Perfil de lesões em atletas praticantes de crossfit: revisão sistemática

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1. RESUMO

CrossFit® é definido como uma junção de movimentos funcionais sendo frequentemente variados e realizados em intensidade alta. O objetivo deste estudo é mostrar um perfil de lesões em praticantes de CrossFit® através de revisão bibliográfica por meio de buscas na internet onde foi incluso artigos com os idiomas inglês ou português, sobre lesões de modo geral e que obedecem aos critérios PICO explicitado. Um total de 7 artigos foram selecionados onde a prevalência variou entre 14,4% a 56,2%, a incidência de 2,3 a 2,71, os locais frequentemente citados como mais acometidos foram o ombro, joelho e lombar respectivamente e os exercícios que podem estar com maior frequência ligados a estas lesões são levantamento de peso e movimentos ginásticos. Os achados neste estudo ajudam a criar um programa de prevenção de lesões, pois é importante estar ciente da taxa de lesões e fatores associados ao esporte.

Palavras-chave: CrossFit; Lesão; Prevalência; Incidência

ABSTRACT

CrossFit® is defined as a junction of low variability and high-performance roadmaps. The objective of this study is to show a profile of lesions in CrossFit® practitioners through a bibliographical review for the medium of Internet searches, which includes articles based on Portuguese or about rules in general and that obey the criteria of the PICO explicit. A total of 7 articles were found where legislation was varied between 14.2% and 2.72%. The exercises can be more intensive linked to these actions. The last of this study was the creation of a program of injury interdiction, an important issue being the evolution of injuries and factors associated with sports.

Keywords: CrossFit; Injury; Prevalence; Incidence

2. INTRODUÇÃO

Em meados dos anos de 1990, uma nova forma de exercício surgiu nos Estados Unidos (Belger, 2012). Greg Glassman, natural da Califórnia, EUA, nascido no ano de 1956, criou um programa de exercícios chamado CrossFit®, que foi fundado como uma empresa de fitness em 2000. CrossFit® é definido como um conjunto de movimentos funcionais sendo constantemente variados e realizados em alta intensidade (TIBANA; ALMEIDA; PRESTES, 2015).

CrossFit® declara-se como uma nova metodologia de treinamento físico que vem se popularizando desde seu início e implementação. No mundo, são aproximadamente 12 mil academias certificadas e registradas, no Brasil cerca de 440 estabelecimentos com aproximadamente 40 mil praticantes e atletas. (DOMINSKI et al. 2018).

O CrossFit® tem o objetivo de promover aptidão física desenvolvendo elementos como capacidade aeróbia, força, resistência, velocidade, coordenação, agilidade e equilíbrio, através da execução de exercícios funcionais, fazendo parte do modelo os exercícios de levantamento olímpico, movimentos ginásticos e de condicionamento aeróbio onde estes são executados em alta intensidade (DOMINSKI et al., 2018). As sessões de treino, geralmente em grupos, são aplicadas e divididas basicamente em três momentos:

Aquecimento, realizado em baixos níveis de complexidade, como forma de preparação do corpo para os próximos exercícios.

“Skill” é um momento onde é trabalhado a habilidade, podendo ser o aprendizado de um novo movimento ou composto por séries de exercícios de força;

WOD que é a sigla para work out of the day ou treino do dia. O WOD é caracterizado por combinações de diferentes tipos de esforços com distintas durações. Ex: movimentos da ginastica, LPO (levantamento de peso olímpico) e corrida. Sempre priorizando a execução em alta intensidade. (KUHN, 2013; SMITH et al., 2013; KNAPIK, 2015; TIBANA et al., 2015).

O CrossFit utiliza um método de escalabilidade, onde é utilizado progressões de carga, habilidade e/ou flexibilidade onde indivíduos de níveis variados podem executar um treino similar (MONTALVO et al. 2017).

É evidente o atual interesse de pesquisadores e da população em atividades físicas nas quais prevalecem a alta intensidade. Estudos mostram que o treinamento de alta intensidade proporciona melhores resultados na aptidão física e na saúde num intervalo de tempo menor, quando comparado aos métodos de treinamento tradicionais (DOMINSKI et al., 2018). No entanto, é questionável se seriam seguros executar movimentos complexos em níveis altos de fadiga (SOUZA; ARRUDA; GENTIL, 2016).

