HASHTAG INTERATIVIDADE – A PARTICIPAÇÃO DA AUDIÊNCIA NOS TELEJORNAIS BRASILEIROS

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1. RESUMO

Com a evolução tecnológica, a forma das pessoas interagirem entre si passou por inúmeras mudanças ao longo dos anos. As rodas de conversa, por exemplo, se transformaram em grupos on-line, ignorando a necessidade de mesmo espaço físico, o que facilita a conexão e troca de informações. Não muito diferente, a forma de produzir e veicular notícias na televisão também se modificou, favorecendo que a audiência possa não apenas assistir, mas também contribuir com aquilo que veem. Principalmente na internet, inúmeros comentários antecedidos ou sucedidos por hashtags se espalham na rede de computadores enquanto os telejornais são veiculados. TV e Internet criam uma relação de extrema proximidade. Audiência e produtores de notícia se falam cada vez mais. E este trabalho busca, principalmente, esmiuçar e apresentar como acontece essa relação no dia a dia.

Palavras-chave: Telejornalismo. Hashtags na televisão. Interatividade.

2. Introdução

“Um procura quem possa ajudá-lo a desenvolver as próprias ideias, outro procura a quem possa ajudar; disso nasce uma conversação interessante.” (NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm). Pode-se resumir neste pensamento do filósofo Friedrich Nietzsche, a relação estabelecida entre alguns telespectadores e grande parte dos telejornais brasileiros. Trocando-se a ajuda para desenvolver ideias para apoio em expor fatos, problemas ou relatar situações que são de interesse público, ficaria ainda mais perfeita essa citação para nós, comunicadores, pesquisadores e curiosos do tema Comunicação.

A partir dessa conversa entre audiência e produtores de notícia, surgem novas pautas, denúncias, questionamentos antes não feitos, informações antes desconhecidas, o que possibilita a criação de conteúdos posteriores ainda mais iminentes ao público.

Fato é que a relação entre os meios de comunicação com aqueles que os acompanham é objeto de estudo há tempos, entre as cartinhas para o rádio, ligações dos ouvintes, os auditórios de TV, até mais recentemente as interações pela internet. E, especialmente esta última, com a ampliação do uso das mídias computacionais e da rede mundial de computadores – a internet, eclodida nos anos de 1990, ainda mais questionamentos e estudos vão surgindo entorno do conceito de interatividade.

Esses questionamentos surgem, principalmente, pelo fato de agora as pessoas terem voz mais forte e respostas muito mais rápidas. As pessoas conseguem responder e reagir a qualquer declaração, notícia, fato ou conteúdo em questão de segundos, simplesmente publicando uma frase curta em seus perfis on-line, por exemplo. E essa simples frase, que poderia expor apenas uma opinião individual, gera, em alguns casos, uma espécie de “termômetro popular”, medindo se a audiência reagiu bem ou mal à tal declaração, notícia, fato ou conteúdo, isso por meio dos likes, deslikes, comentários, compartilhamentos, retuítes (do inglês, retweet[1]) e outras centenas de reações. Essa voz mais forte que menciono é definida por Fábio Malini e Henrique Antoun, ao descreverem as primeiras redes no ciberespaço:

Por um lado, eles [os militares do Departamento de Defesa Americano] querem uma rede social focada nos interesses mais financeiros e científicos; mas, de outro lado, aparecem os hackeadores de rede, fazendo dela um dispositivo de conversação e relações comunitárias, onde cada um tem sua voz sem precisar passar pela intermediação de instituições e discursos oficiais ou comerciais. (MALINI e ANTOUN, 2013, p. 18)

Neste trabalho, utilizarei os três conceitos de interação apontados pelo sociólogo John Thompson (Interações face-a-face, Interações Mediadas e Quase-interações Mediadas) para entendermos melhor como se dá a participação dos telespectadores nos telejornais brasileiros e como é possível reagir e contribuir, ao vivo, com os conteúdos jornalísticos apresentados nesses programas. Para tal, com objetivo descritivo, coletei informações observando dois telejornais brasileiros: o SPTV – 1ª edição, da Rede Globo, e o Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes.

Além da análise dessas interações, pretendo desnuviar o tempo que ambos os telejornais dedicam a transmitir informação e conteúdo simbólico para uma pluralidade de destinatários (THOMPSON, 1995), mas também qual a quantidade de tempo é investida durante a veiculação dos programas para a observação de comentários e coleta de insumos recebidos por parte dessa interação com a audiência.

