Um Grito de Tradição: A identidade da mulher afro em Sergipe

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1. RESUMO

Este relatório apresenta a fundamentação teórico-conceitual e o relato técnico-metodológico da grande reportagem em vídeo “Um grito de tradição – A identidade da mulher afro em Sergipe”, produto jornalístico elaborado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na modalidade Projeto Experimental. A grande reportagem explora a identidade da mulher afro em Sergipe, traçando além da história, as lutas e a importância da valorização da mulher negra em Sergipe. Procurando elucidar como este protagonista de lutas trabalha contra a segregação racial e a desigualdade, buscamos por personagem que já passaram por situações de racismo e preconceito. O presente documento, também apresenta o processo de elaboração da grande reportagem em vídeo, perpassando pela justificativa bibliográfica (fundamentação teórica), e relatando o processo em si (metodologia empregada – pesquisa, observação, entrevistas, projeto gráfico etc.).

Palavras-chave: Grande reportagem. Identidade. Mulher Negra. Sergipe. Webtelejornalismo.

ABSTRACT

This report presents the theoretical conceptual basis and the technical methodological account of the great video report "A tradition cry - The identity of the Sergipe-african woman," journalistic product produced as Work Course Conclusion (TCC), in Project modality experimental. The big report explores the identity of the Sergipe-african woman, tracing beyond history, the struggles and the importance of valuing of the black woman in Sergipe. Looking elucidate how this works protagonist struggles against racial segregation and inequality, we look for character who have experienced situations of racism and prejudice. The present document also presents the process of drafting the great video report, passing through the bibliographic justification (theoretical basis), and reporting the process itself (methodology - research, observation, interviews, graphic design etc.).

Keywords: Great Reportage. Identity. Black Woman. Sergipe. Web TV Journalism.

2. INTRODUÇÃO

Sergipe, epicentro geográfico da cultura afrodescendente no Brasil. Estado enlaçado por outros grandes ícones representativos do povo negro, fora de sua terra de origem. De um lado, o Recôncavo Baiano, tomado pela maior concentração de negros fora de suas terras africanas. Do outro, o estado de Alagoas, banhado pela mais vasta representação de negritude no Brasil: o Quilombo dos Palmares. O nosso Estado, caminha como um centro de toda uma história de lutas contra o racismo e a permanência de uma identidade do povo negro. Lutas que vão muito mais além do que meras coincidências geográficas. Uma história que exibe apenas a ponta de um enorme iceberg referente a afro-descendência sergipana.

Com isso, este relatório detalha todo o processo de produção da grande reportagem em vídeo para web “Um grito de tradição - a identidade da mulher afro em Sergipe”, produto jornalístico, com bases no modelo de jornalismo cidadão. Ela foi elaborada tendo como critérios, os relatos de pessoas que já passaram por situação de segregação racial e preconceito. A reportagem ainda busca contar a história, as lutas e traçar a identidade da mulher afro em Sergipe, que muitas vezes foi ofuscada pelo racismo velado e pelo patriarcalismo europeu ainda inserido na nossa sociedade. O conteúdo está sendo divulgado em nosso canal no youtube, intitulado “Afro-Sergipanidades”, que pode ser encontrado no seguinte link: http://goo.gl/rKn6we. Este nome foi escolhido porque eu pretendo dar continuidade ao canal, desenvolvendo outras produções ligadas a cultura afro em Sergipe.

A primeira parte da reportagem é destacada pela cientista social, Martha Sales, onde ela discorre sobre os elementos culturais que apenas confirmam a natureza afro de Sergipe. Logo após, é realizado um panorama, com a militante Laila Oliveira, sobre a situação da mulher negra sergipana, levantando questões ligadas ao racismo, a luta na militância e os preconceitos de gênero. Na terceira parte do produto, destaque para as dificuldades da mulher negra na educação, discutido por Luciana Andrade, bem como o trabalho do professor em sala de aula e a inserção do negro no ensino superior através das cotas. Na quarta parte é destacada a história do negro, com o Museu Afro de Sergipe e as “Marias” da comunidade quilombola Maloca, localizada no bairro Getúlio Vargas, em Aracaju. Por último, é realizado com todos os entrevistados, observações acerca da valorização do povo e da cultura da mulher afro em Sergipe.

Já o primeiro capítulo deste relatório trata da elaboração do tema, a qual consta as possibilidades sobre a identidade negra em Sergipe, um breve relato sobre a mulher afro em Sergipe e os caminhos através da reportagem. No segundo capítulo, observa-se a fundamentação teórico-conceitual, a qual consta a justificativa em relação à escolha do tema, uma contextualização justificando e compreendendo o suporte jornalístico utilizado – grande reportagem -, e a reconfiguração do jornalismo através da internet.

O terceiro capítulo trata do relato técnico-metodológico, que apresenta o método empregado (observação direta, condução de entrevistas, etc.), o cronograma, a veiculação na web e o projeto gráfico do produto. Neste terceiro relato, é apresentado, de forma processual e técnica, a proposta da pauta, o roteiro de entrevistas, o roteiro de reportagem, juntamente com o processo de edição e as dificuldades enfrentadas. Na última parte - a conclusão - estão contidos todos os apontamentos acerca do assunto, buscando exibir os objetivos alcançados, as ideias compreendidas e as possibilidades futuras da comunicação virtual.

3. O TEMA

3.1. É possível falar de uma “identidade negra” sergipana?

Quando pensamos no conceito de identidade, algumas considerações podem ser abordadas. Segundo o dicionário Michaelis (1998), a palavra “identidade” significa um “[...] conjunto dos caracteres próprios de uma pessoa, tais como nome, profissão, sexo, impressões digitais, defeitos físicos etc., o qual é considerado exclusivo dela e, consequentemente, considerado, quando ela precisa ser reconhecida. [...]”. Falando-se de identidade negra em Sergipe, podemos compreendê-la como um conjunto de elementos históricos, culturais e sociais que definem a “natureza” do povo sergipano. Já para o estudioso, Stuart Hall (2003), a identidade cultural destaca aspectos relacionados a nossa cultura étnica, racial, linguística, religiosa, regional e/ou nacional.

Dado este conceito inicial e respondendo à pergunta que abre este capítulo, compreendemos que quando se fala em identidade negra sergipana, constatamos um amplo leque de elementos que apenas confirmam sua natureza afro. Podemos citar como exemplos que determinam esta natureza e sua identidade as comunidades quilombolas do Estado, como a do povoado Pontal da Barra, em Barra dos Coqueiros e a Maloca, em Aracaju; os grupos religiosos originários do candomblé, como o de mãe Bilina, yalorichá do Terreiro Santa Barbara Virgem, em Laranjeiras; e as danças de matriz africana como o cacumbi, festejado principalmente em Japaratuba e Laranjeiras, no dia de Santos Reis (6 de janeiro) e a taieira, comemorado nas festas religiosas de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santos Reis.

Ao adentrarmos mais designadamente com relação à identidade da mulher negra sergipana, precisamos antes de tudo, entender a questão do gênero feminino. Mesmo com a modernidade, a imagem da mulher hoje ainda é direcionada, muitas vezes, para a submissão e para os cuidados com o lar. A ideia de uma mulher dita como inferior e incapaz de ser personagem principal da sociedade e da história, ainda é amplamente conduzida. Hoje, apesar de visíveis avanços e mudanças, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, a situação do gênero feminino negro no Brasil e em Sergipe, ainda manifesta resquícios de uma realidade vivida no período da escravidão, como o preconceito racial ainda enraizado na nossa sociedade. Neste caso, ela ainda perpassa por dificuldades não só de gênero, mais também por sua cor de pele.

Partindo-se destas discussões, neste momento, nos centraremos mais especificamente na identidade da mulher negra sergipana. Quando pensei em desenvolver esta pesquisa, observei que em nosso país, a história envolvendo questões sobre a “natureza” da mulher negra sempre foram constantes. Ao longo de todo o período colonial no Brasil até os dias atuais, a negra exibiu elementos que reunidos, ajudam a montar um quadro de sua identidade. A beleza, a brasilidade e principalmente as lutas contra preconceitos que ainda estão arraigados na sociedade brasileira, são exemplos que montam a identidade da mulher negra.

Direcionando a pesquisa para Sergipe, o Estado ainda sofre com questões racistas e sexistas muito enraizadas. A região ainda conta com uma omissão histórica, que é refletida não só nos livros, mas também nos documentos referentes a história do Estado. Para intensificar ainda mais esta supressão da imagem da negra, o processo de embranquecimento já começa a ocupar algumas áreas da região sergipana, onde o negro e principalmente a mulher negra, fez sua história. Este embranquecimento acontece a partir da mídia local nacional, que insiste em exibir a mulher branca como símbolo de beleza e valorização. Mesmo com esses empecilhos, Sergipe não fica de fora desta construção da identidade feminina negra.

Apesar das dificuldades aparentes, umas das expectativas para que se haja mudanças neste cenário é realizar um verdadeiro resgate cultural desta população, valorizando a história, a identidade, a cultura e as lutas de classe. É indispensável retratar as diversas faces desta mulher que ajuda a instalar a verdadeira imagem de um Estado tipicamente negro. É necessário um ativismo que rompa com as barreiras de preconceito racial e de gênero, que impedem o desenvolvimento pleno de sua identidade e a autonomia da mulher negra sergipana. É preciso retirar a cortina que impede a sociedade de enxergar o “racismo estético”, prática que imprime um modelo completamente diferente do que podemos ver na realidade sergipana. Essa atitude apenas persiste em inserir uma imagem de mulher branca, de olhos claros e de condição social elevada, poucas vezes enxergada no cenário de Sergipe.

