A ATUAL VULNERABILIDADE DO GÊNERO NOTÍCIA ATRAVÉS DAS FAKE NEWS
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1. RESUMO
Com o crescimento da internet o jornalismo vem passando por diversas transformações, as redes sociais passaram a ser usadas como principal ferramenta de informação, assim a criação de notícias pelos usuários dá abertura para a disseminação de Fake News ou notícias falsas e esse fato acaba abalando a credibilidade das notícias da rede de internet. Essa pesquisa tem como objetivo analisar como as Fake News tem interferido na credibilidade do Jornalismo, para tanto realizou-se a pesquisa bibliográfica por meio da Análise do Discurso (AD), tendo como autores de referência Michel Pêcheux e Eni Olandi analisei a estrutura das Fakes News e memória que nos remete. Através da análise de algumas dessas notícias que são divulgadas na internet. Conclui-se que as Fakes News além de informas de forma erronia algumas pessoas, elas também interferem na credibilidade das notícias e necessitam de maior atenção no meio acadêmico e das autoridades políticas.
PALAVRAS-CHAVES: Fake News. Notícia. Análise.
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Recentemente temos ouvido falar com maior frequência em Fake News que são as várias notícias falsas divulgadas como verdadeiras, porém, este fato não é atual, somente com o advento da internet é que tomou maiores proporções, ficando em evidencia e popularizando-se no Brasil e no mundo.
Foi nas eleições presidenciais de 2016 dos Estados Unidos que a imprensa internacional passou a usar o termo Fake News com mais frequência. Nesta época o Presidente Donald Trump foi eleito e algumas empresas especializadas descobriram diversos sites que divulgavam conteúdo de cunho duvidoso a respeito da candidata da oposição Hilary Clinton. A Justiça americana abriu denúncia contra algumas agências russas alegando que elas propagavam notícias falsas pela internet e influenciaram nas eleições norte-americanas daquele ano.
São inúmeros os motivos para que sejam criadas as notícias falsas. Muitas vezes essas manchetes são elaboradas com o objetivo de atrair usuários para os sites aumentando o seu público e com isso faturar com publicidade digital ou ainda são feitas apenas para disseminar notícias inverídicas a respeito de algo ou alguém para formar ideias, ou incentivar o ódio e mentiras atingindo assim os artistas, empresas, classe política e pessoas comuns.
O interesse em analisar o arquivo deu-se pelo fato deste tema está tão em evidencia nos jornais, revistas e TV nos últimos anos. Por meio de várias pesquisas busquei externar de que forma a construção deste gênero é capaz de modificar nossas escolhas e até que ponto pode influenciar nosso pensamento a respeito de determinado assunto. Com base no pensamento de alguns escritores conhecidos procurei exteriorizar as “Fake News” e estabelecer uma comparação com a notícia verdadeira para que sejam vistos os pontos que às distinguem e se é possível filtrar as verdadeiras informações daquilo que é produzido com intuito de ter como verdadeiro aquilo que é falso e descontruir um gênero tido como confiável, como a notícia.
Para identificar a conjunto da desnotícia e seu fundamento é necessário antes fazer um breve conceito e analise da notícia e sobre ela Nilson Lage (1985) afirma:
“Do ponto de vista da estrutura, a notícia se define, no jornalismo moderno, como o relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante ou interessante; e de cada fato, a partir do aspecto mais importante ou interessante. Essa definição pode ser considerada por uma série de aspectos. Em primeiro lugar, indica que não se trata exatamente de narrar os acontecimentos, mas de expô-los”. (Nilson Lage, 1985, p. 16).
Segundo o autor é trabalho da notícia exteriorizar e não somente narrar aquilo que é interessante e por isso fazer notícia é um trabalho de seleção em que se examina os fatos e mede-se a relevância de publicar ou se os fatos despertará interesse no leitor mantendo a conformidade com os fatos.
A análise se dará da seguinte maneira: Primeiramente será feito uma breve consideração sobre a notícia afim de se estabelecer um elo entre a verdadeira notícia e o que é produzido falsamente para se se pareça verdade. Após isso, será evidenciado onde teria surgido o termo aplicado a circulação de notícias falsas e onde ele é pincipalmente divulgado e público atingido assim como algumas características que norteiam o gênero analisado aspecto estrutural; dando ênfase a criação do texto em forma jornalística para contextualizar a dá maior veracidade a “notícia” circulação em massa e fontes que veiculam essas criações. Seguidamente será discutido a desconstrução do gênero notícia e que que forma a confiabilidade das informações estão sendo colocadas à prova a partir destas “desinformações”.
