A ATUAÇÃO FAMILIAR E A PRÁXIS DOCENTE FRENTE AO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DO SUJEITO AUTISTA

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1. RESUMO

O termo autismo foi empregado pela primeira vez em 1911, descrevendo o mesmo como uma fuga da realidade. A partir dessa definição, muitas outras foram aparecendo. Hoje se sabe que o autismo é uma desordem que afeta a organização dos sentidos do ser humano e que pode alterar o desenvolvimento de algumas áreas, como a verbalização e a socialização. Através de uma pesquisa qualitativa bibliográfica, percebeu-se que o autismo possui características bem específicas, que podem acabar atrapalhando o sujeito no seu processo de adaptação às pessoas e aos ambientes. Assim, ressalta-se o importante papel que a família tem no processo de inclusão desse sujeito, pois é ela quem deve iniciar este trabalho desde os primeiros dias de vida. A aceitação e o acompanhamento da família se mostram grandes aliados do desenvolvimento escolar e social do autista. A práxis docente é uma peça fundamental no processo de inclusão. Se escola e família trabalham juntas pode se desenrolar um ótimo trabalho cognitivo e social com o indivíduo autista, pois a escola deve, no seu papel de inclusão, entendê-lo e aceitá-lo, bem como fazer com que os demais alunos saibam entender e interagir com este sujeito. Valorizar a diversidade significa considerar o respeito às diferenças como uma questão ética e que beneficia a todos, pois o respeito à diversidade humana é o primeiro passo para se construir uma sociedade inclusiva, sendo que esta é para todos.

Palavras-chave: Autismo. Inclusão. Escola. Família. Diversidade.

ABSTRACT

The term autism was first used in 1911, being described as an escape from reality. From this definition, many others started to emerge. Today it is known that autism is a disorder that affects the organization of the human senses and can alter the development of some areas, such as verbalization and socialization. Through a qualitative bibliographic research, it was noticed that autism has very specific characteristics, which may end up disturbing the subject in the process of adapting to people and environments. Thus, we emphasize the important role that family plays in the inclusion process of this subject once it is the Family that must start this journey since the first days of life. The Family acceptance and monitoring show great allies of the educational and social development of an autistic person. The teaching practice acts as a key in the inclusion process.  If family and school work together, it is possible to  develop a great cognitive and social work with the autistic individual, because the school must, in its role of inclusion, understand  and accept him, as well as conduct  the other pupils to know, understand and interact with this person. Valuing diversity means respect  for differences as an ethical issue that benefits everyone, since the respect for human diversity is the first step in building an inclusive society.

Keywords: Autism. Inclusion. School. Family. Diversity.

2. Introdução

O autismo, como uma desordem que afeta algumas capacidades do ser humano, deve ser entendido e aceito pelas pessoas. A presença de um indivíduo com autismo certamente exigirá uma reestruturação e reorganização do meio em que vivem aqueles ditos “normais” e, a partir disso, entra a questão da inclusão.

Tendo em vista o surgimento do movimento da inclusão no Brasil, no final dos anos 80, o número de alunos com autismo, dentro das escolas regulares, aumenta mais a cada ano. Mas, quando falamos em inclusão, sendo ela social ou escolar, estamos falando não só do sujeito com deficiência, mas também de toda a comunidade, pois só se faz uma boa inclusão com a ajuda de todos. A família e a escola, por terem um contato mais direto com o sujeito com autismo, têm uma responsabilidade grande no que se refere à inclusão. Se houver um olhar familiar desde o nascimento, buscando potencial e possibilidades, e o acompanhamento escolar desde os primeiros anos, o processo de inclusão escolar do indivíduo autista terá certamente um melhor prognóstico.

Como qualquer outra necessidade especial, o autismo tem suas especificidades, suas características pré-determinadas. Mas, ao trabalhar ou conviver com uma pessoa autista, devemos cuidar com os estereótipos, pois estes podem acabar atrapalhando o desenvolvimento do sujeito. O autismo, por afetar diferentes aspectos da vida do sujeito, pode ir evoluindo e perdurando por toda a sua vida, em maior ou menor grau. Porém, as adequadas intervenções, o acompanhamento e o auxílio dos envolvidos, podem ajudar na evolução e desenvolvimento das questões sociais e cognitivas do sujeito com autismo, podendo até mesmo, dependendo do caso, atenuar, mediante estimulação e intervenções educacionais adequadas, os comportamentos regressivos apresentados inicialmente.

Levando em consideração a ideia de uma “escola para todos” e analisando a complexidade apresentada pelo autismo, tenho por objetivo destacar aspectos importantes para a inclusão escolar do sujeito autista através da atuação familiar e da práxis docente, bem como apresentar a importância do acompanhamento e da aceitação familiar na vida deste sujeito, compreendendo a práxis docente como peça fundamental na inclusão escolar e entendendo a magnitude do trabalho conjunto entre a família, a escola e o sujeito para obter sucesso no processo de inclusão escolar.

Por este motivo, debater sobre a inclusão destes alunos com esta especificidade e sobre o papel que a família e a escola têm na vida dos mesmos, é de suma importância. Afinal, a inclusão ocorre da maneira adequada e esperada quando todos os envolvidos com os indivíduos apresentam interesse em conhecê-los e em ajudá-los no desenvolvimento de suas habilidades educacionais e sociais.

Dessa forma, esta monografia será estruturada em seis capítulos, sendo que o primeiro tratará das questões específicas de inclusão escolar, seguido do capítulo que aborda o autismo, suas características e manifestações. O terceiro capítulo apresenta o papel da família e do docente na vida do sujeito que apresenta um quadro de autismo e sua importância para uma inclusão escolar efetiva e de qualidade; aponta, ainda, as possibilidades de intervenções docentes para efetivar esta inclusão e a necessidade do trabalho conjunto entre família e docentes. Após, segue o capítulo que trata da metodologia empregada na monografia, seguido do capítulo que trata das análises da monografia, seguido posteriormente das considerações finais e das referências bibliográficas.

