O TRANSCURSO DO JORNAL IMPRESSO AO DIGITAL: análise de O Estado do Maranhão sob a perspectiva dos seus profissionais
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. A TRAJETÓRIA DO JORNAL IMPRESSO
- 4. NOVAS TECNOLOGIAS: o jornalismo na web
- 4.1 A Internet como aliada do jornal impresso
- 4.2 Características da Web
- 4.2.1 Multimidialidade e convergência
- 4.2.2 Interatividade
- 4.2.3 Hipertextualidade
- 4.2.4 Do texto ao hipertexto
- 4.2.5 Técnicas de redação jornalística: o que muda com o hipertexto
- 4.2.6 Memória
- 4.2.7 Personalização
- 4.2.8 A nova fase do jornal o Estado do Maranhão
- 5. RESULTADO DA PESQUISA
- 5.1 O jornal O Estado do Maranhão
- 5.1.1 Trajetória do jornal O Estado do Maranhão
- 5.1.2 O Jornal Impresso O Estado do Maranhão
- 5.1.3 O Estado do Maranhão na web
- 5.2 Análise do meio de comunicação (O Jornal O Estado do Maranhão)
- 5.2.1 O Jornal O Estado do Maranhão analisado
- 5.2.2 Quanto ao futuro do jornal impresso pela ótica do profissional
- 5.2.3 Quanto às mudanças, adaptações e vantagens
- 5.3 Sínteses das entrevistas
- 6. CONCLUSÃO
- 7. REFERÊNCIAS
- 8. APÊNDICES
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1. RESUMO
Esta pesquisa analisa a inserção do jornal impresso para os meios digitais a partir de um veículo de comunicação – O Estado do Maranhão, publicação regional da cidade de São Luís. Entretanto, com a chegada da tecnologia e da internet, surgiu um questionamento quanto a sua extinção. A finalidade desse estudo é distinguir até que ponto podemos analisar os motivos que consolidam e estremecem o produto impresso e se estes questionamentos são verídicos. Foi realizada, junto a esse veículo de comunicação impressa, uma pesquisa de campo. Através dos resultados, aponta-se a existência da possibilidade dos presságios estarem errôneos. Apoiado nesse desfecho e nas afirmações dos autores, mostram-se diversas modificações que asseguram um futuro para o veículo impresso.
Palavras-chave: Comunicação. Jornal Impresso. Jornalismo Digital.
ABSTRACT
This research analyzes the insertion of the printed newspaper into the digital media from a communication vehicle - O Estado de Maranhão, regional publication of the city of São Luís. However, with the arrival of technology and the Internet, a question about its extinction arose. The purpose of this study is to distinguish to what extent we can analyze the reasons that consolidate and shake the printed product and if these questions are true. A field survey was carried out with this printed communication vehicle. Through the results, they point out the existence of the possibility of omens being erroneous. Based on this conclusion and the authors' statements, several modifications are shown that ensure a future for the printed vehicle.
Keywords: Communication. Newspaper; Digital Journalism
2. INTRODUÇÃO
Este presente trabalho, que tem por título “O transcurso do Jornal impresso ao digital: análise de O Estado do Maranhão sob a perspectiva dos seus profissionais”, busca mostrar como o periódico O Estado do Maranhão vem lidando com a chegada das novas tecnologias, tentando compreender também as características do jornalismo impresso ao webjornalismo, com a proposta de ir além das descrições teóricas dessas atividades.
Para tanto, foi preciso entender o jornalismo, que é uma atividade da área da comunicação social que trabalha diretamente com fatos, e sua veiculação, difundindo conhecimento e levando orientação na formação da opinião pública. Na prática, esta área lida com a apuração, redação, edição e publicação de informações acerca de factuais e acontecimentos que trazem repercussão para a sociedade.
A atividade jornalística conta com quatro modalidades: a oral, que se apresenta via rádio, a audiovisual, pela televisão, a escrita, por meio das mídias impressas, como os jornais, e a multimídia, através da internet. Nas redações de um texto jornalístico é importante observar que público se quer alcançar, o meio de comunicação que será utilizado e a forma como o conteúdo será publicado, pois cada mídia possui suas particularidades.
Atualmente, é comum nos comunicarmos com pessoas do outro lado do mundo em questão de segundos, já que as informações estão muito mais acessíveis e circulam de um lado para o outro quase que instantaneamente. É a internet possibilitando uma nova forma de fazer jornalismo.
E, diante de tantas mudanças, nota-se que o jornal sofreu impacto e aos poucos foi perdendo lugar como fonte exclusiva de difusão de informação. Nesse sentido, as novas tecnologias contribuem de forma intensa na modernização do processo industrial e na dinamização das redações.
Tomando por base essas e outras informações, este trabalho foi dividido em 4 capítulos, que abordam desde o surgimento do jornalismo impresso até a introdução desta atividade no ambiente virtual, utilizando-se a análise de um jornal regional que serviu como objeto de pesquisa.
Além de ressaltar as mudanças que o impresso sofreu desde o seu nascimento até o presente momento, os autores falam sobre essa fase da era digital e a influência que o jornal está sofrendo. É explicado como é feita a elaboração da informação até virar notícia, assuntos que serão encontrados no segundo item deste trabalho.
No tópico 3, serão abordadas as características de um jornal online, visando sua importância nessa nova fase que o jornal O Estado do Maranhão está vivendo para manter-se em um ambiente que cada vez mais está propício a sofrer mudanças, as quais são necessárias diante de um cenário que a sociedade está vivendo que é o da inclusão digital.
O item 4 foi destinado ao veículo do estudo de caso, o jornal O Estado do Maranhão, trazendo um pouco de sua trajetória, suas características e o momento do seu ingresso no ambiente online.
No item 4.2 será realizada uma aplicação das teorias antes tratadas neste trabalho. Neste momento, o aspecto prático será realizado através do estudo de uma pesquisa de campo em uma empresa de comunicação localizada na cidade de São Luís do Maranhão, com base no ponto de vista de seus profissionais. Nesse instante, serão comprovadas as ideias e as afirmações antes citadas pelos autores e associadas as dos entrevistados.
3. A TRAJETÓRIA DO JORNAL IMPRESSO
O “jornal” mais antigo surgiu por volta de 59 a.C. na cidade de Roma, conhecido como Acta Diurna, constituído de grandes placas brancas expostas em lugares conhecidos e manifestos. A ideia surgiu do general e comandante Júlio Cesar, para informar a população sobre os escândalos do governo, campanhas militares, julgamentos e execuções.
Em 1430, foi inventando por Johannes Gutenberg, a prensa, que deu início a era do jornal moderno, disseminando o conhecimento e permitindo o livre intercâmbio de ideias e culturas. No decorrer dessa época, a classe média, que representava os comerciantes, tinha bastantes informações sobre o mercado por meio dos boletins informativos.
Em 13 de maio de 1808, nasceu oficialmente a imprensa no Brasil, com a criação da imprensa régia. Contudo, o primeiro jornal impresso, começou a circular em dezembro deste mesmo ano, o qual foi chamado de A Gazeta. Essa iniciativa foi vista como um grande avanço, pois, em terras brasileiras, não era permitida a circulação de panfletos ou notícias. Com a chegada da família Real, as coisas mudaram, admitindo a circulação de um jornal, porém, as notícias publicadas falavam somente da família real.
A narrativa da imprensa brasileira divide-se em um curto período industrial e um extenso período artesanal. Para Sodré (1999, p. 06), “a nossa imprensa, no que tinha de específico, não mudou com a passagem do Império à Regência, ou do Império à República. Mudou muito, entretanto, quanto ao conteúdo, quanto ao papel desempenhado”. O mesmo autor cita alguns aspectos importantes dessa história:
Os diferentes estágios que a arte gráfica apresentou, através do tempo, com estudo mais acurado do almanaque, da circular, do panfleto avulso, do pasquim, do folheto, do opúsculo; o papel dos órgãos de instituições culturais ou especializadas; as alterações na distribuição, desde a venda nas livrarias, as assinaturas, até à venda na via pública; as mudanças no preço de vendas avulsas e sua ligação com os custos de produção e o valor da moeda; as alterações no que toca ao papel, seu fornecimento, seu preço, sua qualidade, suas ligações com as máquinas; o desenvolvimento das técnicas de impressão, a litografia , a xilogravura , até as modernas; a evolução do maquinário, desde as prensas de madeira às modernas rotativas elétricas, passando pelo complexo aparelhamento de uma oficina moderna de jornal de grande tiragem, com a sua complexa divisão do trabalho que a faz, hoje, tão semelhante a uma grande fábrica; a evolução da tiragem de jornais e revistas; etc. (SODRÉ, 1999, p. 07-08).
Diante das grandes modificações ocorridas no cenário internacional nos últimos anos e do abalo proporcionado pela revolução tecnológica, existe uma grande dúvida sobre o futuro do jornal impresso. De acordo com Caldas (2002, p. 17) “não se pode dizer que ele vai bem, tudo indica que sobreviverá mais uma vez aos que apressadamente prenunciaram o seu desaparecimento.” Ele afirma que, “Seu maior desafio agora é mudar, preservando seus valores e principais características”. O autor aconselha, ainda, que, para manter o interesse do leitor, caberá ao jornal investir naquilo que o leitor espera encontrar nele: originalidade, texto interpretativo e analítico, com suas implicações e possíveis repercussões na vida de cada um, já que a internet busca informações rápidas precisas e em poucas linhas.
