, através da convergência dos meios de comunicação e assim “[...] promover formas de educação e letramento midiático que auxiliem as crianças a desenvolver as habilidades necessárias para se tornarem participantes plenos de sua cultura.” (JENKINS, 2009, p 316).

Muitos ativistas do letramento midiático ainda agem como se o papel dos meios de comunicação de massa tivesse permanecido inalterado com a introdução de novas tecnologias. As mídias são interpretadas basicamente como ameaças, em vez de recursos. (JENKINS, 2009, p 328).

Descobrir o que atrai a atenção dos estudantes para o Ensino escolar da Cibereducação é sem dúvida o maior desafio para o processo de fomentação de estratégias para a estrutura do sistema educacional. Para tanto, este artigo se baseia numa pesquisa bibliográfica de obras e autores especializados em conteúdos midiáticos e educacionais, na busca para desvendar as estruturas das informações que mais chamam a atenção dos alunos nas redes sociais e desse modo adaptar a educação digital a forma das mídias mais cobiçadas da internet, mas com a diferencial expressivo de postar conhecimento científico. E com isso estruturar uma comunidade virtual escolar. “Comunidade virtual é um grupo de pessoas se correspondendo mutuamente por meio de computadores interconectados.” (Levy, 1999, p. 25).

3. O ENSINO ESCOLAR DA CIBEREDUCAÇÃO

Nesse momento, para maior compreensão e dirimir dúvidas, torna-se necessário conceituar os termos Ciberescola e Cibereducação. A Ciberescola é a nova forma de educação que usa a interconexão de computadores de professores e alunos para o ensino. O termo especifica a infraestrutura da educação digital e o saber que ela abriga, assim como os docentes e discentes que acessam e compõem essa escola (COSTA JR, 2011). É importante caracterizar o espaço digital da escola, bem como, sua sala de aula com termos próprios do meio educacional, pois é preciso especificar sua atuação dentro da rede, classificando os pontos relevantes do processo de ensino e aprendizagem que se desenvolve na internet. Mesmo porque não foi a internet antes da educação, mas sim, a educação antes da internet e por meio da teoria e da prática do ensino científico escolar que essa mídia surgiu, dessa forma, é natural que a educação retome seu lugar de destaque e domine a Interconexão desse meio de comunicação com estudos e métodos.

A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL. 2005).

A Cibereducação é a modalidade educacional que especifica aqui o agrupamento de métodos didático-pedagógicos das práticas, comportamentos e tipos de conhecimento dos processos de ensino e aprendizagem que se desenvolvem com o crescimento da ciberescola (LIMA, 2012). De posse desses conceitos a pesquisa avança para identificar as principais transformações da internet, para assim, traçar estratégias para o desenvolvimento da Cibereducação e com isso explicar a importância do letramento midiático. “Por conhecerem mal as transformações em andamento, não produzem conceitos originais, adaptados à especificidade da cibercultura.” (LEVY, 1999, p. 232). Assim, torna-se primordial ao professor conhecer e se adaptar ao universo cultural da rede para atuarem não apenas como educadores, mas como verdadeiros influenciadores digitais, trazendo para a academia o aluno que navegava desgarrado na internet, longe da orientação estudada e planejada pelos agentes do sistema educacional.

A atual formação profissional pede uma reflexão sobre a realidade contemporânea, e os currículos possuem o papel de ajuda no entendimento do ciberespaço. Elucidar como os currículos preparam os futuros professores para lidar com o ciberespaço pode ajudar a perceber como a cibercultura está envolvida nessa formação, ou seja, como uma nova característica cultural torna-se presente nos processos sociais, nesse caso, principalmente, os educacionais. (ORNELAS, 2007, p. 14).

4. PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES DA INTERNET

Sem dúvida a principal e mais contundente transformação da internet foi o surgimento do ciberespaço, esse acontecimento mudou a percepção de mundo, território, lugar e espaço de uma vez por todas. Diminuiu distâncias e aproximou classes sociais na sua interconexão mundial de computadores, nivelando culturas e criando outras, alterando políticas e economias. Desse modo, foi crescendo e tomando forma, instituindo inteligências coletivas, culturas participativas, comunidades virtuais, convergências dos meios de comunicação, narrativas transmídia, aprendizagem coletiva, letramento midiático e por fim sua própria cultura, a cibercultura (LEVY, 1999. JENKINS, 2004). E essa dimensão virtual também afetou profundamente o jeito de educar e o modelo da escola, a tal ponto, que se fundou a Cibereducação para acompanhar essas transformações trazidas pelo ciberespaço da internet. “Em resumo, fala-se de sociedades em processo acelerado de mudança e que necessitam de sistemas educacionais que lhes sejam compatíveis.” (MESSINA, 2001, p. 230).

O ciberespaço (que também chamarei de "rede") é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (Levy, 1999, p. 16).

E o ciberespaço não é apenas um novo meio de comunicação é também um novo meio de educação informal, pois através da sua interconexão mundial dos computadores, o indivíduo se apodera de informações verdadeiras e falsas vindas de toda parte do mundo, pontuando aqui duas características da internet que é a possibilidade de contatos com os conteúdos e perfis falsos e da mesma forma com os conteúdos e perfis verdadeiros (LEVY, 1999). Daí surge, no quesito ensino, a necessidade de profissionais capacitados nas diversas especificidades do saber ao alcance dos sujeitos que buscam na internet o conhecimento. Mas para essa prática educacional em rede é primordial que esse educador conheça as estratégias de engajamento desse tipo de mídia. Pois “mudar implica desnaturalizar ou distanciarmo-nos do habitus que nos constitui, que é tão estruturante quanto estruturado” (MESSINA, 2001, p. 228).