Ainda, se o ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem (LÉVY, 1999), como os telejornais da TV aberta brasileira, pertencentes a essa mídia clássica, estão se convergindo com o espaço digital? Existe uma hibridização entre conteúdo jornalístico da TV com as interações provenientes da audiência com a internet ou esse câmbio de informações ainda não está bem estabelecido?

3. Evolução das interações no telejornalismo brasileiro

Ao contar sobre o surgimento do Jornal Nacional, no livro comemorativo dos 50 anos do telejornal mais antigo em exibição na televisão – JN: 50 anos de telejornalismo, William Bonner comenta que o JN surgiu quando as pessoas se comunicavam à distância com o telefone instalado fisicamente em algum imóvel, ou em uma cabine pública. Ainda não existiam nem mesmo os “orelhões” (BONNER, 2019). Se naquela época a telefonia não tinha o sobrenome fixa, justamente pela inexistência da telefonia móvel, observa-se uma evolução tecnológica que proporcionou transformações nesse cenário.

Essa transformação é expressa com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)[2] que, em 2017, apontou que 96,7% dos lares brasileiros contavam com pelo menos um aparelho de televisão disponível. Não muito atrás, a internet já era utilizada em 74,9% dos lares, ou seja, dois meios de comunicação com larga presença entre a população 50 anos após o cenário descrito por Bonner.

Em Jornal Nacional – Modo de Fazer, descrevi pormenorizadamente a estrutura, o dia a dia, os bastidores da produção. [...] Passados mais dez anos, minha releitura do livro detecta várias mudanças nos nossos modos de fazer o JN, impostas principalmente pelas transformações que a internet imprimiu na vida das pessoas. (BONNER, 2019, p. 23)

E se a internet mudou o jeito de se fazer telejornal, como Bonner seguiu expondo no livro, a forma de interagir com os telejornais também se alterou ao longo dos anos, fazendo com que novas dinâmicas e canais fossem adotados em momentos seguintes.

Em uma linha do tempo, antes as cartas, telefonemas nas redações da televisão ou mesmo a necessidade do telespectador em ter que se dirigir fisicamente até os locais de produção dos telejornais caso quisessem dar retorno sobre o que viram na tela de seus televisores, delimitavam e restringiam a participação da audiência nos telejornais; com a evolução tecnológica, torna-se possível que as pessoas consigam interagir com os produtores de notícia por meio da internet, transmitindo comentários, feedbacks e sugestões em questão de segundos, por meio das redes sociais, serviços de e-mail e outros. Ou seja, o desenvolvimento das telecomunicações, que faz a velocidade da comunicação se tornar virtualmente instantânea (THOMPSON, 1995), também exponencia e abre um leque de possibilidades de participação e interatividade nos telejornais.

É válido mencionar, nesta linha do tempo, uma possibilidade de interação que foi testada na televisão brasileira com a chegada da TV Digital no Brasil, mas que acabou nem chegando ao telejornalismo por ter “empacado” no mercado brasileiro. O Ginga, um middleware[3] desenvolvido e adotado pelo Brasil para uso nos televisores digitais, permitiria o processamento de conteúdos interativos, colocando à disposição do telespectador conteúdos como enquetes, estatísticas em tempo real de um programa, notícias, espaço para comentários, entre outras aplicações. A tecnologia, nas palavras do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a cerimônia de estreia da TV digital em São Paulo, traria mais proximidade para o telespectador:

Aos poucos, o sinal digital de televisão irá alcançar o País inteiro e seus avanços serão acessíveis a todos os brasileiros. Com isso, a TV ficará mais próxima do telespectador, oferecendo qualidade superior de imagem, maior número de canais, interação do público com a programação e transmissão perfeita para TVs, TVs em ônibus, trens e outros transportes coletivos. Logo, será possível assistir televisão caminhando na rua, sentado num banco de praça ou se deslocando para o trabalho. (BRASIL, 2007)

O “empacamento” no mercado chegou a ser justificado por conta de a indústria de televisores e os radiodifusores virem a interatividade como algo importante, mas não atraente como negócio[4]. Com a morte de Luiz Fernando Gomes Soares (1954-2015), criador do Ginga, um movimento se intensificou para garantir o desenvolvimento da tecnologia no Brasil[5], por meio do Instituto Ginga. Fato é que, enquanto novos desdobramentos e investimentos não aconteciam nesta tecnologia, a telecomunicação seguiu avançando e a interatividade transfigurando-se na televisão, mais especificamente no telejornalismo, por meio da relação TV x Internet.