Com o começo das novas tecnologias e a informatização trazida pelo uso do computador, o jornalismo, passou por grandes transformações na virada do milênio. Caldas (2002, p. 17) afirma que “Mudaram as empresas, que diversificaram suas finalidades, entrelaçando mídias, espetáculo e informação.” Produtos como cupons de descontos para a compra de mercadoria são utilizados para incentivar assinaturas e vendas dos jornais em bancas.
Já Noblat (2003, p.19) afirma que “Os jornais, contudo, morrerão, sinto dizer-lhes isso. Tal como existem hoje, tudo indica que morrerão. Só não me arrisco a dizer quando.” Com as grandes mudanças sofridas nos jornais decorrentes da crise financeira e das mudanças tecnológicas, o autor afirmar que ficará cada vez mais criteriosa a contratação de jornalistas. Algumas especialidades que o jornalista deve possuir, citadas em seu livro, são: apurar bem, escrever bem, além de saber editar. Além disso, o profissional de imprensa deve saber utilizar instrumentos capazes de ajudá-lo a fazer melhor o trabalho, dominar técnicas para o exercício da profissão e ter a nítida compreensão do seu papel de jornalista multimídia, além de saber escrever sobre diversos assuntos e se encaixar em vários setores do jornal, seja ele no impresso, no online, na redação, no rádio ou na TV. Noblat (2003, p. 36) diz: “O jornalista que gostar de escrever só sobre alguns assuntos terá menos chances do que outro capaz de escrever sobre qualquer assunto”.
A missão do jornalista é informar, ou melhor, contar histórias, transmitir as informações com ética e qualidade, pois ele é o mediador da realidade.
Para Beltrão (2006, p. 64-65), além disso, ao texto jornalístico, também é inserida uma categoria estética literária que é caracterizado por cinco qualidades subjetivas.
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Correção: é o conhecimento das práticas e normas gramaticais;
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Clareza: é o uso da objetividade;
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Unidade: é a organização das ideias – primeiramente o fato principal e, depois, os secundários;
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Precisão: é o emprego exato do número de palavras necessárias para a expressão do pensamento;
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Harmonia: é o ritmo próprio de cada gênero jornalístico.
Considerando tais funções, esse processo de comunicação é fundamental para que a informação atinja o público, de modo que este possa entender a mensagem da melhor forma.
Segundo Noblat (2003), o jornal impresso deve enxergar o amanhã e deixar para o rádio, televisão e internet as notícias instantâneas. Um aspecto importante que é citado em seu livro: os repórteres não saem mais da redação à procura de notícias, e todos os jornais acabam não tendo algo novo para falar, já que a pauta acaba sendo a mesma, por ser mais cômodo e sair mais barato para as empresas, além de ficar mais fácil, pois dá trabalho descobrir novas notícias. Noblat (2003, p. 42) assegura que “Os que mais ganham com isso são todos os que dispõem de bem montadas assessorias de imprensa- governos, partidos, associações de classe, sindicatos, bancos, empresas de médico e de grande porte” E afirma: “Os que mais perdem são os leitores. No fim, perdem os jornais. Porque acabam perdendo leitores”.
3.1. Características e Categorias do Jornalismo
O jornalismo ajuda na composição da realidade social que está ligado ao momento presente, utiliza os meios de comunicação para causa um impacto sobre diversos públicos. A linguagem escrita, falada, visual ou multimidiática são manifestações utilizadas para passar as informações.
Segundo Grandim (2000):
Sendo o jornal uma empresa que produz e divulga notícias, não pode servir interesses criados, nem outros interesses além do seu interesse de informar. O jornal não serve para dar cumprimentos, tecer loas, promover partidos, personalidades ou ideias, ganhar eleições, forjar mitos, arregimentar hostes ou ideias, ganhar eleições, forjar mitos, não serve para desacreditar pessoas ou instituições, ´pagar’ favores, perseguir inimigos, encetar campanhas, compromete-se com ações de propaganda ou servir de trampolim para se atingirem fins velados de natureza pessoal.
A função do jornalismo é apresentar todos os fatos de um ocorrido, usando mecanismos de busca para informações relevantes. Podem ser citadas algumas das características encontradas acerca da informação jornalística:
- Caráter público: destina-se de maneira aberta a uma coletividade
- Atualidade: anuncia o que acontece no presente;
- Universalidade: aborda um extenso número de assuntos;
- Periodicidade: distribuição regular, para manter o contato com o público;
Antes de ser transformado em notícia, o ocorrido deve ser minuciosamente analisado, selecionado e verificado antes de ser publicado. O estudioso José Marques de Melo classifica o jornalismo como:
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Jornalismo Informativo: possui imparcialidade e objetividade, observa atentamente a realidade e tem como objetivo passar a informação ao público sobre os fatos e acontecimentos registrados. Os gêneros informativos são: nota, noticia, reportagem e entrevista (que pode ser encontrada nos formatos: relato ou pingue-pongue);
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Jornalismo Opinativo: faz uma leitura da realidade em que predomina a visão do autor do texto ou da empresa jornalística. Podendo atuar como formador de opinião. Os gêneros opinativos são: editorial, artigo, resenha/critica, crônica, coluna, carta do leitor, caricatura ou charge;
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Jornalismo Interpretativo: tem a tarefa de esclarecer e explicar os fatos e acontecimentos, favorecendo o acervo de conhecimentos do público; os gêneros dessa linha jornalística são: reportagem, dossiê, perfil, enquete e cronologia.
Existe um excesso de informações que chegam todos os dias ao conhecimento dos jornalistas nas redações, porém, apenas uma parte delas é publicada. Para decidir o que é notícia, são utilizados alguns critérios, segundo Pena (2010, p. 71), “o fato é que os jornalistas se valem de uma cultura própria para decidir o que é ou não notícia. Ou seja, têm critérios próprios, que consideram óbvios, quase instintivos”. Para Wolf (2000), estes critérios não são tão instintivos. Assim, para decidir o que deve ou não virar notícia, existe um critério de noticiabilidade, que ele denomina como valores-notícia, que são:
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Categorias substantivas: Classificada de acordo com o grau de importância dos envolvidos e o grau de interesse do público. (Importância dos envolvidos, quantidade de pessoas envolvidas, interesse nacional, interesse humano, feitos excepcionais);
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Categorias relativas ao produto: Dividida por critérios de brevidade, atualidade qualidade e equilíbrio. (brevidade nos limites do jornal, atualidade, novidade, organização interna da empresa, qualidade, ritmo, ação dramática, equilíbrio> diversificar assuntos);
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Categorias relativas ao meio de informação: é dividida em: grau de acessibilidade às fontes/locais e possibilidade/limites de formação que se referem aos veículos;
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Categorias relativas ao púbico: abordam critérios como serviço e protetividade (plena informação de personagens, serviço/interesse público, protetividade, evitar suicídios);
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Categorias relativas à concorrência: classificada por ter acesso exclusivo ao fato. (exclusividade ou furo, gerar expectativas, modelo referenciais).
Após o entendimento das categorias e características citadas acima, o próximo item vai explanar os critérios que tem de ser utilizados para a construção da notícia.
3.2. Da informação a notícia
A construção de um texto jornalístico deve seguir um determinado padrão. Beltrão (2006, p. 66) descreve-os em: períodos e parágrafos curtos; construção clara e simples; começar por uma frase decisiva, precisa no vocabulário e sóbria na adjetivação. Por fim, o texto deve contribuir para elevar e não degradar o idioma.
A informação que será publicada por algum veículo de comunicação, adquire o caráter de notícia. É importante ressaltar que essa informação é um relato simples e puro do fato, sem expressar qualquer formar de julgamento ou qualquer outra forma de opinião:
A informação jornalística deve ser impessoal, no sentido de que a participação de quem a transmite ao público é puramente mecânica. O jornalista apenas recolhe e narra os fatos. Não dá opinião, não torna pública as suas reações pessoais. Procura atingir o máximo de imparcialidade porque – vale repetir agora o axioma máximo da profissão – os fatos são sagrados, só o comentário é que é livre. (BELTRÃO, 2006, p.94).
A notícia é caracterizada por um texto informativo e de interesse público, que narra algum fato recente ocorrido no país ou no mundo. Para Beltrão (2006, p. 82), a notícia é “a narração dos últimos fatos ocorridos ou com possibilidade de ocorrer, em qualquer campo da atividade e que, no julgamento do jornalista, interessam ou têm importância para o público a que se dirigem”.
Imediatismo, veracidade, universalismo, interesse e importância são características inerentes a esse gênero jornalístico.
O jornalismo adota a técnica da pirâmide invertida para estruturar a notícia, ou seja, o relato dos fatos segundo a ordem decrescente de sua importância, como explica Beltrão (2006, p. 101). Ao escrever o lead, isto é, a abertura do texto, o primeiro parágrafo deve resumir todo o fato principal, ao responder as seis perguntas básicas:
O QUE? QUEM? QUANDO? COMO? ONDE? POR QUÊ?
Abaixo, segue um exemplo do uso da pirâmide invertida em um texto:
O juiz que esteve de plantão no Tribunal de Justiça, neste fim de semana, em São Luís, Clésio Coelho Cunha, decretou a prisão preventiva de Lúcio André Genésio, por conta de agressões físicas a sua ex-companheira, a advogada Ludmila Rosa Ribeiro da Silva. O pedido de prisão foi protocolado pelo Ministério Público, por meio da promotora Bianka Sekkef Sallem Rocha. O delegado de Polícia Civil, Válber Braga, que arbitrou fiança ao agressor, também deve ser investigado pela Corregedoria a pedido da Justiça.