Os fatores de risco para instalação de lesões do esporte têm sido pesquisados no sentido de facilitar o entendimento sobre o assunto. Segundo (Kettunen et al., 2001), o aumento da necessidade de exercícios contemporâneos e competitivos provocou o aumento paralelo no risco de lesões, preocupando praticantes, treinadores e profissionais da saúde em todas as esferas de rendimento.

Para criar um programa de prevenção de lesões, é importante estar ciente da taxa de lesões e fatores associados à lesão em um esporte (Nilstad, Andersen, Bahr, Holme, & Steffen, 2014).

Quando se conhecem as causas que elevam a incidência na ocorrência de lesões desportivas, pode-se adotar medidas preventivas reduzindo os problemas que os seguem (SIMÕES, 2005). Com este pressuposto, o estudo se faz importante para identificar os fatores causais aos quais participantes da modalidade CrossFit®estão sujeitos e fazer uso destas informações para que praticantes e profissionais envolvidos possam prevenir e minimizar as ocorrências.

3. METODOLOGIA

A recomendação PRISMA foi utilizada como protocolo de revisão onde pode ser acessado no endereço eletrônico a baixo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222015000200335

O PRISMA consiste em um checklist com 27 itens e um fluxograma de quatro etapas, onde o objetivo se traduz em ajudar autores a melhorarem o relato de revisões sistemáticas e meta-análises. (GALVÃO; PANSANI; HARRAD, 2015)

Como a internet possui parte significativa da produção científica mundial, este método foi utilizado. A busca foi feita utilizando combinações dos termos CrossFit®, enjury, epidemiologia, epidemiology e lesão. As bases de dados utilizadas foram CAPES, Google Acadêmico, Pubmed, Scielo, ERIC, BDTD e ScienceResearch. A busca pelos estudos iniciou no mês de agosto de 2018 e encerrou no dia 21 do mesmo mês onde foi encontrado ao final das buscas um total de 206 artigos. Prosseguiu-se com a leitura do título e do resumo onde foi descartado os que não estivessem escritos nos idiomas português ou inglês, possuíam como objetivo lesão de maneira ampla como tema, artigos repetidos, revisões de estudos e o acesso à íntegra do documento.

Para que fosse feita a análise total do artigo era necessário que ele fosse sobre lesões sem restrição de locais e com amostra de atletas praticantes de CrossFit®, podendo ser abordagem quantitativa, qualitativa ou mista. A elegibilidade foi feita de acordo com os critérios PICOS de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1 - Critérios segundo a estratégia PICOS de inclusão e exclusão dos estudos

 

Definição

Inclusão

Exclusão

P

Participate (Participante ou problema)

Praticante de CrossFit®

Praticantes que usam de artifícios onde possam alterar sua condição física. Ex: terapias alternativas e massagens.

I

Intervention (intervenção)

CrossFit®

-

C

Comparsion (controle ou comparação)

Indivíduos saudáveis ou não, grupos de outras modalidades de exercícios físicos ou grupo controle sem intervenção.

-

O

Outcome (desfecho)

Lesões

-

S

Study (estudo)

Estudo controlado randomizado e não randomizado

Revisão e meta-análise

4. RESULTADOS

A busca resultou num total de 206 artigos, onde foram excluídos os duplicados (n=77), pelo título (n=53), língua estrangeira não sendo o inglês (n=15), pelo tema (n=38), revisão (n=10), acesso ao estudo na íntegra (n=6). Utilizando a extração dos artigos que não apresentaram os critérios de inclusão, restou 7 artigos que fazem parte desta revisão (Figura 1).

Figura 1 - Fluxograma dos critérios de Inclusão e exclusão.

