A SOCIOLINGUÍSTICA EM SALA DE AULA: DESAFIOS DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA DIANTE DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA DESPRESTIGIADA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

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1. RESUMO

A Sociolinguística é uma subárea da linguística cujo objetivo é estudar a língua dentro das comunidades de fala. Precisamente, por ser uma disciplina que compara os aspectos sociais e linguísticos de uma língua, considera, em especial, a variação linguística como um objeto de estudo. Há que se considerar, portanto, por uma análise linguística, os aspectos externos de uma determinada língua são fundamentais. Considerada como uma instituição social, a língua não pode ser estudada como um objeto independente, uma vez que ela faz parte da história, da cultura e do contexto situacional de comunicação das pessoas que a utilizam. Diante disso, a pesquisa proposta tem por objetivo compreender os desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro. Para uma melhor compreensão dessa temática, foram delineados os seguintes objetivos específicos: Descrever a importância da sociolinguística na área de educação; Analisar a variação e o ensino em ala de aula; entender os desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro. Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a sociolinguística em sala de aula, bem como dos desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro. Portanto, podemos concluir que mediante a Sociolinguística educacional, o aluno passa a compreender que a sua variação linguística nada mais é do que uma característica da sua comunidade de fala. Do mesmo modo, as outras variações são também marcas de outros falantes que não pertencem a sua comunidade de fala.

Palavras-chave: Sociolinguística; Educação; Preconceito Linguístico; Professor.

2. ABSTRACT

Sociolinguistics is a subarea of ​​linguistics whose objective is to study language within speech communities. Precisely, as it is a discipline that compares the social and linguistic aspects of a language, it considers, in particular, linguistic variation as an object of study. Therefore, it is necessary to consider, through a linguistic analysis, the external aspects of a given language are fundamental. Considered as a social institution, language cannot be studied as an independent object, since it is part of the history, culture and situational context of communication of the people who use it. Given this, the proposed research aims to understand the challenges faced by Portuguese language teachers in the face of the discredited linguistic diversity of Brazilian Portuguese. For a better understanding of this topic, the following specific objectives were outlined: Describe the importance of sociolinguistics in the area of ​​education; Analyze variation and teaching in the classroom; understand the challenges of Portuguese language teachers in the face of the discredited linguistic diversity of Brazilian Portuguese. This study is a bibliographical review on sociolinguistics in the classroom, as well as the challenges faced by Portuguese language teachers in the face of the discredited linguistic diversity of Brazilian Portuguese. Therefore, we can conclude that through educational Sociolinguistics, the student comes to understand that their linguistic variation is nothing more than a characteristic of their speech community. Likewise, the other variations are also marks of other speakers who do not belong to their speech community.

Key words: Sociolinguistics; Education; Linguistic Prejudice; Teacher.

3. INTRODUÇÃO

A Sociolinguística é uma subárea da linguística cujo objetivo é estudar a língua dentro das comunidades de fala. Precisamente, por ser uma disciplina que compara os aspectos sociais e linguísticos de uma língua, considera, em especial, a variação linguística como um objeto de estudo, haja vista que é uma premissa universal e geral passiva de ser analisada e descrita de forma científica (Mollica, 2013).

É um ramo da linguística que promove o respeito entre os falantes para que se compreenda que a língua sempre varia e muda de acordo com a região das comunidades de fala e o tempo. Dessa forma, ninguém consegue falar o português culto a todo momento, visto que essa variedade padrão nem sempre é assimilada pelos falantes (Mollica; Braga, 2013).

Nesse contexto, a sociolinguística ressalta a importância de entendermos que as línguas dentro das atividades sociais são heterogêneas, como também a variação é um fenômeno subjetivo a ela. Portanto, em todos os níveis da fala há ocorrência de variação, e isso nos faz compreender que em uma língua natural pode suceder diversas transformações (Lima,2016).

Há que se considerar, portanto, por uma análise linguística, os aspectos externos de uma determinada língua são fundamentais. Considerada como uma instituição social, a língua não pode ser estudada como um objeto independente, uma vez que ela faz parte da história, da cultura e do contexto situacional de comunicação das pessoas que a utilizam (Mollica, 2013).

Dentro do contexto escolar, a expressão “erro de português” deve ser considerada como imprópria e intolerante pelo professor de língua portuguesa. Em outras palavras, o que realmente existe não é erro na língua, mas sim variedades e diversidades linguísticas apresentadas constantemente entre o que os alunos praticam em casa e o que eles aprendem na escola (Bortoni-Ricardo, 2004).

Nesse momento, é importante frisar a relevância do professor no ensino de língua portuguesa. No contexto da sala de aula, é ele que consegue levar os educandos a entender que há uma variedade padrão da língua que é, sobretudo, de maior prestígio social. Isso não afirma que devem ser reprimidas ou desprezadas as demais variedades linguísticas trazidas pelos alunos (Horta, 2016).

No âmbito escolar, o docente deve mostrar a variantes linguísticas aos alunos, bem como ajuda-los a perceber que tais modos de expressão podem ser apropriados em determinados ambientes. Em uma apresentação de seminário, temos um exemplo de como usar a linguagem formal. Já em uma conversa entre familiares e amigos, o uso da linguagem informal pode ser mais adequado (Lopes; Cavalcante, 2013).

Justifica-se a escolha da temática por esta se tratar de um estudo contemporâneo, tendo-se em vista que a sociolinguística é uma forma de entendermos o preconceito linguístico dentro do âmbito escolar. Ainda hoje, a aulas de língua portuguesa, em muitos casos, restringem-se ao uso da gramática normativa em vez de contemplar o uso da língua. Por se tratar de uma pesquisa voltada ao ensino de língua portuguesa, é uma temática que precisa de mais atenção, bem como ser explorada de maneira devida.

Desvendar o conceito de certo e errado do português brasileiro é a justificativa que embasou a escolha dessa temática. Dentro dessa ótica, o presente projeto mostrará a importância da sociolinguística no campo da educação, bem como no ensino da língua portuguesa e na percepção das diversidades linguísticas existentes no contexto escolar.

Pode-se afirmar que a sociolinguística é uma forma de compreender a variações e as mudanças que a língua sofre em relação ao tempo e a região, haja vista que ninguém fala o português culto continuamente. Por esse motivo, entende-se a heterogeneidade da língua, como também as diversas variantes que não estão restritas a norma culta.

Com objetivo de atrair atenção para o tema, o projeto salienta que embora cada um dos falantes use o mesmo código linguístico, existe dentro do português brasileiro variações diversas definidas dentro de cada comunidade de fala ou espaço geográfico. Usar a linguagem como uma manifestação de ideias é natural de todo ser humano, haja vista que as vivências em sociedade se processam por meio dela.

O projeto tem por foco, portanto, entender a importância do docente na integração dos alunos para que eles aprendam que há diversas variações na língua portuguesa. Com uma justificativa a mais que reforça a importância dessa temática, é fundamental que os alunos possam conhecer essa diversidade linguística, pois a língua é um processo vivo e que sempre está em constante transformação.

Observa-se que a sociolinguística considera os fatores sociais e históricos de uma determinada comunidade de fala, haja vista tais falantes trazem dessas comunidades as variações pertencentes a elas. Neste sentido, a presente pesquisa partiu da seguinte problematização:

  • Qual a importância da sociolinguística no campo educacional?

Para tanto, como resposta subjetiva ao problema de pesquisa, este estudo levantou a seguinte hipótese:

  • A sociolinguística ensina que a norma padrão é uma ramificação da nossa língua, como também reconhece que há variedades linguísticas socialmente desvalorizadas do português brasileiro.

Diante disso, o objetivo geral da pesquisa proposta é compreender os desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro.

Para uma melhor compreensão dessa temática, foram delineados os seguintes objetivos específicos:

  1. Descrever a importância da sociolinguística na área de educação;
  2. Analisar o ensino de variação linguística em sala de aula;
  3. Entender os desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro.

O tipo de pesquisa utilizado é de objetivo exploratório, mediante técnica de coleta de dados com base em material já elaborado, principalmente de livros e artigos. Os termos mais utilizados para referente pesquisa foram: Sociolinguística; professor; variação linguística e língua portuguesa (palavras-chave).

Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica sobre a sociolinguística em sala de aula, bem como dos desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro. Após as referências conceituais, delineou-se a metodologia com objetivo exploratório e descritivo com finalidade básica, baseando-se em conceitos e definições de Ana Maria Stahi Zilles, Carlos Alberto Faraco, Dino Pretti, Evanildo Bechara, Paulo Freire, Maria Cecilia Mollica, Stella Maris Bortoni-Ricardo e Marcos Bagno entre os anos de 2003 a 2022. Foram utilizadas publicações em português para a elaboração do trabalho.

Para tanto, o presente trabalho de conclusão de curso está organizado em três capítulos. O primeiro capítulo, intitulado: “a importância da sociolinguística na educação” está dividida em três subtítulos: o primeiro tratará da sociolinguística educacional e a sua importância na área de educação; o segundo, da sociolinguística no processo de ensino da Língua Portuguesa no Brasil; o terceiro, fala sobre o preconceito linguístico existente no português brasileiro.