Exemplo de aplicação da técnica da pirâmide invertida no lead da matéria "Justiça decreta prisão preventiva de agressor de ex-mulher no Maranhão", publicada no jornal G1 do Maranhão em 13 de novembro de 2017.
A notícia passa primeiramente pela redação do jornal, da TV, do rádio ou da internet, para depois chegar ao público. Dessa forma, as fontes de informação são comuns no jornalismo. Segundo Beltrão (2006, p. 91-92), as notícias chegam à redação por três canais distintos: pelos funcionários da casa (repórteres, arquivistas), pelas agências de informações e pelo pessoal voluntário (amigos e colaboradores desinteressados). As assessorias de comunicação também são um outro canal importante.
O diferencial do jornal impresso está baseado na apuração mais aprofundada das notícias, no melhor tratamento jornalístico e na análise crítica.
O próximo capítulo tratará sobre o jornalismo praticado na internet: O webjornalismo, momento em que falaremos sobre a sua história, explicando as suas características e a relação do jornalismo com a web, destacando pontos inovadores e importantes.
4. NOVAS TECNOLOGIAS: o jornalismo na web
O sucesso de jornalismo on-line se desenvolveu com rapidez e, a partir dele, surgiram grandes mudanças, tanto na forma quanto no conteúdo (o chamado “suporte”). Se em um primeiro momento resumia-se a disponibilizar-se na rede em formato HTML (o que já era potencialmente revolucionário), a mesma edição impressa e com o mesmo conteúdo editorial, renovado a cada vinte e quatro horas, já permitia a concretização de um sonho do todo leitor, ou pesquisador da mídia internacional: o acesso diário a inúmeras publicações, antes praticamente inviável, dentro dos parâmetros historicamente conhecidos como custos elevados, dificuldades e demora no recebimento das edições, etc.
O jornalismo on-line caminha muito mais rápido do que o jornalismo impresso. Portanto, os profissionais devem estar preparados para receberem esta nova forma de produzir a notícia. Eles devem estar habilitados quanto ao uso do computador, uma vez que os jornais estão em busca de profissionais multimídia, ou seja, que não tenha apenas uma função e que domine apenas uma técnica. Esses profissionais também devem ser cuidadosos em checar as fontes das notícias para não cometer enganos.
4.1. A Internet como aliada do jornal impresso
A internet não só assegurou o aparecimento do jornalismo na web como também se tornou aliada do jornal impresso. Assim, o seu uso contribui para um momento novo que o jornal está vivendo, que é de adaptação aos novos mecanismos de fazer notícia.
A web é uma ferramenta de interação e não apenas de leitura. Através da internet, o público pode também participar e fazer notícias, enviando sugestões e informações (processo de interação) para produzir as notícias, o que não será possível na versão do jornal impresso.
Portanto, o jornal impresso busca constantemente estratégias para sobreviver: textos mais próximos do discurso corriqueiro; clareza e objetividade nas redações; diagramação moderna, com o uso de imagens, infográficos e fotolegendas. Tudo isso é feito, a fim de combinar a identidade estabelecida pela tradição do papel às urgências do presente.
O que o jornal on-line publica em 15 minutos o impresso pode levar um dia para publicar. O diferencial deste, porém, é o de publicar tudo mais relatado e com fatos mais concretos, O que não significa que o on-line não passe a notícia dessa forma. Contudo, o impresso tem por obrigação relatar esses mesmos fatos de uma maneira diferenciada do que já foi publicado pela versão ciberjonalística, a fim de mostrar seu diferencial. O impresso divulgar a notícia com números exatos, horário do ocorrido e etc.
O jornalismo on-line tem atingido cada vez mais números de leitores e para o impresso não ficar para trás tem como obrigação buscar ferramentas e melhorias para não perder seu público e atrair atenção deles.
No jornal O Estado do Maranhão já há plataformas disponíveis para os diversos públicos. Uma evidência disso é que o formato impresso continua a ser vendido, mas a empresa possui, também, um espaço dedicado somente a versão on-line, o que já é um diferencial de outros jornais.
Conclui-se, portanto, que a internet é uma invenção que revolucionou o modo de fazer comunicação, fazendo com que este ainda sofra muitas transformações no ambiente virtual.
4.2. Características da Web
Assim como o impresso, a televisão, o rádio e a internet também possuem características únicas, uma vez que cada suporte divulgado através da mídia possui as suas especificidades.
Assim, o webjornalismo apresenta uma vasta quantidade de recursos para melhor aproveitamento das notícias e do portal ou site em questão, características que fazem toda a diferença na produção de conteúdo e que cada vez mais estão presentes nos jornais online.
4.2.1. Multimidialidade e convergência
A multimidialidade (ou convergência) é o processo no qual os formatos tradicionais da mídia, como texto, som e imagem, se unem para a narração do fato jornalístico. Na web, o usuário pode ler um texto, assistir a um vídeo e também ver uma fotografia que representam um mesmo acontecimento.
4.2.2. Interatividade
A interatividade é uma das caraterísticas essenciais da comunicação na Web. Cada vez que se analisa a linguagem da internet, apela-se à ideia da interatividade como um dos seus pilares.
Contudo, é também um conceito chave para abordar o estudo do jornalismo nos nossos dias, não só do jornalismo digital. Assim como a internet transcende o jornalismo, que tem como forma de expressão a Web, a interatividade também vai além do jornalismo digital, e está nas rotinas de trabalho de todos os jornalistas, independentemente do meio em que trabalhem. O contato, a participação e o conteúdo partilhados pelos seus usuários contribuem para definir as formas que o jornalismo atual adota.
A interatividade é um conceito-ponte entre o meio e os leitores/utilizadores, porque permite abordar esse espaço de relação entre ambas as partes e analisar as diferentes instâncias de seleção, intervenção e participação nos conteúdos dos meios. Insere-se nessas zonas o contato entre jornalistas e leitores, cujo processo as tecnologias têm alargado e simplificado. Trata-se de um termo novo relacionado com a evolução que a informática e as tecnologias da informação e da comunicação têm tido nos últimos 40 anos. (ROST, 2006, p. 53).
4.2.3. Hipertextualidade
As ligações entre as narrações na web são feitas através dos hipertextos. É importante notar, portanto, que essas ligações podem ser de textos para textos, como também para imagens, vídeos e sons, ou seja, para todos os formatos que a web disponibiliza. Diante dessa característica, nota-se que a leitura adotada na internet é do tipo não linear, uma vez que o usuário pode ir e vir sem necessariamente seguir uma sequência lógica. Obviamente deve-se ter muito cuidado com a hipertextualidade de um jornal on-line, para que o leitor não se perca entre as notícias durante suas navegações. Ao internauta, deve estar sempre muito claro a forma como ele fará para retornar ou avançar uma notícia.
4.2.4. Do texto ao hipertexto
A origem etimológica da palavra “texto” é “textum”, que significa tecido ou entrelaçamento. Na Web, o texto aproxima-se deste último significado: mais do que um mero conjunto de palavras ou frases organizadas segundo um conjunto de regras pré-estabelecidas, o texto transforma-se numa tessitura informativa formada por um conjunto de blocos informativos ligados através de hiperligações (links), ou seja, num hipertexto.
4.2.5. Técnicas de redação jornalística: o que muda com o hipertexto
A pirâmide invertida é a técnica de redação fundamental no jornalismo escrito. De uma forma simplificada, esta técnica define-se como uma forma de organizar a informação em que os dados mais importantes (o quê, quem, onde, como, quando e por quê) estão no início das notícias, seguindo-se ao lide as restantes informações organizadas em blocos decrescentes de interesse. Apesar da aparente eficácia desta técnica na transmissão de notícias, a sua aplicação universal transformaria o trabalho jornalístico numa simples rotina em que os vários elementos da notícia eram integrados em espaços previamente definidos. Ao trabalhar com fatos que, na maioria das vezes, chegam a todas as redações ao mesmo tempo, as publicações jornalísticas têm nos seus jornalistas o elemento que pode fazer a diferença.
É verdade que a qualidade da investigação e os exclusivos marcam diferenças entre as publicações, mas é a abordagem aos fatos e o estilo da escrita que verdadeiramente levam os leitores a optar por uma ou outra publicação. Se, no caso da imprensa escrita, a aplicação da técnica pirâmide invertida já é passível de contestação, no caso do webjornalismo a situação agrava-se.
Por um lado, na web não há limitações espaciais para a informação a disponibilizar. O jornalista não é confrontado com a necessidade de editar informação, podendo manter tudo aquilo que considera essencial para o leitor perceber a mensagem. Por outro lado, a heterogeneidade própria de um público global é de tal ordem que a organização dos fatos por ordem de importância esbarra na diversidade de interesses característicos de uma audiência global. A proximidade, um dos critérios de noticiabilidade mais relevantes, perde o sentido quando o conteúdo é disponibilizado para todo o globo e, muitas vezes, em mais do que uma língua.
A possibilidade de separar a informação em blocos informativos ligados através de hiperligações abre uma diversidade de itinerários de leitura tão vasta quanto o número de arranjos e combinações possíveis. A oferta de várias possibilidades de leitura implica o recurso a dois tipos de coerência: local e global (ENGEBRETSEN, 2000). A coerência local refere-se à relação entre dois blocos informativos próximos, podendo ser “intratextual” (regras de sintaxe e semântica de qualquer texto) ou “intertextual”. (coerência na forma como se ligam os blocos informativos lidos sequencialmente). Estes dois tipos de coerência local são fundamentais porque a interpretação de um texto implica sempre uma relação com algo lido anteriormente nesse mesmo texto (SPERBER; WILSON, 1986), como também no texto (bloco) anterior.