Para verificar a qualidade metodológica de acordo com os critérios STROBE onde são relacionados às informações que deveriam estar presentes no título, resumo, introdução, metodologia, resultados e discussões. Dezoito itens comuns a estudos de coorte, caso-controle e estudos seccionais e quatro itens são específicos para cada um desses itens citados (MALTA et al., 2010). A aderência aos critérios variou entre 45,5% a 81,8%. A divisão e os pontos em cada item pode ser visto na tabela 2.

Tabela 2 - Pontuação segundo critérios STROBE

Autores

Título e Resumo

Introdução

Métodos

Resultados

Discussão

Outras Informações

Total

Sprey et al.

1/1

2/2

6/9

4/5

4/4

0/1

17 (77,2%)

Montalvo et al.

0/1

2/2

2/9

4/5

3/4

0/1

13 (59%)

Weisenthal et al.

1/1

2/2

7/9

4/5

4/4

0/1

18(81,8)

Aune e Powers

1/1

1,5/2

6,5/9

4,5/5

2/4

0/1

15,5 (70,4%)

Xavier e Lopes

1/1

2/2

4/9

5/5

3/4

0/1

15 (68%)

Lopes

1/1

2/2

3/9

2/5

2/4

0/1

10 (45,5%)

Arcanjo et al.

1/1

2/2

4/9

2/5

2/4

0/1

11 (50%)

A resultante da amostra nos estudos selecionados variou entre 97 e 566, totalizando 1.819 sujeitos sendo 1.036 homens e 783 mulheres. A média de idade dos sujeitos variou entre de 30,6 a 38,9 e a faixa etária de 18 a 69 anos.

A prevalência de lesões nos estudos variou entre 19,4% e 56%. A taxa de lesões a cada 1.000 horas de treinamento de CrossFit® variou de 2,3 a 2,71 como apresentado na tabela 3.

Tabela 3 - Compilado de resultados

Autores

 

Homens

Mulheres

Idade (média)

População

Prevalência

Tipo de lesão

Incidência

Sprey et al.

566

 

323

243

31,4

Praticantes

31%

-

-

Montalvo et al.

191

 

94

97

31

Atletas

26,17%

Mais agudas que crônicas

2,3

Weisenthal et al.

386

 

231

150

18 a 69

Praticantes

19,4%

Inflamação, entorse e luxação

-

Aune e Powers

247

 

139

105

38,9

Praticantes

34%

 

2,71

Xavier e Lopes

137

 

77

60

31,1

Praticantes

56%

 

-

Lopes

97

 

60

37

32

Praticantes

30,2%

Afecção dos ligamentos, tendinopatias e fadiga muscular

-

Arcanjo et al.

195

 

112

83

30,63

Atletas após competição

32,8%

 

-

A prevalência de 32,8% incluída no gráfico do autor Arcanjo et al. (2018) foi presumido, pois o artigo não cita explicitamente como prevalência. A presunção vem deste trecho: “Ao serem questionados quanto à existência de sintomas musculoesqueléticos antes da competição, apenas 32,8% dos indivíduos referiram que existiam queixas…”, (ARCANJO et al., 2018), portanto, pode não traduzir um valor real de prevalência dentro desta população.

Os locais citados como mais acometidos por lesões foram o ombro, joelho e lombar. Sprey et al. (2016) não obtinha estas informações e Arcanjo et al. (2018) por ser um estudo recorte sobre a busca por serviços de fisioterapia após uma competição de Crossfit, os locais mencionados eram relatos de dor, fadiga e dor articular oriundos da competição, portanto, não considerados lesões. Mesmo não sendo lesões os sintomas estavam localizados nas mesmas regiões sendo o quadríceps (25,8%), a região lombar (13,1%) e o ombro (11,9). Dos que buscaram o serviço de fisioterapia 42,6% referiram fadiga e 38,2% dor articular. Os outros 6 estudos estão dispostos na tabela 4.

Tabela 4 - Percentual do total de lesões nos locais com maior prevalência

Autores

Ombro

Joelho

Lombar

Sprey et al.

-

-

-

Montalvo et al.

22,5

16,12

12,90

Weisenthal et al.

25

13

14

Aune e Powers.

36

39

30

Xavier e Lopes

44,2

35,1

40,3

Lopes

28

25

42

Arcanjo et al.

