A Educação Física e os Temas Transversais: Contribuindo para a formação crítica e social dos alunos da Educação Infantil

índice

Imprimir Texto -A +A
icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1. RESUMO

Nos presentes dias, apesar da inserção cada vez mais cedo da criança no ambiente escolar, pode-se notar que ainda há a falta de profissionais de Educação Física trabalhando com crianças em idades compreendidas até cinco anos. Esta pesquisa teve o objetivo de verificar de que forma os temas transversais abordados dentro dos conteúdos da educação física podem contribuir para que os alunos da educação infantil desenvolvam-se criticamente e socialmente. A metodologia da pesquisa foi uma abordagem descritiva, onde foi realizada uma roda de conversa com 25 alunos da Educação Infantil de uma escola particular, situada na cidade de Paulo Afonso-Bahia e uma entrevista semiestruturada com a docente de Educação Física. As coletas de dados e a análise obtida nesta pesquisa demostram que as crianças possuem conhecimento sobre cada temática abordada e expressaram suas opiniões, baseando as respostas com situações ocorridas no seu cotidiano, mostrou também que a professora tem conhecimento sobre a importância de tratar os temas transversais e que a escola não tem um planejamento para sua abordagem. Com os resultados foi possível concluir que ao abordar os conteúdos da Educação Física baseando-se nas três dimensões (conceitual, procedimental e atitudinal) na Educação Infantil, o professor leva os alunos a refletirem sobre seus conceitos por meio da cultura do movimento, discernindo o certo do errado, e que é papel fundamental do professor proporcionar aulas com objetivos claros, baseando-se nas experiências vividas das crianças.

Palavras-chave: Educação Física. Educação Infantil. Temas Transversais.

ABSTRACT

In these days, despite the child's earlier insertion into the school environment, it may be noted that there is still a shortage of physical education professionals working with children up to five years of age. This research had the objective of verifying how the transversal themes addressed within the contents of physical education can contribute to the students of the children's education to develop themselves critically and socially. The methodology of the research was a descriptive approach, where a conversation was held with 25 students from a private school in the city of Paulo Afonso-Bahia and a semi-structured interview with the physical education teacher. The data collections and the analysis obtained in this research show that the children have knowledge about each topic and expressed their opinions, basing the answers with situations that occurred in their daily life, also showed that the teacher is aware of the importance of dealing with the transversal themes and that the school does not have a plan for its approach. With the results, it has been demonstrated that in approaching the contents of physical education based on the three dimensions (conceptual, procedural and attitudinal) in children's education, it leads students to reflect on their concepts through the culture of movement, discerning right from wrong, and that it is the teacher's fundamental role to provide lessons with clear objectives based on the lived experiences of the children.

Keywords: Physical Education. Child education. Cross-cutting themes and development.

2. INTRODUÇÃO

A Educação Infantil é parte fundamental no processo de autoconhecimento e desenvolvimento dos alunos, segundo a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Artigo 26 e inciso 3°, esta trata da inserção da Educação Física que deve ser integrada a proposta pedagógica da Escola e faz parte do componente curricular obrigatório da Educação Infantil, sendo esta ainda complementada pela Lei das Diretrizes e Bases(LEI N°9394/96), Artigo 29 que trata a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica.

Os conteúdos da Educação Física abordado nesse período da Educação Infantil contribuem para a formação do cidadão e seu desenvolvimento, pois é neste mesmo período da infância, que as crianças vivem diversas experiências com possibilidades de criar, inventar, se descobrirem, conhecendo seus medos, limites e enfrentando os desafios.

Desse modo, os Temas Transversais criados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), tem como objetivo tratar os temas emergentes da sociedade, atrelando-os aos conteúdos das disciplinas de forma pedagógica, contribuindo para formação do cidadão de modo integral e significativo, sendo assim tais temas pode ser elaborado no componente curricular para serem abordados nas aulas de Educação Física na Educação Infantil.

O desejo de pesquisa sobre os Temas Transversais no segundo semestre de 2016, na disciplina de Metodologia do Ensino da Educação Física, quando o professor relatou sobre a importância dos temas ministrados nas aulas e suas abordagens pedagógicas, como era fundamental sua contribuição para o desenvolvimento integral da criança. Foi com base nesse assunto que formou-se uma equipe e foi elaborado um trabalho relatando sobre a sua importância dentro das aulas de Educação Física, então que houve interesse em pesquisar sobre a inserção dos Temas Transversais na Educação Infantil, logo que, é nesta etapa que a criança inicia sua fase escolar e estar em pleno desenvolvimento, então que mudanças positivas ou negativas trariam para elas essas aulas, qual o comportamento das crianças com a temática abordada, que atitudes elas teriam e como seria possível estimular o interesse delas relacionando as aulas ministradas como os problemas emergentes da sociedade.

O objeto de estudo dessa pesquisa analisará a contribuição da Educação Física para as aulas da Educação Infantil. De acordo com os PCNs (BRASIL, 1997; 1998) os Temas Transversais são: Ética, Meio Ambiente, Saúde, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo ou qualquer outro tema emergente, os temas são assuntos que precisam ser discutidos de forma urgente, pois são assuntos vividos pela sociedade e que vão ajudar na formação de um cidadão crítico, capacitando-o a refletir com autonomia e possibilitando a convivência em sociedade, são conteúdos propostos pela escola, de acordo com o meio social ao qual está inserida, são caminhos que precisam ser atravessados por todas as disciplinas.

A autora Soares (1992) relata em sua obra sobre a necessidade e importância de tratar os grandes problemas sociais durante a realização das aulas de Educação Física. O autor Rezende (1992) acredita que os professores precisam de condições materiais, estruturais e emocionais que dispõem para o ensino-aprendizagem, selecionando e privilegiando a transmissibilidade para assimilação e reflexão dos conteúdos essenciais adotando-os como ponto de partida da ação educativa a prática social através das experiências dos alunos.

Já Darido (2011) relata também que os Temas Transversais precisam estar atrelados aos conteúdos da cultura corporal do movimento como: esporte, dança, ginástica, lutas, todas as atividades corporais, baseando-se na realidade social em que estão vivendo, e assim fazer assimilações destes conteúdos com o cotidiano, mas é na infância que a criança desenvolve seu senso crítico e social.

Por sua vez, Vasconcellos (1995) destaca que a Educação Infantil tem um papel muito importante na formação da criança e é nesse espaço que pode-se fazer um trabalho democrático e significativo, pois não se cobra tanto dela, e é nesse contexto que a Educação Infantil não pode trabalhar visando apenas a concretização para as séries seguintes, porém os alunos devem ser visto de modo individual e integral, permitindo a eles desenvolver-se de forma correta enfrentando as diferentes situações do dia a dia e assim aprimorar as suas capacidades física, social e intelectual.

Pereira (2002), descreve que um dos objetivos da Educação Infantil é o de ensinar a observar, interpretar, comunicar-se, realizar ações e sistematizá-las, vale salientar que o professor não só deve ensinar um conteúdo específico, mas sim desenvolver um trabalho visando a formação global ao qual ele também faça parte.

2.1. Problema de Pesquisa

Assim sendo, A Educação Física e os Temas Transversais: Contribuindo para a formação crítica e social dos alunos da Educação Infantil é o objeto central a ser investigado nessa pesquisa. Ao me referir aos termos Temas Transversais na Educação Física e Educação Infantil, tais termos elaborados de forma conjunta acrescentam na formação crítica e social dos alunos.

O termo Educação Infantil é à inserção da criança na Escola, compreendida como a introdução na Educação Básica, toda criança tem direito de ser matriculada e cabe aos governos proverem um local para sua integração. A Educação Infantil é a base da Educação, e todos tem direito a professores capacitados. Já o termo Educação Física trabalha as abordagens pedagógicas, como inserir os conteúdos da disciplina de forma lúdica e de fácil entendimento para compreensão destes, não visando apenas o conhecimento técnico ou prático, mas um entendimento que ela venha a assimilar o seu modo de pensar e agir entendendo o que fazer, como fazer e para que fazer.

Por fim, o termo Temas Transversais, são temas que precisam ser discutidos em caráter emergencial, precisam atravessar todas as disciplinas e os conteúdos abordados em sala de aula para os alunos fazerem assimilações com a realidade vivida nos tempos atuais, em uma comunidade ao qual estão inseridas, buscando norteá-los para que entendam o seu lugar na sociedade, vindo a seres cidadãos críticos, reflexivos e participativos.

Nesse sentido, foram elaboradas as seguintes questões:

  • Qual a importância dos Temas Transversais nas aulas de Educação Física na Educação Infantil?

  • De que forma os Temas Transversais na Educação Física podem contribuir para a formação crítica e social dos alunos da Educação Infantil?

  • Como os Temas Transversais podem ser elaborados nas aulas de Educação Física?

2.2. Hipóteses

Os temas transversais abordados nas aulas de educação física contribuem para a assimilação dos temas emergentes com a realidade atual dos alunos da educação infantil, favorecendo o seu desenvolvimento crítico e social.

2.3. Objetivos

2.3.1. Objetivo Geral

O objetivo dessa pesquisa é analisar a importância dos Temas Transversais nas aulas de Educação Física na Educação Infantil.

2.3.2. Objetivos Específicos

- Compreender como os Temas Transversais da Educação Física pode contribuir para a formação critica e social desses alunos.

- Investigar de que forma esses temas podem ser abordados dentro das aulas de Educação Física.

2.4. Justificativa

A importância dessa pesquisa foi analisar o desenvolvimento da formação crítica e social dos alunos da Educação Infantil, mediante a abordagem dos Temas Transversais dentro das aulas de Educação Física, e favorecendo a compreensão de como esses problemas podem ser abordados, em um contexto social é fundamental essa discussão, pois permite seu desenvolvimento de forma integral, levando-o a refletir sobre as situações do cotidiano, sendo mais observador e tomando suas próprias decisões.

A Educação Física, quase sempre é vista como um componente curricular que deve ensinar regras, táticas e técnicas, porém o seu papel visa a formação de um cidadão mais autônomo, transmitindo-lhe conhecimentos, valores e crenças, dando-lhe condições a pensar e agir. Não são muitos os trabalhos que falam sobre essa importância dos Temas Transversais dentro da Educação Infantil e sua contribuição para o desenvolvimento das crianças. A elaboração desse trabalho pode estimular a comunidade acadêmica, a discutir sobre a problemática, servindo para orientar outros docentes a refletirem sobre a questão.

Essa pesquisa favorece trazer à tona as discussões e reflexões, situações essas geradas a partir da inserção dos Temas Transversais dentro da Educação Infantil. Por isso, a importância dessa pesquisa que coloca como tema a relevância dessa abordagem no campo, inserindo dentro do ambiente escolar, através da Educação Física, devido a sua contribuição para a formação crítica e social que sustenta toda a formação desse estudo.

2.5. Estrutura do Trabalho

A estrutura organizacional deste trabalho foi dividido em 5 capítulos, sendo o primeiro a introdução e logo a partir do Capítulo 2 serão apresentados os fundamentos teóricos que abordam sobre o contexto histórico da Educação física, uma breve relato, a inserção da educação física dentro da educação infantil, sua importância e contribuições para o desenvolvimento e a abordagem dos temas transversais, descrições e definições pedagógicas de cada um dos temas propostos neste trabalho. O Capítulo 3 trata do procedimento metodológico adotado pelo pesquisador. O capítulo 4 apresenta as análises e discussões dos materiais coletados pelo pesquisador referentes ao tema proposto do trabalho. Por fim, o Capítulo 5 apresenta as considerações finais, trazendo uma análise das limitações e da validade do trabalho como um todo, lições aprendidas, e recomendações para trabalhos futuros.

3. Fundamentação Teórica

3.1. Ensino da educação física escolar: breve contextualização

Com base no contexto histórico citado por Darido (2003) e por Soares et al. (2012), relatam que ao seguir os padrões de outras culturas como a Europa, nota-se que por volta do final século XVIII e início do século XIX com a ascendente sociedade capitalista, foi criada uma sociedade nova, onde o homem precisava ser mais forte, ágil e empreendedor. Devido o crescimento do mundo do trabalho, exigia-se o máximo de esforço físico, sendo necessário o cuidado do corpo, problema esse que mereceu toda a atenção das autoridades estatais que viam nos hábitos higiênicos (tomar banho, escovar os dentes e lavar as mão) e nos exercício físicos uma melhor resposta para a manutenção da saúde da sociedade no século XIX.

Foi baseado nesse modelo que Darido (2003) e os PCN’s (BRASIL, 1997) mencionam que a prática da Educação Física, antes denominado Exercícios Ginásticos, começou a ser inserida no ambiente escolar no Brasil em meados do século XIX por volta de 1851, quando foi elaborada a Reforma Couto de Ferraz1, sendo essa regulamentada em 1954, Decreto esse que tornou obrigatória a disciplina da Educação Física dentro das escolas nos municípios da Corte, que tratava como primária a Ginástica e como secundária a Dança.

Porém, na época houve resistência por parte de alguns pais, pois eles não viam na Educação Física que na época era tratada como Ginástica um enriquecimento intelectual, alguns desses mesmos pais deixavam apenas que os meninos praticassem essa disciplina, visto que com a prática dos exercícios melhorariam o seu físico. Já as meninas eram proibidas de praticar as aulas, a ginástica era associada às práticas militares, então era de fundamental importância a sua prática para a formação de jovens fortes e saudáveis.

Sobre a Reforma Leôncio de Carvalho que ocorreu em 19 de Abril de 1879, que tratava da reforma do ensino primário e secundário da Corte e o Superior em todo o Império, três anos após Rui Barbosa em 1882, defendeu a implantação da Ginástica nas escolas normais e tornou-a obrigatória para ambos os sexos, defendeu também a equiparação desses professores para a ministração dessas aulas com as das demais disciplinas. Relatou ainda a sua importância para se ter um corpo saudável para assim desenvolverem o seu intelectual, porém essa implantação não ocorreu como o esperado, sendo implantado apenas em algumas escolas normais do Rio de Janeiro e na Escola Militar, PCN’s (BRASIL, 1997).

No início do Século XX, os PCN’s (BRASIL, 1997) ainda destaca-se que a disciplina da ginástica foi incluída nos currículos de alguns estados, como: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco e São Paulo. Foi nessa mesma época que a Educação Física foi influenciada por outros movimentos como a Escola-novista, sendo declaração a sua importância para o desenvolvimento integral do ser humano.

