MANIFESTAÇÃO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

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1. RESUMO

A inteligência humana costuma causar grande interesse por parte das pessoas de modo geral. O objetivo deste estudo foi verificar como as inteligências múltiplas são manifestadas nas aulas de Educação Física Escolar. Este estudo foi realizado através de um levantamento bibliográfico utilizando o método de revisão integrativa. As buscas das publicações foram realizadas nas seguintes bases de dados Portal CAPES e SCIELO entre os anos de 2007 até 2017, utilizando os descritores: Educação Física e Inteligências Múltiplas. Os resultados mostram que os temas mais abordados dentre os artigos que foram encontrados foram aqueles que relacionam as IM com os esportes, jogos, e os que retratam uma visão voltada para inclusão. Mesmo em tempos modernos, chegamos a conclusão que a educação brasileira ainda tem traços fortes do industrialismo, da educação tradicional, que encara os alunos como robôs, em vez de estimular a criticidade, a autonomia, e as inteligências de forma global.

Palavras-chave: Inteligências Múltiplas; Educação Física; Educação Física Escolar

ABSTRACT

Human intelligence usually causes great interest on the part of people in general, we can define intelligence as the ability of each individual to solve problems efficiently, this study is based on the theory of multiple intelligences of Psychologist and Professor Howard Gardner, which divides intelligence in eight different fields based on anthropology, history, psychology, genetics, and neurology, bringing a new perspective of intelligence. The purpose of this study was to verify and describe how the multiple intelligences are manifested in the School Physical Education classes. This study was carried out through a bibliographical survey using the integrative review method. The searches of the publications were carried out in the following databases CAPES and SCIELO Portal between the years 2007 to 2017, using the descriptors: Physical Education and Multiple Intelligences. The results show that the most discussed topics among the articles that were found were those that relate IMs to sports, games, and those that portray a vision for inclusion. Even in modern times, we have the conclusion that Brazilian education still has strong traits of industrialism, traditional education, which views students as robots instead of stimulating criticity, autonomy, and intelligences globally.

Keywords: Multiple Intelligences, Physical Education; School Physical Education

2. INTRODUÇÃO

Estudos relatam que a inteligência humana tem sido o desafio de vários pesquisadores nas mais diversas áreas, as teorias baseadas na psicométrica permaneceram durante muito tempo. Contrariando essas ideias o autor das inteligências múltiplas, o Psicólogo norte-americano Howard Gardner que é professor de Cognição e Educação na Universidade de Harvard, divide a inteligência humana em oito campos diferentes. Howard Gardner traz uma nova perspectiva de inteligência, para o autor todos os seres humanos são inteligentes.         

Em outro cenário a Educação Física relata em sua história, a questão do militarismo, tecnicista, desta forma percebe-se na área da EF que as práticas corporais não têm sido consideradas como manifestação da expressão da inteligência humana. Mediante este cenário este estudo tem como propósito investigar na literatura as questões referentes a inteligências e a Educação Física escolar, este estudo pode ser um norteador para os professores ao avaliar e planejar a suas aulas, podendo melhorar significativamente o desenvolvimento dos seus alunos. Esta investigação parte da seguinte questão, como os pesquisadores tem tratado as Inteligências Múltiplas nas aulas de Educação Física?

Para Gardner (1999) os professores devem usar o conhecimento sobre o desenvolvimento humano, seja ele dentro das diferenças individuais ou das influências culturais. O autor diz que a educação deve ser construída sobre duas bases, de um lado os professores precisam reconhecer as dificuldades que os alunos enfrentam, do outro, precisam entender as diferenças entre os seus alunos, avaliando e planejando práticas pedagógicas para que o conhecimento seja transmitido para maioria. A teoria das IM pode auxiliar no processo de ensino com pelo menos 3 maneiras, a primeira delas diz respeito a uma introdução de um determinado conteúdo, este tem de ser apresentado de uma forma que prenda a atenção dos alunos, isso vai manter a motivação deles, devido ao que é chamado na Psicologia como efeito de primazia, pois os alunos tendem a recordar primeiro da parte inicial, do que foi falado pelo professor. A segunda maneira diz respeito a um conjunto de analogias apropriadas para explicar conteúdos não convencionais, conteúdos que são pouco conhecidos para seus alunos, e a terceira se define pelas múltiplas possibilidades da representação de ideias centrais dos diversos conteúdos pedagógicos. O autor diz que o desafio pedagógico seria em definir qual o melhor ponto de partida para se chegar em determinados objetivos, devemos refletir sobre as potencialidades e limitações dos alunos, fazendo o uso de certas analogias, e linguagens específicas.

