Momentos Conectados: A Internet das Coisas e Sua Influência no Marketing Digital nos Próximos Anos
índice
- 1. RESUMO
- 2. INTRODUÇÃO
- 3. O FENÔMENO DA INTERNET DAS COISAS E A TECNOLOGIA
- 4. INTERATIVIDADE
- 5. CLOUD E BIG DATA
- 6. APLICAÇÕES DA INTERNET DAS COISAS
- 7. APLICAÇÕES DA INTERNET DAS COISAS NO MARKETING DIGITAL
- 8. MARKETING DIGITAL
- 9. MARKETING DE CONTEÚDO
- 10. NOVAS APLICAÇÕES DE MARKETING ATRAVÉS DA IOT
- 11. Internet das Coisas no Produto
- 12. Internet das Coisas na Praça
- 13. Internet das Coisas no Preço
- 14. Internet das Coisas na Promoção
- 14.1 BENEFÍCIOS DA IOT PARA A SOCIEDADE SOB O VIÉS DO MARKETING
- 14.2 PARÂMETROS DE PROGRESSO PARA A IOT
- 14.3 PROJEÇÕES PARA O FUTURO BASEADAS NA REALIDADE ATUAL
- 15. DECORRÊNCIAS SOBRE A IOT NA COMUNIDADE
- 16. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 17. REFERÊNCIAS
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1. RESUMO
A tecnologia avança em velocidade estrondosa e isso tem revolucionado a maneira em que a sociedade se comunica, relaciona e vive, de uma maneira geral. O presente estudo teve por objetivo avaliar a internet das coisas: um dos fenômenos que surgiram nos últimos anos e tem trazido várias novas ferramentas e possibilidades para o marketing. Considerando que o marketing se vale de um grande conjunto de métodos no intuito de comunicar alguma mensagem, foram levantadas quais as possibilidades que essa tecnologia pode trazer para agregar aos métodos usados atualmente e quais os benefícios que a sociedade pode obter com essas mudanças, a partir da observação de parâmetros tecnológicos, pesquisa descritiva e bibliográfica, que revelaram que, cada vez mais conectados e com acesso a grandes níveis de informação, as pessoas são melhor atingidas por anúncios e ações de marketing que contenham conteúdo ou algum tipo de relevância para elas – de forma que as alternativas trazidas pela internet das coisas serão bastante oportunas tanto para o marketing digital e também para os consumidores, trazendo uma série de novas maneiras de conexão e obtenção de informação com produtos, displays, dispositivos e uma série de outros objetos inanimados – melhorando a decisão de compra e a procura por produtos e soluções adequadas para as mais diversas necessidades.
Palavras-chave: Internet das Coisas; Marketing Digital; Comunicação; Benefícios; Sociedade.
Lacerda, Pedro Eduardo. Conected Moments: the internet of things and its influency on digital marketing in the next few years. 2017. 34. Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda – Anhanguera Educacional, Anápolis, 2017.
ABSTRACT
Technology has advanced in an amazing speed and this has revolutionized the way society communicates, relates and lives, in a general way. This study aimed to evaluate the internet of things: one of the phenomenon that have emerged in recent years and brought several new tools and possibilities for marketing. Whereas marketing use a great set of methods in order to communicate a message, the new possibilities of this technology were surveyed to analyze what this can bring to add to the methods used today by digital marketing and what benefits society can obtain with it. The observation of technological parameters, descriptive research and bibliographical research were the methods used to arrive to the conclusion that increasingly connected people with access to large levels of information are better reached by marketing actions with real content. This way, the alternatives that the internet of things brings to digital marketing will be as great for itself as for society, bringing new possibilities in connection and information obtaining with products, displays, gadgets and a series of inanimate objects – making the process of purchase decision, the search for products and the offer suggestions by the companies much more easy for the most diverse needs.
Keywords: Internet of Things; Digital marketing; Communication; Benefits; Society.
2. INTRODUÇÃO
Especialistas apontam que a internet das coisas deve gerar uma verdadeira revolução tecnológica que terá impacto sobre todo o trabalho de marketing. A IoT (Internet of Things), como é chamada, possibilitará num futuro próximo, conectar pessoas, objetos, localidades e uma infinidade de “coisas” em uma grande rede interativa.No presente estudo, o fenômeno da Iot será analisado segundo o viés do marketing, pensando em uma projeção futura voltada para o que essas transformações tecnológicas – e consequentemente sociais – podem trazer de benefícios à sociedade. Não obstante, vale lembrar que essas mudanças comportamentais na forma de consumir ocorrem como numa via de mão dupla. As transformações comunitárias são influenciadas pelo avanço tecnológico, e vice versa, de modo que acompanham uma transição social onde as pessoas, em especial as novas gerações – mas não só elas – carecem de novas formas de interação com as marcas, personalização de produtos e serviços, e, principalmente comodidade na hora de comprar.
Nesse contexto, a proposta de trabalho científico objetiva analisar como a internet das coisas pode influenciar o marketing e quais os benefícios que esse fenômeno pode trazer para a vida das pessoas num futuro próximo. Para tanto, serão apresentados conceitos, definições e as ferramentas necessárias (algumas já existentes e outras que ainda deverão surgir, segundo previsões) para construir uma publicidade mais inteligente.
Para descrever o que se pode aprender com as mudanças comportamentais que vem sendo provocadas pelo advento da internet das coisas e pelo marketing eletrônico em geral, é necessário entender esse fenômeno como um processo amplo para depois aplica-lo ao marketing, a fim de debater em que a sociedade pode se beneficiar com isso e o que deve acontecer no futuro. Diante disso, esse estudo tem como objetivos examinar o fenômeno da internet das coisas e o que ele significa para a sociedade, discutir projeções futuras para a internet das coisas e suas aplicações no marketing digital e avaliar os fatores da internet das coisas que se aplicam em favor da sociedade através da comunicação.
Foram aplicadas diferentes técnicas e estratégias para se obter o conteúdo do qual o presente estudo necessita. Por se tratar de um tema incomum e profundamente interligado entre três diretrizes (Internet das Coisas, Marketing e os benefícios para a sociedade), os métodos aqui descritos formam, na verdade, uma combinação entre procedimentos científicos amplamente testados e comprovadamente aceitos pela comunidade – que, combinados entre si, puderam fornecer condições de se aprofundar no problema proposto.
A pesquisa descritiva é o norte do desenvolvimento deste artigo, uma vez que se tornou necessário descrever e analisar as relações entre fatos e fenômenos e como eles interagem entre si. Outra parte importante desse processo foi definida pela pesquisa bibliográfica, realizada a partir dos autores aqui referenciados, variando entre as áreas de estudo da tecnologia, do marketing, da comunicação em geral e, por vezes, da sociologia – este último, afim prever os benefícios que o fenômeno estudado poderá trazer para a sociedade.