Todavia, em 1929, na III Conferência Nacional da Educação que foram discutidos os métodos, as práticas e problemas relacionados à prática dessa disciplina, pois nesse período eram abordados os método de outra cultura dentro das aulas, conhecido como Movimento Ginástico Europeu, foi nessa mesma época em que surgiram as primeiras sistematizações sobre exercícios físicos e os métodos abordados eram o europeu, o sueco, o francês e o alemão.

No Brasil em 1930, citado pelos PCN’s (BRASIL, 1997) foi o período em que sofria-se com os reflexos ideológicos dos nazistas e fascistas, as ideias da eugenização das raças passa ganhar força novamente, cedendo lugar logo depois ao higienismo, onde o exército comandava um ideal em prol da Educação Física para o preparo militar, dando lugar logo depois aos objetivos de prevenir doenças e a higiene, proposta essa também citada por Darido (2003).

Conforme, Soares et al. (2012) as aulas eram ministradas por instrutores físicos do exército, que impunham métodos rígidos de disciplina e hierarquia, tentando construir um homem obediente, submisso, disciplinado e intenso respeitador da hierarquia social, modelo esse idealizado pela ditadura do Estado Novo. Os médicos também possuem um seu papel importante dentro desse contexto, especificamente o Médico higienista, que era quase indispensável nessa época, pois eles exerciam sua autoridade diante de um conhecimento de ordem biológica, como se autodenominavam.

Nesse sentido, as primeiras décadas no século XX foram marcados por doenças e mortalidade, de acordo com Soares et al. (2012) esses higienistas viam a necessidade de intervir com medidas impondo normas em nome da saúde, tais medidas essas que se mostraram eficazes no controle dessas doenças ocorridas nas grandes cidades, os objetivos desses médicos eram influenciar no modo de vida e das habitações da classe trabalhadora, devido ao grande crescimento industrial.

Foucault (1985) referenciou em sua obra sobre a ideologia do controle que a sociedade tentava exercer sobre o indivíduo não era apenas pela consciência, mas pelo corpo, que era nesse mesmo corpo que a sociedade capitalista devia investir, sendo assim, o corpo era antes de tudo uma realidade “biopolítica”.

Os PCN’s (BRASIL, 1997) relatam que no ano de 1937, foi elaborada a Constituição, a Educação Física foi referenciada nos textos Constitucionais Federais, e foi incluída no Currículo como prática educativa obrigatória, junto com as demais disciplinas em todas as Escolas Brasileiras. Nessa mesma década houveram mudanças significativas no país, decorrentes dos processos de urbanização, industrialização e inserção do Estado Novo, onde a Educação Física destacou-se com bastante ênfase na formação do trabalhador, contribuindo assim para o fortalecimento de suas capacidades físicas, produtiva, cooperativa e coletiva.

Em 1939 foi criada a primeira escola civil de formação de professores de Educação Física de acordo com o Decreto nº 1.212, de 17 de Fevereiro de 1939, sabendo-se que os profissionais que atuavam nessa época ministrando as aulas eram instrutores militares, conforme Soares et al. (2012).

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e da ditadura do Estado Novo no Brasil, a Escola Nova ainda fixada no Brasil desde a década de 20, era influenciada pelo Educador Dewey2 que era contra a Escola Tradicional, presente ainda na década de 40, ele tinha como base o respeito à personalidade da criança, visando seu desenvolvimento integral, caracterizado por uma escola democrática, onde as mesmas aprendessem fazendo (DARIDO, 1999).

As décadas entre 1940 e 1960, foram marcadas por tentarem fazer da Educação Física uma disciplina mais educativa, com base nisso:

(...) houve esforço de tornar a educação física disciplina comum aos currículos escolares. Diante disso A educação física pedagogicista é, pois, a concepção que vai reclamar da sociedade a necessidade de encarar a educação física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou de disciplinar a juventude, mas de encarar a educação física como uma prática eminentemente educativa (GHIRALDELLI JÚNIOR, p.19, 1998).

Com o debate sobre o sistema de ensino no Brasil e com a publicação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) em 1961, ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física no ensino Primário (Educação Infantil e Fundamental) e Médio. A partir de então o esporte ganhou mais espaço nessas aulas, surgindo assim uma Tendência Esportivista, sendo essa divulgada no Brasil por Auguste Listello. Professor Francês que foi um dos criadores do Método Desportivo Generalizado, ele acreditava que a prática da Educação Física deveria ser orientada e com aproveitamento de seus horários livres, visando uma educação para todos, substituindo os exercícios feitos por obrigação pelos executados por prazer, segundo Lourdes:

As finalidades da Educação Física Esportiva eram livrar as crianças de sua inatividade, de sua indiferença pelo esforço físico, integrar o sujeito a alguma coletividade, valorizando a pessoa, pensando que o esporte e a educação física “não é um fim, mas um meio de formação e preparação para a vida em geral. (LOURDES, 2007, p. 5).

O ano de 1964 sofreu influências da Tendência Tecnicista, onde o objetivo era a formação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho, nessa época houve um crescimento de cursos técnicos profissionalizantes. Nessa mesma década, especificamente em 1968, foi promulgada Lei N° 5.540- que fixava normas de organização, o funcionamento do ensino superior e a sua articulação com a Escola Média e dando outras providências, em 1971 a Educação Física era considerada apenas uma atividade prática, que visava somente o desempenho técnico e físico do aluno.

Ainda na década de 1970, o Governo estava sobre o Regime Militar e uma Ditadura, passou-se então a investir mais uma vez na Educação Física, buscando desse modo à integração Nacional entre os Estados e a Segurança, na tentativa de formar um exército jovem, forte e saudável, desmobilizar assim, as força políticas da oposição, ainda sobre a forte Tendência Esportivista que era considerada um fator primordial para a contribuição da força de trabalho,

Nesse sentido, foram atrelados os vínculos entre esporte e nacionalismo em que viam a Educação Física como uma atividade para aprimorar essa força e também as morais, cívicas, psíquicas e sociais dos alunos, que mantinham a ênfase apenas na aptidão física. Desse modo, iam descobrindo e selecionando talentos para participarem de competições dentro e fora do país, lembrando que nessa década o Brasil havia sido campeão da Copa do Mundo de Futebol.

Com o modelo esportivista bastante criticado na década de 70 e a decrescente procura de praticantes de atividade física, levou a mudanças significativas no quadro das Políticas Educacionais da Educação Física, pois nesse tempo a Educação Física Escolar era voltada apenas para o Fundamental II.

Desse modo, passou a priorizar também a Educação Infantil e o Fundamental I,de acordo com Darido (2003), os anos 1980 foram marcados pela valorização dos conhecimentos produzidos pela ciência, onde cresce o número de profissionais na procura por mestrados que passam a ver Educação Física como ciência da motricidade humana, então através dos movimentos Renovadores onde destacaram-se a Psicomotricidade.

Segundo Soares et al. (2012), a prática dos movimentos seria melhorada através de estruturações do esquema corporal e aptidões motoras, sendo que as práticas desses exercícios acarretariam mudanças de hábitos, ideias e movimentos, onde o enfoque principal seria o desenvolvimento psicomotor do aluno e não o esporte de alto rendimento.

A Educação Física passou a estruturar mais os seus laços com a psicologia, biologia, filosofia e etc. Com o surgimento de novas Tendências e com um maior número de artigos e revistas publicadas que passaram a valorizar a área da Educação Física, passando assim, a ter uma importância mais social, onde o seu papel principal seria abordar através do ensino–aprendizagem as questões que tratassem sobre os assuntos voltados a cultura corporal e os seus valores dentro dessa cultura, a sua exclusão e discriminação social e que essas viessem a ser questões primordiais nessa perspectiva de ensino.

Com o intuito de romper com o modelo mecanicista, os movimentos renovadores da Educação Física, tinha como principal objetivo a promoção das relações interpessoais e facilitar o desenvolvimento integral da criança. Esse princípio humanista surgiu de um movimento chamado esporte para todos, onde Soares et al. (2012) relatou que esse programa era capaz de desenvolver atitudes de cooperação e solidariedade, onde de acordo com o processo educativo podia-se reconhecer os limites dos alunos e superá-los.

Inúmeros são os tipos de abordagens, porém os PCN’s relatam a importância de alguns, a exemplo de um dele pode-se citar a abordagem desenvolvimentista:

Outra abordagem é a desenvolvimentista, que tenta caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em relação a faixa etária e, em função dessas características, sugerir aspectos ou elementos relevantes à estruturação de um programa para a educação física na escola (BRASIL, 1998, p.24).

Sendo assim, o início da década de 90 foi marcado pelo forte crescimento de pessoas sem uma formação acadêmica para ministrarem as aulas de Educação Física, porém foi nessa mesma década que houve a sua regularização.

Em 20 de Dezembro de 1996, foi ordenado a publicação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que citava que a Educação Física integrada a proposta pedagógica era componente curricular obrigatório da Educação Básica, mesmo com a promulgação dessa Lei, a disciplina ainda é marginalizada em algumas escolas, pois eram realizadas as aulas ou nas últimas do período da manhã com o sol muito quente ou então eram realizadas em horários diferentes do período das aulas,

Em 1997 e 1998 foram criados os PCN´s que serviam para nortear os professores nos que diz respeitos aos conteúdos das disciplinas para serem administrados dentro das salas de aulas. Esses mesmos conteúdos devem e podem ser adaptados para a realidade onde a escola está localizada, por meio do Projeto Político Pedagógico da Instituição.

Darido (2012) afirma que os conteúdos devem além de tudo abordar conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis, regras, habilidades, os modos das atividades, os métodos de compreensão e aplicação, os modos de estudos, trabalho, lazer e convivência entre todos, seus valores, convicções e suas atitudes, os PCN’s tratam de cada área de ensino específico e em outro volume dos trata sobre os Temas Transversais e sua importância dentro do ambiente escolar.

Gonçalves (1994) relata sobre a aprendizagem dos conteúdos que não utilizam o corpo, que essa aprendizagem dependendo do método de ensino, pode colocar o aluno em um mundo diferente de sua realidade, ensinando um conhecimento fragmentado e sem significado para o aluno, desse modo a Educação Física tem como principal objeto de estudo o corpo, que o utiliza buscando a autonomia dos movimentos corporais através de fatores pedagógicos, então a Educação Física na escola mostra ao aluno outra visão do seu corpo, compreendendo-o de uma forma integral.

3.2. A educação física na educação infantil

O conceito de criança faz parte de uma construção social surgida no final do século XVIII e XIX. Sendo assim o termo criança é definido como uma pessoa no início do seu desenvolvimento, logo os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil- PNQEI (BRASIL, 1994a apud PNQEI, 2006, p.13) à define como: “A criança é um sujeito social e histórico que está inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele”, a criança não pode ser vista como miniatura de um adulto, porém dependem deles, mas como um ser capaz de agir e ter iniciativas próprias do seu modo.

Já Magalhães (2007) afirma que:

A criança é um ser representante do meio no qual está inserida, onde os pais desempenham um papel de extremo poder. São personagens mágicos, que adivinham desejos secretos, satisfazem os anseios mais profundos e executam façanhas miraculosas. Quando estávamos vivenciando essa fase, também imaginávamos assim: que nossos pais eram mágicos; nossos brinquedos ganhavam vida durante a noite; e a vida era um grande faz-de-conta; ou seja, éramos ingênuos, iniciando os primeiros contatos com o mundo, que com o passar dos anos se tornaria bastante instável. (BORGES apud MAGALHÃES, 2007, p.46)

Desse modo, a criança deve ser vista como um ser humano capaz de desenvolver emoções, interagir e desenvolver-se no meio ao qual está inserido, um sujeito com condições necessárias de adaptação e características em plena transformação.

Por outro lado, o conceito de infância é definido por Ferreira e Freitas (2011) como sendo a fase onde a criança desenvolve suas aprendizagens, sendo a Educação Infantil é a primeira etapa para o desenvolvimento dessas aprendizagens.

Com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil- RCNEI (1998), a Educação Infantil tanto no Brasil quanto em vários países, tem apresentado um grande crescimento nos últimos anos devido ao desenvolvimento urbano, à presença da mulher no mercado de trabalho e a configuração estrutural familiar, ressalta ainda que essas mudanças forjaram na população uma maior consciência no que diz respeito aos conhecimentos vividos nos primeiros anos da infância.

A Educação Física está inserida na Educação Infantil desde 1996, de acordo com a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, 1996), Artigo 26 e inciso 3°, sendo esta integrada a proposta pedagógica e fazendo parte do componente curricular obrigatório da Escola, ainda complementada pela Lei das Diretrizes e Bases (LEI N°9394/96), Artigo 29 que trata a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, porém a lei não mostra de forma específica o papel da Educação Física nessa fase e a deixa subordinada as demais componentes curriculares.

A Educação Física na Educação Infantil, é importante pois, contribui para o desenvolvimento de modo geral da criança, segundo LE BOULCH (1988, p.26 apud GONÇALVES, 2010), a Educação Física mostra-se indispensável tanto quanto as outras disciplinas nessa fase educacional, pois procura contribuir para o desenvolvimento das habilidades (motoras, físicas, cognitivas e sócias) e suas capacidades físicas como um todo por meio do movimento humano,

Porém, ainda é mais comum ver a presença de um profissional de Educação Física em escolas infantis privadas do que em escolas públicas, sendo mais comum a presença de Pedagogos, sabe-se da importância dos dois nesse ambiente de ensino, cada um com seus respectivos conhecimentos. Desse modo, Ferreira e Freitas (2011) afirmam que:

[...] tanto os pedagogos quanto os professores de Educação Física, trabalhando de modo interdisciplinar podem favorecer os processos de aprendizagem e desenvolvimento infantil [...]. Aqui defendemos que o trabalho abarque não mais disciplinas ou profissionais ‘disciplinados’, mas sim as zonas de fronteira entre conhecimentos que possam ser apropriadas e dominadas por diferentes profissionais (BARBOSA apud FERREIRA; FREITAS, 2011, p.5).

Assim sendo, as duas disciplinas devem trabalhar, juntas visando um único objetivo que é o desenvolvimento da criança, propiciando um ambiente e materiais adequados, onde a criança possa se sentir segura, protegida e estimulada a se tornar um cidadão com opiniões próprias.