Ao escrever sobre as inteligências Gardner (1999) diz que procurou formas de avançar o conhecimento sobre as inteligências, dentro da ideia de que a inteligência é uma capacidade presente em todas as pessoas, se pensarmos amplamente podemos ver inúmeras manifestações de inteligência em diversos contextos da atividade humana, em diversas culturas, como o exemplo de líderes religiosos, atletas, artistas e músicos.

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Verificar as Inteligências Múltiplas no contexto da Educação Física

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar como as inteligências múltiplas são manifestadas nas aulas de Educação Física Escolar;

Descrever quais práticas pedagógicas são utilizadas pelos docentes no desenvolvimento das IM nas aulas de Educação Física Escolar;

Investigar como as inteligências múltiplas tem se manifestado no contexto da Educação Física escolar.

4. CONCEITOS DE INTELIGÊNCIA

O intelecto humano deve apresentar um conjunto de habilidades para resolver problemas, isso coloca a prova o potencial da pessoa em encontrar e criar uma forma eficaz para a solução de problemas. Para Gardner (1994), as inteligências referem-se a capacidade que cada indivíduo tem para resolver problemas que sejam valorizados culturalmente.

A inteligência do ser humano costuma causar grande interesse por parte das pessoas em geral, até mesmo que não é da área acadêmica gosta de discutir sobre a ideia do que é ser uma pessoa inteligente. Existem alguns conceitos de inteligência anteriores aos estudos de Gardner que foram baseados em antropologia e neurociência, envolvendo até a informática, em testes psicométricos e de QI. Etimologicamente, a palavra "inteligência" tem origem a partir do latim intelligentia, oriundo de intelligere, em que o prefixo inter significa "entre", e legere quer dizer "escolha". O significado original deste termo faz referência a capacidade de escolha de um indivíduo entre várias possibilidades ou opções que lhe são apresentadas (NISTA-PICCOLO 2004)

A ideia de inteligência segundo os estudos de Nista-Piccolo (2004) e Silva e Nista-Piccolo (2008), partiu dos filósofos gregos, desde os antigos os antigos, muitos estudos têm-se dedicado ao explicar cérebro, mas nem sempre na intenção de se compreender o que é inteligência.

Segundo Silva (2008) e Silva e Nista-Piccolo (2008) os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma dessas inteligências os quais resultam maneiras diferentes de combiná-las e organizá-las, para alguns propósitos em determinadas culturas pode ser importante explorar as mais variadas combinações de inteligências. Com todas essas proposições, embora Gardner não tenha concebido a teoria especificamente para a área educacional, devido ao fato de se analisar a importância das diversas formas de pensamento, juntamente com a relação existente entre aquisição do conhecimento e cultura, as implicações da teoria das Inteligências Múltiplas tornaram-se explícitas para educação.

As autoras relatam que para apresentar a visão que temos da inteligência humana nos dias atuais temos que voltar no passado e falar de um conceito que aferia as capacidades da esfera de pensamento lógico, resolução de problemas memorização. Muitos pesquisadores defendiam a inteligência humana como uma “entidade” que se manifestava no comportamento das pessoas, como algo totalmente estável, sem flexibilidade, sem possibilidade de transformação, essa linha de pensamento coloca a inteligência humana como inata, única, hereditária, que por sua vez não pode ser medida.

Em seus estudos Silva (2008) relata que foi Franz Gall, médico neuro anatomista, quem deu início nas pesquisas sobre o funcionamento cerebral em meados do século XVIII. No século XIX, embasados pelo determinismo biológico, pesquisadores enfatizaram os estudos sobre craniometria, que se refere ao estudo das características métricas do cérebro, eles acreditavam que ao medir o cérebro eles também conseguiriam classificar a inteligência. (SILVA 2008).