Na relação TV x Internet, a disponibilidade e uso cada vez maior do segundo veículo de comunicação trouxeram mudanças na forma de utilizar e interagir com o primeiro. Uma dessas mudanças resulta no conceito de TV Social, conceito este que Yvana Fechine buscou delimitar frente aos distintos modos de articulação entre televisão e Internet, considerando os pontos de vista de diversos autores. Entre estes autores, uma das definições é a de que a TV Social proporciona experiências remotas de compartilhamento entre as pessoas em torno dos conteúdos veiculados pela televisão, independentemente de serem ou não incorporados ao televisor (Fechine HARBOE et al., 2008; HARBOE, 2009 apud FECHINE, 2018, p. 87); já para Proulx e Sepatin, TV Social são todas as formas de “convergência entre televisão e mídias sociais”, incluindo tanto o comportamento e formas de engajamento dos telespectadores pelas redes socais quanto o desenvolvimento de aplicativos para este fim (PROULX; SHEPATIN, 2012, p.84 apud FECHINE, 2018, p. 88); ainda outra definição é que a expressão “TV Social” é empregada para descrever a interação entre dois ou mais telespectadores que assistem simultaneamente a um programa e comentam nas redes sociais, em tempo real, o que acabaram de ver (cf. CESAR e GREETZ, 2011; LING e RICKLI, 2012; CRUZ, 2013; SILVA e MÉDOLA, 2015 apud FECHINE, 2018, p. 88). Ao fim de seu estudo, Fechine conclui:

Como muitos formatos televisivos, assim como sua programação, também vão se fazendo no momento mesmo em que se exibem, a TV Social permite, segundo Summa (2011, p.29) explorar essa processualidade inerente ao meio na medida em que incorpora, como parte de suas próprias estratégias, o feedback mais imediato dos telespectadores por meio das redes sociais. A expectativa de interferir naquilo que está sendo exibido por meio de seus comentários, ou mesmo a possibilidade de que seus comentários ganhem visibilidade na tela, torna-se também, frequentemente, um atrativo a mais para os telespectadores mais conectados. (FECHINE, 2018, p. 88)

Por meio do estudo de Fechine, evidencia-se que o telejornalismo pode obter um feedback mais imediato dos telespectadores apoiando-se no fenômeno da TV Social, caso haja interesse dos produtores de notícias em ouvir o que a audiência tem a falar sobre os conteúdos veiculados. Para aqueles que assistem, a autora aponta nesse fenômeno um possível “atrativo” para os telespectadores que desejam “se ver na TV”, por meio da interatividade e participação no telejornalismo através de seus perfis nas redes sociais.

Fechine, nesse universo de inúmeros feedbacks, aponta sobre a necessidade de criar um ambiente provido de algum tipo de organização para que a interlocução seja possível. E da mesma forma que os telejornais organizam seus conteúdos por meio das retrancas[6], surge um outro dispositivo capaz de colaborar ordenando os conteúdos opinativos provindos da audiência dos telejornais. As hashtags, conforme o próprio criador delas, Chris Messina, definiu, chegaram em 2007 como uma maneira melhor de "escutar" as conversas no Twitter[7]. Por meio do agrupamento de mensagens, a "tralha" ou "jogo da velha" faz um clipping[8] – na linguagem dos assessores de imprensa, permite o agrupamento dos feedbacks por telejornal, de acordo com os temas abordados em cada edição. Na evolução da interação, um outro capítulo importante que contribuiu ainda mais para estreitar a relação TV x Internet e amplificar a possibilidade de participação nos telejornais.

