ENVOLVIMENTO LÚDICO: UM MEDIADOR NO PROCESSO DA APRENDIZAGEM EM NATAÇÃO INFANTIL

índice

Imprimir Texto -A +A
icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1. RESUMO

Pode-se identificar em varias literaturas a importância de se trabalhar com a ludicidade, utilizando-a como um facilitador no processo do ensino e aprendizagem para o desenvolvimento infantil. Assim objetivo deste trabalho foi conhecer os saberes e a prática que os professores têm sobre a ludicidade nas aulas de natação infantil e apresentar os motivos pelos quais os leva querer trabalhar ou não com a ludicidade, assim esta pesquisa possibilitou um melhor entendimento dos motivos pelos quais a ludicidade não está entrelaçada no cotidiano das aulas de vários professores de natação infantil, além disso, demonstrou como a ludicidade influencia na vida das crianças especialmente nas aulas com crianças de três a seis anos, sendo assim este trabalho com apoio do referencial teórico e das observações nos possibilitou uma maior reflexão sobre a importância da natação infantil e do envolvimento lúdico no processo de enzino e aprendizagem das crianças.

Palavras-chave: Envolvimento lúdico. Natação infantil. Saberes pedagógicos

ABSTRACT

One can identify in several literatures the importance of working with playfulness, using it as a facilitator in the teaching and learning process for child development. The objective of this work was to know the knowledge and practice that teachers have about playfulness in children's swimming lessons and to present the reasons why they want to work or not with playfulness, so this research made possible a better understanding of the reasons why Playfulness is not intertwined in the daily life of the classes of several teachers of children's swimming. In addition, it showed how playfulness influences children's lives especially in classes with children from three to six years of age, and this work is supported by the theoretical and Observations allowed us to further reflect on the importance of child swimming and playful involvement in the process of learning and learning of children.

Keywords: Playful involvement. Children's swimming. Pedagogical knowledge

2. INTRODUÇÃO

Após o nascimento, a criança reage perante as diversas estimulações impostas pelo meio numa tentativa de adaptar-se ao mesmo. Esta tentativa leva a criança a se movimentar e esta ação propicia o ser humano relacionar-se com o meio, com o mundo que o rodeia. Esta relação faz com que a criança exercite os órgãos dos sentidos e de sensações que surgem do movimento corporal, fazendo com que a criança tenha consciência de si mesmo, de seu corpo, de ocupação no espaço da atividade, para assim poder preparar-se melhor mentalmente quanto aos gestos que executará na realização de uma determinada ação, a fim de corrigir ou até mesmo eliminar determinados movimentos (FERREIRA, 2007).  

A atividade natação estimula a criança a trabalhar a movimentação no meio que a rodeia, movimento este, que, pelo fato de ser trabalhado em meio líquido, relembra movimentos intra-uterinos, já que a criança estava até o nascimento banhada pelo líquido amniótico. Além disso, a natação propicia inúmeros benefícios, englobando os campos, social, motor, fisiológico e psicológico (FERREIRA, 2007).

Portanto, a natação é uma atividade de suma importância para quem a pratica, pois, participa no desenvolvimento e maturação de seu tônus muscular, de seu aparelho cardiorespiratório, na sua auto-estima, na aquisição de confiança, na construção de sua personalidade e muitos outros benefícios, caracterizando assim um desenvolvimento integral da criança (DAMASCENO, 1997).

[...], as perspectivas de uma psicomotricidade aquática capaz de dinamizar o potencial da criança, sem dúvida se constituem em um instrumento importante para o desenvolvimento mais equilibrado destes indivíduos.Um programa mais adequado com essa orientação, ou seja, buscando trabalhar simultaneamente a motricidade e o psiquismo poderá constituir-se como mais uma esperança na prevenção do aumento do número de sujeitos incapazes de satisfazerem as necessidades de sobrevivência, assegurando seu ajustamento no ambiente sociocultural, e talvez, até na terapêutica de dificuldades psicomotoras já que o meio líquido oferece vantagem da estimulação global e equilibrada de cada indivíduo (DAMASCENO, 1997, p.6).

A escola, através do conteúdo natação, aplicado nas aulas da disciplina Educação Física, tem a possibilidade de trabalhar com a criança em um meio que proporciona um desenvolvimento integral, como também, em um meio que traz medo, pânico, aflição e o principal, a curiosidade, assim, faz-se necessário que os professores tenham um ótimo conhecimento sobre as possibilidades do conteúdo e saibam usar da melhor forma de aplicação para que os objetivos do conteúdo sejam alcançados (VELASCO, 1994).

Aprender a nadar não é algo simples, é necessário muito esforço e dedicação por parte dos alunos e professores, por ser uma atividade que necessita de muita técnica, várias etapas devem ser respeitadas e ensinadas até se chegar à fase final, que é nadar utilizando as técnicas dos nados da forma mais correta, para isso, muitas são as formas utilizadas para ensinara nadar, mas com a desenfreada busca pela perfeição em tempo “recorde” realizada por professores desqualificados o que acaba acontecendo é que ao invés de ensinar acaba criando vícios na criança (VELASCO, 1994).

É importante provocar um interesse nos professores em, não somente ensinar as técnicas dos nados, mas também, proporcionar que seus alunos cresçam como pessoas saudáveis fisicamente, emocionalmente, socialmente, ou seja, cresça como indivíduo (MASSAUD; CORREA, 2004).

Um dos fatores principais que me fizeram despertar para esse tema, veio da minha percepção como mãe, ao colocar meu filho de sete anos em uma escola de natação dentro de uma academia de Vila Velha/ES, pude perceber que o professor não trabalha o lúdico como mediador da aprendizagem da natação em suas aulas. Tal observação veio a me fazer refletir perante a base de ensino que eu tive de algumas disciplinas na UCV de Vitória, dentre elas: Teoria e Metodologia das praticas Aquáticas, Educação Física na Educação Infantil e Jogos e Brincadeiras, qual o papel do lúdico no processo do ensino e aprendizagem da natação infantil?

Do ponto de vista de Brougère (1998), o brincar faz parte de um contexto sociocultural, do qual a criança participa fazendo descobertas significativas, dia após dia, podendo o adulto ser responsável em inserir a criança nas primeiras brincadeiras, fazendo com que, no início, ela seja uma simples espectadora e, com o tempo, seja capaz de reverter esta situação, passando para espectadora ativa e, posteriormente, para parceira do adulto nesta construção do saber.

Neste sentido podemos dizer que cabe ao professor, ser o responsável por fazer com que a aula de natação infantil seja prazerosa, enfatizando o estimulo do lúdico no aprendizado da natação.

Contudo, apesar dos avanços no estudo da natação, principalmente ligada à melhora da performance, poucos estudos nos ajudam a pensar as aulas de natação para além de uma aula com características esportivizantes, fato que pode nos ajudar a compreender porque ainda vários professores atuam com crianças desconsiderando os fatores e conhecimentos pedagógicos que deveriam compor as aulas de natação durante a infância (NISTA-PICCOLO, 2003).

Assim, o presente estudo foi planejado com intuito de analisar a prática pedagógica de alguns professores de natação infantil, a fim de descobrir como o lúdico se faz presente e quais as implicações isso pode trazer para o desenvolvimento da criança. Para o alcance desse objetivo, traçamos como objetivos específicos: Compreender e analisar a prática pedagógica dos professores; Conhecer os saberes e a prática que o professor tem sobre a ludicidade na natação infantil; Apresentar os motivos que levam o professor a trabalhar ou não com a ludicidade.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. A NATAÇÃO

Poucos são os registros de quando e como a natação teve início como prática de atividade que visa o desenvolvimento físico e intelectual (DAMASCENO 1997). Segundo Lenk (apud DAMASCENO, 1997, p.7), “na Grécia, Platão na sua lei 689 prescrevia, [...], que ‘todo cidadão educado é aquele que sabe ler e nadar”, indicando assim, que na Grécia antiga referências sobre a importância da natação já eram feitas.

Nos meados de 1540, práticas mecânicas de aula eram exercidas. Aquela época a prática da natação ainda não era observada em sua totalidade. A tentativa de manter-se na água, nadando, era uma tarefa árdua e ao mesmo tempo alienante (NISTA-PICCOLO, 2003).

As primeiras metodologias da natação lançavam mão de exercícios repetitivos e seqüenciais. Alguns métodos utilizavam-se de exercícios a seco; os alunos realizavam os movimentos fora da água, seguindo o comando 1, 2, 3, para depois repeti-los dentro da água (PEREIRA, apud NISTA-PICCOLO , 2003, p.3).

Até 1925, o conceito permaneceu incólume, para daí então, alcançar uma visão mais ampla, quando Kurt Wiessner, (apud DAMASCENO, 1997, p.8) “[...] conseguiu libertar-se desta visão mecanicista da aprendizagem da natação”. Wiessner alavancou pressupostos psicológicos observando então, que o homem não estava habituado a permanecer na água, e que, para isso acontecer, primeiramente precisaria adquirir maturação emocional para poder assim enfrentar o medo do desconhecido, que era o meio aquático (DAMASCENO, 1997).

Segundo Damasceno (1997) muitos foram os estudos após Wiessner; Esteva, Freitag; Lewin que pensava a natação como fonte de prazer, recreação, alegria de viver e saúde, Fariam que propusesse uma diferenciação entre a perspectiva didática e o ato de nadar propriamente, Reis, Burkhardt; Escobar que considera a natação como a habilidade de manter-se e locomover-se na água sem a necessidade de saber os quatro tipos de nados e outros estudiosos deixaram sua contribuição para esta atividade, muitas vezes contribuições direcionadas ao ato de nadar propriamente dito, outras direcionadas ao campo pedagógico da atividade, como também, na área da saúde.

A natação, nos tempos modernos, período que o capitalismo se mostra em evidência, é vista como uma atividade para fins lucrativos onde, “Observam-se cenas de violência entre atletas, a supervalorização de resultados, o rendimento como expressão máxima de valores, as competições e os treinamentos de crianças em idade precoce [...]”, etc. (MELLO, 1996, p.44).

A prática parece ser vista somente como “o desporto” natação (DAMASCENO, 1997).

Entende-se habitualmente natação como um desporto estruturado e regulamentado que busca obter registros de tempo cada vez mais inferiores através de um treinamento metódico, individualizado e específico, supondo-se para o mesmo fim, pelo menos, o domínio apropriado das técnicas, conhecimento de ritmo além de uma boa preparação física (DAMASCENO, 1997, p.5).

Esta visão propicia um entendimento, ao meu entender, equivocado sobre a prática da natação, esquecendo-se das relações de harmonia e ligação, entre a natação, e os benefícios que a sua prática propicia benefícios estes que englobam os campos psicomotores, psicológicos, afetivos e sociais.

Apesar de não haver sistematização entre os especialistas no que se refere ao conceito de natação, pode-se dizer que esta é uma atividade que pode ser praticada por qualquer pessoa, sem distinção de idade e sexo. A prática da natação vai além de desenvolver todas as partes do corpo com menor ou maior intensidade, ela apresenta-se também como via de socialização e favorece formas saldáveis de desenvolvimento (ROSÁRIO, 2011).

A natação implica fundamentos de ambientação em meio líquido, que são os mergulhos, a respiração, a flutuação, os saltos, os giros e a propulsão. Para quem quer aprender a nadar é de extrema importância conhecer e dominar os fundamentos, pois estes possibilitam a base para a adaptação, ação esta que propicia movimentar-se em meio aquático com base nos estilos de nado (BUENO, 1998).

Segundo Bueno (1998) os mergulhos estão relacionados com a imersão total ou parcial do nosso corpo com controle consciente da apneia (respiração), podem ser de pé, girando, de cabeça, sozinho, em grupo, etc. A respiração é solicitada de forma consciente e ativa, com predomínio oral na inspiração e nasal na expiração. A flutuação, ato de ficar na horizontal ou na vertical dentro da água sem ter apoio nos pés, está intimamente ligada com a segurança e o relaxamento da pessoa no meio aquático e é determinada pelo peso específico da pessoa. Segundo Mc Ardle (2002) existe diferença em termos de flutuação entre homens e mulheres (MC ARDLE, 2002).

As mulheres de todas as idades possuem, em média, mais gordura corporal total que os homens. Como a gordura flutua e o músculo e o osso afundam, a mulher comum ganha uma suspensão (elevação) hidrodinâmica e flutua mais facilmente que seu congênere do sexo masculino (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002, p.175).

A propulsão é o ato de mover-se em meio líquido a sua maneira com seus próprios recursos onde, os braços, e particularmente as mãos, produzem a maior força propulsora, “A definição de propulsão no dicionário estabelece que ela é um ‘impulsionar’ ou ‘empurrar’ para frente. Esta propulsão está necessariamente relacionada a superar a resistência natural da água (fricção/arrasto)” (MASSAUD; CORRÊA, 2004, p.65).

Os saltos trabalham de forma importante na conquista da coragem, autoconfiança, etc., e os giros proporcionam um controle do corpo num espaço e num tempo (MASSAUD; CORRÊA, 2004).

Quatro são os estilos de nado. O nado de crawl é o mais simples, constitui-se de braçadas circulares e alternadas, ao lado do corpo, como também a pernada onde, “Os movimentos de pernas do nado de crawl são realizados, alternadamente, com trajetórias descendentes, ascendentes e lateralmente, de acordo com o rolamento de tronco” é um nado de velocidade e que facilita o senso de direção na piscina, bem como a visualização (MASSAUD; CORRÊA, 2004, p.85).

No nado de costas os movimentos também são simples, sua característica é que não apresenta limitações na respiração, onde o corpo “Permanece na horizontal em decúbito dorsal, realizando movimentos de rolamentos laterais, em seu eixo longitudinal” (MASSAUD; CORRÊA, 2004, p.107). No nado de peito os movimentos são simultâneos e a respiração é frontal, é um nado lento e que necessita de boa propulsão. O nado golfinho é o nado que utiliza o maior número de mergulhos, sua característica é o movimento ondulatório do corpo, pela grande gama de movimentos utilizados este se torna o estilo de nado mais complexo (MASSAUD; CORRÊA, 2004).