3. INCLUSÃO ESCOLAR

A inclusão escolar surgiu como uma proposta de inserir todos os alunos na escola regular e garantir as condições necessárias para sua permanência e aprendizado na mesma. Além disso, a inclusão serve para integrar todos os alunos, independente de cor, classe social, deficiência ou necessidades especiais, devendo as diferenças ser respeitadas por todos e a escola adaptada para que possa receber qualquer aluno. Para que possa ser efetivada, encontra-se amparada em lei como o trecho elencado abaixo:

A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades. (BRASIL, 2001. p.28.)

A Educação Inclusiva é o ramo da educação que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas com deficiência incluídas no ensino regular. É uma educação organizada para atender especificadamente alunos com determinadas necessidades especiais.

A inclusão é uma reestruturação das políticas, culturas e práticas vivenciadas nas escolas, com o intuito de fazer com que estas respondam positivamente à diversidade de seus alunos. Segundo Santos (2011), antes de tudo, a inclusão é uma questão de ética, ou seja, devemos perceber a inclusão como uma democratização e não como uma simples obrigação. A diversidade faz parte da humanidade, e esta não deve ser vista como uma aberração, e sim como algo que faz parte do nosso dia a dia.

A ideia de uma escola para todos é, por sua vez, um direito que todos nós possuímos. É, antes de tudo, o direito de ir e vir, o direito à educação. E, para que todos possam ter acesso a tudo que lhes é de direito, deve-se adaptar toda a escola para que essa possa atender a toda sua demanda. Esta adaptação vai desde seu espaço físico até a adaptação de recursos e materiais didáticos, para que assim todo aluno, com qualquer tipo de deficiência apresentada, possa ter acesso a qualquer espaço da escola - sala de aula, laboratórios, pátio, refeitório, biblioteca, bem como aos livros e materiais utilizados por todos os demais alunos (SANTOS 2011).

A adaptação para receber e atender alunos com necessidades educacionais especiais em uma escola engloba tudo que gira em torno do aluno, portanto, toda a estrutura escolar deve ser modificada e adaptada para tal. É preciso que as barreiras físicas, sensoriais e organizacionais dentro das escolas deixem de existir. É preciso que a chegada do aluno com deficiência na escola não possua nenhum empecilho.

De acordo com Almeida (2011), a Educação Inclusiva procura atender, dentro de um sistema regular de ensino, as necessidades educacionais especiais de todos os alunos nas salas de aula comuns, a fim de instigar a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos. Porém, mesmo tendo este objetivo de universalização da educação, a Educação Inclusiva é um processo, e como tal, vem sendo desenvolvida e estudada com o passar do tempo, numa constante evolução, para que, por fim, após todas as modificações e adaptações, todas as escolas regulares consigam atender a todos seus alunos, sem que nenhum seja desfavorecido ou prejudicado de alguma forma.

O Brasil adotou a proposta “inclusão para todos”, trazida pela Organização das Nações Unidas (ONU), tendo efetivamente se constituído através de algumas práticas do governo Fernando Henrique que, por volta de 1997, mostrou a emergência desta inclusão. A partir de então, a inclusão tem sido, aos poucos, aplicada nas escolas regulares do Brasil.

Para a aplicação da inclusão diz-se necessário fazer, primeiro, as modificações nas escolas regulares para então ser colocada em prática. Empreender as transformações necessárias para que essa Educação Inclusiva se torne realidade nas escolas brasileiras. (BRASIL, 2001)

Fossatti (2009) alerta que a presença de alunos com qualquer tipo de deficiência é cada vez maior nas escolas regulares (escolas de ensino fundamental e médio e, também, universidades) devido a Educação Inclusiva. Carvalho (2002, apud Fossatti, 2009, p. 96), sugere que “a Educação Especial deve reunir todos no movimento de inclusão; é preciso enfrentar as barreiras de aprendizagem. [...] devemos romper com o mito que vivemos duas educações: a regular e a especial.” Fossatti (2009) diz, ainda, que a Educação Especial está movida pela rejeição e exclusão. Professores e outros profissionais, bem como os colegas, demonstram uma inquietação com a presença, cada vez maior, de deficientes em sala de aula. Isso ocorre, talvez, devido ao crescimento surpresa do número de deficientes em escolas regulares, causando um desespero nos demais.

A escola inclusiva deve atender às diferenças individuais de cada aluno, dando oportunidade a todos, independente de suas diferenças. Deve desenvolver-se com igualdade, considerando-se a diversidade de materiais e recursos e do tempo e espaço. É preciso que rotinas sejam estabelecidas com todos da turma e que todos os alunos saibam interagir com o próximo, pois assim todos aprendem a respeitar e a conviver com as diferenças.

Devido às diversas dificuldades e empecilhos que envolvem o crescimento da Educação Inclusiva no Brasil, há que se considerar qualquer mudança positiva que ocorra, e deve-se continuar lutando e buscando as mudanças e as adaptações necessárias para que logo a Educação Inclusiva possa ser uma realidade mais abrangente e com maior adesão ano a ano, buscando escolas de qualidade com recursos humanos adequados e financiamento que dê conta de todas as necessidades reais que exige o movimento inclusivo.

3.1. Legislações

Há, no Brasil, diversas legislações que regulamentam a Educação Especial. Algumas leis e decretos são citados a seguir a fim de conhecer um pouco os direitos que as pessoas pertencentes à Educação Especial têm.

  • Constituição Federal - Educação Especial:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade. (BRASIL, 1988)

  • Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394 – LDBN: 

Art. 58. Entende-se por Educação Especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de Educação Especial.

§2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular.