Consequentemente a autora ainda cita que houve a necessidade de medir a inteligência de forma mais rigorosa, nesta mesma época o pesquisador Alfred Binet que liderava um laboratório na França, a pedido do ministro da educação, desenvolveu técnicas que supostamente poderiam identificar alunos que precisavam de uma atenção especializada.

4.1. CARACTERÍSTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Os estudos de Gardner (1994;1999) os humanos não têm apenas uma inteligência, mas um conjunto de oito inteligências que desafia a visão tradicional que muitas pessoas ainda têm, a seguir será apresentado o conceito destas oito inteligências segundo a perspectiva do autor:

A Inteligência Linguística está relacionada com a capacidade que a pessoa tem em se expressar, em criar textos, poemas, estas pessoas geralmente conseguem expor facilmente o que estão pensando de forma simples e dinâmica, os grandes escritores, são pessoas em que a inteligência linguística floresceu através do estimulo do trabalho e talvez também de fatores genéticos. Outros indivíduos podem apresentar dificuldades nesta área, a capacidade de processar mensagens linguística parece depender de um lóbulo temporal esquerdo intacto; portanto danos nesta zona pode afetar o desenvolvimento na linguagem, outros estudiosos, historiadores, ou críticos literários, também costumam ser muito dependentes da linguagem, utilizam como um meio para transmitir suas teorias, suas conclusões. Na maioria das sociedades, a linguagem é uma ferramenta importante, é um meio que as pessoas utilizam para realizar seus negócios, o foco não se resume na linguagem em si, mas na comunicação de ideias.

A Inteligência Musical é definida por indivíduos que criam músicas, reconhecem harmonias, tocam algum instrumento. Para o autor, nenhum talento surge mais cedo do que o talento musical. A música pode servir como um meio para agregar sentimentos, conhecimento sobre estes sentimentos, ou conhecimento sobre formas de sentimento, a inteligência musical apresenta uma trajetória única de desenvolvimento, bem como sua própria representação neurológica.          

A Inteligência Lógico-Matemática diz respeito a capacidade de resolver problemas com lógica, de fazer operações que envolvem a matemática, de analisar certas questões cientificamente, geralmente se manifesta pela sensibilidade de discernir padrões lógicos ou numéricos, pela facilidade de lidar com longas cadeias de raciocínio. A competência lógico-matemática não é considerada na esfera auditivo-oral, esta maneira de pensar se relaciona com o mundo dos objetos, pois a criança pequena adquire seus conhecimentos confrontando objetos, organizando-os, reorganizando-os, e avaliando a quantidade (GARDNER,1994).

A matemática é uma ferramenta indispensável para os cientistas, eles a utilizam para construir modelos e teorias que podem descrever e explicar vários mecanismos. A capacidade lógico-matemática não deve ser considerada um sistema tão puro ou autônomo (GARDNER 1994).

A Inteligência Espacial pode ser definida pelo potencial de reconhecer e manipular certos padrões do espaço amplo, bem como padrões de áreas menores, envolve a capacidade de alterar padrões das percepções iniciais, ver o mesmo de maneiras diferentes. Considere alguns problemas para entender melhor a inteligência Espacial, primeiramente o autor utiliza o exemplo de um cavalo, que ponto é mais elevado? A calda ou a cabeça? Ou imagine uma praça, que você esteja familiarizado, pode até comparar o tempo que se passou examinando de um lado da praça até o outro, neste momento a pessoa tem uma noção intuitiva das capacidades que os pesquisadores dizem ser centrais quando se fala em pensamento espacial. O autor relata ainda que dentro da inteligência espacial estão as capacidades de perceber o mundo (GARDNER 1994).