4. Casos observados

SPTV – 1ª Edição (TV Globo SP)[9]

SPTV é um telejornal local que contempla exclusivamente a região metropolitana de São Paulo e vai ao ar em duas edições pela TV Globo de São Paulo. Neste trabalho, é objeto de pesquisa a primeira edição, que vai ao ar de segunda-feira a sábado, ao meio-dia, com duração de 45 minutos. O SPTV – 1ª edição, ou simplesmente SP1, estreou na atual faixa de horário em 1996, procedente de um outro telejornal de nome São Paulo Já. Além de fazer a cobertura das notícias do dia, conta com entrevistas no estúdio e a participação de comentaristas. Segundo sua página institucional, é direcionado à prestação de serviços à população e, também, cobra das autoridades a resolução de problemas que afetam o dia a dia dos cidadãos. Desde fevereiro de 2013, o SP1 passou a ser exibido também ao vivo pela internet[10].

Além da transmissão pela TV aberta e internet, disponibilização dos conteúdos na íntegra através do GloboPlay[11] e publicação das matérias na página do telejornal na internet (website construído dentro do Portal de Notícias da emissora, o G1), o SP1 também possui canais para receber sugestões dos telespectadores e interagir com a audiência durante a transmissão do telejornal. Entre esses canais, destaca-se a plataforma Twitter, pela qual os âncoras do telejornal estimulam veementemente o uso da hashtag sp1 (#sp1). Por meio dessa palavra-chave, a equipe do telejornal consegue mapear os comentários, dúvidas e opiniões relacionados ao telejornal e veiculam parte dessas interações ao longo da exibição do programa.

Brasil Urgente – (TV Band)

Brasil Urgente é um telejornal brasileiro exibido pela Rede Bandeirantes em quase todo o Brasil. Apresentado por José Luiz Datena, ou simplesmente Datena, o programa possui outras edições locais produzidas pelas emissoras afiliadas da Rede Bandeirantes. Entre as 16h e 19h20, de segunda-feira a sábado, o telejornal vai ao ar ao vivo pela Band São Paulo em 100% da faixa de horário, enquanto algumas afiliadas dedicam parte desta faixa para transmitirem as edições locais, intercalando o Brasil Urgente com outros telejornais de formato parecido, apresentados por outros âncoras, e que têm seus nomes formados de acordo com sua região de veiculação. Por exemplo, MS Urgente na TV Interativa de Campo Grande; Amapá Urgente na TV Macapá, de Macapá ou, ainda, Vale Urgente, na Band Vale de São José dos Campos.

O jornalístico, no ar desde 03 de dezembro de 2001, dedica-se a cobrir principalmente casos policiais. Uma outra característica do programa são as muitas entradas ao vivo de repórteres, em boa parte das vezes entrevistando delegados de polícia e outras autoridades. Além disso, diversas vezes ao longo do programa é comum Datena chamar o helicóptero apelidado por membros da emissora como “tubarão da Band”[12], para mostrar fatos em desdobramento na cidade de São Paulo e cidades vizinhas, imagens do tempo, trânsito entre outras.

Além da transmissão pela TV aberta e internet, disponibilização dos programas na íntegra por meio da plataforma YouTube e publicação das principais reportagens na página do telejornal na internet (website UOL), o Brasil Urgente também possui canais para receber sugestões dos telespectadores e interagir com a audiência durante a transmissão do telejornal. Entre esses canais, destacam-se o perfil pessoal do âncora do jornalístico na plataforma Facebook, o qual é divulgado durante o programa para receber participações dos telespectadores. Em alguns momentos, também é estimulado que a audiência interaja por meio da hashtag Brasil Urgente (#brasilurgente) independentemente da rede social.

5. Análise da interatividade nos telejornais observados

Conforme Thompson registra, os receptores das mensagens da mídia não são parceiros de intercâmbio comunicativo recíproco, mas participantes de um processo estruturado de transmissão simbólica (THOMPSON, 1995). Mas, conforme ele próprio complementa, mesmo em circunstâncias estruturadas de comunicação de massa – como é o caso dos telejornais observados, os receptores têm alguma capacidade de intervir e contribuir com eventos e conteúdo durante o processo comunicativo. E, aqui, inicia-se essa análise da capacidade de intervenção e contribuição observando-se ambos os telejornais no período de 13 a 17 de abril de 2020.