Esta situação pode tornar-se um obstáculo, dado que a notícia web é fragmentada em blocos e, por vezes, o leitor chega a um deles através de uma pesquisa feita num motor de busca. Esta particularidade implica que cada bloco seja inteligível na sua autonomia, reduzindo a necessidade de sua compreensão depender dos blocos informativos anteriores ou posteriores, numa típica sucessão linear (LANDOW, 1995). Isso pode ser feito recorrendo à já referida coerência intratextual, mas também à definição de uma arquitetura hipertextual que ajude o leitor a recuperar informação essencial, podendo, assim, descodificar o bloco informativo.
4.2.6. Memória
Perenidade (memória), também conhecido como arquivamento ou memória. O material produzido online pode ser guardado indefinidamente. Na Web, a memória torna-se coletiva, por meio do processo de hiperligação entre os diversos nós que a compõem. O custo de armazenamento de informação binária é barato. É possível guardar grande quantidade de informação em pouco espaço, e essa informação pode ser recuperada rapidamente em uma busca por notícias. Em alguns sites, o conteúdo mais acessado é o banco de dados (a “notícia de ontem”)
4.2.7. Personalização
A personalização é considerada por Silva Jr. como uma das demandas principais do jornalismo nas redes digitais. “Isso se deve primordialmente à característica de arquitetura da rede e de seus sistemas de software e hardware permitirem tanto o armazenamento sem limites da quantidade de informação, como também a possibilidade de oferecimento de conteúdos, seguindo lógicas de justaposição distintas para cada usuário. Em outras palavras, o mesmo conteúdo base pode ser moldado para diferentes usuários da informação jornalística segundo as preferências e/ou históricos pertinentes a cada um deles” (SILVA JUNIOR, 2000, p. 64). As tentativas de atender aos interesses individuais dos leitores são uma preocupação antiga que antecede a popularização do uso da internet. Dizard Junior (2000) aponta que, na década de 80 do século passado, já ocorriam experiências dessa natureza através de fax.
Com a utilização das redes digitais para fins jornalísticos, essa possibilidade se potencializou significativamente. As soluções para produtos personalizados em webjornais são desenvolvidas desde o início dos anos 90 do século passado. Palácios e Gonçalves (1996) analisam três experiências de personalização realizadas naquele período: duas experiências oriundas do meio acadêmico: o Fishwrap, pelo Media Lab13, Massachusetts Institute of Technology, da Boston University; o CRAYON (Create Your Own Nespapwer), desenvolvido por um estudante da Buckwell University, também nos Estados Unidos; e o Pointcast News, uma experiência comercial voltada para o fornecimento de serviços e notícias pela internet.
Os serviços citados, com algumas especificidades de caso, permitem ao usuário optar e selecionar as notícias ou os tipos de notícias, conforme a editoria ou a fonte que desejam receber. Palácios apud Silva Júnior (2000) identificam três tipos de personalização relativa aos serviços, ao conteúdo e às fontes.
Podemos dizer que, além dessa classificação que diz respeito à natureza da informação, a personalização também pode se dar de acordo com o formato, ou seja, são os produtos personalizados e os personalizáveis. Os personalizados possuem um formato fixo, só oferecendo escolhas com relação ao conteúdo como, por exemplo, o recebimento através de e-mails ou de newsletters das informações previamente encomendadas.
4.2.8. A nova fase do jornal o Estado do Maranhão
No jornal “O Estado do Maranhão” notam-se todas essas características presentes em sua versão on-line.
O jornal está vivendo uma das mais importantes fases de todos os tempos, uma fase inovadora. O veículo precisa, diante desse novo cenário, estar em constante crescimento. Dessa forma, os meios de comunicação tentam cada vez mais não perder leitores e buscam aproximação a estes que encontram na versão on-line maior facilidade para a atualização das informações. Essa constatação é percebida devido a uma série de benéficos que há no jornalismo de internet, como agilidade em passar a notícia, praticidade, interatividade e, principalmente, as diversas plataformas disponíveis.
Com todas essas vantagens, não há outra saída a não ser migrar para este meio que só cresce cada vez mais. O jornal O Estado do Maranhão, por exemplo, está ciente de que, migrando para este meio que é o on-line, ele também perderá assinantes da versão impressa como já aconteceu, segundo o diretor do jornal, Cabalau. Porém, ele mesmo relata que da mesma forma que um assinante usa mecanismos de comunicação para enviar mensagens pelas redes sociais, este também se adaptará a um novo meio de ler suas notícias em um smartphone ou tablet. O diretor do jornal também garante que não haverá perda de conteúdo, independentemente da plataforma. Este assunto será abordado mais detalhadamente no próximo tópico.
5. RESULTADO DA PESQUISA
Como objeto de estudo do presente trabalho envolve o Jornal O Estado do Maranhão, entendemos como de suma importância apresentar a sua trajetória.
5.1. O jornal O Estado do Maranhão
Diante dos estudos apresentados sobre o jornalismo impresso e o webjornalismo, pretende-se estudar o caso do jornal impresso O Estado do Maranhão vem buscando se adaptar ao formato de web. O referido veículo pertence ao Sistema Mirante de Comunicação e circula há mais de 50 anos em São Luís e região.
5.1.1. Trajetória do jornal O Estado do Maranhão
A obra “As origens do jornal O Estado do Maranhão” de B. Ramos Costa (2008), traz um pouco da trajetória do jornal. O autor explica que os jornais maranhenses nas décadas de 1960 e início de 1970 tinham um caráter essencialmente político. Não havia uma preocupação em “cobrir” diversos assuntos que pudessem interessar a sociedade. Notícias nacionais e internacionais eram pouco publicadas e eram buscadas em programas de rádio.
O jornal O Estado do Maranhão é herdeiro do Jornal do Dia, um periódico de caráter político, que teve sua primeira publicação em 8 de março de 1953. Depois disso, uma nova fase é iniciada em 1959 com a criação da empresa Jaguar Ltda, uma instituição que tinha como objetivo “explorar o ramo do comércio de serviços gráficos e correlatos, assim como a manutenção de um órgão de imprensa sob a denominação de Jornal do Dia”.
Figura 01: Primeira edição do Jornal do Dia – 08 de março de 1953
Fonte: COSTA (2008)
O contrato da empresa foi assinado por entre outros, Alberto Wady Chanes Aboud e José Ribamar Teixeira Araújo. Alberto Aboud que tinha a maior parte das ações passou a controlar diretamente o funcionamento do jornal. E o então Jornal do Dia passou quase um ano sem ser publicado. Sob propriedade de Aboud o jornal é instalado em um casarão na rua José Augusto Correia, número 19, hoje, Rua de Santana. Circulava seis vezes na semana e tinha como diretor responsável o próprio Aboud e José Ribamar Teixeira Araújo como diretor adjunto.
Alberto Wady Chanes Aboud era de uma família de empresários libaneses que chegaram a São Luís no início do século XX. Aboud entrou no ramo da imprensa por conveniência política, pois julgava que para alcançar a vida pública e para executar um projeto de político ele precisava de um veículo de comunicaçã. Porém, antes mesmo de negociar a compra do jornal, elegeu-se deputado estadual pelo PTB em 1958 e em 1962 para a câmara Federal pelo PSD, partido do então chefe político do Maranhão, Vitorino Freire. Alberto Aboud permaneceu no PSD até o ano de 1965, ao dar apoio ao candidato das oposições coligadas, para o cargo de governador do estado, José Sarney. Tal apoio se somou, entre outras coisas, com a colocação do Jornal do Dia a disposição da campanha política de José Sarney. Após o golpe Militar Aboud se filiou à Aliança Renovadora Nacional do Maranhão (ARENA). Através dessa legenda, ele foi reeleito à Câmara dos Deputados.
Figura 02: Primeira edição do Jornal do Dia enquanto propriedade de Alberto Aboud – 17 de janeiro de 1960
Fonte: Costa (2008)
Em 1968, o então governador do Maranhão, José Sarney, entra para o quadro de societário do Jornal do Dia. Neste mesmo ano, Alberto Aboud vende o periódico a um grupo político formado por José Ribamar Marão, que possuía metade das ações do jornal, e a outra metade a um grupo formado por Clodomir Millet e Nunes Freire, grupo este que apoiava Sarney ao governo do estado. Em novembro do mesmo ano, de acordo com citação de José Sarney, na edição de 1º de maio, no já jornal O Estado do Maranhão, ele troca sua casa na rua Rio Branco, número 228, centro de São Luís, pelas ações de José de Ribamar Marão, ficando com metade delas e, logo depois, adquire a outra metade, tornando-se então proprietário do Jornal do Dia. E é também no ano de 1968 que, a convite de Sarney, o poeta e jornalista Bandeira Tribuzzi passa a dirigir o periódico.
A ideia pela aquisição de um jornal por José Sarney é motivada por interesses políticos, como ele mesmo declara em entrevista concedida a Paulo César D’Elboux, em 18 de dezembro de 2002, em Brasília:
Eu criei o jornal porque eu tinha que ter um instrumento político [...]. O jornal não era de empresário, não era um negócio que nós estávamos precisando, era uma inspeção do processo político.
Após quatro anos, como governador do Maranhão, em 1970, José Sarney é eleito senador pela Aliança Renovadora Nacional do Maranhão (ARENA) para um mandato de oito anos (1971 a 1979). Foi como senador que ele promoveu a troca do nome.