Para aplicar todos os conceitos e estudos analisados à realidade do ano de 2017 (no qual esse trabalho está sendo desenvolvido) e para um futuro próximo (para o qual se considera “próximo” a quantidade aproximada de 20 anos), foi praticado a pesquisa descritiva para coletar dados e aferir as expectativas de leigos e especialistas em relação à Internet das Coisas e a receptividade da comunicação proveniente de marcas distintas. De maneira sistêmica, a relevância da comunicação exercida e como o consumidor reage a esses estímulos – sensivelmente à sua relevância ou à falta dela - foi analisada através da pesquisa aplicada, método pelo qual pode-se obter um esboço de qual a carência de relevância que os consumidores têm em relação ao que lhes tem sido comunicado, e assim projetar definições para como a Internet das Coisas deverá agir para atingir essas expectativas atuando nos quatro “P”s de mix de marketing: produto, praça, preço e promoção.
3. O FENÔMENO DA INTERNET DAS COISAS E A TECNOLOGIA
O Termo ‘Internet das coisas” foi utilizado pela primeira vez em 1999, por Kevin Ashton, numa apresentação para executivos da Procter & Gamble. Ashton, que é pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT) usou o termo – que mais tarde foi apelidado de “IoT”, ou Internet of Things – para fundamentar sua ideia de etiquetar roupas eletronicamente e facilitar a logística da cadeia de produção.
O próprio pesquisador disse certa vez, em entrevista à FINEP, que o termo “pode nem ser tão brilhante”, mas o fato é que ele logo se popularizou. Não obstante, apesar de o termo ter sido definido à beira dos anos 2000, o conceito de IoT começou a ser aplicado em estudos e pesquisas principalmente a partir de 2005, mostrando que a expressão foi cunhada e se fixou antes mesmo de carecer de um termo que lhe definisse.
Segundo Tanenbaum (2002), “Rede de Computadores é um conjunto de computadores autônomos interconectados por uma única tecnologia”. A internet das coisas, por sua vez, parte do pressuposto de que ativos remotos estejam conectados à internet e troquem informações entre si. Pode-se fazer uma analogia entre a internet convencional – que conecta pessoas às coisas - e a internet das coisas, que conecta essas coisas a outros objetos eletrônicos – ou dotados de um recurso eletrônico integrado, e, ainda assim, revolucionando a relação do sistema convencional, onde um receptor humano não é indispensável.
4. INTERATIVIDADE
O primeiro navegador gráfico de internet que se tornou relativamente popular, o Mosaic, foi criado por Marc L. Andreesen e Eric J. Bina no NSCA (National Center For Super-Computing Applications, ou algo como “Centro Nacional para Aplicações de Super-Computação”, em tradução livre). O Mosaic proporcionou ao usuário, pela primeira vez, uma interface que possibilitava explorar de forma gráfica e multimidiática a grande quantidade de informação distribuída na Internet em uma época onde o acesso à web estava começando a se expandir mais rapidamente, fora dos domínios das universidades e muitas instituições industriais.
Lançado em 1993, o Mosaic é, por muitos, considerado o início da internet como é conhecida hoje. O acontecimento foi tão grande, que a universidade de Illinois posicionou uma placa em seu campus com os dizeres “[...] Mosaic gave internet users easy access to multimedia sources of information. Web browsers have transformed the exchange of information”, algo como “O Mosaic deu aos usuários de internet acesso fácil à fontes multimidiáticas de informação. Navegadores web tem transformado a troca de informação”.
A importância atribuída assim à criação de um software em 1993, enquanto a internet ainda não era nem de fato popular ou fundamentalmente funcional, demonstram a importância para a rede e a tecnologia de um fator chamado de interatividade.
A interatividade é a capacidade que conecta a primeira ponta de um sistema, o usuário, com as demais, eletrônicas. A (quase) revolução do Mosaic pode ser comparada, nesse sentido, à popularização do mouse, lançado pela Apple e impulsionada pela visão deveras revolucionária de Steve Jobs, que, juntamente com Bill Gates e seu produto estrela “Windows”, também foi responsável pela transição de interfaces formadas puramente por texto para interfaces gráficas nos computadores na década de 80.
O fato de um sistema possibilitar a interação – e não só possibilitar como também provê-la de forma funcional, intuitiva e conveniente – deixou de ser apenas um dos fatores de sucesso de um sistema para se tornar imprescindível na época contemporânea. A grande diretriz para o desenvolvimento de um software ou site, por exemplo, é o usuário. Este, deve se sentir confortável e navegar de maneira fluída dentro das etapas de uma aplicação.
Dessa maneira, um dos propósitos da internet das coisas é facilitar a interatividade dos gadgets no dia a dia, bem como automatizar parte disso. De maneira paradoxal, quanto mais a IoT avançar tecnologicamente e começar a fazer cada vez mais parte do dia a dia de uma pessoa comum, a interatividade direta do usuário com a rede diminuirá, uma vez que essa interação será feita diretamente entre os pontos da rede, de maneira automática ou provocada, mas tirará das mãos do usuário o dever de executar todas as etapas de um sistema, porque a inteligência contida nos softwares que gerenciarão esse conjunto de elementos interligados será capaz de tomar decisões ao longo do processo.
5. CLOUD E BIG DATA
Para que a IoT seja um caminho viável de implantação de sistemas, é necessário uma grande quantidade de informação e inteligência armazenada. O conceito de computação em nuvem de informação, a cloud (que, no Brasil, é chamada simplesmente de “nuvem”) foi desenvolvido há poucos anos – e, como praticamente tudo na internet, é relativamente novo – mas já faz parte do cotidiano da maioria das pessoas.
A nuvem parte do princípio de arquivos e aplicações armazenadas em servidores compartilhados, espalhados fisicamente pelo mundo todo. Isso possibilita o provisionamento dinâmico de recursos sob demanda, com mínimo de esforço, uma infinita escalabilidade e possibilita o surgimento de serviços como o uso do recente de "utility computing", onde a cobrança pelo espaço usado é baseada na demanda de uso do recurso em vez de uma taxa fixa.
