A exterioridade como fator constitutivo do sujeito: revisitando a tríade linguagem, sujeito, história

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1.  RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre o dito e o não-dito (implícito), com referência teórica na análise de discurso, tomando como exemplo a inscrição de um muro de nossa cidade (pichação), num momento de indignação dos moradores de um bairro.

2. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo revisitar a tríade linguagem, sujeito e história, tomando como base a análise de discurso, com o propósito de discorrer sobre o dito e o não-dito (implícito) no discurso, tomando como exemplo de texto para análise, a inscrição de um muro (pichação), num momento de indignação de moradores de um bairro.

Segundo Orlandi (2012), o sujeito discursivo não realiza apenas atos. Se ao dizer, nos significamos e significamos o próprio mundo, ao mesmo tempo, a realidade se constitui nos sentidos que, enquanto sujeitos, praticamos. Ainda, (idem), é considerada dessa maneira que a linguagem é uma prática; não no sentido de efetuar atos, mas porque pratica sentidos, intervém no real.

Segundo Michel Pêcheux, as palavras não têm um sentido ligado a sua literalidade, o sentido é sempre uma palavra por outra, ele existe nas relações de metáfora (transferência) acontecendo nas formações discursivas que são seu lugar histórico provisório. De tal maneira que, em conseqüência, toda descrição “está exposta ao equívoco da língua: todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, se deslocar discursivamente de seu sentido para derivar para um outro1”.

Buscando, então, dar materialidade ao presente artigo, uma inscrição de um muro foi escolhida para análise, cujo texto desemboca no dito e no não-dito, no pressuposto e subentendido, no deslocamento de sentidos, no interdiscurso, abarcando alguns conceitos da análise de discurso.

3. SOBRE A ANÁLISE DE DISCURSO

A origem da palavra discurso contém em si a idéia de percurso, de correr por, de movimento. O objeto da análise do discurso é o discurso, ou seja, ela se interessa por estudar a língua funcionando para a produção de sentidos. Isto permite analisar unidades além da frase, ou seja, o texto2.

Para a análise de discurso a linguagem não é transparente e procura identificar, então, num texto, o que o discurso significa. A análise de discurso vê o discurso como detentor de uma materialidade simbólica própria e significativa. Sendo assim, com o estudo do discurso, pretende-se apreender a prática da linguagem, ou seja, o homem expressando-se em diferentes formas, além de procurar compreender a língua enquanto trabalho simbólico, que faz e dá sentido, constitui o homem e sua história3.

É através da linguagem que o homem transforma a si mesmo, e a realidade em que vive. O homem constrói a existência humana, ou seja, confere-lhe sentido. E é essa capacidade do homem de atribuir, incessantemente, sentidos que promovem seu constante devir, e o das coisas, que interessa à análise de discurso.

Embora não sistematizados, desde a Antiguidade, empreendem-se estudos sobre a linguagem e sua produção de sentidos. No século XIX, as noções de sujeito e de linguagem, categorias nas quais se apoiavam as Ciências Humanas e Sociais, sofrem mudanças significativas graças a contribuições dos estudos da lingüística e da psicanálise. Segundo Orlandi (2003), essas novas noções, posteriormente, instigarão estudos de análise do discurso nos quais se refletem sobre a linguagem, sujeito, história e ideologia. No entanto, somente nos anos sessenta é que a análise de discurso ganha força com a lingüística, o marxismo e a psicanálise, mas não se atém a esses campos do conhecimento, indo bem além de suas fronteiras.

O objetivo da análise de discurso é compreender como se dá a produção de sentidos, ela não é um método que visa à descoberta de sentidos “ocultos” ou “verdadeiros' ou 'imanentes”, nem é um instrumento neutro de investigação. Ao contrário, trata-se de um conjunto de procedimentos teórico-metodológicos que a cada análise se redefine, retornando sobre seu próprio saber.

A análise de discurso inscreve-se em um quadro que articula o lingüístico com o social e, ainda, devido à polissemia de que se investe o termo “discurso”, ela vê seu campo estender-se para outras áreas do conhecimento. Em busca de definir seu campo de atuação,

"[...] toma a linguagem como um fenômeno que deve ser estudado não só em relação ao seu sistema interno, enquanto formação lingüística a exigir de seus usuários uma competência específica, mas também enquanto formação ideológica, que se manifesta através de uma competência sócio-ideológica [...]” (Brandão, 1986, p. 18).

Para a análise de discurso, a evidência de que o sentido está no texto, na fala, na imagem, já é um efeito de funcionamento da linguagem. Funcionamento que é fundamental e, essencialmente, sócio-histórico e ideológico.