O segundo capítulo, nomeado: “a diversidade linguística existente no contexto escolar” versará, principalmente, sobre a noção de erro que existe no português brasileiro. Dividido em dois itens, tratará de onde surgiu essa ideia de erro linguístico, bem como da importância do ensino de variação linguística em âmbito escolar.

Por fim, o terceiro capítulo de título “os desafios do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprestigiada do português brasileiro” descreverá a importância do bom professor de língua portuguesa; a construção de bases para uma pedagogia de variação linguística e a desconstrução do preconceito linguístico em ambiente escolar.

4. A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLINGUÍSTICA NA EDUCAÇÃO

Podemos compreender a Sociolinguística Educacional como a promoção da competência comunicativa e linguística de alunos que não se expõem as variedades de prestígio. A língua é responsável pelo estabelecimento das hierarquias sociais que os educandos assumem diante das exigências que a sociedade lhes apresenta.

A constituição de uma sociedade é feita pelo modo que os falantes fazem o uso da língua, bem como pela implementação das relações sociais que a cercam. Nesse sentido, a Sociolinguística Educacional contempla a língua falada pelos educandos, como também a linguagem como o fundamento de uma sociedade (Bortoni-Ricardo; Silva, 2022). A seguir, veremos a importância dessa área da linguística na educação:

4.1. Sociolinguística Educacional: Importância na área de Educação

A Sociolinguística é uma das subáreas da linguística que estuda a língua em uso no seio das comunidades de fala, voltando a atenção para um tipo de investigação que correlaciona aspectos linguísticos e sociais. Esta ciência se faz presente num espaço interdisciplinar, na fronteira entre língua e sociedade [...] (Mollica, 2013, p. 9).

Segundo Mollica (2013), a sociolinguística é uma subárea da linguística que considera os fatores sociais e históricos da língua de uma certa comunidade de fala. Dessa forma, podemos entender que o falante dessa comunidade traz consigo as variedades linguísticas dessa sociedade de fala a qual ele pertence.

Em meados de 1960, surge o termo Sociolinguística em um congresso na Universidade da Califórnia (Los Angeles), organizado por William Bright. Vários pesquisadores estavam presentes nesse evento: Einar Haugen, Dell Hymes, John Fischer, José Pedro Rona, John Gumperz e Willian Labov. Todos esses estudiosos se voltaram para estudar a relação entre sociedade e linguagem (Bright, 1974 apud Oliveira, 2017).

Conforme Bortoni-Ricardo e Silva (2022), O artigo escrito por Willian Labov “The Logic of Nonstandard English” (A lógica do Inglês não-padrão) afirma que as crianças de situação social vulnerável, no que se refere ao comportamento monossilábico (falam pouco), era proveniente da situação desigual na qual estavam. Contudo, tais crianças mostravam uma melhor competência linguística quando se sentiam confiantes.

Para os autores, a Sociolinguística surgiu a partir desta ideia e, sobretudo, pode-se afirmar que ela é uma área de conhecimento da educacional por natureza. Em relação ao Brasil, a Sociolinguística vem promovendo todos os esforços na promoção da competência comunicativa e linguística de alunos que não sofreram influência de variedades de prestígio em casa, mas que precisam aprendê-las em ambiente escolar, segundo as orientações da Sociolinguística Educacional.

Nesse sentido, a constituição da estrutura de uma sociedade, bem como as suas relações sociais, é feita pela utilização da língua. Dessa forma, a linguagem e a língua empregada pelos falantes são concebidas pela Sociolinguística (Bortoni-Ricardo; Silva, 2022).

Para esta área de estudo, todas as línguas possuem uma forma variada, isto é, uma atividade bem específica. Podemos encontra-las em diferentes formas na equivalência do significado ao nível de fala, na ligação e na função dos termos de uma oração, na construção das palavras, no domínio objetivo-discursivo, no sistema fonético-fonológico, como também na ligação e função dos termos de uma oração (Braga, 2013).

Parte-se do pressuposto de que os fatores de estrutura e sociais influenciam diretamente a variação do uso da língua. Sendo assim, as construções de uma língua são geradas e representadas de uma forma calculada e aplicada. Nesse sentido, Mollica (2013) enfatiza:

[...] A Sociolinguística considera em especial como objeto de estudo exatamente a variação, entendendo-a como um princípio geral e universal, passível de ser descrita e analisada cientificamente. Ela parte do pressuposto de que as alternâncias de uso são influenciadas por fatores estruturais e sociais [...] (Mollica, 2013, p.10).

Para Mollica (2013), dentro de uma visão cientifica, são previsíveis e autenticas todas as manifestações de uma língua, embora exista uma variação padrão. Do mesmo modo, a inserção de uma falante em uma determinada escala da sociedade sempre estará sujeita a avaliações tanto positivas quanto negativas.

No entanto, a influência da sociolinguística no ensino da língua portuguesa, bem como na área da educação, ajuda-nos a perceber as diversas realidades linguísticas existentes na sociedade. Dentro desse espaço social se encontra o local onde o sujeito convive com outros indivíduos, como também a escola (Lopes, Cavalcante, 2018).

Para Lopes e Cavalcante (2018), as práticas de preconceito em relação a sociolinguística são comuns, haja vista que o “senso comum” considera que essa área de estudo apoia o “falar errado”. Contudo, mediante a sociolinguística, conhecemos a história da nossa própria língua, como também aprendemos a refletir sobre determinados fenômenos linguísticos que hoje existem na fala monitorada. Do mesmo modo, enfatiza Preti:

Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera causalidade. Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas mensagens. E toda nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum que dispomos para tal. (Preti, 2003, p, 11).

Logo, a língua é responsável pela sustentação do desenvolvimento de uma sociedade. Ela envolve relações do dia a dia, como também as atividades dos membros de um corpo social. Além disso, a língua funciona como ligação entre o ser humano e sociedade. Por meio dela, temos contato com as pessoas que nos cercam (Preti, 2003).

Para Bortoni-Ricardo e Silva (2022), a Sociolinguística Educacional segue os ensinamentos de Paulo Freire quanto ao relacionamento entre professores e alunos, bem como a forma que o docente deve vê-los. Nesse caso, o professor entende que os alunos têm prioridade no processo escolar e que, também, sempre aprenderão algo novo dentro deste processo.

Segundo aos autores, Freire é um dos educadores brasileiros mais conceituados no que tange a trabalhos na área de educação. Logo, a teoria desse pensador é muito ampla e não pode ser resumida em um parágrafo, haja vista que a sua metodologia consiste em começar o ensino pedagógico onde o aluno se encontra.

Além deste ensino ser valido para a classe de alfabetização, pode ser utilizado para níveis diferentes de ensino e aprendizagem. Como exemplo, ele afirmava que a alfabetização dos adultos deveria começar com palavras pertencentes ao universo linguístico desses estudantes (Bortoni-Ricardo; Silva, 2022).

4.2. A Sociolinguística no Processo de Ensino da Língua Portuguesa no Brasil

A importância teórica e metodológica dos estudos sobre a língua em uso é inegável. Exposto a conversação, o homem adquire a linguagem articulada e, simultaneamente, as formas básicas de socialização. Por outro lado, é um truísmo lembrar que o significado de enunciados e de itens lexicais deverá levar em consideração o contexto linguístico e situacional em que são empregados (Braga, 2013, p. 101).

No que se refere ao processo de ensino de língua portuguesa, a sociolinguística tem uma atribuição relevante, visto que em diversos domínios sociais, a variação sempre está presente, principalmente, no âmbito escolar.  Quando entendemos que a língua varia e muda conforme diferentes aspectos linguísticos, aprendemos a respeitar as formas diferentes de comunicação (Braga, 2013).

Isto nos leva a observar que, quando entendemos esse processo, passamos a conhecer a própria história da língua portuguesa, bem como a trajetória de transformação e formação do nosso vocabulário. É possível lidar com a língua em diversas situações de uso, uma vez que o idioma pode ser utilizado em formas diferentes em relação ao contexto que está inserido, exemplo: quando nos dirigimos ao nossos pais, aos familiares e aos amigos (Lopes, Cavalcante, 2018).

Os autores ainda acrescentam que o Português é a terceira língua do Ocidente e a quinta mais falada no mundo, sendo considerada como a primeira do Hemisfério Sul por muitas fontes. De acordo com a Agência Brasil (2020), ao todo, existe 260 milhões de falantes de Língua Portuguesa. Desse número, 211 milhões só em território brasileiro, totalizando 81,15% de falantes de Língua Portuguesa em todo planeta.

Com isso, a posição brasileira nesse ranking produz responsabilidades da sociedade brasileira e do governo quanto ao desenvolvimento da língua como código escrito, como também a sua preservação, sobretudo, na difusão da literatura e das ciências (Bortoni-Ricardo; Silva, 2022).

Para eles, aprender Língua Portuguesa significa dominar os recursos de comunicação. Sobre isso, existe três características que dificultam ou facilitam essa aprendizagem: familiaridade com a tarefa de comunicação; grau de dependência no contexto da fala; grau de complexidade do tema abordado.

Segundo Preti (2003), a diversidade linguística de um grupo social, bem como o caráter linguístico de uma sociedade é um sistema estabelecido cuja função é facilitar aos seus falantes possibilidades de comunicação. Portanto entre língua e comunidade não existe uma ligação de mera circunstância. Pelo contrário, desde o nosso nascimento, uma diversidade de significados e significantes nos cercam.