De acordo com Basei (2008) é na Escola da Educação Infantil que a criança é inserida num meio social, para que possa ampliar e descobrir novas experiências fora do ambiente familiar, sejam elas, individuais, culturais e etc., espaço esse que possam ser adequados ao seu estilo de vida, possibilitando-lhes através de estímulos o seu desenvolvimento integral, buscando oportunizar vários conhecimentos, cabe ao professor proporcionar esse lugar agradável de intermediação entre o ambiente escolar e o lar da criança, nesse processo de mudança, onde começa a se formar a sua personalidade.

Leal (2004) ressalta que a Educação Infantil deve abordar os conteúdos a partir do que as crianças já sabem, para assim estimular as aprendizagens decorrentes dos processos educativos, processos esses que sempre estão em constante evolução, respeitando o tempo individual de cada criança.

Sayão (2001) ressalta que:

Na Educação Física a cultura corporal/de movimento traz no seu campo-objeto de conhecimento, manifestações corporais já presentes na vida das crianças, que deverão ser tematizadas com elas, não só na aula dessa disciplina, como também em outros momentos, atendendo assim, a perspectiva de articulação a ser desenvolvida pela equipe pedagógica. (GRUPO DE ESTUDOS AMPLIADO DA EDUCAÇÃO FÍSICA apud SAYÃO, 2001, p.57)

A Educação Física na Educação Infantil tem como objetivo, contribuir para o aprimoramento das habilidades físicas, motoras, sociais e cognitivas das crianças nessa fase escolar através do movimento, Ayoub (2001) caracteriza que a criança deve ter espaço para brincar, expressando sua linguagem corporal com o corpo, ressalta ainda que brincar pode levá-las a produzirem várias manifestações corporais, relacionados aos conteúdos da Educação Física, atribuídos a ludicidade e o faz de conta e etc., sendo esse fator primordial para o seu desenvolvimento na infância.

Dessa forma, Malta (2012) afirma que:

(...)o lúdico ajuda na construção do seu conhecimento, na socialização, englobando todos os aspectos, tanto cognitivos, quanto afetivos melhorando a autoestima e os conhecimentos concretos, trazendo uma formação e uma autoaprendizagem de forma ampla, buscando diversificar experiências onde possam expressar sentimentos, adquirir conhecimentos e promover o desenvolvimento psicomotor nas crianças na educação infantil. (MALTA, 2012, p.12)

Já o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (BRASIL, 1998) refere que no faz de conta as crianças imaginam uma realidade, motivada por aquilo observam ou vivenciaram, sendo assim, com base nessa linguagem, afirma-se que:

(..)as crianças enriquecem sua identidade, porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens. Na brincadeira, vivenciam concretamente a elaboração e negociação de regras de convivência, assim como a elaboração de um sistema de representação dos diversos sentimentos, das emoções e das construções humanas. Isso ocorre porque a motivação da brincadeira é sempre individual e depende dos recursos emocionais de cada criança que são compartilhados em situações de interação social. Por meio da repetição de determinadas ações imaginadas que se baseiam nas polaridades presença/ausência, bom/mau, prazer/desprazer, passividade/ atividade, dentro/fora, grande/pequeno, feio/bonito etc., as crianças também podem internalizar e elaborar suas emoções e sentimentos, desenvolvendo um sentido próprio de moral e de justiça. (BRASIL, 1998, p.24)

Prado (2001) relata que a brincadeira faz com que as crianças alcancem patamares que normalmente elas não conseguem. É através do brincar que as crianças sentem prazer nas suas realizações, sejam elas, tentativas, concretizações e objetivos nas brincadeiras, expressando seus desejos, necessidades, emocional, sensibilidade.

A percepção do corpo está entre o brincar e o movimento, sendo assim é por meio desse intermédio que os corpos das crianças falam, criam, fazem gestos manifestando suas intenções, desse modo interagem com outras crianças, vivem em um meio social, os professores de Educação Física devem englobar conteúdos que proporcionem esse modo de comunicação.

Darido (2003) enfatiza sobre a Abordagem Psicomotora com a Educação Física para o desenvolvimento da criança através da aprendizagem, com o discurso presente sobre essa prática o professor deve mostrar-se mais compromissado a não apenas buscar o máximo de rendimento corporal com movimentos mecanizados, mas também valorizar a aprendizagem psicológica da criança.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil- RCNEI (BRASIL, 1998) relata sobre a importância dos conteúdos, onde refere que:

As diferentes aprendizagens se dão por meio de sucessivas reorganizações do conhecimento, e este processo é protagonizado pelas crianças quando podem vivenciar experiências que lhes forneçam conteúdos apresentados de forma não simplificada e associados a práticas sociais reais. É importante marcar que não há aprendizagem sem conteúdos. (BRASIL, 1998, p.48)

Nesse contexto, pode-se ver a necessidade de trabalho baseado na realidade das crianças, nas diversas situações nas quais estão inseridas diariamente, para uma melhor assimilação quanto a essas aprendizagens para desenvolverem e manifestarem seu modo ser, sentir e agir, de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), esses temas englobam de certa forma conceitos, princípios, procedimentos, atitudes, valores e normas, ampliando seu conhecimento pessoal e social. Nesse sentido, os conteúdos são definidos como procedimentais (saber fazer), conceituais (o que fazer) e atitudinais (como fazer), sendo essas dimensões:

Com base no RCNEI (BRASIL, 1998) a definição dos conteúdos conceituais se dá pela concepção das diferentes capacidades ideológicas que busquem um sentido real, sejam eles do mais inocente ao mais confuso, a conceitualização vai tornando-se mais concreta, a partir da aprendizagem da criança em construir imagens provisórias, podendo assim essas ideias serem ampliadas e modificadas.

Ainda refere que alguns desse conteúdo conceituais podem ser adequados durante o período educacional, outros não, pois levarão mais tempo na sua construção, pois alguns destes conteúdos visam assimilações de determinados conhecimentos e colaboração de princípios para demonstrações expressivas e originais.

Já o conteúdo procedimental de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998) relata que estão diretamente relacionados a processos construtivos das crianças, estipulando direções que as levem a realizar as suas ações, não sendo atividades mecânicas sem sentido, mas sim, uma possibilidade importante para o seu desenvolvimento, pois leva-os a tomar decisões.

Refere ainda que na Educação Infantil, o objetivo desse conteúdo e estimular a manipulação dos objetos no seu dia a dia, sendo fundamental para a sua independência no universo mais próximo, entre outros estão a maneira de relacionar-se em grupo, ajudar e ser ajudado, exercendo cooperação, solidariedade e respeito.

Nesse sentido, Ferraz e Flores (2004) fazem uma referência que a Educação Física, não seja apenas repetições de movimentos, mas sim das diversas repetições para solucionar o problema proposto, baseando-se em avaliar, pensar, tentar, imaginar e agir.

Os conteúdos atitudinais de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998) são utilizados nos tratamentos dos valores, normas e atitudes, concepções essas susceptíveis de serem compreendidas, planejadas e apreendidas, referidas como:

A aprendizagem de conteúdos deste tipo implica uma prática coerente, onde os valores, as atitudes e as normas que se pretende trabalhar estejam presentes desde as relações entre as pessoas até a seleção dos conteúdos, passando pela própria forma de organização da instituição. A falta de coerência entre o discurso e a prática é um dos fatores que promove o fracasso do trabalho com os valores. (BRASIL, 1998,p.51)

Nesse contexto, pode-se dizer que os valores fazem parte da prática pedagógica que são aprendidos pelas crianças, caso não sejam dados exemplos determinados, os valores podem se tornar vazios e sem fundamentos de uma realidade alcançável, deve-se haver entre professores e instituição uma discussão sobre os valores que serão transmitidos para as crianças, levando em consideração todo o seu sentido amplo e que muitas vezes o que as crianças aprendem não é tratado de forma sistematizada, mas sim de forma incidental.

Para Ferraz e Flores (2004) nesse conteúdo mais amplo, a Educação Física ajuda o aluno a conhecer os seus limites, a tomar atitudes, a responsabilizar-se por riscos e perceber que pode melhorar com seus erros, possibilitando-o a atribuir relações com os outros, baseando-se nos valores, fazer comparações e entendendo que deve respeitar as dificuldades do outros.

A aprendizagem só ocorrerá com a integração dos conteúdos propostos associando-se entre eles, isso acarreta a não fragmentação da realidade desejada, Betti (1994) salienta que a Educação Física não é só propor apenas um conhecimento sobre a cultura corporal, mas também elaborar ações pedagógicas, que auxiliem os alunos a se autoconhecerem dentro de uma sociedade, com o seu sentir e relacionamento com os demais.

A Educação Física deve preocupar-se em planejar suas aulas com conteúdos que venham a buscar uma aproximação com o dia a dia das crianças de acordo com a sua faixa etária, proporcionando-lhes através dos conteúdos objetivos importantes, sendo esses objetivos uma forma de aumentar os seus conhecimentos contribuindo para a sua formação integral, para que assim venha atribuir seu lugar na sociedade, como cidadãos críticos, capazes de manifestar suas opiniões sobre os diversos temas que emergem ao longo do tempo.

3.3. Os temas transversais no ensino da educação física na educação infantil

Os Temas Transversais de acordo com Darido (2012) originam de problemas sociais que surgem e que precisam ser discutidos em caráter emergencial, porém esse poder é delegado as Instituições de ensino, na busca por uma tentativa de discuti-los, esses temas precisam ser abordados por todas as disciplinas escolares, sendo tratado como caminhos curriculares que precisam ser cruzadas de forma que sejam abordados de acordo com a realidade social e atual de cada grupo.

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) os Temas Transversais abordados nas escolas são: Ética; Saúde; Meio Ambiente; Pluralidade Cultural; Orientação Sexual e Trabalho e Consumo, ou qualquer outro problema social de cunho emergencial que necessite ser discutido.

Ainda de acordo com Darido (2012), os Temas Transversais surgiram no Brasil, citado pelos PCN’s em 1997, lançado pelo Governo Federal. Esses Temas foram criados baseados no modelo curricular Espanhol, nessa versão os temas tratados eram: educação ambiental, educação para saúde e sexual, educação para o trânsito, educação para a paz, educação para igualdade de oportunidades, educação do consumidor, educação multicultural, incluindo também educação moral e cívica.

Para Araújo apud DARIDO (2012, p.11) “as discussões a partir desses temas surgem de indagações surgidas de pequenos grupos de diversos países”, sobre: Qual será a atitude da escola em uma sociedade? O que a mesma deve priorizar quantos a abordagem nas suas aulas? Quais questões podem ser relevantes e comuns para tematizá-las?

Darido (2012) refere que a Educação Física surge como uma forma de contribuir para o entendimento e o tratamento desses temas na busca de auxiliar nas abordagens dos problemas sociais, então vale dizer que a Educação Física está além de ensinar tática e técnicas, mas sim, trabalhar o desenvolvimento integral da criança, contribuindo para uma formação crítica.

De acordo com aos Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006), a proposta pedagógica da escola deve promover, “os princípios éticos no que se refere à formação da criança para o exercício progressivo da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum”, e também deve “contemplar os princípios políticos no que se refere à formação da criança para o exercício progressivo dos direitos e dos deveres da cidadania, da criticidade e do respeito à ordem democrática”, nessa perspectiva os PCN’s (BRASIL, 1997), tratam a ética como o eixo norteador dos temas transversais.

Desse modo, a Educação Física, sendo disciplina obrigatória na Educação Infantil, estando integrada a proposta pedagógica da escola, poderá abordar nas suas aulas a inclusão dos temas transversais, conforme a Lei das Diretrizes e Bases (LDB, 1996, Art. 26, parágrafo 7º, incluído pela Medida Provisória nº 746, 2016).

Ferraz e Macedo (2001) relatam que a Educação Física trabalha o desenvolvimento integral da criança com base no movimento, adequando-o as necessidades da criança, porém salienta que movimento está muito além de mover o corpo ou parte dele, e através dele que a criança interage com outros e com o meio em que está, comunicam-se, expressam-se e aprendem consigo mesmo e com os demais.

Os conteúdos escolares tem uma formação histórica, eles podem ser formados e reformulados dependendo do tempo e do interesse social existente. Desse modo, os conteúdos da Educação Física podem ser trabalhados focando os temas transversais, baseando-os em suas três dimensões: conceitual, procedimental e atitudinal, para que possam aperfeiçoar suas habilidades sobre questões que venham a intervir na vida em grupo, ampliando-lhes a visão sobre a realidade da sociedade Darido et al. (2001) ressalta que:

É importante colocar que as discussões que permeiam os temas transversais nas aulas podem e devem estar atrelados aos conteúdos que as compõem, ou seja, os temas ou elementos da cultura corporal de movimento, que inclui o esporte, o jogo, a dança, as atividades rítmicas, as lutas, a ginástica e a capoeira. (DARIDO et al. 2001)

Araújo apud Darido (2012, p.17) refere-se a três formas de compreender a transversalidade: A primeira é que não pode haver distinção entre os conteúdos e os temas transversais, sendo essa abordada por todas as disciplinas de forma multidisciplinar; A segunda é orientada a elaboração de projetos específicos para abordagem desses temas e o terceiro conforme Busquets apud Darido (2012, p. 18) entende que os temas deveriam ser tratados como prioridades dentro do currículo escolar, em razão da sua contribuição para a transformação social.

Nessa perspectiva, todo conteúdo tem uma estratégia, que visa estimular a aprendizagem, baseada no lúdico e no divertimento. Muitas vezes essas aprendizagens podem ocorrer de forma não intencional e inesperada, portanto cabe ao professor agir como mediador entre os conteúdos e os temas sociais.

Para o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998) as crianças desde cedo se relacionam com a criação de vínculos afetivos, emocionais e cognitivas, o que pode si só deixa claro a necessidade das relações sócias no âmbito escolar, compreendendo e influenciando no ambiente em que estão, para que assim possam relacionar-se, interagindo e estabelecendo comunicação e desse modo mostrando-se mais determinadas para aprenderem nas trocas de saberes.

O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998) refere que:

A organização de situações de aprendizagens orientadas ou que dependem de uma intervenção direta do professor permite que as crianças trabalhem com diversos conhecimentos. Estas aprendizagens devem estar baseadas não apenas nas propostas dos professores, mas, essencialmente, na escuta das crianças e na compreensão do papel que desempenham a experimentação e o erro na construção do conhecimento. ( p. 29-30)

Para Pantiga (1992), citado por Gonçalves (2010) durante a Educação Infantil que a criança vive as melhores experiências, as quais são inesquecíveis, sendo essa fase importante para formação da personalidade da criança, dessa forma a Educação Física deve promover um ambiente onde a criança possa viver descobertas e experiências de forma geral em um ambiente diferente do da família.