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O SUJEITO E A LINGUAGEM

Definir a noção de sujeito é uma tarefa que depende da vertente teórica em que se apóia o estudioso. Refletir sobre a entidade sujeito é uma questão polêmica por envolver discussões que apontam para a Filosofia, a Linguística e áreas afins.

O conceito de sujeito, de forma geral, dicionarizado, é definido como dependente, submisso, subordinado. Por exemplo, o sujeito da Idade Média era submetido aos discursos religiosos - às leis da Igreja -, o que, segundo Eni P. Orlandi, correspondia à forma de sujeito-religioso.

Levando em conta o sujeito atual, ele apresenta características que, no entanto, também constituem submissão; não às leis da Igreja ou da religião, mas de outra ordem: às leis do Estado. No mundo contemporâneo, o Estado opera um poder sobre o sujeito. Assim, de acordo com Orlandi, (2003) o sujeito-religioso da Idade Média tornou-se o sujeito-de-direito, próprio do capitalismo. Nesta perspectiva, Orlandi, define a noção de assujeitamento: "A forma-sujeito histórica que corresponde à da sociedade atual representa bem a contradição: é um sujeito ao mesmo tempo livre e submisso. Ele é capaz de uma liberdade sem limites e uma submissão sem falhas: pode tudo dizer, contanto que se submeta à língua para sabê-la. Essa é a base do que chamamos assujeitamento".

Não obstante, o sujeito se inscreve na história através da língua, e para que ela signifique há a necessidade da história. Isto nos leva a pensar o sentido como uma relação determinada do sujeito com a história. É o gesto de interpretação4, que realiza essa relação do sujeito com a língua. Esta é a marca da subjetivação e, ao mesmo tempo, o traço da relação da língua com a exterioridade.

O sujeito é compreendido como ser assujeitado, como efeito de linguagem; constituído pela língua, atravessado pelo inconsciente, portando, divido, clivado, heterogêneo; nele a contradição, a dispersão, o equívoco, a descontinuidade, a incompletude e a falta são estruturantes5.

Sendo a linguagem incompleta6, consideramos que nem sujeitos nem sentidos estão completos. Os sentidos constituem-se e funcionam sob o modo do entremeio, da relação, da falta, do movimento. A condição de incompletude confirma a abertura do simbólico, pois a falta é também o lugar do possível.

A análise de discurso caracteriza a linguagem como transformadora. A língua funciona ideologicamente, e suas formas tem papel fundamental nesse funcionamento. Este funcionamento é parte da natureza da ligação da língua com o mundo, no caso, com a ordem social. Não é, pois, no sentido, geral, em que a pragmática a considera. Para os objetivos da análise de discurso é preciso que esse compromisso pragmático da linguagem seja mais especificamente marcado pelo conceito de social e histórico.

Assim, de acordo com Orlandi (2012), a historicidade deve ser compreendida em análise de discurso como aquilo que faz com que os sentidos sejam os mesmos e também eles se transformem.

Considerando que não há discurso sem sujeito e sujeito sem ideologia, de acordo com Pêcheux, e que a língua se inscreve na e pela história, o tópico abaixo demonstrará essa relação não estanque da linguagem em sua significação.

4.1. O continuum discursivo no recorte “tem gente que é tão pobre, que só tem dinheiro”

A ideologia constitui indivíduos concretos em sujeitos. Mediante mecanismos de interpelação e de (re) conhecimento do indivíduo, a ideologia transforma-o em sujeito.

“O reconhecimento se dá no momento em que o sujeito se insere a si mesmo e as suas ações, em práticas reguladas pelos aparelhos ideológicos. Como categoria constitutiva da ideologia será somente através do sujeito e no sujeito que a existência da ideologia será possível7.”

Assim sendo, tomando o recorte da inscrição de um muro da cidade, num momento de indignação, “tem gente que é tão pobre, que só tem dinheiro”, podemos dizer que o sujeito está para o discurso assim como o autor está para o texto. Nessa construção podemos identificar o implícito, ou arriscar em dizer que, espera-se mais que dinheiro de um indivíduo, e que essa pobreza está relacionada ao espírito pobre, e ainda, ter somente dinheiro não é o suficiente. Como na análise de discurso, segundo Pêcheux, define-se o discurso como efeito de sentidos entre locutores e consideramos, na sua contrapartida, o sujeito sendo interpelado pela ideologia, na construção de sentido, reforçamos que a linguagem não é estanque em sua significação. Tem-se de levar em consideração a condição de produção, historicidade e ideologia.