A mudança do nome para O Estado do Maranhão ocorreu em 1973, quando o periódico teve sua primeira publicação no dia 1º de maio. Na época, o jornal também mudou de endereço e passou a funcionar na Av. Ana Jansen, no bairro São Francisco, onde está até hoje. Um jornal para todos os tipos de leitores, que, desde seu início, teve como proposta “ser um órgão a serviço da verdade” como afirma texto publicado em sua primeira edição.
Figura 03 - Primeira edição do jornal O Estado do Maranhão – 01 de maio de 1973
Fonte: COSTA (2008)
Circulando há mais de 50 anos em São Luís, O Estado do Maranhão traz diversas mudanças gráficas e editoriais, como mostrado em uma edição especial em comemoração aos 50 anos jornal. Sua primeira grande mudança ocorre junto com a mudança de nome. A diferença reside no caráter técnico de sua produção, o trabalho de confecção do jornal que antes era feito artesanalmente e tinha sua impressão feita com placas de chumbo quente, agora recebe as maquinas impressoras off-set, além de um sistema de fotocomposição.
Outras inovações ocorreram com o passar dos anos. Uma delas ocorreu na década de 1990, quando o jornal adotou a policromia em suas edições diárias e recebeu amplo ajuste gráfico. Mas tais mudanças não trouxeram impactos tão decisivos para o jornal como a chegada da informática. Tudo mudou, desde a redação até as oficinas de impressão. Em 1995 o jornal saiu definitivamente da produção convencional do sistema composer e passa para o mundo da informática. Suas apostas em inovações técnicas e modernização editorial colocam-no na condição de líder de mercado no estado.
É um jornal que também foi formador de grandes jornalistas, visto que na época não havia faculdades de Jornalismo, e as redações de jornais serviam como uma grande escola. A maioria de seus repórteres eram escolhidos por uma espécie de concurso realizado pelo próprio jornal.
5.1.2. O Jornal Impresso O Estado do Maranhão
O Jornal Estado do Maranhão circula seis vezes na semana, tendo uma edição única aos fins de semana. O azul é sua cor predominante do jornal, além do tradicional preto, que é utilizado na redação dos textos.
Em entrevista, o diretor de redação, Clóvis Cabalau, fala sobre a ideia dessa junção dos cadernos de sábado e domingo. “A edição única de fim de semana foi uma iniciativa ousada e inédita no estado. O projeto começou em março de 2016 e só foi possível mediante o avanço e a integração do jornalismo digital. À primeira vista, a fusão de duas edições em uma pode sugerir a perda ou redução do conteúdo oferecido aos leitores. Isso ocorreria, de fato, caso o jornal não dispusesse de plataformas digitais bem desenvolvidas e capazes de complementar o noticiário disponibilizado ao leitor comum e ao assinante. O projeto inspirou-se em uma ideia lançada pelo jornal Zero Hora, que lançou sua edição única de sábado e domingo no mês seguinte à de O Estado”, explica o diretor.
Ainda segundo ele, “Houve razões muito claras para O Estado do Maranhão adotar essa estratégia. Há anos, as edições de sábado e de domingo circularam no mesmo dia, ambas no sábado - o jornal de sábado no início da manhã e a de domingo, à tarde. Na prática, eram dois jornais circulando no mesmo dia. Com isso, a edição de domingo, que circulava desde o sábado, era a mesma que estaria na banca no dia seguinte. A unificação das edições possibilitou a elaboração de uma publicação ampliada, com cara de fim de semana, além de uma redução significativa de custo de impressão e circulação. Paralelo ao impresso, o site do jornal passou a oferecer aos leitores um Painel de Fim de Semana, com material produzido exclusivamente para publicação digital dos domingos”, ressalta
O jornal possui dois cadernos: o caderno que circula durante a semana e o caderno com edição única nos fins de semana. Além de alguns suplementos semanais. O número de páginas do caderno é variável, dependendo dos dias da semana, mas, normalmente, são 12 páginas. Nas edições do caderno, há os classificados e, às sextas-feiras, há o suplemento Na Mira, o terceiro setor que circula aos sábados.
De acordo com Costa (2008, p. 125) nos cadernos encontramos as seguintes editorias:
Política: reúne coberturas da área política nacional e local, aliadas a colunas especializadas com comentários sobre fatos do setor;
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Opinião: continua reunindo o editorial e a charge, as análises do leitor e artigos;
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Geral: traz as últimas noticias do dia, reunindo noticiário local e nacional;
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Polícia: publica ronda policial, com reportagens sobre violência, criminalidade e segurança;
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Economia: reúne os números da economia e matérias sobre a conjuntura econômica local, nacional e internacional, além de coluna especializada;
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Consumidor: oferece ao leitor informações uteis ao seu dia a dia, na área do consumo, a exemplo de: crédito, inflação, reclamação, entre outros;
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Mundo: notícias com coberturas internacionais;
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Portos: abrange as reportagens referentes ao setor portuário;
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Vida: notícias sobre tecnologia, moda, entretenimento, entre outros;
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Colunas do Élio Gaspari e Coluna dos Blogs: a primeira traz comentários do autor e a segunda, destaques dos blogs do imirante.com;
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Cidades: traz notícias das cidades do Maranhão, com destaque para São Luís;
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Esporte: publica noticiários sobre as competições em todas as modalidades, acontecimentos e bastidores do esportivo, além de colunas;
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Alternativo: reúne notícias da área de cultura e entretenimento. Tem o “Programe-se” que traz agenda de cinema, shows, quadrinhos, programações de TV (com resumo de novelas, colunas especializadas). Traz, também o “Hoje é Dia de" (Crônicas de grandes autores) e colunas sócias assinadas por Pergentino Holanda e Nedilson Machado.
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Negócios: seção que acompanha o mundo dos negócios. Traz informações especializadas, orientando os leitores quanto aos investimentos, bem como indicadores econômicos e a cobertura da conjunta econômica.
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DOM: aprofunda temas específicos, com pautas especiais, além de trazer a página Perfil e entrevistas.
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Revista da TV: cobertura completa sobre as produções de TV e noticiários dos bastidores do meio artístico.
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PH Revista: publica os acontecimentos socioculturais do Maranhão, destaca as festas da high society, além de belas crônicas do autor.
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Na Mira: suplemento voltado para adolescentes e jovens. Com reportagens sobre comportamento, cultura, música, educação e sexo, entre outros.
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Terceiro Setor: suplemento que aborda temas ligados ao terceiro setor e pautas sociais.
Figura 04 - Capa do jornal O Estado do Maranhão – 16 de novembro de 2017
Fonte: COSTA (2008)
Quanto ao fator publicidade, o jornal O Estado do Maranhão é um espaço aberto para todo tipo de propagandas e informes, possibilitando a divulgação de produtos e serviços para os mais diversos segmentos. Com essa amplitude ao longo dos anos, o jornal tem conquistado grandes parceiros que apostam na credibilidade do jornal.
5.1.3. O Estado do Maranhão na web
O jornal O Estado do Maranhão, primeiro jornal do Maranhão a lançar uma versão de publicação em formato on-line, ingressou no ambiente web em 1995. Para Clovis Cabalau, o objetivo do aplicativo é oferecer a leitura do jornal como ele é, mas com aditivos que somente a plataforma on-line oferece, “Além do texto, o leitor pode assistir a vídeos, trailers. Ele tem a oportunidade de ler e assistir a uma entrevista. Então, há um investimento com o objetivo de ganhar novos leitores, especialmente o público jovem” afirma o diretor de redação.
Figura 05: visualização do jornal O Estado do Maranhão na web – 16 de novembro de 2017
Fonte: http://imirante.com/oestadoma/noticias. Acesso em: 13 jan. 2017.
Sua caminhada rumo a inovações só vem crescendo. Além do site, os leitores podem acessar as notícias através do aplicativo do jornal e nas principais redes sociais.
5.2. Análise do meio de comunicação (O Jornal O Estado do Maranhão)
O propósito de qualquer estudo está ligado a um referencial teórico. Entretanto, se aquele não for testado e, assim, comprovado, torna-se fruto de um senso empírico, ou seja, um senso-comum. Sem embasamento, não seria possível provar a parte teórica. Por isso, é imprescindível analisar os referenciais teóricos por meios práticos.
Desta forma, faz-se necessário adentrar o meio pesquisado , valendo-se da colaboração de autores e profissionais da área de comunicação para sustentação de análise do presente trabalho.
Por essa razão, foi feita uma pesquisa de campo junto aos produtores do Jornal O Estado do Maranhão, que fica localizado na Av. Ana Jansen, 200 - São Francisco, na cidade de São Luís do Maranhão. O Objeto específico da análise é um meio de divulgação de comunicação da capital, que foi selecionado por enquadrar-se na proposta do assunto do trabalho acadêmico.
Aqui, será abordada uma conversa formal e direta com os profissionais ligados à elaboração e venda do produto, no caso, o Jornal O Estado do Maranhão. Através de uma entrevista realizada, serão expostas as opiniões e pontos de vistas de profissionais que acompanharam as trajetórias do veículo, compartilhando suas experiências competentes, pontuando, assim, questões relevantes que influenciaram os meios de análise desse processo de chegada e adaptação aos meios digitais e sua flexibilidade para transmissão de informação.
Para complementar esta pesquisa, foram obtidos os depoimentos dos funcionários Clóvis Cabalau (Coordenador de redação Atual do Jornal O Estado do Maranhão) e do Jornalista e editor de caderno de esportes, Eduardo Lindoso. Eles forneceram explicações sobre o processo de mudança do impresso ao digital, cujas considerações foram relevantes para arrematar o presente trabalho.
