A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ORIENTADA POR UM PROFISSIONAL DA ÁREA, NO ENSINO FUNDAMENTAL I, PARA UM DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR, PSICOMOTRICISTA SATISFATÓRIO
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1. RESUMO:
Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), a educação brasileira deve estar estruturada em três etapas: Educação Infantil (creches e pré-escolas), Ensino Fundamental (9 anos) e Ensino Médio (3 anos). E em todas essas etapas o ensino da Ed. Física é obrigatório. Não apenas a LDB mais o ECA (estatuto da criança e do adolescente) também deixa clara essa obrigatoriedade dizendo que a criança e o adolescente tem direito a educação, a cultura, ao esporte e ao lazer. O brincar da escola é de suma importância e se diferencia ao brincar de casa por serem trabalhados com objetivos e não brincar por brincar.
PALAVRA-CHAVE: Educação física, criança, brincar, atividade.
2. INTRODUÇÃO
Psicomotricidade é a ciência que estuda o ser humano através de seu corpo e o movimento (aspectos anatômicos, neurofisiológico e locomotor). Mello (1996) diz que é “uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo”.
FONSECA (2004, p. 10) enfatiza que:
(...) a psicomotricidade subentende uma concepção holística do ser humano, e fundamentalmente de sua aprendizagem, que tem por finalidade associar dinamicamente o ato ao pensamento, o gesto à palavra e as emoções aos símbolos e conceitos; ou, numa linguagem mais neurocientífica, associar o corpo, o cérebro e os ecossistemas envolventes, ou seja, tudo o que faz um movimento ser inteligente ou psiquicamente elaborado e controlado.
Nesta concepção entra a Educação Física escolar, pois é através dela que se trabalha o movimento pleno e não mais um gesto isolado como por exemplo, o simples movimento de segurar um lápis, trabalhando esse movimento esse gesto para o futuro.
De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da educação) a organização do ensino no Brasil deve ser dividida nas seguintes etapas, são elas.
Segundo Barreto (2000) o desenvolvimento psicomotor é importante na prevenção de problemas de aprendizagem. Portanto, a psicomotricidade nas aulas de Educação Física auxilia na aprendizagem escolar, de forma mais prazerosa, contribuindo para um fenômeno cultural que consiste de ações psicomotoras exercidas sobre o ser humano de maneira a favorecer comportamentos e transformações.
Entende-se a Educação Física Escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, capacitando-o para usufruir os jogos, os esportes, as danças, as lutas e as ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.
2.1. Ciclo educacional no Brasil
A educação básica no Brasil está dividida em três ciclos:
Educação Infantil – creches (de 0 a 3 anos) É gratuita, mas não obrigatória. E pré-escolas (de 4 e 5 anos) – gratuita.
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Ensino Fundamental – anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano) – É obrigatório e gratuito.
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Ensino Médio – O antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano).
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Ensino Superior
O Ensino Fundamental I compreende o 1º ano (antigo CA) até o 5º ano (antiga 4ª série). A faixa etária dos alunos vai de 6 anos até aproximadamente 10 anos. Não levando em consideração a distorção série idade.
É nesta faixa etária que acontecem diversas transformações no desenvolvimento infantil, por isso, os estímulos devem ser constantes, o “novo” deve ser sempre inserido no cotidiano da criança para que ela aprenda a lidar com as situações do dia-a-dia e a vencer os obstáculos que surgirão. Além disso, o “corpo físico” também deve ser educado. “Tudo o que tem influência na conduta e na personalidade é Educação” (CONFEF, 2006).
De acordo com Freire (1992), o movimento corporal deve ser interpretado como um recurso pedagógico valioso no ensino fundamental, especialmente no primeiro segmento do ensino, pois “a mão escreve o que a mente pensa a respeito do mundo com o qual a criança interage” (Freire, 1992, p. 81).
3. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
“A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de Dezembro de 1996, tornou obrigatório o ensino da Educação Física escolar nas escolas de ensino básico” (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio). (PLANALTO, 2006), antes era obrigatório apenas a partir do Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio. Porém essa falta de obrigatoriedade não respeitava o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA- Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990), nele diz que “a criança e o adolescente tem direito a educação, a cultura, ao esporte e ao lazer” (APOSTILAS & CURSOS, 1990 p.6) também contrariava a Carta Internacional da Educação Física e do Desporto (aprovada em 21 de Novembro de 1978 pela conferência geral da UNESCO em sua 20ª reunião, celebrada em Paris), que diz em seu artigo 1º que “é direito fundamental de todo ser humano de praticar Educação Física e o desporto”(CONFEF, 2006).