§3º A oferta da Educação Especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a Educação Infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV – Educação Especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em Educação Especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (BRASIL, 1996)

  • Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº. 8.069 – ECA (1990):

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

V - acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residência. (BRASIL, 1990)

  • Lei nº 10.098 (1994): “Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.”.
  • Lei nº 7.853 (1989): “Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência”
  • Lei nº 8.859 (1994): “Modifica dispositivos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977, estendendo aos alunos de ensino especial o direito à participação em atividades de estágio.”
  • Decreto nº 6.094 (2007): “do Plano de Metas compromisso todos pela educação”

Art. 2º: [...] X - garantir o acesso e permanência das pessoas com necessidades educacionais especiais nas classes comuns do ensino regular, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas públicas.

  • Decreto nº 6.215 (2007): “Estabelece o Compromisso pela Inclusão das Pessoas com Deficiência, com vistas à implementação de ações de inclusão das pessoas com deficiência”
  • Decreto nº 6.571 (2008): “Dispõe sobre o atendimento educacional especializado”
  • Decreto nº 3.298 (1999): “Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência”
  • Decreto nº 914 (1999): “Cria, no âmbito do Ministério da Justiça, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE”

É possível perceber, então, que existem diversas leis que contribuem para o sucesso da inclusão de sujeitos com qualquer tipo de deficiência; direitos estes que são assegurados para a inclusão tanto na escola, como na sociedade e no mundo do trabalho. Essas legislações fazem com que algumas barreiras existentes no processo de inclusão sejam derrubadas e que os sujeitos incluídos consigam lutar pelos seus direitos. Além disso, estas legislações são um desafio e uma tarefa de dever para todos – escola, sociedade e família.

4. O AUTISMO E O SUJEITO AUTISTA

Neste capítulo serão abordadas as principais informações sobre o autismo e o sujeito autista, visando um melhor conhecimento sobre o assunto, a fim de debater sobre a inclusão escolar deste sujeito buscando elucidar e facilitar o entendimento familiar e educacional.

4.1. O que é o autismo?

O termo autismo, originado do termo grego “autós”, foi empregado pela primeira vez em 1911, pelo psiquiatra Bleuler, tendo como definição uma evasão da realidade e um isolamento no mundo interior, baseado em pacientes esquizofrênicos. Ao passar dos anos, outras definições foram surgindo e o autismo começou a ser discutido, abrindo-se um leque de novas teorias. Leo Kanner, psiquiatra norte-americano, em 1943, descreveu o autismo como uma incapacidade em estabelecer relações com as pessoas e de lidar com certas situações, ambas as características presentes desde o nascimento. Durante 20 anos, de 1940 a 1960, acreditava-se que o autista, conscientemente, tinha o desejo de não interagir socialmente.

O autismo, em uma definição mais atual segundo Santos (2011), é uma desordem que afeta algumas capacidades do ser humano, como, por exemplo, a de comunicação e de construção do relacionamento interpessoal. O autismo é, portanto, uma perturbação global do desenvolvimento, é uma forma particular e específica de se construir uma realidade para si mesmo, não sendo contraída pelo sujeito e sim, se tornando uma condição do sujeito que perdurará por toda a vida.

Segundo a Associação dos Amigos da Criança Autista (AUMA, 2014), o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, isto é, um transtorno que desorganiza e desestrutura o desenvolvimento, como a coordenação, cognição e percepção. Este transtorno resulta, ainda, na dificuldade em organizar e captar os sentidos humanos.

Embora existam diversas definições a respeito do conceito de autismo, e ainda existam inúmeras pesquisas em desenvolvimento, sabe-se que o autismo é uma perturbação global do desenvolvimento e pode evoluir com a idade, prolongando-se por toda a vida. O autismo manifesta-se desde os primeiros anos de vida e possui um crescimento gradual. De acordo com Surian (2010), aproximadamente uma em cada mil crianças é autista ou apresenta algum distúrbio semelhante ao autismo. E, pelo menos três em dez autistas demonstra bons resultados em testes para estimar o quociente de inteligência. Com estes dados, se faz necessário enfatizar que se deve ter muito cuidado com as estereotipias a respeito do autismo, uma vez que o quadro do autismo de um indivíduo pode amenizar ou estagnar se houver um diagnóstico precoce e se forem utilizadas as abordagens corretas. Portanto, conhecer e entender o que é o autismo, deixa de ser uma necessidade somente dos familiares do sujeito autista e passa a ser um dever de toda a população, pois com entendimento, pode-se ajudar o indivíduo e resultar em melhorias.

4.2. Como se manifesta e quais são as características do autismo

O autismo pode se manifestar desde os primeiros meses de vida e os sintomas aparecem claramente até os 3 anos de idade. Os pais, na maioria das vezes, são os primeiros a notar algo diferente na criança, como os padrões de comportamento e interesse. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o autismo é um transtorno global do desenvolvimento, manifestando, antes dos 3 anos, um desenvolvimento anormal ou alterado causando perturbação no funcionamento da interação social, comunicação e comportamento. Além destas características, são citadas, ainda, fobias, perturbações de sono ou alimentícias, birra e agressividade (CID-10, 2000).

Segundo Santos (2011), o autismo possui um desenvolvimento gradual e a maioria dos sujeitos autistas não demonstra interesse pelo contato interpessoal – não sorriem, não fazem contato visual com o outro e se mostram indiferentes a certos objetos.