Educação informal: aprendizado que ocorre fora da sala de aula, incluindo programas extracurriculares, educação dos filhos em casa (home schooling) e aulas em museus e outras instituições públicas, bem como o aprendizado menos estruturado que ocorre à medida que as pessoas deparam com novas ideias por meio das mídias ou de suas interações sociais. (JENKINS, 2009, p. 334).

Sendo assim, o professor deve apropriar-se dessa infraestrutura do ciberespaço, que apressa as mudanças políticas sociais e econômicas da sociedade, com planejamento, estudos e práticas no âmbito da rede, de maneira que se sinta à vontade nesse oceano de informações. Pois conhecendo esse suporte do espaço virtual obterá domínio para navegar e alimentar esse universo digital com conteúdo interessante que cative a atenção do estudante para o EAD (LEVY, 1999). “Resumindo, a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma virtualização geral da economia e da sociedade.” (LEVY, 1999, p 50). Essa transformação influenciou a maneira de pensar e de fazer as coisas de forma mundial, forçando o professor a buscar, adaptar-se e se apropriar desse espaço digital para não só formar, mas também, influenciar estudantes nesse mundo cibernético.

Sendo a tecnologia compreendida como um instrumento estruturante do pensamento, desde sua concepção como projeto e antes mesmo de se fazer artefato, para que ela possa ser integrada criticamente ao currículo e ao fazer pedagógico, é preciso que o professor possa apoderar-se de suas propriedades intrínsecas, utilizá-la na própria aprendizagem e na prática pedagógica e refletir sobre porquê e para que usar a tecnologia, como se dá esse uso e que contribuições ela pode trazer à aprendizagem e ao desenvolvimento do currículo. (ALMEIDA, 2010, p. 68).

Uma das características mais importantes das transformações da internet é a Cibercultura. As mudanças promovidas por essa mídia foram tão profundas que ela criou normas comportamentais, saberes, hábitos, crenças, conhecimentos, instruções, hábitos sociais e religiosos, manifestações intelectuais e artísticas, que caracterizam uma sociedade para o meio digital. Essa cultura formulou para o ciberespaço uma infraestrutura particular com ramificações diversificadas pelos saberes espalhados pelo globo terrestre. Interligando todo o mundo conectado. Absorvendo e armazenando informações para a inteligência coletiva (LEVY, 1999). Daqui advém a maior dificuldade para o docente em dominar as técnicas para navegação nas redes sociais, porque a diversidade dinâmica da cibercultura é constantemente atualizada. Dessa forma é aconselhável contato permanente com o meio e familiarização com os conceitos da convergência dos meios de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva (JENKINS, 2009).

Quanto ao neologismo "cibercultura", especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (LEVY, 1999, p. 16).

A cultura de um país, de um estado, de um município, de uma cidade ou mesmo de um grupo é muitas vezes de difícil assimilação, dadas as especificidades de cada um desses objetos referidos. Agora imagine o quão é complicado compreender uma cultura que abrange a interconexão mundial dos computadores. Mas essa é a tarefa do ciberprofessor, adquirir competência suficiente para trabalhar a cibercultura em suas webaulas de modo a alcançar o aluno na rede (ARRUDA,2004). Difícil? Sim, mas não impossível, pois é aí que entram as estratégias de navegação do ciberespaço. É neste momento que o educador se arma de métodos didáticos para fazer o seu melhor e com isso trazer para o ensino escolar o aluno perdido na informalidade da internet. “Dos processos e das redes, passamos às competências e aos cenários que as determinam, mais virtuais ainda.” (LEVY, 1999, p 50). O professor precisa reconhecer que na cibercultura não basta apenas ensinar e orientar o estudante, é importante entender que esse docente seja um influenciador do discente e com esse seu aprendiz construa uma narrativa transmidiática do saber escolar.

Dados a amplitude e o ritmo das transformações ocorridas, ainda nos é impossível prever as mutações que afetarão o universo digital após o ano 2000. Quando as capacidades de memória e de transmissão aumentam, quando são inventadas novas interfaces com o corpo e o sistema cognitivo humano (a "realidade virtual", por exemplo), quando se traduz o conteúdo das antigas mídias para o ciberespaço (o telefone, a televisão, os jornais, os livros etc.), quando o digital comunica e coloca em um ciclo de retroalimentação processos físicos, econômicos ou industriais anteriormente estanques, suas implicações culturais e sociais devem ser reavaliadas sempre (LEVY, 1999, p. 23).