Mediante a combinação e reprodução da língua, várias possibilidades de comunicação passam a surgir. Isso possibilita o desenvolvimento do nosso léxico, haja vista que a nossa vida em sociedade tem como característica a troca e o entendimento da língua. Assim, Preti enfatiza:

Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera causalidade. Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir do momento em que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas mensagens. E toda nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum que dispomos para tal. (Preti, 2003, p, 11).

Entende-se que a sustentação, bem como o desenvolvimento de uma sociedade, depende da língua. Ela envolve as atividades dos falantes de uma determinada sociedade, como também relações do cotidiano. Somando a isso, a língua corresponde a ligação entre os seres humanos e a sociedade que os cercam (Coelho et al, 2010).

Além disso, a pluralidade cultural e a diversidade linguística de uma comunidade de fala são realizadas em um domínio social, em outras palavras, um espaço físico onde as pessoas que assumem papeis socias se interagem. Quando nos comunicamos pela linguagem, também construímos e reforçamos estes papéis socias (Bortoni-Ricardo, 2004).

4.3. O Preconceito Linguístico existente no Português Brasileiro

A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito negativas. O senso comum tem escassa percepção da língua como um fenômeno heterogêneo que alberga grande variação e está em contínua mudança. Por isso, costuma folclorizar a variação regional; demoniza a variação social e tende a interpretar as como sinais de deterioração da língua [...] (Faraco; Zilles, 2015, p. 7).

Segundo Zilles e Faraco (2015), os papeis sociais de interação humana são construídos por meio da linguagem. Infelizmente, a sociedade brasileira ainda não consegue reconhecer a sua complexidade linguística e, por sofrerem uma divisão marcante em sua formação e serem uma sociedade escravocrata por anos, discriminam implacavelmente as comunidades marginalizadas pela língua no país.

Vale ressaltar que um dos bens mais preciosos de um povo é a sua própria língua. Logo, é ela que apresenta e reflete as construções e representações de uma comunidade ou sociedade. No entanto, é pela língua que surge as relações de dominação e poder, as transmissões culturais, os consensos e as discórdias.  É pela língua que o indivíduo se constrói em uma sociedade, assim como, por meio dela, ele sofre exclusão (Thomaz, 2014).

Partindo dessa premissa, essa exclusão e as diferenças sociais causam todo transtorno linguístico em uma sociedade de fala. De certa forma, a educação no Brasil não é para todos e, consequentemente, a marginalização do conhecimento da norma culta. Conforme Bagno (2007):

São essas graves diferenças de status social que explicam a existência, em nosso país, de um verdadeiro abismo linguístico entre os falantes das variedades não padrão do português brasileiro – que são a maioria de nossa população – e os falantes da (suposta) variedade culta, em geral mal definida [..]. (BAGNO, 2007, p.16).

Entende-se, por conseguinte, que as pessoas não dominantes da norma culta falam português também. Logo, a gramática particular desses falantes não é aceita, mas sim, desprezada pelos dominantes do português culto. É um modelo de preconceito adotado até mesmo por aqueles que não falam e nem dominam o português padrão, porém se apossam dele como referência (Bagno, 2007).

Em contrapartida, quanto à fala e a escrita, o autor acrescenta que existem situações de formalidade da língua e outras informais, isto é, de uso popular. Entretanto, no contexto formal da língua, é inadequado usar expressões regionais como gírias e palavrões, uma vez que, dificilmente, os ouvintes aceitariam tal linguagem.

Em tal reflexão, é inadequado um indivíduo que possui um grau técnico de formalidade usar uma linguagem altamente formal para uma pessoa analfabeta, haja vista que ela dificilmente entenderia. Enfim, tudo dependerá de quem diz o quê a quem, como, onde, por que, e visando que consequência (Bagno, 2007).

Nesse sentido, entende-se como linguagem formal aquela que é utilizada em condições onde a norma culta é exigida. Já a linguagem informal ou coloquial é usada em situações em que esta exigência é descartada. No entanto, essas modalidades não tornam desigual o uso da língua falada, ou seja, a escrita e a fala. Portanto, a constituição de uma língua é repleta de variedades (Andrade; Santana; Ribeiro, 2012).

Também é possível inferir que as variações, principalmente, a não padrão do português brasileiro podem ser explicadas pela linguística moderna. Dessa forma, essa diversidade não pode ser taxada como errada, mas como uma diferente da norma culta imposta pela elite letrada, os quais possuem o domínio gramatical normativo e discriminam essa variação como deficiência (Bortoni-Ricardo 2004).

Do mesmo modo, não podemos dizer que uma pessoa analfabeta não sabe língua portuguesa, uma vez que, se não soubesse, não falaria esta língua e nem tampouco se comunicaria com ela. Embora o analfabeto não conheça a escrita, ele tem o conhecimento do português, haja vista que este sujeito conhece apenas uma parte da língua que fala. Isso torna prejudicial o seu convívio com pessoas de prestígio social, pois são queles que detêm o domínio da variedade culta da língua (Andrade; Santana; Ribeiro, 2012).

Hoje, na escola pública brasileira, há muitos alunos das classes econômicas de menor prestigio social. Portanto, a escola tem o dever de ofertar uma educação de qualidade que contribua com o desenvolvimento dos educandos. Segundo Faraco e Zilles (2015):

A maioria dos alunos que chegam à escola é oriunda precisamente desses grupos socioeconômicos [...]. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la. (Faraco e Zilles, 2015, p. 9).

Verifica-se, portanto, para que a discriminação da língua seja extinta, faz-se necessária a criação de uma pedagogia da variação linguística para esse caso. Com isso, esse modelo de ensino deve ter como objetivo o estímulo a reflexões referentes a variação linguística, cujo propósito seja criar uma possibilidade de integrar o ensino da língua portuguesa em diversas dimensões (Faraco; Zilles, 2015).

Dentro dessa ótica, não podemos ver o ensino da língua somente como um veículo para fins econômicos, mas como uma experiencia social e intelectual em toda a sua diversidade no que tange aos papeis que constroem a linguagem. Mediante o ensino da língua portuguesa e de uma educação de qualidade, a escola pode formular o domínio de práticas socioculturais dos grupos desfavorecidos pela sociedade (Faraco; Zilles, 2015).

Ressalta-se que ninguém pode ser discriminado pela variedade da língua que possui, nem tampouco ser excluído do acesso a uma cultura letrada. Tanto a cultura letrada quanto a variação da língua são também diretrizes pedagógicas. Dessa forma, o primeiro exemplo não anula o segundo, mas serve de reforço e sustento para a língua (Faraco, 2015).

Dessa forma, a escola tem a atribuição de não substituir a língua materna ou popular que ele tem, embora se ensine no âmbito escolar a norma culta. Pelo contrário, deve-se mostrar aos alunos que essas duas manifestações linguísticas podem ser utilizadas, bem como conviver juntas, conforme cada situação de comunicação (Preti, 2003).

Infelizmente, nem sempre nas escolas brasileiras as diversidades do uso da língua são contempladas, haja vista que o ensino do português sempre se restringe a gramática normativa. Nesse sentido, desconstruir a ideia do certo e errado na língua portuguesa no remete a conhecer os diversos contextos de uso, comunidade linguística de onde se fala e a região dos falantes (Lopes, Cavalcante, 2018).

5. O ENSINO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA

Sabemos que não há separação entre linguagem e sociedade, haja vista que a língua é a forma das pessoas se comunicarem dentro das comunidades de fala. Além disso, percebe-se que o ensino do português brasileiro advém do tradicionalismo pedagógico centrado no preconceito e atitudes corretivas no que se refere à língua escrita e falada.

Hoje, o que mais podemos encontrar em ambiente escolar é esse modo de ensino. Isso significa que existe somente uma forma correta de escrita e fala segundo a gramática normativa (Santos; Santana, 2017). Neste capítulo, conheceremos os conceitos de norma culta e norma padrão, a normatização da língua e a importância de se trabalhar a variação linguística em sala de aula.

5.1. Norma Culta e Norma Padrão como Variedades Linguísticas

Tanto em relação a língua quanto em outros setores da nossa sociedade, a valorização da norma culta e da norma padrão são decorrentes de um pesado e histórico jugo colonial do qual o brasil ainda não conseguiu se libertar. Dentro dessa ótica, podemos perceber que o preconceito linguístico ainda se manifesta em diferentes formas, principalmente, nas distintas classes da sociedade (Souza; Carvalho, 2017).

Segundo os autores, um exemplo desse preconceito é a gramática normativa, cuja ideologia é cristalizada por muitos anos na gramática tradicional. Esta traz as ideias das classes socias prestigiadas que são detentoras do poder econômico e político.

5.1.1. O que é a Norma Culta?

A norma culta se refere a variedade linguística usada frequentemente por pessoas que possuem convivência com a escrita, bem como por aquelas que detêm um linguajar mais aproximado desta modalidade. No Brasil, somente as pessoas que já se formaram no ensino superior são consideradas falantes da norma culta (Costa; Coutinho, 2020).

De acordo com Koch (2007), as variações linguísticas contextuais, históricas e regionais são fenômenos naturais da língua dos quais possuem o mesmo significado, porém, apresentam-se de forma diferenciada. Nesse sentido, percebe-se que a linguagem para atender a comunicação entre os seres humanos por meio de troca de experiencias diárias. Dessa forma, faz-se necessária a mudança no ensino/aprendizagem para que seja respeitada a variação da língua materna, entretanto, respeitá-la não significa descartar a norma culta.