3.1.1. Abordagem histórica da natação

Considerada uma atividade física das mais completas, a natação deixou de ser considerado lazer e uma prática esportiva, passando a ser desenvolvida em atividades terapêuticas na recuperação de movimentos e para membros atrofiados, além de fazer parte de tratamentos respiratórios (MASSAUD; CORRÊA, 2004).

Natação é o ato de mover-se e sustentar-se na água, por impulso próprio, com movimentos combinados de braços e pernas. É importante como exercício de desenvolvimento do corpo, como meio de defesa contra afogamentos ou em operações de salvamento (CORRÊA, 1999, p. 174).

Na antiguidade, saber nadar era mais uma arma de que o homem dispunha para sobreviver. Os povos antigos eram exímios nadadores. Muitos dos estilos de nado desenvolvidos a partir das primeiras competições esportivas, realizadas no século XIX, basearam-se no estilo de natação dos indígenas da América e da Austrália (MASSAUD; CORRÊA, 2004).

Entre os gregos, o culto da beleza física fez da natação um dos exercícios mais importantes para o desenvolvimento harmonioso do corpo. Acredita-se que já então a natação era praticada como competição esportiva: aos melhores nadadores eram erguidas estátuas, uma das quais se encontra na Escola de Belas artes, em Paris. O esporte era incluído também no treinamento dos guerreiros (MASSAUD; CORRÊA, 2004).

Estilos – o primeiro estilo de natação empregado era uma braçada de peito, executada de lado. Inicialmente os dois braços se movimentavam dentro da água, mas depois, para diminuir a resistência da água, passou-se a levar um dos braços à frente, pela superfície, num estilo que recebeu o nome de single overarmstroke. Nova modificação deu origem ao doublé overarm, em que os braços eram levados à frente pela superfície, alternadamente. As principais dificuldades do novo estilo estavam no movimento de pernas, semelhante ao de uma tesoura. Esse estilo foi aperfeiçoado em 1893 por J. Arthur Trudgeon, ao aplicar observações que fizera com os nativos da América do Sul. Neste nado, que recebeu o nome de Trudgeon, as pernas eram apenas estabilizadoras da posição horizontal, e praticamente não se moviam (MAKARENKO, 2001).

Os estilos de natação foram evoluindo, com o passar dos anos, até chegar aos estilos atualmente utilizados nas competições (MASSAUD; CORRÊA, 2004).

Como dizem alguns estudiosos, a evolução infantil é reflexo da evolução da humanidade. Por isso, podemos observar que, no desenvolvimento do aprendizado da natação, as crianças, não só vivenciam os antigos estilos de natação, como descobrem novos (MAKARENKO, 2001).

Segundo Corrêa (1999), este texto surgiu a partir da montagem de um projeto de natação baseado em experiências e pesquisas metodológicas de ensino aplicadas à natação infantil, elaborado, através de observações da metodologia comumente desenvolvida, baseada em meras repetições de gestos específicos, ou seja, de forma adestrativas, e como alerta aos profissionais de educação física, para alguns pontos não atingidos com freqüência, na maioria dos cursos de natação, tentando aqui abrir caminho para atingir ao aprendizado de forma educativa.

Le Boulch in Corrêa, (1999), cita em sua obra A educação pelo movimento, que é importante o adulto propor um vasto leque de situações, a fim de que a criança tenha de descobrir ajustamentos diversos, confrontando-se globalmente a essas situações.

Para que se possa fazer um trabalho que atenda as expectativas dos responsáveis e auxilie no desenvolvimento global de suas potencialidades como um todo, visando a objetivos psicomotores, afetivo e cognitivo, deve-se respeitar o desenvolvimento progressivo da criança. E a partir desse ponto transformar a vida mais prática, saudável e divertida (SENRA, 2005).

3.1.2. A natação e a criança

Segundo Pereira (apud NISTA-PICCOLO, 2003, p.35), “a água é um dos elementos essenciais para a vida humana, dela podemos receber saúde, energia e com ela, também, manter a própria vida”, podemos desfrutá-la das mais variadas formas, tanto os meios naturais, que são os rios, lagos e mares, quanto os locais por nós criados, as piscinas.

Em termos de atividade física podemos utilizá-la como recreação e entretenimento, como também para a prática profissional, nas mais variados ramificações como, hidroginástica, hidroterapia, esqui, mergulho, saltos ornamentais, navegação, etc., e também a natação, uma atividade explorada deste os primórdios até hoje em dia (LIMA, 2003).

Porém, de todas as atividades aquáticas, a mais tradicional é realmente a natação, que tem, dentre outros, os principais fins: competitivo, recreativo, segurança, terapêutico, como condicionador físico ou simplesmente como um meio de relaxamento e ócio (LIMA, 2003, p.12).

Todas as atividades citadas anteriormente possibilitam que nos movimentemos, ato que deve estar sempre presente em nossas vidas para nos mantermos constantemente saudáveis. O ato de movimentar-se possibilita vários benefícios, principalmente para a criança, pois, esta está em constante desenvolvimento (MAKARENKO, 2001).  A natação, sendo uma atividade que propicia várias formas de movimentação, pode ser explorada por crianças e ou pessoas de várias idades. Devido este entendimento, cada vez mais vem aumentando a procura pela atividade (NAVARRO, 1980).

Segundo Lima (2003, p.11), “diferentemente de muitos animais, o homem não nasce com a capacidade de saber nadar, mas dispõem de condições e meios para aprender a nadar”, com isso, os pais matriculam seus filhos ainda bebês, em programas de adaptação ao meio líquido, cada qual com suas expectativas, mas, o que muitos não percebem é que os benefícios de um programa de natação infantil, se bem elaborado, vai muito além do saber nadar.

O desenvolvimento da personalidade da criança, que compreende as mudanças ocorridas no organismo durante o processo de crescimento e desenvolvimento (comportamento motor, percepção, construção da inteligência, afetividade, aprendizagem) tem merecido atenção cada vez maior por parte dos pesquisadores, pois, as aulas de natação propiciam não somente que a criança aprenda a nadar, mas também, que aprenda a crescer saudavelmente e integralmente (DAMASCENO, 1997).

A natação, por ser uma das atividades que proporciona maiores benefícios ao desenvolvimento corporal, e também pela possibilidade de ser praticada sem restrições, desde o nascimento, parece a mais indicada para dinamização do potencial psicomotor do ser humano (DAMASCENO, 1997, p.34).

Nesse sentido, a natação infantil não propicia somente o ato de nadar propriamente dito, mas sim, que contribui para ativar o processo evolutivo psicomorfológico da criança, auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua personalidade (DAMASCENO, 1997).

É possível afirmar, no que diz respeito, por exemplo, ao desenvolvimento psicomotor, que é importante a participação da natação na construção do esquema corporal e seu papel integrador no processo de maturação. Como afirma Damasceno (1997, p.23), “insistindo-se na inter-relação existente entre natação e o desenvolvimento psicomotor, através da sua prática, justifica-se a estruturação do esquema corporal”.

Mesmo com tantos benefícios que a prática da natação propicia, contra-indicações existem (LIMA, 2003).

Possivelmente, as maiores contra-indicações estejam ligadas à alergia ao cloro. Essas alergias podem ser dermatológicas ou ligadas ao aparelho respiratório, como renite que é reação inflamatória da membrana mucosa nasal, e que se manifesta por edema, aumento da mucosa, etc., e que é devida a reação alérgica a antígeno específico, no caso o cloro (LIMA, 2003, p.87).

Devido estas contraindicações, o acompanhamento de um pediatra ou do médico de confiança faz-se necessário, será ele que dará o parecer quanto à possibilidade da prática da natação tranquilizando assim os pais, as crianças como também o professor, por isso, um trabalho em conjunto com um médico seria de fundamental importância (LIMA, 2003).

3.1.3. A natação e a escola

Conhecedores dos benefícios que a natação pode trazer para as crianças, mas também com uma visão capitalista, algumas escolas utilizam-se da atividade, cada qual com seus objetivos, onde nem sempre existe uma visão ampla sobre a melhor forma de ensino do conteúdo, nem as possibilidades que a atividade pode alcançar (MASSAUD; CORRÊA, 1999).

Como dito por Damasceno (1997), a natação é vista como “o desporto”, e a procura por melhores resultados não ocorre somente em clubes e academias que oferecem a atividade, mas também, em escolas e sendo a natação uma atividade que necessita de muita técnica, as aulas podem acabar sendo ministradas da forma mais repetitiva e mecânica.

Assim, o fim que persegue um método de natação não deve ser unicamente que o aluno chegue a converter-se em um bom nadador (NAVARRO; TAGARRO, 1980). Navarro e Tagarro (1980) afirma que o aluno deve também adquirir experiências que, através das suas vivências lhe enriqueçam e contribuam à sua melhor educação integral.

Segundo Rosário (2000, p. 06):

A natação como agente educativo, realizada de forma integradora e utilizando-se do lúdico, quando aplicada a crianças em idade escolar, assumirá um papel de formação global, levando as mesmas crianças que participaram de um processo de adaptação ao meio líquido a se desenvolverem melhor e mais rapidamente, o que fará do posterior processo de alfabetização algo simples e bem sucedido.

Dessa forma, além do direcionamento da natação ao desenvolvimento físico da criança, a natação está ligada a formação de sua personalidade e inteligência, como Damasceno (1997) aborda:

[...], a natação, além do incremento da capacidade equilibratória estática e dinâmica, como também do enriquecimento da imagem corporal, durante as primeiras etapas do desenvolvimento infantil possibilita ainda diversas associações importantes ao posterior desenvolvimento da habilidade sensório-motora, favorecendo como consequência a estruturação de comportamentos inteligentes na criança (DAMASCENO, 1997, p.35).

Para uma adaptação ao meio líquido de forma prazerosa e confortável, o horário das aulas deve ser levado em consideração. Segundo Lima (2003, p.78), “Os horários mais adequados para as aulas [...] são aqueles mais quentes do dia. Devemos levar em consideração a região do país em que trabalhamos e o período do ano”. A água deve estar “convidativa” para que a criança sinta-se totalmente à vontade em um meio ainda pouco explorado por ela, com isso o processo de aprendizagem será facilitado (LIMA, 2003).

O tempo de aula é outro fator que deve ser levado em consideração, pois, devido ao fato de as aulas serem estruturadas em apenas 50 minutos, na maioria das escolas, aproximadamente 30 minutos da aula são aproveitados para a aprendizagem da natação em si, o tempo restante é utilizado para troca de roupa, alongamentos e para a finalização da aula, onde a criança necessita tomar uma “ducha” para tirar o cloro e novamente trocar de roupa (COSTA, 2010).

O planejamento das aulas é algo que merece uma atenção especial, pois, como foi dito anteriormente a prática da natação requer muita técnica para os nados e o que pode ocorrer é que o método utilizado no ensino do conteúdo transforme-se em algo maçante e alienante como ressalta Cardoso (2003):

[...] planejar significa pensar, refletir e analisar o conceito de movimento no esporte e ‘mundo de movimento’. Até hoje, esse movimento tem sido considerado como ‘natural’. Planejar [...] obedece o princípio de flexibilidade, com possibilidades de vários caminhos e experiências (CARDOSO et al., 2003, p.124, 125).

As aulas podem seguir um caminho onde ocorra a participação de todos, onde alunos e professores estejam envolvidos em todos os momentos da aula, não somente em temas que envolvam o conteúdo natação, mas também realizando discussões que englobem o cotidiano dos alunos, da sua família, mas sempre com a orientação do professor para que os objetivos das aulas não sejam desviados, isso tornaria o ensino muito mais prazeroso e educativo (CARDOSO, 2003).

Ainda segundo os autores “é importante assinalar, aqui, que, dentro desse complexo de decisões, a participação de todos, tanto dos alunos como do professor, não deve limitar-se a problemas motores, mas também abranger problemas sociais” (CARDOSO et al., 2003, p.125).

Através do envolvimento de todos e seguindo os objetivos do conteúdo, brincadeiras simples e jogos de socialização acabam transformando algo que seria chato em um aprendizado prazeroso e envolvente, como também muito mais educativo. A utilização de músicas e o trabalho realizado com a fantasia, com o faz de conta, aproximam a criança do conteúdo e ao mesmo tempo faz com que a mesma aprenda brincando (GROSSER; NEUMAIER, 1986). E assim acontece também com a natação como afirma Lima (2003):

A recreação aquática, [...] é tão fundamental que praticamente toda aula deve ser ministrada na forma lúdica e recreativa, quer seja na forma de jogos cantados ou na iniciação dos fundamentos básicos, como batida de pernas e braços ou mergulhos(LIMA, 2003, p.41).

Mas não basta somente que as escolas ofereçam o conteúdo natação é necessário também que as aulas sejam ministradas por profissionais competentes e que conheçam seu público alvo, transformando o aprendizado em algo alegre, atrativo e produtivo (LIMA, 2003).

Planejar e realizar uma aula com o envolvimento de todos não é uma tarefa fácil, como somos todos diferentes, a individualidade de cada um deve ser levado em consideração, pois, neste meio existem crianças consideradas verdadeiros “sapinhos” na água, enquanto outras não desenvolvem da mesma forma, o professor deve ter sensibilidade para perceber com quem está trabalhando, como aponta Corrêa (2002, p.19) “é essencial que o professor compreenda cada criança como um indivíduo, a fim de que possa oferecer experiências capazes de permitir o seu maior desenvolvimento”.

Quando elaborado e conduzido por um profissional de confiança e competência, o programa de natação para a primeira infância pode assumir um papel importante de na educação integral da criança (CORRÊA, 2002).

Corrêa (2002, p.19) aponta que “é necessário que o professor trabalhe com segurança, evitando qualquer tipo de desconforto e acidente, traumatizando a criança” sendo que, acidentes e desconforto no meio aquático é algo que com muita facilidade pode acontecer, principalmente se o número de alunos em cada turma for muito grande, pois, o professor, principalmente se não for qualificado, não conseguirá dar a atenção necessária para evitar certos tipos de problemas.