Essa grande quantidade de informação já existente forma um fenômeno corrente conhecido como big data, que é o termo cunhado para descrever o imenso volume de dados que são utilizados por empresas para obter informações sobre comportamento e consumo dos mais variados tipos de pessoas em todas as partes do mundo. Barret (2012) exemplifica a quantidade existente de dados na nuvem em 2012 (cerca de 4000 exabytes) comparando com uma pilha de livros que vai do planeta Terra à Plutão e volta 80 vezes. Esse número pode ser considerado fascinante se considerado que toda essa quantidade de informação em potencial foi criada apenas nas últimas duas décadas.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) publicou em 2015 um estudo que mostrava que já existem mais de 7 bilhões de celulares no mundo. Segundo a agência da ONU, em 2000, o número de aparelhos celulares ainda era de 738 milhões. No entanto, o mesmo estudo mostra que 4 bilhões de pessoas, predominantemente em países em desenvolvimento, não tem acesso à internet. Isso permite inferir que a grande quantidade de dados existentes na internet está concentrada em uma parcela surpreendentemente pequena de pessoas, e que à medida em que o acesso à internet aumentar – algo que já acontece exponencialmente -, o big data deve aumentar também de forma exponencial, visto que essas pessoas não apenas produzem conteúdo, mas também interagem entre si, de forma que essa interação entre indivíduos deve aumentar, também, mais ainda do que o que está contido nos conteúdos individuais.
A ESPM lançou, em 2016, o primeiro curso de MBA brasileiro em Big Data aplicado ao marketing. O contexto do surgimento de um curso como esse reflete uma tendência de mercado onde cada vez mais executivos de grandes corporações procuram soluções no assunto para aplicar em suas empresas – e esses profissionais ainda são escassos. A mineração de dados, modelagem informacional, visual information systems, digital analytics, costumer insights e outras disciplinas fazem parte da grade curricular, e, segundo a Escola Superior de Propaganda e Marketing, todas são voltadas para o comportamento do consumidor – dado a quantidade de informações que os indivíduos deixam em forma de rastro nas redes e que são de grande valia para as empresas se estruturadas de forma lógica, podendo orientar as tomadas de decisões corporativas.
O fato é que esses dados existem e são gerados a partir de dispositivos com capacidade tecnológica inimaginável até uma década atrás, mas que já estão impregnados no cotidiano das pessoas de todo o mundo – como os celulares, tablets e computadores, capazes de acessar (e produzir) essas informações em forma de sites, textos, imagens, estatísticas e as mais variadas formas, de maneira simplória, e isso já é considerado natural pela maior parte das pessoas.
6. APLICAÇÕES DA INTERNET DAS COISAS
O impacto dos avanços tecnológicos na sociedade é natural conforme o ritmo de vida das pessoas se alterar de maneira espontânea. A sociedade está prestes a conectar o mundo físico e quase tudo que o compõe à internet, tornando o um composto de coisas na internet das coisas.
A definição de “coisas” neste contexto significa, literalmente, todas as coisas físicas existentes ou que um dia existirão: objetos, máquinas, bens, prédios, veículos, animais, pessoas, plantas, solo, etc. Tomando, por exemplo, uma cadeira específica posicionada em um determinado ponto do mundo, a internet das coisas explica que será possível saber, de qualquer lugar, vários tipos de informações sobre ela – como quem está sentado em um exato momento, por exemplo.
Para que isso aconteça, alguns fatores são necessários. Primeiramente, o objeto deve ter uma identidade única, para que possa ser diferenciado de todos os similares existentes e provenientes, como através de um protocolo digital de identificação; segundamente, é necessário que esse objeto seja capaz de se comunicar através da internet; à seguir, é preciso que ele tenha sentidos, em alguma forma prática, que consigam captar informações sobre o objeto em si, o ambiente que o envolve ou as interações das quais está participando. Por último, o pressuposto da Internet das Coisas espera que algum dispositivo eletrônico seja, a partir das informações obtidas, capaz de controlar o objeto remotamente. O ponto de controle pode ser um smartphone ou até dispositivos muito pequenos como nano chips instalados em um sistema maior.
Uma vez que esse sistema esteja avançado, os benefícios para as mais diversas atividades, das mais simples às mais complexas, são inúmeros. É possível imaginar embalagens codificadas que possam ser lidas por um smartphone de forma que se possa descobrir coisas sobre um produto num supermercado, como um alimento, por exemplo. Seus ingredientes, como é feito, o que outros consumidores dizem sobre aquela marca, etc., formando um novo jeito de aprender sobre as coisas, e novas formas inimagináveis de interação, não só tecnológicas como também sociais.
Zambarda (2014), resume a “Internet das Coisas” como um termo que se refere a uma revolução tecnológica que em breve conectará equipamentos como eletrodomésticos, meios de transporte, roupas, maçanetas e praticamente quaisquer tipos de objetos à Internet e a outros dispositivos, como computadores e smartphones. Essa nova realidade, por sua vez, significa para o marketing uma infinidade de novas possibilidades.
7. APLICAÇÕES DA INTERNET DAS COISAS NO MARKETING DIGITAL
7.1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE MARKETING
Existem várias definições, diversos tipos diferentes de marketing, como também existe certa polêmica em torno da manifestação desse termo tão complexo. Autores vem criando novas explicações para o conceito de marketing a cada ano, atualizando segundo às novas realidades emergentes. No entanto, o único consenso em meio a essa discussão é que não há apenas uma definição, mas o conceito é um termo dinâmico que pode ser referir a vários aspectos de uma mesma manifestação, de acordo com o viés analisado.
Phillip Kotler (2010) - considerado unanimemente como o “guru” do marketing pelos especialistas envolvidos no desenvolvimento científico e prático do assunto - define marketing como “a ciência e a arte de explorar, criar e entregar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com lucro” e completa “O Marketing identifica necessidades e desejos não realizados.“
Por ter essa característica corporativa, a “mercadologia” (tentativa brasileira de tradução do termo) se comporta como um conjunto de técnicas e ferramentas usadas para nortear o gerenciamento de uma empresa, produto, serviço, ideia, etc. – e não deve ser confundido com propaganda. Esta útlima é um dos quatro “Ps” definidos por Kotler, importante componente do processo, mas apenas parte dele. É importante lembrar, também, que o marketing contém a propaganda, não o contrário, nem tampouco são equivalentes na hierarquia de um processo comunicacional.
Dias (2004), por sua vez, afirma que o marketing é a função empresarial que cria continuamente valor para o cliente e gera vantagem competitiva duradoura para a empresa, por meio da gestão estratégica das variáveis incontroláveis de marketing: produto, praça, preço e promoção.