Em sua maioria, os falantes da norma culta pertencem as camadas sociais elevadas. Com isso, a expressão “norma culta” sempre leva muitas pessoas a pensar que só estes falantes dessa variedade são cultos, isto é, que as outras pessoas são ignorantes e incultos e somente eles são detentores de cultura (Koch, 2007).

Esta ideia é difundida de maneira ampla pelo senso comum e necessita ser desconstruída. Como foi dito, o termo “norma culta” faz referência a uma variedade da língua praticada por indivíduos que que possuem mais contato com a escrita (Costa; Coutinho, 2020).

Nesse caso, o docente, sabendo da sua importância como educador, deve quebrar os obstáculos da profissão. Logo, ele necessita de um conhecimento maior para desenvolver o conhecimento da norma culta de seus alunos, como também a valorização desta. Portanto, a atribuição principal da escola quanto a língua portuguesa é o ensino da norma culta, pois, com o domínio da linguagem formal, o discente terá uma inclusão social de maneira eficaz (Neves, 2008).

Vale salientar que definição real de um indivíduo letrado está em sua capacidade de escrita e leitura. Dessa forma, podemos entender que o sofrimento das classes de menor prestigio ou populares está restrita ao não domínio da norma culta. Devido a isso, tais pessoas são intituladas como ignorantes pela sociedade letrada e excluídas dos convívios sociais (Costa; Coutinho, 2020).

Aqui no Brasil, compreende-se que para se expressar bem, ter fluência verbal e escrita correta, o indivíduo deve fazer parte da alta sociedade. Contudo, ressalta-se que é atribuição da escola e do seu corpo docente ensinar aos seus alunos todas as formas de comunicação e expressão, sobretudo, a norma culta, para se expressarem melhor, compreender os outros e conseguirem mais oportunidades profissionais (Neves, 2008).

Para concluir, os profissionais de educação, enquanto agentes de socialização e letramento, promover o aprendizado da norma culta aos alunos. Além disso, o professor deve levar seus discentes a entender o funcionamento desta competência linguística, bem como a escrita e a leitura são imprescindíveis na interpretação de gêneros textuais variados.

5.2. Norma-Padrão: O que é?

Para Faraco (2008), a norma-padrão é aquela variação repleta de preconceito em referência as outras variedades linguísticas, cujo objetivo é a padronização a língua. Em outras palavras, é apenas uma codificação abstrata que serve como referência para o uso real do idioma.

Dentro dessa ótica, a característica principal desta norma é considerar tudo que for diferente dela como errado. Para isso, ela se estabelece sob dois pontos de vista: a supervalorização da escrita em prejuízo da fala, ou seja, o uso verdadeiro da língua; considerar as mudanças linguísticas como degradação e declínio da língua em vez de uma simples mudança. Na visão de Bagno (2007):

[...] A norma padrão está intimamente ligada à escola, ao ensino formal, e como no Brasil o acesso à educação é mais um elemento que contribui para a nossa triste posição de campeões da desigualdade social, é fácil imaginar que a norma padrão tradicional tem poder de influência praticamente nulo sobre os falantes das variedades mais estigmatizadas. (Bagno, 2007, p. 69).

No Brasil, a norma-padrão foi estabelecida para controlar a mudança e neutralizar a variação. O surgimento da norma-padrão brasileira aconteceu no século XIX, de acordo com a necessidade de alguns letrados da alta sociedade daquela época de unificar a língua, tornando-a homogênea e unitária para que as variações linguísticas fossem combatidas (Faraco, 2022 apud Guerra, 2011).

Nesse sentido, tais letrados fizeram um caminho diferente do esperado. Em vez de conhecerem o uso da língua pelos falantes que mais tinham contato com esta para que o “padrão” fosse estabelecido, determinaram que a norma-padrão do português brasileiro fosse criada com base em textos de escritores portugueses. Por consequência disso, estabeleceu-se o idioma correto para todos no brasil e a burguesia letrada passou a se sentir mais próxima da Europa e nivelada a Portugal (Faraco, 2008).

5.3. Normatização da Língua: o Surgimento do “Erro de Português”

Muitas pessoas pensam que a noção de erro de português surgiu com o avanço da tecnologia. De maneira oposta, diversas pesquisas mostraram que esse preconceito linguístico vem desde a antiguidade. Assim afirma Bagno (2007):

No que diz respeito à língua, a noção de “erro” nasce, no mundo ocidental, junto com as primeiras descrições sistemáticas de uma língua específica, a língua grega. Essas descrições sistemáticas foram empreendidas no mundo de cultura helenística, particularmente na cidade de Alexandria (Egito), que era o mais importante centro de cultura grega no século III a.C. (Bagno, 2007, p. 62).

O estudo sobre a língua, desde o século III, bem como a noção de erro linguístico foi muito equivocado, uma vez que a língua é viva e sempre muda conforme a sociedade que está inserida. No que se refere ao português brasileiro, não há possibilidade de definir o certo do errado, pois o estudo de uma língua vai além do contexto escrito e oral. Nesse caso, podemos observar fatores diversos como manifestações históricas, folclóricas e a história da comunidade (Oliveira, 2020).

A Necessidade de normatização da língua ocorreu com a expansão do idioma grego dentro do império de Alexandre o Grande. Diante das diferenças regionais e socioculturais que existiam no império grego, houve a necessidade de se criar um padrão homogêneo e uniforme dessa língua. Com a unificação política e cultura do império, coube aos filólogos da biblioteca de Alexandria de criar uma norma padrão unificada, ou seja, um padrão linguístico de base para todos os gregos (Santana Junior; Pinto; Santana, 2011).

Segundo Bechara (2007), desde a Grécia e Roma até hoje, o aprendizado da língua materna sempre foi confundido com o ensino da gramática acadêmica. Vale salientar que esta gramática foi construída na antiguidade clássica pelos estoicos e por Aristóteles, passando pela Idade Média e Renascimento, retomando depois para algumas correntes linguísticas contemporâneas após a crise do idealismo alemão do século XIX.

Com isso, a gramática foi se enriquecendo, com o passar dos anos, por novos dados advindos da linguagem e do progresso da ciência. Diante disso, a sala de aula se transformou num lugar de erudição que debilitou os jovens imaturos daquela época quanto as aulas que seus professores os submetiam (Bechara, 2007).

Para Bagno (2007), a primeira gramática tradicional grega era um conjunto de noções acerca da linguagem e da língua cuja representação marcou os estudos linguísticos em todo ocidente. Sobre o português falado, as diferenças existentes entre Portugal e Brasil são grandes que dificultam a compreensão da língua (Bagno, 2007).

O autor a firma que não existe certo ou errado entre as duas línguas; não existe beleza ou feiura. Apenas são diferentes uma da outra e servem para atender as necessidades de comunicação destas comunidades de fala.

Em suma, a língua portuguesa não é difícil. No entanto, a dificuldade está relacionada a obrigação de fixar regras, como também a memorização de conceitos insignificantes. Quando houver uma concentração do uso verdadeiro, vivo e real da gramática normativa do português brasileiro, tais problemas serão extintos (Andrade; Santana; Ribeiro, 2012).

No Brasil, quanto à pronúncia, sempre ouvimos as seguintes frases: as pessoas analfabetas falam tudo errado; as pessoas que dizem Praca, Cráudia pertencem a uma classe marginalizada da população. Toda essa problemática se refere à questões políticas e sociais do país, mas não uma questão de linguística (Andrade; Santana; Ribeiro, 2012).

Para Bagno (2007), as pessoas de classe social desprestigiada não tiveram acesso aos bens materiais da elite, nem tampouco à educação. Por esse motivo, a linguagem delas sofre preconceito pelo fato de ser “pobre”, “feia” ou “carente” quando, na verdade, é apenas diferente da língua que se ensina em ambiente escolar. Portanto, entende-se que o preconceito não está naquilo que a pessoa fala, mas em quem fala.  O preconceito linguístico decorre de um preconceito social.

Isso nos leva a observar que não é certo dizer que o brasileiro não sabe português, ou que a Língua Portuguesa falada em Portugal é a correta. Percebe-se que estes dois exemplos refletem o complexo de sermos apenas uma colônia que depende de um país mais civilizado e antigo até hoje (Bagno, 2007).

Em tal reflexão, o autor afirma que o brasileiro sabe muito bem o português. Nesse caso, a diferença está no seguinte: o português falado em Portugal é muito diferente do nosso. Do ponto de vista linguístico, a língua falada no Brasil já possui regras de funcionamento que se diferenciam, cada vez mais, da gramática falada em Portugal.

5.4. O Trabalho da Variação Linguística em Sala de Aula

De acordo com Bortoni-Ricardo e Silva (2022), a Língua Portuguesa, para a maioria dos brasileiros, é aprendida primeiro no lar. No entanto, é na escola que a nossa competência comunicativa é ampliada, haja vista que há um esforço metalinguístico que contempla e reflete os usos e recursos adequados da língua. Isso não se refere ao uso excessivo de uma metalinguagem terminológica, mas em um esforço de trazer a consciência dos educandos a função e a forma da língua materna falada.