De acordo com BARBOSA (2001 p.19)
É esse poder legal, representado por leis e decretos, que confere a Educação Física o “status” de disciplina obrigatória do currículo escolar da Educação Básica, permitindo que sua ação pedagógica se exerça com autoridade e legitimidade, ainda que construídas sobre conceitos estereotipados e comprometidos com interesses capitalistas.
BRANDÃO (1980 apud JERONIMO, 1998, p.4), diz que a Educação Física escolar:
É importante, pois educa pelo movimento o individuo por completo. Por isso a Ed. Física não educa o físico, educa o movimento que o corpo realiza. [...] Através da Ed. Física escolar o individuo poderá se tornar capaz de pensar, sentir e realizar os movimentos. Poderá ser capaz de criar meios para satisfazer-se de maneiras prazerosas em seus momentos de lazer. Por isso também a Educação Física é educação.
Desta forma considera-se que “a educação física escolar está na formação das crianças, principalmente enfatizando o quanto pode ser importante à motricidade para o desenvolvimento da inteligência, dos sentimentos e das relações sociais” (FREIRE, 1992 p.15).
COSTA (1983 apud JERONIMO, 1998, p. 4) diz que “a Educação Física praticada nas escolas de 1º grau, assume a formação integral do homem ajuda-o a conhecer-se, dominar-se, a relacionar-se com os outros e com o mundo e buscar, a sua autonomia”.
A nossa sociedade, em grande parte, vê a Educação Física escolar como “uma disciplina responsável apenas pela prática de treinamento desportivo e pela prática recreativa e/ou de lazer” (BARBOSA, 2001 p. 17), sem se interessar com a real finalidade e importância da disciplina. Veem apenas como aula de recreação. Há casos de pais que acham que a Educação Física é aula de bagunça, sem conteúdo, dizem: “brincar, meu filho brinca em casa” ignorando ou mesmo desconhecendo o seu verdadeiro propósito. Que professor de Educação Física nunca escutou de colegas de trabalho (outros professores e funcionários da mesma unidade de trabalho) a seguinte colocação: “Agora vocês vão pra aula de recreação”? ou até mesmo “ a (o) tia (o) de recreação chegou”. Geralmente acontece com os profissionais da Ed. Infantil ou aqueles que não têm conhecimento sobre a Ed. Física. São poucos os professores das outras áreas que reconhecem de fato a importância da disciplina, em alguns casos acham que é importante apenas para tira-los de sala por algum tempo para que o (a) professor (a) da sala possa descansar.
A Ed. Física na escola é considerada por muitos (sociedade e integrantes da própria instituição de ensino) como um momento de brincadeiras jogadas e sem sentido ou como treinamento desportivo onde as relações entre professores e alunos passam a ser vista como: “professor-treinador e aluno-atleta” (MATTOS e NEIRA, 2000 p. 10). Isto contribui para “colocar os alunos como ‘máquinas de rendimento’ as quais tem por fim atingir a capacidade de obtenção dos melhores resultados nas competições interescolares” (COSTA, 2003). Essa Ed. Física era pertinente nas décadas de 70, 80 e não a Ed. Física de hoje, que ao longo dos anos foi evoluindo e se modificando, através de pesquisas e estudos e finalmente somos reconhecidos como educadores, apesar de muitas pessoas ainda ignorarem essa conquista.
Com o passar dos anos, a disciplina foi evoluindo, através de estudos e pesquisa fica claro a real importância da Ed. Física, principalmente no 1º segmento (1º ao 5º ano) onde toda a fase psicomotora se é trabalhada. É muito comum tirar os alunos que não fizeram a tarefa de casa, ou que não estão acompanhando a turma nos conteúdos dados nas outras disciplinas ou até mesmo uma forma de puni-lo por alguma indisciplina, das aulas de Ed. Física, principalmente do 1º segmento, com a desculpa de que está aula é apenas uma “aula extra”. Além dessa pratica ser contra a lei (pois todos tem o direito a pratica da Ed. Física assegurado na constituição), também é uma pratica em que a curto e médio prazo, prejudica é muito o educando. E normal ver alunos que não tem um bom controle motor, não se socializa satisfatoriamente, que não tem um bom raciocínio estimulado, entre vários outros fatores.