Para que se hajam mudanças, algumas iniciativas já começam a mudar a realidade preconceituosa e de desvalorização da identidade negra em Sergipe. Uma das primeiras ações tomadas foi a criação de movimentos sociais voltados para o público negro. Neste caso, a história dos movimentos negros em Sergipe não é tão pequena territorialmente como o Estado. Com o clima de mobilização social de outras cidades do país - principalmente logo após a criação do Movimento Negro Unificado (MNU) - sindicatos e entidades sociais sergipanas, começaram a tomar medidas emergenciais para apoiar os movimentos nacionais.

Alguns grupos sociais podem ser citados como importantes na luta contra o racismo e a valorização da cultura negra em Sergipe. Entre eles estão, a Casa de Cultura Afro-Sergipana (CCAS), importante centro cultural que desde a década de 60 busca manter viva a história da cultura afro-sergipana; a ONG Sociedade Afro-Sergipana de Estudos e de Entidades Negras (SACI), que procura abrir novos diálogos com militantes negros espalhados pelo Brasil; e a União de Negros pela Igualdade de Sergipe (UNEGRO/SE), entidade que discute soluções para a diminuição do racismo e a inserção ampla do negro na sociedade.

3.2. O centro das atenções: a mulher afro em Sergipe

Para podermos discutir sobre a mulher afro em Sergipe, antes precisamos compreender sua trajetória. De acordo com um projeto produzido pela Associação Frida Kahlo e Articulação Política de Juventudes Negras, de São Paulo, a história da mulher africana começa no outro lado do Atlântico, mais especificamente no continente africano. São centenas de anos de história, que mostram como a mulher africana era vista como uma realeza e uma grande guerreira. Ao embarcarmos nesta viagem, são destacadas inúmeras rainhas africanas que auxiliaram na construção de uma identidade negra. Entre elas está umas das mulheres mais conhecidas do continente africano, a rainha Cleópatra. Ao longo de sua trajetória, ela adotou diversas estratégias políticas em defesa da soberania de seu povo e quando perdeu o controle sobre isso, preferiu a morte.

Outras rainhas também enumeram esta lista de soberanas da África e também do Brasil. Uma das representantes de resistência à invasão europeia na Angola, foi a rainha Nzinga, que lutou constantemente contra a escravidão de seu povo. Outra grande guerreira foi a rainha Aqualtune, nascida na região do Congo e que foi trazida para o Brasil, no século XVII para ser escrava em Porto Calvo, sul de Pernambuco. Mais tarde ela se tornara líder de um dos quilombos existentes em Palmares. A rainha Na Agontimé foi separada e trazida à força para ser escrava no Brasil. Chegando aqui, ela foi obrigada a mudar de nome, passando a se chamar Maria Jesuína e adotou costumes que não possuía na África. Apesar das dificuldades, ela não se esqueceu de suas origens e reconstruiu-se como uma rainha na Casa das Minas, no estado do Maranhão.

Mesmo com todos esses problemas enfrentados, as rainhas africanas nunca desistiram de sua história e cultura. Lutaram incansavelmente para poder garantir a liberdade e a soberania de seu povo. Assim como suas realezas, africanos e africanas também passam pela história do Brasil como símbolos da resistência contra a escravidão e a abolição de seus costumes. Mesmo trazidos brutalmente para um continente desconhecido, os negros deixaram um legado histórico e cultural que foi passado de geração em geração.

A partir deste recorte histórico, podemos nos aprofundar e compreender com melhor afinco a história e a identidade da mulher negra em Sergipe. Neste caso, durante toda a sua trajetória, a mulher negra sergipana sempre foi símbolo de lutas e resistência contra seus opressores. Sejam elas, rainhas ou plebeias, as mulheres negras nunca desistiram de seus costumes, de seus direitos constitucionais garantidos a qualquer cidadão ou de alcançar um status maior no mercado de trabalho. Independente do período da história, a obstinação da mulher negra em Sergipe sempre foram o de garantir o melhor para o seu povo.

Ao expor esta imagem de luta e essa identidade guerreira da mulher afro em Sergipe - evidenciadas principalmente por movimentos organizados por mulheres negras - podemos perceber como elas não deixam sua identidade ser oprimida por preconceitos ou atitudes de racismo. Para manter sua cultura e sua identidade viva na história da mulher negra sergipana, alguns movimentos sociais organizados foram criados. Entre eles está o Coletivo de Mulheres de Aracaju, que foi criado em 2012, pós Marcha das Vadias e que luta para superar as opressões e explorações vividas diariamente pelas mulheres. Temos ainda o Auto-Organização de Mulheres Negras de Sergipe Rejane Maria, que tem como objetivo trazer discussões que possam levar a expansão da luta da mulher negra no Estado. Ele ainda procura questionar, desafiar e combater o racismo, o machismo e qualquer outro tipo de opressão proferida contra a mulher sergipana.

É claro que apesar das manifestações desenvolvidas por movimentos sociais negro, espalhados por Sergipe e pelo Brasil, o racismo e o preconceito ainda continuam clivados na sociedade brasileira. Um exemplo é a diferença salarial existente entre pessoas negras e brancas. Em 2013, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas de cor preta ou parda ganhavam, em média, pouco mais da metade - cerca de 57,4% - do rendimento recebido por pessoas da cor branca. Um dado positivo é que nos últimos dez anos, essa desigualdade tem diminuído. Desde 2003, o rendimento mensal dos negros subiu, em média, 51,4%, enquanto o salário dos brancos aumentou apenas, em média, 27,8%.

Se formos analisar mais especificamente a condição da mulher negra no mercado de trabalho, a desigualdade e o racismo são ainda mais evidentes. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2012, as mulheres negras recebiam até três vezes menos do que homens brancos. Ainda de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), também em 2012, uma em cada quatro adolescentes negras não trabalhava ou estudava. Esses dados, apenas reforçam como a mulher negra ainda tem muito que lutar para conseguir estar em uma situação de igualdade com o restante da população brasileira.

Mesmo o Brasil sendo um país com uma população estimada, de acordo com IBGE de 2010, em mais de 200 milhões de pessoas e deste total, 50 milhões de mulheres se declaram negras, as desigualdades não param de ocorrer. Um exemplo é na política. Mesmo tendo uma presidenta mulher, reeleita em 2014 através do voto popular, as mulheres negras ainda não conseguiram alcançar um lugar significativo no cenário político. Segundo um levantamento realizado em 2014, pelo sociólogo e professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Luiz Augusto Campos, apenas 10% da Câmara dos Deputados são representadas por mulheres. Desse total, apenas 1,6% se autodeclaram pardas e 0,6% se autodeclaram negras.

Na busca pelo fim desta indigesta situação, algumas iniciativas são criadas para dar continuidade a história do negro no país. Ações promovidas por movimentos negros é um exemplo a ser citado, especialmente por ser uma admirável ferramenta na conservação da identidade negra. De acordo com Domingues (2007), nos últimos 28 anos de ações pelo Brasil, o movimento negro conseguiu travar lutas contra o preconceito racial e emitiu, inclusive, políticas públicas universalistas de integração do negro à sociedade.

Outro exemplo que evidencia essas conquistas no Brasil, foi a criação do Estatuto de Igualdade Racial, instituída pela Lei nº12. 288/10 de autoria do Senador Paulo Paim. De acordo com o criador do Estatuto (2010), o objetivo dessa lei não é apenas promulgar uma cultura afro-brasileira, apenas vivenciada nas práticas religiosas, na música ou na alimentação. Seu objetivo é que a cultura do negro seja inserida nas escolas, no mercado de trabalho, nas universidades, evidenciando que o negro faz parte do povo brasileiro. Além do mais, sua criação busca cultivar as raízes da nossa formação histórica, garantindo ainda mais nossa identidade nacional.

Outra aquisição importante a nível nacional foi criação da Lei nº10. 639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, nas escolas públicas e particulares do Brasil. Com a aprovação desta norma, o processo de ressignificação e valorização cultural de matrizes africanas se tornam mais evidente, intensificando a importância dos estudos sobre diversidade cultural brasileira nas escolas. Desse modo, os professores acabam por exercer um importante papel no processo de luta contra o preconceito e a discriminação racial no Brasil.

3.3. Fortalecendo a identidade negra em Sergipe

Sergipe não poderia ficar de fora da luta contra o preconceito racial e também promove iniciativas importantes para valorizar e dar reforço a história da cultura e da identidade da mulher afro em Sergipe. Essas conquistas são normalmente ligadas à conservação de comunidades quilombolas; debates sobre a questão da mulher negra em Sergipe; estudos sobre a cultura afro-brasileira e comissões de igualdade para combater o racismo.

Mencionando mais detalhadamente cada uma dessas ações, a primeira conquista a ser citada é o Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DEPIR), do município de Barra dos Coqueiros, localizado na região metropolitana de Aracaju. O DEPIR está vinculado à Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) e tem como papel principal implantar e fomentar políticas públicas de promoção da igualdade racial no município. O departamento possui a responsabilidade também de articular, programar e planejar políticas afirmativas, proferidas com as demandas do movimento negro e demais movimentos sociais. Algumas reuniões e debates também são promovidos especialmente para a comunidade quilombola de Pontal da Barra e para as mulheres negras do município, buscando a valorização de sua identidade.

A segunda conquista alcançada com relação a mulher negra sergipana foi no evento chamado Círculo dos Ogãs, que promove debates desde 2009, acerca da realidade afro em Sergipe. O evento que é realizado todos os anos na cidade histórica de São Cristóvão/SE debateu como tema nesta quinta edição as mulheres negras. A ação gerou debates e conversas entre jovens estudantes, professores, trabalhadores e principalmente mulheres do município. A ideia do tema surgiu a partir da necessidade de debater questões raciais e de gênero, já que o preconceito com as mulheres negras no Brasil e em Sergipe é muito significativo.