Em resumo, a escola deve trabalhar a competência de ouvir, falar, ler e escrever a Língua Portuguesa, levando-se em conta os gêneros textuais que existem na comunidade dos falantes. Somando a isso, faz-se necessário o aproveitamento da competência linguística que os discentes trazem de casa (Bortoni-Ricardo; Silva, 2022).

No que tange à oralidade, muitas crianças chegam à escola com conhecimentos da variedade formal da língua. Nesse sentido, a escola deve ampliar o conhecimento da leitura e da escrita com os estilos formais da língua, uma vez que há alunos provenientes de comunidades informais. Isso vai exigir metodologias específicas para que tais estudantes consigam ter acesso aos estilos formais da língua. Para Bortoni-Ricardo (2004).

A escola é, por excelência, o lócus – ou espaço – em que os educandos vão adquirir, de forma sistemática, recursos comunicativos que lhes permitam desempenhar-se competentemente em práticas sociais especializadas. A tarefa educativa da escola, em relação a língua materna, é justamente criar condições para que o educando desenvolva sua competência comunicativa [...] (Bortoni-Ricardo, 2004, p. 75).

Em referência à língua materna e a educação, a tarefa da escola é criar condições para que o aluno possa desenvolver a sua competência linguística. Isso pode ajudar o educando a usar com toda segurança os recursos de comunicação necessários para desempenhar bem a sua interação em diversos contratos sociais (Bortoni-Ricardo, 2004).

Sobre esse assunto, Possenti (1997 apud Andrade; Santana; Ribeiro, 2012) afirma que todo falante nativo conhece e domina a sua língua, haja vista que ele emprega com naturalidade e conhece bem as regras básicas responsáveis pelo funcionamento dela. Logo, o ensino tradicional com a cobrança indevida de uma norma gramatical culmina em uma realidade que não corresponde à realidade brasileira da língua falada.

Percebe-se que a língua de uma sociedade é o seu bem mais precioso. É no idioma que a representação e a construção de uma sociedade são refletidas, do mesmo modo que é pela língua que o indivíduo constrói seu lugar em uma sociedade (Vasconcellos, 2022).

Abordar a temática da variação linguística em sala de aula é de suma importância para o professor, pois a forma que conceito de variação linguística é apresentado ao estudante pode interferir no posicionamento dele sobre o próprio idioma. Escolher o uso de determinada variação em vez de outra vai depender de certos fatores socioeconômicos, geográficos e faixa etária do falante, como também das crenças, atitude linguística.

Nesse sentido, é notável tanto em qualquer sociedade quanto em sala de aula as variações do uso da língua. No entanto, essas regras para o professor são mais exigidas, haja vista que ele exerce um papel sistêmico em relação aos alunos no que se refere ao modo de pronuncia. Segundo Bortoni-Ricardo, (2004):

Na sala de aula, como em qualquer outro domínio social, encontramos grande variação no uso da língua, mesmo na linguagem da professora que, por exercer um papel social de ascendência sobre seus alunos, está submetida a regras mais rigorosas no seu comportamento verbal e não verbal. [...] O grau dessa variação será maior em alguns domínios do que em outros. [...] (Bortoni–Ricardo, 2004, p. 26).

Na percepção da autora, a prática social de uma língua depende de normas que apontam uma conduta social adequada. Em outras palavras, que possa atender determinados comportamentos em novos domínios de convivência social onde os alunos frequentam.

Quando chegam à escola, os alunos oriundos das suas classes sociais já possuem o português como língua materna, bem como a competência linguística para uma comunicação eficiente. No entanto, precisam desenvolver os recursos de comunicação necessários para atender praticas socias da língua adequadas a determinados contextos (Bortoni–Ricardo, 2004).

Dentro dessa ótica, entendemos que a escola é o principal agente que incentiva a língua de uma sociedade. É uma instituição de excelência que detém os níveis superiores da língua escrita e, por meio dela, padrões excelentes linguísticos se estabelecem. Logo, à medida que os educandos elevam seus níveis de educação, os costumes pessoais também serão influenciados (Preti, 2003).

Para Braga (2013), o agente que motiva as mudanças dos alunos, bem como a fala e a escrita de uma sociedade é a escola. Ela é a responsável pela preservação da norma culta, como também do domínio dela. Vale ressaltar que esse domínio dependerá do desempenho de cada falante em tarefas de comunicação, troca de experiencias e grau de influência de cada participante desse processo.

Além disso, a escola tem o mérito de socializar o uso da língua culta. Contudo, não detém condições de fazer tais mudanças sozinha, mas nada também acontecerá sem a orientação dela. Desse modo, isso não se aplica somente em processos de mudança, mas desde a língua materna até o ensino do nível padrão da língua (Braga, 2013).

Assim, cabe à escola enfrentar de maneira crítica todas as dificuldades em relação a norma culta. Por meio dessa atitude, uma direção nova nas práticas didático-pedagógicas, bem como uma mudança na sociolinguística no Brasil serão promovidas (Votre, 2013).

A partir dos discursos apresentados, evidencia-se que é importantíssima a variação linguística como uma prática indispensável ao ensino-aprendizagem da norma padrão. Para isso, os educandos devem ter como meta identificar os pontos críticos da variedade culta e da materna e trabalhar, de forma sistêmica, por todo período de aprendizagem básico para que o domínio da norma de prestígio seja alcançado (Faraco, 2015).

Sobre esse assunto, Simões e Soares (2015) afirmam que os processos de variação linguística, como também o cenário da vida social dos alunos, estão comprometidos, rigorosamente, com o papel da escola. Assim, as atividades dentro do contexto escolar devem com mais frequência as peculiaridades da variação linguística, uma vez que, mediante a educação, a sociedade será transformada em um ambiente mais social:

[...] O que está em pauta quando se discute o papel da fala variável relativamente a questões de letramento é, por um lado, que as práticas sociais que em o indivíduo se engaja e nas quais a escrita figura como elemento fundamental para aquele contexto, vai determinar o grau de aproximação e de envolvimento do indivíduo com a cultura letrada. [...] A escola é uma importante agencia de letramento (juntamente com a família) e as práticas são, em sua grande maioria, letradas. (Simões e Soares, 2015, p. 128).

Percebe-se que a escola e família devem estar sempre em conjunto quando se refere às práticas de letramento. Nesse sentido, é fundamental sabermos a importância entre escola, família e estudante para uma educação transformadora. Não existe um uso linguístico melhor, nem tampouco pior. Além disso, entre o uso de variação da língua não há uma hierarquia, visto que em uma sociedade o uso de variações sempre irá existir, ou seja, nunca haverá um padrão que seja considerado superior (Simões e Soares, 2015).

Em tal reflexão, Vasconcelos (2022) atenta para que a escola possibilite aos educandos não somente o entendimento dos fenômenos linguísticos, mas a incorporação de variantes que ainda não dominam. Os alunos devem ter a capacidade de compreender a heterogeneidade da língua portuguesa, bem como contemplar a escrita e a fala em diversas situações de uso. Para tanto, devem apropriar-se do conhecimento com uma visão mais ampla.

Nesse momento, é importante ressaltar que a Sociolinguística Educacional pode contribuir, significativamente, na melhoria da qualidade do ensino da língua materna, pois trabalha com os fenômenos linguísticos em uso, baseando-se na relação sociedade e língua, bem como para a realidade dos educandos (Bortoni-Ricardo, 2021).

Segundo Freire (2018), a escola deve ser um lugar de ensino, de aprendizagem e trabalho. Um lugar onde a consciência se supera de maneira contínua, uma vez que é um espaço construído para pensar. Para o autor, devemos reconhecer a responsabilidade que a escola tem para sociedade, sabendo que ela não é a única responsável pela transformação da sociedade, visto que por muitas vezes vem sendo orientada pela manutenção das estruturas dominantes da sociedade que impedem a sua transformação.

Você, eu, um sem-número de educadores sabemos todos que a educação não é a chave das transformações do mundo, mas sabemos também que as mudanças do mundo são um que fazer educativo em si mesmas. Sabemos que a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa. Sua força reside exatamente na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço de nossos sonhos (Freire, 2018, p. 126)

Dentro dessa ótica, compreende-se a educação como um instrumento a serviço da democracia, a qual contribui com as vivencias em comunidade dos grupos sociais, nos diálogos e na formação de pessoas participantes na sociedade. Assim, a reforma da sociedade e a da educação andam juntas, fazendo parte do mesmo processo (Freire, 2018).

Há que se considerar, portanto, que a educação no Brasil necessita ser priorizada. Devemos pensar em possibilidades de melhorá-la com a participação e o compromisso de todos, mediante uma educação libertadora que contribua no desenvolvimento emancipatório do educando com a ajuda da orientação do professor (Freire, 2018).

6. OS DESAFIOS DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA DIANTE DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA DESPRESTIGIADA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Segundo Gremes (2021), o português falado no Brasil é repleto de variações regionais, étnicas e sociais que fazem influência no uso da língua. Entretanto, o preconceito linguístico pode surgir em sala de aula, ou no convívio entre os alunos e seus pares, como também na relação com o docente mediante a fala.

Nesse caso, os alunos que sofrem preconceito linguístico são detentores de dificuldades de comunicação, o que pode leva-los a exclusão em ambiente escolar. Logo, as práticas excludentes são responsáveis pelo incentivo desses conflitos.