A afirmação de que os sentidos estão para além do que se encontra explícito no texto, traz consigo a necessidade de se considerar que as palavras ganham sentido a partir das posições em que são empregadas, ou seja, desde as formações discursivas nas quais são produzidas. De acordo com Pêcheux8, a formação discursiva compreende o lugar de construção de sentidos, determinando o que “pode” e “deve” ser dito, a partir de uma posição, numa data conjuntura. Portanto, é nas entrelinhas, nos interdiscursos, nos desvãos entre o dito e o não-dito, que se encontra a formação discursiva.

Enquanto dito a análise de discurso não busca no texto um significado fixo, isto é decodificado, pois, no texto, os elementos jamais “ocupam o lugar de”. Isto porque a análise de discurso analisa o que é dito e o que é não-dito, ou seja, o implícito, colocando o primeiro em relação ao segundo, não à busca de um suposto “verdadeiro” sentido; numa direção contrária, procura explorar as várias formas e a relação com o simbólico, compreendendo como texto, objeto lingüístico histórico, produz sentido.

Quando se trata do não-dito, do implícito do discurso, coloca-se em questão a sua incompletude, lembrando que todo discurso é uma relação com a falta, o equívoco, já que toda linguagem é incompleta: “[...] há uma dimensão do silêncio que remete ao caráter de incompletude da linguagem: todo dizer é uma relação fundamental com o não dizer”9. Deste modo, entende-se que nem os sujeitos, nem os discursos e nem os sentidos estão prontos e acabados. Eles estão sempre se (re)construindo no movimento constante do simbólico e da história. Assim, ao ler um texto, o leitor precisa mergulhar na tessitura textual para interpretá-la e entende-la à luz dos seus conhecimentos e vivências, partindo do princípio de que cada sujeito, ao produzir um discurso, relaciona-se sempre com o interdiscurso ou memória discursiva, segundo Pêcheux10:

A memória discursiva seria aquilo que, face a um texto que surge como acontecimento a ser lido, bem restabelecer os “implícitos” (quer dizer, mais tecnicamente, os pré-construídos, elementos citados e relatados, discursos-transversos, etc.) de que sua leitura necessita: a condição do legível em relação ao próprio legível.

Portanto, para interpretar e compreender o inscrito no muro, “tem gente que é tão pobre, que só tem dinheiro”, como objeto simbólico e histórico que produz sentido, é preciso considerar e reconhecer a sua regularidade, conhecer os eventos que estavam em curso durante a elaboração desse discurso; é necessário enxergá-lo no momento em que ele acontece; é preciso tratá-lo em sua própria instância de aparecimento, no jogo onde vai atuar; compreender o processo histórico e ideológico em que se deu a produção da inscrição. Um momento em que o sujeito estava incrédulo quanto ao seu semelhante e seus princípios.

Em virtude disso, o texto proposto nos leva à compreensão de que é no implícito, e para além da superfície das evidências, que o enunciador diga sem dizer, antecipe um conteúdo sem, contudo, assumir essa responsabilidade, pois um mesmo enunciado poderá gerar subentendidos diferentes, tendo em vista as várias possibilidades de leitura, de onde deriva a noção de “continuum discursivo em que o início e o fim não são determinados e, logo, não são detectáveis perceptualmente”, visto que “todo discurso se estabelece na relação com um discurso anterior e aponta para outro11”.

4.1.1. ​​Apontamentos sobre a contribuição da análise de discurso na constituição da linguagem como fator histórico-social

Orlandi (2012) assevera que o sujeito não se apropria da linguagem num movimento individual. A forma dessa apropriação é social. Nela está refletido o modo como o sujeito o fez, ou seja, sua interpelação pela ideologia. O sujeito que produz linguagem também está reproduzido nela, acreditando ser a fonte exclusiva de seu discurso quando, na realidade, retoma sentidos preexistentes.

Nesse sentido, vale salientar que a análise de discurso se refere à linguagem apenas fazendo sentido para sujeitos inscritos em estratégias de interlocução, em posição social ou em conjunturas históricas. O que a interessa são os efeitos de sentido produzidos no espaço da interação verbal. Ela se atém ao discurso e as condições de produção que determinaram a construção do sentido daquela forma e não de outra. O que não significa que a parte formal da língua não deva ser considerada.

Ainda tomando como estudo a inscrição “tem gente que é tão pobre, que só tem dinheiro”, apreendemos que o processo de leitura é algo complexo e dependendo da condição de interação, o texto pode ganhar vieses diferenciados. Ler, para alguns é apenas decodificação de signos lingüísticos. Para outros é atribuição de sentidos. Para a análise de discurso de linha francesa, teoria que serviu para ancorar esse trabalho, a leitura é delimitada pela idéia de interpretação e de compreensão, processos de instauração de sentidos.