A terceira conquista está sendo promovida pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Sergipe (NEAB/UFS). Ele tem como finalidade trabalhar as questões relacionadas ao universo da história e da cultura afro-brasileira. Além disso, o centro de estudos discute também políticas de reparação social, leis que normatizam o ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas e no ambiente acadêmico, e debates acerca do lugar das universidades na luta contra o preconceito e a discriminação étnico-racial.

Outra conquista do povo negro que merece destaque é a Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe (OAB/SE), instituída em 11 de novembro de 2011. Essa comissão veio para auxiliar e acompanhar as políticas públicas pertinentes à comunidade negra sergipana. Ela ainda serve para atender às questões relacionadas ao racismo direcionado para qualquer etnia, porém, o seu olhar é voltado principalmente para a população negra. Segundo informações assinaladas pela comissão, em 2011, os afrodescendentes representavam mais de 70% da população do Estado de Sergipe, tornando-se o 7º Estado mais negro do Brasil. Com esses dados, esta comissão da igualdade está sendo de grande valia para compreender melhor a situação do negro em Sergipe.

Diante destas evidentes conquistas que valorizam a cultura negra sergipana, o que se propõe neste trabalho é contribuir, através de um recorte pessoal, melhorias deste cenário afro-sergipano. Neste caso, o recurso utilizado para este feito é a grande reportagem em vídeo, ambiente onde esse tema pode ser bem explorado. Fazendo-se uso deste suporte jornalístico, que contribui para um maior aprofundamento do tema debatido, o meu papel como comunicadora social é o de ir muito mais além do que uma mera observação simples do problema. É necessário um olhar profundo sobre as dificuldades sociais que envolvem a comunidade negra sergipana.

Além disso, é indispensável destacar que o jornalismo tem a finalidade de transmitir, denunciar, debater e levar ao público, conceitos e ideias de grande importância para o cidadão. Sendo assim, através desse recorte especial, que merece tanta atenção da sociedade, buscarei retratar a identidade da mulher afro em Sergipe, sem deixar de lado suas lutas e suas vitórias, sem deixar de lado, o meu comprometimento com a informação.

Buscando divulgar minha pesquisa, além de tornar ampla as ideias, depoimentos e discursos colhidos na reportagem e o grande valor que ela tem para a sociedade, procuramos no suporte online, uma plataforma de fácil acesso e de rápida disseminação das informações. É através da internet que podemos ajudar na expansão do conhecimento sobre a cultura negra em Sergipe. Diante desta questão, a grande reportagem em vídeo para web, cumpre o seu papel de relevância para a população negra, preenchendo vazios deixados pelos jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão, e até mesmo pela internet, quando ela é utilizada da mesma maneira que as outras ferramentas convencionais de comunicação.

3.4. Traçando caminhos através da reportagem

Durante muitos séculos o homem foi inventando e se reinventando para poder comunicar-se com outros indivíduos. Desde meados da década de 40, com a prensa móvel, criada por Johannes Guttemberg, as informações passaram a ser difundidas com mais facilidade e o aprendizado em massa passou a ser evidente. Logo após o surgimento da imprensa no século XV, veículos de comunicação mudaram as relações entre a sociedade, a política e a economia. Saltando para o século XX, novos sistemas de comunicação, como o rádio, a tv e a internet surgiram para modificar a maneira como veicular a notícia. Hoje, com as novas tecnologias digitais e a evolução da internet, a interação com a sociedade passou a ser mais rápida, dinâmica e espontânea.

Segundo a teoria dos Estudos Culturais, estudada por Gomes (2011), o jornalismo é uma instituição social, que pretende descrever a realidade atual de uma comunidade, embasando-se em alguns pilares importantes, como a objetividade, a imparcialidade, o interesse do público, a atualidade, a veracidade dos fatos, a credibilidade e a sua legitimidade. Inserido dentro da atividade jornalística, o profissional pode trabalhar suportes que vão dar identidade e auxilio na produção do seu conteúdo jornalístico. Um suporte bastante utilizado no jornalismo é a reportagem.

O estilo jornalístico reportagem é uma narração informativa que busca abordar as origens, implicações e desdobramentos de uma história, apresentando os personagens nele envolvidos. Diferentemente da notícia, que se baseia no fato, a reportagem tem como base o acontecimento, permitindo um aprofundamento mais completo da realidade. Para Marques de Melo (apud OLIVEIRA e SEIXAS, 2011, p.3) “a reportagem é o relato ampliado de um acontecimento que já repercutiu no organismo social e produziu alterações que são percebidas pela instituição jornalística”. Segundo Jean-Jacques Jespers (apud TEIXEIRA, 2009, p.17-18), existe ainda quatro tipos de reportagens: de atualidade, a grande reportagem, o inquérito e o documentário de criação. Nesse caso, a grande reportagem é a que será abordada mais profundamente nesta pesquisa.

Diante desses conceitos iniciais, o objetivo deste trabalho é que através de uma pesquisa bibliográfica e de campo, o assunto ligado à cultura afro-sergipana seja tratado em um suporte que se materializa em uma grande reportagem em vídeo. Para isso, buscamos elucidar a identidade da mulher afro em Sergipe, desvendando a imagem da mulher fora do mito da fragilidade. Destacamos sua identidade, o símbolo da luta e da resistência no Estado de Sergipe, além de sua importância social e cultural na construção de nossa sociedade.

Como mais especificado nas próximas seções, o objetivo de uma grande reportagem (GR) é informar e orientar com profundidade sobre os diversos acontecimentos sociais, informações, circunstâncias, ideias e figuras humanas, a fim de situar o leitor, telespectador, ouvinte ou internauta, um quadro sobre as diversas realidades existentes em nossa sociedade. De uma forma ou de outra, o propósito da grande reportagem é o de sensibilizar, chamando a atenção para assuntos de interesse público, mobilizando questões importantes da sociedade.

Diferentemente do jornalismo diário, que busca construir as informações em ordem de importância, obedecendo ao modelo da pirâmide invertida, a GR não procura seguir esse padrão. Ela segue técnicas mais flexíveis, como possibilitar o conto de a narrativas de diversas maneiras, sem deixar de informar todas as informações necessárias. Em contraponto com a notícia, que trata de ocorrências e de fatos não previstos, a GR trata de assuntos preestabelecidos observados pelo jornalista anteriormente.

É importante acentuar também que a reportagem especial (RE) tem a finalidade de levar uma compreensão mais ampla sobre um fato, resultando em uma oferta de elementos mais fortes e sólidos para quem o vê. Esse quesito pode ser compreendido quando entendemos a função social do jornalista, que procura construir um enquadramento da realidade, um “compromisso ético” e uma tradução dos verdadeiros fatos de interesse público. Levando-se em consideração esses pontos, compreendemos que a responsabilidade social é o principal objetivo que fundamenta o jornalismo.

A partir dessas considerações e tendo conhecimento do poder que uma reportagem audiovisual tem, buscaremos compreender, a partir da produção desta grande reportagem em vídeo, a identidade da mulher afro em Sergipe, trabalhando não só a abordagem da mulher, mas também sua identidade e a importância de sua valorização para a cultura. Neste trabalho, verificaremos como a população que se autodenomina negra reage às atitudes de racismo e preconceito da sociedade. É claro que, o intuito desta pesquisa é apenas oferecer pistas para a identificação do que seria a identidade da mulher negra, ressaltando quais são os elementos que evidenciam a cultura afro da mulher em Sergipe.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-CONCEITUAL

4.1. A mulher negra sergipana como objeto de análise

O tráfico de escravos no Brasil foi predominante entre os séculos XVI e a metade do século XIX, representando mais de 350 anos de história de um povo, que foi arrancado de sua terra de origem. Num total, foram cerca de 4 milhões de mulheres e homens africanos que tiveram suas vidas roubadas para serem obrigados a trabalhar como escravos no Brasil. No meio dessas milhões de almas africanas perdidas, existia uma enorme diversidade étnica, espacial e linguística que foi pouco a pouco definhando nas senzalas dos senhores de escravos. Mas apesar das diversas torturas que esse povo passou o negro continua seguindo em frente lutando por direitos iguais. Essa luta não para, e especialmente em Sergipe, o sétimo Estado mais negro do Brasil, as lutas não poderiam ser menores, principalmente aquelas ligadas à mulher afro em Sergipe, já que ela ainda sofre com ações discriminatórias da sociedade.

Compreende-se que a mulher negra sergipana, sem sua cultura, sem identidade e sem referências, ainda sofre para continuar construindo sua formação intelectual, cultural e de identidade de raça. Ainda hoje, heranças deixadas pela escravidão tomam conta da história da negra e do negro sergipano e dificulta na continuidade da história de seu povo. No período da escravidão, nenhum negro tinha direito a escola, a cultura, a receber valores éticos ou morais. A história da negra na sociedade sergipana, muitas vezes foi estigmatizada, dita como inferior, oculta e excluída do espaço político, social e cultural do Estado.

Para diminuir essas atitudes, a mulher afro em Sergipe organiza constantemente manifestações com o objetivo de lutar por direitos iguais e por um tratamento mais digno para o seu povo. Podemos compreender o termo manifestação, caracterizada segundo a concepção de Ilse Scherer-Warren (apud Domingues, 2007, p. 101), como “grupo mais ou menos organizado, sob uma liderança determinada ou não, possuindo programa, objetivo ou plano comum; (...) visando um fim específico ou uma mudança social.”.

Seguindo deste ponto, os movimentos sociais negros femininos são as lutas organizadas, com o objetivo de combater preconceitos e discriminações raciais, diminuindo as manifestações de ódio, segregação e marginalização no mercado de trabalho, nos âmbitos educacionais, políticos e sociais. Durante a história da cultura negra em Sergipe, os movimentos foram crescentes e se tornando cada vez mais importantes em favor da comunidade negra sergipana.