São características comuns apresentadas no autismo, de acordo com a Fundação do Campo Freudiano sobre autismo – Os Autismos (2010): ausência do sorriso (estando relacionada à falta de conhecimento do mundo exterior); tendência ao isolamento (o que faz com que o autista acabe se isolando do mundo exterior e vivendo apenas no seu mundo interior); pouco ou nenhum contato visual (não olha nos olhos dos outros, nem mesmo da mãe – esta é uma característica que pode ser percebida facilmente pela família já no primeiro ano de vida); dificuldade em aceitar mudanças (acostuma-se ao ambiente em que vive e com suas rotinas, não aceitando “não” como resposta às suas demandas); crises de agressividade – a si mesmo ou ao próximo (a desorganização pode se manifestar sem razão aparente); entre outras características. Além dessas, Santos (2011) apresenta outras características, alertando que a criança, ainda bebê, pode mostrar indiferença a estimulações. Segundo o autor, são características: aparente insensibilidade à dor e falta de consciência de situações que envolvam perigo; rotação e fixação de objetos, caracterizada pela preferência que o sujeito tem em determinados objetos, sem se interessar por outros que lhes são oferecidos; apresentação notável de hiperatividade ou extrema inatividade; resistência ao aprendizado, apresentando uma ausência de respostas aos métodos normais de ensino; irregular habilidade motora, podendo apresentar facilidade em algumas tarefas e dificuldade em outras, ambas envolvendo a coordenação motora; dificuldade em expressar necessidades, usando como meio de expressão a gesticulação; recusa colo ou afagos, o que faz com que muitos pensem, principalmente a família, que o autista não possui sentimentos de afeto e amor pelas pessoas; repetição de palavras ou frases no lugar da linguagem normal, o que é chamado de ecolalia (o sujeito repete/ecoa o mesmo som repetitivamente).

O autismo, com toda sua complexidade, pode apresentar outras características pré-estabelecidas de acordo com estudos realizados ao longo dos anos. Ferrari (2012) apresenta algumas características do autismo segundo Kanner, citando a carência de vocalizações; o estrabismo persistente e variável; problemas graves e precoces do sono (insônia); dificuldade na alimentação apresentando problemas de sucção; dificuldade de compreender figuras de linguagem – possui um entendimento literal do que lhe é dito; entre outras.

É importante enfatizar que estas características não definem um sujeito autista, ou seja, são características que alertam um possível autismo, mas que não diagnosticam sozinhas o autismo. Vale reforçar, ainda, que nem todas as características estarão presentes no quadro de autismo do indivíduo e que, normalmente, pelo menos três das características citadas à cima se fazem presentes. Todas essas características e comportamentos que podem ser apresentados pelos autistas, requerem uma compreensão e um conhecimento dos demais, para que sejam aplicadas as medidas educacionais e sociais adequadas ao sujeito.

Entender o sujeito autista e entender melhor sobre o autismo faz com que o processo de inclusão escolar e social do mesmo seja realizado de melhor maneira, pensando no melhor não só para o autista como para todos que o cercam. Como conclui Santos:

Aceitar a criança autista é compreender suas limitações, é vê-la e ouvi-la com os olhos do coração, é lutar para que a mesma não se feche em seu autismo, é levá-la a buscar sua motivação, seu elo com o outro, a esperança da busca pelo equilíbrio e, o mais importante, levá-la ao aprendizado, à troca de experiências, à participação, a interagir somando suas diferenças com as diferenças do outro (2011, p. 06).

5. A FAMÍLIA E O DOCENTE

Neste capítulo serão abordadas as intervenções necessárias para um bom desenvolvimento educacional e social do sujeito autista, ressaltando a importância do papel da família e do docente no processo de inclusão deste sujeito.

5.1. O papel da família na vida do autista e a importância da aceitação e atuação familiar frente ao processo de inclusão         

Como a família é, normalmente, a primeira a perceber a existência de características de autismo no sujeito, é preciso que, antes de qualquer coisa, ela entenda que não tem nenhuma culpa do quadro de autismo do sujeito. Conhecer, entender e aceitar o autismo é o primeiro passo para um bom desenvolvimento da vida do sujeito autista. Até pouco tempo atrás, segundo Surian (2010), era atribuída aos genitores a responsabilidade pelo autismo, e estes eram aconselhados a afastar-se da criança. Essas conclusões eram baseadas na teoria psicogenética que, com o passar dos anos, acabou sendo banida e as acusações à família acabaram. A partir daí, a família foi reconhecida como peça fundamental no desenvolvimento do autista, não somente na fase do diagnóstico como também na reabilitação. A aceitação da família ajuda diretamente no processo de inclusão do sujeito autista, sendo ela escolar ou social. Conforme a Organização Autism Speaks (2010), a família deve lembrar que o sujeito, após o diagnóstico do autismo, continua sendo um ser único como era.

A Organização Autism Speaks (2010), explica que embora a aceitação familiar seja de suma importância para o bom rendimento e progresso do autista, é normal que ao descobrir o diagnóstico do autismo surjam muitas emoções conflitantes e a família acabe passando pelo chamado “luto”, como entrar em estado de choque, ter momentos de tristeza ou lamentações, sentir raiva, negar ou não aceitar a situação e se sentir sozinho e desamparado. Segundo Moura e Valério (2003), terminar a fase do luto, fase esta em que a ideia de “filho perfeito idealizado” acaba, constrói-se uma nova estrutura familiar, de maneira que tudo seja ajustado de acordo com as necessidades da criança autista. Esta nova fase tem grande importância para o futuro do sujeito. É nesta fase que a família, através de seus relacionamentos intrafamiliares, começará a preparar a criança para conviver em sociedade e a descobrir a vida e o mundo (Moura e Valério, 2003, p. 50).

Em um “Manual para as famílias”, a Organização Autism Speaks (2010) dá algumas dicas para os membros da família de uma criança autista.

São dicas para os pais:

  • Aprender a lutar pelos direitos do filho mantendo-se atualizado, usufruindo dos serviços disponíveis para ele e obtendo informações e ajuda de cuidadores e profissionais;
  • Não tentar evitar sentimentos, ou seja, conseguir falar sobre sentimentos e emoções;
  • Direcionar o sentimento de raiva ao distúrbio e não às pessoas, tentando manter a vida em equilíbrio;
  • Curtir e reconhecer as pequenas vitórias apresentadas pelo filho, demonstrando amor e orgulho;
  • Envolver-se com a comunidade do autismo, pois assim terão o apoio de famílias que entendem e passam por situações parecidas.