É válido mencionar que o SPTV – 1ª edição, em razão da pandemia do coronavírus, teve seu tempo aumentado, passando dos comuns 50 minutos para 1h20 de exibição[13]. Além disso, o jornalístico que é exibido apenas para a região metropolitana de São Paulo, entre 13h e 13h20 passou a ser veiculado para todo o estado de São Paulo, por meio das afiliadas da Rede Globo. O Brasil Urgente não teve mudanças em seu formato de exibição no período observado. O apresentador Datena chegou a anunciar que apresentaria seu programa de casa, apresentou uma edição do telejornal, mas no programa seguinte ele voltou ao estúdio e esclareceu que a emissora e ele haviam achado mais seguro continuar apresentando o telejornal no local de costume e não mais em sua casa[14].

No SP1, o apresentador César Tralli, que fica o tempo todo de pé no telejornal, caminha de um lado para o outro passando entre dois monitores interativos (com tecnologia touch screen, ou seja, permite toque na tela). Observa-se que, em uma média de 3 a 5 vezes, distribuídas na 1h20 do programa, Tralli rotineiramente estimula que os telespectadores enviem comentários e dúvidas sobre as reportagens que ele acabara de veicular. Os estímulos são para que as interações aconteçam pelas redes sociais, com publicações na linha do tempo das plataformas utilizando hashtags específicas, sendo a #sp1 a mais estimulada. Conforme o próprio âncora comentou na edição de 15 de abril, as hashtags permitem que a produção “pinçe” os comentários e coloque no monitor para ele apresentar.

Piamente, todos os dias, na marca aproximada dos 30 minutos iniciais da atração jornalística, por volta dos 50 minutos e nos 10 minutos finais do telejornal, Tralli se dirige a um dos monitores interativos e navega em algumas mensagens pré-selecionados pela produção, lendo-as em voz alta. As mensagens geralmente são sobre matérias que foram veiculadas naquele bloco do programa ou, ainda, dúvidas relacionadas aos assuntos abordados. Especificamente às terças-feiras, Tralli estimula que os telespectadores façam perguntas relacionadas a empreendedorismo e vida financeira, para que a especialista no assunto, Maria Proença, possa respondê-las. Já nas quartas-feiras, o apresentador estimula questões relacionadas à vida em condomínios, dessa vez para outro especialista comentá-las, Márcio Rachkorsky.

Em determinadas situações, para envio de vídeos, por exemplo, Tralli estimula participação dos telespectadores por meio de um número de WhatsApp, para que os conteúdos cheguem até a emissora e, possivelmente, possam ser exibidos posteriormente. Inclusive, foi possível observar que muitas reportagens veiculadas no período observado contavam com imagens feitas pelos telespectadores, a maioria em suas próprias casas.

Observando o Brasil Urgente no mesmo período, foi possível confirmar algo em comum entre os jornalísticos: em ambos, os apresentadores ficam de pé. Mas uma diferença: enquanto Tralli usa os monitores interativos com mensagens já pré-filtradas por sua produção, o âncora do Brasil Urgente, Datena, aparece na maioria do tempo do telejornal com um celular na mão, principalmente ao final das reportagens, quando a câmera retorna para o estúdio. Isso dá a entender que, enquanto as matérias vão ao ar, ele aproveita para saber o que está sendo comentado nas redes sociais sobre o programa ancorado por ele. Inclusive, durante entrevistas ao vivo conduzidas por Datena, enquanto o entrevistado ou entrevistada respondia às suas perguntas, o apresentador olhava para o celular e parecia buscar novas questões ou elementos que pudessem contribuir com a conversa.

Uma outra observação que vale ser registrada ao analisar ambos os telejornais é que, enquanto o SP1 possui um roteiro repetido na maioria das edições, o Brasil Urgente possui apenas os espaços de publicidade rigorosamente detalhados; outros quadros ou momentos específicos não têm uma rotina pré-definida.  Dessa forma, os estímulos para que os telespectadores tomem alguma ação de interação, como escreverem mensagens por meio das redes sociais, não têm uma recorrência específica. Na edição do dia 13 de abril, por exemplo, o telejornal dedicou 1h10 do seu tempo de transmissão para entrevistar o Ministro da Cidadania do Brasil, Onix Lorenzoni. Apesar de Datena ter lido várias perguntas no aparelho celular que costuma segurar no telejornal, em nenhum momento ele estimulou verbalmente que os telespectadores enviassem suas perguntas e qual era o melhor local de envio. Apenas um apoio audiovisual aparecia na tela dos televisores com o endereço da página do Facebook do âncora.