-

-

-

Foram vários os fatores associados à lesão, os mais citados são tempo de prática em 4 relatos, sexo 3 relatos e idade e exercício específico 2 relatos cada. De maneira discordante foram encontrados sexo com e idade com 3 relatos cada e outros vários citados apenas uma vez como fatores não associados às lesões. (Quadro 1)

Autores

Fatores associados à lesão

Fatores não associados à lesão

Resultados

Sprey et al.

Tempo de prática

Sexo e idade

35% dos lesionados tinham mais de 6 meses de prática enquanto 70% dos praticantes lesionados tinham menos de 6 meses.

Montalvo et al.

Tempo de prática, exercício físico extra, estatura.

Idade, sexo, tamanho do grupo, número de treinadores, anos de atividade e participante de competição.

Lesionados tinham maior tempo de prática e horas semanais em relação aos não lesionados. Outros exercícios em conjunto com o CrossFit® causaram 2,3 vezes mais chance de lesão. Os indivíduos com maior estatura possuem maior risco de lesão.

Weisenthal et al.

Sexo, tipo de exercício e supervisão de um profissional.

Idade, tempo global e semanal de treinamento.

Homens tendem a se lesionarem com maior frequência em comparação às mulheres. A articulação que teve maior ocorrência de lesão nos movimentos ginásticos foi a do ombro. A lombar foi a que teve maior índice nos exercícios de Powerlifting e a orientação foi significativa na redução das taxas.

Aune; Powers

 Lesão prévia, tempo de prática, esforço excessivo, exercícios específicos e técnica inadequada.

 Sexo.

Lesionados anteriormente no ombro foi 8,1 vezes mais propenso a uma nova lesão. Atletas inexperientes foram 2,5 vezes mais do que atletas com mais de 6 meses de experiência. 35% das lesões foi por esforço excessivo e 20% técnica inadequada.

Xavier; Lopes

Sexo, idade, massa, quantidade de treino semanal, tempo de prática.

Uso de suplementação, uso de bebida alcóolica e o uso do tabaco.

Homens apresentam chance de lesão 2,917 vezes maior que mulheres. Lesionados apresentaram tempo médio de prática de atividade física maior, os indivíduos que treinam mais de uma hora por dia tiveram 2,785 vezes mais que os que treinam menos de uma hora por dia. Grande parte das lesões ocorreram em indivíduos que treinavam mais de 3 vezes por semana.

Lopes et al.

Sexo, idade.

-

A correlação demonstra que quanto maior a idade, mais chances o indivíduo tem de se lesionar.

 

Arcanjo et al.

Não se aplica

Não se aplica

32,8% dos indivíduos referiram que existiam queixas anteriores.,

Quadro 1 - Fatores associados e não associados à lesão

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com frequencia os WOD’S são estruturados a maximizar as repetições e a carga em tempo reduzido, objetivando alta demanda cardio-metabólica a nível de competitividade, são exercícios em intensidade elevada onde propõe-se aprimorar as três vias metabólicas e também  a velocidade, vigor, agilidade, precisão, força, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade, equilíbrio, potência e coordenação fazendo uso de exercícios do levantamento de peso olímpico e movimentos da ginástica (TIBANA; DE ALMEIDA; PRESTES, 2015). Desenvolvendo uma variedade de trabalhos o CrossFit® faz com que seus praticantes evoluam de forma global em curto tempo, podendo explicar seu crescimento nos últimos anos (LOPES et al., 2018, apud Bellar, Hatchett, Judge, Breaux, & Marcus, 2015).

A prevalência variou entre 19,4% a 56,2%. Se comparado à prevalência do futebol, esporte mais popular no Brasil, em apenas uma temporada de treinamento com atletas amadores e profissionais se obteve 57 a 61,8% em dois estudos (SPREY et al., 2016).