Ler, portando, não se resume a decodificar ou apreender sentidos. É mais que isso, é instituição de sentido ao que quer seja, tendo como parte constitutiva do sentido o contexto histórico-social e as condições de produção do enunciado, do discurso.

As combinações das palavras não são meros elementos a serem decodificados, mas, segundo Orlandi12, são:

efeitos de sentidos que são produzidos em condições determinadas e que estão de alguma forma presentes no modo como se diz, deixando vestígios que o analista tem de apreender. São pistas que ele aprende a seguir para compreender os sentidos aí produzidos, ponto em relação o dizer com sua exterioridade, suas condições de produção.

O analista de discurso, tomando o discurso como efeito de sentidos entre locutores, vai trabalhar a relação da língua com a história que constituem, em seu conjunto e funcionamento, a ordem do discurso. A análise de discurso, ainda considera que, ideologia e consciente estão materialmente ligados.

O que vale dizer é que a linguagem torna-se complexa pela sua incompletude, mas ainda assim, longe de se findar estudos sobre ela, o que a torna cada vez mais interessante.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das funções da escrita, conforme atesta Foucault (1992b), é de um operador da transformação da verdade em ethos. Trata-se de “reunir aquilo que se pôde ouvir ou ler, e isto com uma finalidade que não é nada menos que a constituição de si13

Desse modo, buscando explicitar a constituição do sujeito pela língua e interpelado pela ideologia, foi tomado nesse trabalho a análise de discurso como base teórica, a qual se inscreve em um quadro que articula o lingüístico com o social e, ainda, devido à polissemia de que se investe o termo “discurso”, ela vê seu campo estender-se para outras áreas do conhecimento. Em busca de definir seu campo de atuação, "[...] toma a linguagem como um fenômeno que deve ser estudado não só em relação ao seu sistema interno, enquanto formação lingüística a exigir de seus usuários uma competência específica, mas também enquanto formação ideológica, que se manifesta através de uma competência sócio-ideológica [...]” (Brandão, 1986, p. 18) Assim, segundo Orlandi (2005), a inscrição de um muro, citada nesse trabalho, toma como espaço material a cidade, que é um exemplo de discurso urbano, que acentua o processo de formulação, pelo seu modo de aparição pública, de sua circulação, de sua manifestação social concreta. Trata-se de compreender como os discursos se textualizam neste espaço de interpretação particular que é a cidade. Mesmo que se tente dar uma significação finita ao recorte apresentado nesse estudo, caímos na margem das incertezas, tateando os pontos em que os sentidos estão presentes no movimento da linguagem que se dão no social, sob o efeito da polissemia, nas possibilidades de rarefação dos sentidos, no implícito e muito além.

6. REFERÊNCIAS

BRANDÃO, H. H. N. (1986). Introdução à análise do discurso 5. ed. Campinas,SP: Editora da UNICAMP.

FOUCAULT, Michel (Coord.). A Escrita de Si. In: __. O Que É um Autor? Lisboa: Passagem, 1992b. p. 129-160

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 1999.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2003.

ORLANDI, Eni P. Discurso e leitura. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2012

ORLANDI, Eni P. Discurso e Texto: formulação e circulação dos sentidos. 2 ed. Campinas: Pontes, 2005.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2005.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2007.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 5 ed. Campinas: Pontes, 2012.

ORLANDI, Eni P. As formas do silêncio: no movimento de sentidos. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1992.

PECHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Trad.: Eni Pulcinelli Orlandi, Campinas: Pontes, 1997. Edição original: 1983.

PÊCHEUX, Michel. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET, Francoise; HAK, Tony. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de M. Pêcheux. Campinas: Ed. da Unicamp, 1997. p. 61-105.

1 Pêcheux, 1983, p. 53

2 ORLANDI, 1999, p.17

3 Para a Análise do Discurso, é o processo que desloca o ‘mesmo’ e aponta para a ruptura, para a criatividade. Representa o diferente. É ‘fonte de sentido’ (ORLANDI, 1996). Brandão coloca que a polissemia rompe com as fronteiras da paráfrase, instalando a pluralidade, a multiplicidade. (1986, p.39).

4 Orlandi, 1995

5 ORLANDI, 2005; PÊCHEUX, 1997

6 Orlandi 2012

7 Brandão, 1986, p.24

8 1997

9 ORLANDI, 1992, p. 12

10 1999, p. 52

11 ORLANDI, 2005, p. 62

12 ORLANDI, 2007, p. 30

13 FOUCAULT, 1992b, p. 137


Publicado por: Angela de Souza Lambert

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