O conceito dos quatro Ps é, então, composto por quatro diretrizes exploradas de maneira sistêmica, se interferindo mutuamente e orientando o processo de marketing. Para se fazer uma breve conceituação, “produto” se refere ao que está sendo oferecido ao cliente (podendo ser, de fato, um produto, serviço, ideia, evento, pessoas, lugares, ou um misto de todas essas); “praça” se refere aos canais de venda e distribuição, assim como tudo que os compõem; “preço” engloba todas as características de valor de mercado, formas de pagamento e a parte econômica desse transcurso; “promoção”, por sua vez, é onde a propaganda está no centro, junto a todas as outras formas de, literalmente, promover o que está sendo oferecido, como campanhas publicitárias, ações de merchandising, eventos e todos tipos de mídia, convencional ou não, que estejam sendo ou possam vir a ser utilizados em favor da divulgação do que é ofertado ao público.
“Normalmente, o marketing é visto como a tarefa de criar, promover e fornecer bens e serviços a clientes, sejam estes pessoas físicas ou jurídicas. Na verdade, os profissionais de marketing envolvem-se no marketing de bens, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias. ” (KOTLER, 2000)
O marketing enquanto ferramenta, atua não só na estrutura comercial de negócios como também na construção de marcas fortes, na informação e conteúdo levados ao cliente, na diferenciação de produtos e serviços, etc., e por isso se define em um conceito dinâmico de infinitas possibilidades que aumentam extraordinariamente conforme o avanço da tecnologia cria novas perspectivas para os profissionais da comunicação – de maneira destacada, nos componentes de marketing atuantes em redes digitais. Estas redes citadas incluem, juntamente com seus componentes, a Internet com site, blogs, redes sociais e outros formatos que surgem a cada dia.
8. MARKETING DIGITAL
O marketing digital se define pelos mesmos conceitos do marketing tradicional, mas as ferramentas utilizadas para exerce-lo diferem do anterior. Segundo Limeira (2000), na realidade do século 21, a partir da difusão da internet, o cliente controla a quantidade e o tipo da informação recebida, e isso implica em uma série de mudanças na forma como o marketing é trabalhado.
Essa diferenciação causa grande dissensão de ideias entre os autores que experimentam definir o marketing digital. Alguns, inclusive, afirmam que o conceito de marketing digital não existe por si só, mas que ele é apenas o marketing primordial aplicado sob canais eletrônicos. Não obstante, indiferentemente do consenso nesse debate, o fato é que o marketing digital é uma realidade aplicada à todas as empresas que lideram a vanguarda da comunicação nas mídias atuais. Estas empresas, por sua vez, alcançaram esse patamar, principalmente, por acompanhar com sucesso as mudanças mercadológicas e sociais que compõem o macroambiente onde estão inseridas.
“Com a evolução da tecnologia da informação e da comunicação, especialmente a internet, o marketing evoluiu para o chamado marketing eletrônico, e-marketing ou marketing digital, conceito que expressa o conjunto de ações de marketing intermediadas por canais eletrônicos, como a internet.” (LIMEIRA, 2000, p. 4).
Conforme Drucker (1999) confirma, um dos maiores desafios de gestão a ser enfrentado pelas empresas do século XXI é a expertise necessária para atuar em um ambiente volátil que está em constante mutação, acompanhando gradativamente as transformações sociais que se originam dela.
9. MARKETING DE CONTEÚDO
A sociedade encara uma geração que filtra muito bem os conteúdos que recebe, fato que se deve em parte ao aumento da quantidade de informação despejada nas pessoas todos os dias, por tantos canais, como também ao aumento da formação e instrução das pessoas - que se dá, ironicamente, pelo mesmo desaguadouro de dados que hoje é o terreno de atuação do marketing eletrônico: a internet.
Diante desse contexto, Vaz (2010), diz que o marketing se modificou em suas táticas de forma que acompanhasse as transformações que vem acontecendo no mundo, não apenas com os negócios, mas também com o estilo de vida das pessoas. Entender o mercado sempre foi o foco do marketing, e hoje, a forma natural de fazer isso é interagir com o público é falar sobre o que ele quer ouvir. Essa situação revolucionária gerou uma série de ferramentas e uma forma de atuação inédita que foi logo conceituada como marketing de conteúdo.
O Instituto de Marketing de Conteúdo (Content Marketing Institute – sediado em Nova York) define sua disciplina de estudo como sendo uma abordagem estratégica de marketing na intenção de criar e distribuir conteúdo valioso e atrativo que capture e retenha um público-alvo bem definido e, em última instância, dirija as ações desse público para um retorno lucrativo.
Isso compreende, em termos práticos, as atividades baseadas em relacionamento, geralmente à longo prazo, com os consumidores em potencial, através de conteúdo relevante difundido pela internet, principalmente em blogs e redes sociais.
Essa ideia de marketing de conteúdo é relativamente recente, mas é possível notar embriões desse processo em cases bastante anteriores à emergência da internet. Exemplo disso é a John Deere, empresa americana tradicional na fabricação de tratores agrícolas e máquinas rodoviárias usadas na construção civil. A empresa lançou, em 1897 uma espécie de revista trimestral chamada “The Furrow”, que trazia dicas e informações valiosas sobre agricultura, pecuária e equipamentos, sem conteúdo comercial direto, ainda no século XIX – e é considerada a primeira aplicação do marketing de conteúdo na história da comunicação.
Vale ressaltar que a John Deere não só é hoje a maior companhia de equipamentos agrícolas de pequeno, médio e grande porte do mundo, com aproximadamente 27% de market share no segmento de tratores como também é detentora de uma das marcas mais fortes no segmento agrícola, que deu origem a uma grife de camisetas, botas, utensílios, brinquedos em miniatura etc., e que representa grande parte da receita da companhia nos dias atuais.
Anos depois de The Furrow – mas ainda bem distante da internet como é conhecida hoje - a Marvel se unia com a Hasbro para lançar a série em quadrinhos “G.I. Joe – A Real American Hero”. Essa ação teve foco unicamente em fornecer uma história de apoio para a série brinquedos de ação homônima que acabou se consolidando num sucesso na década de 80, se tornando um dos grandes ancestrais do marketing de conteúdo e provando que, na prática, o conteúdo é uma grande chave para conseguir a atenção do público.
Com sucesso, na maioria das vezes, a atuação baseada em conteúdo representa ir além do marketing tradicional e passar a ter alguma valia para o cliente, em um sistema onde não só o produto oferecido serve para resolver um problema, mas também a comunicação que o engloba assume esse papel. Isso configura um esforço cada vez mais inevitável de construir na figura da comunicação um aliado da comunidade que lhe escuta, na intenção de ser notado e se tornar relevante. A verdadeira guerra do mercado deixa de acontecer na mídia para tomar palco na mente do consumidor – que, diga-se de passagem, é um cenário bem mais complexo.
Para tanto, não só o conteúdo é necessário, mas antes de tudo, a relevância da comunicação para o consumidor em potencial. Não obstante, a conveniência do que está sendo dito é tão ou mais importante que os canais usados para fazê-lo – sejam esses canais tecnológicos ou não.