Para os irmãos:

  • Entender que todas as famílias passam por desafios na vida;
  • Ter orgulho do irmão e aprender a falar naturalmente sobre o autismo;
  • Saber que é normal ficar triste mas que o sentimento ruim não ajudará em nada e pode acabar dificultando;
  • Fortalecer os laços familiares com os pais e realizar atividades que incluam o irmão com autismo.

Para os avós e demais membros da família:

  • Saber que todos têm muito a oferecer, como as experiências e habilidades desenvolvidas ao longo da vida;
  • Perguntar como pode ajudar e saber que o envolvimento e esforço serão importantes;
  • Buscar ajuda para si mesmo, caso seja difícil a aceitação;
  • Esquecer os preconceitos, aprendendo mais sobre o autismo e pensando nos sentimentos de sua família;
  • Reservar um tempo para a criança, usufruindo de momentos especiais ao lado dela.

Essas dicas são fundamentais para que haja um bom relacionamento intrafamiliar e resultam em um bom convívio da criança dentro de casa e na sociedade. São dicas que mostram a importância da família e o papel da mesma para com o processo de inclusão.

A família tem papel fundamental na inclusão escolar do autista, pois é ela que faz com que a criança descubra a existência de outras pessoas à sua volta. A criança aprenderá sobre o mundo e a vida através de cada pessoa da família, o que faz com que a criança tenha uma boa preparação para encarar, entender e conviver com o restante da sociedade (Moura e Valério, 2003). Esta preparação começa em casa, e com esforço e dedicação da família, o sujeito autista estará devidamente preparado para ir à escola e ir criando certa independência com o passar do tempo. A família prepara a criança para viver em sociedade e deve continuar acompanhando seu desempenho por toda a vida.

5.2. A práxis docente e as intervenções necessárias frente ao processo de inclusão do sujeito autista

Partindo da importância da dedicação e da atenção do professor para com os seus alunos, tendo eles alguma deficiência, déficit ou dificuldade, é preciso que o professor tenha total envolvimento no processo para adaptar suas aulas e materiais para estes alunos. De acordo com Pereira (2003), a boa convivência do professor e do aluno deficiente, em sala de aula, ainda não é algo aceitável de maneira natural. Porém, isso não se dá por desleixo do profissional ou do aluno, e sim pela dificuldade de transformar, de fato, as escolas, em escolas inclusivas. Pereira (2003) diz, ainda, que o professor, ao deparar-se com um aluno deficiente, não enxerga a pessoa, enxerga apenas a deficiência, esquecendo que aquele indivíduo, antes de ser deficiente, é uma pessoa, possuindo características e necessidades como qualquer outra.

Masi (2002) diz que, ao trabalhar com indivíduos que apresentem alguma deficiência, o profissional precisa de um conhecimento prévio de cada caso, para que possa elaborar um plano educacional adequado às características e necessidades do seu aluno. Para isso, algumas informações importantes devem ser colhidas junto aos responsáveis pelo indivíduo, e essas são rejeitadas ou ampliadas de acordo com o desenvolvimento das atividades em contato direto com o aluno.

Segundo Temporini (2000), os profissionais devem obter conhecimento sobre as limitações dos indivíduos, bem como sobre o funcionamento do sistema de ensino de que necessitam. Para chegar a uma boa e eficaz adaptação, os profissionais precisam interar-se, antes de tudo, sobre as possibilidades de aprendizagem, estratégias de construção da aprendizagem e de associação de ideias, e compreender em que aspectos surgem as dificuldades e limitações apresentadas por estes alunos, pois só assim saberão a melhor maneira para realizar as adaptações necessárias para um bom atendimento ao aluno com deficiência.

Existe, em algumas escolas, a sala de recursos. Nesta deve haver um profissional qualificado e especializado para atender os alunos com algum tipo de deficiência fora do horário de aula, ou seja, no contraturno da frequência ao ensino regular. Com isso, muitos professores de sala de aula comum, ao deparar-se com alunos com deficiência, acabam encaminhando-os para a sala de recursos, sem precisar fazer nenhum esforço em relação ao aprendizado deste indivíduo. Porém, Pereira (2003) explica que os profissionais que trabalham nas salas de recursos são professores de “apoio”, professores que estão ali para ajudar o professor regular em algum caso atípico, pois o verdadeiro responsável pelo aprendizado do aluno (tendo ele alguma deficiência ou não), dentro da escola, é o professor regular de cada disciplina.

Pereira (2003) diz, ainda, que o professor especializado deve acompanhar tudo que acontece na vida escolar do aluno com deficiência, a fim de verificar o progresso ou o processo de aprendizado do aluno, para conseguir ajudar o professor regular e o próprio aluno.

Horton (1988) diz que o aluno com deficiência deve ser incluso na sala de aula regular, mas tendo a sala de recursos à disposição sempre que necessitar de ajuda especializada. O autor mostra, ainda, que o papel do educador especializado é dar os apoios necessários para que o aluno obtenha sucesso na aula regular. Já a responsabilidade do ensino do aluno dentro da escola é somente do professor regular, da mesma maneira que é com qualquer outro aluno.

Fossatti (2007) dá algumas sugestões para que os professores possam ter uma boa metodologia e uma boa convivência com os alunos de inclusão em sala de aula: afirma que é preciso que o professor se ambientalize dentro da sala de aula garantindo a transmissão de conhecimento; reconheça as necessidades dos seus alunos (fala-se de todos); aja naturalmente com a presença de um aluno com qualquer tipo de deficiência; e elabore e dê suas aulas de maneira que integre o aluno de inclusão, satisfazendo suas necessidades. Assim, percebe-se que é de responsabilidade do professor, além de compreender as necessidades de seus alunos, adaptar todos os materiais que utilizará em sala de aula, pois, com isso, haverá um bom rendimento e andamento de suas aulas e o aluno incluído não será prejudicado.