Outra característica marcante da internet é a Cultura da Convergência, aqui o ciberespaço se apodera e influencia os meios de comunicação a centralizar e enquadrar sua narrativa de conteúdo a cibercultura. Os veículos se viram obrigados a planejar toda grade informativa em consonância com os fenômenos da rede e aqueles que tentaram resistir a esse império foram massacrados e esquadrinhados conforme as exigências da mídia, que é implacável na sua existência e na imposição de modelos próprios do seu universo. Não houve voluntariedade na convergência dos meios de comunicação, as mídias foram impelidas a se concentrar na internet. Com isso obrigadas a cultura participativa do ciberespaço, e nesse cativeiro foram forçadas a colaborar com a criação e alimentação da inteligência coletiva. Da mesma forma, a escola entrou para o mundo cultural da convergência, com uma diferença no modo de adequação, pois os veículos de comunicação reagiram a ação da internet com a mesma violência com que foram forçados a convergirem, ou seja, ajustaram se rapidamente, impondo e se empoderando das técnicas e fenômenos peculiar ao meio. Enquanto a educação, mansamente, tem-se adaptado a essa nova arquitetura planetária, com estudos e pesquisas tentam alcançar as mudanças constantes da internet, mas sempre atrás, mais perde terreno do que avança. Não se espera uma equivalência entre a Cibereducação e a Cibercultura, não é esse o objetivo do artigo, o que se busca é o ajustamento dos processos educacionais para empoderar a figura do educador no enquadramento desse profissional dentro do ciberespaço. Aqui o sentido do termo “alcançar” não é igualar, mas sim se apossar dos fenômenos da transformação imposta pela internet, como fizeram os meios de comunicação, e usar isso como estratégia para vender a imagem do educador como influenciador digital. “Em particular, abordamos as novas formas artísticas, as transformações na relação com o saber, as questões relativas à educação e formação” (Levy, 1999, p. 15).

A aceleração é tão forte e tão generalizada que até mesmo os mais "ligados" se encontram, em graus diversos, ultrapassados pela mudança, já que ninguém pode participar ativamente da criação das transformações do conjunto de especialidades técnicas, nem mesmo seguir essas transformações de perto (LEVY,1999, p. 26).

O professor ou o gestor educacional não podem ver nos fenômenos da convergência dos meios de comunicação, na cultura participativa e na inteligência coletiva inimigos da escola, pelo contrário, devem ver sim, aliados para fomentar um regime escolar formidável. Por isso é importante o olhar estratégico e ver nessas ferramentas oportunidades para dialogar com a rede e construir pontes de reaproximação com os internautas, antes estudantes. No interior dessa mídia existe uma narrativa muito peculiar e que pode ser a maior aliada do agente educador. É a narrativa transmídia, bastante celebrada pelos veículos de comunicação que se especializaram no desenvolvimento desse cenário ficcional para lucrarem com o ciberespaço. E qual seria o lucro para o professor senão a formação adequada do aluno, mas para lucrar é necessário achar o estudante onde ele estiver e trazê-lo para a escola física ou virtual, ali influenciar e orientar sua instrução. Mas para utilizar a transmídia é essencial dominar e entender os fenômenos da cultura da convergência, que são eles: convergência dos meios de comunicação, cultura participativa e inteligência coletiva (LEVY, 1999 e JENKINS, 2004). “A maioria das grandes transformações técnicas desses últimos anos não foram decididas pelas grandes companhias que em geral são os alvos prediletos das críticas chorosas” (LEVY,1999, p. 225).

Por trás das técnicas agem e reagem ideias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder, toda a gama dos jogos dos homens em sociedade. Portanto, qualquer atribuição de um sentido único à técnica só pode ser dúbia. (LEVY,1999, p. 21).

Um conceito interessante para as estratégias do processo educacional da Ciberescola é o da Comunidade virtual. Em tese a escola já é uma comunidade, ainda que regida pelo sistema separatista dos intelectuais e leigos, ou seja, os alunos formam a comunidade acadêmica dos leigos e os agentes educacionais formam a comunidade acadêmica dos intelectuais, criando assim um abismo entre docentes e discentes (FREIRE, 1987). No imaginário da cibercultura esse tipo de pensar e agir não cabe mais, pois na rede o princípio é o da cultura participativa e da inteligência coletiva, não há espaço para sentimentos de grandeza, os espectros são nivelados as competências das especificidades de cada internauta, onde mutuamente, num regime colaborativo, todos recebem e dão a sua contribuição, alimentando incessantemente à inteligência coletiva através das narrativas transmidiáticas. Dessa forma, para estabelecer a comunidade virtual da ciberescola é imprescindível que o educador entenda e se ajuste a esse tipo de comportamento observado na internet (LEVY, 1999 e JENKINS, 2009).

Resumindo, a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma virtualização geral da economia e da sociedade. Das substâncias e dos objetos, voltamos aos processos que os produzem. Dos territórios, pulamos para a nascente, em direção às redes móveis que os valorizam e os desenham. Dos processos e das redes, passamos às competências e aos cenários que as determinam, mais virtuais ainda. Os suportes de inteligência coletiva do ciberespaço multiplicam e colocam em sinergia as competências. Do design à estratégia, os cenários são alimentados pelas simulações e pelos dados colocados à disposição pelo universo digital. (LEVY, 1999, p. 50).

EAD (ensino aberto e a distância) modalidade de educação amplamente divulgada e conhecida em todo Brasil e no mundo, com toda uma estrutura e legislação específica para regular e fazer funcionar nos quadros do sistema de educação nacional, que “explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura.” (LEVY, 1999, p. 157). No entanto, parece não atender as especificidades do ciberespaço concernente a cultura participativa. Aqui vale salientar que nesse contexto, “[...] o professor é incentivado a tornar-se um animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos em vez de um fornecedor direto de conhecimentos [...]”, pois o “[...] o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede.” (LEVY, 1999, p. 158).