Apontadas as transformações da televisão no ambiente de convergência e a sua articulação com a internet (FECHINE, 2018, p. 88), a observação dos casos vai além da TV. E notado o elevado uso de hashtags nas interações estimuladas pelos telejornais, dados colhidos por meio de uma ferramenta de monitoramento relacionam a quantidade de uso delas em ambos os jornalísticos (apêndice A) no período de 13 a 17 de abril. A #sp1 teve 497 menções no dia 13 de abril, 696 no dia 14, 598 no dia 15, 537 no dia 16 e 552 no dia 17, totalizando 2 880 durante o período observado; paralelamente, a #brasilurgente teve 374 menções no dia 13 de abril, 414 no dia 14, 476 no dia 15, 807 no dia 16 e 446 no dia 17, totalizando 2 517 menções no período.

Na análise desses números e interpretando o conteúdo deles, alguns comentários tornam-se relevantes:

  • Apesar de o Brasil Urgente ter praticamente o triplo de tempo de exibição do SP1, o número de interações com o telejornal por meio de hashtags no período observado é, na média simples, menor;
  • No período observado, o dia em que o SP1 teve maior o número de interações por meio de hashtag foi o em que uma repórter do telejornal, durante uma passagem ao vivo no programa, foi atacada por populares com gritos e insultos à emissora[15]. Tal ato reverberou nas redes sociais, a maioria dos internautas condenando as atitudes dos rapazes;
  • Também no período observado, o Brasil Urgente foi o telejornal que teve maior quantidade de menções da sua hashtag em um único dia quando comparado ao SPTV. No dia 16 de abril, a #brasilurgente foi utilizada 807 vezes, uma parcela relevante para comentários relacionados à demissão do Ministro Henrique Mandetta do Ministério da Saúde[16]. Nas edições dos dias anteriores à demissão do Ministro, o apresentador Datena fez várias declarações durante o telejornal, entre elas: "A informação que eu tenho é que o Mandetta cai, mesmo ele tendo baixado a bola"; "[...] Eu não tenho dúvida (sic) que o Bolsonaro vai dar uma bica no Mandetta". Analisando o conteúdo das publicações, a maioria dos telespectadores criticaram as falas de Datena sobre a demissão.
  • Por fim, uma outra observação ao analisar o número de utilização das hashtags e o tipo de conteúdo em cada uma delas, é que a #brasilurgente nem sempre é utilizada por telespectadores. Diariamente, perfis que monitoram e divulgam a audiência de programas de TV fazem publicações utilizando a hashtag do programa para sinalizarem a posição dele em relação aos outros programas da mesma faixa de horário. Isso faz com que o número de menções da hashtag do jornalístico aumente sem na verdade ser a interação de um telespectador.

Apesar de não ser divulgado durante os telejornais, o SP1 e o Brasil Urgente mantêm em suas páginas na internet espaços dedicados ao envio de comentários, dúvidas ou sugestões dos telespectadores. Telefones e endereços de e-mails não são divulgados, apenas formulários que podem ser preenchidos e enviados. Pelo fato de não serem mensagens públicas, essas interações não foram contabilizadas, assim como telefonemas ou recados enviados por inbox nos perfis dos telejornais nas redes sociais.

6. Considerações finais

Se o desenvolvimento das telecomunicações fez a velocidade da comunicação se tornar virtualmente instantânea (THOMPSON, 1995), essa rapidez vem interferindo na forma com que programas jornalísticos são apresentados para os telespectadores e permite que estes possam interagir com as notícias a que assistem. Tal fato comprova-se na rapidez com que os telespectadores assistem aos conteúdos jornalísticos, emitem uma opinião, transmitem-nas para os produtores de notícias, os quais as colocam no ar no mesmo dia, na mesma edição do programa. Essa rapidez se exponencia no fenômeno da TV Social que, conforme Fechine relata, promove uma modalidade de encontro submetido ao imperativo do aqui e agora da enunciação.