Dessa forma, os temas Transversais nessa fase escolar veem como um propulsor de ideias, onde o professor, em certo momento da sua aula, pode questionar sobre alguma problemática social relacionada ao conteúdo ministrado no momento, seja ele envolvendo a ética, o meio ambiente, a saúde, a pluralidade cultural, trabalho e consumo ou orientação sexual, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) define os temas transversais como:

3.3.1. Ética

A ética trata sobre a ponderação sobre o homem e suas atitudes, tratando a justiça centrada nos valores de igualdade e equidade, a ética deve encontrar-se presente na vida de todos, fazendo parte também dos objetivos da escola compromissada no desenvolvimento para a cidadania, autonomia moral, refletidos a partir desse ponto.

Darido (2012) refere que a ética está constantemente presente nas nossas vidas, nas nossas práticas, ideais, reflexões e perfis, e envolve também as proporções de pensamentos daquilo que o ser humano tende a fazer, poder e dever, essas perspectivas diversas vezes mostra-se em conflitos, é preciso haver um discernimento para avaliação das coisas, agindo com consciência e sendo responsável pelas suas atitudes. A autora ainda destaca a importância dessas reflexões serem trabalhadas dentro do ambiente escolar, tratada por todas as disciplinas, inclusive a Educação Física, para a construção dos direitos e deveres do cidadão.

Nesse sentido, dentro da escola, especificamente nas aulas, o aluno deve ser estimulado a refletir sobre suas ações, através do diálogo resolver suas diferenças, sobre ajudar e ser ajudado, falar sobre o que pensa e ouvir os demais, Darido (2012).

3.3.2. Pluralidade Cultural

A Pluralidade cultural refere-se ao respeito ao diferentes grupos e culturas presentes em uma sociedade, sendo o Brasil um país com diferentes povos de várias partes do mundo, onde se há muito preconceito e discriminação, o papel da escola é estimular o respeito entre todos e proporcionar um enriquecimento sobre essas diferentes formas de expressões culturais.

Darido (2012) ressalta que esse tema deve abordar também sobre as diferenças sociais, problema esse presente em todas as sociedades, onde há ainda discriminação entre os indivíduos que não possuem uma mesma classe social.

A autora ainda refere que a Educação Física por trabalhar com jogos, brincadeiras, danças, lutas, esportes, ginásticas e capoeira, pode apresentar infinitas possibilidades para abordagem desse tema, ampliando o conhecimento sobre essas diferentes culturas, onde os alunos pudessem conhecer, vivenciar e situar-se diante delas.

3.3.3. Trabalho e Consumo

Para Darido (2012), o tema trabalho e consumo abordam sobre as relações sociais, nos quais são manifestados as necessidades e o desejo. A mídia apresenta bastante influência sobre as crianças, onde mostra os apelos desesperados ao consumo excessivo, para que venham a adquirir determinados produtos, muitas vezes os pais por não ficarem muito tempo com as crianças, veem na compra desses produtos uma forma de suprir sua ausência, o que levam as crianças a sempre quererem mais ou se espelharem em artistas despertado o desejos de serem iguais ao mesmos, um exemplo é que o futebol para os meninos está ligado a algum jogador famoso “Neymar”, então há um desejo de querer comprar as roupas iguais o mesmo corte de cabelo, os pais os colocam em escolinha de futebol e acabam cobrando da criança, o que pode levar a discutir outros temas envolvendo essa tema, como o trabalho infantil e especialização precoce.

Para Darido (2012) a discussão sobre essa problemática na escola pode levar a uma formação crítica que leve os alunos a buscarem seus direitos, criança deve brincar, jogar, viver em sociedade com outros, montar seus jogos e praticar atividades diversas com prazer e nunca por obrigação.

3.3.4. Orientação sexual

A orientação sexual abordada na escola e interpretada como um meio de intervir pedagogicamente, onde possa ser prestadas informações e questionamentos que dizem respeito à sexualidade, posturas, crenças, tabus e valores. Ainda para os PCN’s (BRASIL, 1998):

Seu desenvolvimento deve oferecer critérios para o discernimento de comportamentos ligados à sexualidade que demandam privacidade e intimidade, assim como reconhecimento das manifestações de sexualidade passíveis de serem expressas na escola. A abordagem do corpo como matriz da sexualidade tem como objetivo propiciar aos alunos conhecimento e respeito ao próprio corpo e noções sobre os cuidados que necessitam dos serviços de saúde. A discussão sobre gênero propicia o questionamento de papéis rigidamente estabelecidos a homens e mulheres na sociedade, a valorização de cada um e a flexibilização desses papéis. (p.28)

Nesse contexto, Darido (2012) descreve que os alunos vêm a escola compreensões das mais diversas envolvendo sexualidade, devido as fontes: família, mídia, religião e etc., a escola pode auxiliar o aluno a refletir sobre a problemática, onde o mesmo possa pensar sozinho, mostrando-se autônomo sobre o assunto.

Nesse intento, a Educação Física pode contribuir para aproximação de meninos e meninas, trabalhando questões de gêneros e corpo, onde o professor possa tirar algumas dúvidas decorrentes sobre o assunto, mostrando que não existem práticas exclusivas para meninos ou para meninas, e que todos podem realizar qualquer atividade que lhe causar prazer.

3.3.5. Meio Ambiente

Falar sobre meio ambiente é de acordo com os PCN’s (BRASIL, 1998) relatar sobre o desenvolvimento e crescimento da Terra como seres interligados e interdependentes, unindo os seres vivos com os elementos físicos. O ser humano como parte integral deve preservar o meio em qual vive e ao seu redor, mantendo o crescimento cultural, a qualidade e o equilíbrio do ambiente.

Para Darido (2012) a discussão sobre a questão do meio ambiente é fundamental para a realidade dos alunos, pois independem das condições sociais ou econômicas que vivem, cada um possui um meio em que vive, podendo assim ser identificado, transformado e valorizado, visando uma melhoria na qualidade de vida de cada um.

Darido (2012) ainda relata que nas aulas de educação física escolar, pode-se abordar através dos seus conteúdos a importância da preservação ambiental e manutenção do equilíbrio social através das práticas corporais alternativas (PCA’s- atividades baseada no autoconhecimento corporal) e esportes.

3.3.6. Saúde

Saúde para os PCN’s (BRASIL, 1998) retrata o modo de vida do ser humano, numa relação individual e coletiva, e ainda definido pela Organização Mundial de Saúde (1948 apud Darido, 2012, p. 211) “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças”. Falar sobre saúde é um meio que ao envolver um indivíduo possa abranger de forma geral a sociedade, a política, a cultura, a economia, as instituições e etc.

Segundo Darido (2012) falar de saúde na escola é:

Desse modo, é preciso educar para a saúde, levando em conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes presentes no dia a dia da escola e da vida do aluno. Por essa razão, a educação para a saúde será tratada como tema transversal, permeando todas as áreas que compõem o currículo escolar. (DARIDO, 2012, p. 212)

Ainda segundo os PCN’s (BRASIL, 1998), citados pela autora, a educação física e a saúde possuem um elo muito forte, devido as abordagens desenvolvidas por ambas, portanto deve-se tratar temas relacionados a saúde do indivíduo e do coletivo, motivando-os a valorizarem seus conhecimentos em torno da autoestima e sua identidade pessoal no cuidado com o corpo e sua aparência, à uma alimentação mais saudável, estabelecer laços afetuosos e tudo no que diz respeito à saúde coletiva, incluídas no ambiente da escola e presente na vida de cada um, cabe também a educação física escolar trabalhar alguns aspectos dimensionais (procedimental, conceitual e atitudinal) provenientes da cultura corporal de movimentos.

Nesse contexto a autora Darido (2012) ainda ressalta que a temática saúde apresenta sempre mudanças, cabendo ao professor o papel de abordar essas temáticas, que possam levar o aluno a refletirem e discutirem, estimulando assim a sua criticidade, ajudando-os a posicionarem-se nesse meio.

Nesse sentido, a educação física inserida na educação infantil vai muito além de ensinar táticas e técnicas, mas mostrar um contexto histórico com valores onde possam compreender e relacionar e interpretar juntamente com as práticas corporais, dados através de seus conteúdos levando os alunos a conhecerem seus limites, o respeito mútuo, sua inserção na sociedade.

Portanto, os temas transversais, podem servir como um eixo norteador, para uma formação mais crítica desses alunos, levando-os a refletirem sobre suas ações, seus ideais, suas dúvidas e etc., diante dos problemas sociais que precisam ser abordados e cabe a escola promover essa inclusão.

4. Procedimentos Metodológicos

A pesquisa é a forma de um autor buscar soluções para determinados problemas, aos quais os resultados se mostrem satisfatório ou não. Segundo Gil (2002), a pesquisa é um procedimento, onde o objetivo é tentar descobrir as respostas das questões que não apresentam uma solução imediata ou eficaz, ela é sempre levada em consideração quando não há informações completas ou disponíveis que levem a resolução do problema proposto.

Gil (2008) ressalta que a pesquisa para desenvolver-se como método científico deve ser por meio preciso e disciplinado, onde seu princípio fundamental é revelar essas respostas utilizando essa metodologia, alcançando novas descobertas dentro de uma realidade social, sentido esse bastante diversificado e que englobe todas as características de relacionamentos das pessoas entre si.

Segundo Marconi e Lakatos (2003), a pesquisa “é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”, buscando-se através de procedimentos sistemáticos e estruturados, que venham a contribuir para o aumento de informações e conhecimentos, acerca de uma sociedade.

Marconi e Lakatos (2003), complementam que o objetivo da Pesquisa é conhecer o que irá procurar e o resultado que pretende-se alcançar com a pesquisa, tornando-o claro e contribuindo para um amplo conhecimento sobre o assunto, definindo sua condição, tipologia e os materiais para coleta.

4.1. ABORDAGEM DA PESQUISA

A abordagem que define esse objeto de estudo é do tipo qualitativo, onde Guerra (2014) define que o pesquisador precisa entender, compreender e interpretar, o assunto ao qual está estudando, como as ações realizadas pelo pesquisando, sua organização e seu modo de agir dentro do contexto ao qual está inserido, naquela situação em que está participando, sem se preocupar com representações que venham a abordar apenas números, estatísticas e relações de representatividade.

Ainda de acordo com Minayo apud Guerra (2014), o objetivo da abordagem qualitativa é poder comprovar através da complexidade do caso proposto a sua veracidade, reconhecendo as dificuldades e analisando todas as teorias, estabelecendo os conceitos e procedimentos, utilizando todo o material adequado e interpretando-o cuidadosamente.

Minayo (2002), ainda relata que esse tipo de pesquisa responde aos conteúdos minuciosos e individuais, não se preocupando apenas com quantidade, mas trabalhando com infinitas definições diante das problemáticas propostas, como; o que motivou o indivíduo, seus ideais, suas convicções, seu posicionamento e suas relações sociais na sociedade ao qual está inserido.

Para Minayo apud Guerra (2014), refere que para a análise dos dados qualitativos devem ser interpretados através dos três tipos de abordagens, à depender da observação do pesquisador, sendo elas: análise de conteúdo (interpretação do material), análise do discurso (compreensão das condições de produção e assimilação dos conteúdos textuais a serem pesquisados) e análise dialética/hermenêutica (interpretar os sentidos, buscando a sua compreensão).

4.2. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Essa pesquisa quanto aos fins pode ser caracterizada como sendo do tipo: descritiva que são as mais requisitadas pelos pesquisadores. Gil (2002) define a importância como:

Ser aquela que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, nível de renda, estado de saúde física e mental etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que têm por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população. Também são pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimentos ou de escolaridade.(GIL, 2002 p.28)

Gil (2002), ainda ressalta que essa pesquisa vai além de tentar identificar as relações existentes entre as variáveis, mas sim buscar determinar os seus objetivos, mostrando-lhes outra visão.

Já a pesquisa explicativa é definida por Gil (2008), como sendo aquela que apresenta uma proposta central para identificação de fatos, desde que venham a propor ou contribuir para a influência dos resultados, é o tipo de pesquisa que mais se aproxima da realidade, pois explica o motivo dos acontecimentos e é também o mais susceptível a erro.

Gil (2008), completa que a pesquisa explicativa pode ser uma continuação da pesquisa descritiva, desde que os fatos ocorridos estejam devidamente identificados com detalhada descrição.

Em relação aos meios, essa pesquisa é definida como sendo de Campo. Para Marconi e Lakatos (2003) este é o meio de se obter informações, com a finalidade de solucionar hipóteses com respostas que apresentem comprovações ou descobertas com relações semelhantes, a pesquisa de campo não é uma simples coleta de dados, ocorre em analisar os dados espontaneamente, Marconi e Lakatos (2003) ainda relatam que a Pesquisa de Campo se dividirá em fases: a Pesquisa bibliográfica e a escolha da técnica para coletas de dados, ainda define como:

A pesquisa de campo envolver um experimento, após a pesquisa bibliográfica deve-se: a) selecionar e enunciar um problema, levando em consideração a metodologia apropriada; b) apresentar os objetivos da pesquisa, sem perder de vista as metas práticas; c) estabelecer a amostra correlacionada com a área de pesquisa e o universo de seus componentes; d) estabelecer os grupos experimentais e de controle; e) introduzir os estímulos; f) controlar e medir os efeitos. (MARCONI E LAKATOS, 2003, p.186)

Ademais, esse estudo se baseou em uma revisão bibliográfica nos principais autores, que tratam sobre Educação Física, Temas Transversais e Educação Infantil e de que forma esses temas podem contribuir para a formação crítica e social desses alunos.

4.3. CONTEXTO FORMAL DA PESQUISA

O Contexto Formal dessa Pesquisa foi no município de Paulo Afonso, que fica situada ao Norte do Estado da Bahia, banhada pelo Rio São Francisco. A cidade faz divisa com os Estados de Pernambuco, Sergipe e Alagoas, tem a CHESF (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) que transmite energia para a cidade e regiões vizinhas, Paulo Afonso antes era Município de Glória e foi emancipada em 1953, de acordo com o último senso do IBGE (2015), há uma estimativa populacional de 119.930 pessoas.