Todas as inteligências são desenvolvidas da ação a criança sobre o mundo. O advento de operações concretas no início da escola marca um importante ponto de transição no desenvolvimento mental da criança. A criança se torna capaz de manipular imagens e objetos no contexto espacial, através de operações mentais reversíveis, assim podemos observar a progressão do domínio espacial desde a capacidade em que o bebê tem em se movimentar no espaço, para a capacidade em que a criança pequena tem em formar imagens mentais, a capacidade da criança em idade escolar de manipular imagens estáticas, e por fim, a capacidade do adolescente de realizar ligações espaciais, o adolescente tem a capacidade de reconhecer todas as organizações espaciais possíveis, podendo unir formas de inteligência logico-matemática e espacial em apenas um sistema científico ou geométrico (GARDNER 1994).

Para o autor na ciência em geral a contribuição da inteligência espacial fica bem evidente, Einstein possuía um conjunto bem desenvolvido de capacidades, suas intuições estavam fundamentadas na geometria clássica, ele tinha uma mente muito visual, pode-se até mesmo dizer que seus insights mais fundamentais surgiram de modelos espaciais, ao invés de uma linha pura de raciocino lógico-matemático (GARDNER 1994).

Gardner (1994) relata que ao contrário de outras inteligências, a espacial pode ser melhorada com o passar do tempo, aumentando sua capacidade em reconhecer o todo, de discernir padrões com detalhes, podemos até dizer que a sabedoria se baseie na sensibilidade a reconhecer formas e padrões como um todo. 

A Inteligência Corporal-Cinestésica pode ser definida no potencial que o indivíduo tem de utilizar o corpo para resolver problemas, ou criar produtos, tem como foco principal a capacidade de controlar movimentos do próprio corpo e manipular objetos com certa habilidade. Os dançarinos e os nadadores por exemplo, tem um domínio aguçado sobre os movimentos, assim como artesãos, jogadores de futebol ou instrumentistas, que tem a capacidade de manipular objetos com refinamento, o boxeador é outro exemplo, ele se expressa com graça, estilo em um instinto estético, o boxe é um diálogo entre corpos, é um rápido debate entre as inteligências (GARDNER 1994).

Antigamente os gregos atingiram um ápice na inteligência corporal-cinestésica, pois eles valorizavam a beleza da forma humana, e com isso buscaram desenvolver atividades artísticas e atléticas afim de desenvolver um corpo gracioso em movimento, equilíbrio e tonicidade. O funcionamento do nosso sistema motor é muito complexo, exigindo a coordenação uma grande variedade de componentes neurais e musculares de uma forma altamente diferenciada e integrada, por exemplo, no movimento da mão para recuperar um determinado elemento, ou para atirar ou agarrar um determinado objeto, existe uma interação extremamente conjunta entre o olho e a mão, com o feedback de cada movimento particular, permitindo movimentos subsequentes, mais precisamente controlados. Todos estes mecanismos de respostas (feedback) são muito bem articulados, de modo que os movimentos motores estão sujeitos a um refinamento contínuo afim de comparar cada momento, a posição real dos membros ou partes do corpo em um determinado momento no tempo para se alcançar a meta pretendida (GARDNER 1994).

A Inteligência Intrapessoal é definida pela capacidade que a pessoa tem de se conhecer, incluindo desejos, medos, capacidades, utiliza-se várias informações intrínsecas com eficiência para ajustar a própria vida. Tem como base central o acesso a própria experiência e a distinção dos sentimentos gerados ao vivenciar as emoções, conhecimento das forças e fraquezas pessoais.

A Inteligência Interpessoal envolve a capacidade de compreender as intenções, as motivações e os desejos do próximo, e consequentemente, de trabalhar de maneira mais efetiva com terceiros, se define pela capacidade de discernir e responder adequadamente aos estados de humor, temperamentos, motivações, e os desejos de outras pessoas.

A capacidade central da inteligência interpessoal é a de observar e fazer distinções entre outros indivíduos e, em particular, entre seus humores, seus temperamentos, motivações, intenções. Se examinada de uma maneira mais elementar, a inteligência interpessoal acarreta na capacidade que a criança pequena tem em distinguir as pessoas ao seu redor e detectar vários humores. Numa forma mais avançada, o conhecimento interpessoal permite que um indivíduo adulto com certa habilidade leia as intenções e do outro mesmo quando não estão em evidência, e podendo usar isso para persuadir, influenciar um indivíduo ou um grupo de indivíduos, interagindo em seu grupo social de forma mais dinâmica. Podemos ver formas altamente desenvolvidas de inteligência interpessoal em líderes religiosos e políticos (um Mahatma Gandhi ou um Lyndon Johnson), em pais e professores hábeis, ou até mesmo em terapeutas e conselheiros (GARDNER 1994).