De acordo com Surian (2010), existem muitas técnicas e atividades educativas que podem ajudar o autista em sua caminhada para obter um suficiente autocontrole e uma maior independência, o que resulta em uma melhoria na vida do sujeito. Porém, essas diversas técnicas dependem das possibilidades e opções disponíveis na escola e, claro, dos custos adicionais. É preciso conhecer diversas técnicas educacionais para então analisar a que mais se adequará às necessidades da escola, para que cumpra com as necessidades do aluno. O autor ressalta, ainda, que qualquer intervenção deve ser precedida de uma avaliação aprofundada das condições da criança em esfera médica, psicológica e comportamental. Ou seja, é preciso tomar conhecimento de todo histórico do sujeito para que assim se possa adaptar atividades e realizar a inclusão da melhor maneira possível.

Santos (2011) descreve algumas abordagens utilizadas ao se trabalhar com alunos autistas. São elas:

  • Teacch (Tratamento e educação para crianças com autismo e com distúrbios correlatos da comunicação): desenvolvido nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, tendo como objetivo “capacitar indivíduos com autismo a atuar com o maior grau de sentido e independência possível na comunidade”, sendo o máximo objetivo “apoiar o autista em seu desenvolvimento para ajudá-lo a conseguir chegar à idade adulta com o máximo de autonomia possível.”.
  • ABA (Análise Aplicada do Comportamento – Applied Behavior Analysis): modelo que consiste em ensinar, por etapas, habilidades às crianças com instrução ou indicação do terapeuta. Este é um método de longa duração e que, por consequência disto, possui um alto custo econômico. Porém, todos os envolvidos com a criança autista podem aprender esta técnica e utilizá-la. Este método de trabalho pode “aumentar, diminuir, melhorar, criar ou eliminar comportamentos previamente observados e identificados segundo critérios de funcionalidade para um determinado indivíduo em relação ao seu ambiente.”.
  • Sistema PECS: sistema de comunicação completo e originalmente desenhado para criar, de maneira rápida e econômica, recursos consistentes de comunicação.
  • Símbolos Gestuais: produz movimentos das mãos, do corpo e por expressões faciais, e tem uma recepção visual.
  • Sistema Makaton: programa de linguagem completo. Utiliza gestos, símbolos e vocábulos.
  • Símbolos Gráficos: ligados ao uso de tecnologias de apoio para a comunicação que compreendem desde as tabelas simples de apontar, até os equipamentos baseados em suportes informáticos que armazenam símbolos e ajudam na sua transmissão.
  • Sistema Bliss: sistema visual gráfico representado por símbolos pictográficos, acompanhados de seu significado e representando pessoas, objetos, ações, conceitos e sentimentos.
  • Sistema PIC (Pictogram Ideogram Communication): tem como objetivo possibilitar a comunicação, estimulando e desenvolvendo as capacidades de percepção e conceitualização de pessoas impossibilitadas de comunicar-se oralmente.
  • Sistema SPC (Símbolos Pictográficos para a Comunicação): desenhos que representam verbos e adjetivos.

Farrel (2008), considerando que o objetivo da inclusão é incentivar as escolas a reconsiderar sua estrutura e suas metodologias de ensino, ressalta que deve haver um planejamento quanto ao currículo (chamado de currículo adaptado), sendo ele amplo e equilibrado, sendo desenvolvido para atender a todos os alunos. O autor diz, ainda, que para haver a prática do trabalho interdisciplinar, é necessário ter clareza na comunicação entre todos os profissionais envolvidos, e que sejam demarcadas as responsabilidades sem que isso se limite a determinadas áreas. É preciso que todos os profissionais envolvidos (não só professor, como também funcionários da escola, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes, etc.) façam planejamentos e usem suas intervenções, mas sempre as deixando claras para os demais profissionais, para que assim haja total entendimento do trabalho que será feito com os alunos autistas. Estes profissionais podem, ainda, dar a oportunidade de os alunos se envolverem em estruturas como conselho escolar, deixando que eles sejam representantes da turma. Além disso, os profissionais devem buscar o maior envolvimento praticável do aluno na sua educação, incluindo o envolvimento no estabelecimento de metas de aprendizagem, pois assim é mais provável que estes alunos queiram atingir as metas, pois tudo é baseado no incentivo.

Farrel (2008), citando Lewis (2004), conclui que para envolver o aluno é preciso encorajá-lo a perguntar e esclarecer suas dúvidas; não se deve transmitir a mensagem de que o adulto sabe mais que a criança, deve-se fazer com que ela tenha um posicionamento; utilizar-se de afirmações, no lugar de perguntas, para provocar respostas mais completas por parte do aluno; etc. Segundo Santos (2011), qualquer intervenção ou técnica para trabalhar com alunos autistas passa pela comunicação com este aluno. É preciso trocar informações através de uma simbologia previamente escolhida, lembrando que não é só através da fala que se obtém a comunicação.

6. METODOLOGIA                      

A metodologia utilizada nesta pesquisa foi de cunho qualitativo, tendo como base a análise e a descrição da importância da atuação familiar e da práxis docente para o sucesso no processo de inclusão escolar do sujeito autista. Antes de iniciar uma pesquisa bibliográfica, é preciso ter muito claro qual é o seu objetivo.

6.1. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo principal destacar aspectos importantes para a inclusão escolar do sujeito autista através da atuação familiar e da práxis docente, apresentando a importância do acompanhamento e da aceitação familiar na vida do sujeito autista; compreendendo a práxis docente como peça fundamental na inclusão do aluno autista; e entendendo a magnitude do trabalho conjunto entre a família, a escola e o sujeito para obter sucesso no processo de inclusão escolar do autista.