Segundo os dados educacionais com base no IBGE (2015), o Município apresenta um IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 3,5 e é formado por 71 Escola de Pré-Escolar (53 Municipais e 18 Privadas), 79 Escolas de Ensino Fundamental (59 Municipais, 3 Estaduais e 17 Privadas) e 11 Escola de Ensino Médio (6 Estaduais, 1 Federal e 4 Privadas), com um total de 24.312 de alunos matriculados, sendo, 3.022 no Ensino Pré-Escolar ( 2.176 na Escola pública Municipal e 846 na Escola Privada), 16.602 no Ensino Fundamental ( 12.607 na Escola pública Municipal, 915 na Escola pública Estadual e 3.080 na Escola Privada) e 4.689 no Ensino Médio ( 3.819 na Escola pública Estadual, 282 na Escola pública Federal e 588 na Escola Privada) .

A escolha de Município levou em consideração que a pesquisadora mantém residência fixa na localidade e por ter um filho em idade pré-escolar matriculado na Educação Infantil, por esse motivo percebeu a necessidade de melhorias na elaboração de ações pedagógicas voltadas para estimular ainda mais a convivência das crianças na sociedade ao qual fazem parte e pelo mesmo apresentar todos os requisitos necessários para a elaboração da Pesquisa referida, buscando assim entender como Professores de Educação Física dentro de uma realidade atual podem abordar os temas emergentes sociais dentro das suas aulas na Educação Infantil, visto que as crianças encontram-se mergulhadas cada vez mais em um mundo digital, cercadas por celulares, tablets e etc, transformando-se em crianças individualistas, onde há a falta de interação social, de respeito e de amor ao próximo, vimos nos Temas Transversais uma possibilidade de contribuir para o conhecimento dessas crianças quanto a sua formação crítica e seu desenvolvimento integral.

4.4. PARTICIPANTES DA PESQUISA

Os participantes dessa pesquisa foram um professor de Educação Física e 25 alunos com idade de 05 anos matriculados na pré-escola da Educação Infantil no Município de Paulo Afonso, a escola escolhida foi uma escola da rede particular que atende crianças de várias faixas etárias, onde a investigação possa se mostrar satisfatória, entendendo o contexto social em que essas crianças vivem, com o objetivo de obter informações sobre a abordagem dos Temas Transversais nas aulas de Educação Física e de que forma esses temas podem contribuir para sua formação crítica e social, pois ultimamente a rede de ensino vem apresentando um crescente número de crianças em idade pré-escolar inseridas na escola.

4.5. LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Colégio da rede privada, que mantém em seu quadro pedagógico dois Professores de Educação Física na Educação Infantil.

A história da instituição escolhida para esta pesquisa tem seu início em 24 de fevereiro de 1997, quando inicia seu ano letivo, com alunos matriculados pelo de uma outra escola de Paulo Afonso.

A história da escola é marcada por lutas e conquistas desde sua fundação, por se tratar de uma cooperativa, houve processos de licitação, de luta jurídica até chegar ao modelo atual de ensino.

Hoje, o colégio é considerado um dos maiores e melhores da cidade, oferecendo uma educação de qualidade nas modalidades de Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio, formado por professores qualificados e de grande competência profissional.

Atualmente a escola conta com cerca de 53 profissionais de educação, entre diretores, coordenadores, professores, psicólogos, para atender cerca de 650 alunos dos quatro ciclos de educação.

4.6. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE COLETA DE INFORMAÇÕES

Os instrumentos de coletas de informações que foram utilizados nessa pesquisa foram a entrevista semiestruturada e a roda de conversa. A entrevista semi-estruturada é definida por Manzini (2004), como um roteiro de perguntas básicas que tem o objetivo de complementar algum ponto da pesquisa que o pesquisador não pode observar ou não houve uma interação entre ele e o pesquisando, buscando desse modo informações que contribuam através da interação social, com conversa verbal ou não-verbal para o esclarecimento do objeto a ser pesquisado.

Salientamos ainda que o resultado da interpretação depende da maneira que esses dados foram coletados, onde foi preciso antes de tudo ter uma adequação do roteiro ao ambiente que foi realizada a coleta, a análise da pesquisa seja complementada por meio da entrevista. Foi através desse modo de pesquisa que pode ser analisada a importância dos Temas Transversais dentro das aulas de Educação Física na Educação Infantil, buscar ou compreender como esses temas puderam contribuir para a formação crítica e social desses alunos e assim entender a abordagem dos Temas Transversais realizados dentro das aulas da Educação Física.

A roda de conversa segundo Moura e Lima é definida como:

...uma forma de produzir dados em que o pesquisador se insere como sujeito da pesquisa pela participação na conversa e, ao mesmo tempo, produz dados para discussão. É, na verdade, um instrumento que permite a partilha de experiências e o desenvolvimento de reflexões sobre as práticas educativas dos sujeitos, em um processo mediado pela interação com os pares, através de diálogos internos e no silêncio observador e reflexivo. (MOURA E LIMA, p.99, 2014)

Através desse instrumento o pesquisador buscou entender de que forma os alunos tratam sobre determinados assuntos, suas opiniões, suas dúvidas, seus pensamentos e etc., cada criança tem um modo diferente de pensar e cabe ao educador respeitar a individualidade de cada aluno, a roda serve como um meio para a criança tentar expressar-se sem ser cobrada por isso, saber ouvir ou posicionar-se, estabelecendo assim um diálogo entre todos.

Silva (p. 53, 2012), refere que: “a criança deve ser entendida dentro do seu tempo, da sua fase, das suas possibilidades, tendo a liberdade de ser quem ela é”, nessa perspectiva a autora relata que uma das importâncias da roda é a valorização da criança, respeitar sua forma de enxergar as coisas, sua forma de participação, seu direito de falar e de ouvir e dessa forma contribuir para a sua evolução.

A forma de avaliação foi baseada nas aulas propostas pelo professor, ao final de cada aula, foi formada uma roda onde foi discutido com os alunos a forma que eles entendessem, iniciando um diálogo sobre cada temática convenientemente abordado de acordo com a atividade e que tivesse relação com os temas transversais, para assim ver o ponto de vista de cada criança, seu conhecimento e o que os mesmos poderiam fazer para melhorar as suas relações.

5. Análise e Discussão dos resultados

As falas dos alunos pesquisados estão transcritas em um quadro apresentado a seguir, no qual foram separadas por cada temática relacionada aos Temas Transversais, e logo abaixo do quadro, serão tecidas as análises dessas falas.

Na roda de conversa, a pesquisadora questionou sobre os assuntos relacionados ao dia a dia dos alunos pesquisados dentro e fora do ambiente escolar, assuntos esses que envolvessem os Temas Transversais. No quadro 1, trata-se os pesquisados por aluno e aluna, para não expor os seus nomes por motivos éticos.

Quadro 1 – Transcrição das falas na Roda de Conversa

SAÚDE

  • Aluno- “Eu sempre tomo banho e escovo os dentes”.

  • Aluno- Foot.

  • Aluno - “Minha mãe toda vez esquece de colocar minha escova de dentes para trazer pra Escola”.

  • Aluna- “Eu lavo as mãos”.

  • Aluno- “Eu sempre como muito”.

MEIO AMBIENTE

  • Aluna- “Não pode colocar lixo no rio por que os bichos morrem”.

  • Aluno- “Tem que jogar no lixão”.

  • Aluno - “Na aula de Educação Física a gente aprende a reciclar”.

  • Aluno - “Não pode jogar lixo na rua”.

  • Aluno- “Eu gosto e melancia e lanche”.

  • Aluno- “O lixo vai para o caminhão do lixo”.

  • Aluno- “Eles colocam o lixo no esgoto”.

  • Aluno- “Os bichos morrem”.

  • Aluno- “A gente coloca no carro do lixo e depois ele amassa, ‘puf’ ‘puf’”.

  • Aluno- “Não jogar no rio, na floresta, por que ele morre”.

TRABALHO E CONSUMO

  • Aluno - “O brinquedo que eu não quero, eu dou”.

  • Aluno - “Quando eu quero um brinquedo, eu compro”.

  • Aluna- “Se não pode comprar eu fico triste e choro”.

  • Aluno - “Peço pra Deus e pra Jesus”.

  • Aluno - “A gente recicla e faz um brinquedo novo”

  • Aluna- “Por que eles têm dinheiro”.

  • Aluno- “Eu tenho dinheiro”.

  • Aluno- “A mãe compra”.

  • Aluno- “Tem que respeitar os mais velhos e os outros”

ORIENTAÇÃO SEXUAL

  • Alunos- “Homem também usa rosa”.

  • Aluno - “Menina só pode brincar de boneca, por que sim!”.

  • Aluno- Menina não pode brincar com T-Rex.

  • Aluno - “Menino brinca com boneco e não com boneca”.

  • Aluna- Pode!

  • Aluno- “Não pode”!

  • Aluno- “Boneca é coisa de menina”.

  • Aluna- “Menino não pode brincar de boneca não”.

  • Aluno - “Menino não pode brincar com boneca por que é coisa de menina”.

  • Aluna- “Eu brinco de carrinho com meu irmão”.

  • Aluno-“ Menina não pode brincar e carrinho”.

PLURALIDADE CUTURAL

  • Aluno 1- “Já dancei capoeira de ‘Glória’”.

  • Aluno 2- “Tia eu gosto de karatê”.

  • Aluno 3- “Eu já estudei karatê”.

  • Aluno 4- “Eu gosto da música de DJ”.

  • Aluno- “A dança do ‘luis respeita Januário’”.

  • Aluno- “Forrozinho, forrozinho”.

  • Aluna- “A dança do português”.

ÉTICA

  • Aluno - “Pode sim bater no amigo”.

  • Aluno- “Tem que bater em todo mundo, é”.

  • Aluno- “Briga, briga, briga..."

  • Aluna- “Eu já bati no meu irmão”.

  • Alunos- “É feio bater”.

  • Aluno - “Pede desculpa”.

Fonte: Própria Autora (2017)

Na Educação Infantil de uma escola privada, foi realizada uma roda de conversa também classificada como grupo focal (SILVA, 2012; MOURA; LIMA, 2014) com 25 alunos matriculados no Jardim II, tendo eles idades compreendidas entre 4 e 5 anos. A coleta de dados foi realizada durante a aula de Educação Física com duração de 50 minutos. A aula foi gravada por uma câmera, com a autorização dos responsáveis da escola, sendo para uso apenas da análise dessa pesquisa.

A pesquisadora ao chegar na escola, esperou que todos os alunos estivessem reunidos durante a aula de Educação Física, e com a ajuda da professora formou uma grande roda, sendo que os alunos permaneceram sentados. Nessa roda foi discutido com os alunos as problemáticas que envolvessem os Temas Transversais, na qual os mesmos relataram suas experiências, dentro e fora da escola, e o que aprendiam nas aulas da Educação Física que fizessem relação com temáticas abordadas durante a roda de conversa.

No início da aula, os alunos pesquisados estavam inquietos, porém após começar uma conversa informal e ao mesmo tempo eles se acalmarem, foi dado início à pesquisa, sendo que todas as respostas dos participantes da pesquisa foram transcritas para um quadro, que foi dividido entre os Temas Transversais, e para cada tema foi adicionada as respostas dos alunos.

Os Temas Transversais tratados durante a pesquisa foram: ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, trabalho e consumo e orientação sexual (BRASIL, 1997), sendo que a primeira temática abordada foi saúde. Foi questionado com os alunos, se eles conheciam as partes dos seus corpos e qual a importância das práticas de higiene, e alguns deles responderam que: “Eu sempre tomo banho e escovo os dentes”, “Minha mãe toda vez esquece de colocar minha escova de dentes para trazer pra Escola”, “Eu lavo as mãos” e “Eu sempre como muito”.

Baseando-se nas respostas anteriormente citadas, o RCNEI (BRASIL, 1998) também ressalta que para haver um desenvolvimento de forma integral dessas crianças, deve haver cuidados que envolvam tanto as dimensões afetivas quanto às características biológicas do corpo, que possam ser assimiladas à boa alimentação e às questões da saúde, e esses cuidados devem ser oferecidos de forma que promovam diversos conhecimentos.

Para Darido (2012), falar de saúde possui determinadas limitações, pois ao tentar defini-la, também existem fatores que influenciam na sua conceituação sendo eles: o meio ambiente e outros aspectos (social, biológico, cultural, afetivo e psicológico).

A autora ainda explica que a Educação Física está intimamente ligada à saúde, mas não só tratar questões relacionadas ao esporte, mas sim trabalhar com a associação entre o esporte e a saúde, levando os alunos a discutirem, se conscientizarem tomando decisões e desenvolverem ações que gerem atitudes mais saudáveis, seja na realidade em que estão ou em qualquer outro meio (DARIDO, 2012).

O RCNEI (BRASIL, 1998) trata que a criança de 3 a 6 anos já possui certa independência quanto à questão da sua higiene corporal, como: lavar as mãos antes das refeições, escovar os dentes depois das refeições, limpar-se após usar o banheiro e etc., mas sempre deve haver a supervisão de um adulto.

Baseando-se na perspectiva anteriormente citada, Darido (2012) e os PCN’s (BRASIL,1998), mencionam que os conteúdos relacionados a saúde são: autoconhecimento para o auto cuidado e a vida coletiva, portanto, a Educação Física deve tratar os conteúdos que tenham relação com preocupação e responsabilidade na valorização de informações que façam relação com a autoestima, com a identidade pessoal, como cuidado corporal, alimentação, a valorização dos laços afetivos, e assim haver a formação do conhecimento.

Gonçalves et al (2008) explica que a escola é um ótimo lugar para desenvolver projetos que visem a promoção da saúde, pois desempenha muito a atuação dos alunos nesta etapa das suas vidas que encontram-se ainda em formação.

Nesse sentido, Frangiotti e Costa (2006) relata que as atividades devem ser sempre adequadas aos temas e aos conteúdos da educação física, não de forma separada, mas unificadas, sendo elas atribuídas para as diferentes faixas etárias.

Ao falar com os pesquisados sobre o meio ambiente, foi abordado sobre o descarte do lixo, como os restos de frutas e verduras, e eles como faziam esses procedimentos. Eles responderam que: “Tem que jogar no lixão”, “Não pode jogar lixo na rua”, e para onde o lixo iria, a resposta foi: “A gente coloca no carro do lixo e depois ele amassa, ‘puf’ ‘puf’”, “O lixo vai para o caminhão do lixo”, “Eles colocam o lixo no esgoto”, e sobre o que aconteceria se os lixos fossem parar nos rios e florestas, eles responderam: “Não pode colocar lixo no rio por que os bichos morrem”, “Os bichos morrem”, “Não jogar no rio, na floresta, por que ele morre”, uma das pesquisadas ainda falou que: “Na aula de Educação Física a gente aprende a reciclar”.