A Inteligência Naturalista define-se pela capacidade de reconhecer aspectos anatômicos, flora, fauna e distinção coerente no mundo natural e usar essa capacidade de modo produtivo, tem como foco a perícia em distinguir entre membros de uma espécie, em reconhecer a existência de outras espécies próximas e em mapear as relações, de modo formal ou informal, entre várias espécies e sistemas, vivos ou não (GARDNER 2009).

5. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica sustentada no método de revisão integrativa. Esse tipo de revisão tem como finalidade reunir e sintetizar o conhecimento científico já produzido sobre o tema investigado. Esse tipo de revisão permite buscar, avaliar e sintetizar as evidências disponíveis.  

Para realizar esta revisão integrativa, as seguintes etapas foram percorridas: definição da questão norteadora (problema) e objetivos da pesquisa, que por sua vez estabelece os critérios de inclusão e exclusão das publicações (seleção da amostra), busca na literatura, análise e categorização dos estudos, apresentação e discussão dos resultados (Souza et al 2009).                                      

A pergunta norteadora desse estudo se constitui em: como os autores tem tratado a questão das IM no contexto das aulas de EF?

As buscas das publicações foram realizadas nas seguintes bases de dados Portal CAPES e SCIELO entre os anos de 2007 até 2017, utilizando as palavras chave: Educação Física e Inteligências Múltiplas.

Os critérios de inclusão foram: pesquisas que abordam as IM nas aulas de EF escolar, publicadas em português. Como critérios de exclusão utilizou-se trabalhos que não apresentassem resumos na íntegra ou que não abordam o tema de investigação desse estudo.

6. RESULTADOS

A coleta resultou, inicialmente, em 2.088 artigos. Após aplicação dos filtros, restaram 78 estudos. Iniciou-se a primeira triagem que consistiu na leitura dos títulos. Nessa fase foram excluídos 48 estudos e selecionados 30. Foram incluídos estudos que se referiam às IM no contexto da EF e escolar. Foram excluídos estudos que não tratavam da IM dentro das aulas de EF ou neste mesmo contexto. Em seguida, realizou-se a segunda triagem, com a leitura de 30 resumos, como critério foram incluídos os artigos que relacionaram as   IM com as aulas de Educação Física, e excluídos os que não tinham essa relação. Nessa fase, foram selecionados 19 estudos e excluídos 11, foram aplicados os critérios de exclusão e de inclusão resultando na exclusão de 12 e na inclusão de 7 publicações para atender os propósitos desse estudo.

Figura 1- Esquema que ilustra a busca e a seleção dos artigos

Elaborou-se um instrumento para a coleta das informações, a fim de responder a questão norteadora desta revisão, incluindo os seguintes itens: referência, revista, autores, tipos de estudo, ano de publicação, características dos participantes e instrumentos utilizados.

Quadro 1- Características dos estudos selecionados para análise.

Referência 

Revista

Tipo de estudo

Característica dos participantes

Instrumentos utilizados

2004 Nista-Piccolo. V. L. et al.

R. bras. Ci. e Mov.      Brasília  v. 12  n. 4      p. 25-31

Qualitativa

52 alunos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

descrição de comportamentos observáveis por meio de filmagens

2005 João Batista Freire

Adonis Marcos Lisboa

Motriz, Rio Claro, v.11, n.2, p.131-140, mai./ago. 2005

Qualitativa

sujeitos entre nove e 12 anos

Duas versões da brincadeira Nunca Três. Em seguida tiveram que responder questões, com tempo ilimitado.