Dos 7 estudos revisados, apenas dois apresentaram incidência estimada por 1000 horas. O uso de estimativa foi pelo fato de não ter sido acompanhado o período de exposição dos participantes integralmente. Montalvo et al. (2017) mostrou uma incidência de 2,3/1000hrs e Aune e Powers (2016) incidência de 2,71/100hrs. Ambos relataram possuir viés onde estes valores possam não representar a realidade, pois em Montalvo et. al. (2017) os relatos foram auto referidos e não confirmados através de diagnóstico clínico, e as academias participantes eram propriedade de uma mesma pessoa sugerindo possuir condições de segurança similares, reduzindo a possibilidade de expressar a realidade. Aune e Powers (2016) também citou que os dados foram obtidos pela própria percepção do participante, lesão não foi claramente definido e a pesquisa foi distribuída em apenas um fórum on-line de Crossfit.

Os índices por mil horas deste estudo estão dentro da margem de índices de esportes que utilizam exercícios de força onde mostraram de uma a sete lesões em mil horas de treinamento, no estudo em questão os participantes tinham hábitos extremos de atividade física (GUIMARÃES et al., 2017).

Em vários esportes que exigem tanto de competidores como de praticantes recreacionais capacidades fisiológicas e biomecânicas diferentes, o CrossFit® tem menor incidência de ter lesões por mil horas de treino segundo Xavier e Lopes (2017). Achados comparados em relação à incidência por 1000 horas em diferentes esportes mostra que a taxa de incidência dos estudos revisados é relativamente baixa e aproxima-se com o levantamento de peso onde há no programa de CrossFit® os mesmos movimentos e atividades recreacionais (AUNE E POWERS, 2017). Acompanhe no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Incidência/100hrs

Em Weisenthal et al. (2014), os participantes relaram que a maior parte das lesões ocorrem no levantamento de peso e ginastica (40%). Montalvo et al. (2017) sugere que movimentos desses esportes contribui para a maioria das lesões. Achados de Arcanjo et al., 2016 insinua que a causa das lesões no levantamento de peso olímpico pode ser pela fadiga, pois o acumulo do lactato sérico teve maiores concentrações pela utilização predominante de fibras musculares do tipo II (fibra branca) mais susceptíveis à fadiga, pois o CrossFit® possui como característica a utilização de grande variedade de exercícios que são combinados e frequentemente executados em alta intensidade com repetições rápidas e intermitentes executadas com pouco ou nenhum tempo de recuperação (WEISENTAL et al., 2014). A combinação de fadiga, exercícios anaeróbicos complexos, estresse físico e mental e alta intensidade pode reduzir a concentração e a técnica colocando os atletas em risco acentuado de lesão e aumentar a vulnerabilidade imunológica, além disso dores musculoesqueléticas (MONTALVO et al. 2017; DE SOUSA; ARRUDA; GENTIL, 2017). A alta intensidade, o baixo tempo de descanso e volume de exercício também pode ser a causa da fadiga mecânica, somando isso à exigência técnica de alguns exercícios do CrossFit® pode causar lesão por falha na execução dos exercícios (ARCANJO et al., 2018 apud SMILIOS et al., 2010).

No estudo de Hooper et al. (2014) foi relativizado a carga para os indivíduos no exercício de agachamento livre e mesmo assim não foi suficiente para evitar que fosse prejudicado o padrão motor do exercício ao longo da série, concluindo que realizar exercícios de alta complexidade em exaustão diminui a eficiência técnica e assim a segurança do esportista. A baixa estabilidade do quadril pode acabar recrutando o musculo reto femoral para compensar, aumentando os riscos na articulação do joelho. (ARCANJO et. al., 2018, apud DE SOUZA et. al., 2017).

Aune e Powers (2016) mostram que a maioria das lesões ocorrem em exercícios com halteres, argolas, barra para elevações (pull up), kettlebell e medicine ball, e pouco mais da metade das lesões foram causadas pelo levantamento de peso olímpico com a utilização do snatch ou do clean e jerk. Também levantaram 13 exercícios mais aplicados, e destes os que foram os mais propensos a lesionar foram squat cleans, ring dips, overhead squats e push presses.

Percebe-se que existe uma concordância entre os exercícios mais citados, aparelhos usados e os locais mais relatados pelos praticantes, ombro, joelho e lombar respectivamente.