Por fim, será pormenorizado algumas Fake News que foram divulgadas nos últimos anos e que analisado seu principal objetivo e evidenciarei ainda quais os impactos que elas causaram ou ainda podem causar ao leitor além de deslumbramos o interdiscurso produzido por estas “desnotícias.”
3. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE NOTÍCIA E INTERNET
Não se tem uma ideia precisa de quando tenha surgido o jornalismo e muito menos qual teria sido o primeiro jornal do mundo, muitos atribuem à criação ao Imperador Romano Júlio César. Para que fosse possível divulgar suas grandes conquistas militares e informar o povo a respeito da expansão do Império além da divulgação pessoal César criou a Acta Diurna, que é o primeiro jornal que se tem notícia do mundo.
Na época do Império não havendo tecnologias de impressão ou mesmo papel suficiente para produção de informação a Acta Diurna era feita em placas de madeira papel e expostas nas cidades para que as pessoas pudessem ler sem ter que pagar por isso. O único meio de levar essas placas a outros lugares eram em cavalos e a pé, e isso fazia com que a comunicação naquela época fosse mais lenta, pois mesmo que a Acta Diurna fosse publicada todos os dias não era possível está sempre atualizada e as informações que estavam contida já haviam acontecido há alguns dias ou semanas atrás. Sendo, pois a Acta Diurno uma publicação semelhante a um diário oficial as informações ali contidas nunca divulgavam notícias negativas a respeito do exército romano ou de qualquer escândalo sobre pessoas ligadas ao Imperador, os textos não eram imparciais.
Já na idade média houve um grande avanço tecnológico beneficiando os jornais e jornalismo facilitando o trabalho que era realizado manualmente, como a prensa do papel, criada pelo Alemão Johannes Gutenberg que contribuiu significativamente para que a publicação de livros, revistas e jornais se tornasse muito mais rápida, ampla e de baixo custo. Essa invenção foi um marco na evolução que muitos afirmavam que este fato foi o símbolo da transição da Idade Média ao Renascentismo com uma visão ás novas tecnologias contribuindo para a ciência e um jornalismo mais profissional.
Com o avanço tecnológico e no contexto da Guerra Fria (1945-1991) onde as duas maiores potencias Estados Unidos e URSS, disputavam as hegemonias e poderes ambas divididas e blocos socialista e capitalista é que se tem o marco inicial da internet no mundo. Neste contexto, os Estados Unido com receio de ataque da Rússia e afim de garantir as habilidades de guerra desenvolve um sistema de compartilhamento de informações e a partir daí temos o primeiro molde de rede de internet, a "Arpanet" (Advanced Research Projects Agency Network).
A primeira conexão de internet foi estabelecida entre o Instituto de pesquisa de Stanford e a Universidade da Califórnia na data de 29 de outubro de 1969 um marco na era da tecnologia já que neste dia o primeiro e-mail foi enviado. Foi somente na década de 90 que o físico e professor britânico Tim berners-Lee criou um navegador ou browser, a “World Wide Web” (www), isso é, a rede mundial de computadores.
A internet chegou ao Brasil no final da década de 80, nesta época Universidade brasileiras começam a compartilhar informações com os Estados Unidos, mas somente em 1989 com a fundação da Rede nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) que o acesso se difundiu no país.
Aos poucos que a internet foi se expandindo pelo mundo e com ela o surgimento de novos navegadores, ou browsers como o Internet Explorer, Google Chrome, Opera, Lynx e outros aumentando significativamente o número de usuários e com isso ocorre a criação de inúmeros sites, chats relacionamentos e redes sociais como Facebook, MSN, Twitter, Instagram, e outras, fazendo assim com que a internet se tornasse uma rede global de computadores.
Atualmente a internet é utilizada para diversos fins, diversão, comunicação, educação, trabalho e principalmente como fonte de informação, contudo ela é indispensável no mundo moderno.