10. NOVAS APLICAÇÕES DE MARKETING ATRAVÉS DA IOT
A prospecção para o futuro da internet das coisas, essa ciência que hoje é apenas um embrião, é que num futuro próximo as pessoas possam controlar casas, carros, industrias, objetos etc., a partir de gadgets e, com os avanços tecnológicos, que o marketing se utilize de todas essas oportunidades para estar conectado com as pessoas (que agora deixam de ser apenas clientes e passam a ser personas a partir do momento que as marcas interagem com elas em um nível pessoal). A internet das coisas é sobre informações. E informação é benefício. A grande questão, pois, é quais benefícios práticos poderão ser extraídos dessa revolução da comunicação digital.
Pode-se imaginar uma situação que muito bem exemplifica a aplicação da IoT no marketing em benefício da sociedade a partir de um exemplo dado pelo Dr. John Barret na palestra “The Internet of Things” onde o pesquisador ilustra uma cena em que uma pessoa qualquer, dirigindo na estrada com seu relógio constantemente conectado através de dados móveis – interagindo com a rede e com a persona –começa a adormecer no volante e o dispositivo pode, automaticamente, não só apitar para acordar o sujeito, como também mostrar um anúncio de uma Starbucks próximo àquela estrada pra que ele pare um pouco e tome um café. Essa simples ação, por si só, implica em um anúncio e dois benefícios para o indivíduo: a segurança e um anúncio relevante. Cabe aos profissionais de marketing, portanto, raciocinar em como aplicar essa perspectiva inovadora às ferramentas habituais mercadológicas.
11. Internet das Coisas no Produto
A tecnologia da internet das coisas possibilitará também monitorar objetos. Isso quer dizer que será possível observar produtos e seus elementos remotamente, e entender como os usuários interagem com eles. Essa é uma oportunidade viável para o ponto de venda, onde poderá ser observado quanto tempo um consumidor em potencial observa uma embalagem, se lê um rótulo, quais características são mais relevantes para ele, etc. Depois de feita a compra, a partir da grande quantidade de informações coletadas sobre o indivíduo desde o primeiro contato com o produto até um cadastro para compra final, por exemplo.
Em determinado momento, esse cadastro nem será necessário, pois a maior parte das informações relevantes já estão contidas nas redes sociais, e isso tende a aumentar. Esse processo de coleta será, num futuro próximo, até mais fecundo do que um formulário de contato, uma vez que no Big Data estão contidos dados sobre as experiências e interações dessa pessoa, bem como influências sociais e culturais, de forma que seria impossível ser tão eficiente coletando dados apenas preenchendo uma ficha. Aqui está também o benefício para o comprador, que não quer e nem ao menos tem tempo à perder para parar e preencher uma ficha.
O fabricante desse produto hipotético terá em mãos, então, um guia completo de sua buyer persona, que cruzado com outros pode lhe dar uma ideia completa dos traços de personalidade e comportamento associados a compra de seu produto – e não só, mas essa coleta de dados anônima (tendo dito que a segurança dessa imensa série de dados é a segurança e ética na utilização das informações) lhe fará entender melhor como o produto é usado, com que frequência, quais recursos funcionam melhor e quais não funcionam, qual o grau de satisfação do usuário, qual o tempo médio de obsolescência de cada recurso ou componente, etc. Esse processo estruturado refletirá em melhorias e avanços tecnológicos em velocidade recorde, e facilitará a automatização do pós-vendas, que terá a chance de oferecer um reparo antes mesmo que ele seja necessário, garantindo a melhor experiência possível para o utilizador.
12. Internet das Coisas na Praça
Os sistemas logísticos de distribuição no Brasil é obsoleto e gera insatisfação na maior parte das pessoas que o utilizam, por falta de opção. Longos prazos, rastreamento impreciso e geralmente desatualizado, canais mal aproveitados e uma série de aborrecimento retratam o mercado de transporte de mercadorias - não como exclusividade brasileira, mas, o fato é que as formas de logística usadas no mundo todo estão defasadas. Isso configura um embaraço nas compras online, que, apesar de serem terem uma demanda crescente, evoluíram muito mais nos últimos anos do que as formas de distribuição puderam acompanhar – mas a internet das coisas assistirá nisso também.
O simples fato de se ter um protocolo funcional de identificação e rastreamento já representará um progresso bastante considerável na entrega de produtos – afinal, poder acessar em tempo real o progresso (como um GPS orienta um motorista com precisão admirável) de uma mercadoria recém comprada será uma ótima forma de relacionamento com o cliente, representando uma dianteira em relação com os consumidores para as primeiras empresas que implantarem um sistema como esse.
A partir das informações cada vez mais integrais obtidas dos dados coletados dos indivíduos compradores, será possível também aferir com precisão vanguardista os melhores canais de distribuição, melhores canais de divulgação, regiões com mais potencial de compra (melhorando o aproveitamento de estocagem, impedindo produtos perecíveis de envelhecerem em prateleiras, evitando acúmulo de estoque e economizando em transporte de mercadorias por exemplo) e enfim, de maneira geral, definir onde e quando um serviço ou produto deverá estar acessível ao público.
13. Internet das Coisas no Preço
A sobrevivência de um negócio está intimamente ligada a uma boa gestão da parte econômica dos processos que a lhe comprometem. O exórdio da internet das coisas já mudou a forma como pagamentos são feitos. O conceito de troca de valores, que não é nada novo, mudou drasticamente com o surgimento da moeda física, que substituiu o escambo, partindo do valor intrínseco de uma mercadoria para o valor representativo do dinheiro. Todavia, uma nova revolução tem acontecido atualmente, onde a sociedade abstraiu tanto o conceito de dinheiro, que está passando por uma transição de trocar notas físicas para trocar informação digital, a partir de cartões de crédito, internet banking, aplicativos como Pag Seguro, passando por várias formas de transação monetária sem o uso de moedas físicas – apesar de que baseado nelas – para até moedas inteiramente digitais.
Essa nova realidade não só aumenta a segurança das operações financeiras como também dá origem a vários negócios. Exemplo disso é o surgimento de negócios como Pag Seguro, Pic Pay, Mercado Pago, Paypal, Moip, NuBank (e os outros vários bancos digitais emergentes), bitcoins, e vários – modelos de negócio impensáveis sem a tecnologia dos smartphones, mas baseados em conceitos tão simples que seriam entendidos há décadas atrás. Faltava, pois, a tecnologia para implementá-los.