6.2. Definição da pesquisa bibliográfica

Uma boa forma de definir o que seria a pesquisa bibliográfica é compreender que a mesma é buscar, a partir de referenciais publicados, analisar e discutir as contribuições culturais e cientificas. A pesquisa bibliográfica se constitui em uma excelente técnica para fornecer ao pesquisador a bagagem teórica, de conhecimento, e o treinamento cientifico que habilitam a produção de trabalhos originais e pertinentes.

A consulta de fontes consiste nada mais do que a identificação das fontes documentais (documentos audiovisuais, documentos cartográficos e documentos textuais), na analise das fontes e no levantamento de informações (reconhecimento das ideias que dão conteúdo semântico ao documento).

A leitura dos diferentes documentos deve ser acompanhada de técnicas de armazenamento, a exemplo, o fichamento. Essa técnica de leitura constitui na organização de arquivos específicos para auxiliar na pesquisa sobre o assunto do projeto de pesquisa. As fichas de palavras-chave podem ser de citação/transcrição, onde se extraem trechos citados ou transcritos na fonte documental, colocando a página, ou podem ser ficha-resumo, nas quais se resume o conteúdo da fonte documental pesquisada.

Todo material recolhido deve ser submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura.

A pesquisa bibliográfica pode ter até três objetivos:

1. Identificar conceitos, técnicas e ferramentas que servem de base para o desenvolvimento de nosso trabalho. Chamaremos este objetivo de identificação de conceitos básicos;

2. Identificar técnicas, algoritmos, softwares e autores com trabalhos semelhantes ou precursores ao nosso. Chamaremos este objetivo de identificação de parceiros;

3. Identificar necessidades, situações e resultados do mundo real, possivelmente fora do mundo da informática, que justifiquem nosso trabalho. Chamaremos este objetivo de identificação de motivação.

Conforme esclarece Boccato (2006, p. 266):

A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação.

Num esforço de descobrir o que já foi produzido cientificamente em uma determinada área do conhecimento, é que a pesquisa bibliográfica assume uma importância fundamental, impulsionando o aprendizado, o amadurecimento, os avanços e as novas descobertas nas diferentes áreas do conhecimento.

Segundo Lima e Mioto (2007) quando uma pesquisa bibliográfica é bem feita, ela é capaz de gerar, especialmente em temas pouco explorados, a postulação de hipóteses ou interpretações que servirão de ponto de partida para outras pesquisas.

7. ANÁLISE E DISCUSSÃO

Após estudar o papel da família e da escola no processo de inclusão do autista, é possível perceber que todos possuem papeis fundamentais na vida do sujeito e que o trabalho para o sucesso da inclusão só se dá da maneira mais esperada e mais positiva quando todos que cercam o sujeito fazem a sua parte. Por este motivo, é possível perceber que a atuação familiar e a práxis docente estão diretamente ligadas à inclusão escolar do autista. Por este motivo, neste capítulo será analisada a importância de um trabalho conjunto entre ambas as partes, baseando-se nos fundamentos teóricos apresentados nos itens 3.1 e 3.2 desta monografia, de maneira a facilitar o trabalho de todos e ajudar ainda mais no desenvolvimento escolar e social do autista.

7.1. A magnitude do trabalho conjunto entre a família e a escola para a obtenção de melhores resultados na inclusão do sujeito autista

Após entender o papel da família e do docente na inclusão da criança autista, é possível analisar a magnitude de um trabalho conjunto entre as duas partes, para que o autista tenha um avanço positivamente garantido no seu desenvolvimento.

O autismo, mesmo com suas infinitas características, e assim como qualquer outra deficiência ou déficit, deve ser conhecido, estudado e compreendido por todos de nossa sociedade, para que a inclusão de pessoas autistas seja exercida da melhor maneira possível, tanto para o sujeito quanto para todos que o cercam.

O processo de inclusão inicia-se com o trabalho e aceitação familiar, pois é "dentro de casa" que o sujeito será preparado para o mundo externo, para viver e conviver com os outros além dos muros de sua casa, além dos braços de sua família. Esta preparação familiar será benéfica para ambos, pois com preparação e compreensão da dimensão do que é o autismo, todos acabam ganhando. A família, em seu papel mais arrebatador, deve se conscientizar de muitos fatores, para que o período da aceitação se dê de maneira mais eficaz do que o período do chamado "luto". O luto da família acaba se tornando inevitável, pois, durante meses, a família almeja um filho "perfeito" e, ao obter o diagnóstico do autismo, ainda nos primeiros anos ou meses de vida, o término inesperado daquele sonho perfeito passa a tornar-se um choque para a família, principalmente para os pais. Este choque faz com que se inicie o luto. A negação, o sentimento de culpa, os questionamentos interiores sem respostas, o não saber o que fazer, o isolamento e a solidão, entre outros sentimentos, passam a tomar conta da família, pois ninguém está preparado para receber um diagnóstico negativo do filho que acaba de nascer. O acompanhamento médico, por sua vez, passa a se tornar de tamanha importância tanto para o desenvolvimento do autista quanto para a aceitação familiar. Um trabalho conjunto entre familiares e profissionais da saúde ajuda na preparação para o que vem pela frente.

Após anos de preparação e acompanhamento única e exclusivamente de familiares e profissionais da saúde, entra na vida do autista a escola que, por sua vez, passa a obter uma grande responsabilidade no que diz respeito ao desenvolvimento do aluno autista. A escola, que assim como a família necessita de uma prévia preparação para receber adequadamente o aluno nas suas dependências, deve conhecer e compreender tanto o autismo quanto o aluno autista que ali está matriculado. Este conhecimento deve facilitar o trabalho do docente e a compreensão do aluno. A escola é responsável pelas devidas adaptações de currículos e espaços físicos e pode conseguir lidar melhor com todas as mudanças, se conseguir uma parceria com a família do aluno, ou seja, o sujeito com autismo nasce, passa por acompanhamento médico, preparação social por parte da família e, após, pela inclusão escolar por parte do docente, o que nos mostra que ambos os profissionais e demais pessoas que trabalham ou convivem com o autista possuem um papel específico e, juntos, completam e totalizam a inclusão deste sujeito. É feito um jogo de quebra-cabeça onde cada um representa uma peça e o jogo só se dá por completo quando todas as peças se encaixam.