Sob essa ótica, os professores devem ensinar os alunos que não há certo ou errado na língua, mas sim variedades do uso do mesmo idioma para cada situação. Neste capítulo, compreenderemos os desafios do docente diante dessa problemática.

6.1.  A Tarefa do Bom Professor de Língua Portuguesa em Sala de Aula

Uma das principais tarefas do professor de línguas é conscientizar seu aluno de que a língua é como um guarda-roupa, onde é possível encontrar todo tipo de vestimenta [...]. Usar a língua, tanto na modalidade oral como na escrita, é encontrar o ponto de equilíbrio entre dois eixos; o da adequabilidade e o da aceitabilidade. (Bagno, 2007, p.130).

Sobre esse aspecto, Bagno (2007) acrescenta que a prática educativa deve estar aliada em um contínuo processo de formação do saber, isto é, construir uma conduta profissional de excelência. Isso irá conduzir o processo pedagógico aos níveis de ciência aplicada e prática reflexiva (Bagno, 2007).

Nesse sentido, cabe ao docente a incumbência de desenvolver a própria prática educacional, fazendo com que seus alunos queiram buscar, conhecer, sobretudo, aprender. Para isso, é importante que a pratica pedagógica incorpore a competência em níveis de relacionamento humano na formação do docente, isto é, uma competência voltada para o seu comportamento durante o processo pedagógico em sala de aula (Freire, 2011).

De acordo com Libâneo (2018), o estudo da didática tem como objetivo unir a pratica e a preparação teórica na formação profissional docente. A didática é constituída como uma disciplina integradora que busca, na teoria da educação, os conhecimentos práticos e teóricos. Além disso, no que se refere a outras áreas de ensino, generaliza condições, princípios e meios básicos para a docência em todos os níveis escolares.

Dentro dessa ótica, o autor ressalta que o docente em Língua Portuguesa deve sempre mudar e problematizar a sua pratica pedagógica segundo a sua capacidade de reflexão e crítica quanto a realidade em ambiente escolar. Nesse caso, entende-se que a pratica educacional não deve ter como foco apenas o ensino de língua materna, mas a formação de cidadãos críticos.

Como profissional e educador, o docente deve estar compromissado com a sociedade, tendo como meta a mediação entre sociedade e aluno. Em vista disso, o professor deve promover um aprendizado, bem como uma reflexão, dentro do conhecimento desse educando até a sua inserção na sociedade (Libâneo, 2018).

Sob ótica semelhante, Thomaz (2014) enfatiza que o bom professor é aquele que respeita repertorio linguístico do aluno. Importante salientar que se deve ensinar ao educando a norma-padrão da língua, como também em quais situações podemos utilizá-la. Nesse caso, a adequação linguística ensina ao estudante que há variações de prestigio social e outras não. Isso não é imposto pela escola ou pelo docente, mas pela sociedade em que vivemos.

Isso nos leva observar que o professor é o profundo conhecedor da língua. Mediante o ensino do idioma e de todos os esforços possíveis, ele deve romper com toda forma de preconceito linguístico a pratica de ensino e fazer dos alunos bons usuários da língua (Bagno, 2007).

Diante dessa circunstância, como afirma Bagno, deve-se considerar como imprópria e intolerante a expressão ‘erro de português’, pois não existe erro na língua e sim variedades e diferenças que constantemente se apresentam entre a variedade que o aluno usa no convívio familiar e a que ele pratica em âmbito escolar.

Sobre esse assunto, o professor, por meio de uma pedagogia voltada e sensível para as necessidades linguísticas dos alunos, precisa descobrir possibilidades reais de conscientização dessas diferenças. A esse respeito, entende-se que o “erro” não é uma deficiência do aluno, mas uma simples diferença entre a variedade do lar e a padrão. Dessa forma e sob o ponto de vista pedagógico, estigmatizar o educando pelo chamado “erro de português”, bem como pela sua incidência, está incorreto (Bagno, 2007).

Nesse sentido, no que se refere à língua materna dos educandos, o professor tem como tarefa educacional criar condições para que o aluno construa uma capacidade de comunicação. Além disso, ele deve ensinar possibilidades para que seus educandos possam, com segurança, utilizar bem todos os recursos de comunicação necessários no desempenho das situações de interação social (Bortoni-Ricardo, 2004).

Nesse âmbito, a autora acredita que a linguagem é um instrumento de independência. Diante disso, o professor tem como tarefa aceitar o aprendizado linguístico que os alunos trazem para escola, sobretudo, ajudar a desenvolver estas habilidades e reconhecer essas competências linguísticas como importantes. Confirmando as proposições de Bortoni-Ricardo, Cyranka (2015) salienta:

[...] Mas significa também conhecer o aluno, saber a que comunidade de fala ele pertence, que valores culturais perpassam suas experiências, que práticas de letramento têm vivenciado, significa ter em mãos dados etnográficos que possam iluminar o caminho a ser percorrido. (Cyranka, 2015, p.35).

Analisando as definições fornecidas pela autora, verifica-se que não é atribuição do professor ensinar os alunos a falar português, uma vez que todos os estudantes, ao chegarem à escola, já sabem falar o idioma. Nesse caso, o docente deve respeitar as experiências linguísticas que eles aprenderam fora da sala de aula e, por meio de atividades pedagógicas de comunicação, ampliar tais competências. Vale salientar que o objetivo do ensino da língua portuguesa é ampliar a capacidade comunicativa dos alunos. Sob essa ótica, afirma Cyranka (2015):

[...] o que cabe ao professor é, simplesmente, considerando as experiências reais de seus alunos quanto ao uso da língua portuguesa, considerando a variedade linguística que eles utilizam e sua capacidade de nela se expressarem, conduzi-los nas atividades pedagógicas de ampliação de sua competência comunicativa. (Cyranka, 2015, p.35).

É tarefa do docente desenvolver nos educandos a autonomia, inclusão social, segurança e liberdade ao se expressar. Tudo isso contribui na ampliação das competências linguísticas para que estes alunos se tornem bons usuários da língua e, sobretudo, consigam ocupar os espaços sociais desejados (Cyranka, 2015).

Segundo Freire (2007), devemos compreender a educação como objeto transformação social. Isso não significa ver o homem não como um reservatório ou um depósito de conteúdos, mas como um sujeito que constrói a própria história, um ser capaz de problematizar suas relações com a sociedade.  Uma relação entre professor e aluno deve ser construída a partir das condições sociais, culturais, econômicas dos seus discentes, na interação com as suas famílias e seu entorno.

Nesse sentido, é na relação educador e educando que acontece a ação educativa. Ela é permeada pelo desejo sem fim da curiosidade de aprender com significado, cujo papel do educador é saber o que vai ensinar, bem como estimular o estudante a conhecer, perguntar. Assim, enfatiza Freire (2007):

Antes de qualquer tentativa de discussão de técnicas, de materiais, de métodos para uma aula dinâmica assim, é preciso, indispensável mesmo, que o professor se ache “repousado” no saber de que a pedra fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que me faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, reconhecer. (Freire, 2007, p. 86).

As colocações do autor conduzem a uma percepção de que o professor deve ter como prioridade a prática do diálogo com seus alunos. Nesse sentido, educador e educando, mediante a realização de objetivos, possam chegar ao acesso do saber. Como um intelectual que intervém, o educador ou educadora não pode ser um mero facilitador, haja vista que ele dever ter uma formação docente de excelência para sua função pedagógica no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem

6.2. A Construção de Bases para uma Pedagogia da Variação Linguística

É possível desestabilizar a tradição do tratamento escolar dado ao “ensino” de português e, efetivamente, construir uma pedagogia da variação linguística [...] criticar o “ensino” tradicional de língua portuguesa significa negar a prevalência do ensino descritivo da gramatica em favor do ensino reflexivo e produtivo [...] (Cyranka, 2015, p. 34-35).

Pautado nos fatores sociolinguísticos e suas variações, o estudo da língua nos mostra a necessidade de se estabelecer uma relação estreita entre a teoria e a pratica escolar de ensino da língua. De fato, o docente deve buscar estratégias para a implementar, com os alunos, uma pedagogia da variação linguística. Isso pode levar à sala de aula uma nova concepção da disciplina escolar Língua Portuguesa (Galarza, 2015).

As colocações do autor conduzem a uma percepção de que os alunos são detentores de saberes e aprendizado. Mediante a orientação pedagógica, a pedagogia da variação linguística deve ser inserida, sendo esta inserção fundamentada na inclusão, no tratamento e no respeito.

Neste momento, é importante ressaltar que, além de ser tarefa do docente a organização do trabalho didático, é também de manter uma relação de confiança com os alunos. Estabelecer tal relação possibilita à construção de conhecimentos, como também de comunicação e relações sociais novas. Isso afasta todo julgamento do ‘certo’ e do ‘errado’ e visa, como solução, o desenvolvimento do conhecimento, da pesquisa e da análise (Thomaz, 2014).

Essas premissas apontam que é de extrema importância o diálogo entre professor e aluno, visto que por meio dele, o docente passa registrar tudo de importante para leitura e escrita em sala de aula, como também passa a conhecer melhor o mundo do educando. Portanto, esse vínculo de respeito e cordialidade entre professor e aluno possibilita uma melhor aprendizagem (Marques; Baronas, 2015).