Sendo assim para os professores de natação, o mais importante é a forma com que estimula a criança, o professor deve ter consciência e respeitar as etapas de desenvolvimento que a criança esta passando e só daí desenvolver a aprendizagem de movimentos estranhos ao novo mundo a ser explorado.

A teoria psicanalista de Winnicott (1975) descreve o brincar como essência do homem e Venâncio e Batista (2005) abordam sua teoria como base e relacionam o brincar como um impulso lúdico presente em toda vida humana, mas que possui um papel mais primordial e influente nas crianças.

Para Freire (2005), a educação infantil deveria ser uma escola sinais, criatividade e imaginação, pelo fato de que a criança é envolvida por eles em todas as suas fases, assim, seu aprendizado e desenvolvimento não deve ser pautados de formas distintas.

Freire (2005) afirma ainda que a Educação Física deve, por meio de atividades simbólicas, trabalhar as habilidades de representações mentais e utiliza como exemplo os momentos e fases em que a criança aprende a arrastar-se, pular, correr, possibilitando que ela possa interagir e jogar com esses conhecimentos. Desse mesmo modo, acontece quando a criança inicia o contato com a água e desenvolve seus primeiros movimentos nela, brincando e desenvolvendo sua autonomia na mesma (FREIRE, 2005).

Assim, é possível afirmar segundo Freire (2005) que a atividade lúdica apresenta-se como uma ferramenta fundamental para o incentivo pedagógico no desenvolvimento de uma determinada atividade, contribuindo para a autonomia e crescimento criativo da criança.

Desse modo, o envolvimento lúdico das crianças nas atividades aquáticas somadas a mediação do professor no processo de aprendizado, faz com que o ambiente seja propício a construção do conhecimento de forma descontraída e natural (FREIRE, 1997).

3.2. ASPECTOS IMPORTANTES DA NATAÇÃO PARA A CRIANÇA

3.2.1. Vantagens sociais

“Desde o nascimento, embora a criança seja aparentemente passiva, vínculos afetivos são estabelecidos entre ela e outras pessoas” (TANI, 1998, p.124). A natação assume aqui um papel social muito importante, pois proporciona um contato social fora do ciclo pais e amigos da família, sendo que o contato com outras crianças faz com que estes ganhem novas amizades, conseguindo assim, seus primeiros amigos, como também, “são as interações com o mundo, mais precisamente com o ambiente, que vão permitir-lhe expressar e, a seguir, desenvolver suas capacidades primordiais” (VAYER; RONCIN, 1989, p.36).

Vygotsky (apud BUENO, 1998, p.31) estudioso do social, aponta “que o outro tem função fundamental e importantíssima no desenvolvimento da pessoa”, pois:

[...] a criança necessita não apenas reconhecer-se, mas, como qualquer ser humano, ser reconhecida pelos outros. Este reconhecimento pelo outro dos sentimentos expressos, bem como das ações realizadas, é que permite ao sujeito diferenciar-se e, finalmente, afirmar sua presença (VAYER; RONCIN, 1989, p.15).

O primeiro participante neste ato social é, para além dos pais, o professor com quem a criança trava uma intensa amizade. Sendo assim, a escolha do professor torna-se algo importante. O professor deve ter consciência que:

[...] na estimulação afetiva, o importante é a expressão e tranquilidade ao falar, olhar e tocar a criança. Imitar as ações espontâneas da criança, como o projetar de língua, o riso, a careta, estabelece uma comunicação mais autêntica e aproximada do bebê (BUENO, 1998, p.132).

Vantagens psicomotoras

Após o nascimento a criança reage através da estimulação do meio, numa tentativa de adaptar-se ao mesmo. A água é um meio que proporciona à criança a sensação de perda de gravidade, ao mesmo tempo em que, sendo líquida, lhe proporciona uma enorme variedade de novos movimentos, que não lhe seriam possíveis fora da água, proporcionando-lhe assim novas experiências locomotoras (BUENO, 1998).

“A flutuação [...], incide diretamente sobre o tônus corporal e postura, interferindo na organização do equilíbrio estático e dinâmico e mudanças de padrão (horizontal, vertical, giros sobre eixo longitudinal e transversal etc.)” (BUENO, 1998, p.128).

Assim, se antes de começar a andar, a criança já possuir experiências dentro d’água com locomoções horizontais e verticais, essas, serão de grande valia no seu desenvolvimento quando fora dela. Pode-se considerar ainda, a experiência dentro d’água como um contato inicial de locomoção, auxiliando no seu contato posterior, em terra (DAMASCENO, 1997).

Na atividade aquática são solicitados canais exteroceptivos (sinais do meio exterior captado pelos órgãos dos sentidos), canais proprioceptivos (refere-se à situação do corpo no espaço) e canais interoceptivos (está ligada a vida orgânica e vegetativa) (COSTA, 2010).

Nos canais exteroceptivos estão incluídos o tato, a visão, a audição, o paladar e o olfato. Sinais percebidos nas atividades aquáticas relacionadas ao tato são, a resistência ao avanço na piscina, da pressão dos apoios plantares, da turbulência na água e dos contatos dos segmentos entre si ou com partes do corpo. Sinais relacionados à visão, à percepção deformada do fundo da piscina em virtude do movimento da água. Sinais relacionados a audição, o fato de tornar-se limitada e algumas vezes distorcidas . Sinais relacionados ao paladar e ao olfato, apenas nos dá noção referente ao tipo de líquido (salgado, doce, clorado, etc.) (COSTA, 2010).

A aquisição de todo um conjunto de novas sensações, experiências locomotoras, conhecimento do próprio corpo e colocação deste corpo entre os demais objetos e pessoas do ambiente circundante, ou seja, à medida que a criança se auto explora, estará em um processo de formação de um esquema de si próprio, possibilitando assim o desenvolvimento de sua personalidade, como aponta Damasceno (1997, p.22), “[...] a natação, ao atuar sobre o sistema sensório-perceptivo, contribui, de forma decisiva, na estruturação do esquema corporal”.

3.2.2. Conceitos de aprendizagem motora

Buscou-se demonstrar alguns conceitos de aprendizagem motora para que fosse possível falar desse processo com mais clareza e fundamento. No entanto não se pretende buscar em um só autor essa definição, pois entende-se que a aprendizagem motora é um englobamento de conceitos fundamentados na prática, na vivencia de cada ser (DAMASCENO, 1992).

Nesse sentido, apresentam-se alguns conceitos: para Singer (1986), trata-se de novos modos de movimentar-se. De acordo com Grosser e Neumaier (1986), é uma forma de melhorar as condições motoras através da repetição de movimentos feitos conscientemente. Lawther (1968) identifica como algo produzido pela conduta motora através do desenvolvimento do treinamento. Hotz (1985) conceitua como o aprendizado que promove a reunião de representações. No entanto, para Schimidt (1982), a realização de uma atividade motora é um processo que possui inúmeras séries e etapas.

3.2.3. A natação e o processo de aprendizagem motora

Encaramos a natação infantil em uma perspectiva educativa, a qual respeita, sobretudo, os processos de elaboração das aprendizagens. Concordamos com Damasceno (1997), quando sugere: “[...] nadar está muito além de realizar imersões, bater perna e rodar braços. Ele tem um significado próprio para cada indivíduo e é ‘construído’ por cada um de acordo com seus interesses, necessidades e habilidades”. Nas aulas, é permitido e incentivado a exploração e experimentação de variados movimentos e posturas aquáticas. Uma prática que solicita de forma intensa e profunda as capacidades humanas, que permite as crianças conhecerem a água através de seu corpo, ganhando autonomia motora e emocional no meio líquido (DAMASCENO, 1997). Segundo Faw (apud DAMASCENO, 1992, p.6), existem duas classes de habilidades motoras:

[...] as específicas e as filogenéticas. As habilidades motoras específicas são aquelas cujo desenvolvimento depende da aprendizagem. A aprendizagem refere-se às mudanças no comportamento que resultam das experiências vivenciadas pela criança. A criança não nasce com a capacidade de saber fazer, mas com condições necessárias para poder fazer; ela nasce com o potencial para aprender a fazer. No âmbito da natação, estas mudanças dependem das características de empatia existentes entre o processo pedagógico e as condições do organismo da criança submetida a ele, como também do amplo domínio pelo professor dos conteúdos a serem ensinados. Isto é, para uma criança aprender a nadar, o desenvolvimento das habilidades requeridas para este fim, dependerão em grande parte do que ela deseja e pode praticar de suas condições orgânico-funcionais, como do quão efetivo é o professor no ensino desta habilidade. A habilidade motora que esta mesma criança desenvolve, é uma habilidade específica cuja aquisição depende da aprendizagem e principalmente da prática. Diferente das habilidades motoras específicas, as habilidades motoras filogenéticas são aquelas cujo desenvolvimento depende principalmente da maturação. Maturação refere-se às mudanças do desenvolvimento que ocorrem espontaneamente nos indivíduos normais, desde que o ambiente lhes possibilite amadurecer. Com o passar do tempo o sistema nervoso amadurece e a capacidade motora melhora.

Diante de todos os processos de aprendizagem motora, pode-se entender que existe uma perfeita interação entre dois processos: o evolutivo e o da aquisição pelas experiências quanti-qualitativas. Parte do desenvolvimento, isto é, as transformações de ordem qualitativas experimentadas por um indivíduo desde o momento que é concebido até a sua morte, é uma consequência das condições herdadas, tais como o crescimento do corpo, as modificações endócrinas, a mielinização das fibras nervosas etc. (DAMASCENO, 1997).

Outras condutas são, no entanto, adquiridas por aprendizagem. E especificando a aprendizagem, ela é, portanto, uma função do cérebro. Responsável pela aprendizagem, o cérebro e toda sua estrutura é acionado para que ela ocorra, não limitando uma região específica para tal. Desse modo, a aprendizagem é o resultado de várias operações neurofisiológicas. Tais operações associam, combinam e organizam estímulos com respostas, assimilações com acomodações, situações com ações, gnosias com praxias, etc. (DAMASCENO, 1997).

As bainhas de mielina existentes em torno das fibras nervosas devem esta completamente formada antes que possam ser atingidas as velocidades máximas da condução do impulso nervoso. Os meninos tendem a apresentar um crescimento contínuo nos testes de capacidades motoras, dos 06 aos 17 anos de idade. Por outro lado, as meninas estabilizam-se num platô por volta da chegada da puberdade. Um aumento na gordura corporal é a razão fisiológica habitualmente dada para sua falta de progresso depois dessa fase. Entretanto, as mulheres atletas continuam a melhorar em termos da capacidade motora depois da puberdade, o que indica que a redução da atividade física que comumente ocorre entre as adolescentes pode ter mais a ver com sua falta de progresso na capacidade motora do que qualquer medida da maturidade fisiológica (MAGLISCHO, 1999, p. 239).

3.2.4. Vantagens fisiológicas

Tendo a piscina poucos apoios, a criança para além do colo do professor, poucos apoios encontra, tendo por isso de estar em constante movimento para se manter em cima de água, o que para uma criança, exige esforço extra da sua parte, e a alternância rítmica de contração e descontração dos músculos possibilita que os músculos tenham um melhor desenvolvimento. A criança torna-se assim mais capaz de realizar tarefas que exijam maior esforço, facilitando-lhe a aprendizagem e dando-lhe uma maior confiança em si própria (LIMA, 1999).

A par com o aparelho muscular, também o aparelho cárdio–respiratório tem um significativo desenvolvimento. Devendo-se esse desenvolvimento a uma maior exigência a nível respiratório, devido às constantes solicitações à apneia e controle da respiração (DAMASCENO, 1997).

[...] incremento da absorção de oxigênio máxima com o aumento do volume de ar que entra para os pulmões através da inspiração mais profunda, conseguido através de um aumento da capacidade vital e do volume cardíaco por minuto, bem como de uma adaptação em melhores níveis da circulação (DAMASCENO, 1997, p.12).

Deve-se reforçar que todo esforço físico não deve ser acima do nível que a criança possa suportar, não exigindo nada além das possibilidades que ela apresentar, mas criar possibilidades que muitas vezes não teria fora d’água. Possibilidades essas, que consistem em grande parte numa maior variedade de movimentos, o que também dá uma maior mobilidade às articulações da criança (DAMASCENO, 1997).

Uma vez que consome mais energia, do que é normal, a criança come melhor e tem um sono mais tranquilo e mais fácil, o que é maravilhoso, pois, “[...] sabe-se hoje que dormir constitui o grande estímulo para o desenvolvimento cerebral, pois é durante o sono que se formam proteínas fundamentais para a memória, crescimento corporal e aprendizagem” (ANTUNES, 2000, p.19).

Ainda cedo, as crianças vão adaptando-se as diferentes temperaturas, mudanças que não comprometem sua saúde e muito pelo contrário, auxiliam no fortalecimento de seus sistemas imunológicos criando uma quantidade maior de anticorpos que as deixam com mais resistência a doenças. É, no entanto de notar que a natação não é uma cura, mas sim uma prevenção (CORRÊA, 2002).

3.2.5. Vantagens psicológicas

Uma vez que a criança começa a dominar um meio que não lhe é natural, começa desenvolver uma autoconfiança que se refletirá nas suas ações fora da piscina, nas quais demonstrará maior confiança e facilidade em executá-las. A criança começa por assim dizer a ganhar a primeira independência em relação aos pais, como também desenvolve uma maior estabilidade emocional (DAMASCENO, 1997).

Segundo Santos Filho (2001, p.39) “à medida que o indivíduo domina melhor seu corpo e sentimentos, gradativamente ele irá conduzir-se com mais segurança no seu meio ambiente, e, desta forma, movimentar-se, adequadamente dentro de todo um processo educativo”.