Os PCNs de 1997 colocam que a prática da Educação física na escola poderá favorecer a autonomia dos alunos para monitorar as próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações, sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais a sua saúde.
Por esse motivo deve estar integrada em todos os planos da educação. No PPP da escola, nos planejamentos de secretarias de educação e em todas as outras áreas que tenha por finalidade a educação. E não apenas ser tratada como uma atividade “extra” sem importância ou fundamento.
Atualmente a escola possui a tarefa de desenvolver no aluno habilidades para que ele se integre e viva na sociedade. Dentre essas habilidades está o completo ou o mais completo possível, desenvolvimento das valências psicomotoras.
ETCHEPARE; PEREIRA; ZINN, (2003 apud GARCIA e COICEIRO, 2010, p. 1) dizem que:
Nesse caso, a Educação Física Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental deve ensinar a importância do movimento humano, suas causas e objetivos, e criar condições para que o aluno vivencie esse movimento de diferentes formas para que possa usá-lo no seu cotidiano, dentro e fora da escola.
No Fórum mundial sobre a Educação Física que aconteceu em Berlim (1999), verificou-se que a educação física necessita de:
“Professores bem formados e qualificados, nas escolas e nos estabelecimentos de ensino”;
Por tanto, a Ed. Física escolar deve ser ministrada por profissional capacitado para tal função, e não, pelo professor que além de não ser formado em Ed. Física muitas das vezes não está capacitado nem para ministrar uma recreação, sobrecarregando-o e colocando em risco o aprendizado motor satisfatório do educando.
3.1. Educação física escolar e a lei de diretrizes e bases da educação (9394/96)
A LDB em seu artigo nº 26 § 3º fala da inclusão da Ed. Física como componente curricular obrigatório da educação básica, “A Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar sendo facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, MEC, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, 1999, p. 45).
Apesar da lei (que foi sancionada em 1996), a realidade da Ed. Física no nosso país é outra. Na educação infantil, é frequente se ver escolas (privadas ou públicas), que não ofereçam a Ed. Física aos alunos. Algumas escolas oferecem ao 1º ciclo do ensino Fundamental (1º ano ao 5º ano), porém, se vê a disciplina frequentemente, apenas no 2º e 3º ciclo (Fundamental II e Ensino Médio) Contudo, de uns aos para cá ainda vêm perdendo o espaço no Ensino Médio. A afirmativa a cima se dá principalmente em escolas da rede pública, a qual deveria dar o exemplo. Estados e Municípios, através de suas secretarias de educação, não interpretam a lei como ela realmente é.
3.2. Educação física escolar na ed. Infantil e no 1º ciclo do ensino fundamental, quem deve aplicar?
O CONFEF (Conselho Federal de Ed. Física) diz em seu 2º capitulo art. 9º que:
O profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações- ginásticas, exercícios físicos (...) lazer, recreação (...) sendo de sua competência prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde(...).
É fato que a Educação Física, seja ela na escola ou em qualquer outro local, deve ser aplicada por um profissional devidamente graduado em Ed. Física. Porém, se analisarmos, não é o que acontece na educação infantil e nem no 1º ciclo do ensino fundamental. A função de introduzir as “brincadeiras” acaba ficando para a (o) profª (º) regente da classe. O PCN da EF diz que o aluno deverá ser capaz de enfrentar desafios corporais em jogos e brincadeiras, respeitando regras; interagir com os colegas sem discriminar por razões físicas, socioculturais ou de gênero; enfrentar situações de competição respeitando regras; estabelecer relações entre a prática de exercícios e a saúde; valorizar e vivenciar manifestações da cultural corporal de maneira receptiva.
A respeito da formação profissional exigida para lecionar na educação básica, a LDB admite nível superior para profissionais de Ed. Física, como formação mínima. Para o exercício do magistério na educação infantil e no 1º ciclo do ensino fundamental a modalidade Normal, oferecida em nível médio (Art. 62).
Porém, de acordo com o texto da lei, gera-se uma brecha nela, possibilitando a atuação de dois profissionais nesta função. O (A) Profº (ª) regente, com formação em curso Normal e/ou com nível superior em Pedagogia, e o (a) professor (a) especialista, graduado em licenciatura plena em educação física, também em nível superior.