Muitos estudiosos apontam a internet como uma nova forma de poder, antes nunca vista. Lyon por exemplo afirmava:
“Tudo parece apontar para que este seja o único caminho possível; a chave para a prosperidade futura e para os modos de vida qualitativamente diferentes está na aprendizagem dos processos de manipulação, transmissão, armazenamento e obtenção de informação”. (David Lyon 1992. P 1)
O que vemos nos dias de hoje é um desenvolvimento muito rápido das novas tecnologias de informação e comunicação e um grande número de informações aos usuários e isso exige cada vez mais uma seguida atualização dos conhecimentos da sociedade em geral, pois está informado e ativo nessas comunicações é extremamente necessário para que não estejamos à margem dessas novas comunicações em massa.
4. ORIGEM DA EXPRESSÃO FAKE NEWS
De acordo com o dicionários Merriam-Webster a expressão “Fake News passou a ser utilizado no final do século XIX e já era visto em vários textos da década de 1890, um texto por exemplo publicado no “The Buffalo Commercial” de Buffalo, Nova York) que fez a seguinte declaração: "O gosto público não aprecia as 'falsas notícias' (Fake News) e as poções de 'demônio especial', como as que lhe foram servidas por um serviço noticioso local há um ou dois anos".
Fake News é um termo que por si só explica-se; Informações que não são verdadeiras divulgadas por algum veículo noticioso, no entanto a palavra Fake não era muito utilizada no período antes do século XVIII os falantes do inglês utilizavam um outro termo para referir-se ao que hoje damos o nome de Fake News; eles usavam a expressão “False News”.
Essas notícias inverídicas tem grande poder de persuasão, sobretudo com os menos escolarizados e que têm a internet como principal fonte de informações, no entanto elas podem ter um alcance ainda maior atingindo pessoas mais estudiosas pelo fato de seu conteúdo ser em grande parte de cunho político. E como já foi mencionado, o termo ganhou proporções maiores nas eleições presidenciais americanas de 2016 onde diversas notícias falsas eram disseminadas pelos eleitores de Donald Trump a respeito da candidata Rillary Clinton.
Como é possível perceber, as Fakes News estão presente desde os tempos mais antigos, no entanto o que modificou foi a terminologia, os novos meios que são utilizados para divulgação e faculdade de persuadir que as falsas notícias incorporou ao longo dos últimos anos.
5. ESTRUTURA E VEICULAÇÃO DAS FAKES NEWS
Há algum tempo diversos escritores já divulgavam notícias falsas a respeito de seus antagonistas, isso acontecia mesmo antes do Jornalismo confiável ser prejudicado pelas Fake News.
Segundo relatos de um produtor de Fake News não identificada ao Jornal Correio Brasiliense, as desinformações nela contida tem objetivo além de propagar mentiras, sanar dúvidas que as pessoas possam ter sobre determinado conteúdo. O produtos afirma que quem produz uma Fake News não quer que a notícia falsa se transforme em verdadeira, ele quer apenas legitimar a dúvida.
A estrutura organizacional dos produtores de notícias falsas, as Fake News é ampla e conta com profissionais de diversos setores da comunicação. Sabe-se ainda que quem custeia principalmente essas organizações são pessoas influentes, como políticos em época de eleição, que contratam os serviços de grupos especializados nesses tipos de conteúdo, e os grupos podem ser formados por marqueteiros, publicitários, e jornalistas, sendo pois, um negócio ilícito os grupos podem contar ainda com policiais que fazem a segurança das sedes e equipamentos.
Os produtores de Fake News investem também na compra de dados de usuários da rede mundial de computadores afim de atingir um determinado público com suas divulgações, acabam tendo acesso a dados pessoais como número de telefone e e-mail com intuito de difundir conteúdo á milhões de pessoas. Nos sites de relacionamentos e redes sociais os perfis falsos interagem com os usuários e em seguida espalham vários vídeos e notícias inverídicas e ainda instigam as pessoas também fazerem a divulgação.
As pessoas que contratam os serviços das empresas especializadas em produzir notícias falsas geralmente investem muito dinheiro para que a produção e divulgação seja mantida em sigilo e não ocorra investigação, e punição dos culpados e para isso eles pagam um alto preço para que a propagação seja semelhante ao uso comum da internet pelos usuários e adotam várias estratégias, como a mudança do local de produção, mudança de equipamentos e alteração do IP da máquina.