Mas apesar das lutas travadas por essas mulheres, elas ainda batem de frente com um patriarcalismo europeu, que insiste em exibir a imagem de mulher negra sergipana, diferente da realidade no qual ela se encontra. Mesmo com todas as contribuições sociais, políticas e históricas que a mulher negra promoveu em Sergipe, elas ainda são expostas a uma relação preconceituosa, que ainda abala os alicerces da sua história.

Levando em consideração esse breve contexto histórico sobre a mulher afro em Sergipe baseada em reconhecer sua identidade e lutar para poder manter vivas as lutas sociais, podemos concluir que uma temática como essa, merece um suporte de fôlego que sirva para contextualizar o recorte feito (outro motivo que justifica a escolha do formato grande-reportagem em vídeo para web). A escolha, portanto, pelo videorreportagem é uma tentativa de sensibilizar as pessoas para os inúmeros problemas que afetam a população feminina afro em Sergipe, sobretudo quando se diz respeito a identidade e a história. Além disso, esse formato de jornalismo ajuda a manter e praticar a subjetividade que o trabalho exige.

4.2. A noticiabilidade e os caminhos para a grande reportagem

Um dos principais objetivos do jornalismo é a divulgação de notícias que sejam relevantes a sociedade e para isso, o profissional de comunicação necessita desenvolver algumas funções com relação ao seu trabalho. A atividade tem como práticas coletar, produzir, editar e publicar informações atuais. Pular qualquer uma dessas etapas pode prejudicar a produção final do conteúdo jornalístico, resultando em erros, como notícias incompletas, sem o devido aprofundamento ou com informações incorretas.

Mas sendo bem apurado, o formato jornalístico notícia pode divulgar acontecimentos relevantes, que podem estar ligados à economia, a saúde, a educação, a política ou a cultura. Mas definir o que será noticiado é um desafio em tanto para o comunicador, que precisa estar atento sobre o que acontece na sociedade. Muitos profissionais ainda são vagos ao definir valores-notícia e se prendem a dizer que a notícia é apenas o que é relevante para o público. Estudiosos como Nelson Traquina (2005) e o teórico italiano Mauro Wolf (2003) dedicaram-se a estudar os critérios de noticiabilidade, utilizados pelos jornalistas para definir então, o que é notícia.

De acordo com Traquina (2005), para o comunicador selecionar os acontecimentos, ele necessita atender a critérios de seleção que ajudam a identificar os valores-notícia. Para o autor, os critérios de noticiabilidade orientam o profissional a eleger de maneira mais correta e imparcial, as informações ditas como importantes para a sociedade. Sendo assim, o autor define que:

Os critérios de noticiabilidade são o conjunto de valores-notícia que determinam se um acontecimento, ou assunto, é susceptível de ser notícia, isto é, de ser julgado como merecedor de ser transformado em matéria noticiável e, por isso, possuindo “valor-notícia”. (TRAQUINA, 2005, p.63).

Para o teórico Mauro Wolf, a noticiabilidade é a capacidade que os fatos têm de virar ou não notícia. Quanto maior o grau de noticiabilidade, maior essa capacidade. O autor determina, portanto que “a noticiabilidade é constituída pelo complexo de requisitos que se exigem para os eventos - do ponto de vista da estrutura do trabalho nos aparatos informativos e do ponto de vista do profissionalismo dos jornalistas -, para adquirir a existência pública de notícia.” (WOLF, 2003, p.195). Ele ainda destaque que a notícia é decorrente de um conjunto de negociações que darão resultado ao objeto que será inserido no jornal, noticiário ou telejornal.

Diante dessas definições, compreende-se que os valores-notícia agem de forma importante no processo de produção da informação jornalística. Baseado nos autores P. Golding e P. Elliot, Wolf apresenta a seguinte definição para esses critérios:

Os valores-notícia são usados de duas maneiras. São critérios para selecionar, do material disponível para a redação, os elementos dignos de serem incluídos no produto final. Em segundo lugar, eles funcionam como linhas-guia para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser enfatizado, o que deve ser omitido, onde dar prioridade na preparação das notícias a serem apresentadas ao público. (...) Os valores/notícia são a qualidade dos eventos ou da sua construção jornalística, cuja ausência ou presença relativa os indica para a inclusão num produto informativo. Quanto mais um acontecimento exibe essas qualidades, maiores são suas chances de ser incluídos. (GOLDING e ELLIOT apud WOLF, 2003, p.203).

Para facilitar a compreensão acerca dos valores-notícia e orientar o jornalista na produção da informação, Traquina (2005) lista os critérios de noticiabilidade. Dentre eles, estão os critérios substantivos, que é a avaliação da notícia por importância, onde são levados em consideração a notoriedade, a proximidade, a relevância, a novidade, o tempo, o inesperado, o conflito, a infração e o escândalo. Os critérios contextuais da produção, que avaliam a disponibilidade, o equilíbrio, a visualidade para o veículo, a concorrência e o dia noticioso - onde a notícia pode ser “derrubada” por outra mais relevante. E os critérios de construção da notícia, que utiliza a simplificação, onde se prioriza fatos menos complexos, à amplificação da notícia, a relevância, a personalização - onde quanto mais personalizado o acontecimento melhor -, a dramatização e a consonância.

É claro que esses critérios de noticiabilidade não são práticas fixas, obrigatoriamente utilizadas em todos os veículos de comunicação. Eles podem mudar de acordo com o tempo e com o espaço que ele será utilizado. No caso da grande reportagem desenvolvida neste trabalho, por exemplo, os depoimentos de personagens envolvidos em racismo é um valor-notícia importante para dar personalidade a reportagem.

Mas antes dos jornalistas serem comparados como meros “reprodutores” da informação, o profissional desempenha um papel bem mais importante. A sua principal função é atender a sociedade, produzir um conteúdo que atenda às necessidades da comunidade no qual o profissional está inserido. É preciso lembrar que, no momento em que o jornalista resolve desempenhar o seu trabalho, ele carece além de ter um compromisso ético com a profissão, estar empenhado em assumir as responsabilidades e os desafios que a área exige como noticiar problemas sociais.

Para atender essas necessidades sociais, o jornalista pode utilizar um formato jornalístico que ajuda a dar mais aprofundamento ao um determinado fato. Um exemplo é a grande reportagem. De acordo com Jespers (1998), a grande reportagem (GR) ou reportagem especial (RE) é o aprofundamento das notícias importantes, com dimensão, impacto e abordagens diferenciadas. O gênero jornalístico preenche os formatos e padrões típicos do jornalismo, obedecendo aos critérios responsáveis pela ideia de uma realidade objetiva e imparcial.

A pesquisadora Lia Seixas (2011), compreende que a GR é um conjunto de informações bem apuradas, referentes a um fenômeno particular importante da sociedade. De acordo com esse conceito, uma de suas características é ser tópica (onde concentra sua atenção em uma determinada situação, fenômeno ou acontecimento) e intensiva (tratando diversos assuntos em profundidade e abordando vários enfoques).

De acordo com Lima (2004), existem ainda dois tipos de aprofundamentos, que caracterizam a grande reportagem e orientam na produção de uma matéria jornalística.

O aprofundamento é extensivo, ou horizontal, quando o leitor é brindado com dados, números, informações, detalhes que ampliam quantitativamente sua taxa de conhecimento do tema. O aprofundamento é intensivo, ou vertical, quando o leitor é alimentado de informações que lhe possibilitem aumentar qualitativamente sua taxa de conhecimento. (LIMA, 2004, p.40)

No caso da grande reportagem em vídeo produzida nesse trabalho de conclusão de curso, é permitido os dois tipos de aprofundamento, o que favorece a construção de uma história que aborde as diversas situações e ajude para que ela se torne mais completa e aprofundada. Outra característica é que no processo de elaboração da reportagem, o repórter reúne o máximo de documentos possíveis sobre o elemento pesquisado e é a partir desse momento, que as ações dos personagens inseridos na reportagem, orientam o espectador para ter uma rápida familiarização, fazendo com que suas aventuras queiram ser conhecidas.

A grande reportagem pode ser comparada também a uma matéria extensa, que reúne elementos de uma reportagem, com uma pesquisa aprofundada. Sendo assim, ela exige um olhar mais apurado sobre o que será reportado, um pensamento crítico desenvolvido e um bom trabalho de organização sobre o que está sendo pesquisado. Predomina-se também uma forma mais elástica das informações, permitindo que elas sejam melhores trabalhadas, do que no dia-a-dia, por exemplo, das redações. Dentro da mídia cotidiana, corre-se o risco de tratar os temas de maneira superficial, levando informações imprecisas e incompletas. Com a oportunidade da produção da grande reportagem é possível realizar uma investigação com profundidade, necessária para esse estilo jornalístico.

Além disso, ela busca formular um retrato completo sobre um determinado fato, apresentando, por exemplo, diversos pontos de vista; a utilização de fontes múltiplas e as citações, criando uma visão de imparcialidade. Desse modo, a aparência de neutralidade das informações exibida na reportagem, proporciona uma sensação de imparcialidade que conquista a credibilidade da opinião pública.

A estrutura de uma grande reportagem como esta é mais elaborada e exige maior dedicação na sua construção, diferente dos padrões utilizados nas coberturas do dia-a-dia. O estilo geral de uma GR não se enquadra na pirâmide invertida, contudo antes de elabora-la, deve-se definir a pauta, com os objetivos, fontes, contexto, entre outros. Todavia, o que torna uma reportagem especial é o seu tratamento, de forma mais primorosa e rebuscada. Ela se aprofunda nos principais assuntos de interesse público, que podem ser destacados em uma única reportagem ou em uma série.