O tipo de contribuição mais visível e estimulado nos telejornais no limiar do ano de 2020 são as quase-interações mediadas que, segundo Thompson escreveu, são interações monológicas, isto é, o remetente da mensagem (telejornais) não exige uma resposta dos receptores (audiência). Contudo, ainda que não exigidas, observa-se uma preocupação e uma atenção dos telejornais investigados em ouvir os feedbacks daqueles que acompanham a programação. Ainda mais, confirma-se uma convergência das mídias clássicas com o ciberespaço, definido por Lévy, para que essas respostas sejam encaminhadas dos telespectadores para os produtores de notícia com maior velocidade. E de formas distintas, por monitores interativos ou pela verbalização dos âncoras dos jornalísticos, os comentários dos telespectadores ganham espaço na TV.

Por fim, ainda que em algumas atrações menos tempo e em outras mais, é notório que os jornalísticos brasileiros mantêm uma rotina de interação com seus telespectadores e estão atentos ao que eles publicam em suas redes sociais. E por mais que essas interações nem sempre sejam dialógicas, com respostas e/ou exibições das mensagens na TV, algum valor elas oferecem aos produtores de notícias para que eles próprios, por tantas vezes, estimulem novas participações. 

7. REFERÊNCIAS

BERLO, David K. O Processo da Comunicação: Introdução à Teoria e à Prática. São Paulo/SP: Martins Fontes, 1999.

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BRASIL. Presidente (2003-2011 Luiz Inácio Lula da Silva). Discurso na cerimônia de lançamento da TV Digital em São Paulo. São Paulo, 2 dez. 2007. 3 f. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/0,,MUL201695-15515,00-LULA+PROMETE+R+BILHAO+PARA+A+TV+DIGITAL.html. Acesso em 06 de maio de 2020

DANELI, Carol. Chris Messina, criado da hashtag, explica a melhor maneira de usar. 2014. Tech Tudo. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/11/chris-messina-fala-sobre-beleza-da-hashtag-confira.html. Acesso em: 27 maio 2020.

EQUIPE da Globo volta a ser atacada em link ao vivo em telejornal; veja o vídeo. 2020. Portal Notícias da TV. Disponível em: https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/equipe-da-globo-volta-ser-atacada-em-link-ao-vivo-para-o-sp1-veja-o-video-35673. Acesso em: 24 maio 2020.

FECHINE, Yvana. TV Social: contribuição para a delimitação do conceito. Contracampo, Niterói, v. 36, n. 01, pp. 84-98, abr. 2017 / jul. 2017.

FELITTI, Guilherme. O Ginga perdeu o rebolado? 2013. Época Negócios. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2013/09/o-ginga-perdeu-o-rebolado.html. Acesso em: 17 maio 2020.

GLOBO vai ampliar programação de jornalismo e exibir 'Fina estampa' no lugar de 'Amor de mãe'. 2020. Portal G1. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/03/16/globo-vai-ampliar-programacao-de-jornalismo-e-exibir-fina-estampa-no-lugar-de-amor-de-mae.ghtml.  Acesso em: 24 maio 2020.

GONSALVES, E. P. Iniciação à pesquisa científica. Campinas: Alínea, 2005. 4ª ed.

INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2018. Volume Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal : 2017 Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101631. Acesso em maio de 2020.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999

LOBO, Ana Paula. TV digital: Ginga é a Tecnologia brasileira que deu certo e não pode ser abandonada. 2016. Convergência Digital. Disponível em: https://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=site&UserActiveTemplate=mobile&UserActiveTemplate=site&infoid=41609&post%252525255Fdata=&sid=14. Acesso em: 17 maio 2020.

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PROULX, Mike; SHEPATIN, Stacey. Social TV: How Marketers Can Reach and Engage Audiences by Connecting Television to the Web, Social Media, and Mobile. New Jersey: John Wiley & Sons, 2012.

RICCO, Flávio. Band cutuca concorrente com helicóptero Tubarão Voador. 2013. Portal UOL. Disponível em: https://televisao.uol.com.br/colunas/flavio-ricco/2013/05/16/band-cutuca-concorrente-com-helicoptero-tubarao-voador.htm.Acesso em: 24 maio 2020.

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VALENTE, Jonas. Mandetta anuncia saída do Ministério da Saúde. 2020. Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-04/mandetta-anuncia-saida-do-ministerio-da-saude. Acesso em: 24 maio 2020.