2007 José Carlos de Almeida Moreno

Revista-Fafibe On Line—n.3—ago.2007—ISSN1808-6993

Qualitativa

Grupo de alunos 10 e 12 anos

O trabalho de pesquisa foi desenvolvido junto a um grupo de alunos do Educandário Santo Antônio, da cidade de Bebedouro-SP

2007 Tatiana Passos Zylberberg

Tese de doutorado

Qualitativa

 

 

Não especificado

Pesquisa escolar

 

 

2008 Vera Lúcia Teixeira  Silva

Dissertação de mestrado

Qualitativa

13 alunos

Entrevista e observação

2010 Vera Lúcia Teixeira da Silva Vilma Leni Nista-Piccolo

Revista Portuguesa de Educação, 2010, 23(2), pp. 191-211 © 2010, CIEd - Universidade do Minho

Qualitativa          

Não especificado

Entrevistas e observações

2011 J. Silva, T.S. Beltrame

Motricidade

2011, vol. 7, n. 2, pp. 57-68 ISSN 1646−107X

Qualitativa

406 escolares

teste aplicado

2012 Neto, M. et al.

Coleção Pesquisa em Educação Física

Qualitativa

Não especificado

Observação estruturada e questionário aos alunos com perguntas abertas e fechadas

2015 Kaled Ferreira Barros1, 2, 3

Revista Brasileira de Futsal e Futebol, Edição Especial: Pedagogia do Esporte, São Paulo, v.7. n.27. p.563-567. 2015.  ISSN 1984-4956

Qualitativa

Não especificado

foram aplicados três autoavaliações por meio de questionário fechado, na seguinte ordem: ao final da primeira aula, da quarta aula, e da oitava aula.

Fonte: Andrade, Casagrande e Brandt (2011)

Dentre os artigos que foram encontrados 3 relacionam as inteligências com os esportes, 1 relacionado com os jogos, 2 tem como estudo a dificuldade de aprendizagem, e 1 artigo que tem como foco da pesquisa os métodos de ensino.

Após a leitura das pesquisas selecionadas na íntegra, prosseguiu-se com a análise e organização das temáticas: descrever como as inteligências múltiplas são expressas nas aulas de Educação Física Escolar; avaliar as estratégias e métodos no ambiente escolar com embasamento nas IM.

7. DISCUSSÕES

Gardner (1994;1999) coloca em pauta o processo do planejamento educacional, baseado nas finalidades curriculares que se tem em mente para um indivíduo, e os perfis intelectuais do indivíduo, para que uma decisão deva ser tomada, sobre didática. Para o autor primeiramente deve haver uma estratégia geral que é de estimular os pontos fortes. É natural que esta decisão dependa dos recursos disponíveis, das metas da sociedade, e das metas dos próprios indivíduos.

Para o autor esses conteúdos que são vistos como importantes são transmitidos de geração em geração sempre da mesma maneira utilizando os mesmos métodos de ensinar, não precisamos de grandes informações para perceber que são educandos diferentes que estão na escola, são seres que pertencem a outra geração que tem outros anseios que buscam aprender coisas diferentes, e por isso a importância de se buscar diversas formas de ensinar um determinado conteúdo. O pesquisador desenvolveu a teoria das inteligências múltiplas, em sua concepção teria um grande impacto para área da psicologia, mas não foi isso que ocorreu, segundo o seu livro o verdadeiro, o belo e o bom, esse novo olhar de enxergar a inteligência humana teve mais impacto para a educação escolar.

Nas pesquisas de Barros (2015), foi utilizado a capoeira como ferramenta para estimular as inteligências múltiplas em seus alunos, através de três questionários fechados que foram aplicados ao fim de três aulas, após verificar os materiais observou uma melhora na inteligência corporal cinestésica dos educandos com aquisição de desenvolvimento motor, em relação ao conhecimento o autor observa com otimismo a aquisição da compreensão dos conteúdos. O autor ainda aponta a falta de investigação científica a respeito das inteligências múltiplas, mas espera contribuir com suas investigações a respeito do tema proposto.