Rodrigues e Darido (2006) explicam que o meio ambiente abordado dentro das aulas da Educação Física é complexo devido ao aprofundamento da temática, porém pode-se haver uma discussão que se sobreponha de maneira positiva ou negativa, vindo a ser um instrumento de abordagem para definir a realidade em que a sociedade está inserida.

Segundo o RCNEI (BRASIL,1998), um dos papéis do professor é propiciar ao máximo a aprendizagem por meio das experiências das crianças, e, esse processo permite constituir que elas façam a relação com os conteúdos novos, fazendo dessas aprendizagens significativas.

Para Pimentel et al. (2013) levar a criança para realizar movimento em lugares distintos dos da escola, pode levá-las a experimentar uma realidade diversificada, sendo proveitoso para sua formação, implicando também prazer ao movimentar-se de forma livre nesses ambientes, estas práticas levam os alunos a pôr-se como parte do meio em que estão, onde sejam requeridos a admiração, o respeito e a preservação.

Darido (2012) explicita que o professor deve atribuir nas suas aulas as práticas corporais alternativas com o meio ambiente, sendo essa tratada como uma relação individual, podendo também ser voltada o relacionamento dos mesmos com o meio em que estejam.

A autora ainda relata que o meio em que os alunos estão inseridos pode ser: qualquer ambiente da escola (piso, quadra, gramado, terra e etc.), materiais de uso coletivos (bolas, fitas, aros e etc.) ou até os próprios alunos presentes na aula (DARIDO, 2012).

A mesma ainda ressalta que ao trabalhar os esportes com o meio ambiente, deve atentar-se ao meio em que estão inseridos, para que assim possam fazer uma assimilação do conteúdo com a realidade local, ampliando sua conscientização e melhoria da qualidade de vida, sendo esse tema tratado como uma obrigação social.

Falar sobre trabalho e consumo com crianças é complicado, pois existe hoje em dia vários meios que contribuem para esse consumo excessivo, a mídia influencia bastante, como por exemplo, na programação infantil há um apelo descabido que a criança sempre precisa de mais e mais brinquedos, roupas e etc.

Silva (2014) explica que na sociedade dos dias atuais, valoriza-se mais o ter que o ser, ela relata ainda que o ser possui identidade e é o relacionar-se socialmente e afetivamente com os demais, no entanto o ter representa bens materiais, competir sempre, beirando assim o egoísmo e mantendo relações interpessoais, portanto não há a divisão e um torna-se inimigo do outro.

Ainda de acordo com o pensamento da autora, a mesma ressalta que nessa atualidade as famílias priorizam o ter e voltam-se cada vez mais ao trabalho, dedicando-se a manter seus padrões visando o consumo e em consequência disso, para suprirem suas ausências diante do desenvolvimento dos filhos com presentes, contribuindo para o consumismo de forma inconsciente, aumentando assim o desejo infantil excessivo por mais e mais bens materiais.

Ao falar sobre esse tema com os pesquisados, foi perguntado se eles ao ver brinquedos novos gostariam de possuir e alguns alunos responderam que: “Quando eu quero um brinquedo, eu compro”. Depois, foi questionado se seus pais não pudessem comprar, o que eles fariam, a resposta foi que: “Se não pode comprar eu fico triste e choro”, “Peço pra Deus e pra Jesus”, “ Eu tenho dinheiro”, ”A mãe compra” e “Por que eles têm dinheiro”, porém três alunos mostraram uma consciência mais crítica e falaram que: “O brinquedo que eu não quero, eu dou”, “A gente recicla e faz um brinquedo novo” e “Tem que respeitar os mais velhos e os outros”.

Um dos conteúdos que pode ser facilmente trabalhado nas aulas de Educação Física citado por Darido (2012) são os jogos e brincadeiras, pois os jogos fazem parte do dia a dia das crianças e pode fazer assimilação com a realidade deles, os jogos eletrônicos podem ser o foco atual dessa temática, discutindo também sobre o apelo midiático.

A educação diante dessas propostas precisa ser crítica e reflexiva, diante das controvérsias existentes da sociedade, desse modo à escola não pode esconder-se das problemáticas atuais e encarar que a educação infantil é o meio apropriado na formação de cidadão com consciência e influentes da sociedade (SILVA; FESTA, 2015).

Um dos temas bastante discutidos nos últimos tempos é a questão da orientação sexual. Ao abordar esse tema com os pesquisados, a pesquisadora abordou sobre as cores, quais eram as cores favoritas e as relacionou perguntando se meninos ou meninas podiam usar, as respostas foram que meninas e meninas podem usar qualquer cor, um aluno gritou que: “Homem também usa rosa”.

Ao perguntar se meninos e meninas podiam brincar das mesmas brincadeiras e com os mesmos brinquedos as resposta foram controversas, sendo que alguns alunos falaram: “Menina só pode brincar de boneca, por que sim!”, “Menina não pode brincar com T-Rex”, “Menino brinca com boneco e não com boneca”, uma aluna referiu que: “Pode!”, enquanto outro esbravejou que: “Não pode!”, outro que “Boneca é coisa de menina”, uma aluna disse que “Menino não pode brincar de boneca não”, enquanto o aluno disse que “Menino não pode brincar com boneca por que é coisa de menina”, a aluna relatou que: “Eu brinco de carrinho com meu irmão” e outro aluno disse que “Menina não pode brincar e carrinho”.

Segundo o RCNEI (BRASIL,1998) abordar essa temática é demonstrar por intermédio das ações e transmissão de valores com igualdade e respeito entre pessoas com sexos opostos, e deve haver um cuidado do profissional, que não sejam estereotipados os padrões quanto ao papel do homem ou da mulher na sociedade, como, “mulher cuida dos filhos e da casa”, “homem que trabalha”, “homem que é homem não chora” e etc.

Ayoub (2001) explica que para tratar as relações de gênero dentro do ambiente escolar é preciso antes de tudo admitir que existam discriminações e preconceitos, onde seja preciso promover um entendimento por volta dessas construções estereotipadas.

Darido (2012) relata que uma maneira de trabalhar a orientação sexual dentro da escola na aula de Educação Física é com a abordagem do conteúdo Lutas, por se tratar de uma atividade até então realizada apenas por homens, e que atualmente a mulher estão ganhando bastante espaço, para as crianças trata-se apenas de uma brincadeira, onde a escola pode contribuir para a reflexão por meio da vivência e ter um posicionamento mais crítico quanto ao preconceito ainda existente.

Gonçalves e Azevedo (2007) afirmam também que a educação física não deve ser vista apenas como prática de ensino, mas sim trabalhar a partir do respeito ao seu próprio corpo e do seu próximo, desse modo a disciplina irá servir para a formação no seu processo de adquirir conhecimento.

Falar sobre Pluralidade Cultural é abordar as diferentes culturas existentes e o respeito que devemos ter para com elas, compreendendo seu conceito histórico-social, ao tratar sobre esse tema com os pesquisados foi iniciado um diálogo perguntando se os mesmos gostavam de dança ou lutas e se conheciam alguns de outras localidades, os alunos responderam que: “Já dancei capoeira de ‘Glória’”, outro falou que: “Tia eu gosto de karatê”, enquanto um outro alunos respondeu que “Eu já estudei karatê”, um aluno foi até o meio da roda, onde realizou uma dança e disse que “Eu gosto da música de DJ”.

Logo depois ao questionar se na aula de Educação Física eles aprendiam sobre danças ou lutas de outros lugares, eles responderam que tinham aprendido “A dança do “ Luís respeita Januário”, outro que aprendeu “Forrozinho, forrozinho” e outro havia dançado a “ A dança do português”.

Existem várias formas de tratar sobre a Pluralidade cultural dentro da Educação Física, dentre elas Darido (2012) relata que ao abordar os jogos e brincadeiras há um resgate quanto a origem desse conteúdo e a possibilidade de adaptar e modificar, sendo que as danças podem ser atribuídas às diferentes culturas existentes no Brasil. A autora ainda apresenta um exemplo quanto à abordagem das atividades circenses e suas histórias que referem a cultura corporal do movimento que tratem sobre as diferentes etnias e o preconceito.

A pluralidade cultural trabalhada dentro do ambiente escolar destaca os costumes e os implementos educacionais. Portanto é necessário apresentar aos alunos as ocasiões prováveis para que descubram e apreciem suas origens, identidade, história e assim venham a valorizar tanto as suas quanto as demais culturas, contribuindo para a formação da sua autoestima. (SILVA et al., 2012)

A Pluralidade Cultural referida pelo RCNEI (BRASIL, 1998), trata que a diversidade (etnias, crenças, costumes, valores e etc), favorecem o desenvolvimento perspectivo entre professor e aluno diante de um convívio com diferenças, promovendo assim uma conscientização, em que a realidade individual faz parte de um universo que lhes proporciona inúmeras escolhas.

Sendo assim, o autor ainda menciona que o profissional ao assumir um trabalho sobre essa cultura deve promover a valorização e o respeito a essas diferentes diversidades, em que não haja atitudes de preconceito nem tão pouco de discriminação, sendo fundamental para a criança formar uma postura ética no meio social.

Canen (2007) expressa que para sensificar os alunos quanto ao significado de mundo, sendo este trabalhado através das formas plurais diversificadas mediante as percepções culturais, prevê assim uma conversa sobre os valores sejam eles: éticos, humanos e o respeito, onde há a preservação vital à vivência do próximo.

Um dos Temas Transversais mais importantes é a Ética, devendo estar presente na vida de todo ser humano. Para os Brasil (1997), a ética é tratada nos PCN´s como a base que serve para guiar os caminhos dos demais temas transversais, e, ao falar com os pesquisados sobre a ética, abordou-se seus valores, princípios e etc.

O conteúdo tratado com os alunos foi as Lutas dentro da Educação Física, ao questionar com os alunos se algum deles já havia batido em alguém umas das alunas relatou que: “Eu já bati no meu irmão”, outro aluno respondeu “Tem que bater em todo mundo, é”, foi questionado pela pesquisadora também se era certo bater, o aluno falou “Pode sim bater no amigo”, enquanto outro repetia: “Briga, briga, briga...".

Ao falar sobre a importância do respeito com os demais amiguinhos, alguns alunos responderam que “É feio bater”. Logo após, foi questionado pela pesquisadora se durante as aulas de Educação Física, caso eles machucassem algum outro colega, o que eles fariam, um aluno ressaltou que “Pede desculpa”.

A ética é um tema de difícil discussão, pois faz relação com o que o professor fala dentro da aula com os valores que são aprendidos dentro do ambiente familiar, ao que a criança escuta no meio social ou pelas redes midiáticas (DARIDO, 2012). A autora ainda ressalta que dentro da Educação Física pode haver no momento da aula a intervenção do professor, buscando de forma clara trabalhar os valores para assim levar o aluno a refletir sobre suas ações.

De acordo com a DCNEI (BRASIL, 2009) desde muito cedo devem ser apresentados às crianças uma visão e conhecimento de mundo, para que elas possam aprender identificar e opor-se as situações preconceituosas, para que possam tratar com respeito os diferentes enquanto pessoas.

Nesse mesmo documento, ainda é discutido sobre o tratamento com cada ser humano e o valor que representam na sociedade, para que possam agir com liberdade e individualidade, agindo também com solidariedade diante de todos os grupos, seja ele qual for, e dentro desse contexto visar também o respeito com todos os seres vivos e a preservação do meio ambiente.

A autora Darido (2012) ressalta que ética pode ser facilmente trabalhada dentro da cultura corporal do movimento nas aulas de Educação Física, pois proporciona uma vivência onde os alunos manifestam diversos comportamentos (medo, ansiedade, vergonha, prazer e etc.), portanto torna-se um ambiente ideal para a discussão desses sentimentos, sendo assim eles podem desenvolver um senso crítico através de suas práticas.

A autora ainda afirma que os procedimentos trabalhados em sala devem proporcionar o direito a respeitar e ser respeitado, conversar para resolver suas diferenças, escutar e ser escutado, compreender, cooperar e analisar de forma crítica dentro e fora da escola.

Impolcetto e Darido (2007) ainda explicam que a ética tratada pode ser abordada nos jogos da Educação Física e é ideal para os alunos criarem e modificarem as regras, propiciando assim o diálogo entre eles, logo o não cumprimento dessas regras e ao serem quebradas promovem o desrespeito para com o próximo e a falta de confiança.

Para Frangiotti e Darido (2006) a ética deve está presente em todos os conteúdos da Educação Física, e é necessário que haja um esforço por parte do profissional para abordagem dessa temática, pois ela deve ser inserida de forma que venha a atravessar todas as disciplinas, tratada como prioridade e contribuindo para o desempenho da cidadania de forma crítica.

A seguir foi realizada uma entrevista com a professora de Educação Física da Educação Infantil, suas falas foram transcritas, cada pergunta relacionava um dos temas transversais e quais suas abordagens e desenvolvimento, logo após as citações da professora deu-se seguimento as análises de cada temática.

Na entrevista, as respostas da professora foram gravadas com o seu consentimento para uso apenas dessa entrevista, para não expor o seu nome por motivos éticos a professora foi chamada de Professora Malu.

Ao questionar a Professora Malu sobre a importância dos Temas Transversais dentro da Educação Infantil, a mesma relatou que:

É muito importante, pois é como eles vão aprendendo justamente a lidar com os outros, lidar com os colegas e com o meio ambiente, eu acho que é o mais importante, a gente sempre faz atividades não só no foco dos Temas transversais, mas ele está incluído nas atividades (PROFESSORA MALU, 2017).

Sabendo que a Educação Infantil é parte integrante da Educação Básica de acordo com a LDB (1996), equiparando-se aos Ensinos Fundamental e Médio, visto que é nessa etapa que a criança amplifica suas experiências fora do ambiente familiar, seus conhecimentos e suas habilidades, diferenciando e firmando as diferentes aprendizagens.

Já o RCNEI (BRASIL, 1998) refere que nessa etapa da escolarização, devem ser considerados algumas fases do desenvolvimento infantil, com os relacionados aos âmbitos afetivos, emocionais, sociais e cognitivos, para que estes contribuam para seus deveres como cidadão.

Os PCN´s (BRASIL, 1997) abordam que os Temas Transversais contribuem para o desenvolvimento da cidadania, pois tratam relações voltadas à sociedade quanto aos direitos e deveres do cidadão, suas responsabilidades e relações na comunidade e com o meio ambiente, assuntos esses que devem integrados as disciplinas já existentes da Escola.