Sendo assim, quem deve ministrar as aulas de educação física nessas séries?
Na LDB, encontramos de forma explícita a obrigatoriedade da educação física em toda a Educação Básica, isto é da Educação Infantil ao Ensino Médio. Mais não diz qual profissional é responsável pela aplicação da matéria.
Na Educação Infantil e no 1º ciclo do ensino Fundamental, é costume que haja apenas um professor para as matérias. E não um professor de história para lecionar história, um matemático para o ensino da matemática... Mas será que esses professores estão preparados para ministrar as aulas de Ed. Física e estimular o desenvolvimento psicomotor na sua plenitude?
Segundo Devide (2013), “como um profissional de educação, sem formação superior em EF, terá condições de desenvolver um trabalho com os seus alunos, com fins de atingir sequer uma pequena parte destes aspectos propostos pelo PCN de EF?”
Há alguns anos atrás, era comum que os cursos de graduação em pedagogia, não tivessem tanta preocupação com o ensino da Ed. Física, hoje em, dia isso vem mudando, sendo clara a atual preocupação em dar bases aos futuros pedagogos no que diz respeito a Ed. Física. Porém, essa base diz respeito à orientação e não a aplicação real da disciplina. Segundo Sayão (2002) falta ao educador à vivência de experiências corporais lúdicas através da brincadeira e dos jogos, para completar a sua ação pedagógica com as crianças.
No que diz respeito aos cursos de Formação de professores (Ensino Médio) Ayoub (2005) afirma que “temas relacionados à área da educação física raramente são estudados nos cursos de formação de professores, ou, quando são, acabam sendo abordados equivocadamente de forma reducionista (p.144)”.
Sabe-se que o curso normal do ensino médio e o normal superior são frágeis e na maioria das vezes não instrumentaliza os futuros professores a atuarem com a Ed. Física no primeiro segmento de ensino (Freire, 1992). Muitas vezes, inclusive, as aulas destes cursos reproduzem aulas tradicionais, em que o aspecto motor, com ênfase no esporte como conteúdo central, a execução de fundamentos esportivos, a performance técnica e o ensino de regras são os objetivos finais, balizando critérios de avaliação (Barbosa, 1999).
O profissional de Ed. Física deve estar muito atento às fases do desenvolvimento motor, para criar aulas cada vez mais atraentes e conseguir assim obter êxito nos objetivos propostos.
Sendo assim, se o profissional de Ed. Física estuda, se capacita para tal por que deixar que outros profissionais ministrem as aulas?
Além disso, o CONFEF (Conselho Federal de Educação Física), junto com os CREF´s (Conselho Regional de Educação Física) diz em seu estatuto, que as atividades físicas devem ser ministradas por profissionais graduados em Ed. Física, sendo considerado exercício ilegal da profissão quando ministradas por não profissionais da área. Deixa claro em seu capítulo II 8º artigo, as atribuições do profissional de Ed. Física.
Compete exclusivamente ao profissional de Ed. Física, coordenar, planejar, programar, prescrever, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, orientar, ensinar, conduzir, treinar administrar, implantar, implementar, ministrar, analisar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como, prestar serviços de auditoria,consultoria e assessoria realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas, desportivas e similares.
O CONFEF define atividade física sendo “todo movimento corporal voluntário humano, que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos”.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Figura 1: Fases do desenvolvimento motor.
Quadro próprio.
Cada faixa etária acima mencionada tem sua fase própria e importante no desenvolvimento, por isso cada uma delas deve ser respeitada, Cabe ao profº conhecer cada uma dessas fases e respeitar suas individualidades e o tempo de cada criança, e neste aspecto o profº de Ed. Física é o que melhor se encaixa nessa afirmativa, já que o mais preparado dos profºs no que diz respeito à psicomotricidade. As crianças da educação infantil e do ensino fundamental I estão em fase de formação, de busca de conteúdos. São nessas fases que acontecem à preparação para o mundo externo, para a alfabetização, para o aprendizado em geral, para o desenvolvimento motor, etc. Daí a importância das aulas de Ed. Física nos anos iniciais e a conscientização dos professores regentes de que não se deve “punir” o educando tirando-o das aulas de Ed. Física.
O Brincar da Ed. Física se diferencia ao de casa pelo fato de ser um brincar instruído, ensina, por exemplo, como movimentar o corpo, na escola o aluno está sendo instruído, monitorado e direcionado o tempo todo.