Nesse sentido, o professor deve reconhecer seus alunos como pessoas detentoras de saberes. Somando a isso, ele precisa estabelecer uma relação entre os conteúdos didáticos apresentados para despertar o interesse dos educandos. Assim, Galarza (2015) define:

O conhecimento é algo que os alunos constroem na relação com seus pares, com a mediação do professor. Nas aulas de português, quando objeto de estudo é a língua, a organização da aula como um espaço de conversa, de fala, de trocas é fundamental, pois é preciso construir possibilidades de abstração, de forma a tornar a língua objeto de estudo (Galarza, 2015, p.60).

Nesse caso, mediante conversas com os alunos, o professor pode decidir pela melhor organização e sequência do trabalho pedagógico. Isso traz condições de acolhimento aos alunos, construção da maneira de falar, bem como desafiá-los a aprender.

Na percepção de Barbosa (2015), o professor de português deve acabar com a absurda superioridade da língua padrão quanto à diversidade dos alunos. Um dos motivos do fracasso escolar, da ineficiência na fala e da escrita em situações profissionais está relacionado ao direcionamento do ensino padrão ao da gramática tradicional repleta de incoerências.

Além disso, o professor de língua portuguesa deve aprimorar as abordagens de conceitos, mudar a forma de ensinar e desenvolver competências pedagógicas. Tudo isso contribui para que o docente possa seguir aprendendo a instrumentalizar o conteúdo de ensino com a realidade, bem como fazer com que seus alunos sigam seus passos (Barbosa, 2015).

Sob ótica semelhante, Thomaz (2014) salienta que o professor precisa propiciar aos alunos um contato com as variedades linguísticas das quais eles não estão habituados. Isso possibilita o desenvolvimento de competências comunicativas em situações mais monitoradas do uso da fala e da escrita, bem como o conhecimento e o domínio de estruturas linguísticas das variedades cultas da língua em diversas situações de interação (Thomaz, 2014).

Segundo Cavalcanti (2015), entre alunos e professores deve haver uma comunicação verdadeira em sala de aula com base na reciprocidade e na vontade de aprender. Para isso acontecer, faz-se necessária a atuação do professor na desconstrução de todas as barreiras linguísticas impostas.

Entretanto, se tais barreiras não forem desconstruídas, as verdades naturalizadas e os preconceitos serão cada vez mais cristalizados em nosso cotidiano. O Brasil não é um país monolíngue, mas com uma pluralidade linguística riquíssima que traz recompensas sociais, culturais e políticas. Para González (2015):

A distinção entre norma culta e norma-padrão é extremamente importante para uma pedagogia de língua, pois insiste sobre o fato de que há uma distância entre aquilo que é preconizado como “o certo”, por meio da norma-padrão.  Ainda mais no caso do padrão brasileiro, que, porque altamente artificial e anacrônico, só pode sobreviver com um pesado discurso condenatório sobre a língua. Para esse discurso, acredito, não há mais espaço na escola (González, 2015, p.244).

É importante ressaltar que a distinção entre norma culta e norma-padrão é extremamente importante para uma pedagogia de língua, visto que há uma distância entre aquilo que é tido como “o certo”, pela norma-padrão.  Uma comunicação com vistas ao respeito bilateral é possível que aconteça, mas é preciso que haja cordialidade e harmonia. Portanto, faz-se necessária a eliminação da superioridade denominada língua padrão (González, 2015).

Conforme Faraco (2020), a língua é heterogênea, isto é, múltipla e suscetível a sofrer variações internas. Nesse sentido, é necessário compreender de onde surgem tais variações, de como fazem parte da sociedade da qual um indivíduo pertence, do gênero, da classe social, da educação pública ou privada, entre outros.

A partir disso, enfatiza-se que a língua de uma determinada sociedade é o reflexo dela. Por isso, devemos compreender os componentes de um sistema linguístico, pois entender a nossa língua é compreender a sociedade na qual estamos inseridos. O autor ressalta que ainda vivemos em uma sociedade onde o preconceito linguístico se faz presente. Logo, o desenvolvimento de uma pedagogia que trabalhasse especificamente com a variação linguística seria uma das formas de desmistificar tal discriminação acerca das variantes que compõem o universo de uma língua (Faraco, 2020).

Hoje, percebe-se que muitos professores não estão aptos para falar sobre variação da língua. Alguns deles acabam por defender o senso comum, o qual afirma que existe somente uma forma correta de falar, como também, tudo que não está coerente com isso é erro.

Entretanto, alguns professores ignoram a visão da língua como ciência em vez de formar uma crítica sistêmica, uma vez que isso reforça o que há de pior no senso comum. Infelizmente, alguns professores, principalmente de Língua Portuguesa, ainda alimentam discursos que reforçam o “assassinato da língua”.

Sobre esse aspecto, Bagno (2007) conceitua esse tipo de tipo de pensamento em “tradição da queixa”. Muito distante da realidade dos usos da língua, não é difícil compreender que a heterogeneidade da língua é tão criticada pela mídia, pela escola e pelos pais.

Nesse sentido, Faraco (2020) nos mostra as três bases principais para a criação de uma pedagogia da variação linguística a ser trabalhada dentro dos âmbitos escolares. São estas: “conhecer e entender, entender e respeitar, e entender e transitar com segurança” no meio da variação. Logo, a exposição dessas bases por meio do ensino do tripé língua-história-sociedade possibilita o aprendizado histórico da nossa língua, bem como os processos de imigração que compuseram e formaram a sociedade em que vivemos.

6.3. A Desconstrução do Preconceito Linguístico em Ambiente Escolar

[...] Cada um de nós, professor ou não, precisa elevar o grau da própria autoestima linguística: recusar com veemência os velhos argumentos que visem menosprezar o saber linguístico individual de cada um de nós. Temos de nos impor como falantes competentes da nossa língua materna. Parar de acreditar que “brasileiro não sabe falar português”, que “português é muito difícil”, que os habitantes da zona rural ou das classes sociais mais baixas “falam tudo errado”. Acionar nosso senso crítico toda vez que nos depararmos com um comando paragramatical e saber filtrar as informações realmente úteis, deixando de lado as afirmações preconceituosas, autoritárias e intolerantes (Bagno, 2007, p. 115). 

Segundo Gremes (2021), o preconceito linguístico é responsável pelas desigualdades na sociedade brasileira. De forma direta, são as classes mais baixas as vítimas disso, seja pela própria variação linguística ou pelo desconhecimento da norma padrão. Enfim, toda língua possui variações e, por isso, há varias formas de comunicação. Isso está ligado diretamente a comunidade que o falante pertence ou ao seu contexto sociocultural. Portanto, considerar a fala de alguém como “errada” é discriminar o modo que ela fala.

Dentro do território brasileiro há uma ampla diversidade linguística e cada falante possui o seu modo de pronuncia. Logo, são as variações linguísticas que sofrem toda forma de preconceito, e é nesse sentido que acontece a discriminação da língua O Brasil, em seu vasto território, possui uma ampla variedade linguística. Cada qual possui a sua peculiaridade e são as variações que sofrem maior preconceito linguístico. É assim que ocorre a discriminação na língua.

O preconceito linguístico tem como base a existência de uma única língua Portuguesa que é ensinada nas escolas, catalogada nos dicionários e explicada pela gramática. Sob a ótica desse preconceito, qualquer manifestação da língua que fuja do triângulo escola-dicionário-gramática é considerada como deficiente, rudimentar, feia e errada (Bagno, 2007).

Dentro desse cenário, as elites fazem uso da norma-padrão e culta da língua como instrumento de dominação. Para o autor, os indivíduos de maior poder econômico, político e cultural usam a formalidade da língua para oprimir aqueles que não fazem parte do seu núcleo de dominação. Entende-se como preconceito linguístico a discriminação do modo que uma pessoa fala; é achar como “errado” o modo que ela fala, provocando, dentro do ambiente escolar, a exclusão social (Gremes, 2021).

Durante as últimas décadas do século XX e início do século XXI, a abertura democrática dos portões da educação favoreceu a constituição de salas de aula heterogêneas. Hoje, esses espaços figuram representantes de diversos setores sociais e de classes de agricultores, operários, prestadores de serviço, desempregados a comerciantes, pequenos e microempresários cuja valorização social está relacionada, de maneira direta, a fatores de baixo e médio poder econômico (Oliveira, 2016).

Em contrapartida, a crise com que a escola se defronta tem raízes mais profundas do que uma simples verificação da falta de recurso e do desinteresse das autoridades, ou do despreparo dos professores e alunos. Assim, uma análise mesmo superficial nos permite apontar ordens de crises independentes que acabam configurando na ação escolar (Bechara, 2007).

Percebe-se que quando a escola recebe o aluno que possui um saber linguístico prévio e limitado à oralidade, ela não o leva a desenvolver esse potencial nem tampouco a enriquecer a sua expressão oral. Não lhe permite criar, de certa forma, as condições necessárias para um aprendizado efetivo, eficiente, expressivo e coerente (falando ou escrevendo) de seus pensamentos, emoções e ideias (Bechara, 2007).

Para Gusmão (2020), a sala de aula é um laboratório de crenças e atitudes linguísticas que, em diversos casos, levam à prática de preconceitos linguísticos aos falares regionais de menor prestigio social. A desvalorização da origem da nossa língua, bem como do patrimônio imaterial que ela representa tem como base a reprodução de uma mentalidade excludente praticada desde os tempos do Brasil colônia (Gusmão, 2020).