Então o que deveria acontecer? Os estudantes nativos digitais deveriam aprender as velhas formas, ou os educadores imigrantes digitais deveriam aprender as novas? Infelizmente, independente de quanto os imigrantes queiram isso, é bem improvável que os nativos digitais regredirão (PRENSKY, 2001, p. 3).

Ainda pertinente ao EAD é importante considerar sobre a conduta do professor em relação ao ensino aberto e a distância que a educação precisa “constitui-se em um ato coletivo, solidário, uma troca de experiências, em que cada envolvido discute suas ideias e concepções” (FREIRE, 2004, p. 96). Na internet o professor pode ser apenas mais um nessa imensa teia emaranhada da cultura participativa, onde para ser incluído nesse tecido precisa se valer das “novas possibilidades de criação coletiva distribuída, aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecidas pelo ciberespaço” (LEVY, 1999, p. 173). Dessa forma, parece sensato considerar que o professor do ensino a distância necessita ser mais um influenciador do que um fornecedor de conhecimentos, dado as particularidades exigidas pelas transformações trazidas pelo avanço da internet. Por isso todo e qualquer planejamento para uma estratégia eficaz na área da educação digital deve levar em consideração a conscientização do docente sobre as singularidades da Cibercultura.

No início da introdução dos recursos tecnológicos de comunicação na área educacional, houve uma tendência a imaginar que os instrumentos iriam solucionar os problemas educacionais, podendo chegar, inclusive, a substituir os próprios professores. Com o passar do tempo, não foi isso que se percebeu, mas a possibilidade de utilizar esses instrumentos para sistematizar os processos e a organização educacional e uma reestruturação do papel do professor (TAJRA, 2000, p. 29).

Aprendizagem Coletiva é um termo que traduz muito bem essas mudanças provocadas pela ascensão do ciberespaço, o conceito nada mais é que a transliteração do conceito de ensino e aprendizagem, pois na coletividade da cultura participativa o professor ensina e aprende do mesmo modo que o aluno aprende e ensina dentro do sistema colaborativo da cibercultura (LEVY, 1999). Mas segundo Jenkins a “escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento” (2009, p. 238). Veja que o autor é dos Estados Unidas da América e mesmo assim seu discurso é factual e atual ao sistema educacional brasileiro, descrevendo com exatidão o que acontece no Brasil. Mas porque parece que Jenkins conhece bem o sistema educacional brasileiro. Isso é mais uma das características das transformações promovidas pela internet, a globalização da informação mundial e mesmo a globalização do ensino, pois Levy, em seu livro Cibercultura, já sinalizava essa unificação do ensino universal. Atualmente a aprendizagem coletiva não é um capricho da rede, na verdade é uma necessidade imperativa. Requisito essencial para quem quer ou precise trabalhar com ensino na internet. Jenkins, chega a comparar essa aprendizagem com o entretenimento, pois considera que o ensino deva vir como incentivo a imaginação e curiosidade para fomentar a colaboração e elaboração de conteúdo para a continuidade do processo de aprendizagem (2009).

Desde os anos setenta, a mudança na educação é concebida como parte de um processo social de mudança acelerada. A caracterização da mudança social como o elemento distintivo da sociedade moderna e como eixo da modernização é o contexto no qual se insere qualquer alusão à necessidade e pertinência da mudança educacional. Nos últimos dez anos, estabeleceu-se uma relação direta entre mudanças na educação e sociedade globalizada. A bibliografia sobre o tema destaca que a globalização econômica, social, política e cultural exige sistemas flexíveis e abertos a mudanças. Em resumo, fala-se de sociedades em processo acelerado de mudança e que necessitam de sistemas educacionais que lhes sejam compatíveis. (MESSINA, 2001, p. 230).

A compreensão do letramento midiático perpassa as convenções historicamente tradicionais da escrita, da leitura e da interpretação textual, pois aguça os sentidos do imaginário com seu mecanismo colaborativo, onde o sujeito tem experiências como consumidor e produtor de conteúdo no universo ficcional do ciberespaço. Dessa forma, a pedagogia informal existente nas comunidades virtuais passa a ser padrão de desenvolvimento de competências em letramento. Isso acontece devido a liberdade de leitura e escrita proporcionado pela rede, os acordos ortográficos não ditam as regras nesse cenário, cada usuário outorga suas próprias normas, não há a preocupação do erro, só o que importa é participar dessa troca de estímulos entre consumir e produzir informações. Desse modo, é essencial repensar o ensino e a aprendizagem, tomando como plano diretor o incremento de estratégias que possibilite oferecer ao aluno oportunidades reais de participarem do processo de ensino e aprendizagem. Nesse projeto o professor tem que ser visto como um influenciador digital (JENKINS, 2009). Pois ainda hoje “muitos ativistas do letramento midiático ainda agem como se o papel dos meios de comunicação de massa tivesse permanecido inalterado com a introdução de novas tecnologias.” (JENKINS, 2009, p. 359).