Para dar maior veracidade às Fakes News os divulgadores as unem com a reprodução de informações verdadeiras de sites confiáveis e modificam algumas informações utilizando recursos avançados, capazes de modificar imagens e vídeos dá maior confiabilidade às informações.
6. A NOTÍCIA COLOCADA À PROVA
É possível perceber que a internet modifica a forma e de fazer jornalismo por conta da maior possibilidade de conexão e pela maior facilidade de acesso, podendo qualquer pessoa fazer notícia, por isso o jornalismo aos poucos está sendo modificado. Porém, assim como os demais meios de comunicação, a internet também está sujeita a notícias falsas e de acordo com Souza (2007, p.01):
Ao longo de sua história, o Jornalismo sempre conviveu em menor ou maior grau com notícias falsas. Boatos publicados sem apuração, notícias pagas para favorecer alguém, notícias simplesmente inventadas em vínculos sensacionalistas – tudo isso não vem de hoje e foi algo com que a imprensa sempre buscou lidar, no entanto a internet com a proliferação das notícias falsas aumentou exponencialmente. Um fenômeno que vem pondo em risco a própria profissão de Jornalista, que vê agora, em plena era digital, sua credibilidade novamente em jogo.
No jornalismo, a pós-verdade deve ser tratadas como uma operação para desacreditar a imprensa, evitando que que as evidencias sejam exposta. Mesmo que busque sempre informar de várias formas, nem sempre o jornalismo foi a mais pura verdade. Deveria ter acrescido à definição de jornalismo o fato de ser uma atividade praticada por seres humanos suscetíveis a diferentes interpretações da realidade. Muitas vezes a pós-verdade é artifício para acobertar uma verdade inconveniente, como tirar a credibilidade do jornalismo (Palma, 2017).
Em meio ao cenário atual do jornalismo as Fakes News ganham cada vez mais espaços, pelo menos é o termo usado atualmente, podendo antes já ser usados outros termos, como sátiras e rumores. As Fakes News ganham força pelo fato de alcançar um maior número de pessoas e geralmente pessoas que não estão aptas a investigar a fonte da informação nem contestar o conteúdo para checar a confiabilidade da notícia.
A Fakes News não estão relacionadas no entanto somente com o jornalismo em si ou dos meios de comunicação, ela está ligada diretamente com a vida das pessoas e levando falsas verdades pode até ferir o direito da intimidade e honra das pessoas. Conforme Pina (2017, p. 13), “em termos legais o problema das Fakes News se dá quando ocorre um conflito de direitos. Tais conflitos são produzidos entre a informação transmitida e os direitos fundamentais da pessoa afetada por dita informação, principalmente a honra e a intimidade”.
7. ANALISANDO ALGUMAS FAKE NEWS
Diariamente temos visto várias notícias falsas a respeito principalmente de pessoas famosas ou assuntos polêmicos, são mensagens divulgadas pela internet e que quase sempre tem um teor ofensivo. No ano de 2017 foram várias as Fake News que foram disseminadas e será feito uma análise sobre algumas delas. No anos de 2017 foi publicado a seguinte “notícia”:
“Governo de Goiás está distribuindo bonecas com órgãos sexuais trocados”
A publicação desta notícia no rede social Facebook alcançou mais de dois mil compartilhamentos, o texto afirmava que o Governo de Goiás estaria fazendo a distribuição de bonecas com órgão trocado, ou seja as bonecas viriam com o órgão sexual masculino e que os bonecos do gênero masculino estavam de batom. O texto afirmava ainda que os brinquedos incentivavam a ideologia de Gênero e era uma ofensa ás famílias do brasil e fazia um alerta aos pais do perigo da exposição das crianças à aquele conteúdo.
De fato foram entregues brinquedos às crianças; uma organização não governamental fez a ação junto com o Governo Estadual, no entanto os brinquedos não tinham os gêneros trocados, eram como qualquer outro brinquedo, como afirmou os organizadores da ação.
Muitas pessoas ao se depararem com uma notícia como esta muitas vezes não verificando se a fonte da informação é confiável, acaba por acreditar no que lê e tê-la como verdadeira e por não querer ter seu filho envolvido com um assunto tão delicado e inapropriado para a idade dele e por ter sua opinião a respeito do assunto pode fazer críticas ao governo, e muitas vezes até entrar em ação jurídica contra os envolvidos. É notório a intensão da manchete de polemizar, de criar discursão e para isso atrair usuários a comentar, compartilhar e navegar pela página, levando em conta que a informação não era verdadeira.