É importante priorizar, que o fio condutor da grande reportagem, deve abordar o maior número possível de aspectos da história na qual quer ser contada. Esse fio condutor é o ponto chave que orienta o profissional na busca essencial da melhor informação. Dessa maneira, a sua estrutura deve ser criativa, observando os elementos mais importantes, porém com no máximo três ou quatro itens. Essa questão é relevante já que muitos recortes podem trazer monotonia, ou seja, todos os elementos podem se tornar comuns é não revelar a sua devida importância. A fala, ou seja, a construção narrativa da GR deve ser coerente, usando discursos diretos e indiretos, com alternância de ritmos.

Ainda que indiretamente, a especial, mesmo que em menor intensidade, apresenta um caráter factual lembrado nas notícias de cotidiano. Essa obrigatoriedade em se conectar com os temas da atualidade apontam para o fato como as reportagens especiais sofrem interferências das rotinas verticais (de hierarquia). Ou seja, no seu processo de construção da reportagem, o profissional e a própria narrativa, sofrem com as imposições advindas da empresa de comunicação em que ele está inserido.

Conjuntamente, o profissional deve saber lidar com dois tempos. O primeiro de ordem cronológica (onde o autor levanta muitos detalhes) e o segundo de ordem narrativa (pinçando um fato fora da ordem, mas quem o observa, não perde a noção do tempo cronológico). Quem a produz pode começar a partir de qualquer ponto, todavia ele não pode deixar que o espectador se perca dentro do recorte de tempo apresentado na narrativa.

Além disso, deve-se observar as partes mais marcantes da aparência e da individualidade dos personagens que serão retratados, caracterizando os protagonistas envolvidos. Assim, observam-se suas convicções e opiniões contrárias e igualitárias sobre a situação exposta. Utilizando esse esquema, a reportagem se apresenta com mais sentido, afinal, os principais elementos da história são os personagens envolvidos. Essa técnica é bastante utilizada na produção de videorreportagens para tv ou internet.

Em seguida, um dos pontos importantes da grande reportagem é o seu final, mas mesmo assim devem-se haver ápices menores intercalados no decorrer da narrativa. No caso do vídeo, a divisão dos blocos são um dos recursos utilizados para organizar a reportagem, agrupando-o em temas e ajudando na sua articulação. É como se fosse pequenos recortes em série, que orienta o espectador ao longo da história e possibilita uma chegada ao fim, de maneira mais clara.

Outro artifício utilizado para “quebrar” a grande reportagem em vídeo é utilizando assuntos coordenados, ou seja, informações abordando temas relacionados entre si, que se complementam e trazem informações aprofundadas, orientando o espectador. Esse formato torna a estrutura do vídeo mais interessante, podendo ser utilizado, por exemplo, infográficos ou elementos de animação, destacando as principais informações. De qualquer maneira, seja qual for o recurso, eles servem para deixar o vídeo mais conciso, claro e com um ritmo intenso para prender a atenção de quem o assiste.

Em meio a essas técnicas, sejam elas para os meios impresso ou multimídia, um dos problemas enfrentados pelos profissionais de comunicação é conseguir equilibrar qualidade jornalística e audiência. De um lado, está o profissional que está à procura de histórias comoventes, representativas, com finalização mais cuidadosa. Do outro, o mercado, a competição entre os veículos de comunicação e a busca incessante por histórias diferentes a fim de atrair o público, seja ele leitor, ouvinte, internauta ou telespectador. Sendo assim, cabe ao profissional equilibrar essa questão, procurando unir ambos os lados, sem perder sua postura jornalística.

É importante salientar, que nenhum produto jornalístico está livre da visão de mundo de quem o produz, ou seja, é impossível que esses produtos não tenham elementos de subjetividade. O simples fato de recorte da realidade já é um processo de descontextualização dos fatos reais, imprimidos a partir das escolhas do profissional que produz as matérias informativas. Mesmo assim, a reportagem especial é o desejo de alguns jornalistas, já que ela exige muito do profissional que a produz. Ela requer talento e experiência, mas também muito trabalho, postura, informação e ética na construção da reportagem.

4.2.1. A grande reportagem em vídeo como suporte jornalístico

Alguns aspectos devem ser considerados na construção deste trabalho. De maneira geral, a reportagem em questão está baseada em três quesitos: o suporte (grande reportagem em vídeo), o tema (identidade da mulher afro em Sergipe) e a forma narrativa (linguagem para web)

A escolha por uma grande reportagem em vídeo, como forma de produto a ser desenvolvido, se deu a partir da possibilidade de poder elaborar um conteúdo com uma linguagem mais aprofundada, dando prioridade aos personagens envolvidos e construindo uma narrativa visual mais interativa. A escolha aumenta, pelo meu interesse neste estilo jornalístico que pode utilizar não só a imagem, mas também a emoção e a facilidade na divulgação do conteúdo.

A videorreportagem tem como característica ser um formato jornalístico produzido por um repórter, onde ele privilegia a informação e os personagens inseridos na reportagem. O formato da narração é mais coloquial, onde o comunicador pode estabelecer uma conversa com o telespectador. Segundo Patrícia Thomaz (2007) a imagem trabalhada neste formato jornalístico não deixa de respeitar os elementos simples obrigatórios em um conteúdo de qualidade:

Por fim, a linguagem visual da videorreportagem respeita aspectos convencionais do estilo e formato de reportagem, desde a utilização de determinados planos de enquadramentos e movimentos de câmera, até a estruturação entre texto, som e imagem, e, por isso, apresenta ingredientes simbólicos. (THOMAZ, 2007, p.56)

Thomaz (2007) acrescenta que este estilo jornalístico mesmo priorizando imagens, não deixa de lado a sua qualidade textual e apesar da autora abordar este aspecto para a televisão, esse quesito não deixa de se encaixar para vídeos produzidos para a internet.

A videorreportagem, portanto, não é feita só de imagens, mas de imagens acompanhadas por um discurso verbal falado. A imagem pode ilustrar e complementar um texto verbal oral, assim como o texto pode esclarecer ou complementar a imagem. É a mistura entre imagens e palavras que caracteriza o hibridismo da linguagem da televisão. (THOMAZ, 2007, p.56)

Dada essas observações, o aspecto principal aqui discutido será a linguagem para a web, mas antes é preciso compreender o conceito de telejornalismo, sua história no Brasil e no mundo e a transição do telejornalismo para a web.

O telejornalismo é uma prática profissional voltada para a produção de conteúdo para a televisão. A notícia ou fato é divulgado a partir da união de recursos como a imagem, o som e por muitas vezes a narração do apresentador, do âncora ou do repórter. Como discorre Vitor Secchin (2007), o telejornalismo é uma ferramenta de grande capacidade interativa, mas começa a perder sua qualidade informacional por conta da concorrência e das novas tecnologias:

A capacidade de integrar e articular vários gêneros discursivos espalhados pelos diversos tipos de programas oferecidos faz da TV o principal veículo de comunicação de massa do país. A alternância desses gêneros ocorre de tal forma que, para muitos telespectadores, é difícil identificar os limites entre realidade e ficção. O fim da barreira entre o real e o imaginário, que atinge toda a programação, inclusive as produções telejornalísticas, vai ocasionar a espetacularização. Com isso, a ordem é entreter e divertir para conquistar audiências cada vez maiores e, consequentemente, faturamento. (SECCHIN, 2007, p.2)

E um dos motivos para que a televisão perca mais usuários não é apenas a concorrência com outras emissoras de televisão, mas também o crescimento cada vez maior da internet. Com o grande avanço de novas tecnologias, o mundo virtual passou a ser peça chave na divulgação de informações, que muitas vezes foram restritas a TV. A internet passou a ser uma janela interativa, onde o usuário pode produzir seu próprio conteúdo e reproduzi-lo sem restrições.

Mas nem sempre funcionou assim. Antes de surgir as novas mídias que temos hoje, sempre concorrendo para estar em primeiro lugar na audiência, o telejornalismo começou sendo um veículo pequeno, com poucos concorrentes para vencer. Segundo Thomaz (2007), as primeiras experiências televisivas, que começavam a chegar perto do que vemos hoje na tv foi no século XIX, quando o fotografo Louis Lumière, um especialista em retratar o cotidiano, trocou imagens estáticas, por imagens em movimento, sem cor e sem som.

Thomaz (2007) destaca que por meio de um “processo lento e gradativo”, o telejornalismo começa a tomar a forma que vemos hoje. Na década de 1970, ocorre nos Estados Unidos e no Canadá, uma das primeiras experiências de produção individual de uma reportagem ou de um documentário na TV. Os criadores espelharam-se em técnicas e linguagem relativas ao cinema, retratando cenas comuns do cotidiano. Neste caso, o cinema contribuiu de forma significativa para a construção das primeiras videorreportagens e do jornalismo na TV.

No Brasil, o telejornalismo só chegou nos anos 50, quando o país passava por um grande processo econômico, social e político. Em 18 de setembro de 1950 a TV Tupi chegava ao Brasil, sendo a primeira estação de tv do país. Dois dias após a sua inauguração, o telejornal “Imagens do Dia” vai ao ar. Apesar do grande aparato tecnológico que foi trazido para a inauguração da emissora, a situação era precária, como observa Secchin (2007), baseado nas explicações de G.J. Rezende (2000):

A precariedade na produção dos telejornais era grande, uma vez que tecnologias ligadas à TV mal chegavam ao país, e a inexperiência dos primeiros profissionais – procedentes do rádio – era comum. Segundo Rezende (2000), os jornais eram feitos basicamente de notícias direto do estúdio, devido às dificuldades em se fazer coberturas externas. Em termos visuais, todos eram semelhantes: cortina de fundo, uma mesa e uma cartela com o nome do patrocinador. (SECCHIN, 2007, p.4)

Mesmo diante destas dificuldades iniciais, o telejornalismo no Brasil e no mundo foi crescendo. Novos recursos tecnológicos avançados foram surgindo - como modernos computadores, câmeras de vídeo digitais, ilhas de edição mais eficientes e a própria internet -, o que possibilitou, aos poucos, o melhoramento na qualidade do telejornalismo, deixando ele mais rápido, com maior condição de som e vídeo.