Com todas as novas experiências, a criança vai começar a ter noção das suas possibilidades e limitações, uma vez que começa a ter noção do que pode fazer, quer em termos de locomoção, de capacidades físicas que possui, de atitudes, de expressões, de posturas, de percepção espacial e temporal, bem como de afetividade (LIMA, 1999).

3.3. ALGUNS SUBSÍDIOS METODOLÓGICOS PARA A APRENDIZAGEM DE NATAÇÃO

Segundo Velasco (1994), não basta que as crianças estejam em segurança, é necessário que se sintam seguras, e este pressuposto de estabilidade emocional é indispensável a uma autonomia afetiva antecipadora da autonomia motora, que deve caracterizar os primeiros passos da aprendizagem num meio estranho, como é o aquático.

De acordo com Pol (2005), em termos neurofuncionais, a aprendizagem da natação deve reger-se pelos mesmos processos cerebrais que presidem a qualquer tipo de aprendizagem, primeiro as emoções e depois as adaptações, o que em analogia pressupõe a maturação das estruturas límbicas (arque e paleomotoras), e posteriormente, a maturação das estruturas néocorticais (neomotoras).

Para Senra (2005, p. 44):

Apesar de a água ser ela própria suportadora, saber pegar e dar suporte na água é algo complexo que os mediatizadores devem cuidar nesta fase. Atenção ao suporte à cabeça, atenção à segurança gravitacional, vigiar as reações faciais e mímicas, segurar a criança num face-a-face, tocar, com mãos, suportar vertical ou horizontalmente, dar apoios à flutuação dorsais, etc., são manobras específicas de desenvolvimento da criança.

Ainda segundo Velasco (1994), a primeira fase da aprendizagem da natação, o mediatizador deve interagir, com a criança em termos simples e didáticos, ou seja, coexplorar o meio aquático vestibularmente, tátilmente, cinestésicamente, proprioceptivamente, visualmente, auditivamente, etc., tendo em atenção a apropriação de uma imagem do corpo específica na criança, no sentido de construir nela um processamento sensorial diferenciado, que lhe coloque em jogo o surgimento de respostas adaptativas às múltiplas condições e situações do meio aquático, proporcionando o ajustamento do seu corpo e do seu cérebro na água.

A segunda fase de aprendizagem da natação tem como justificativa a promoção e o enriquecimento de adaptação das atividades proporcionadas pelo meio aquático. O corpo da criança, antes ainda da sua locomoção ativa e autônoma, pode produzir respostas de adaptação e essas devem ser observadas (LIMA, 1999).

Antes de produzir um desenvolvimento continuo, o melhoramento da criança nadadora é a resposta de um desenvolvimento de segurança e independência na água (DAMASCENO, 1992).

Aprender a nadar não é sinônimo de aprender uma só técnica, mas antes, harmonizar sinergias respiratórias com sinergias motoras, equilibrativas, para garantir à criança uma propulsão contínua, econômica, melódica e eficaz (DAMASCENO, 1992).

Senra (2005) ressalta a importância de não se esquecer que:

A aprendizagem da natação requer uma organização: material (forma, superfície, profundidade da piscina, objetos e plataformas de suporte, equipamento lúdico, etc.), pedagógica (identificação das necessidades, perfil de área forte e fraca, programa de enriquecimento adaptativo, níveis ou circuitos de aquisição, de ajustamento e de aperfeiçoamento, sistema motivacional e concomitantes reforços, etc.) e técnica (estruturação modularizada, hierarquizada dos subcomponentes do ato natatório: flutuação, respiração e propulsão; compreensão dos princípios biomecânicos básicos da ação e da interação da água no corpo humano: centro de gravidade e de flutuabilidade, força, densidade, turbulência, etc.), a sua demonstração supõe uma continuidade e uma freqüência de experiências, qualitativas e quantitativas, que visam a modificabilidade comportamental adaptada e inteligente das relações criança-meio aquático.

A terceira fase da aprendizagem da natação deve visar à realização da integração sensorial e a apropriação de um corpo transformador e práxico, que implique a observância de deslocamentos aquáticos coordenativos e construtivos, isto é, um enriquecimento crescente, evolutivo e total da criança, onde a dimensão e a profundidade lúdica das competências aquáticas sejam entendidas como prioritária a uma iniciação desportiva e a uma plataforma pedagógica e opcional da competição (SENRA, 2005,p. 46).

Por tudo isso, a aprendizagem da natação é uma função do sistema nervoso, consequentemente, a natação, desde que tenham em atenção os pressupostos do desenvolvimento psicomotor da criança acima abordados, promove e concretiza a capacidade do seu cérebro para aprender a aprender, e este princípio é em última análise, a primeira finalidade de qualquer aprendizagem (SENRA, 2005).

3.4. LÚDICO E A EDUCAÇÃO FÍSICA

A literatura da Educação Física demonstra que o lúdico é reconhecido como elemento impar e de real valor para a criança vivenciar experiências corporais, levando em conta todo o contexto cultural onde a criança está inserida (SANTOS, 2001).

De acordo com Santos (2001, p. 60) a ludicidade,

[...] é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.

Observa-se que os jogos recreativos, jogos cooperativos, jogos cênicos é da cultura popular dos alunos, constituem conteúdos expressos para que o lúdico se incorpore no desenvolvimento motor das crianças. Para isso o professor de Educação Física necessita compreender a importância que a atividade física oferece na formação humana (SANTOS, 2001).

Numa abordagem mais abrangente, o lúdico poderia, ser a ocasião de  lidar com a segurança e o incerto, o medo e a coragem, a perda e o ganho, o prazer e o desprazer, o sério e o cômico, a objetividade e a subjetividade, enfim, uma oportunidade de ensinar  e aprender sobre a vida, entendida como um grande jogo em que, como em todos os demais , existem objetivos, regras e papéis a serem obedecidos (EMERIQUE, 2004).

Para Huizinga (1980), o jogo antecede (e permite) a cultura. Criar, imaginar, sonhar são características humanas. Para Kishimoto (1999, p. 27), “a formação lúdica possibilita ao educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades, desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto”.

Embora com diferentes ênfases, todas as teorias do jogo e da brincadeira, desde as clássicas até as mais recentes, apontam para a importância do lúdico como meio privilegiado de expressão e de aprendizagem infantil, reconhecendo não haver nada significativo na estruturação e no desenvolvimento de uma criança que não passe pelo brincar (RODULFO, 1990).

Estudos na área da psicologia genética apontam que a criança, em sua primeira infância é centrada nela mesma. Constrói suas habilidades adquirindo noções espaciais, temporais com referências nos seus segmentos corporais (FREIRE, 1997).

Na opinião de Freire (1997, p. 19) essa conduta é admissível, porém “[...] o que não se deseja é que essa centração nela mesma permaneça durante algum tempo”.  Talvez queira dizer que o mundo infantil, diferente do adulto, exige competências sociais nas relações e que a atividade lúdica, especialmente nas aulas de Educação Física, se tornam essenciais nessa construção (FREIRE, 1997).

Mesmo considerando a importância da atividade lúdica, como componente necessário à formação da personalidade das crianças, Freire (1997, p.21) adverte:

Não creio que a Educação Física e o jogo sejam solução para os problemas pedagógicos, mas diante das características da criança na primeira infância, não há por que não valorizá-los. Se o contexto for significativo para a criança, o jogo, como qualquer outro recurso pedagógico, tem consequências importantes em seu desenvolvimento.

Ao que parece, é nesse espaço que a criança exercita o seu direito social, discutindo nas atividades a sua relação afetiva com as pessoas e com os objetos. Como exemplo, podemos utilizar a bola como objeto para o desenvolvimento de um exercício motor e até mesmo um quebra-cabeça como objeto de uma atividade que estimule a inteligência da criança.

Assim, são esses elementos capazes de motivar a integração da criança levando a atividades prazerosas de grande importância para seu desenvolvimento, além de possibilitar o despertar de suas percepções e criatividade (FREIRE, 1997).

Segundo Freire (1997), enquanto brinca, o desempenho psicomotor da criança alcança níveis de desempenho nas atividades, corroborados pela motivação. Além de favorecer a imaginação, atenção, concentração e engajamento. Consequentemente, a criança fica mais predisposta a aprender e a pensar, estimulada pela sua inteligência.

Assim, é indispensável que a criança sinta-se atraída pelo objeto/brinquedo. Cabendo aos professores de Educação Física apresentar as possibilidades de exploração que ele oferece, permitindo tempo para observar e motivar-se. A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a exploração não seja a que se espera. Sugere-se não interromper o pensamento da criança ou interferir na sua simbolização (FREIRE, 1997). Nesse sentido, Freire (1997, p. 27) escreve que “o ser humano tem o direito de fazer e compreender. A tarefa fundamental da escola é promover o fazer juntamente com o compreender”.

Desse modo, o professor de Educação Física não deve ser apenas se limitar a sugerir, a estimular, a explicar, mas apresentar-se como facilitador no ensino aprendizagem para que a criança descubra e compreenda estimulando sua imaginação e possibilitando que seu desenvolvimento seja de certo modo, ilimitado (MASSAUD; CORRÊA, 1999).

Segundo Freire (1997, p.23):

Boa parte das descrições sobre o desenvolvimento infantil refere aos atos de pegar, engatinhar, sugar, andar, correr, saltar, gritar, rolar, e assim por diante, movimentos que se constata em quase todas as crianças. O que se espera é que as crianças possam, da melhor forma possível, apresentar em cada período de vida uma boa qualidade de movimentos, de acordo com certos modelos teóricos apresentados, ou seja, que aos três anos, por exemplo, corram ou andem com certa habilidade, que saltem de uma certa forma numa etapa posterior.

Outro risco que se percebe a partir de uma consideração isolada do ato motor, é a redução do papel da Educação Física. Se colocar como objeto de trabalho pedagógico apenas enquadrar as crianças em padrões de movimento, isso poderá até ser conseguido, porém, com o risco de prejudicar um entendimento mais amplo do projeto educacional (FREIRE, 1997).

É importante lembrar que, em passado recente, o padrão social de movimento na Alemanha nazista era muito especial, rígido, disciplinado. Em dado momento histórico, nas escolas brasileiras, a Educação Física seguiu esse padrão. Atualmente, a questão que se estabelece é um padrão esperado nas aulas de Educação Física (FREIRE, 1997). Sobre o papel pedagógico que concerne à Educação Física, Freire (1997, p. 24) afirma:

Em relação ao seu papel pedagógico, a Educação Física deve atuar como qualquer outra disciplina da escola, e não desintegrada dela. As  habilidades  motoras  precisam  ser desenvolvidas, sem dúvida, mas deve estar claro quais serão as conseqüências disso do ponto de vista cognitivo, social e afetivo. Sem se tornar uma disciplina auxiliar de outras, a atividade da Educação Física precisa garantir que, de fato, as ações físicas e as noções lógico-matemáticas que a criança usará nas atividades escolares e fora da escola possam se estruturar adequadamente.

Ao que tudo indica, à escola compete assumir uma posição pedagógicas diferente de outros espaços que se dizem educacionais. Tem-se como questão, ainda, como se deve movimentar uma criança atualmente? A quem compete de fato responder? Será que contrariar a maneira natural das crianças expressarem os seus movimentos é uma forma de movimentação militarista? (MASSAUD; CORRÊA, 1999).

As impressões de Bracht (1992, p.21) mostram que:

A característica do fenômeno típico para o instrutor de ginástica, as habilidades técnicas necessárias, a relação entre instrutor e aluno. Parece-me, no entanto claro que, em nível da caracterização dos papéis, fica explícita a transferência dos códigos da formação física militar para a Educação Física.

É bem possível que se esteja procurando definir maneiras de movimentação das crianças sem querer entendê-las, como seres que vivem em sociedade num determinado mundo. A menos que se abra espaço para um universo maior, e nesses as pessoas procurem viver de forma livre. É prudente que a Educação Física seja capaz de propiciar um espaço que seja expresso o comportamento corporal (BRACHT, 1992).

De acordo com Freire (1997) as habilidades motoras precisam ser desenvolvidas, sem dúvida, mas devem estar claras quais serão as consequências disso no ponto de vista cognitivo, social e afetivo. O preparo de um satisfatório ambiente pode se tornar acolhedor para o bom relacionamento social no meio escolar.

Referindo-se a subordinação da disciplina Educação Física ao esporte, Bracht (1992, p.24) critica de forma contundente a instituição escolar:

E a esta situação persiste sobre tudo porque e funcional nas relações sociais no conjunto das relações sociais, ou seja, é fator de reprodução das relações sociais dominantes, e assim, somente serão - os objetivos e conteúdos da Educação Física - radicalmente questionados quando as próprias relações sociais vigentes o forem.

A disciplina Educação Física precisa buscar um referencial que se assimile com a realidade das crianças e suas respectivas faixas etárias. Através de uma pedagogia centrada no lúdico, a Educação Física tem amplas possibilidades de atender as necessidades da criança, desde que respeite o contexto em que a criança está inserida. Importa pensar que uma aula deve conter os produtos necessários ao relacionamento social e desenvolvimento motor dos alunos (BRACHT, 1992).

O elemento lúdico, além de ocasionar um encontro espontâneo propício ao convívio social das pessoas, é também capaz de resgatar componentes de sua cultura, que cada um traz registrado da sua comunidade onde está inserido e pode ser aproveitado como base de vivência corporal. Dentro deste entendimento, é possível contribuir na formação das crianças com atividades prazerosas (LIMA, 1999).

Na Educação Física, não basta ser especialista em mãos, ou especialista em bolas, para entender o ato de pegar uma bola. A descrição anatômica da mão não permitirá ao especialista entender o ato de pegar, mas poderá ajudá-lo. O especialista em Educação Física deverá ser um estudioso da ação corporal. O que significa isso? No entender acadêmico, base para o exercício consciente da profissão, significa não apenas aquele que tem habilidade para pegar uma bola ou manipula-la com destreza. Mais que isso, significa dotar-se de conhecimentos amplos para uma consciente ação educativa. Não se considera possível entender a ação motora sem separar uma parte da outra é uma tarefa que depende das mudanças radicais na maneira de entender o mundo, da ruptura com conceitos clássicos da ciência, especialmente os positivistas (FREIRE, 1997).