A internet das coisas deve também conectar uma grande rede integrada de informações entre empresas. Isso pode ser facilmente viabilizado tanto pela troca dessas informações entre o próprio mercado – ou empresas responsáveis por mineração de dados – quanto por sistemas alimentados pelos próprios consumidores, o que possibilitará comparação de preços em tempo real, e, indo além do conceito de dinheiro, uma definição apurada de valor atribuído aos produtos e seus diferenciais. Essa prática pode ocasionar no surgimento de preços cada vez mais sazonais que acompanham as mínimas mudanças do mercado como também ações promocionais relacionadas a custos personalizados, dicotomizados entre pessoas físicas e jurídicas, clientes novos e clientes fiés, estudantes e profissionais ou simplesmente segmentados por idade por exemplo. Tudo isso em uma velocidade extraordinária.
14. Internet das Coisas na Promoção
A propaganda talvez receba os maiores proveitos da internet das coisas dentre os quatro Ps do marketing. Barret (2012) prevê que no ano de 2032 cada pessoa esteja cercada por entre três a cinco mil coisas conectadas, diariamente – e acrescenta que isso será revolucionariamente transformador. Cada um desses objetos será um ponto em uma imensa rede de conexões e cada ponto de contato representa uma nova possibilidade de promover algo.
O montante de informações obtido através da IoT possibilitará não só avanço da expertise nos canais de distribuição física, mas também nos canais de distribuição de anúncios. A propaganda moderna tem se baseado cada vez mais em dados e não somente em ideias. Estes, suportam as boas ideias e refinam o processo de leva-las com o melhor aproveitamento possível até o expectador, e com o progresso tecnológico, esse fator não deve parar de aumentar nunca mais.
A performance dos esforços de mídia será ampliada proporcionalmente à interligação dos meios e veículos, possibilitando um mapa de difusão muito mais complexo do que se pode ter hoje e segmentando a comunicação a partir de todos os parâmetros – os convencionais, como sexo, idade, classe social e vários outros novos, tantos quanto imagináveis – de modo que os anúncios sejam transmitidos de forma precisamente relevante baseado no conhecimento que se tem de cada indivíduo – algo parecido com o que o facebook faz hoje com as publicações impulsionadas, direcionadas especificamente para os interesses de cada usuário da rede social, todavia, em uma sorte muito mais intricada.
Os empenhos para colocar produtos em evidência através de ações promocionais será amplificado progressivamente a partir das novas possibilidades em dispositivos interativos para ações de merchandising. É comum ver cases de grandes marcas usando dispositivos eletrônicos em shoppings, lojas de departamento e outros tipos de ponto de venda com objetivo de lançar ou promover um produto. Em um mundo inteiramente conectado, essas possibilidades se ampliam a partir de totens interativos, displays equipados com inteligência artificial e outros dispositivos que podem ser usados para transmitir ou coletar informações interagindo com uma pessoa ou um grupo delas.
De sorte que a segmentação é uma das principais vantagens alcançadas com a internet das coisas, esse fracionamento de conteúdo proporcionado pelo big data poderá ser visto também nas formas de apresenta-lo. Um mesmo anúncio sobre o mesmo produto poderá ser veiculado com várias imagens e textos diferentes, no esforço de aumentar a relevância não para o público alvo em geral, mas para vários grupos de interesse obtidos dentro desse, cada qual com seus tópicos de maior interesse – ou seja, uma variação decorrente da IoT aplicada tanto no conteúdo quanto na forma de apresenta-lo. Por sua vez, a concepção de personalizar ao máximo o discurso implica em um melhor aproveitamento dos recursos de mídia, da verba do cliente e sobretudo em uma maior relevância na comunicação recebida por cada indivíduo.
Em uma realidade em que se saberá que indivíduos em particular estão usando produtos específicos, a publicidade individual e focada na persona se torna inteiramente possível. Numa situação onde um smartphone será capaz de chamar uma ambulância automaticamente por saber que uma pessoa está passando mal, também será capaz de colocar na tela, enquanto o paciente espera, um texto informativo sobre sintomas, tratamento, diagnóstico ou qualquer tipo de utilidade – não por acaso, disponibilizado por alguma empresa que tenha interesse mercadológico na pessoa que está enferma – como também poderá exibir a oferta de um delivery de emergência do remédio relacionado ao que a pessoa está sentindo.
A propaganda passou por diversas fases desde seu surgimento e já teve seu foco apontado para as grandes ideias, os melhores canais, o melhor conteúdo, etc., mas o grande e único foco atual está em quem recebe a mensagem. O ser humano herdou o pódio de ser o centro de todo o direcionamento de um planejamento de comunicação e isso não deve mudar por um bom tempo - quiçá para sempre. Utopia ou não, a internet das coisas já é uma realidade, embora ainda esteja acontecendo de forma germinal se comparado ao seu potencial intrínseco. Entre todos, o maior benefício para a sociedade é ter o privilégio de ser expectador de um conteúdo relevante e direcionado a cada uma das pessoas conectadas e em cada momento particular em que estão conectadas. Ora, se todas as empresas, marcas e produtos querem ser ouvidos e não há espaço ou tempo para todos falarem, a única solução é que cada um converse com quem realmente importa.
14.1. BENEFÍCIOS DA IOT PARA A SOCIEDADE SOB O VIÉS DO MARKETING
A sociedade moderna passou por diversas mudanças na forma de produzir e comercializar seus produtos. O marketing, enquanto forma de entender pessoas, tem acompanhado essa trajetória de maneira satisfatória. Posicionando a essência mercadológica como a base de todos os esforços de marketing, o que o rodeia são ferramentas, possibilidades, tecnologias, nomenclaturas, terminologias, e vários outros recursos – estes se adaptam ao tempo e mudam bastante junto com a comunidade em que atuam.
“Se a essência do marketing é conhecer profundamente as pessoas, temos de voltar para o básico e não complicar. Existem as pessoas do futuro mudando a cada dia. O marketing precisa entender e acompanhar essas mudanças sempre. [...] Em muito pouco tempo, vão ser muito raros os profissionais de marketing de sucesso que não entendam minimamente sobre tecnologia. Não acho que precisaremos ser exímios programadores. Mas precisaremos saber como se programa e, principalmente, como se usa a tecnologia a favor de uma ideia.” Tracanella (2017)
Barret (2012) afirma que o maior impacto que acontecerá com o advento da internet das coisas é que a sociedade atingirá um meio completamente novo de aprender sobre as coisas, em formas completamente novas de interagir com o mundo, com as coisas e com outras pessoas. Se necessário compartilhar um cartão de visitas, por exemplo, a partir dele será possível aprender não só sobre a profissão, currículo e conquistas enquanto profissional, mas conectar-se com ele em um nível pessoal, também. Seus interesses, personalidade e vários outros aspectos farão parte de uma conexão social, por exemplo.