Já nas pesquisas de  Balbino e Paes (2014)  destacam alguns aspectos relevantes como o grau de dificuldade das atividades, sendo que para manter o aluno motivado é importante sempre avaliar suas potencialidades para que estas atividades sejam possíveis de ser realizadas em consequência o aluno se torna mais presente dentro da aula o autor cita ainda que é de extrema importância a inclusão, pois o acesso ao esporte é um direito que pertence a todos, a diversificação pois é preciso estimular o aluno de diversas formas pois nem todos alunos aprendem da mesma maneira, a cooperação pois o competir já faz parte do esporte, então os alunos devem aprender a competir, a cooperar a respeitar, o autor também cita a autonomia pois  o aluno deve desfrutar das atividades esportivas e escolher essas práticas  de acordo com suas intenções, o autor ainda frisa que a dimensão mais nobre do esporte refere-se as suas possibilidades educacionais visando o desenvolvimento integral do aluno, as práticas esportivas devem ir além somente da técnica, levando em conta os valores, princípios, e modos de comportamento, por isso o docente deve sempre buscar embasamento cientifico na organização de suas práticas pedagógicas, favorecendo desenvolvimento das IM.

Na visão de Neto Cuciolli e Vecchi (2012) para contemplar os objetivos de desenvolver os educandos de maneira ampla os autores afirmam que os educadores têm que utilizar diversas possibilidades para transmitir o conteúdo a fim de possibilitar que os caminhos diferentes facilitem a compreensão da aprendizagem. Para Neto Cuciolli e Vecchi (2012) o professor tem de levar em consideração as individualidades dos educandos e suas vivencias, cada ser humano tem suas dificuldades e facilidades de aprendizagem, tudo isso depende de diversos fatores culturais sociais e hereditários que fazem de cada educando um ser único, que pensa de maneira diferente, que tem respostas biológicas diferentes. Os conteúdos ministrados para os educandos do ensino médio devem ser próximos da realidade para que tenham significado, pois a aprendizagem só ocorre quando o educando encontra um sentido naquilo que é transmitido. Segundo os autores, os professores devem avaliar, planejar e distinguir o que ele irá utilizar de estratégia e método, com uma coerência entre esses fatores, isso é fundamental para atingir os objetivos com os educandos.

Na perspectiva de Lima e Lima (2003) existe uma divergência nas escolas que tratam os trabalhos escolares como algo imprescindível para formação do educando e o ato de jogar como algo banal sem valor para o processo ensino aprendizagem, os motivos para esse desprezo com o jogar é o excesso do desejo pela formação dos educandos para o mundo pós-industrialização. Para os pais dos educandos o mundo globalizado exige muito mais absorção de conteúdos para formação de um ser humano qualificado para as exigências do mundo hoje que as informações são transmitidas de forma instantânea.

Conforme os autores o ensino foca nas inteligências lógico-matemática e linguística, trabalham muito com texto para leitura e produções orais e escrita e matemática que consiste em raciocínio lógico e operações matemáticas, e esquecem de proporcionar atividades que estimulem as outras inteligências como a interpessoal, intrapessoal, naturalista, corporal cenestésica, espacial e musical. Os autores afirmam que os jogos devem ser observados com estratégia fundamental para desenvolver um ser humano de forma ampla, e deve ser alinhado com a teoria das inteligências múltiplas que trata da inteligência humana como algo vasto com infinidades de possibilidades.

A educação brasileira permanece estagnada segundo Pereira e Fragoso (2016), as escolas estão com uma infraestrutura ultrapassada e vive uma ideologia que não condiz às exigências que o mundo hoje exige, os autores defendem que as tecnologias devem ser ferramentas para aprendizagem do educando. O fácil acesso das informações traz um conhecimento superficial sobre uma diversidade de assunto este excesso reduz o aprofundamento dos conhecimentos diminuindo a capacidade do educando se posicionar em relação aos fatos, pois as informações são pobres de detalhes. O educador deve conhecer o seu aluno para direcionar atividades que possibilitem sua aprendizagem estabelecendo um elo entre os conteúdos e os educandos e ressalta que as tecnologias devem ajudar os educadores a formar atividades que contemplem as necessidades dos educandos.