É uma tentativa, portanto, de caracterizar a progressão normal no crescimento físico, no desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem motora e, particularmente, nas interações destes processos em crianças desta faixa etária e, em função destas características, sugerir aspectos ou elementos relevantes para a estruturação da Educação Física (TANI, 1998).

Embora seja considerado o objeto de estudo e aplicação da Educação Física, o movimento humano, nem sempre é adequadamente compreendido e aplicado no reduto escolar. Este é justamente um dos principais fatores que tem dificultado à Educação Física contribuir, de forma efetiva, para a educação global da criança (CARDOSO, 2003).

Dentro da discussão em torno da integração de todos os domínios do comportamento humano, ou seja, cognitivo, afetivo-social e motor, procura-se esclarecer a importância do estudo da evolução física, do progresso fisiológico, cognitivo, motor e afetivo-social, da aprendizagem motora e, particularmente, de suas inter-relações para que se possa estruturar a Educação Física. Como a Educação Física trabalha com movimentos corporais, seja qual for a área de sua atuação, um tratamento mais detalhado será dado aos fenômenos relacionados, mais especificamente com o domínio motor (CARDOSO, 2003).

Piaget (1998) acredita que o jogo é fundamental na vida de uma criança. Compreendendo o jogo como forma de exercício em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Ao se desenvolver, as crianças passam a realizar jogos com representações simbólicas, que as necessidades de executar representações são supridas, deixando assim, de executar ações oriundas apenas de repetições (PIAGET, 1998).

Em seguida, as crianças recebem socialmente umas das outras a transmissão dos jogos de regras que de acordo com seu desenvolvimento social, progridem aumentando sua importância (CORRÊA; MASSAUD, 1999).

A criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprendendo através dos outros as regras dos jogos deixando de lado a busca individual pela solução de problemas. Aprendendo dessa forma, a regular seu comportamento pelas reações, querem elas pareçam agradáveis ou não (PIAGET, 1998).

Massaud e Corrêa (2004) ao indicarem os itens e conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de natação, abordam também, o lúdico como podemos verificar na tabela abaixo (Quadro 1):                          

Quadro 1 - Itens e conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas

Itens para desenvolver Conteúdos
Aspectos afetivos: Adaptação ao meio ambiente; adaptação ao professor.
  • Deslocamento passivo com o professor
  • Conhecer e explorar objetos e pessoas presentes
Equilíbrio estático
  • Equilíbrio de pé no plano
  • Equilíbrio utilizando flutuadores diversos: flutuação com bóia de braço, flutuação com bóia redonda.
Equilíbrio dinâmico
  • Deslocamento andando na parte rasa.
  • Deslocamento com flutuadores.
  • Com bóia, nas posiçõe: vertical, decúbitos, dorsal e ventral.
  • Deslocamento submerso.
  • Caminhar no plano raso dentro da água.
Imagem corporal
  • Localização das partes do próprio corpo.
  • Localização das partes do corpo do outro.
Coordenação óculo-manual
  • Pegar objetos flutuantes.
  • Pegar objetos arremessados.
  • Pegar objetos submersos (visão subaquática).
  • Arremessar objetos.
Preensão muscular
  • Preensão de objetos de formas, textura e tamanhos variados.
Movimentos ativos de membros superior e inferior dentro da água
  • Estímulo ao deslocamento ativo.
Respiração
  • Adaptação à água no rosto.
  • Soprar o ar na água.
  • Desenvolvimento do controle respiratório
Domínio aquático
  • Bloquear sempre que fizer imersão.
  • Imitar gestos.
  • Relaxamento.
  • Exercícios respiratórios.
  • Educativos para a imersão.
  • Estímulo à imersão voluntária.
  • Deslocamento submerso.
Domínio corporal e no meio aquático
  • Conhecimento das partes do corpo.
  • Salto da borda com e se, imersão.
  • Deslocamento submerso com mudança de direção.
  • Sobrevivência no meio líquido.
Ludicidade
  • Atividades lúdicas, musicais e historiadas.

Fonte: CORRÊA, C.; MASSAUD, M. 2004.

Assim, na elaboração das aulas, a preocupação deve ser com a educação do movimento consciente dos alunos, com foco em estimular as crianças a criar e recriar suas próprias atividades para que essas possam ser aplicadas a sua realidade, despertando o estímulo social com a mesma (CORRÊA; MASSAUD, 2004).

Espera-se menos preocupação com a quantidade de atividades oferecidas aos alunos, e mais preocupação na qualidade, adequação e principalmente na participação espontânea, que acima de tudo proporcione prazer, para que a Educação Física não caia num processo instrucional mecanicista (CARDOSO, 2003).

A educação que se busca deve possibilitar autoconhecimento, compreensão de si mesmo e de seu mundo, prazer, contato com o lúdico e desenvolvimento de uma consciência crítica, favorecendo e incentivando o aluno a manifestar suas ideias através de um agir pedagógico coerente o aluno expresse sua corporeidade com responsabilidade e sua capacidade de adaptação social (CARDOSO, 2003).

4. METODOLOGIA

Perante o exposto trabalhamos com os participantes fazendo as coletas de dados descrevendo assim os resultados encontrados. Para isso utilizamos uma pesquisa exploratória, descritiva e qualitativa.

Para Richardson (2008, p. 80),

O método qualitativo pode descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais. Exploram técnicas de observação e entrevistas, pesquisas documentárias, exploram análise de conteúdo e análise histórica.

Por outro lado, Gil (2002, p.43) define que “a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de um determinado fato, que é realizado, quando, porém o tema escolhido é pouco explorado”.

Para Martins (2002) a pesquisa exploratória busca maiores informações sobre determinado assunto e é indicado quando se tem pouco conhecimento do assunto. Na visão de Andrade (2007) a pesquisa exploratória tem objetivo de aprimorar ideias ou descobertas de intuições, trabalho preliminar ou preparatório para outro tipo de pesquisa.

Por fim, a pesquisa descritiva para Cervo e Bervian (1983) observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos do mundo físico e especialmente do mundo humano (variáveis) sem manipulá-los.

Conforme os conceitos supracitados, essa pesquisa é exploratória pelo motivo de o tema escolhido ser pouco explorado, e de ter a intenção da busca por uma resposta acerca do trato pedagógico dos professores de natação infantil. Para isso, foi empregado o método de pesquisa de campo, que consiste na observação e coleta de dados referentes a fenômenos nos seus locais de ocorrência, seguido de análise e interpretação dos resultados com base teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.

Como instrumento de coleta de dados, o presente projeto utilizou se de entrevistas configurando assim, um método qualitativo de pesquisa, que irá possibilitar oportunidades de aprendizados para nós acadêmicos e os diversos leitores, podendo contribuir para estudos do campo e projetos relacionados ao tema.

As observações de aula foram realizadas em cada instituição antes da entrevista, pois para um tipo de pesquisa que se propõe qualitativa nada melhor que uma observação direta no meio em que está sendo pesquisado. Podendo assim, colher outras formas de comunicação no contato pessoal entre o pesquisador e o fenômeno a ser pesquisado conforme Ludke e André (1986) abordam.

4.1. AMOSTRA E LOCAIS DE PESQUISA

Participaram da amostra quatro escolas de Natação dentro da cidade de Vila-velha/ES e quatro professores de natação infantil destas instituições. Ao pensar no local da pesquisa, pensamos em escolher as escolas que possuem estrutura especifica para a prática da natação, e que fosse bem conceituada popularmente na qualidade de ensino.

4.2. PROCESSO DE PESQUISA     

Nas instituições participantes do estudo inicialmente foram observadas duas aulas práticas de cada professor, com o intuito de identificar quais são as atividades lúdicas utilizadas nas aulas da natação infantil, durante as quais os principais aspectos a serem analisados foram os procedimentos utilizados pelo professor; os materiais que utiliza durante as atividades propostas; a sua linguagem com os alunos; se existe ou não a presença de familiares assistindo a aula; quais os estilos de nado trabalhados e se utiliza atividades lúdicas no desenvolvimento das suas aulas.

Para estes itens de análise as quatro observações de aula de cada professor nas instituições participantes do estudo foram o suficiente para uma análise satisfatória. Na sequência foram entrevistas semiestruturada, com cada um dos professores de natação das referidas escolas, depois do devido preenchimento do termo de consentimento livre que pode ser visto em (anexo A).

Para nortear tais entrevistas com cada professor, foi preciso escrever primeiro quais seriam as perguntas a serem feitas. Foram aplicadas as mesmas perguntas para cada professor em dias e lugares diferentes.

Dessa forma, forma utilizou- se de um celular para registro das respostas e das imagens a serem capturadas (imagens de materiais utilizados pelos professores durante as aulas e imagens de algumas aulas práticas dos mesmos). Logo após, foram transcritas todas as respostas para o papel para que posteriormente, as observações e os dados fossem analisados. As perguntas que nos nortearam poderão ser vistas no (apêndice).

As imagens de algumas aulas práticas não foram demonstradas neste trabalho por motivo de resguardar o anonimato dos entrevistados e das crianças. Porém, foram expostas nos slides apresentados para o professor orientador e membros da banca examinadora deste trabalho. 

Assim, eventuais registros de aulas e demais atividades dos alunos foram conduzidos mediante termo de autorização de uso de imagem assinado pelos pais ou responsáveis.

O termo utilizado encontra-se no final do trabalho e apresenta-se como (anexo B). Logo após todas as observações e entrevistas, fizemos as análises dos dados utilizando-se dos resultados e conclusões entrelaçando com o referencial teórico para chegarmos a uma possível conclusão, quanto ao o papel do envolvimento lúdico no processo de ensino e aprendizagem da natação infantil.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO                                     

O objetivo deste trabalho foi analisar a prática pedagógica de alguns professores de natação infantil, a fim de descobrir como o lúdico se faz presente e quais as implicações isso pode trazer para o desenvolvimento da criança.

Para isso implicou-nos a pesquisar e a observar suas aulas durante esse processo. Para nortear as entrevistas com todos os professores foi preciso escrever primeiro quais seriam as perguntas a serem feitas, que poderá ser visto em (apêndice).

Assim, neste tópico apresentamos os resultados obtidos nas entrevistas e observações concedidas voluntariamente pelos professores pesquisados bem como a análise e discussão entrelaçados com o referencial teórico, que possibilitou uma base sólida para a chegada até as considerações finais deste trabalho.

Demos aqui, os seguintes nomes fictícios para as apresentações dos profissionais participantes desta pesquisa, chamamos de Professor 1, Professor 2, Professor 3 e Professor 4.

Como o exposto na metodologia, foram observados e entrevistados quatro profissionais da Educação Física com atuação na área da natação infantil do município de Vila-Velha/ES. Sendo: dois deles com formação em Licenciatura plena e os outros dois em Licenciatura e Bacharel.

O Professor 1 se formou na Universidade Católica Salesiana (UCV) do Espírito Santo, o Professor 2 na Universidade de Vila-Velha (UVV) Espírito Santo, o Professor 3 na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e por fim, o Professor 4, diz ser formado em uma faculdade localizada na zona rural do Espírito Santo.

Todos têm em comum várias pós-graduações ao longo de sua atuação. Porém, dois deles utilizam um mesmo método.

O Professor 1 trabalha há um ano com a natação infantil, o Professor 2relata “que trabalha com natação infantil desde o 5º período de faculdade, através do estágio que conseguiu dentro da própria Universidade (UVV) a mais ou menos quinze anos”.

Apesar de ambos terem uma boa quantidade de pós-graduações, entre elas: "Natação para bebê" e "Fisiologia do exercício", por meio da entrevista declaram que fizeram o curso da "Metodologia de Gustavo Borges (MGB)" em São Paulo; e que agora em suas aulas de natação infantil preferem trabalhar com técnica em questão (MGB).

Eles explicam que a metodologia de Gustavo Borges é o nivelamento de idades, habilidades e toucas de natação com cores diferentes para saber em que nível de aprendizado o aluno se encontra.

Entretanto, ao buscar melhor compreensão quanto a Metodologia de Gustavo Borges, não foram encontrado nenhum tipo de Artigo Científico que possa esclarecer melhor sobre o que é e qual a relevância dessa metodologia para a vida dos sujeitos. 

Assim, por meio da internet foi encontrado um site[1] de Gustavo Borges onde relata que são equipes de profissionais da área que oferecem ferramentas de trabalho com objetivo de encontrar soluções para as empresas aquáticas e através disso, melhorar a qualidades das aulas dos alunos, levando propostas de programações de aulas divididas por identificação das crianças por toucas coloridas, nivelamento de habilidades, idades, e dicas de trabalhos com envolvimento lúdico entre outros (BORGES, 2017).

Logo, nas observações pôde-se perceber que as aulas do Professor 1 e Professor 2, são adaptadas à metodologia de Gustavo Borges, uma vez que eles fragmentam essa metodologia, apropriando-se de partes que podem ser significativas para eles.

Como dito em suas entrevistas, “o nivelamento por idade requer mais tempo e mais alunos, a dificuldade de se nivelar uma turma é enorme, pois a maioria das crianças que chegam para as aulas é com idades diferentes, e muitas vezes não tem como separá-las”.

Para as duas aulas observadas do Professor 1, pôde-se perceber que a média de crianças presentes para cada aula era de mais ou menos oito crianças e que ele não utiliza identificação dos alunos para saber em que nível de aprendizagem cada aluno está.

Os alunos não são divididos em turmas por nivelamentos de habilidades, e se tratando das idades, são separados somente os bebês entre seis meses a dois anos, assim, os bebês fazem as aulas juntos.

Os demais fazem as aulas em horários diferentes, porém as idades são misturadas, exemplo: no horário de 17h são alunos que podem frequentar aquele horário, no horário das 18h tem alunos na faixa etária de 4 a 11 anos, todos juntos.