É preciso realçar, ainda, a relevância e a necessidade da pesquisa para fins de estudo. Perante a essa nova era de tendência midiática de transferência de informação na qual o jornal está inserido, seu legado histórico fica não somente registrado em arquivos físicos, mas também nos virtuais.
5.2.1. O Jornal O Estado do Maranhão analisado
O Jornal que será abordado é o Jornal O Estado do Maranhão, que fica localizado na cidade de São Luís - Maranhão. Segundo dados do IBGE, a população da capital maranhense, localização geográfica do jornal, é de 1.091.868 habitantes. O meio que é objeto desse estudo tem oito mil assinantes e leitores tradicionais. As entrevistas aqui apresentadas foram realizadas com o diretor de redação e editores do veículo. As questões que serão expostas visam elucidar o conteúdo pesquisado, servindo de base para uma investigação e, assim, obter uma conclusão sobre o assunto. Elas se constituem em dúvidas relacionadas às perspectivas desses profissionais em relação ao futuro do jornal impresso e de que maneira as reformas ocorridas nos últimos anos modificaram os seus cotidianos e padrões de métodos de trabalho.
5.2.2. Quanto ao futuro do jornal impresso pela ótica do profissional
A procedência da nossa pesquisa fundamenta-se na análise do jornal impresso em relação a permanecer vivo em meio às novas tecnologias, que têm mostrado capacidade de encorajar esse meio e assim se adaptando durante os tempos. Do mesmo jeito, os entrevistados que foram interrogados exporão sua opinião sobre como enxergam o futuro desse modelo de jornal e se de fato ele pode deixar de existir.
Através do nosso questionário, as opiniões se assemelham. O Diretor Clóvis Cabalau foi veemente nas suas afirmações:
É difícil afirmar que o formato tradicional dos jornais vá, de fato, acabar. O mais coerente a dizer, em minha opinião, é que o número de jornais impressos será cada vez mais reduzido com o passar dos anos. Os altos custos de produção, aliados ao avanço do jornalismo digital, inviabilizarão a manutenção de muitos desses veículos. (APENDICE A)
Conforme as opiniões do diretor podem observar, há muitos questionamentos sobre o prosseguimento do meio impresso. Clóvis Cabalau não conjectura nas previsões e enxerga, na prática, uma defasagem nas produções do material impresso, tendo em vista o alto valor de investimento na fabricação do veículo.
Eduardo Lindoso, editor do Caderno de Esportes, também colaborou com sua opinião. Conforme seu ponto de vista, o jornal terá uma adaptação aos meios atuais, e, se ocorrer o seu fim, será daqui a muitos anos:
Acredito que o veículo vá se adaptando a essa nova linguagem para que ele não seja “engolido”. Se você perceber o jornal está dentro do site, você pode ler o jornal digitalizado, para que você tenha também a possibilidade de ler ele no seu Smartphone, então, no meu ponto de vista, acaba se fundindo e os públicos vão acabar diferenciando o que querem e o que não querem. Decretar o fim do jornal não, pode até acontecer, mas daqui a muitos anos. (APENDICE B)
Lindoso apresenta uma questão muito relevante: a adaptação, a necessidade de o jornal impresso acompanhar as transformações nos meios tecnológicos. Ele afirma que o jornal poderá satisfazer públicos diferenciados, e ainda, seria possível uma interatividade, uma escolha por parte do público para que eles possam selecionar o que lhes agrada ou não. Decerto, é o mesmo que Caldas afirma no primeiro capítulo, pontuando a sobrevivência do jornal impresso pelo meio da adaptação nos tempos atuais. Quando o entrevistado se refere ao termo “engolido” ele acredita que existe sim uma competição entre os veículos de comunicação atual, e que o impresso se renova para manter-se.
É fundamental comparar as concepções dos produtores do meio em questão com os autores. Nota-se que permanece uma convergência na tese afirmando um futuro promissor e moderno para os veículos impressos que conseguiram ser flexíveis às novas oportunidades.
Clóvis Cabalau foi bem enfático na sua concepção. O novo modelo de impresso pode durar, especialmente ao averiguar a capacidade de aperfeiçoar o produto.
Todo o tempo, novas estratégias aparecem. As redes sociais são um campo aberto, com possibilidades múltiplas. Além do site, o jornal lança mão de todas as plataformas possíveis para propagar o seu noticiário. O mais importante (e isso vale para os estudantes de jornalismo) é a consciência de que o jornal é hoje um veículo multimídia, capaz de dialogar com todas as esferas da comunicação. O Estado está na televisão, pela manhã, com o resumo de suas principais notícias, em um quadro no Bom Dia Mirante; está nas rádios Mirante AM e FM, eventualmente, destacando seu noticiário em programas jornalísticos; está na TV O Estado, por meio de vídeos produzidos para o site ou para enriquecer matérias do impresso; está nas redes sociais em tempo real, etc. (APENDICE A)
Nesse trecho, podem-se analisar três itens: Inicialmente, os meios sociais como auxiliadoras. Em seguida, uma propagação e inserção do jornal em todos os veículos de comunicação, ressaltando suas qualidades e benefícios pelos tempos modernos, referindo-se ao jornal como “Multimídia”. Posteriormente, cita-se cada meio em que ele está inserido.
Lindoso, por sua vez, já pontua os obstáculos que o jornal impresso vem enfrentando com o avanço tecnológico. Em um dos trechos de sua entrevista, ele foi categórico ao destacar as mudanças e a maleabilidade do veículo em comparação às novas plataformas:
A notícia que você redige para o jornal do dia seguinte, já está no site e aplicativos, então tem que estar produzindo um material diferenciado e mais amplo com outra visão justamente para competir com a internet, como o jornal impresso sai no dia seguinte, é justo que saía com informações a mais, de fato é uma competição justa, então sim, é completamente diferente fazer jornalismo impresso na era digital. (APENDICE B)
Nota-se o uso do termo “competição justa” por se tratar de mesma empresa, porém com plataformas de naturezas distintas. Compreende-se quando o entrevistado analisa uma situação em que o veículo tenha que agradar a ambos os públicos. De um modo geral, sua natureza não é impreterível, mas seu formato sim.
Eduardo também compara os desafios que o jornal impresso enfrentou nesse trajeto do impresso ao digital, ao analisar a diferença do layout que é usado atualmente e as antigas edições de fotos que se usavam nos antigos jornais impressos, com o intuito de apresentar um jornal mais moderno e que se torne mais atrativo aos olhos de um novo público.
Depois que o jornal impresso se inseriu nesse contexto tecnológico até a forma de edição de fotos mudou, temos mais fotos conceituais, que pareçam de sites, com títulos mais “brincadeira”. (APENDICE B)
Percebe-se então que o avanço tecnológico nada mais é do que uma ferramenta a mais na manutenção para manter os produtos do impresso. Em um dos trechos da entrevista Apêndice A, Cabalau ratifica isso, quando afirma que realmente houve uma falha por parte da produção, a partir da criação do site, mas que a plataforma virtual não obteve desenvolvimento, não houve alimentação de conteúdo novo, e sim uma réplica do que já tinha sido divulgado no jornal impresso, comprometendo sua propagação durante esse tempo.
Dadas essas considerações, observa-se que o jornal O Estado tem, como qualquer empresa, um fator chave que fortalece seus meios de produção e alimenta parte de seus lucros: os leitores. Mas como agradar um público tão distinto? Como satisfazer uma demanda de diferentes gerações?
Lindoso responde que qualquer produto tem como seu alicerce o consumidor, mas que não seria possível classificar esse usuário, uma vez que, ocorrendo isso, o jornal estaria forçando uma limitação, uma fronteira invisível. Portanto, o veículo havia encontrado uma forma de transmitir essa linguagem que correspondesse ao desejo do seu público especifico.
Por mais que esse público-alvo do impresso seja outro, não dá pra você ignorar esse público. Se você vender para um público só, você vai limitar. Hoje em dia, tem um público ali estabelecido, assessores de imprensa, que tem mais acesso ao jornal por ser documento, não que o site não seja, mas é algo mais palpável. O jornal teve que se adequar a essa linguagem do cara mais antigo, que pega o jornal com as mãos, e também esse cara que está nas redes sociais, que está no aplicativo. (APENDICE B)
Nota-se que as opiniões dos profissionais interrogados condizem com a lógica dos autores, como Salaverría. Este foi citado na segunda parte deste trabalho, e afirmava que o homem já era um comunicador multimídia desde os tempos que habitava nas cavernas, o que fundamenta a descrença no fim do formato impresso, o qual pode sim ser aperfeiçoado e acompanhar esse meio de transição tecnológico.
5.2.3. Quanto às mudanças, adaptações e vantagens
Até o momento, foi executada uma análise dos jornais impressos e digitais, observaram-se e compararam-se as concepções de profissionais da área para com o veículo em sua perspectiva atual, suas competências e as causas de seus fortalecimentos. Entretanto, um ponto deve ser abordado quanto às mudanças e adaptações. Desde a aparição de novos meios eletrônicos, como o rádio e a televisão, o jornal precisou reinventar-se durante toda sua vida. Portanto, as mudanças ocorridas foram inevitáveis, assim como a adequação pelas quais esse meio passou.