Na temática, ao ser questionada como os Temas Transversais podem se relacionar com a Educação Física, a Professora Malu, respondeu que:

Tem semana de folclore, meio ambiente e outras coisas que tentamos buscar mais brincadeiras que sejam focadas aos temas mesmos, aí a gente tenta trabalhar mais isso mesmo, a parte de cor, parte das atividades normais, semanais, das específicas, aí a gente buscar mais isso dependendo da época (PROFESSORA MALU, 2017).

Darido (2012) relata que a Educação Física está além de ensinar apenas táticas e técnicas, mas na compreensão do seu próprio corpo, seu relacionamento com os demais e com a sociedade de uma forma geral. Na Educação Infantil, de acordo com RCNEI (BRASIL, 1998) são abordados os seguintes eixos norteadores: Identidade e autonomia, Movimento, Artes visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e sociedade, e Matemática, sendo esses temas os que podem facilmente estar atrelados aos conteúdos da Educação Física (danças, esporte, lutas e etc.).

Nessa perspectiva, a Professora Malu ao ser abordada sobre como os Temas Transversais podem contribuir para o desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil, a mesma relatou que: “Muito, muito, demais e até dá para perceber a diferença entre crianças que tem atividade de Educação Física e crianças de escola que não tem”.

A professora falou sobre a diferença entre alunos matriculados na Educação Infantil que tem aulas de Educação Física e alunos que não tem, mas se toda criança tem direito à educação e é dever do estado prover essa condição e sabendo que de acordo com a LDB (BRASIL, 1996) a Educação Física deve ser integrada à proposta pedagógica da escola, sendo componente curricular obrigatório dessa fase de ensino, mesmo assim ainda existem crianças que não dispõem da vivência da disciplina referida.

O RCNEI (BRASIL, 1998) menciona que para um desenvolvimento integral da criança, é preciso ajudá-la a identificar, priorizar e entender suas necessidades, pois a mesma encontra-se em pleno crescimento. Dessa forma, para a criança tornar-se mais autônoma, é preciso entender o que ela sabe de forma geral, o que sente, o que pensa e assim contribuir para o desenvolvimento dos seus conhecimentos e suas habilidades.

Nesse mesmo pressuposto, Darido (2012) atribui que os Temas Transversais tratados como problemas sociais emergentes que precisam ser discutidos, podem contribuir para esse desenvolvimento, pois podem ser relacionados com as vivências do cidadão.

A Professora Malu ao ser questionada sobre como nas suas aulas de Educação Física a mesma abordava os problemas sociais emergentes, ela respondeu que:

Nas aulas de Educação Física são abordados mais com conversas, primeiro a gente passa a atividade e com base na aula que está trabalhando, vai falando pra que serve, o que vai está aprendendo com isso e depois eles começam a atividade e eles vão entendendo (PROFESSORA MALU, 2017).

Desse modo os alunos fazem relação dos temas com as atividades propostas pela professora, umas das formas de abordagem dos Temas Transversais citada por Darido (2012) é justamente a intervenção do professor no decorrer da aula, podendo ocorrer de forma inesperada a relação de algum dos temas com o conteúdo proposto na aula.

Segundo o RCNEI (BRASIL, 1998), a intervenção direta do professor é vital, pois permite diversidade nos conhecimentos e nas aprendizagens, contribuindo para que as crianças compreendam, experimentem e aprendam com seus erros, ampliando assim seus “conceitos, códigos sociais e as diferentes linguagens, por meio da expressão, comunicação de sentimentos e ideias, da experimentação, da reflexão, da elaboração de perguntas e respostas” (p.30).

Ainda segundo o mesmo referencial, as crianças são dotadas de capacidades, sendo elas, afetivas, emocionais e cognitivas, e, nessa perspectiva, o ambiente em que ela se encontra é de fundamental importância, pois permite a interação com outras pessoas, e, desse modo, a criança interage, expressa-se, compreende e aprende com essas trocas de saberes, para que ocorra o desenvolvimento integral da criança.

Ao abordar a Professora Malu sobre as contribuições dos Temas Transversais para que a criança tenha uma formação mais crítica e social, a mesma relatou que “Muito, demais, muito, muito mesmo, eles já criando a noção, quando eles chegam na Educação Infantil, logo no jardim 2 eles já têm um senso crítico muito maior em relação as coisas”.

Nesse contexto, a abordagem dos Temas Transversais tratados nessa fase escolar, surge como propulsor de ideias, pois leva a criança a refletir sobre o que é certo ou errado, demonstrar sua opinião, experimentar novas descobertas diferentes do meio familiar e assim contribuir para formação da sua personalidade.

Nessa fase da infância, a criança tem um jeito próprio de pensar, agir, escutar, movimenta-se e comunicar-se, e, a forma de aprendizagem deve ser baseada na vivência e experiência da criança. Ao questionar a Professora Malu se a mesma trabalhava os Temas Transversais, baseando-se nas experiências das crianças dentro e fora da escola, a professora relatou “Sim, sim por que tanto a gente procura saber como são as experiências deles em casa, como aqui a gente sempre procura encaminhar novos conhecimentos para eles levarem para fora”.

Basei (2008) refere que a criança tem uma individualidade própria e que deve ser respeitada. E é dentro dessa realidade que se deve inserir o maior número de experiências motoras partindo do que elas já têm.

O RCNEI (BRASIL, 1998) também relata que a interação e a brincadeira são umas das melhores propostas para as crianças, pois favorecem troca de ideias e pontos de vistas vivenciados dentro e fora da escola por meio do diálogo.

Ainda segundo as DCNEI (BRASIL, 2009) são as ações das crianças, seja no meio infantil ou adulto, que lhes proporcionam a aprender, desenvolver-se e socializar-se, é no brincar que elas expressam afeição, frustração, resolvem seus problemas e lidam com suas emoções.

Ao falar sobre a Educação Física e como a abordagem dos problemas sociais dentro do contexto da aula pode contribuir para o desenvolvimento das crianças, para que as mesmas venham a se tornar mais autônomas e com opiniões próprias, a professora citou que:

São, são bem mais, muito mais do que os outros, alguns já tem uma cabeça mais crítica, alguns já vem com a cabeça assim de casa, por que é os dois, se não for os dois fica difícil, porém os que já tem esse trabalho em casa, quando chegam aqui aprendem muito melhor (PROFESSORA MALU, 2017).

Como já mencionado anteriormente por Darido (2012), a Educação Física está além de ensinar apenas táticas e técnicas, mas está voltada ao desenvolvimento do cidadão de forma integral, como ajudá-lo a entender seu corpo, respeitando seus limites, a viver em sociedade, respeitando as regras e o próximo. Ao ser questionada como eram elaboradas as aulas da Educação Física, incorporando os conteúdos da disciplina como os Temas Transversais, a professora respondeu que

Os conteúdos, por exemplo, a sexualidade a parte que tratam do corpo, nós procuramos atividades que incluam isso, porém não diretamente, um joguinho com bolinha para pegar mais rápido, tá trabalhando a agilidade, mas também tá trabalhando as partes do corpo, como pegar na cabeça, no braço, na perna e em qualquer outra parte do corpo, e geralmente trabalha com dança para eles se tocarem, se abraçarem, pegarem na menina, no menino não terem vergonha, as cores também, esse negócio de não terem relação entre meninos e meninas, fazemos trocas de cores, onde os meninos ficam com rosa, as meninas com azul, sempre havendo a troca, mas isso se inclui dentro das brincadeiras tradicionais (PROFESSORA MALU, 2017).

Um dos objetivos da Educação Física é fazer com que os alunos vivenciem as práticas dos conteúdos, mas também quais são os reais benefícios e valores que estão presentes em cada atividade, que o cidadão venha a ter um conjunto de informações que venha a lhe favorecer mais criticidade na sua vida, desenvolvimento e socialização (DARIDO, 2012).

A mesma autora ainda revela que não pode haver distinção entre os conteúdos e os temas transversais, devendo sempre haver sempre uma relação entre eles. Os conteúdos mais trabalhados com referência no RCNEI (BRASIL, 1998) são conteúdos que trabalhem com a interação, imagem, independência e autonomia, respeito à diversidade (respeito ao próximo independente de cor, religião e etc.), identidade de gênero (respeito as pessoas de sexo diferente e tentar diminuir os estereótipos criados entre homem e mulher), jogos e as brincadeiras e o cuidado pessoal.

A professora Malu ao expressar sua opinião referente à abordagem dos Temas Transversais de forma isolada e em que momento da aula, ela respondeu que: “Separadamente também, porém quando a gente trabalha incluindo dentro das atividades que já são mais conhecidas, fica mais fácil para eles entenderem”.

Basei (2008) acredita que a criança ao se movimentar expressa uma linguagem, fala por meio do corpo e é por meio dele que ela interage com os outros, como o meio em que está compreendendo-o e explorando-o. Desse modo, ela destaca que o corpo por meio do movimento, fala, cria e aprende.

Vale ressaltar que a Educação Física propicia essa vivência da cultura corporal proposta dentro dos seus conteúdos, e Darido (2012) menciona que uma das formas de tratar os temas transversais é que o professor intervenha de forma não planejada no meio da aula e a outra pode ser planejando esses temas juntamente com os conteúdos e dessa forma garantir um enriquecimento que possibilite transformações na vida das crianças.

Foi perguntada a Professora Malu se a Escola orienta pedagogicamente a inclusão dos Temas Transversais no seu cotidiano, e ela respondeu que

Não, não direcionam que os professores façam não, os professores fazem por causa da importância mesmo, ficando a critério de planejamento do professor, todos eles trabalham na escola com os mesmos temas, porém cada um na sua especificidade (PROFESSORA MALU, 2017).

A professora relata em sua fala que a escola não direciona quanto a abordagem dos Temas Transversais dentro do planejamento escolar, porém vale ressaltar que toda Escola é munida de um PPP (Projeto Político Pedagógico) vigente na LDB Art. 12, inciso I, e ainda poderá ser incluído no currículo da Escola as temáticas das Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2009), salientando que a transversalidade aborda temas que contribuem na organização do trabalho didático pedagógico, associando-se às disciplinas, onde trata que a transversalidade como uma forma de aprender sobre a realidade no problemas sociais reais, intervindo como ruas que perpassam e facilitam continuamente a formação do aluno.

Enfim, ao abordar os Temas Transversais com os alunos da Educação Infantil, vimos que alguns alunos tinham certa consciência crítica sobre determinados assuntos, quanto à reciclagem do lixo, o cuidado com o meio ambiente e etc., houve também a relação com a Educação Física, onde uma aluna relatou que aprendia a reciclar, acredita-se que o resultado da pesquisa foi positivo, pois conseguiu abordar todos os temas propostos no trabalho e na entrevista a profissional mostrou conhecimento e consciência quanto a importância da abordagem dos temas transversais dentro das aulas da Educação Física, quanto das demais disciplinas.

Vale ressaltar que tratar sobre os temas transversais implica uma complementação dentro do ambiente familiar para que as crianças possam fazer as assimilações dos assuntos abordados tanto dentro como fora do ambiente escolar.

6. Considerações Finais

Durante toda a pesquisa, foi possível observar e analisar a importância de tratar os Temas Transversais dentro da Educação Infantil. Para a componente curricular Educação Física, é possível contribuir para uma formação mais crítica e social, orientando os alunos sobre suas responsabilidades com o meio ambiente, familiar e escolar, a Educação Física por trabalhar a conscientização e desenvolvimento cultural e corporal pode abordar a discussão desses temas baseando os conteúdos da disciplina com a realidade dos alunos, pois nessas aulas de forma lúdica durante o transcorrer das atividades eles aprendem e entendem o que fazer, como fazer e pra que fazer.

Com base nas análises deste trabalho, foi possível concluir que os alunos da Educação Infantil mostraram conscientização sobre os Temas Transversais abordados durante a roda de conversa na aula de Educação Física, na qual ao tratar os temas com a realidade a qual estão inseridos, eles mostraram suas opiniões sobre o que achavam certo ou errado, porém apenas poucos alunos conseguiram assimilar os temas transversais com os conteúdos da Educação Física, porém uma aluna conseguiu enfatizar que na aula de Educação Física aprendia a reciclar, resposta essa advinha sobre a abordagem da temática meio ambiente.

Tendo em vista que os temas transversais ainda mostram-se pouco difundidos dentro do contexto pedagógico da escola, principalmente nas aulas da Educação Física, o estudo mostrou que ele tem um real valor, pois há uma construção e contribuição para os valores atribuídos das crianças nessa fase escolar por meio dos conteúdos da Educação Física, que se baseiam na cultura do movimento, o papel do professor está em trabalhar não apenas as táticas e técnicas, mas em aprofundar os conhecimentos culturais do corpo, ajudando a aluno a compreender todos os seus sentidos.

Percebeu-se também que não há um planejamento para tratar os temas transversais não só na Educação Física, como em qualquer outra componente curricular, uma vez que os professores tem noção da importância desses temas, mas não têm um planejamento específico para sua abordagem, portanto deve-se haver uma sistematização e organização desses conteúdos baseados nas três dimensões dos conteúdos (conceitual, procedimental e atitudinal), para que sejam discutidos também projetos que visem abordagens e formas de contribuição para o desenvolvimento integral dessas crianças com atividades que promovam e possam problematizar as relações vividas dentro da escola com as fora desse ambiente, isso também contribui para eles aprenderem, refletirem e a tornarem-se cidadãos mais críticos socialmente.

Por fim, ressalta-se que embora as crianças não tenham maturidade, ainda sim elas são dotadas de inteligência capaz de discernir o certo do errado, sendo papel do professor mostrar compromisso com suas aulas propiciando o máximo de experiências possível e buscando a melhor maneira de aprendizagem, criatividade e inovação, com objetivos claros, para assim investir e ressaltar a sua importância na formação do sujeito seja ele: físico, intelectual, psicológico e etc. e em conjunto com a família contribuir tanto do desenvolvimento pessoal quanto social, incentivando na educação para a cidadania, que venham a favorecer a qualidade de vida e interação na sociedade.

6.1. Trabalhos Futuros

Ao realizar a roda de conversa com os alunos, alguns ficaram calados com pouca interação, no entanto poderia ter obtido um resultado mais proveitoso se tivesse abordado um tema por vez, com atividades direcionadas com cada temática, embora muitas vezes um tema esteja ligado ao outro, e ao final ou durante a aula fizesse a relação do conteúdo com a realidade da criança.