Sobre os seus materiais de trabalho para as aulas observadas, apesar de professor afirmar trabalhar com conteúdos lúdicos, percebe-se que são utilizados os mesmos de muitas academias: macarrões, pranchas, pinos, argolas e tapetes não havendo materiais lúdicos como brinquedos. Utiliza-se muito pouco de músicas e histórias.

Assim, como dito nas suas entrevistas e nas observações, pôde perceber que o método da sua técnica segue um dos padrões estipulados por Borges.

O professor trabalha o tempo todo dentro da piscina com auxílio de dois estagiários. Ele afirma ser “muito importante, porque os pais e as crianças se sentem mais seguras”.

O Professor 2, apesar de ter um horário específico para a prática da natação para bebês, nas observações para esta aula pôde notar que ele não nivela os demais alunos por idade nem habilidades, ou seja, são os alunos da faixa etária de 3 a 6, anos participando juntos na mesma aula.

Logo, se constata que se tivesse esse nivelamento os alunos teriam a mesma idade, exemplo: o professor teria uma turma com crianças com idades de três anos, outra turma com idades de quatro anos e assim sucessivamente.

Entretanto, é utilizado o método de identificação dos alunos, método este que são as divisões das toucas em cores diferentes para diferenciar em que nível de aprendizado as crianças se encontram, por ele acreditar ser importante para a segurança das crianças, e para a atenção dos estagiários.

O professor 2 ainda relata que “as divisões das toucas, nada mais é do que o aprendizado dividido por níveis: Tartaruga (adaptação); Peixe (aprendizado); Golfinho (Aperfeiçoamento) e Tubarão (aluno que nada os quatros estilos com boa técnica)”. Como poderemos verificar na ilustração abaixo:

Figura 1 – Metodologia

Fonte: Elaboração própria (2017).

Em seus materiais, além dos ditos “tradicionais” (macarrões, argolas, pinos e tapetes) ele também utiliza uma grande parte de materiais lúdicos como vários tipos de bola, bonecos, cordas; além das histórias e músicas infantis. É notório que para estas aulas e as demais aulas pela gama de materiais diversificados que ele possui a utilização do lúdico se faz presente de forma integral em todas as suas aulas. Foi observado que o trabalho com as crianças dentro da piscina são realizados não só pelo professor, mas também por três estagiários com o auxilio do professor responsável que neste caso é o Professor 2. Ele afirma que “é de suma importância que o professor participe das aulas entrando na piscina com as crianças para que elas e os pais possam ficar mais seguros” e relata ainda, que "os pais ficam mais seguros ao ver um número maior de professor e estagiários dentro da piscina".

O Professor 3 trabalha há 25 anos com a natação infantil, também com um número razoável de pós-graduações, relata utilizar em suas aulas de natação infantil o lúdico afirmando que “para o aprendizado da criança o lúdico é fundamental”. Porém, nas observações de suas aulas não foi encontrado nenhum tipo de material lúdico para envolver as crianças durante as suas aulas, os materiais utilizados pelo professor durante aquela aula, foram às pranchas, macarrões, argolas e pinos. As técnicas dos nados estavam muito presentes: a criança pegava a prancha e atravessava a piscina de um lado para outro, como nos nados técnicos. Quando questionado sobre tais materiais, ele respondeu que abre possibilidades para que as crianças levem de casa o seu brinquedo. Observou-se que os alunos não são separados por habilidades e em questão da idade, a escola possui três horários na parte da manhã para a divisão das turmas, sendo que para as aulas que foram observadas à faixa etária destes alunos eram entre seis e nove anos mais ou menos, mas quando questionado a idade correta dos alunos nem mesmo o professor soube responder ao certo, diz esta nesta faixa etária de mais ou menos seis a onze anos. Pois ele procura colocar as crianças de três a seis anos em um horário e de seis a nove anos em outro e por fim o de dez a doze em outro. Como se pode perceber o nivelamento não se dá por idade, pois um nivelamento por idade se dá quando é montado um grupo de crianças com a mesma idade.

Durante a observação das suas aulas não foi possível encontrar nenhum bebê, mas ele diz trabalhar, só que em horários específicos, e assim diz que na aula de natação para bebês ele gosta de ter o total envolvimento dos pais, pede-se que eles entrem junto com os bebês na piscina.

Assim vale ressaltar que nem mesmo quando é exposto que há trabalho com bebês em suas aulas, podemos notar que não havia nenhum tipo de brinquedo em seus materiais, e por fim para as observações desta aula, vale ressaltar que não foi observado nenhum estagiário em suas aulas.

O Professor 4 trabalha há três anos com a natação infantil e possui três pós-graduações, entre elas Cinesiologia e Treinamento Físico. Sua metodologia de ensino é fundamentada em um professor que teve durante um estágio em uma escola de natação em Vitória/ES. Assim, ele diz “não sou fã do lúdico, acho ele importante, mas também acho que o lúdico é só enrolação, e em natação infantil prefiro mesmo trabalhar é com a técnica da natação”.

Durante as observações notou-se que ele utiliza literalmente a técnica da natação, extinguindo totalmente de suas aulas qualquer trabalho lúdico. Seus materiais são pranchas, macarrões, pinos e argolas; deixando de fora, também, qualquer tipo de material lúdico, como brinquedos, brincadeiras e nem músicas. O professor permanece o tempo todo do lado de fora da piscina, com roupa própria para academia, como se estivesse indo malhar e a linguagem utilizada com as crianças é totalmente técnica. Constatou-se nesta observação que as crianças sabem todos os nomes dos nados: peito, costa, crawl e borboleta, pois quando ela fala: “fulano... mandei fazer o nado de costas”, a criança imediatamente pega a sua prancha segurando a no peito em posição de decúbito dorsal, e realiza parcialmente a travessia da piscina com este nado, quando diz “agora é o crawl” a criança pega a prancha e na posição de decúbito ventral ela realiza o nado de crawl com a ajuda da prancha. 

Desta forma foi possível notar que as crianças se cansam muito. Em dado momento, uma das crianças manifestou-se cansada e assim, teve um momento de descanso concedido pelo professor. Os pais ficam sentados o tempo todo em frente à piscina aguardando a aula terminar, alguns dão orientações para seus filhos, como “filho não segura na barra ouve o que a tia diz”.

Assim, de acordo com os dados coletados nas observações e entrevistas desta pesquisa, foi possível verificar que apenas o Professor 3 e Professor 4 trabalham com separação de turmas, ou seja, dividem as turmas em horários diferentes para idades diferentes, exemplo: de 3 a 6 anos em um horário e de 6 a 9 anos em outro e por fim como dito o Professor 4  de 6 a 11 em outro horário. O que talvez dê a intender que haja nivelamento. Mas segundo o Professor 3 e Professor 4 tal nivelamento ainda não é o que eles desejam e nem o que a metodologia de Gustavo Borges indica. Tentando explicar melhor eles nos falam que:

A indicação por nivelamento desta metodologia seria ter uma turma para as aulas de natação com todas as crianças da mesma idade, exemplo crianças com idades de três anos em uma turma, crianças de quatros anos em outra, assim como eles fazem com a natação para bebê, onde tem um horário especifico para se trabalhar só com bebês (PROFESSROR 3; PROFESSOR 4. 2017).

Por vezes nota-se nas observações e entrevistas que todos os professores preferem não trabalhar com nivelamento de habilidades, ou seja, são os mais habilidosos juntos com os menos habilidosos, os que ainda não se adaptaram ainda ao meio líquido junto com os que já estão ali há muito tempo e consequentemente, possuem mais habilidades.  Além disso, durante as observações de todas as aulas dos quatros professores, observa-se que não há nenhuma criança com deficiência.

Do mesmo modo tanto os professores que adquiriram a Metodologia de Gustavo Borges, quanto aos outros que não as utilizam, têm opiniões semelhantes sobre o envolvimento lúdico e a sua importância no processo do ensino e aprendizagem na natação infantil, mesmo que não utilizem tal envolvimento.

Sobretudo, ressaltam que tanto as atividades lúdicas quanto as técnicas precisam ser trabalhadas em conjunto, porém para aquelas aulas “ditas” ter envolvimento lúdicos, somente um utiliza todas as formas do envolvimento lúdico, brincadeiras, jogos, músicas e histórias.

Vale ressaltar que as quatro escolas de natação dispõem de piscinas adequadas com temperatura recomendada e espaços amplos para o ensino da natação infantil. Quanto à participação dos pais durante as aulas de natação, tirando as aulas de natação para bebê, todos os professores dizem ser importante para a motivação das crianças, desde que ficassem ali sentados observando sem interferências no decorrer das aulas. Entretanto, uma vez ao mês ou em data comemorativa, eles participam mais efetivamente dentro da piscina junto com seus filhos.

Para as observações que foram feitas dos quatros professores nos possibilitou a identificar que todos os professores trabalham com crianças na faixa etária aproximada de três a onze anos na natação infantil, e a cobrança aos alunos quanto às técnicas de nado se dão da mesma forma, sem levar em consideração a idade de cada um. Por isso, é importante lembrar que a cada faixa etária, deve ser atribuída uma idade conforme salienta Lima (2009, p. 19):

Podemos dizer que os indivíduos aprendem os nados competitivos quando desenvolvem a coordenação mais fina, pois os movimentos exigidos são semelhantes ao de escrever e ler, que ocorrem dos 04 aos 06 anos, precocemente aos 3 anos e tardiamente aos 6 anos (LIMA, 2009, p.19).

Assim, a tabela abaixo apresenta a percepção de Lima (2009, p. 19) relacionando a aprendizagem e a maturação dos nados de acordo com cada faixa etária. Lembrando que o objeto de estudo em questão são crianças com idade entre 03 e 06 anos, que foram acompanhadas nas observações realizadas e tiveram seus professores entrevistados a fim de proporcionar maior compreensão do universo estudado (Tabela 1).

Tabela 1 – Aprendizagem, maturação dos nados segundo cada faixa etária

Nado

Faixa etária

Crawl

04 aos 06

Costas

04 aos 06

Peito

05 aos 07

Fonte: LIMA, W. U. Ensinando Natação. São Paulo: Phorte, 1999.

Lima (2009, p. 22-23), na tabela abaixo, relata melhor a respeito da maturação dos movimentos que cada idade desenvolve e descreve os nados indicados segundo esse desenvolvimento (Tabela 2).

Tabela 2 – Técnicas de nado recomendadas segundo idade, maturação e desenvolvimento

  Idade 

Maturação, desenvolvimento e técnica de nado recomendada

03 anos

Surgem os primeiros movimentos oriundos dos nados da coordenação mais fina, com pernas de crawl e costas mais caracterizados. Movimentos de braços não somente como apoio, mas também como deslocamento. Como braçada de crawl, somente a fase submersa- mais fácil. Caracterização das fantasias nos exercícios como jacaré:- braços estendidos, uma mão sobre a outra, deslizar pela água. Comportamento de explorar a piscina realizado através de brincadeiras como “caça ao tesouro”.Atividades recreativas durante e ao final das aulas; saltos da borda com apoio de aros são bem aceitos.

04 anos

Acentua-se a coordenação mais fina, consequentemente os movimentos das pernas de Crawl e costas ficam mais elaborados aproximando-se do movimento ideal. Neste momento as pernas começam a auxiliar a sustentação (apoio) do corpo. Quando aos movimentos de braços, ainda são realizados com dificuldade, principalmente o movimento aéreo (recuperação) pela dificuldade em tira-los da água.

05 anos

É comum encontrarmos nessa faze mais intensa da coordenação, crianças com desenvolvimento mais tardio em relação a outras crianças que ficam durante alguns meses sem apresentar evolução nos movimentos. Alguns realizam rapidamente o exercício, outros não. Apresentamos aos alunos a coordenação das pernas e braços e a respiração especifica do crawl – respiração lateral. Os movimentos da braçada são realizados com mais facilidade principalmente a parte aérea. É importante incrementar os movimento das mãos nas diferentes direções com o objetivo de desenvolver a sensibilidade quanto á sustentação e propulsão (deslocamento). Iniciamos a coordenação dos movimentos das pernas, braços, respiração específica, até lançarmos o nado completo, complexidade de movimentos que a criança deverá realizar.

06 anos

Os movimentos coordenados dos nados crawl e costas são mais elaborados, iniciando a fase do aperfeiçoamento. É incrementado o mergulho elementar, movimentos mais elaborados do que os saltos apresentados nas idades anteriores. As crianças realizam alguns movimentos de pernada de peito. Maturacionamento é a idade em que as crianças mais assimilam os movimentos dos estilos crawl, costas e mergulho elementar, encarrando praticamente a primeira fase da pedagogia da natação.

Fonte: LIMA, W. U. Ensinando Natação. São Paulo: Phorte, 1999.

Mesmo que demonstramos a tabela acima para finalizar os resultados encontrados, vale apena demonstrar ainda neste tópico as brincadeiras utilizadas pelo o professor 2. Escolhemos as brincadeiras deste professor, pois foi o único dentre todos os professores entrevistados e observados que utilizou as brincadeiras como um facilitador no ensino e aprendizagem das aulas de natação infantil, vale ressaltar que foram brincadeiras transcritas através das observações. Segue a baixo as brincadeiras utilizadas pelo professor 2:

  • Pega Tubarão: Agora a criança é o golfinho e o professor o tubarão. Para pegar o tubarão as crianças precisam atravessar a piscina na vertical de um ponto ao outro de nado Crawl. Pede-se que as crianças tentam atravessar da maneira mais reta possível. O tubarão/professor fica boiando em um ponto especifico até que seja pego por uma criança, os estagiários ficam observando para ver quem está executando o nado correto, para aqueles que ainda não sabem executar o nado Crawl corretamente, pode-se utilizar a prancha batendo os pezinhos até conseguir chegar ao tubarão.

Observação: para o início da brincadeira as crianças precisam estar do outro lado da piscina encostadas de costas na parede e só podem sair quando os estagiários autorizam.  Não há disputa na brincadeira, a única regra é atravessar a piscina da melhor maneira possível no nado crawl. A brincadeira é uma bem dinâmica e as crianças se envolvem muito facilmente.