Há anos, o jornal aqui trabalhado tinha o hábito de divulgar dois cadernos diferentes nos finais de semana: um para o dia de sábado, e um para o dia de domingo, ambos no sábado – o jornal de sábado circulava no início da manhã e a de domingo, à tarde. Mas, como foi questionado ao Diretor de Redação, o jornal fez a união dos dois cadernos, disponibilizando apenas uma tiragem aos sábados, cujo caderno se responsabilizaria pelos dois dias do fim de semana. Perguntado sobre a razão dessa junção, Clóvis responde que essa mudança foi uma iniciativa ousada, e ainda, afirma que foi um incentivo por conta da integração com o jornal digital. Ele confirma que realmente haveria de ter uma queda de leitores do conteúdo impresso, mas que o digital supriria essa necessidade do consumidor em se manter informado. A nova estratégia possibilitou uma significativa redução de custos e ainda o aperfeiçoamento do site para que este tivesse um material especifico e exclusivo aos leitores nos domingos.
À primeira vista, a fusão de duas edições em uma pode sugerir a perda ou redução do conteúdo oferecido aos leitores. Isso ocorreria, de fato, caso o jornal não dispusesse de plataformas digitais bem desenvolvidas e capazes de complementar o noticiário disponibilizado ao leitor comum e ao assinante. O projeto inspirou-se em uma ideia lançada pelo jornal Zero Hora, que lançou sua edição única de sábado e domingo no mês seguinte à de O Estado.
Houve razões muito claras para O Estado adotar essa estratégia. Há anos, as edições de sábado e de domingo circularam no mesmo dia, ambas no sábado - o jornal de sábado no início da manhã e a de domingo, à tarde. Na prática, eram dois jornais circulando no mesmo dia. Com isso, a edição de domingo, que circulava desde a sábado, era a mesma que estaria na banca no dia seguinte. A unificação das edições possibilitou a elaboração de uma publicação ampliada, com cara de fim de semana, além de uma redução significativa de custo de impressão e circulação. Paralelo ao impresso, o site do jornal passou a oferecer aos leitores um Painel de Fim de Semana, com material produzido exclusivamente para publicação digital dos domingos. (APENDICE A)
O entrevistado aponta que um dos fatores importantes, considerado como obstáculo para venda dos impressos em duas tiragens, seria o alto valor de despesas. Portanto, pode-se correlacionar este fato à afirmação de Alejandro Rost que faz uma menção de ligação do leitor ao jornalista. Constata-se, então, que os avanços tecnológicos e o estabelecimento da internet torna-se um instrumento fundamental para auxílio do jornal impresso, visando agradar aos leitores que sentem a necessidade de interatividade. Conforme o entrevistado afirma, a essência que se encontra na plataforma impressa movimenta-se para o meio on-line, o que repercute na atenção para com os consumidores, por meio de matérias com mais qualidade e bem elaboradas.
Questionou-se também ao Eduardo Lindoso se o fator da publicidade não auxiliaria nos custos do jornal. Nesse quesito, ele foi bem enfático e reiterou que não seria possível produzir um jornal sem o uso de anúncios uma vez que este ajuda a sustentar o jornal impresso nos meios do mercado. A única exceção a esse fato seria se ele fosse um veículo totalmente independente
A publicidade acaba concorrendo com a gente na informação. Com essa questão de mercado, é essencial que esse anúncio esteja para manter o jornal, se trata de uma questão de sobrevivência, a não ser que seja um jornal totalmente independente, é praticamente impossível um jornal impresso viver sem publicidade nos dias de hoje. (APENDICE B)
A publicidade é nada mais do que essencial para estruturar esse meio de comunicação. Percebe-se o uso do termo concorrência, e nesse espaço disputado não é possível comparar o uso dos meios e construir uma solução, mas, de fato, a mídia impressa não resistiria sem seus anunciantes. Desse modo, pode-se correlacionar esta questão com o que Caldas (2002) citou na primeira parte desse trabalho, em que ele conclui que a empresa de comunicação impressa tem novas finalidades, entrelaçando a informação com venda de outros produtos.
Atentou-se, então, à relevância de um produto impresso com conteúdos diferenciados, em que seja possível atrair tantas empresas quanto leitores, gerando, portanto, mais renda e a perspectiva de um jornal cada vez mais aperfeiçoado.
Entretanto, ao questionar-se o coordenador de redação sobre os cortes na equipe, ele foi bem sucinto e contradisse a afirmação de Lindoso, mencionando uma queda no mercado publicitário, seguindo a regra de redução de equipe no quadro da empresa.
Sim. O Estado segue uma tendência mundial de enxugamento do quadro nas Redações. A crise de identidade dos impressos e os altos custos de produção, associados à uma queda do mercado (publicitário, inviabilizou o inchaço na equipe, como se via anos atrás. O corte não significou, entretanto, perda significativa de conteúdo. Hoje, o noticiário impresso de O Estado complementa o noticiário veiculado em suas versões digitais e vice-versa. O advento da web jornalismo possibilitou a redução do produto impresso, já que muito do que outrora era retrato em papel não faz mais sentido noticiar, diante do imediatismo dos meios digitais. (APENDICE A)
Porém, ele afirma que o surgimento da web não criou uma ausência tão vasta na divulgação de conteúdo, e ainda completa expressando que ajudou na economia de custos, uma vez que se concretiza o fato de que não se faz necessário repetir uma notícia que já foi publicada em papel, perante o instantâneo.
5.3. Sínteses das entrevistas
Um balanço das entrevistas foi essencial para ajudar a comparar e ter outra visão entre as opiniões de autores com a de profissionais que trabalham no cotidiano de uma redação de jornal. Os depoimentos aqui prestados foram relevantes para responder as dúvidas que cercavam o presente trabalho.
Os entrevistados analisaram distintas questões de modos semelhantes. Mesmo exercendo suas profissões no mesmo veículo, isso não os excluiu de imparcialidade dentro da pesquisa de campo, tendo em vista as comparações com os autores antes citados no trabalho.
Tanto o coordenador de redação quanto o editor de esportes afirmam que o meio impresso não irá sumir, e o fato de existir uma concorrência entre suas plataformas desde os adventos de outros meios de comunicação não teria força o suficiente para extinguir o veículo impresso.
Os entrevistados não creem em um resultado negativo. Em uma mesma linha de pensamento, segundo eles, os jornais impressos irão prosseguir no mercado por muito tempo, incentivados pelas transformações que estão acontecendo e vão acontecer. Eduardo diz: “Se você perceber o jornal está dentro do site, você pode ler o jornal digitalizado, para que você tenha também a possibilidade de ler ele no seu Smartphone. Então, no meu ponto de vista, acaba se fundindo e os públicos vão acabar diferenciando o que querem e o que não querem. Decretar o fim do jornal não, pode até acontecer, mas daqui a muitos anos”. Ou seja, enxerga-se um futuro promissor para o jornal impresso, e se caso ele vier a deixar de existir será daqui a muito tempo.
Enfim, houve uma concordância quanto à inevitabilidade de modificar o produto impresso. Os entrevistados comunicam a obrigação de fazer um jornal mais atrativo, colorido e moderno, que traga conteúdo e que seja de boa qualidade, abrangendo todos os gêneros para conseguir seduzir todos os tipos de públicos de leitores. Relembrando que o impresso tem como foco primordial o leitor, pois ele é o consumidor do produto em questão.
Por último, na pesquisa de campo, através das entrevistas, pôde-se analisar que as ideias de que o jornal impresso está acabando são incorretas. Todos os entrevistados acreditam que aqueles que souberem se reinventar, adaptando-se a explorar os novos meios tecnológicos, irão ter um futuro promissor.
6. CONCLUSÃO
É certo que o veículo impresso é o mais tradicional meio de comunicação e tem como peculiaridade o direcionamento a leitura. É importante ressaltar que este padrão de jornal tem expressão própria (jornalística). Essa mesma atividade busca sempre adaptar-se às transformações da sociedade para que ela não se torne ultrapassada, o que nos instigou a questionar: o jornal impresso vai acabar com o advento das tecnologias? A partir desse dilema, surgiu o presente trabalho.
Não é possível afirmar que esta questão está concluída, pois parece errado afirmar que o impresso está na iminência de findar. Os profissionais da área do jornal impresso trabalharam durante muito tempo com incertezas e receios. Com o surgimento da internet, das mídias digitais e notícias instantâneas, houve muitas dificuldades para essa classe, pelo menos durante o momento em que recearam a mudança.
Não foi a primeira vez que o jornal impresso foi condenado à “morte”. Primeiro surgiu o rádio, depois a televisão e, agora, as plataformas digitais. No entanto, a morte anunciada nunca aconteceu. A TV, o carisma e instantaneidade do rádio não cessaram o veículo impresso. De fato, não é necessário negar que existe uma crise nesse setor, adversidade que parece estar perto do fim. Todavia, o fato dos impressos apresentarem devida resistência aos novos meios e isso não ser ponderado por ninguém é uma grande ironia. A impressão é que as pessoas impõem o pensamento de que, com o surgimento das novas tecnologias, o impresso acabaria.
Dentro desse aspecto, deve-se analisar cada ponto que possa interferir nesse processo. É certo que a defasagem do consumo do produto impresso foi muito justificada pelo surgimento dos meios digitais. Mas outro fator seria a mudança de atitude do leitor atual em relação com o produto. As barreiras econômicas levam à redução de gastos. A plataforma impressa é ainda um produto de alto custo e, por isso, vem sofrendo essa baixa de consumo atualmente.
Devido à alta qualidade de conteúdo, o público tem se tornado mais exigente e mais seletivo com seus gostos, buscando apenas o que lhes interessa. Percebe-se que as pessoas enxergam mais vantagem em migrar para uma plataforma que lhes custará menos. É claro que a resposta para o sucesso não é única, mas distingue-se o empenho para a mudança e adaptação. Durante o estudo, percebeu-se que existem fatores que afetam e outros que fortalecem o jornal impresso. A diferença está na maneira como se encara o veículo, levando em conta o que a plataforma impressa tem de melhor. O meio com o qual o leitor se identifica ao se interessar pelo o que é noticiado no jornal e a escassez de exploração na sua qualidade são as principais condições para crescimento do mesmo.