Reincidentes em lesões no braço ou ombro possuem predisposição à nova lesão no mesmo lugar (AUNE E POWERS, 2017). Em achados de Montalvo et al. (2017) a incidência no ombro foi de 1,18/1000 horas de treino enfatizando que esse valor foi mais que o dobro achado em um estudo onde se observava lesões no ombro. Aune e Powers (2017) expuseram que não só as lesões no ombro foram as mais frequentes, mas também ocorrerão com maior gravidade.

Achados de Arcanjo et al. (2018) sugerem que movimentos ginásticos ou de levantamento de peso por serem executados, em grande parte, em alta intensidade e número de repetições, podem levar a uma mecânica fraca colocando a articulação do ombro em risco, sugerindo que a falta da técnica correta pela extrema fadiga nos exercícios do powerlifting e suas variações, sobrecarreguem os músculos estabilizadores colocando estresse em toda coluna torácica e lombar. Lopes et al. (2018) diz que ouve predominância nas articulações mais instáveis do corpo, cita punho, ombro e coluna lombar e indica relação com a carga e repetições. Apanhados de Weisenthal et al. (2014) com levantadores de peso de elite demonstraram também uma predominância de lesões no ombro, lombar e joelho. Para Aune e Powers (2016) fica difícil especificar a causa da lesão devido a interrelação de vários fatores, a exemplo determinar se era o fato de executar em técnica inadequada ou perigosamente com altos volumes apontando para esforço excessivo ou fadiga. Hábitos extremos de atividade física seja sedentário ou adeptos superativos comprometem a saúde.

Disfunção clínica e doença musculoesquelética possuem 2,7 e 2,6 vezes mais chances de sofrer lesão respectivamente. Atletas que relataram em seu histórico lesões no tronco, costas, cabeça e no pescoço possuem 5,8 vezes mais chances de lesionar a mesma área, e quando possuíam lesão prévia no ombro ou braço, são 8,1 vezes mais propensos a nova lesão nesta área (AUNE; POWERS, 2016).

Atletas com menos de 6 meses de prática possuem mais chances de se lesionar ao comparado com atletas com período de treino maior. E segundo auto relatos dos entrevistados, as causas mais frequentes foram esforço excessivo, técnica inadequada ou predisposição de uma lesão anterior (AUNE; POWERS, 2016; SPREY et al., 2016; XAVIER E LOPES, 2017). Ainda para Sprey et al. (2016) sujeitos que praticam a mais de 6 meses tem 70% de chances de lesão independente de outros fatores. Em concorrência com estes dados o estudo de Montalvo et al. (2017) os lesionados eram os que praticavam o CrossFit por mais tempo e a justificativa para esse achado foi que, com o ganho de habilidade os atletas escalam para movimentos mais técnicos e com cargas maiores aumentando o risco de lesão.

Nos estudos de Xavier e Lopes (2017) o tempo médio de duração da lesão foi 10,8 dias, tiveram 2 atendimentos de urgência e 20 praticantes se ausentaram do trabalho. Os lesionados em sua maioria praticavam o CrossFit® ao menos 3 vezes por semana e com média de 90 minutos diários, gerando um provável excesso e sendo um possível causador. De modo diferenciado Sprey et al. (2016) não encontrou significância na frequência semanal, outros esportes em paralelo e tempo de descanso, Wiesenthal et al. (2014) não mostrou diferenças na duração da sessão de treino e quantidade de dias na semana. Mesmo com divergências é interessante expressar a visão de Aune e Powers (2017) onde propõe que treinadores e atletas prestem atenção no treino sob efeitos de fadiga ou na má execução da técnica.

No estudo da área de fisioterapia, Arcanjo et al. (2018) recomenda progressões graduais, descanso entre treinos e supervisão dos treinadores além de conscientização do praticante. A supervisão foi um fator que reduziu a taxa de lesões em Weisenthal et al. (2014) sendo as mulheres as que mais buscavam esta orientação.