  • Pega Bolinha: O professor pega uma bolinha e joga no fundo da piscina, então, escolhe qual a criança irá buscá-la. Assim, a criança tem que mergulhar e pegar a bolinha, e para aquelas que não sabem mergulhar, ele pede para que elas andem até o local onde foi jogada a bolinha e agache dentro da piscina fazendo bolhas pelo nariz, (soltando o ar pelo nariz) para conseguir pegá-la. Para melhor estimulação quanto aquela ou aquelas crianças que não sabem mergulhar e tem medo de agachar por debaixo da água, pode-se usar um bambolê demarcando um espaço menor, neste espaço a criança entra e o professor coloca a bolinha perto do seu pé, e para pegá-la a criança terá que abaixar dentro da água.
  • Surfando na Piscina: O professor pega o tapete flutuante, a intenção é que as crianças aprendam o equilíbrio, a brincadeira consiste na simulação de um surf com a utilização de uma prancha dentro da piscina. Logo, o professor pede para que as crianças façam uma fila dentro da piscina e de um em um, sendo um de cada vez com o auxilio dos estagiários, ele vai colocando em cima do tapete. A criança fica em pé na posição do surf como se estivesse surfando e o professor empurra devagar o tapete até que a criança caia.
  • Sereia e Golfinho: O professor pede para que as crianças façam uma fila de meninas, outra de meninos onde meninas são as sereias e os meninos os golfinhos. Para iniciar a brincadeira, o professor pede que de dois em dois, sendo um menino e uma menina, saiam em nado de golfinho atravessando a piscina na horizontal quando ele autorizar. Assim, quem conseguir chegar ao outro lado, volta andando ainda dentro da piscina para o final da fila. A brincadeira não tem disputa de quem ganha, ou quem perde.
  • Resgatando os Peixinhos: Para que as crianças aprendam a saltar de fora da piscina para dentro da piscina, o professor espalha alguns peixes de brinquedo dentro da piscina e pede para que os alunos façam uma fila do lado de fora da piscina. Próximo à borda, e de um em um na posição de mergulho, as crianças saltam para tentar resgatar os peixinhos. Nesta brincadeira a criança que conseguir ficar mais tempo de baixo da água, consequentemente, é a que consegue resgatar o maior número de peixes. Assim, quem conseguir o maior número de peixes poderá demonstrar outra brincadeira que aprendeu durante as aulas ou até mesmo em outras piscinas, como por exemplo, o rolamento embaixo da água.

Foi interessante a observação das brincadeiras realizadas, pois muitas delas são parecidas com as quais Massaud e Corrêa (2004) indicam:

Pegar um objeto submerso com auxílio do professor: Durante a brincadeira no platô, jogue na base deste, objetos que afundem, e estimule a criança a pegar. Se sentir que a profundidade é muita, segure o objeto na mão submersa. Faça isto em várias aulas, até que a criança consiga pegar o objeto com facilidade (MASSAUD; CORRÊA, 2004, p.106-107).

Essa orientação de Massaud e Corrêa (2004) assemelha-se com a brincadeira “Pega Bolinha” aplicada pelo professor 2.

Outra brincadeira orientada por Massaud e Corrêa (2004) que assemelha-se com uma das brincadeiras aplicada pelo professor 2 é a Brincadeira do Tubarão:

Todos, em conjunto, se afastam do pegador que é o tubarão. O professor dá o sinal (cuidado, lá vai o tubarão), e o pegador começa a pegar um dos colegas. O colega que foi apanhado vira o tubarão e recomeça toda a brincadeira (MASSAUD; CORRÊA, 2004, p.122-123).

Seguindo as referências teóricas com a prática do professor 2, Massaud e Corrêa (2004) orientam o trabalho com o equilíbrio das crianças através das atividades lúdicas:

Equilíbrio dinâmico: Andar no raso, sem cair, de lado, de frente e de costas. Estimule a criança a se deslocar no platô (ou na parte rasa da piscina), várias vezes, jogando objetos de um lado para outro para ela buscar. Faça isso várias vezes. Se a criança se desequilibrar, brinque com ela e estimule-a a continuar a caminhada.

Equilíbrio estático: estimule a criança a experimentar várias posições de bóia redonda decúbito ventral, decúbito dorsal (dormindo na água). Faça várias vezes até perceber que criança domina todas as posições possíveis na bóia redonda. Durante a experimentação da criança o professor deve ficar atento para não ocorrer nenhuma frustração à mesma. Mostre-lhe como sair e entrar na boia para que ela experimente sozinha, de pé no platô (MASSAUD; CORRÊA, 2004, p.106-107).

Assim pode-se observar que o professor 2 é muito bem preparado e com auxilio dos estagiários conseguem atender todos os alunos mesmo que sejam de idades diferentes, pois de acordo com as observações os estagiários são observados e treinados por ele, e o lema é se a criança cair levanta, faz outra posição, tente outras formas de se equilibrar como deitar em cima do tapete em decúbito ventral e fazer que estar voando.

Os resultados obtidos com os professores cooperadores desta pesquisa indicam que as propostas de metodologias da natação infantil adquiridas durante e após o seu processo de formação, podem ser o fator que influenciou os professores a escolher o que trabalhar e com o que trabalhar na natação infantil.

Logo, coloca-se assim, o professor como sujeito de formação de opiniões distintas, com direitos de escolha sobre o que deseja e como deseja em relação à sua formação. Individualidade na escolha do que ensinar e como ensinar, desde que se respeite a ética do que fora transmitido pelo corpo docente durante sua formação como discente. Como afirmado por Freire (2002, p.18), "mulheres e homens, histórico-sociais, nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper e por tudo isso nos fizemos seres éticos”. Ainda segundo Freire (2002, p.34):

O ideal é que, na experiência educativa, educandos, educadores e educadoras, juntos, “convivam” de tal maneira com este como com outros saberes de que falarei que eles não virando sabedoria. Algo que não nos é estranho a educadores e educadoras.

Desse modo, percebe-se que somente um dos professores entrevistados, o Professor 4, trabalha totalmente com a técnica da natação, executando assim, a teoria que lhe fora passada em sua formação.  De acordo com Darido (1995, p.127),

[...] na Educação Física, as possibilidades que temos disponíveis para atenuar o afastamento entre teoria e prática da formação curricular refere-se a adoção de um modelo curricular onde a prática de ensino não compareça apenas no final da formação, pelo contrário que se estimule a prática desde a formação inicial. Mas, é preciso esclarecer que esta prática deve ser acompanhada de perto de um supervisor que possa contribuir com a reflexão na ação.

Ainda convém lembrar que durante a minha formação discente pude perceber que a teoria precisa da prática e a vice versa. O desenvolvimento de determinadas aulas na prática, só foi possível através do conhecimento teórico adquirido em sala de aula. Como Freinet (1969, p. 01) afirma ao dizer que "não há o descrédito, nem a negação do conhecimento técnico, a partir da instrução, formação técnica, tendo em vista a consideração deste como uma das funções fundamentais da escola".

Dessa forma, percebe-se nas aulas observadas desse docente que todos os alunos ali presentes executavam parcialmente as técnicas dos nados: Crawl, Costas e Borboletas. Ao dizer “parcial”, pretende-se dizer que algumas crianças ainda não executam com desenvoltura de todos os nados, precisando ainda do auxilio da prancha para executar alguns nados como o de Costas e Crawl; outras necessitam do macarrão para auxiliá-los no nado Borboleta. Assim nota-se que os materiais ali utilizados servem não só como apoio para as crianças que ainda não sabe nadar, como também serve para o aprimoramento de alguma técnica, como por exemplo, fazer uma flutuação de diversas maneiras (COSTA, 2010).

O nado peito não esteve ali presente, porém, os nados citados pelo professor na hora em que ele fala com a turma “agora é o nado Crawl”, “agora o de Borboleta”, “agora o de costas”, todos os alunos apresentaram compreensão de quais eram e como faziam. Talvez essa dificuldade de alguns alunos não executar por completo tais técnicas de nado, se dê por conta do pouco tempo que fazem as aulas.

Como dito o docente em sua entrevista: “em minhas aulas leva em média um mês para que o aluno adaptar-se ao meio líquido e três meses para execute todos os nados”. Porém, ao executar suas aulas de posse apenas das técnicas, o desenvolvimento individual do aluno é ignorado, fato que deve-se avaliar como colocado por Corrêa (2002, p.19) “é essencial que o professor compreenda cada criança como um indivíduo, a fim de que possa oferecer experiências capazes de permitir o seu maior desenvolvimento”.

Levando em consideração esses aspectos acima talvez esse seja uma das explicações para uma das falas do docente que chamou a atenção durante a entrevista: “não sou fã do lúdico, acho ele importante, mas também acho que o lúdico é só enrolação, e em natação infantil prefiro mesmo trabalhar é com a técnica da natação”.

Assim, como discente acredito que a técnica é muito importante, mas como futuro profissional da área da Educação Física, compreende-se que aprender é construir e reconstruir, não podemos nos prender no que nos foi ensinado, é preciso recriar (FREIRE, 2002) e o lúdico pode ser um aliado para essas novas construções da prática, como um meio de expressão fundamental para as crianças e um grande recurso pedagógico (MARCELLINO, 2001).

Em virtude dos fatos mencionados nos resultados desta pesquisa, percebe-se que somente um professor, o Professor 2, trabalha com envolvimento lúdico de todas as formas e em todas as aulas, trazendo para cada aula uma grande diversidade de brincadeiras, brinquedos e jogos. Uma hora era um jogo de tira ao alvo, outra hora brincadeira de pega o tubarão, e em outro momento, mergulhar para pegar o boneco/boneca de personagens.

Sobre isso, Albareli (2001, p.01) compartilha a ideia de que "as atividades lúdicas podem ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer outra atividade que permita tentar uma situação de interação". Através da observação dos aspectos analisados, pôde-se verificar que o lúdico é considerado pelos professores muito importante, e que precisa ser trabalhado junto com a técnica, porém, a técnica da natação é a que se faz mais presente, pois é trabalhado com mais frequência em todas as aulas. 

Constatou-se ainda, que o uso dos materiais como prancha, argolas macarrões, tapetes e pinos são os mesmos materiais usados para o desenvolvimento das aulas de natação, tendo envolvimento lúdico ou não, e que nas aulas dos professores Professor 1 e Professor 3, a técnica se faz presente em todos os momentos.

Em contrapartida, o Professor 1, mesmo que sutilmente, introduz histórias e músicas, já o Professor 3, não introduz nenhum tipo de atividades lúdicas, não levando em consideração a importância que materiais lúdicos possuem durante a aprendizagem como ressalta Rosário (2000, p. 06):

A natação como agente educativo, realizada de forma integradora e utilizando-se do lúdico, quando aplicada a crianças em idade escolar, assumirá um papel de formação global, levando as mesmas crianças que participaram de um processo de adaptação ao meio líquido a se desenvolverem melhor e mais rapidamente, o que fará do posterior processo de alfabetização algo simples e bem sucedido.

Para Marcellino (2009, p.47) “[...] o lúdico pelos valores que acarreta, deveria ser encarado como importante fator na realização humana”.  Afirma ainda que a criança quando brinca expressa suas fantasias e seus sentimentos (MARCELLINO, 2009). Deste modo acredita-se que saber reconhecer e identificar as expressões que a criança transmite ao brincar seja um facilitador para o ensino de alguns conteúdos.  De acordo com Marcellino (2009):

A variedade de situações emocionais que podem ser expressas através de atividades lúdicas é ilimitada; sentimentos de frustação e de ser rejeitados, ciúmes, do pai e da mãe ou de irmãos e irmãs, a agressividade que acompanha tais ciúmes; o prazer em ter um companheiro e aliado contra os pais, sentimento de amor e ódio em relação a um bebê que esta sendo esperado, assim como as resultantes ansiedades, culpa e necessidade premente de fazer reparação. No brincar da criança também encontramos a repetição de experiências e detalhes reais da vida cotidiana, frequentemente entrelaçados com suas fantasias (MARCELLINO, 2009, p. 48).

Por vezes devemos lembrar que a criança ao trazer resultados da vida cotidiana para as aulas, devemos estar atentos para estas respostas, mediando a todo tempo se houver dificuldades ou conflitos durantes as aulas. Sobre o mesmo ponto de vista sabendo que através do lúdico podemos resgatar a criatividade (MARCELLINO, 2009).

Em relação à organização das crianças nas aulas, observa-se que não há horária específica para aqueles mais habilidosos ou os menos habilidosos, devido todos estarem na mesma aula adaptado ou não ao meio líquido. Logo, eu discente como agente observador desta pesquisa, acredito que talvez a falta de organização por habilidosos e não habilidosos não foi e nem será um empecilho para á pratica da natação infantil, cabendo ao profissional da área ter o bom senso de saber qual a necessidade de cada aluno, o bom senso é quem irá advertir o que está acontecendo no comportamento de tal aluno, podendo notar que há algo a ser compreendido em relação a isso (FREIRE, 2002). Logo cabe ao professor fazer uma reflexão de como foi à aula, como poderá ser no dia seguinte, e o que ele poderá fazer para sempre melhorar tal ação. Assim para mais respostas sobre o envolvimento lúdico na natação infantil, entende-se que a quantidade de profissionais entrevistados e os dados aqui levantados não foram suficientes para definir qual o papel e a postura do professor diante do lúdico nas atividades aquáticas infantis, mas são dados que possibilitam maior reflexão sobre o tema e possibilita estudos futuros a respeito.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante este trabalho por meio de entrevista e observações das aulas dos quatro professores, pode-se constatar que a ludicidade não se faz presente na maioria das aulas observadas, a interação e a socialização acontecem de maneira singular para as aulas que não obtém o lúdico. Provavelmente a falta da integração do lúdico nas aulas de natação infantil se dá por atribuir um conhecimento único das metodologias e atividades propostas.