Também é possível inferir que o fator de maior relevância nas explicações do fracasso escolar das camadas populares é a linguagem. Logo, é o uso da língua em ambiente escolar que traz as diferenças entre grupos sociais, como também gera discriminações e fracasso. Nesse sentido, o uso da língua pelos alunos oriundos das camadas populares de variantes linguísticas estigmatizadas desperta preconceitos linguísticos e dificulta a aprendizagem, uma vez que a escola usa a variante-padrão (Oliveira, 2016).

Segundo Bagno (2007), deve haver, por parte do professor, uma mudança de atitude em relação a não-aceitação de dogmas e adotar, no que se refere a norma culta, uma postura crítica. O docente deve conhecer, de maneira profunda, o Hardware da língua, a mecânica do idioma, visto que ele é o técnico, instrutor e especialista dela. Além disso, ele precisa redirecionar todos os esforços para que seus alunos sejam bons motoristas e usuários do próprio idioma.

Sobre esse assunto, não podemos deixar de reconhecer que existe uma crise no ensino da Língua Portuguesa, oriunda na negação dos defensores da gramática tradicional em acompanhar os avanços da ciência da linguagem. Para que haja uma mudança neste quadro, faz-se necessária uma mudança de atitude quanto a essa ideia de “certo” e “errado”. Devemos refletir a respeito de um ensino mais consciente e menos preconceituoso (Bagno, 2004).

Para que isso ocorra, é importante conscientizarmos que todo falante nativo de uma língua é um usuário competente dela. Haja vista que sabe a sua língua e se comunica por meio dela. Portanto, devemos compreender que não existe erro de português (Bagno, 2007).

De acordo com Andrade, Santana e Ribeiro (2012), existem diferenças gramaticais para as variedades do português, sobretudo, não se recomenda usar a expressão “erro de português” para o erro de ortografia. A gramática é artificial, diferente da língua, que é natural. Logo, podemos entender a ortografia apenas como uma decisão política, uma vez que ela pode sofrer mudanças. Percebe-se que algumas línguas não possuem sistema escrito e nem por isso deixam de ter a sua própria gramática.

Nesse sentido, os autores acrescentam que o professor deve ensinar bem é ensinar para o bem. Precisa valorizar o saber intuitivo do aluno e não querer suprimir, de maneira autoritária, a sua língua materna, acusando-a de ser “corrompida” e “feia”. O docente deve ensinar a norma culta em conjunto com à bagagem linguística do educando e não com intuito de substituir uma língua “errada” por uma “certa”. Sobre esse assunto, Bechara (2007) enfatiza:

No fundo a grande missão do professor de língua materna – no ensino da língua estrangeira o problema é outro – é transformar seu aluno num poliglota dentro de sua própria língua possibilitando-lhe escolher a língua funcional adequada a cada momento de criação e até, no texto em que isso se exigir ou for possível, entremear várias línguas funcionais [...] (Bechara, 2007, p.14-15)

Sobre esse assunto, o autor acredita que sempre haverá opressão em “impor”, tanto a modalidade culta a todas as situações de uso da linguagem quanto a modalidade coloquial nas mesmas circunstâncias a todas as situações de uso da língua. Ambas não salientam a rica e complexa visão da língua como fator que manifesta a nossa liberdade de expressão.

Por outro lado, haverá “liberdade” quando entendermos que uma língua não é um sistema homogêneo, mas um diassistema. Em outras palavras, um sistema que abarca diversas realidades diatópicas (dialetos regionais), diastráticas (diversidade de nível social) e diafásicas (estilos de língua) (Bechara, 2007).

Segundo Silva e Barbosa (2019), é preciso entender que ensinar é uma troca de conhecimentos. Ninguém sabe tudo e estamos sempre em fase de transformação. Nesse sentido, o professor deve atentar para o conhecimento materno de seus alunos, visto que já possuem um conhecimento prévio que deve ser aproveitado e melhorado para o desenvolvimento da aprendizagem.

Os autores acrescentam que a responsabilidade do docente diante do ato de ensinar é importantíssima. Logo, a sua função não é de ser um transmissor de conteúdos, mas sim, de se colocar como educador que propicia conhecimentos com bases científicas aos seus alunos. Dentro dessa ótica, o professor precisa dominar métodos de ensino, mas também precisa de uma formação concreta com condições práticas e teóricas, entendendo que um sempre permeia o outro.

Quando temos o domínio da língua, conseguimos estreitar relações de participação social. Por meio dela, realizamos a comunicação, temos acesso à informação, expressamos e defendemos pontos de vista e produzimos conhecimento. Assim, um projeto educacional comprometido com a democratização garante a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania (Monteiro et al., 2015).

Diante disso, os autores afirmam que cabe ao professor ter a sensibilidade para identificar as relações que existem entre os conteúdos do ensino e as situações de aprendizagem com os muitos contextos de vida social e pessoal de seus educandos. O educador deve estabelecer uma relação ativa entre o aluno e objeto do conhecimento para que possa ser desenvolvida a capacidade de relacionar o aprendido com o observado. Produzir textos de diversas modalidades, em diversos contextos, sobre diversos assuntos.

Conforme Gremes (2021), é preciso ter uma mudança de atitude no que se refere valorizar as diferenças culturais existentes em uma língua. Logo, a fala de uma pessoa tem suas características devido a idade, sexo, origem e classe social, visto que a língua, por ser um fato social, é cercada de pluralidades que possibilitam a expressão de conhecimentos, opiniões e sentimentos de cada falante.

Nesse sentido, o autor enfatiza que é preciso combater o preconceito linguístico, visto que a língua nos insere no convívio social. Em contrapartida, isso não implica diminuir a norma padrão e a gramática do ensino, uma vez que devemos considerar o português formal e o informal como modalidades do idioma.

Portanto, para Bagno (2007), tanto professores quanto a sociedade devem combater o preconceito linguístico a todo custo. Devemos elevar o grau da nossa autoestima linguística, ou seja, com veemência, rejeitar os argumentos tradicionais que menosprezam o nosso saber linguístico. Como falantes competentes da nossa língua, demos nos impor e deixar de acreditar que “brasileiro não sabe falar português” ou “português é muito difícil, que as pessoas das classes desprivilegiadas e da zona rural “falam tudo errado”.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo foi elaborado em uma tentativa de compreensão sobre o papel do professor de língua portuguesa diante da diversidade linguística desprivilegiada do português brasileiro. A pesquisa mostrou que a educação tradicional, por muitos anos, ainda predomina no ensino do nosso idioma, não levando em conta o interesse e a realidade dos alunos.

Sobre esse assunto, devemos reafirmar que não há mais espaço na sociedade para a discriminação da língua, haja vista que muitas pessoas ainda consideram o domínio da norma culta como ascensão social nos dias atuais. Ressalta-se que a língua é uma riqueza da nossa cultura e cada uma das variações que a compõe deve ser respeitada como particularidades de cada comunidade de fala.

Conforme visto na fundamentação teórica, ainda hoje existem práticas inadequadas quanto ao ensino de Língua Portuguesa que não acrescentam, em nada, na ampliação das competências linguísticas dos alunos. Por outro lado, o professor de português é responsável pela mediação do processo de ensino-aprendizagem quando estimula o ensino e o domínio de diversas formas de comunicação em suas aulas.

A partir dessas considerações, podemos dizer que o professor de português deve estar atento para as mudanças da sociedade, como também as acompanhar e não ficar estagnado, haja vista que o perfil do docente de hoje não é mais o mesmo de ontem. Portanto, o docente de Língua Portuguesa deve ser vital no aprendizado do seu aluno para que ele possa ver uma nova realidade, como também atuar efetivamente na sociedade.

Ao responder as perguntas que nortearam esse trabalho, podemos dizer que mediante a Sociolinguística educacional, o aluno passa a compreender que a sua variação linguística nada mais é do que uma característica da sua comunidade de fala. Do mesmo modo, as outras variações são também marcas de outros falantes que não pertencem a sua comunidade de fala.

Nesse sentido, a sociolinguística é responsável em estudar a relação entre língua e sociedade. Por ser uma ferramenta de extrema valia para o ensino da Língua Portuguesa, permite reflexões sobre a influência de fatores sociais, identidade, raça, classe social na competência linguística dos alunos.  Infelizmente, no Brasil, sustenta-se a normatização da língua na cultura do erro e ainda é uma utopia fugirmos disso. Contudo, tanto os educadores quanto a sociedade devem continuar trabalhando para que essas dificuldades sejam superadas.

O professor de língua Portuguesa tem a responsabilidade de tornar os conteúdos significativos quanto a aplicação destes na formação dos educandos. O docente deve, portanto, buscar uma qualidade de ensino voltada para uma educação fundamentada no conhecer, aprender e ser; aprender e fazer para a construção da cidadania dos seus educandos.

Em suma, o presente estudo apresentou limitações importantes, pois buscou apenas realizar uma investigação teórica sobre o tema. Com isso, sugere-se que estudos posteriores, principalmente estudos aplicados, possam se interessar por esta temática.

8. REFERÊNCIAS

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Publicado por: MARCOS AURELIO COURA DE ARAUJO

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