Nos estudos de Silva (2008) é comum notar que muitas atividades em que o aluno poderia se destacar, não são levadas em consideração, e por consequência disso, acabam se perdendo dentro rotina escolar. A questão dos conteúdos que já são pré-estabelecidos não estão de acordo com as reais necessidades educacionais do aluno, e também não atendem as expectativas dos docentes. Para a autora a Teoria da Inteligências Múltiplas entra como um fator facilitador no processo de aprendizagem do aluno, levando em consideração os alunos como indivíduos diferentes uns dos outros, cada aluno tem uma forma de aprendizagem, cada aluno tem um tempo de aprendizagem, por conta destas individualidades o docente deve sempre possibilitar rotas de acesso ao conhecimento. A autora ainda enfatiza que o professor ao reconhecer uma criança com dificuldade de aprendizagem, começa a planejar suas aulas visando estimular as potencialidades deste aluno, pois o mesmo possui várias inteligências que podem ser estimuladas, isso pode ser o início da mudança das histórias de vários alunos com dificuldades de aprendizagem, como dos docentes que sofrem ao ministrar uma didática obsoleta.   

Nesta mesma perspectiva a autora Zylberberg (2007) relata que a dificuldade de aprendizagem é um grande desafio, que sugere à escola rever suas estratégias e ao professor rever suas metodologias. Para a autora a pesquisa sobre a multiplicidade da inteligência é um referencial da Psicologia que permite rever nossos métodos educacionais, as pessoas têm diferentes possibilidades de aprender, e a educação não pode continuar considerando as atividades relacionadas à leitura, escrita e aos problemas numéricos como os únicos caminhos que levam ao conhecimento crítico e reflexivo.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados neste trabalho podemos entender melhor como estas inteligências se manifestam nas aulas de Educação Física. A inteligência corporal cinestésica toma a frente, pois o aluno é puro movimento dentro de uma aula de Educação Física, e este movimento apresenta diversas habilidades motoras. As práticas corporais destes alunos devem ser ministradas de acordo com as suas potencialidades, estimulando o seu desenvolvimento de forma integral, importante estimular os alunos de diversas formas diferentes, pois cada aluno tem uma forma e um tempo de aprendizagem.

Observamos que o ensino no geral vem estimulando mais as inteligências lógico-matemática e linguística, e acabam por não estimular as outras inteligências como a interpessoal, intrapessoal, naturalista, corporal cinestésica, musical, e espacial, se percebe ainda que muitas escolas ainda carecem de uma infraestrutura adequada perante as exigências do mundo hoje.

O professor deve utilizar os jogos, os esportes, as lutas, as danças, as ginásticas, como ferramenta para o estimular estas inteligências, por exemplo o jogo por ter um caráter mais lúdico, acaba sendo um meio para que o aluno reflita, crie, e resolva problemas sob embasamento das Inteligências múltiplas.

Apesar de estarmos em tempos modernos, a educação brasileira ainda tem traços fortes do industrialismo, a educação tradicional, que encara os alunos como robôs, em vez de estimular a criticidade, a autonomia, e as inteligências de forma geral.

As pesquisas sobre as IM sugerem que os professores revejam seus métodos educacionais, os docentes devem buscar conhecimento, rever sua didática, devem se atualizar e ministrar as aulas dentro de um conceito atual e efetivo de ensino, compreendendo as dificuldades, e as potencialidades de cada aluno, levando em consideração a realidade em que vivem, devem ministrar utilizar diversas estratégias para ensinar. A educação não deve continuar com a ideia de somente relacionar atividades ligadas a leitura, escrita, e problemas numéricos como parâmetro para um conhecimento crítico e reflexivo, devemos levar em consideração todas as formas de manifestações de inteligências, estimulando para favorecer a aprendizagem por meio de várias rotas de acesso ao conhecimento.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Barros, Kaled Ferreira. O Desenvolvimento da Inteligência Corporal Cinestésica por Meio da Modalidade Capoeira no Primeiro Ano do Ensino Médio.São Paulo:  Revista Brasileira de Futsal e Futebol, Edição Especial: Pedagogia do Esporte, São Paulo, v.7. n.27. p.563-567. 2015.  ISSN 1984-4956

Freire, J, B. A Inteligência em Jogo no Contexto da Educação Física Escolar.Santa Catarina, SC: Motriz, Rio Claro, v.11, n.2, p.131-140, mai./ago. 2005.

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Por

FELIPE RIBEIRO

RODRIGO MELO DUARTE


Publicado por: Rodrigo Melo Duarte

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