Assim, esta pesquisa possibilitou um melhor entendimento dos motivos pelos quais a ludicidade não está entrelaçada no cotidiano das aulas de vários professores. Além disso, demonstrou como a ludicidade influencia na vida das crianças especialmente nas aulas com crianças de três a seis anos. Para as aulas com envolvimento lúdico pode-se notar que a criança quando colocada a interagir com a prática da natação e o envolvimento lúdico, demonstra que as possibilidades de um desenvolvimento integral da criança acontecem de forma prazerosa e satisfatória.

Podemos perceber que todo o corpo docente de modo geral, compreende a importância do envolvimento lúdico no processo do ensino e aprendizagem não só nas aulas de natação infantil, mas também como em todo o processo de desenvolvimento da criança. Porém, o que constatamos é que na prática apenas um professor agrega em sua metodologia de ensino infantil um trabalho com a total ludicidade. Quando dizemos “total” queremos ressaltar que além das músicas, histórias e objetos são as suas atitudes é que faz sua aula ser uma aula lúdica.

Dessa maneira, acredita-se que para haver envolvimento lúdico não é só a agregação de materiais que faz com que a aula seja lúdica e sim a forma de se trabalhar, de se entregar e se envolver para que a aula seja prazerosa e satisfatória para as crianças.

Quando o trabalho é com crianças, se faz necessário conhecer, estudar, e analisar as propostas metodológicas para que possamos respeitar o tempo, a individualidade e a ação que esta pode ou não trazer para cada criança. Do mesmo ponto de vista, é necessário que o professor conheça para além das aulas a cultura que cada criança traz consigo seus anseios, interesses e suas manifestações.

Assim, de acordo com o que já foi mencionado, observou-se que quando o individuo se interagem com as atividades lúdicas, as aulas ficam mais prazerosas.  Neste sentido, é explicito que o importante para ele não é aprender rápido é aprender brincado, quando observado nas aulas com brincadeiras e ações lúdicas podemos verificar que as horas passam mais depressa, as crianças cansam bem menos, quando comparada as aulas sem envolvimento lúdico.

Sem dúvida que o profissional de Educação Física que estará trabalhando com crianças seja na natação infantil, ou em outra área da educação infantil, precisa saber que a ludicidade é um componente que serve como apoio para o ensino e aprendizagem.

Portanto, vale ressaltar que o papel do professor é saber mediar à técnica, a prática e a ludicidade para que ambas não aconteçam de forma isolada. Uma vez que a prática necessita da técnica, e a ludicidade pode ser um facilitador neste processo. Semelhantemente o professor também deve ser um mediador dos conhecimentos e das atividades propostas valorizando assim as atividades individuais ou em grupos.

Trabalhar com o lúdico é despertar o interesse, construção e reconstrução de atividades, é conviver juntos professor e alunos, respeitando os limites de cada individuo, e simultaneamente se coloque como participante desse processo.

Assim, este trabalho pretende-se contribuir para o redimensionamento das vivencias lúdicas no contexto das aulas de natação infantil e ampliar as reflexões a cerca das temáticas, focalizando o elemento lúdico como um catalisador no processo de ensino e aprendizagem.

Para tanto, é preciso que os cursos de formação docente aproximem cada vez mais a reflexão sobre as teorias e as práticas docentes. Sobretudo, ressaltara importância de integrar o lúdico nas aulas de natação infantil. Uma vez que foi notório que a maior parte dos professores participantes desta pesquisa entende a importância do lúdico, mas não a utilizam.

Na verdade não é que a técnica e prática da natação, na natação infantil, estejam erradas e sejam insuficientes para o aprendizado das crianças, como notamos durante as observações, é possível que a criança aprenda sem a ludicidade, porém tal fato pode ser menos prazeroso, menos agradável dependendo da faixa etária da criança.

Tal fato pode-se identificar em varias literaturas a importância de se trabalhar com a ludicidade, utilizando-a como um facilitador no processo do ensino e aprendizagem.

7. REFERÊNCIAS

ALBARELI, A. C. et. al. O lúdico, a criança e o educador. Rev. Digital EFDeportes.com. Buenos Aires, Ano 16, nº 163, 2011. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd163/o-ludico-a-crianca-e-o-educador.htm>. Acesso em 25 mar. 2017.

ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 8 ed. São. Paulo, 2007.

ANTUNES, C. A construção do afeto: como estimular as múltiplas inteligências de seus filhos. 3. ed. São Paulo: Augustus, 2000.

BORGES, Gustavo. Metodologia Gustavo Borges. 2017. Disponível em: <http://www.metodologiagb.com.br/>. Acesso em 25 mar. 2017.

BROUGÈRE, G. Jogo e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

BUENO, J. M. Psicomotricidade, teoria e prática: estimulação, educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo: Lovise, 1998.

CARDOSO, C.L. et al. Didática da educação física 1. 3. ed. Ijuí, RS: Unijuí, 2003.

CERVO, A.L.; BERVIAN, P.A. Metodologia Científica: para uso dos estudantes universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

CORRÊA, C. R. F. Atividades aquáticas para bebês. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

CORRÊA, C. R. F.; MASSAUD, M. G. Escola de natação. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.

CORRÊA, C.; MASSAUD, M. Natação na pré-escola. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.

COSTA, P. H. L. Natação e atividades aquáticas: subsídios para o ensino. São Paulo. Manole, 2010.

DAMASCENO, L. G. Natação para bebês: dos conceitos fundamentais à prática sistematizada. 2. Ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1997.

DAMASCENO, L. G. Natação, psicomotricidade e desenvolvimento. Brasília: Secretaria dos Desportos da Presidência da República, 1992.

DAMASCENO, L. G. Natação: psicomotricidade e desenvolvimento. Campinas: Autores Associados, 1997.

DARIDO, S. C. Teoria, prática e reflexão na formação profissional em Educação Física. In: Simpósio Paulista de Educação Física, V, 1995, Rio Claro. Anais, Rio Claro: UNESP, 1995. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/01n2/1_2_Suraya.pdf>. Acesso em 25 mar. 2017.

EMERIQUE, P.S. Aprender e ensinar através do lúdico. São Paulo: Manole, 2004.

FREINET, C. A educação pelo trabalho. Lisboa: Editorial Presença, 1969.

FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997.

FREIRE, J.B. O jogo dentro e fora da escola. Campinas: Autores associados.2005.

FREIRE, J.B. O jogo entre o riso e o choro. Autores associados. Campinas/SP, 2002.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GROSSER, M.; NEUMAIER, A. Técnicas de entretenimento: teoria e prática dos esportes. Barcelona: Martínez Roca, 1986.

HUNZINGA, A. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Perspectiva. São Paulo/SP,1980.

KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.

LIMA, E. L. A prática da natação para bebês. Jundiaí, SP: Fontoura, 2003.

LIMA, W. U. Ensinando Natação. São Paulo: Phorte, 1999.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 2ª ed. São Paulo: EPU, 1986.

MAGLISCHO, E. W. Nadando ainda mais rápido. São Paulo: Manole, 1999.

MAKARENKO, L.P. Natação: seleção de talentos e iniciação desportiva. 1 ed. Porto Alegre: Aritmed, 2001.

MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lúdico, educação e educação física. 3 ed. IJUI: Unijuí, 2009.

MARCELLINO, N.C. Pedagogia da animação. Campinas: Papiros. 2001.

MARTINS, G.A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MASSAUD, M. G; CORRÊA, C. R. Natação na idade escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 2004.

MCARDLE, W. D; KATCH, F. I. ; KATCH, V. L. Fundamentos de fisiologia do exercício. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. , 2002.

MELLO, A. M. Psicomotricidade, educação física e jogos infantis. 3.ed. São Paulo: IBRASA, 1996.

NAVARRO; T. Natação. São Paulo. Gymuos. 1980.

NISTA-PICCOLO, V. L. (Org.). Pedagogia dos esportes. 3. Ed. Campinas, SP: Papirus, 2003.

PIAGET, J. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. Saraiva, 1998.

POL, D.O.C. As atividades aquáticas em espaços formais na cidade de Canoas/RS (Brasil): análise da oferta-demanda e critérios básicos para a elaboração de um programa físico-educativo. Departamento de Fisiologia Universidad de León, 2005. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/EDUCACAO_FISICA/teses/Pol_Tese.pdf>. Acesso em 25 mar. 2017.

RICHARDSON, R.J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

RODULFO, R. O Brincar e o Significante: um estudo psicanalítico sobre a constituição precoce. Porto Alegre: ArtMed, 1990.

ROSÁRIO, E.; SANTOS, G.; NASCIMENTO, M. B. da C. Natação no contexto do desenvolvimento infantil e sócio- pedagógico – GT4 Práticas Investigativas. Grupo de Pesquisa EDUCON/UFS, 2011. Disponível em: <https://portal.unit.br/hotsites/2011/enc_formacao_professores/arquivos/artigos/GT_04_PRATICAS_INVESTIGATIVAS/NATACAO_CONTEXTO_DESENVOLVIMENTO_INFANTIL_SOCIO_PEDAGOGICO.pdf>. Acesso em 23 mar. 2017.

SANTOS, F. G. C. Aspectos ligados à construção do esquema corporal em crianças: fase pré-escolar e escolar de 1° à 4° série. Sprint, 2001.

SENRA, J. A importância da natação na primeira infância segundo a psicomotricidades. 2005. 52 f. Monografia (Pós-Graduação em Psicomotricidade) –  Universidades Candido Mendes, Rio de Janeiro. 2005. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/monopdf/7/JOSIANE%20DE%20OLIVEIRA%20SENRA.pdf>. Acesso em 23 mar. 2017.

SINGER, R. O aprendizado das ações motoras no esporte. Barcelona: Hispano Europea, 1986.

TANI. et al. Educação física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU / EDUSP, 1998.

VAYER, P.; RONCIN, C. A criança e o grupo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

VELASCO, C. G. Natação segundo a psicomotricidade. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

VENANCIO, S.; BATISTA, J. O jogo dentro e fora da escola. Autores associados, Campinas/ SP, 2005.

WINNICOT, D.W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. 1975.

8. APÊNDICE

ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM OS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA VOLTADOS AO ENSINO DA NATAÇÃO

  1. Qual a sua formação?
  2. Há quanto tempo trabalha com a natação infantil?
  3. Com relação a novos alunos, que nunca praticaram natação: quanto tempo costuma durar a adaptação ao meio líquido?
  4. Quais são os procedimentos metodológicos utilizados (quais recursos materiais; técnicas; exercícios de respiração)?
  5. Você considera que atividades lúdicas (jogos e brincadeiras) são importantes para crianças em processo de aprendizagem de natação? Justifique.
  6. Você considera que a aplicação de atividades lúdicas é um diferencial para o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo da criança no processo de aprendizado da natação?
  7. Qual a intensidade da aplicação de métodos lúdicos (isto é, jogos e brincadeiras) durante suas aulas de natação para crianças entre 3 e 6 anos?
  8. Quais são as dificuldades encontradas no seu trabalho, seja na transmissão da técnica ou na aplicação de atividades lúdicas?
  9. Qual é a receptividade dos alunos pelas atividades propostas?
  10. Existe participação dos pais nas aulas de natação e em eventuais atividades lúdicas?                                

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Idade: _______ anos. R.G.: _______________

Eu ___________________________________________, abaixo assinado, declaro ter pleno conhecimento do que se segue: 1)Fui informado, de forma clara e objetiva, que o professor Leonardo Miglinas e seu orientando Rosilane Monteiro Da costa estão realizando uma pesquisa acerca do Envolvimento Lúdico: Um mediador no processo da aprendizagem em natação infantil; 2) Sei que, nesta pesquisa, serão realizadas observações e entrevistas; 3) Estou ciente que, caso me sinta constrangido(a) antes e durante a realização da entrevista, não é obrigatória a minha participação nesta pesquisa; 4) Poderei saber, por meio desta pesquisa, como foram “tratados” os dados que dizem respeito à minha pessoa; 5) Sei que os pesquisadores manterão em caráter confidencial todas as respostas que comprometam a minha privacidade e identidade; 6) Caso queira, poderei receber informações atualizadas durante o estudo, ainda que isso possa afetar a minha vontade em continuar dele participando; 7) Estas informações poderão ser obtidas por contato com os pesquisadores XXXXXX (via telefone: (27) XXXXXXX ou por correio eletrônico: XXXXXXX@hotmail.com); 8) Foi-me esclarecido que o resultado da pesquisa somente será divulgado (por meio de publicações em artigos e trabalhos acadêmicos) com o objetivo científico, mantendo-se a minha identidade em sigilo; 9) Quaisquer outras informações adicionais que julgar importantes para a compreensão do desenvolvimento da pesquisa e de minha participação poderão ser obtidas com o referido pesquisador;10) Autorizo que as informações obtidas ao longo da referida pesquisa venham a ser publicadas em artigos acadêmico-científicos, bem como apresentadas em eventos da mesma natureza, desde que observados os critérios que não comprometam de forma alguma minha privacidade e identidade. Declaro, ainda, que recebi cópia do presente Termo de Consentimento.

Cidade, ________ de _____________ de 20__.

Pesquisador: __________________________________________

 Sujeito da Pesquisa: ____________________________________

ANEXO B

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGEM

Eu__________________________________,responsável pelo aluno(a)_________________________________________________, da turma ______________, autorizo que fotos e filmagens que incluam meu/minha filho (a) sejam feitas e utilizadas.

A) Pela equipe da escola para fins pedagógicos;

B) Para fins de divulgação do trabalho da escola (informativos, encartes, folders, jornais internos e/ou semelhantes).

C) Para fins de publicação site/ blog...

D) Para fins de divulgação nas redes sociais

Estou ciente de que as imagens serão usadas apenas para fins pedagógicos e não comerciais, resguardadas as limitações legais e jurídicas.

Número de telefone fixo/celular:_____________/__________________

__________________________________________

Assinatura do responsável

____________________, _______de__________________ de 20___.


[1]http://www.metodologiagb.com.br/


Publicado por: Rosilane Monteiro da Costa

icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.