14.2. PARÂMETROS DE PROGRESSO PARA A IOT
Na condição de que o marketing aproveitará dos recursos da IoT para conhecer mais sobre seus clientes, o contrário também é admissível. Essas pessoas estarão aptas a conhecer com rapidez a procedência de um produto, pesquisar sobre seu fabricante, sua marca, comparar com concorrentes – e não somente de forma proativa, mas também se espera que os próprios sistemas operacionais que equiparem seus dispositivos tomem essas iniciativas, oferecendo o tempo todo informação a seus portadores.
Outro recurso esperado dos avanços da internet das coisas é um conjunto de maneiras completamente novas de observar as coisas. Gadgets conectados, identificados e regados de dados poderão ser observados e monitorados, e tornarão possível observar e monitorar outros objetos – como, por exemplo, um paciente de hospital que usa um monitor cardíaco conectado a um aplicativo de celular, que terá uma base de dados suficiente para aprender sobre a condição daquela pessoa e ter a chance de prever um problema cardíaco com meses de antecedência.
Num exemplo citado anteriormente sobre distribuição usando caixas ou algum tipo similar de dispositivos conectados para fazer transporte – o que não exclui a possibilidade de fazer o rastreamento através dos próprios produtos, mas – se prevê a possibilidade de receptáculos para transporte que substituiriam as caixas convencionais, em uma iniciativa extremamente mais sustentável que o uso de materiais descartáveis (ou os reciclados, que em grande parte, acabam não o sendo).
Em se tratando de logística, a mobilidade é uma forte tendência de mercado, e já começou a receber a influência da IoT. Veículos cada vez mais inteligentes e auto gerenciáveis que tem capacidade não só de enviar alertas e mensagens, mas alterar seu comportamento independente da ação humana já são realidade nos armadores de transportes marítimos.
De acordo com Maffei (2016), os motoristas serão, num futuro próximo, não gerenciadores das coisas, mas gerenciados pelos alertas e pelo comportamento das coisas. Isso representa mais segurança/precisão no controle do veículo como também menor necessidade do esforço humano para conduzir o transporte de mercadorias comerciais. Além de ser um avanço por si só, é algo que pode baratear os custos do translado internacional via armadores, e até mesmo a distribuição terrestre, beneficiando a margem de lucro das empresas e exportadoras e favorecendo o preço dos produtos para o cliente final.
“Evidente que a legislação brasileira e a infraestrutura das rodovias, dos portos e aeroportos drenam muita energia das empresas de logística. Contudo, o mundo passa por grandes transformações, principalmente no hábito das pessoas, com enfoque nas gerações Y e Z. Atender a estas mudanças não é uma estratégia, é uma necessidade.” Maffei (2016).
Vale ressaltar a importância existente em estudar as características das gerações para as quais os esforços de marketing são voltados, bem como outros traços de personalidade do segmento que se busca atingir, porque isso pode alterar completamente o direcionamento de uma estratégia. Se o ser humano é o centro, e a internet das coisas ajuda a segmentar, é natural que se subdivida cada vez mais para entender a comunicação a partir de uma atenção focada.
14.3. PROJEÇÕES PARA O FUTURO BASEADAS NA REALIDADE ATUAL
O novo conceito tem aparecido recentemente em testes e alguns especialistas já antecipam sua implementação em situações cotidianas: “Reality Search Engine” – ou em português, algo como “Motor de Busca da Realidade”. Essa ideia explica que uma vez que os dispositivos estejam conectados, podem ser localizados de qualquer lugar do mundo apenas com o acesso a internet. Será possível pesquisar no google não apenas sobre informações contidas nos quatro mil exabytes que compõem o big data, mas também situações referentes ao dia-a-dia, como “onde estão minhas chaves?” ou até mesmo “onde está meu filho?” - modos muito úteis de aproveitar a conexão desses objetos.
Considerando que se pode saber o que as coisas estão fazendo, como se comportam, que sentidos estão captando e onde estão, quem estiver conectado com elas também será capaz de controla-las de maneira funcional. Segundo a Urbe.Lab, 54% da população mundial vive nas cidades, e essa porcentagem deve chegar a 66% até o ano de 2050. Muitas dessas cidades formam grandes conglomerados urbanos, com densidade populacional altíssima e grande problemas em decorrência disso. Sabendo onde os carros estão, onde os cidadãos se encontram e para onde estão indo, será possível gerenciar o tráfego e até eliminar os engarrafamentos. No tráfego, no curso da água e da energia, indústrias, produtos, moradias e toda a informação envolvida nisso formará o que já é chamado de smart city. Isso acarretará em melhor uso dos recursos naturais, saúde populacional e uma série de outros benefícios – e a internet das coisas será fundamental para tornar isso realidade e ajudar a gerenciar melhor os grandes centros urbanos.
Os pontos majoritários de uma rede - como casas, por exemplo - estarão conectadas com os objetos que a compõem e com os recursos que recebe. Os objetos e as pessoas passam a ser pontos dessa rede, que integrada, abre caminhos para a realidade virtual, as simulações de atividades, resultando em testes de simulação de realidade que podem ser usados para experimentação qualquer coisa, à beira dos limites da imaginação. Com isso, será viável testar produtos antes de comprar ou simular a experiência de um evento antes comprar um ingresso, por exemplo – o que levará empresas a explorar esse potencial em seu favor, e representa uma nova geração na indústria de jogos e entretenimento com realidade e personalização sem precedentes – em um estado de (quase) só conclusões otimistas.
15. DECORRÊNCIAS SOBRE A IOT NA COMUNIDADE
Como todo estado de metonímia, as mudanças sociais não trazem apenas um lado positivo. Os danos causados por vírus e malwares são recorrentes hoje, em um estado tecnológico onde, ainda, poucos dispositivos estão conectados – e essa é uma das preocupações para o futuro – que, já é chamado de “tecnocracia”. Se os sistemas de energia, segurança e proteção, finanças transporte e saúde são parte de um grande sistema digital, as possibilidades de terrorismo e hackeamento são imensas. Entretanto, até mesmo esse lado negativo deve gerar uma série de novos negócios nas áreas de segurança digital e proteção à informação.
As preocupações com segurança não aplicam somente à segurança dos dados, mas também à questões de privacidade. No entanto, em uma sociedade imersa nas redes digitais, onde a vida virtual é um espelho da vida social offline, a questão da privacidade já parece praticamente resolvida, uma vez que as pessoas consegue escolher quem tem e quem não tem acesso às suas informações, fazendo com que esse assunto se resolva em si mesmo.