É por isso que é tão importante lutar contra o regime de direitos autorais corporativos, combater a censura e o pânico moral que tentam transformar em doença as formas emergentes de participação, expandir o acesso e a participação de grupos que, de resto, estão sendo deixados para trás, e promover formas de educação e letramento midiático que auxiliem as crianças a desenvolver as habilidades necessárias para se tornarem participantes plenos de sua cultura. (JENKINS, 2009, p.345).

É preciso que os especialistas em educação entendam que na internet o letramento vem por influência e não por imposição e que a utilização de componentes das narrativas históricas do sujeito é uma parcela importante do processo de desenvolvimento da alfabetização cultural. E que devem abordar a didatologia coloquial da comunidade virtual como parâmetro para trazer o aluno para o âmbito da ciberescola e assim promover competências de ampliação do letramento midiático. (JENKINS, 2009).

5. ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO DA CIBEREDUCAÇÃO

Para se falar em estratégias de desenvolvimento da Cibereducação é essencial levantar algumas questões proporcionadas pela internet ao indivíduo. Aqui no ciberespaço a expressão alcança a realidade da sua utopia, pois o usuário encontra na rede o ápice de sua personificação como a pessoa que ele imagina ser ou quer ser, uma sensação ficcional de realização do seu querer ser. Do mesmo modo, nessa mídia o internauta escolhe como quer ser visto e o que quer ver. Como também, esse sujeito acha na cibercultura o empoderamento da sua psique. Liberdade é a suma desse cibercidadão. “Do design à estratégia, os cenários são alimentados pelas simulações e pelos dados colocados à disposição pelo universo digital.” (LEVY, 1999, p. 50). Então o aluno consumidor de educação não é mais o mesmo, ele se transformou e não quer mais ser apenas um receptáculo de instrução e orientação escolar, agora quer ouvir e ser ouvido, quer consumir e produzir conteúdo. Essa realidade exige da escola um novo tipo de educador, o ciberprofessor, que deve ser agora um influenciador digital, não pode mais ser apenas um mandatário do ensino institucional.

As linhas que separavam a produção e o consumo estão se tornando cada vez mais tênues e nebulosas. Isso porque, nas últimas décadas, não só o comportamento do usuário mudou, mas o seu grau de interação e participação em determinadas discussões se tornou cada vez mais ativo. Os consumidores não possuem mais um papel simplista de clientes, já que também operam na produção de conteúdo, na criação de produtos e têm o potencial de influenciar o mercado. Esse novo consumidor é o que chamamos de “prosumer”. (SEBRAE, 2020).

Não parece ético comparar a educação com o mercado, soa estranho essa forma de repensar a escola e o relacionamento entre estudante e professor, mas essa é mais uma realidade imposta pela internet. É preciso sobriedade ao formular uma estratégia para alcançar o sujeito no ciberespaço com o ensino escolar. Esse duelo entre escola e internet travado nas redes sociais é por demais preocupante, pois nesse meio existem influenciadores nocivos a formação do cidadão, situação que pede medidas extremas da instituição educacional. É imprescindível usar as ferramentas da cibercultura para formular uma linha de ação que conquiste a atenção do aluno para a escola. “Uma das formas de moldar o futuro da cultura midiática é resistir a tais abordagens desabonadoras da educação para o letramento midiático.” (JENKINS, 2009, p. 359).

[...] favoráveis ou não, é chegado o momento em que nós, profissionais da educação, que temos o conhecimento e a informação como nossas matérias-primas, enfrentamos os desafios oriundos das novas tecnologias. Esses enfrentamentos não significam a adesão incondicional ou a oposição radical ao ambiente eletrônico, mas, ao contrário, significam criticamente conhecê-los para saber de suas vantagens e desvantagens, de seus riscos e possibilidades, para transformá-los em ferramentas (KENSKI, 1998, p. 61).

Levando em conta a cultura da convergência, dois princípios devem ser utilizados para traçar uma estratégia de desenvolvimento da Cibereducação, a cultura participativa e a narrativa transmidiática. A cultura participativa na educação vem justamente do ato em proporcionar ao aluno a propriedade de ser um “prosumer” (SEBRAE, 2020), tipo de cibercidadão que encontra na rede uma democracia jamais encontrada em seu espaço territorial. E desse modo, faz-se necessário criar um cenário onde o aluno é convidado a produzir e consumir conteúdo, numa troca constante entre os colegas, professores e famílias para o desenvolvimento da comunidade virtual da escola. A narrativa transmídia na educação deve ser promovida pelo professor, que agora passa a ser o influenciador digital. Nesse papel o docente vai administrar e orientar os alunos na compilação dos dados do saber para construir o ensino e a aprendizagem escolar. Dessa forma, o planejamento estratégico educacional deverá prever essas iniciativas nos planos de execução didático. E assim, fomentar uma discussão saudável sobre a disciplina e a vivência dos discentes para construir a narrativa transmidiática da aprendizagem coletiva na escola.

A democracia exige que os cidadãos enxerguem as coisas pelo ponto de vista dos outros; em vez disso, estamos cada vez mais fechados em nossas próprias bolhas. A democracia exige que nos baseemos em fatos compartilhados; no entanto, estão nos oferecendo universos distintos e paralelos (PARISER, 2012, p. 10).