Mas, apesar da internet ter sido um grande aliado na construção da qualidade visual e na divulgação do telejornalismo, ela agora está trabalhando para retirar, pouco a pouco, os amantes da televisão. Para isso, ela utiliza um recurso poderoso: a interatividade quase que imediata com seus usuários. Outro recurso é a divulgação de conteúdo quase sem nenhuma restrição. Devido isso e aos grandes avanços tecnológicos, a internet começa a utilizar, por exemplo, a grande reportagem para divulgar informações mais completas e popularizar a produção e o consumo de conteúdo multimídia na internet.

A transição da videorreportagem para a internet se deve ao fato de que seu conteúdo pode ser produzido de maneira bem mais simples. Na maioria das vezes, é necessário no máximo, a ajuda de dois ou até mesmo de um profissional (repórter/editor e cinegrafista) para a elaboração de uma grande reportagem para web. Neste caso, o repórter tem a múltipla função de propor a pauta, coletar informações, editar e divulgar o conteúdo, otimizando custos e tempo. Outro quesito importante é a facilidade em poder dispor a informação na web, sem precisar muitas vezes, que se pague por isso.

4.3. Mobilidade e a reconfiguração do jornalismo através da internet

O jornalismo sempre foi uma área de amplas mudanças, procurando constantemente estar próximo da informação, lidando com o tempo real, o imediatismo e a instantaneidade. Muitos recursos foram criados para isso, como o telefone, o telégrafo, as transmissões ao vivo, as conversas via Skype, a internet, os equipamentos ultra modernos de tecnologia avançada para levar o melhor sinal de qualidade de digital. Mas por causa desses evidentes avanços, o jornalismo ainda prossegue conhecendo esse mundo novo do ciberespaço.

Silva (2008) diz que há um crescente pedido para que o jornalismo adote recursos mais móveis, onde o repórter tenha a sua disposição, no momento do desenvolvimento do conteúdo jornalístico, um “ambiente móvel de produção”. Esse recurso facilitaria a produção de notícias no mesmo local onde aconteceu o fato, não sendo necessário o retorno do profissional para a redação a fim de produzir e publicar o conteúdo. Tudo seria feito no ambiente onde tudo aconteceu. O autor entende ainda que:

Embora esta estrutura se aproxime do conceito de jornalismo multimídia é importante diferenciar do que se denomina hoje de jornalismo móvel. Mesmo o repórter multimídia utilizando praticamente os mesmos equipamentos, a particularidade para o repórter móvel está exatamente na condição de mobilidade exercida, num trabalho de cobertura de campo e não dentro de uma redação. (SILVA, 2008, p.5)

Realizando uma análise sobre a condição do jornalismo móvel no Brasil é possível perceber como esta nova tecnologia começa a integrar o dia-a-dia dos jornalistas. É claro, que como Silva (2008) esclarece essa mudança não implicará em uma retirada das redações físicas por redações móveis. Ela será inserida da mesma maneira que as outras tecnologias foram implantadas nas outras práticas jornalísticas, sem retirar por completo as características da área.

Franciscato (2005) (apud SILVA, 2008, p.8) explica que o tempo sempre foi um aspecto ligado à tecnologia e ao jornalismo, principalmente quando direcionado para equipamentos tão avançados como a internet e mobilidade. Seja qual for a mudança que tenha ocorrido ao longo dos séculos, o jornalismo, mesmo que tivesse alguma ressalva, gradativamente introduziu recursos tecnológicos a atividade jornalística.

Consideramos que um modo necessário de perceber os efeitos da tecnologia sobre o jornalismo é identificar como fatores de ordem técnica estabeleceram possibilidades e limitações no tempo da produção jornalística. Aspectos tecnológicos condicionaram o ritmo e a velocidade da produção em diferentes épocas do desenvolvimento do jornalismo. Este condicionamento não se resume a uma ideia contemporânea de produtividade e eficiência, mas se refere principalmente às possibilidades que os incipientes recursos técnicos estabeleciam para que a produção pudesse mesmo cumprir suas etapas, sua regularidade de circulação e sua busca de garantir o caráter recente das notícias (FRANSCISCATO apud SILVA, 2008, p.8).

Direcionando essas questões ao telejornalismo, desde seu surgimento, ele vem passando por modificações ao longo das décadas. Cada dia mais, as novas tecnologias tomam conta do mercado e fazem as informações serem construídas de uma maneira cada vez mais imediata, por diferentes veículos de comunicação. O fato é que mesmo com esses avanços, o telejornalismo ainda não deixou de ser o que é em sua essência: ele sempre foi o maior símbolo que dá referência a uma hegemonia de mais de quatro décadas.

No entanto, mesmo dando preferência a informação de qualidade, o telejornalismo continua mudando e hoje passa por uma nova fase que a estudiosa Letícia Renault (2014) compreende como a “fase multimídia no ciberespaço”. A autora esclarece que com as novas inserções de tecnologias invadindo o dia-a-dia da sociedade brasileira, o telejornalismo está passando por um “transbordamento do fluxo televisivo” para a internet. Renault (2014) explica que hoje, a linguagem visual do telejornalismo invade dispositivos móveis de dados espalhados no mundo inteiro com mais rapidez e praticidade. Ela ainda acrescenta que “entende-se por transbordamento a capacidade que os conteúdos telejornalísticos adquiriram de fluírem pelas diversas telas digitais, graças às características hipertextuais e multimidiáticas do ambiente web.” (RENAULT, 2014, p.2).

Neste caso, o ciberespaço apenas possibilitou a disseminação mais rápida e eficiente das informações telejornalísticas. É claro que isso só foi possível, porque houve um processo natural de migração do formato jornalístico (telejornalismo) para um universo digital mais eficiente. Apesar da facilidade que está sendo esse processo, ainda é preciso algumas mudanças na linguagem audiovisual. Em relação a esse fator, Renault (2014) compreende que “o telejornalismo é multimídia por natureza”, porque a internet é constituída por informações textuais e imagéticas bem parecidas com a televisão, servindo como um território de expansão do telejornalismo. Com esse formato jornalístico no ciberespaço, a informação pode ser acessada de forma mais fácil e eficiente.

Hoje, quando o cidadão brasileiro busca informar-se pelo telejornal, ele pode fazer isto pelo computador pessoal, pelo telefone celular ou qualquer dispositivo móvel. Não é obrigado a se submeter à instantaneidade televisiva e a esperar pelas notícias no horário fixado pela grade de programação das emissoras de televisão aberta, modelo que se convencionou chamar em inglês como broadcast. (RENAULT, 2014, p.3)

Compreendendo esse direcionamento, a internet possibilitou que o telespectador pudesse decidir como e quando se informar sobre o assunto que lhe interessa, não mais necessitando depender apenas de um único formato telejornalístico. Hoje em dia, os veículos de comunicação televisiva convidam e estimulam o telespectador a se informar e interagir na web. Essa atitude apenas exemplifica como as emissoras de televisão estão cada vez interessadas em unir suas “forças” com a internet. Tudo é apenas uma questão de sobrevivência e adaptação.

Mas conceituando a expressão webtelejornalismo, de acordo com Renault (2014), o termo tem uma noção de continuidade entre os meios de comunicação. As primeiras evidencias do webtelejornalismo no Brasil começou no início do século XXI, quando alguns telejornais de rede nacional aberta, criaram plataformas online, para disponibilizar matérias e reportagens já produzidas por eles. A autora define com mais clareza esse novo produto jornalístico da seguinte maneira:

O webtelejornalismo pode ser compreendido como um conjunto de conhecimentos, rotinas e práticas jornalísticas que resulta na produção e exibição do webtelejornal. O webtelejornal é um cibermeio que tem por objetivo a divulgação de informação jornalística audiovisual. Ele cumpre, na web, o papel do telejornal, por isso pode ser considerado um desdobramento no ciberespaço do telejornalismo. (RENAULT, 2014, p.8)

A autora explica que uma das formas para garantir uma melhor inserção dos webtelejornais na internet é a expansão de sua linguagem através das redes sociais. O criativo dos webtelejornais é que, a partir de pequenas ações sociais do internauta – como comentários, clicar na opção “curtir”, compartilhar – o telejornal pode transbordar para a web mais facilmente. A rede social na qual o telejornal está conectado é extremamente importante para que haja uma inserção mais fácil do programa na web. Quando algum seguidor compartilha uma videorreportagem em uma rede social, o internauta não só reproduz um conteúdo, como facilita que o webtelejornal seja transmitido para a rede mundial de computadores e seja inserido com mais facilidade neste novo formato jornalístico.

5. RELATO TÉCNICO-METODOLÓGICO

5.1. Ficha técnica - A produção da reportagem

A grande reportagem discutida neste relatório busca formular um retrato sobre a identidade da mulher afro em Sergipe, apresentando, por exemplo, diversos pontos de vista, a utilização de fontes múltiplas e as citações, criando uma visão de imparcialidade. Para a construção das histórias na especial para web é utilizada, por exemplo, como suporte de pesquisa, mulheres negras representantes do movimento negro feminista, estudos sobre a cultura afro-sergipana, a educação afro-brasileira em sala de aula, entre outros elementos destacados nas próximas seções. Os perfis dos personagens são variados, relatando suas experiências vividas, relacionando identidade, racismo e valorização.