Analisando por esse ponto de vista em que os diretores, editores, produtores de jornais acatem as mudanças, não existe nenhum fato real que comprove a extinção da mídia impressa. Ressalta-se, portanto, que ao usar o termo “extinção” não nos referimos ao seu retrocesso – sempre é importante deixar claro isso. Decerto, a plataforma impressa não é a tendência do momento, mas é irrefutável sua trajetória.
7. REFERÊNCIAS
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8. APÊNDICES
8.1. APÊNDICE A - ENTREVISTA COM O DIRETOR DE REDAÇÃO CLÓVIS CABALAU – COORDENADOR DE REDAÇÃO
1 - Quando se deu o início da transição de adaptação do Jornal impresso ao digital do “O Estado do MA”?
O Estado inaugurou seu primeiro site em 1995, sendo o primeiro periódico do Maranhão a ter uma página oficial na internet. O site resumia-se a reproduzir na web o mesmo conteúdo do jornal impresso. Este foi um primeiro passo em direção ao jornalismo digital. Infelizmente, esse projeto não foi devidamente desenvolvido nos anos seguintes e o jornal ficou meio que congelado no tempo. Somente em 2012 ocorreu um despertamento para a necessidade (urgente) de haver uma dedicação maior direcionada às plataformas digitais, principalmente com o advento das redes sociais. Hoje, O Estado é um veículo plenamente integrado ao mundo digital, sem, contudo, perder o foco no veículo impresso, que o consolidou como maior e mais importante jornal do Maranhão.
2 - Quando foi feita a juntura dos dois cadernos (o de sábado e domingo)?
A edição única de fim de semana foi uma iniciativa ousada e inédita no estado. O projeto começou em março de 2016 e só foi possível mediante o avanço e a integração do jornalismo digital. À primeira vista, a fusão de duas edições em uma pode sugerir a perda ou redução do conteúdo oferecido aos leitores. Isso ocorreria, de fato, caso o jornal não dispusesse de plataformas digitais bem desenvolvidas e capazes de complementar o noticiário disponibilizado ao leitor comum e ao assinante. O projeto inspirou-se em uma ideia lançada pelo jornal Zero Hora, que lançou sua edição única de sábado e domingo no mês seguinte à de O Estado.
Houve razões muito claras para O Estado adotar essa estratégia. Há anos, as edições de sábado e de domingo circularam no mesmo dia, ambas no sábado - o jornal de sábado no início da manhã e a de domingo, à tarde. Na prática, eram dois jornais circulando no mesmo dia. Com isso, a edição de domingo, que circulava desde o sábado, era a mesma que estaria na banca no dia seguinte. A unificação das edições possibilitou a elaboração de uma publicação ampliada, com cara de fim de semana, além de uma redução significativa de custo de impressão e circulação. Paralelo ao impresso, o site do jornal passou a oferecer aos leitores um Painel de Fim de Semana, com material produzido exclusivamente para publicação digital dos domingos.
3 - Quais os artifícios estão sendo utilizadas pela equipe do jornal para divulgação do conteúdo?
Todo o tempo, novas estratégias aparecem. As redes sociais são um campo aberto, com possibilidades múltiplas. Além do site, o jornal lança mão de todas as plataformas possíveis para propagar o seu noticiário. O mais importante (e isso vale para os estudantes de jornalismo) é a consciência de que o jornal é hoje um veículo multimídia, capaz de dialogar com todas as esferas da comunicação. O Estado está na televisão, pela manhã, com o resumo de suas principais notícias, em um quadro no Bom Dia Mirante; está nas rádios Mirante AM e FM, eventualmente, destacando seu noticiário em programas jornalísticos; está na TV O Estado, por meio de vídeos produzidos para o site ou para enriquecer matérias do impresso; está nas redes sociais em tempo real, etc.
5 - Teve corte na equipe?
Sim. O Estado segue uma tendência mundial de enxugamento do quadro nas Redações. A crise de identidade dos impressos e os altos custos de produção, associados a uma queda do mercado publicitário, inviabilizou o inchaço na equipe, como se via anos atrás. O corte não significou, entretanto, perda significativa de conteúdo. Hoje, o noticiário impresso de O Estado complementa o noticiário veiculado em suas versões digitais e vice-versa. O advento da web jornalismo possibilitou a redução do produto impresso, já que muito do que outrora era retrato em papel não faz mais sentido noticiar, diante do imediatismo dos meios digitais. Em resumo, não há razão para se publicar no dia seguinte um assunto que já se esgotou em sites e redes sociais no dia anterior.
6 - O Jornal Impresso terá um fim?
Uma resposta superficial diria que “sim, vai acabar um dia”. Todavia, se aprofundarmos a reflexão, nos deparamos com um cenário em aberto, já que o mesmo questionamento foi feito sobre o cinema, com o advento da televisão, e com o livro, com advento de meios eletrônicos de leitura, só para citar dois exemplos mais comuns.
A tendência do mercado e o surgimento de uma geração de leitores digitalizada podem apontar para o fim do jornal impresso, seja num futuro próximo ou mais distante. Temos exemplos de jornais (no Brasil e outros países) que se anteciparam a essa suposta realidade futura. Já outros projetam a despedida de seus impressos para daqui a alguns anos. Contudo, é difícil afirmar que o formato tradicional dos jornais vá, de fato, acabar. O mais coerente a dizer, na minha opinião, é que o número de jornais impressos será cada vez mais reduzido com o passar dos anos. Os altos custos de produção, aliados ao avanço do jornalismo digital, inviabilizarão a manutenção de muitos desses veículos.
Entretanto, alguns jornais têm chances de permanecer ativos por mais tempo. Quanto tempo? Não se pode afirmar ao certo. Decerto que esses veículos (inclua-se O Estado) vêm sofrendo mudanças drásticas em sua maneira de fazer jornalismo. Mais enxuto e cada vez mais pautado pela audiência de suas plataformas digitais, os impressos tendem a se tornar cada vez mais analíticos e investigativos, trazendo um conteúdo diferenciado do factual - aquilo que já foi noticiado nos meios eletrônicos -, seja centrado na busca do furo jornalístico ou no aprofundamento do que está repercutindo na web. Com essa postura, aliada a outras estratégias que possam surgir, ou mesmo às incertezas que regem o cenário das comunicações, a longevidade dos impressos possa perdurar.
8.2. APÊNDICE B - ENTREVISTA COM O EDUARDO LINDOSO – EDITOR DE ESPORTE
1 – Como é a diferença da transição do jornal impresso para o digital no seu ponto de vista?
Hoje em dia, mesmo o jornal impresso é feito de outra forma. A notícia que você redige para o jornal do dia seguinte já está no site e aplicativos. Então, tem que estar produzindo um material diferenciado e mais amplo com outra visão justamente para competir com a internet. Como o jornal impresso sai no dia seguinte, é justo que saía com informações a mais. De fato, é uma competição justa, então sim, é completamente diferente fazer jornalismo impresso na era digital. Depois que o jornal impresso se inseriu nesse contexto tecnológico, até a forma de edição de fotos mudou. Temos mais fotos conceituais, que pareçam de sites, com títulos mais “brincadeira”.
2 – Com relação à diferenciação do público-alvo, como tem sido a seleção?
Por mais que esse público-alvo do impresso seja outro, não dá pra você ignorar esse público. Se você vender para um público só, você vai limitar. Hoje em dia, tem um público ali estabelecido, assessores de imprensa, que tem mais acesso ao jornal por ser documento, não que o site não seja, mas é algo mais palpável. O jornal teve que se adequar a essa linguagem do cara mais antigo, que pega o jornal, e também esse cara que está nas redes sociais, que está no aplicativo.
3 – Como você encara o fator publicidade?
A publicidade acaba concorrendo com a gente na informação. Com essa questão de mercado, é essencial que esse anúncio esteja para manter o jornal. Trata-se de uma questão de sobrevivência. A não ser que seja um jornal totalmente independente, é praticamente impossível um jornal impresso viver sem publicidade nos dias de hoje.
4 – Você não enxerga o fim do futuro do jornal impresso? E sim uma adaptação?
Eu não enxergo o fim, mas eu vejo da mesma maneira que aconteceu com o rádio, com a televisão, como o próprio telefone. Ao rádio, pregou-se que iria acabar com o surgimento da TV, não acabou. Pregou-se que o rádio ia acabar com o surgimento da internet, não acabou, o rádio foi para a internet. Hoje em dia, você ouve a tua rádio na internet, tem que se adaptar. Como antigamente não tinha internet, tinha muito mais leitores de jornal, mas acredito que o veículo vá se adaptando a essa nova linguagem para que ele não seja “engolido”. Se você perceber, o jornal está dentro do site, você pode ler o jornal digitalizado, para que você tenha também a possibilidade de ler ele no seu Smartphone. Então, no meu ponto de vista, acaba se fundindo e os públicos vão acabar diferenciando o que querem e o que não querem. Decretar o fim do jornal não, pode até acontecer, mas daqui a muitos anos.
Por
Amanda Stheffany Vieira da Silva
Karlene Coelho Sousa
Kesya Cristina da Silva Cruz
Maria Gabriela Costa Vilela Ferreira
Publicado por: Maria Gabriela costa Vilela Ferreira
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