O brincar, que acontece com frequência nas aulas de Ed. Física, é de suma importância para o aprendizado dos conteúdos escolares, sendo contrário à forma somente falada da educação.
VALLE (2010, p. 26) citando Vygotsky diz que:
Vygotsky explica que, ao brincar, a criança interpreta as ações dos adultos, projetando-se no mundo deles, assumindo um comportamento e desempenhando papéis que nem sempre são infantis. O autor também destaca que, ao brincar, a criança altera a dinâmica da vida real, pois não reproduz o jogo da mesma forma em que a situação foi vivenciada. Segundo o autor, o “jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança” (VYGOTSKY, 1998, p. 12 em: A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998.).
O brincar é de vital importância para o desenvolvimento do ser humano, é tão importante para o desenvolvimento do organismo quanto o alimento, os exercícios, o repouso. O simples ato de brincar faz com que a criança não apenas imite o cotidiano, mas também a transforma. Através das brincadeiras, se imita, se imagina, vivencia, se cria, representa e se comunica.
CANABARRO (2011) ainda diz que:
O brincar permite que cada um seja autor de seus papéis, escolhendo-os, elaborando-os e agindo de acordo com suas fantasias e conhecimentos, podendo inclusive solucionar problemas que possam aparecer. Está é uma ocasião de internalizar e elaborar sentimentos e emoções desenvolvendo o senso de justiça e moral como diz Piaget.
A Ed. Física é a aula mais lúdica oferecida na escola. É nela que a criança cria, recria, pula, imagina, se diverte, corre, desenha, pinta, estimula-se. O LÚDICO que segundo o dicionário MICHAELIS (2011) quer dizer o que se refere a jogos e brincadeiras. O termo lúdico tem origem do latim ludus e significa jogo. É este termo que melhor abrange e define as atividades desenvolvidas nas aulas de Ed. Física.
Quando estão brincando, as crianças não tem medo de errar processando seus conhecimentos. Brincar utilizando a música, as danças, às cantigas de rodas, poemas, lendas, historias, amplia o pensar sobre o mundo. Ajuda a formar os futuros cidadãos. Vygotsky ao observar as brincadeiras das crianças, já concluía que elas criavam suas situações imaginárias onde sempre existiam regras. Para Piaget (1978), portanto, ao brincar, a criança utiliza suas estruturas cognitivas e coloca em prática ações que estimulam sua aquisição de conhecimentos.
KICHIMOTO (1993, p. 110) diz que:
(...) Brincando (...) as crianças aprendem (...) a cooperar com os companheiros (...). A obedecer às regras do jogo (...), a respeitar os direitos dos outros (...), a acatar a autoridade (...) a assumir responsabilidades, a aceitar penalidades que lhe são impostas (...), a dar oportunidades aos demais (...), a viver em sociedade.
Além da Ed. Física ser responsável pelo desenvolvimento motor, à atividade física também combate diversas doenças ligadas ao sedentarismo como a diabetes, a obesidade, doenças cardíacas, promove o fortalecimento de músculos e articulações, entre vários outros benefícios. GALLAHUE, 2005. Diz que “o desenvolvimento motor é parte de todo o comportamento humano. O desenvolvimento cognitivo, o desenvolvimento afetivo e o desenvolvimento motor, estão relacionados”.
O objetivo da Educação Física escolar de acordo com Barros, 1972 apud Costa, (2003, p. 16) é “desenvolver espontaneidade em diversas situações e o desenvolvimento orgânico e funcional, atribuídos a Ed. Física, melhoram os fatores de coordenação e execução dos movimentos”.
O ideal seriam aulas de Ed. Física três vezes por semana, trinta minutos por dia, para descaracterizar a “inatividade” dos alunos, deixando-os na faixa etária dos considerados “ativos” e não sedentários. Já que muitos dos alunos só praticam exercícios na escola, devido a vários fatores entre eles a “era digital” (computadores, vídeo games, tabletes, celulares, etc.).
Já que isso ainda não é possível, por que ao menos não respeitar a lei, que prevê a Ed. Física em todas as fases da educação básica?
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* Graduada em Ed. Física, Pós graduada em Ed. Física Escolar, autora de diversos projetos para o Ensino Fundamental 1, atualmente trabalha como profª de Ed. Física na rede privada em Magé/RJ.
Publicado por: Ingrid Vieira Rodrigues
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