A linguagem do webtelejornal se encaixa perfeitamente para esse tipo de tema proposto, porque esta temática pode ser mais explorada, devido ao tempo e a estrutura no qual esse formato jornalístico se encaixa. Este trabalho guia-se, sobretudo na elaboração de entrevistas de profundidade e apoio de documentação. Neste caso, todas as entrevistas foram gravadas em câmeras de vídeo profissionais, no formato HD, visualizadas para a decupagem das principais informações e editadas. Tudo foi produzido com equipamentos da própria Universidade Federal de Sergipe (UFS). A documentação bibliográfica foi utilizada para a elaboração deste relatório técnico, além da redação das passagens e dos off’s contidos na reportagem.

Antes das entrevistas, na primeira parte da produção, é realizado uma pesquisa bibliográfica sobre o conteúdo. É claro que nem só livros e artigos fizeram parte desta pesquisa. Foram utilizados também como apoio para compreensão da temática, videorreportagens relacionadas à questão racial no Brasil e matérias sobre a história do negro e da mulher negra no país e no mundo. Em seguida, para a elaboração do plano de execução, foram selecionadas algumas bibliografias sobre o assunto e que, inclusive, se encontram nas referências deste relatório.

Na segunda parte da produção deste trabalho, buscou-se as melhores fontes que pudessem tratar sobre o tema. Esta seleção de entrevistados e definição do tema só foi possível com a elaboração da pauta, contendo as principais informações sobre o que seria abordado na reportagem. Primeiramente foi realizada a entrevistas com as fontes oficiais do caso, intercalando com fontes secundárias, como estudantes universitários, populares, moradores de comunidades. Inicialmente, pretendia-se com essas entrevistas, apenas encontrar elementos que definiam a identidade da mulher negra sergipana, como vestimenta, cabelo, comidas típicas, mas no decorrer da produção da reportagem a pauta foi redimensionada, percebendo-se que as temáticas ligadas ao racismo e a desvalorização do povo negro, estavam bem mais inseridas no contexto da identidade do povo sergipano.

É válido ressaltar que o período de apuração da reportagem é o momento de maior importância ao longo de sua produção. É nesse momento que o repórter pode definir como trabalhar com suas fontes, deliberar suas abordagens textuais, além de tratar as informações de forma clara e concisa. É nesta ocasião também que o repórter poderá ter um maior conhecimento sobre o tema proposto, adquirido através de entrevistas e pesquisas documentais.

É na grande reportagem também que o profissional de comunicação pode trabalhar com informações mais extensas e completas e no caso da grande reportagem em vídeo, o repórter poderá aproveitar-se de mais um recurso ao seu favor: a imagem e o som. Nesse caso, a utilização destes elementos é de extrema importância para ajudar a compreender a mensagem que o comunicador quer passar.

Na terceira parte da construção da reportagem, foi realizada a edição do material jornalístico. A edição foi executada nos programas Adobe Premiere Pro CC, no Final Cut 10.1 e todo o conteúdo editado foi de responsabilidade minha e da editora Lu Silva, disponível na universidade e dos cinegrafistas, Manoel Messias e Remi Costa. Na elaboração do roteiro de reportagem e na edição do material, não houve muitas dificuldades. Como a grande reportagem já estava bem direcionada desde a definição final da pauta, a construção das falas dos entrevistados ocorreu sem muitos empecilhos. Com a finalização da edição, a reportagem ficou com um tempo de 25 minutos e 02 segundos.

5.2. Entrevistas e relação com as fontes

A função do repórter nesse momento é de entrevistador. É nesse período que o comunicador interpela o entrevistado com perguntas pertinentes sobre o assunto, fundamentadas a partir de contestações sobre o tema proposto na pauta. É interessante observar que as respostas dadas pelo entrevistado não estão diretamente ligadas apenas as perguntas feitas pelo repórter. Elas também sofrem influências de outros elementos comunicativos externos, como os gestos, a maneira de se vestir, o olhar e até o tom de voz do entrevistador. Por esse motivo, quanto mais preparado estiver o repórter, melhores serão as respostas.

A grande maioria das notícias ou reportagens, sempre é articulada para acionar as fontes de informação. Esse tipo de atitude além de provocar credibilidade, mostra como o comunicador quer ser imparcial e ético com o seu usuário, respeitando o direito que cada cidadão tem em obter informação correta, de qualidade e de interesse público. É claro que essa busca pelos personagens quase que ameniza ou exclui qualquer tipo de responsabilidade que o profissional poderia ter. Isso acontece porque as declarações são feitas pelas próprias fontes, apesar que a escolha das fontes também já direciona o discurso.

Observando a importância que os personagens têm para a construção desta reportagem, ao longo da criação deste trabalho, foram utilizadas as seguintes fontes oficiais descritas logo abaixo. O critério de seleção das fontes foi realizado de acordo com a construção da reportagem, compreendendo que esses entrevistados dariam mais pluralidade ao conteúdo.

ENTREVISTADOS

FUNÇÃO

Aline Regina Santos da Conceição

Diretora do Departamento de Promoção da Igualdade Racial de Barra dos Coqueiros – SE

Laila Oliveira

Militante feminista de movimentos negros em Sergipe

Luciana Andrade

Professora de história da rede pública de ensino no projeto Educação para Jovens e Adultos (EJA) em Aracaju

Martha Sales

Cientista social e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal de Sergipe (NEAB/UFS)

Jislaine Santana

Estudante do 8º período de Museologia pela Universidade Federal de Sergipe e bolsista voluntária no Museu Afro de Sergipe, em Laranjeiras/SE

Ao longa da elaboração do trabalho, foi difícil marcar entrevistas com Laila e Martha, já que respectivamente, uma é militante e mestranda em comunicação e a outra é funcionária pública, ambas muito ocupadas. Além disso, elas participam de muitos eventos ligados à política, cultura, militância e religião (principalmente no período de gravação da reportagem, em que atividades ligadas ao mês da consciência negra estavam mais intensas). Apesar das dificuldades para encaixar os horários, as duas entrevistas foram realizadas.

É importante destacar que a entrevista com estes personagens foi de extrema importância para a construção desta reportagem. Todos os atores envolvidos, não só as fontes oficiais, mas também as fontes secundárias ajudaram com suas histórias de vida, contando um pouco sobre a identidade da mulher afro em Sergipe. Sem estes personagens, o conteúdo poderia ficar incompleto, sem aprofundamento ou sem qualidade jornalística.

As principais perguntas elaboradas para o roteiro de perguntas são direcionadas ao trabalho ou ao estudo que cada fonte desenvolve. Mas de maneira geral, todas foram questionadas com relação ao racismo, o que é ser negra em Sergipe, as dificuldades que as mulheres negras sofrem no Estado, o que poderia ser feito para amenizar esses problemas e como a negra pode valorizar o seu povo e sua cultura. Todas, sem objeção, conseguiram responder as nossas perguntas, conseguindo elaborar discussões que serviram prontamente para o desenrolar deste trabalho.

Para dar mais humanidade ao tema, foram realizadas visitas externas em comunidades e municípios que são os principais polos da cultura afro-sergipana. Um exemplo foi à vista a comunidade quilombola Maloca, localizada no bairro Getúlio Vargas, próximo ao centro comercial de Aracaju. A Maloca é a segunda comunidade remanescente de quilombo urbano do país e a primeira do Estado. Ao entrar na Maloca, o que percebi foram os sorrisos largos das moradoras da comunidade. Curiosamente, as quatro primeiras entrevistas tinham como primeiro nome “Maria”. A entrevista foi mais uma conversa, onde “as Marias” respondiam sorridentes e não deixavam de frisar o quanto era bom morar naquela comunidade.

Outra localidade também visitada foi o Centro de Referência da Mulher (CRM), do município de Barra dos Coqueiros (SE). Apesar das simples acomodações, o município ainda consegue manter viva a cultura da mulher negra sergipana. No local, entrevistamos Aline Regina, que foi a primeira fonte a ser entrevistada ao longo da reportagem. Isto ocorreu porque sua função como diretora do departamento de promoção da igualdade racial orientou para a construção das demais entrevistas, além de ajudar a compreender melhor os trabalhos desenvolvidos no Estado, para beneficiar a população feminina negra.

O Museu Afro de Sergipe, localizado em Laranjeiras (SE), também foi outro espaço visitado para a produção deste trabalho. Lá, podíamos observar como a história do negro em Sergipe é contada e preservada. A estudante do 8º período de museologia e bolsista voluntária, Jislaine Santana, mostrou atentamente cada espaço que destacava o negro sergipano. Evidência para as peças ligadas ao cultivo da cana e da produção de açúcar, localizadas no pavimento térreo do Museu, e a religiosidade afro-brasileira representada através de orixás, exus, caboclos e elementos de culto, localizados no pavimento superior do ambiente. Não houve nenhuma dificuldade na execução do trabalho neste local, a não ser a elaboração de um ofício pedido pela diretora do Museu, para gravação das imagens.

É claro, que o objetivo de enfatizar na reportagem especial essas comunidades e museus, berços da cultura afro-sergipana e quilombola é que todas sofrem com a indiscriminada ressignificação de suas origens. Apesar de tortuosos caminhos sofridos, projetos e iniciativas públicas de incentivo à cultura negra, buscam de alguma maneira manter a autêntica energia da cultura negra em um ambiente urbano, mais precisamente construído nos becos e vielas das periferias destas comunidades.

5.3. Dificuldades técnicas

Durante o desenvolvimento da reportagem ocorreu um problema técnico, que inicialmente comprometeu o desenrolar do trabalho. As entrevistas com Martha e Luciana tiveram que ser novamente gravadas, já que o cartão SD em que estavam armazenadas as entrevistas estava corrompido (apresentou problemas), não podendo ser mais acessada nenhuma gravação que estava contido nele. Felizmente, ambas puderam conceder as entrevistas novamente na semana seguinte, não comprometendo mais o desenvolvimento da grande reportagem.