8. APÊNDICE A - Monitoramento do uso de hashtags no Twitter

TABELA 1 - Monitoramento do uso de hashtags no Twitter
Período de 13 a 17 de abril de 2020

DIA

QTD DE UTILIZAÇÕES DA HASHTAG

#sp1

#brasilurgente

13 abr (seg)

497

374

14 abr (ter)

696

414

15 abr (qua)

598

476

16 abr (qui)

537

807

17 abr (sex)

552

446

Total

2880

2517

Fonte dos Dados: Keyhole.co


[1] Retweet – É a republicação de um Tweet, nome dado a publicações feitas na rede social do Twitter. Com a função Retweet do Twitter, o usuário faz com que um Tweet (seu ou de outro usuário) possa ser visto mais rapidamente por todos os seus próprios seguidores.

[2] INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2018. Volume Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal : 2017 Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101631 Acesso em maio de 2020.

[3] Middleware - Software que fornece serviços e recursos comuns a aplicações. Gerenciamento de dados, serviços de aplicações, sistema de mensageria, autenticação e gerenciamento de APIs são recursos comumente operados por um software de middleware.

[4] FELITTI, Guilherme. O Ginga perdeu o rebolado? 2013. Época Negócios. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2013/09/o-ginga-perdeu-o-rebolado.html Acesso em: 17 maio 2020.

[5] LOBO, Ana Paula. TV digital: Ginga é a Tecnologia brasileira que deu certo e não pode ser abandonada. 2016. Convergência Digital. Disponível em: https://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=site&UserActiveTemplate=mobile&UserActiveTemplate=site&infoid=41609&post%252525255Fdata=&sid=14 Acesso em: 17 maio 2020.

[6] É o nome que se dá à reportagem para identificá-la internamente nos arquivos de emissoras. Geralmente é criado usando de duas a três palavras do VT com uma barra separando as palavras-chave.

[7] DANELI, Carol. Chris Messina, criado da hashtag, explica a melhor maneira de usar. 2014. Tech Tudo. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2014/11/chris-messina-fala-sobre-beleza-da-hashtag-confira.html Acesso em: 27 maio 2020.

[8] Clipping é o produto gerado a partir do acompanhamento, da leitura e da seleção das notícias publicadas sobre a instituição, em meio físico ou eletrônico, nos diversos meios de comunicação.

[9] Informações obtidas por meio do portal Memória Globo. Disponível em https://memoriaglobo.globo.com/jornalismo/jornalismo-e-telejornais/sptv/ Acesso em: 24 maio 2020.

[10] SPTV 1ª edição e Globo Esporte SP são transmitidos ao vivo na internet. 2013. Portal G1. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/02/sptv-1-edicao-e-globo-esporte-sp-sao-transmitidos-ao-vivo-na-internet.html. Acesso em: 01 maio 2020.

[11] Globoplay é uma plataforma digital com streaming de vídeos sob demanda criada e desenvolvida pelo Grupo Globo, que teve o seu lançamento feito em 26 de outubro de 2015.

[12] RICCO, Flávio. Band cutuca concorrente com helicóptero Tubarão Voador. 2013. Portal UOL. Disponível em: https://televisao.uol.com.br/colunas/flavio-ricco/2013/05/16/band-cutuca-concorrente-com-helicoptero-tubarao-voador.htm Acesso em: 24 maio

[13] Globo vai ampliar programação de jornalismo e exibir 'Fina estampa' no lugar de 'Amor de mãe'. 2020. Portal G1. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2020/03/16/globo-vai-ampliar-programacao-de-jornalismo-e-exibir-fina-estampa-no-lugar-de-amor-de-mae.ghtml Acesso em: 24 maio 2020.

[14] BRASIL URGENTE - 24/03/2020. São Paulo: Rede Bandeirantes, 2020. Son., color. 00:04:34 até 00:07:19. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6GCEHoYJ3Sg Acesso em: 24 maio 2020.

[15] Equipe da Globo volta a ser atacada em link ao vivo em telejornal; veja o vídeo. 2020. Portal Notícias da TV. Disponível em: https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/equipe-da-globo-volta-ser-atacada-em-link-ao-vivo-para-o-sp1-veja-o-video-35673. Acesso em: 24 maio 2020.

[16] VALENTE, Jonas. Mandetta anuncia saída do Ministério da Saúde. 2020. Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-04/mandetta-anuncia-saida-do-ministerio-da-saude. Acesso em: 24 maio 2020.


Publicado por: MATEUS HUMBERTO SIQUEIRA

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