Pelo fato do texto sempre apresentar uma estrutura e linguagem jornalística muitas pessoas acreditam e com isso os sites de notícias confiáveis perdem credibilidade ao passo que as Fake News vão sendo desmascaradas e usuários já não sabe mais em que acreditar.
Outra notícia que foi divulgada recentemente foi a seguinte;
“PSOL quer Pabllo Vittar como candidato à presidência em 2018”
A notícia vem acompanhada da seguinte imagem:
(Foto: reprodução Facebook)
Apareceu em vários blogs e sites na segunda semana de dezembro do ano de 2017 a notícia de que o PSOL (Partido Socialista) queria ter como candidato à presidência pelo partido a cantora e dreg queen Pabllo Vittar a notícia surgiu logo que a cantora ganhou o prêmio de cantora revelação de 2017. Ainda segundo a reportagem ela teria sido convidada por ser um sucesso absoluto e muito mais conhecida que qualquer integrante do partido e que acabara de ganhar um grande prêmio da música, além de ser a única chance da sigla na corrida presidencial de 2018.
Esta notícia de que Pabllo seria candidata foi divulgada por um site especializado em divulgar Fake News denominado “CorrupçãoBR” e vale lembrar que a idade mínima para ser presidente no Brasil é de 35 anos e sendo que Pabllo Vittar nasceu em 1994 não seria possível tal fato e nada foi divulgado pela a artista a respeito.
8. MEMÓRIA DISCURSIVA
A memória discursiva é extremamente importante no processo discursivo ela é movida por falhas e equívocos; e se constitui como forma de retomada e circulação de discurso, causando um efeito de evidencia, considerando este fato Orlandi afirma:
A condição da linguagem é a incompletude. Nem sujeito nem sentidos estão completos, já feitos, constituídos definitivamente. Constituem-se e funcionam sob o modo do entremeio da relação da falta, do movimento. Essa incompletude atesta a abertura do simbólico, pois a falta é também o lugar do possível (ORLANDI, 2007, p. 52).
A opacidade da língua diz respeito a ideia da inexistência de significados imutáveis para as palavras, acredita-se que cada dizer pode sofrer uma modificação de sentido dependendo das condições em que é (re)construído. Para Orlandi (2007, p. 37), “os sentidos e os sujeitos podem ser outros. Todavia nem sempre o são. Depende de como são afetados pela língua, de como se inscrevem na história”.
Tratando-se pois de notícias falsas divulgadas em massa nas redes sociais podemos dizer que os efeitos de sentidos serão diferentes de um sujeito para outro e a decisão de acreditar partirá de cada indivíduo. Sobre isso Orlandi (2007) afirma:
Partindo da ideia de que a materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade específica do discurso é a língua trabalha a relação língua, discurso e ideologia. Essa relação se complementa pelo fato de que, como diz M Pêcheux (1975), não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a língua faz sentido (ORLANDI, 2007, p. 17).
Considerando, pois à memória discursiva, a produção das Fakes News nos remete a notícias verdadeira, com estrutura, imagem que associamos ao fatos e meio em que é disseminada. O que será diferente é o objetivo, que nestes casos não é informar, mas sim polemizar alguma situação ou manchar a imagem de pessoas famosas e anônimas.
9. REFERÊNCIAS
CAMPOS, Lorraine Vilela. "O que são Fake News?"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-news.htm>. Acesso em 18 de novembro de 2018.
DAVID LYON (1992). A Sociedade da Informação. Questões e Ilusões. Oeiras: Celta Editora, p. 1.
https://www.guiadacarreira.com.br/profissao/jornais-jornalismo/
https://www.vice.com/pt_br/article/wjpd7b/as-fake-news-mais-bizarras-que-circularam-pelas-redes-brasileiras-em-2017
Orlandi, E. Analise do Discurso; princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2007.
Pêcheux, M. Análise automática do discurso. Por uma análise automática do discurso.3. ed., Campinas-SP: Ed. da Unicamp, 1997.
Escrito por João Pedro de Sousa Oliveira e Roseline Cortês
Publicado por: João Pedro de Sousa Oliveira
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