A plataforma tem função importante no processo de produção do conteúdo transmidiático para envolver os discentes e promover a interação desejada ao processo da narrativa escolar, pois deve ser interessante e atraente de forma a convidar o aluno ao debate e discussões. A escola precisa cumprir esse propósito com um currículo muito bem elaborado e intrigante, com conteúdo atuais. “Conteúdo original é necessário quando se busca uma audiência significativa para o produto e não simplesmente marcação de território na Internet. (FERRARI, 2004, p. 52). Textos explicativos curtos e objetivos prevendo o emprego de hipertextos para maiores esclarecimentos devem ser aplicados nas disciplinas das websalas. Gráficos e imagens audiovisuais animados deverão ser utilizados para enriquecer a webaula. As websalas devem funcionar como app de navegação para outras plataformas da instituição de ensino, como por exemplo uma biblioteca virtual, tornando assim o acesso mais interessante e multilinear, onde o estudante tem a liberdade de explorar a disciplina da forma que achar melhor. A interatividade também deve ser visível e marcante, de modo a possibilitar ao educando passear pela rede de maneira fácil e simples, deixando o usuário bem à vontade, devido ao uso de aplicativos amplamente utilizados no ciberespaço com facilitadores que agregam vantagens sobre as mídias convencionais. A respeito das técnicas didáticas somadas ao ciberespaço “temos como significação, o sentido do ser, do modo de existência de uma dada realidade, mediada pelo discurso/linguagem. Essa realidade, quando favorecida em uma relação com discursos não ficcionais criam um efeito de discurso sobre a realidade tratada.” (TRINDADE, 2001, p. 9). Os métodos didáticos adicionados estrategicamente as ferramentas da internet atraem redes de estudantes interessados pelo conteúdo da disciplina.

[...] quando pensamos em mudança, surge de forma imediata a relação com promessas e também com tensões. A mudança implica passar ou transitar de uma situação ou de um estado ou condição para outro. A mudança é uma viagem, uma passagem, uma virada que é tão animadora quanto ameaçante. Mudar implica desnaturalizar ou distanciarmo-nos do habitus que nos constitui, que é tão estruturante quanto estruturado, separarmo-nos desses modos de sentir, pensar e agir. (MESSINA, 2001, p. 228).

Recursos gráficos animados devem ser utilizados para facilitar a compreensão do conteúdo. Com dados reais que tragam legitimidade a disciplina, aumentando a confiabilidade do educando para com o ensino. Essa estratégia com os gráficos também ajuda a prender a atenção do aluno e o motiva a interagir com o grupo escolar, sem contar que esta técnica resume e ilustra as informações contidas no conteúdo. “Essa troca de códigos e cruzamento de processos narrativos audiovisuais faz com que reconheçamos uma permanente circulação de referências claras do universo narrativo.” (BULHÕES, 2009, p. 127). Mas se o estudante não se envolver com a plataforma e passar essa experiência adiante, todo esse esforço será em vão. É preciso se preocupar com a interação do aluno e uma galeria de fotos pode apresentar ao aluno uma experiência através das fotos, podendo ele se relacionar e se identificar com os personagens retratados na galeria. Essa estratégia visual é expressiva porque traz no recurso da fotografia o empoderamento do discurso tornando a disciplina mais estimulante para interação do seu aluno. “Entender o poder da mídia é o primeiro passo para a construção de produtos inovadores e instigantes do ponto de vista editorial.” (FERRARI, 2004, p. 52).

Cada indivíduo possui uma imagem pessoal (uma distribuição original de brevês) na árvore, imagem que ele pode consultar a qualquer momento. Chamamos essa imagem de "brasão" da pessoa, para marcar que a verdadeira nobreza de nossos dias é conferida pela competência. As pessoas adquirem, assim, uma melhor apreensão de sua situação no "espaço do saber" das comunidades das quais participam e podem elaborar, com conhecimento de causa, suas próprias estratégias de aprendizagem. (LEVY, 1999, p. 181).

Palestras e entrevistas audiovisuais, desde que não sejam longas, trazem além da experiência da imagem a experiência do áudio, onde o discente pode ouvir vozes e ruídos do ambiente em estudo e ainda observar a linguagem corporal dos entrevistados. Informações dadas por profissionais da área em estudo traz mais confiabilidade a disciplina e atrai o aluno para o foco do tema da disciplina, prendendo a sua atenção e incentivando a interação com a webaula de modo a produzir debates e discussões nas redes sociais, onde o estudante costuma frequentar. E assim fomentar dentro da estrutura da narrativa transmídia a linguagem essencial ao processo de confecção do conteúdo exposto na mídia, Jenkins afirma que “Às vezes, a convergência corporativa e a convergência alternativa se fortalecem mutuamente, criando relações mais próximas e mais gratificantes entre produtores e consumidores de mídias.” (2009, p. 46). O professor deve utilizar esse conceito para promover a soma da convergência dos meios de educação com a convergência da cibercultura, de forma a gerar um processo de interação da comunidade escolar virtual. Com essa estratégia de utilizar os profissionais das áreas estudadas para serem entrevistados no meio digital, o professor chama o aluno para uma análise baseada na sua experiência para confrontar e opinar sobre a informação profissional exibida nos vídeos publicados. Essa interação provocada pela aula leva o discente a fazer a divulgação da aprendizagem em suas redes sociais ao comentar sobre suas impressões. “Colaboração é estar em contato direto com o mundo da história: escrevendo fanfiction, criando vídeos ou ilustrações. É fornecer um novo conteúdo, que você, como autor, está livre para aceitar ou recusar.” (PRATTER, 2011, p. 70).