De fato, se a internet das coisas deve acontecer para o bem comum, é preciso que o assunto não fique apenas nas mãos dos tecnologistas, mas que a comunidade como um todo participe do processo ativamente, contribuindo para a construção de uma sociedade melhor e edificada por ela mesma.
Barret (2012) descreve que em uma pirâmide - apropriada da ciência da informação – para analisar o bem comum a partir do conhecimento de dados, se segue uma linha lógica formada com sua base formada pelos dados. Pode-se usar a mineração de dados para extrair informações desses dados, e a informação gera conhecimento – o terceiro pilar da representação. O topo da pirâmide, por sua vez, é formado pela sabedoria. Esta, aumentará gradualmente emparelhado com a tecnologia, e deve ser usada para realimentar o sistema proposto e gerir o novo mundo que está surgindo, através do trabalho coletivo – fazendo com que, por um esforço conjunto, a internet das coisas seja mais sobre pessoas do que sobre dispositivos.
Cada uma dessas possibilidades citadas se abre em uma infinidade de novas formas de interações sociais e mercadológicas, se transformando em novos negócios e se tornando viáveis à medida em que a tecnologia avança. É visível, portanto, que a internet das coisas é um organismo vivo e dinâmico. A IoT contribui para a sociedade, trazendo novas possibilidades, o marketing usufrui disso, aplicando suas ferramentas no âmbito digital e isso representa mais benefícios para a sociedade, que contribui com a progressão da IoT, realimentando um círculo sustentável de melhora mútua – que deve ser, sempre, orientado para o progresso da humanidade.
16. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alcançar uma previsão dos benefícios que a internet das coisas pode trazer para a sociedade através do marketing é um estudo que se valeu de três parâmetros interdependentes: a IoT – em si, o marketing digital - e suas ferramentas - e, por fim, tais benefícios – efetivamente.
O primeiro passo foi fundamentar a IoT para extrair em que esse processo toca a comunicação como um todo. Esse processamento de dados e definições serviu para se considerar o que é necessário para tornar os fenômenos previstos realidade, avaliando o que ainda não é viável e quais as tecnologias que já estão nesse compasso (a maioria delas, pode se dizer). Não obstante, foi essa definição que proporcionou definir em qual prazo o escopo do trabalho se basearia, tendo sido definido em vinte anos, aproximadamente.
Uma vez definida a Internet das Coisas e discorrido sobre seus componentes, se tornou possível caminhar pelas definições de marketing, marketing digital e suas ferramentas que de fato são análogas, dependentes ou que de alguma maneira se relacionam à tecnologia e por ela podem ser impulsionados, na intenção de inter-relacioná-los. Essa metodologia concebeu a segmentação bem-sucedida dos assuntos nos quatro “Ps”, o que sistematizou esse estudo de uma maneira bastante transparente e evidenciou que a IoT pode favorecer a maioria - senão todos – os processos de marketing.
Para a narrativa e peroração do estudo os dados levantados no primeiro e segundo capítulos foram singrados, possibilitando inferir as principais consequências da internet das coisas para o marketing, tendo em mente como ele funciona e, que de antemão, já usufrui da tecnologia atual - inclusive através de alguns princípios da IoT - em diversos fatores.
O principal desfecho de analisar a influência da internet das coisas no marketing é presumir que a tecnologia – mais do que nunca, no século XXI – concerne a vida pessoal e social da maioria das pessoas. Isso deve aumentar bastante com o desenvolvimento de novas tecnologias, mas é um fenômeno que já está acontecendo, e, pode se deduzir que é benéfico – embora alguns aspectos negativos tenham sidos considerados também nessa composição, dado que o outro lado do que tem sucedido não poderia ser negligenciado.
Assim ofertado o término do discurso, pode se considerar que esse esforço de entender os “momentos conectados” é apenas a aurora deste assunto. São necessários estudos ordinários que acompanhem os avanços tecnológicos e o amadurecimento do marketing digital, confirmando, refutando e contribuindo com as inferências aqui realizadas.
É importante, também, considerar que o futuro é extremamente volátil, especialmente em se tratando de tecnologia. Isso não torna o conteúdo aqui descrito nada menos relevante, mas é necessário saber que muita coisa pode mudar dentro de vinte anos e assim também as diretrizes do marketing. Tendo em conta esse preceito, o estudo foi desenvolvido através de rigorosa pesquisa para que as possibilidades levantadas, mesmo com o passar de alguns anos, sejam as mais fidedignas possíveis, estando baseadas nas opiniões de autores prestigiados nos conteúdos aqui descritos.
Para corroborar as mais expressivas mudanças previstas, basta reparar o aumento na carência de relevância na publicidade e a quantidade de anúncios despercebidos por cada pessoa, todos os dias. Steve Jobs proferiu que “as pessoas ignoram o design que ignora as pessoas”. O mesmo vale para as palavras, ações e quaisquer tipos de manifestação do marketing. Se existe uma suma que se pode absorver deste trabalho é que a tecnologia é apenas uma ferramenta, mas, a persona - esta sim é e sempre será - o desfecho de qualquer expressão. Ter essa máxima em mente é o que pode, de fato, ajudar a construir uma sociedade mais humana, justa e meritória.
17. REFERÊNCIAS
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ASHTON, Kevin. “Entrevista Exclusiva com O Criador do Termo ‘A Internet Das Coisas’” Disponível em:
BARRET, John. The Internet of Things. in: TEDxCIT, Cork Institute of Technology, Bishoptown, Irlanda, 2012. Disponível em:
Board of Trustees of the University of Illinois. NSCA Mosaic. 2017. Disponível em:
DIAS, Sérgio R. Gestão de Marketing. São Paulo: Saraiva, 2004.
DRUCKER, Peter. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999.
KOTLER, P. KELLER, Kevin L. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
LIMEIRA, Tania M. V. E-Marketing: O Marketing na Internet com Casos Brasileiros. São Paulo: Saraiva, 2003.
MAFFEI, Carlos. A logística, a mobilidade e a internet das coisas. São Paulo, 2016
SANTOS; FACHIN; VARVAKIS, 2003, v. 32, n. 2, p. 86
TANEMBAUM, A. Computer Networks in: 5TH Edition, Prentice Hall Professional Technical Reference, 2002.
TRACKANELLA, Eduardo. Não Existe Marketing do Futuro. Meio & Mensagem, São Paulo, 2017.
VAZ, Conrado Adolpho. Google Marketing: o guia definitivo de marketing digital. São Paulo: Novatec, 2010.
ZAMBARDA, Pedro. Internet das Coisas: Entenda o Conceito e o Que Muda com a Tecnologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2014.
Publicado por: Pedro Eduardo Carrijo Lacerda Lindolfo
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