No estudo de A[FDMS1] storino et al. (2017) onde tinha como objetivo analisar a magnitude e o rumo dos efeitos da participação a curto prazo no CrossFit em medidas de saúde e aptidão onde seis participantes completaram quatro semanas de treinamento com amostragem pré e pós intervenção. Foi verificado melhoras na maioria dos parâmetros da saúde e aptidão dos indivíduos, entretanto com variações negativas na condição inflamatória e no desempenho, o autor sugere que pode ser provável que tenham atingido um estado de overreaching funcional. Mantendo a intensidade de treinamento não monitorada, manter a participação pode resultar num individuo com overtraining que ocorre quando há um desequilíbrio entre estresse e recuperação, ou seja, carga excessiva com regeneração insuficiente.

Dos lesionados no estudo de Weisenthal et al. (2014) 10,4% consumiam algum tipo de bebida alcoólica e faziam uso do cigarro. Estes fatores foram relatados como fatores associados à lesão. Curiosamente 40,3% dos acometidos utilizavam algum tipo de suplemento, o uso não foi associado à lesão, mas sim o anseio pelo rendimento. Montalvo et al. (2017) mostra que praticantes de CrossFit® que treinam outro esporte em conjunto tem 2,3 vezes mais chances de se lesionar, e indivíduos inexperientes possuem maior risco de se lesionarem na prática do CrossFit® segundo Sprey et al. (2016); Aune e Powers (2016); Montalvo et al. (2017).

As lesões desportivas em Lopes et al. (2018) foram descritas por possível execução errada ou à exaustão, onde em sua maioria geraram tendinopatias e lesões ligamentares (25% cada). E de maneira única entre os estudos foi relacionado a idade média de 32 anos e o custo médio alto para se praticar o esporte, sugerindo que a idade é devido a estarem, os praticantes, numa situação financeira mais resolvida. A idade média dos outros estudos ficou próxima, como visto na tabela 2. Também se observou que quanto maior a idade, maior a quantidade de lesões. Para Weisenthal et al. (2014), Sprey et al. (2016), Aune e Powers (2017) e Montalvo et al. (2017) não encontraram diferenças significativas entre as taxas de lesão em relação ao sexo ou faixa etária. Já em Xavier e Lopes (2018) o sexo masculino teve 2,9 vezes mais lesões.

A altura teve significância para Montalvo et al. (2017) onde relata possível conclusão por terem amplitudes mecânicas maiores além de especular provável carga superior em relação à altura. Sprey et al. (2016) teve resultados contrario quanto à altura e ainda incluiu a massa fomo fator expressivo. A massa para Xavier e Lopes (2017) foi fator relevante no acometimento de lesão.

Atletas de CrossFit são usualmente sujeitos jovens, possuem experiências em outros esportes e uma rotina de treino ativa. Quando perguntado o motivo da escolha por essa modalidade, os integrantes relataram que é pela monotonia de treinos convencionais incluído musculação (SPREY et al., (2016).

Arcanjo et al. (2018) foi um estudo pouco diferente dos demais, pois ao invés de procurar saber sobre lesões, este teve como objetivo, verificar a procura por serviços de fisioterapia após uma competição de CrossFit, portanto a maneira de observar o atleta foi diferente o que tornou este estudo um complemento importante.   Dos participantes que procuraram o serviço de fisioterapia a maioria (59%) relatou exagero na intensidade da carga durante o exercício e de maneira copiosa a sintomatologia clínica dolorosa se deu em maior número no quadríceps (25,8%), lombar (13,1%) e ombro (11,9%) e os motivos que os levaram a ir no centro de fisioterapia pós prova foi fadiga muscular (42,6%) e dor articular (30,8%). Esta competição possuiu três níveis de dificuldade, onde a maior procura pelos serviços da fisioterapia era o de menor nível de dificuldade, propuseram ser falta de adaptação ou técnica incorreta de algum exercício. As causas prováveis aos demais foram sobrecarga muscular para determinados movimentos e a sintomatologia na lombar foi apresentada como possível fraqueza dos músculos estabilizadores do tronco no suporte da carga. E propõe o envolvimento de profissionais da fisioterapia unidos aos educadores físicos para ajudar a prevenir e tratar o sintoma agudo, acelerando a recuperação, reduzindo a fadiga pós treino e por consequência diminuindo taxas de lesões.