No entanto há uma carência de pesquisas, projetos e atividades voltadas a inserção dos temas transversais especificamente na Educação Infantil, seja na Educação Física como em qualquer outra componente curricular da escola, na qual inúmeros pesquisadores salientam que durante essa fase, a criança desenvolve-se integralmente, portanto é papel da escola em conjunto com a família proporcionar os conhecimentos necessários para esse desenvolvimento pessoal e social.

7. Referências

AYOUB, E. Reflexões sobre a Educação Física na Educação Infantil. Revista Paulista de Educação Física, supl. 4, 2001. Disponível em: http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/v15%20supl4%20artigo6.pdf. Acessado em Abril de 2017.

BARETTA, R. Educação Física na Educação Infantil: reflexões em torno dessa relação. 2012. Monografia (Graduação em Educação Física) - Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2012.

BASEI, A. P.; A Educação Física na Educação Infantil: A importância do movimentar-se e suas contribuições no desenvolvimento da criança. Disponível em:<http://www.rieoei.org/deloslectores/2563Basei.pdf>. Acessado em Abril de 2017.

BETTI, M. O que a semiótica inspira na Educação Física. Revista Discorpo. São Paulo, n. 03, p. 25-45, 1994.

BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física Escolar: Uma Proposta de Diretrizes Pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Bauru,

2002.

BRACHT, V. A constituição das teorias pedagógicas da educação física. Caderno Cedes: Espírito Santo. Ano XIX, nº 48, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Resolução CNE/CEB nº 5/2009. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12745-ceb-2009>. Acessado em 02 de Outubro de 2017.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Lei Federal n.º 9.394, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acessado em Abril de 2017.

______. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, Brasília, MEC/SEB, 2006, Vol. II. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol2.pdf>. Acessado em Abril de 2017.

______. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Básica. Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil, Brasília, MEC/SEB, 2006, Vol. I. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/eduinfparqualvol1.pdf>. Acessado em Abril de 2017.

______. Ministério da Educação e Desporto Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: introdução, Brasília, MEC/SEF, 1998, Vol. I. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf>. Acessado em Abril de 2017.

______. Ministério da Educação e Desporto Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: formação pessoal, Brasília, MEC/SEF, 1998, Vol. II. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf>. Acessado em Abril de 2017.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1998.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, 1997.

______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2015. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio/2924009>. Acessado em 05/04/2017.

CANEN, A. O multiculturalismo e seus dilemas: implicações na educação. Revista comunicação e política, v.25, n.2, p.091-107, 2007.

CAVALARO, A. G.; MULLER, V. R. Educação Física na Educação Infantil: uma realidade almejada. Educar. Curitiba, n. 34, p. 241-250, 2009.

DARIDO, S. C. et al. A educação física, a formação do cidadão

E os parâmetros curriculares nacionais. Rev. paul. Educ. Fís.: São Paulo, n. 15, v. 01, p. 17-32, jan./jun, 2001.

______. Educação Física de 1a. A 4a. Série: quadro atual e as implicações para a formação profissional em educação física. Rev. paul. Educ. Fís.: São Paulo, supl.4, p. 61-72, 2001.

______. Os conteúdos da Educação Física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas da Educação Física escolar: UFF, v.2, n.1, p. 5-25, 2001.

______. Educação Física na Escola: Questões e Reflexões. Ed. Guanabara Koogan S.A.: Rio d Janeiro, 2003.

______. Educação Física e Temas Transversais na Escola. Ed. Papirus: Campinas, 2012.

FERRAZ, O. L. Educação Física escolar: conhecimento e especificidade

a questão da pré-escola. Rev. paul. Educ. Fís.: São Paulo, supl.2, p.16-22, 1996

FERRAZ, O. L.; FLORES, K. Z. Educação física na educação infantil: influência de um programa na aprendizagem e desenvolvimento de conteúdos conceituais e procedimentais. Rev. bras. Educ. Fís. Esp.: São Paulo, v.18, n. 1, jan./mar. 2004.

FERREIRA, M. C. P. L.; FREITAS, R. Aparecida Marra da Madeira. O lugar da Educação Física na Educação Infantil. IV EDIPE – Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino, 2011. Disponível em: <http://www2.unucseh.ueg.br/ceped/edipe/anais/ivedipe/pdfs/educacao_fisica/co/383-865-1-SM.pdf>. Acessado em Abril de 2017.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 5.ed. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1985.

FRANGIOTI, P. C.; COSTA, P. H. L. Desenvolvimento dos temas transversais através dos projetos: auxílio na sistematização/ organização dos conteúdos em educação física escolar. Disponível em: http://www.eefe.ufscar.br/pdf/perla.pdf. Acessado em Abril de 2017.

GHIRALDELLI JÚNIOR, P. Educação Física Progressista: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e a Educação Física Brasileira. 10. ed. São Paulo: Ed. Loyola, 1998.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Editora Atlas. 2002.

______. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Editora Atlas. 2008.

GONÇALVES, A. S.; AZEVEDO, A. A. A re-significação do corpo pela Educação Física escolar, face ao estereótipo construído na contemporaneidade. Revista Pensar a Prática: Goiás, v. 10, n. 02, p.201-219, 2007.

GONÇALVES, F. D. et al. A promoção da saúde na educação infantil. Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.12, n.24, p.181-92, jan./mar. 2008.

GONÇALVES, K. S. L. A Educação Física nas escolas infantis: diagnóstico da realidade escolar. 2010. Monografia (Graduação em Educação Física) - Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2010.

GUERRA, E. L. A. Manual de Pesquisa Qualitativa. Belo Horizonte: Grupo Anima Educação, 2014.

GUIMARÃES, A. A. et al. Educação Física Escolar: Atitudes e Valores. Revista Motriz, Rio Claro, v. 07, n.01, p. 17-22, Jan-Jun, 2001.

KAWASHIMA, L. B. et al. Sistematização de conteúdos da Educação Física para as séries iniciais. Revista Motriz, Rio Claro, v.15, n. 02 p.458-468, 2009.

LEAL, A. B. A importância da atividade física na Educação Infantil (3 e 4 anos). 2004. Monografia (Graduação em Educação Física) - Universidade Campos Mendes, 2004.

LOURDES, L. F. C. A prática escolar e o esporte no ensino secundário em São Paulo nos anos de 1950. Disponível em: <http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe6/anais_vi_cbhe/conteudo/file/1305.pdf> Acessado em Maio de 2017.

LOVERA, F. J. A importância da educação física na formação de cidadãos críticos, pensantes e atuantes. Revista de Educação do IDEAU: Getúlio Vargas, 2015.

MAGALHÃES, J. S. et al. Educação física na educação infantil: uma parceria

Necessária. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte: Campinas, v. 06, n. 03, p. 43-52, 2007.

MALTA, N. F. A Importância da Educação Física no Ensino Infantil na cidade de Barretos - SP. Monografia (Graduação em Educação Física) - Universidade de Brasília, Brasília, 2012.

MANZINI, E. J. Entrevista semi-estruturada: Análise de objetivos e de roteiros. Disponível em: http://wp.ufpel.edu.br/consagro/files/2012/03/MANZINI-Jos%C3%A9-Eduardo-Entevista-semi-estruturada-An%C3%A1lise-de-objetivos-e-de-roteiros.pdf. Acessado em Abril de 2017.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Editora Atlas, 2003.

MEDINA, J. P. S. A Educação Física cuida do corpo... e “mente”. Campinas: Ed. Papirus, 1990.

METZNER, A. C. A Educação Física na Educação Infantil: Uma breve reflexão. Disponível em: http://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/sumario/10/19042010092157.pdf. Acessado em Abril de 2017.

______. Atividades de movimentos na Educação Infantil. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004.

MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 21 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

MOURA, A. F.; LIMA, M. G. A reinvenção da roda: roda de conversa: um instrumento metodológico possível. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar?q=A+REINVEN%C3%87%C3%83O+DA+RODA%3A+RODA+DE+CONVERSA%3A+UM+INSTRUMENTO+METODOL%C3%93GICO+POSS%C3%8DVEL&btnG=&hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5. Acessado em: 26/05/2017.

PIMENTEL, G. G. A.; MOREIRA, E. C.; PEREIRA, R. S. Lazer, meio ambiente e Educação Física escolar: relações possíveis? Pensar a Prática. Goiânia, v. 16, n. 1, p. 1319, jan./mar. 2013.

PRADO, B. M. B. Educação Física escolar: um novo olhar. Revista de Educação do IDEAU: Getúlio Vargas, 2015.

RODRIGUES, L. H.; DARIDO, S. C. Educação Física escolar e meio ambiente: reflexões e aplicações pedagógicas. Revista Digital Efdeportes, Buenos Aires, v. 11. n.100. set. 2006. Disponível em: < http://www.efdeportes.com/efd100/ma.htm> acesso em: 29 nov. 2017.

RUFINO, L. G. B.; DARIDO, S. C. Tema transversal ética nas aulas de Educação Física: Avaliando o processo de implementação de um livro didático. Revista Plures Humanidades. v.14, n. 02, 2013.

SILVA, A. A roda de conversa e sua importância na sala de aula. 2012. Monografia (Graduação em Pedagogia). Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2012.

SILVA, A. B. Mentes consumistas: do consumo à compulsão por compras. São Paulo: Globo, 2014.

SILVA, A. M. N.; PRIMÃO, J. C. M.; ALEXANDRE, I. J. Multiculturalismo e Educação: desafios para o educador. Revista Eventos Pedagógicos. v.3, n.2, p. 291 - 300, Maio - Jul. 2012.

SILVA, D. R. S.; FESTA, P. S. V. F. Infância, consumo e ambiente escolar: reflexões sobre o desenvolvimento infantil na sociedade contemporânea. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades OPET. dezembro de 2015.

SIMÃO, M. B. Educação Física na Educação Infantil: refletindo sobre a “hora da Educação Física”. Resvista Motrivivência, Florianópolis, Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/4701. Acessado em Abril de 2017.

SOARES, Carmen Lúcia. Educação Física Escolar: conhecimento e especificidade. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.6-12, 1996.

______. Educação Física: Raízes Europeias e Brasil. Campinas: Ed. Autores Associados, 2004.

______. et al. . Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Ed. Cortez, 2012.

8. Apêndice

8.1. APENDICE A

– O objetivo da pesquisa é entender como a abordagem dos Temas transversais na aula de Educação Física da Educação Infantil, pode contribuir para o desenvolvimento crítico e social das crianças, analisando assim a sua importância e compreendendo o modo como esses temas são ministrados dentro das aulas.

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

  1. Qual a importância dos Temas Transversais dentro da Educação Infantil?

  2. Como os Temas Transversais podem relacionar-se com a Educação Física?

  3. De que forma esses Temas podem contribuir para o desenvolvimento integral da criança na Educação Infantil?

  4. Nas suas aulas de Educação Física como aborda os problemas sociais emergentes da sociedade?

  5. Como essa abordagem pode contribuir para que a criança tenha uma formação mais crítica e social?

  6. De que modo você trabalha os Temas Transversais, baseando as experiências das crianças vividas dentro e fora da escola?

  7. A Educação Física ao abordar os problemas sociais pode contribuir para o desenvolvimento de crianças mais autônomas e com opiniões próprias?

  8. Como você elabora as aulas de Educação Física, atentando os conteúdos da disciplina com os Temas Transversais?

  9. Em sua opinião a abordagem desses temas pode ser trabalhada de forma isolada? E em que momento da aula?

  10. Como a escola orienta pedagogicamente a inclusão dos Temas Transversais no seu cotidiano?

8.2. APENDICE B

ROTEIRO PARA RODA DE CONVERSA

- Saúde

  • Perguntar aos alunos quem gosta de Educação Física.

  • Abordar com as crianças quem conhece as partes do seu corpo e se elas gostam de tomar banho, escovar os dentes e se acham que é importante, por quê?

  • Se nas aulas de Educação Física elas aprende a cuidar do próprio corpo e como?

- Meio ambiente

  • Perguntar quem gosta de comer frutas e verduras e se comem tudo.

  • Abordar o que fazer como o resto a comida que não comeram e se pode jogar comida no lixo, por quê?

  • Perguntar se elas sabem para onde o lixo vai e abordar se acham que o lixo vai para os rios ou florestas?

  • Ver qual a importância do meio ambiente e perguntar o que mais jogam no lixo (roupas, brinquedos), por quê?

- Trabalho e consumo

  • Perguntar quem tem muito brinquedo, roupa e maquiagem.

  • Fazer relação de produtos de pessoas famosas e brinquedos que elas veem.

  • Abordar quem acha que precisa de mais e por que acha que precisa? E se os pais não podem comprar, o que elas fazem?

  • Se elas dividem suas coisas com os outros, se não, por quê?

- Orientação sexual

  • Tratar com os alunos quais suas cores favoritas e por quê? Fazer relação se a criança do sexo oposto pode usar a mesma cor?

  • Perguntar qual brincadeira ou brinquedo favoritos e se a criança do sexo oposto pode participar das mesmas brincadeiras, se não, por quê?

- Pluralidade cultural

  • Perguntar quem gosta de dança ou lutas e se eles conhecem algumas de outro lugar (país ou cidade diferente)?

  • Se na aula de Educação Física eles aprendiam sobre danças ou lutas de outra localidade? Fazer relação com a cultura de outros países ou regiões (Japão/ judô, São João/ forro, África/ capoeira e etc.).

  • Se eles acham importante aprender sobre diferentes culturas.

- Ética

  • E as lutas nas aulas de Educação Física, ver qual a importância e por quê?

  • Perguntar se alguém já bateu em algum amigo, irmão ou outra pessoa e elas acham que isso é certo, se não, por quê?

  • Questionar se eles acham importante respeitar os outros e por quê?

  • E se durante as aulas de Educação Física os colegas podiam machucar os outros, por quê?

1Regulamento aprovado para a reforma do Ensino Primário e Secundário do município da Corte, em conformidade com artigo 1º do Decreto nº 630 de 17 de Setembro de 1851, Luiz Pedreira do Couto Ferraz, que fazia parte do Conselho do Imperador, também Ministro e Secretario do Estado dos Negócios do Império, assinou e fez executar essa reforma do Decreto 1.331-A em 17 de Fevereiro de 1954 no Palácio do Rio de Janeiro.

2John Dewey (Burlington, Vermont, 20 de outubro de 1859  1 de junho de 1952) foi um filósofo, pedagogo e pedagogista norte-americano.


Publicado por: ISABELA MACHADO

icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.