A organização do território passa pela do laço social e da inteligência coletiva. As redes de comunicação interativa nada mais são que ferramentas a serviço de uma política desse tipo. Se por um lado os instrumentos do ciberespaço naturalmente reforçam o poder dos "centros", aos quais conferem a faculdade da ubiqüidade, podem também suportar estratégias sutis para constituir grupos regionais como atores autoorganizados. (LEVY, 1999, p. 192).

Os planos de fundo das páginas devem ser práticos e moveis, com aplicativos de rolagem de barra para possibilitar a navegação com simplicidade e facilidade, conquistando a preferência do estudante. Bem como selecionar formas e implementar proporções diferentes entre as imagens e o texto proporcionando nova leitura com a interpretação desejada do professor. Todas as aulas precisam ser pensadas cuidadosamente para atrair a atenção do discente e a partir daí motivá-lo a uma interação com as redes sociais da escola. O professor para tal precisa flexibilizar o conteúdo de forma dinâmica através dos hipertextos e das imagens de plano de fundo para dar a real noção do tema estudado. Elementos interativos devem ser planejados conforme especificações da estrutura da linguagem da narrativa transmídia para motivar a interação. Como “[...] uma inteligência repartida em todas as partes, valorizada constantemente, coordenada em tempo real, que conduz a uma mobilização efetiva das competências.” (LÉVY, 1999, p. 20). É necessário ter não só uma preocupação com o conteúdo, mas também uma preocupação com a estética, fazendo da websala uma opção atraente através dos produtos de multimídia, e assim fortalecer o engajamento do seu aluno com a escola. Dessa forma os professores devem-se adaptarem à Cultura da Convergência, bem como buscarem a interação participativa com o seu aluno, de modo a provocarem a movimentação própria da narrativa transmídia.

Formulo a hipótese de que um verdadeiro reequilíbrio das regiões só será atingido por meio de um encorajamento voluntarista das iniciativas e das dinâmicas regionais que sejam ao mesmo tempo endógenas e abertas para o mundo. De novo, a condição necessária é a de valorizar e criar uma sinergia entre as competências, os recursos e os projetos locais em vez de submetêlos unilateralmente aos critérios, às necessidades e às estratégias dos centros geopolíticos e geoeconômicos dominantes. (LEVY, 1999, p 192).

Nesse sentindo são necessários mudar certos conceitos a respeito do aluno e do professor, pois aqui no ciberespaço tudo é renovado e transformado. Desse modo o educando não é mais apenas um simples discente. Com a internet o estudante deixou de ser aquele receptáculo estático do conhecimento da sala de aula para ser um dinâmico prossumidor. “É criado para o aluno uma nomenclatura especial: prossumidor. É aquela pessoa que capta e, ao mesmo tempo, dissemina novas informações na grande rede efetivando o processo de educomunicação digital.” (MUNHOZ, 2020). Dessa forma, esse novo sujeito busca nas redes sociais o seu espaço para ouvir e ser ouvido no processo de consumir e produzir conteúdo midiático. Partindo dessa percepção de que o novo aluno não é mais um aprendiz estático, é necessário apresentar um novo tipo de professor para fazer frente a essa realidade imposta pela cibercultura, desse modo, nasce o educador influenciador digital, esse profissional, convicto da importância de aliar as novas tecnologias a sua prática de ensino, tem no seu pragmatismo a realização da educação através do uso das ferramentas do ciberespaço, enquadrando sua disciplina ao sistema de informação da internet, sendo culturalmente participativo aos anseios do emergente discente. Traz nessa perspectiva a aplicação do ensino como maneira para propiciar o estreitamento do contato entre docente e discente nas redes sociais. “A qualidade embrionária para a formação do professor num digital influencer está na interferência das tecnologias móveis no cotidiano do aluno, forçando a construção de diálogos personalizados entre a educação e a realidade.” (MOTA, MELO e ANDRADE, 2019).

6. A IMPORTÂNCIA DO LETRAMENTO MIDIÁTICO

A internet tem modificado a maneira pela qual se obtém a informação, como por exemplo o uso de bibliotecas virtuais, app de pesquisas, plataformas de compartilhamento de vídeos como o Youtube, redes sociais como Facebook e Twitter, e navegadores como o Google Chrome onde a troca de dados entre usuários é muito grande. Assim a utilização dessas ferramentas tecnológicas da mídia determina um novo conceito de ensino-aprendizagem. Desse jeito é imperativo um processo crítico de avaliação desse conteúdo digital, porque nem tudo o que está circulando no ciberespaço pode ser considerado verdadeiro. Os sujeitos em contato com esses discursos midiáticos precisam ter a capacidade de avaliar os significados desses conteúdos que chegam da internet. Desse modo, cabe a instituição educacional a responsabilidade de instruir os estudantes na direção do conhecimento fidedigno. Isso demonstra a importância do letramento midiático. Pois trazer o aluno para o ensino da escola é reforçar na escrita e na leitura a interpretação adequada dos conceitos na visão desse aluno digital. “Aqui, entende-se por letramento não apenas o que podemos fazer com material impresso, mas também com outras mídias.” (JENKINS, 2009, p. 218).