A família (principalmente os pais) e a escola (principalmente o docente que trabalha diretamente com o aluno) passam a precisar uma da outra para que consigam realizar seus papeis de maneira adequada. O trabalho de cada um, sob a vida e desenvolvimento do autista, não depende do outro, ou seja, a família pode conseguir atingir seus resultados esperados “sozinha” assim como a escola também pode. Porém, o trabalho conjunto é de tamanha importância, pois torna mais fácil este processo de adaptação e inclusão do sujeito autista na escola e na sociedade. Tudo porque existirão características e necessidades do autista que apenas a família conhece, assim como características e necessidades do autista que apenas a escola percebeu. Além disso, para que o processo de inclusão funcione da melhor maneira em toda a trajetória do autista, e não só momentaneamente, é preciso que ambos (escola e família) continuem sempre fazendo sua parte e exercendo seu papel. Pois, como o autismo se trata de uma desordem que afeta algumas capacidades do sujeito, é preciso que o autista esteja sempre em acompanhamento, para que não se percam os avanços que foram obtidos com anos de esforço e dedicação. Este é mais um fator que exemplifica a importância da família e da escola exercerem seus papeis e, preferencialmente, tomarem conhecimento do papel do outro (família – escola / escola – família), pois assim podem acompanhar, ajudar e até cobrar o exercício de suas funções, pensando sempre no bem que fazem para a vida do autista.

Através da metáfora do quebra-cabeça, é possível compreender a magnitude do trabalho conjunto entre a família e a escola, pois ambas podem se comunicar com frequência e passar informações sobre o sujeito, para que todos saibam as melhores maneiras de atendê-lo. A família prepara o sujeito no âmbito cognitivo, para que possa e consiga ingressar no mundo escolar e social sem maiores dificuldades, fazendo que o sujeito tome conhecimento de si mesmo e do mundo que o cerca; e a escola prepara o sujeito no âmbito metacognitivo, para que o sujeito possa aprender melhor e mais a fundo sobre suas capacidades de compreensão. Assim, o trabalho fica mais agradável, facilitador e positivo para todos.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho pode-se verificar a importância da atuação familiar e escolar na vida dos alunos autistas, a fim de descobrir o melhor caminho para o sucesso na inclusão do mesmo. O tema do trabalho concentrou-se em analisar como se dá o processo de inclusão escolar de sujeitos autistas e qual o papel que a família tem nesta inclusão. Além disso, estudou-se a práxis docente para entender o trabalho que pode ser realizado em sala de aula e as devidas abordagens que devem ser utilizadas para um bom rendimento escolar e uma boa convivência e trabalho em sala de aula. A análise de dados, uma análise qualitativa, desenvolveu-se visando atender aos objetivos da pesquisa.

Para obter os dados necessários e perceber como se dá todo o processo de inclusão, utilizou-se um estudo bibliográfico mostrando desde a história da Educação Inclusiva, passando por suas legislações, conhecendo o autismo, percebendo o papel do professor perante seus alunos autistas, até chegar ao estudo aprofundado no que diz respeito à práxis docente e ao papel familiar para, por fim, entender a grande importância de um trabalho conjunto para conseguir suprir da melhor maneira com as necessidades do aluno autista.

Neste sentido, pode-se perceber que o autismo, por ser um transtorno que afeta diretamente o desenvolvimento do sujeito, torna-se um desafio quando diz respeito ao processo de inclusão, sendo ela social ou escolar. Entender o papel fundamental que a família tem na vida do autista é o primeiro passo para que a inclusão se dê da melhor maneira. Sendo assim, a família precisa aceitar o autista e entendê-lo. Quando se fala em processo de inclusão, não se refere apenas à garantia de acesso do aluno à escola, mas sim em um fornecimento de suporte técnico e serviços oferecidos pela escola, para que todos os alunos tenham acesso a toda estrutura escolar. A inclusão, portanto, resulta em mudanças na perspectiva educacional.

O papel da família frente ao processo de inclusão é aceitar, entender e conhecer o autismo e o autista, para que se busquem os auxílios necessários para um melhor desenvolvimento da vida do sujeito. Além disso, é através da família que o autista entenderá que existe um mundo a sua volta, fazendo com que a criança se prepare mesmo dentro de suas limitações, para conviver em sociedade. A partir do papel familiar, entra em questão o papel da escola para que a inclusão continue sendo realizada da melhor maneira possível. Para isso é preciso que o docente esteja preparado para receber o aluno com todas suas dificuldades e limitações. Através de um conhecimento prévio do diagnóstico e histórico do aluno autista, é possível que o docente entenda o quadro do sujeito e elabore suas aulas a fim de incluir todos os alunos da turma.

Pensando no papel fundamental da família e na práxis docente para a realização de uma adequada inclusão, é possível perceber a importância da família e do docente trabalharem em conjunto. Assim, unem-se forças e se estabelecem estratégias para que, com a cooperação de todos, o autista seja atendido e incluído de maneira satisfatória tanto para si quanto para sua família, que aguarda diariamente por mudanças positivas no desenvolvimento do autista, e para a escola, que além de ter o dever de incluir, sabe que é parte responsável pela mudança na vida dos seus alunos e certamente também espera por resultados positivos no final de seu trabalho.

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Publicado por: Carolina Janke Faustino da Silva

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