Em Sprey et al. (2016) 42% procuraram um profissional da saúde para diagnóstico e tratamento da lesão, 33% modificaram a rotina normal e 42% tiveram que parar o regime de treinamento. Os relatos de Weisethal et al. (2014) mostraram comumente inflamação geral e dor, seguidos de entorse/distensão e com menor frequencia ruptura e luxação e alerta que a dor pode ter sido confundida com lesão. A maioria das lesões foram relatadas como agudas e bem leves e salienta uma possível discrepância pelo potencial viés de memória. As lesões declaradas em Montalvo et al. (2017) foram em maioria agudas, 50% relataram perda de desempenho no treino, 20% teve de se abster e outros 20% deixaram de fazer algum exercício específico. Metade dos lesionados procuraram ajuda médica. Dos participantes do estudo de Xavier e Lopes (2017) 39% precisaram tratamento de urgência e 26% deixaram de ir trabalhar em razão da lesão. Nos achados de Lopes et al. (2018) 44,4% necessitou afastamento do treino e destas teve predominância tendinopatias seguido de fadiga muscular e finalmente Aune e Powers (2017) das lesões no ombro 47% necessitou de intervenção médica, incluindo cirurgia.

Ao observar os achados até o momento fica claro que é necessário possuir cuidados em relação à pratica. Aune e Powers (2017) aconselha para atletas e treinados tomar ciência das habilidades funcionais dos atletas enfatizando os que sofreram lesão no ombro no passado, e pode ser interessante a alteração de exercícios para aqueles que possuem limitações no ombro. Weisenthal et al. (2014) confirma os cuidados no ombro, e ainda detectou que em academias que possuíam um sistema de treino específico para iniciantes a taxa de lesão foi reduzida (18,5% contra 25,9). Mesmo não tido sido estatisticamente significante, pode ser interessante a utilização de um programa para iniciantes. Aos olhos da fisioterapia, Arcanjo et al. (2018) recomendam que qualquer modalidade realizada em alta intensidade deve ministrar cuidados como avaliações fisioterapêuticas individuais, progressões graduais nos treinos, período de descanso suficiente entre os treinos, percepção do próprio atleta em relação às suas limitações e supervisão de treinadores.

A supervisão de um treinador foi um fator que reduziu a taxa de lesões no estudo de Weisenthal et al (2014). Nos Estados Unidos, o dono de academia deve possuir somente a certificação CrossFit level 1, portanto segundo a marca Crossfit as academias que não apresentarem bons resultados o mercado é quem vai tomar providências sobre sua melhora ou fechamento. Mesmo divergindo da realidade no Brasil onde há outros requisitos como um profissional com curso superior, o mesmo pensamento pode ser aplicado aqui e assim sendo é importante que haja um profissional qualificado presente e participante corrigindo e orientando.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo mostra de modo sistemático um perfil de lesões no Crossfit. Apresenta que a incidência é inferior à esportes recreacionais, possibilita que profissionais da saúde, esportistas e educadores físicos possam criar estratégias que evitem lesões, principalmente no ombro, coluna lombar e joelho. Os exercícios de pesos livres, principalmente o levantamento de peso, e os ginásticos são os que exigem maior atenção.

A falta de compreensão da língua inglesa limitou nosso estudo, pois, durante a tradução em todas as etapas da metodologia, podemos ter sido negligentes em algum aspecto. Seja na interpretação ou na incorreta tradução podendo ter ficado de fora estudos que enriqueceriam nossos dados e talvez mostrando novas visões.

Maiores estudos se fazem necessário, principalmente para a obtenção de dados sobre a incidência, pois segundo a metodologia empregada pelas pesquisas aqui revisadas, estas possuem brechas nas quais os números não representem a realidade. Requer uma pesquisa com acompanhamento dos participantes em toda a extensão do processo para aumentar a confiabilidade dos dados.

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Publicado por: Hercules Da Luz

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