Mediante a era tecnológica em que os estudantes estão inseridos atualmente, torna-se essencial para a instituição educacional incluir esta realidade no âmbito escolar. Portanto, o letramento destaca a importância de que não basta só saber ler e escrever, e sim é preciso interpretar fazendo uso dessas práticas. Desta forma, o letramento midiático é o alicerce para construção destas novas práticas nas escolas. (BITTENCOURT, FERREIRA e ROCHA, 2014).

A capacidade de compreensão das mensagens na linguagem que está presente nos meios de comunicação, independente do assunto, carece da significação produzida pelo letramento midiático. Porque o indivíduo precisa ser letrado nos códigos linguísticos digitais para identificar o que o texto está exprimindo com sua informação. Essa interação dialógica pressupõe a direção do ensino por profissionais, agentes da educação, habilitados nas especificidades da cibercultura, com proposta de instrução e reflexão de aulas direcionadas ao estudo do discurso digital como meio de informação na oralidade dos alunos para potencializar a capacidade crítica deles se comunicarem. Jenkins, exemplifica com a produção de narrativa ficcional escrita e divulgada por fãs a importância do letramento midiático, pois essas técnicas conectam o ato de leitura crítica ao de escrita criativa (2009). Nota-se aqui a necessidade do professor influenciador digital, pois sendo o aluno admirador do docente, será possível fomentar a instrução escolar no letramento mediático, tão importante para a linguagem da comunicação que se produz através de uma mensagem os elementos linguísticos necessários ao entendimento. “Assim como, tradicionalmente, não consideramos letrado alguém que sabe ler, mas não sabe escrever, não deveríamos supor que alguém seja letrado para as mídias porque sabe consumir, mas não se expressar.” (JENKINS, 2009, P. 218).

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no estudo feito sobre a educação dentro da Cibercultura e os conceitos da Cultura da Convergência foi possível identificar os elementos do ensino aberto e a distância para o formato de multiplataformas, com uma narrativa expandida e aprofundada na participação ativa do professor e do aluno para com o conteúdo da escola. O conceito da narrativa transmídia existente no meio é eficaz para alcançar os critérios aqui apresentados das transformações trazidas pela internet. É possível que as novas tecnologias alterem a estrutura de interesses do estudante de acordo com a estratégia de interação sugerida pela mídia, desse modo, o planejamento escolar precisa contrapor essas alterações com métodos didáticos para resgatar a audiência do discente (JEKINS, 2009).

A exploração de diferentes formatos de linguagem em um mesmo suporte permite o esclarecimento de fatos e/ou de sistemas de difícil entendimento por meio de infográficos e vídeos. A quebra da linearidade desperta interesse e envolvimento e permite ao usuário percorrer um caminho próprio de leitura dos acontecimentos. (BECKER, 2013, p. 7).

Examinando a Cibercultura (LEVY, 1999) e a Cultura da Convergência (JENKINS, 2009) esse estudo convergiu para a noção da Cibereducação que foi introduzida no universo do ciberespaço. Para isso fomentou neste estudo a noção da aplicação da convergência midiática ao ensino digital. Consistente com a mudança na forma de ensinar o conteúdo e promover a aprendizagem o professor necessita ser um influenciador digital educacional que utilize a narrativa transmídia no processo de instrução e transforme sua aula num sistema colaborativo. A webaula tem que fazer parte da cultura participativa existente na convergência dos meios de comunicação, precisa colaborar com os alunos de forma a enriquecer, com conteúdo selecionados, a aprendizagem coletiva. O seu conteúdo deve motivar a interação com a troca de informação, onde o aluno é, também, um produtor de conteúdo e não apenas um consumidor. Dessa forma o estudante e professor colaboram para o conhecimento da aprendizagem coletiva (LEVY,1999), colaborando para o processo de construção da narrativa transmidiática educacional. “A inteligência coletiva pode ser vista como uma fonte alternativa de poder midiático.” (JENKINS, 2009, p. 30).

A partir daí, a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento. O professor torna-se um animador da inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. (LEVY,1999, p. 172).

Assim são apresentados os elementos essenciais ao entendimento e a familiarização da estrutura do ensino aberto e a distância na internet e como ele pode ser útil na preparação de estratégias para o ensino transmidiático. Dessa forma esta pesquisa não é um fim, mas sim, mais um passo em direção da construção de um novo modelo de educação em processo de adaptação. Colaborando para o desenvolvimento da história do ensino digital e para a estrutura da cultura participativa da escola na intenção de somar conhecimentos a aprendizagem coletiva, de forma, que esta pesquisa também seja ela em si uma narrativa transmidiática educacional.

8. REFERÊNCIAS

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LIMA, Conceição. CiberCultura, CiberLinguagem e CiberEducação. São Paulo: ‎ Biblioteca24horas, 2012

MESSINA, Graciela. Mudança e inovação educacional: notas para reflexão. Tradução de Isolina Rodriguez Rodriguez. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 114, p. 225-233, nov. 2001. Disponível em: https://fr.booksc.org/book/74045501/0fdead. Acesso em 10 jul. 2021.

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TARJA, Sanmya F. Internet na educação: o professor na era digital. São Paulo. Érica, 2002.

Por Marcondes Schifter


Publicado por: MARCONDES SCHIFTER

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