Passo-a-passo - Cronograma de produção

Atividades

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Jan

Fev

Elaboração do pré-projeto

x            

Entrega do pré-projeto

  x          

Pesquisa bibliográfica

x x x        

Entrevistas e coleta de Dados

    x x x    

Apresentação e discussão dos dados

      x x    

Conclusão

          x  

Entrega do TCC

            x

Defesa da banca

            x

5.4. Veiculação e projeto gráfico1

Para trabalhar com uma diversidade maior de público e também disseminar com maior facilidade e rapidez o produto desenvolvido, é criado um canal no youtube, com o nome “Afro-Sergipanidades” (http://goo.gl/rKn6we), para veiculação da grande reportagem. O objetivo da produção deste material para um suporte novo, como o webtelejornalismo, é que com a internet e as novas tecnologias móveis, as informações podem ser recebidas de forma quase instantânea, sendo visualizadas por qualquer pessoa. Esse tipo de recurso é mais barato, simples e rápido, proporcionando ainda interatividade e divulgação rápida e gratuita. Além disso, essa praticidade incentiva o internauta a colaborar também na produção e na construção dos próprios conteúdos jornalísticos.

A ideia e a construção do projeto gráfico do canal Afro-Sergipanidades foram desenvolvidas por mim mesma, bem como a capa e etiqueta do DVD que é entregue juntamente com este relatório. A inspiração para a configuração visual do canal foram as cores em tons mais terrosos e vibrantes, que rementem a cultura afro, além dos traços mais rústicos e desproporcionais. A imagem opaca que vem logo ao fundo do nome do canal, faz referência ao candomblé, religião nascida nos terrenos africanos.

Levando em consideração todos esses aspectos, e ainda, a forma humanizada como as histórias de vida foram contadas, o internauta se sentirá mais atraído e próximo ao assunto abordado. Expor essas dificuldades e relatos de vida de cada cidadã negra desta região orienta para um material mais humanizado, caracterizado por entrevistas emocionantes e um mergulho nos problemas sociais enfrentados por elas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve por objetivo, antes de tudo, apresentar de perto as histórias, as lutas e a identidade da mulher afro em Sergipe. Foi objetivo, também, mostrar como esta população lidava com o racismo e com o preconceito ainda amplamente disseminado em Sergipe e no Brasil. Com a produção desta pesquisa e da grande reportagem, confirmamos que as metas foram alcançadas e trouxeram perspectivas e possibilidades que podem minimizar os problemas que as mulheres negras ainda enfrentam no Estado.

Os primeiros resultados obtidos com a construção da reportagem foram perceptíveis com a análise de personagens como Luciana e Martha, que dissertaram sobre assuntos que ajudaram a compreender melhor a história do negro, não só no Brasil, mas também em Sergipe. É possível perceber, que a negra sergipana, desde o início de sua história, sempre perpassou por situações de dificuldades e segregação racial. Ligando este problema histórico aos nossos dias atuais, desde a primeira entrevista com Aline Regina, compreendeu-se como o negro, apesar de programas sociais e iniciativas governamentais, ainda passam por problemas relacionados à sua história e ao seu lugar na sociedade.

Foi durante a construção do produto jornalístico, que houve a possibilidade de perceber como a sociedade ainda carrega marcas de um racismo velado, onde tudo é encoberto em favor de uma falsa democracia racial. Em um questionamento realizado no desenrolar da reportagem, a pergunta “O brasileiro é racista?”, foi prontamente respondida como um sonoro “grito” de quem ainda se incomoda com essa atitude de falsa harmonia entre as raças.

Durante a produção da reportagem, foi possível avaliar que as questões levantadas ao longo deste trabalho foram pertinentes não só para as mulheres, mas também homens negros, a fim de dar uma chance para ambos refletirem sobre sua representação na sociedade. Acredita-se também, que o produto poderá ajudar na compreensão mais sensível quanto à identidade da mulher negra sergipana, ao aproximar internautas, com relatos de vida de quem luta diariamente para manter viva a sua história e valorizar-se enquanto pessoa negra. Entrevistar mulheres como Laila Oliveira, militante do movimento negro feminista em Sergipe, apenas ajudou a compreender de forma mais eficaz, a importância de manter viva as manifestações sociais como esta.

Como pesquisadora, pude refletir e perceber que o trabalho para construir a identidade da mulher afro em Sergipe ainda perpassa por um longo caminho. A mulher negra ainda precisa descobrir e entender a sua história, compreender que ela faz parte de uma sociedade que ajuda desde sempre a construir o nosso país. A mulher afro em Sergipe necessita valorizar seu povo e sua cultura, para que assim, sua história não morra tão cedo. Na reportagem, Aline Regina reforça este pedido. “Para o próprio negro se valorizar, ele precisa saber de sua história. O negro precisa saber que seus ancestrais passaram por um processo de humilhação e por esse e outros problemas, ele precisa se valorizar.”

Observando os resultados, podemos compreender ainda que, a elaboração desta grande reportagem, serve especialmente como uma maneira de destacar o papel “cidadão” e de compromisso social que o jornalismo tem culturalmente. E mais além. É possível, sim, produzir conteúdo jornalístico relevante, exclusivo de análise para a web, mesmo sendo produzido para uma esfera cultural e cidadã. É perceptível que hoje, a sociedade tem cada vez mais interesse em se informar através da internet e dessa maneira, reproduzir um conteúdo como este em uma plataforma online, só ajuda na disseminação de informação gratuita e acessível. É claro que para que haja um amadurecimento deste suporte online, como o Youtube, é preciso investir em um jornalismo de qualidade, voltado a produção de grandes reportagens, com abordagens diferenciadas e que levem a maiores discussões.

De maneira geral, verificando as informações deste relatório técnico e as histórias da grande reportagem, compreendemos que o objetivo final de “Um grito de tradição – a identidade da mulher afro em Sergipe” é incentivar também novos investimentos em grandes reportagens e originais parâmetros para o jornalismo cidadão aprofundados. Tendo-se realizado este objetivo, dá-se, portanto, como alcançado a proposta de fazer uma grande reportagem em vídeo para web, com um conteúdo jornalístico imparcial, profundo e de qualidade, sobre as histórias de vida, as dificuldades e alegrias de ser negra em Sergipe. Este produto, porém, não termina por aqui. A ideia é que as “Afro-Sergipanidades” seja cada vez mais explorada no cenário da web em Sergipe.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS, Augusto Luiz. QUANDO RAÇA NÃO É IGUAL GÊNERO: teorias feministas e a sub-representação dos negros na política brasileira. Universidade Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO. Rio de Janeiro. 2014.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns apontamentos históricos. Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), 2007, 23f.

GOMES, Itania Maria Mota. JUNIOR, Jeder Janotti. (Organizadores). Comunicação e Estudos Culturais. Salvador: EDUFBA, 2011.

HALL, Stuart. Da Diáspora. Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte. Editora UFMG. 2003.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo da Educação Superior. Brasília. 2013.

LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas. Barueri, SP, Manole, 2004. Ed. Revista e Ampliada.

MODERNO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA MICHAELIS. São Paulo. Companhia Metropolitana. 1998.

OLIVEIRA, Laura Marcia Magalhães de; SEIXAS, Lia. A reportagem enquanto gênero jornalístico. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cachoeira/BA, 2011.

RENAULT, Letícia. Webtelejornalismo: A Expansão e o Transbordamento do

Telejornalismo Brasileiro no Ciberespaço. Associação Latina Americana de Investigação em Comunicação – ALAIC Peru. 2014.

SANTOS, Giselle Cristina dos Anjos. Somos todas rainhas. São Paulo. Realização Associação Frida Kahlo e Articulação Política de Juventudes Negras.

SECCHIN, Vitor Nascimento. Analisando os quatro principais telejornais da rede globo, à luz da análise de discurso crítica. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa/MG. 2007.

SILVA, Fernando Firmino. Jornalismo reconfigurado: tecnologias móveis e conexões sem fio na reportagem de campo. Universidade Federal da Bahia – UFBA. Salvador. 2008.

TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo. Volume1. Florianópolis: Insular, 2005.

TEIXEIRA, Clara Manuela Araújo. A grande reportagem em televisão. Os casos de "Raízes do Tarrafal" e "A FORTIORI - Por maioria de razão". Faculdade Fernando Pessoa, Porto, 2009.

THOMAZ, Patrícia. A linguagem experimental da Videorreportagem. Universidade de Marilia – UNIMAR. Marilia. 2007.

WOLF, Mauro. Teorias da comunicação de massa. São Paulo: Martins Fontes: 2003.

7.1. SITES DE REFERÊNCIAS

DIEESE – DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Pesquisa sobre o rendimento da mulher negra. http://www.dieese.org.br/analiseped/ped.html

ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12288.htm

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa sobre trabalho e rendimento. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme/default.shtm

Inclusão na rede de ensino a disciplina “História e Cultura Afro-Brasileira”. Lei 10.639 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm

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1O projeto gráfico desenvolvido e o print do canal seguem no anexo

8. ANEXOS

Projeto gráfico - Banner de divulgação para o canal do Youtube; Print da página Afro Sergipanidades; Perfil do canal; Capa do DVD e Etiqueta do DVD.

8.1. Anexo A

Banner de divulgação para o canal do Youtube

8.2. Anexo B

Print da página do Youtube “Afro Sergipanidades”

8.3. Anexo C

Perfil do Canal "Afro Sergipanidades"

8.4. Anexo D

Capa do DVD

8.5. Anexo E

Etiqueta do DVD


Publicado por: Roseli de Jesus da Silva

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