A TV POR ASSINATURA E O CRESCIMENTO DOS TORCEDORES DE CLUBES EUROPEUS NO BRASIL: A ESPN BRASIL E SUAS FERRAMENTAS NA TEMPORADA 2016/2017

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1. RESUMO

Algumas pesquisas recentes sinalizam um crescimento expressivo de torcedores de clubes europeus de futebol no Brasil. A presente monografia estuda as principais ferramentas comunicacionais que impulsionam o crescimento desses torcedores brasileiros que torcem por clubes de futebol da Europa. A ESPN Brasil, os canais segmentados de esportes da TV fechada brasileira e algumas ferramentas online são os principais pontos analisados da pesquisa. A formação de novas identidades futebolísticas, influenciadas pela segmentação e globalização dos meios de comunicação e potencializada através de ferramentas via Internet são as bases do estudo. A pesquisa buscou suporte teórico em autores como Hall (1992), Chaves (2016), Jenkins (2009), Barrinha e Nunes (2004), entre outros autores. Dentre os procedimentos metodológicos, foram aplicados formulários eletrônicos, acompanhamento e análise de programação esportiva dos principais canais por assinatura do assunto, com destaque para as ferramentas da ESPN Brasil. A monografia trouxe resultados interessantes como o número de 8,8% dos torcedores que já descartam o futebol nacional ou 35,2% que preferem o futebol europeu em detrimento do futebol nacional, além de depoimentos dos profissionais da ESPN Brasil.

Palavras-Chave: Televisão Fechada; Futebol; Segmentação; Identidades; Internet.

ABSTRACT

Some recent research indicates a significant growth of fans of European football clubs in Brazil. This monograph examines the main communicational tools that drive the growth of these Brazilian fans who cheer for European football clubs. ESPN Brasil, the segmented sports channels of the Brazilian closed TV and some online tools are the main analyzed points of the research. The formation of new football identities, influenced by the segmentation and globalization of the media and leveraged through Internet tools, are the basis of the study. The research sought theoretical support in such authors as Hall (1992), Chaves (2016), Jenkins (2009), Barrinha and Nunes (2004), among other authors. Among the methodological procedures, electronic forms were applied, monitoring and analysis of sports programming of the main channels by signature of the subject, highlighting the tools of ESPN Brazil. The monograph brought interesting results such as the number of 8.8% of fans who already discard national football or 35.2% who prefer European football over national soccer, in addition to testimonials from ESPN Brazil professionals.

Keywords: Closed Television; Soccer; Segmentation; Identities; Internet.

2. INTRODUÇÃO

É cada vez mais comum vermos pessoas nas ruas aqui do Brasil com camisas de clubes europeus. São principalmente crianças1 e jovens2 os maiores consumidores desse “produto”. O crescimento desse novo jeito de torcer no país já é nítido, seja pela venda de camisas, pela preferência dos jovens, pelo número de seguidores no Facebook que os clubes europeus já alcançaram no país3, pela formação de torcidas oficias, como a Arsenal Brasil, Chelsea Brasil, Manchester United Brasil, Borussia Dortmund Brasil, fora os inúmeros grupos do Facebook que tem como objetivo reunir torcedores brasileiros de determinados clubes europeus.

Tendo conhecimento desse fenômeno, os clubes da Europa já se movimentam para buscar fãs fora do velho continente. Clubes como Barcelona, Real Madrid, Arsenal, Manchester United, Chelsea, Milan, entre outros, já desenvolvem ações para captação desses novos fãs. Estratégias de marketing são constantemente criadas por esses clubes, como viagens de pré-temporada onde existe uma grande concentração de fãs4, jogadores de determinado país são contratados, entre outras estratégias.

Mais desenvolvidos e com maior poder aquisitivo, os clubes de futebol da Europa investem em ações de marketing e comunicação focadas em jovens de países emergentes e se aproveitam desses avanços tecnológicos que agora permitem um tipo de relacionamento personalizado diário e massivo. (CHAVES, 2016, p. 39).

A Ásia é um continente mais adequado para os gigantes da Europa implantarem suas estratégias de marketing devido ao baixo nível técnico do futebol local em detrimento ao nível técnico apresentado na América Latina e consequentemente no Brasil. Porém, já existem ações de marketing de alguns clubes europeus no território brasileiro, como as parcerias do Barcelona com a Baruel5 e a C&A6. As escolinhas oficiais dos clubes da Europa estão em expansão também, já existem no Brasil, academias do Barcelona, Real Madrid, Internazionale, Milan, Juventus, Paris Saint-Germain, entre outros. Outra estratégia de marketing que os clubes utilizam para fidelizar o brasileiro a torcer por um clube europeu é o reconhecimento por parte da instituição como uma torcida oficial fora do território de origem7.

Sabendo-se que existe um aumento de torcedores estrangeiros no país – como será mostrado em pesquisas mais adiante – e que os clubes europeus já se movimentam para traçar estratégias de captação de novos fãs pelo Brasil e pelo mundo, o presente trabalho não teve a intenção de mostrar minuciosamente todas as causas para esse crescimento, mas sim focar na importância dos meios e ferramentas comunicacionais que impulsionam esses torcedores.

Dado esse contexto, os canais esportivos da TV por assinatura, em especial a ESPN Brasil e suas diversas ferramentas midiáticas que caracterizam o conteúdo difundido do futebol europeu no Brasil, compõem o objeto principal do presente estudo. Foi utilizado o questionário aplicado para comprovar o poder das emissoras de TV fechada, em especial a ESPN Brasil e o recurso do streaming que vem se expandindo também.

O objetivo da pesquisa foi apresentar a influência que os canais esportivos de televisão fechada, em especial a ESPN Brasil teve/tem no aumento de torcedores de clubes europeus no Brasil, comprovados através de pesquisas.

A pesquisa, de natureza básica, iniciou-se a partir de objetivos exploratórios e, posteriormente, contemplou aspectos descritivos. Os procedimentos priorizados foram de: pesquisa experimental; pesquisa bibliográfica e documental; pesquisa de levantamento; e aplicação de questionário.

Especificamente, para levantamento dos dados, utilizamos como métodos: formulário Google Docs aplicado entre o dia 19 de janeiro ao dia 6 de fevereiro de 2017 em grupos do Facebook (lista dos grupos no capítulo II) que continham torcedores de clubes da Europa; perguntas abertas dirigidas aos profissionais da ESPN Brasil (Alex Tseng, Arnaldo Ribeiro, Gian Oddi e Leonardo Bertozzi) e ao pesquisador Fernando Martinho (autor da pesquisa Top 500 do Facebook), os contatos foram feitos através de e-mails; foi assistido diariamente o programa Futebol no Mundo do dia 23/04 ao dia 23/05; foi registrado todas as partidas transmitidas pelos canais Bandsports, ESPN, Esporte Interativo, Fox Sports e SporTV como forma de observar a quantidade de jogos transmitidos por essas emissoras todas as semanas na temporada 2016/2017 (agosto de 2016 à maio de 2017), a fonte para colheita desses dados foi o site Portal Mídia Esporte8; e foram analisados e trabalhados livros, monografias, dissertações de mestrado, artigos científicos, matérias, páginas da Internet e redes sociais.

Partimos da hipótese que a TV por assinatura pode não ser o principal causador do crescimento desses novos torcedores, mas, certamente, é uma das ferramentas que impulsionaram esse crescimento e conseguiu fidelizar o espectador com o clube como um meio de ligação.

A TV a cabo e a internet são os principais catalizadores da provável quebra de paradigma cultural, no caso, como esses jovens “consomem” e acompanham o futebol europeu. Com a possibilidade de ter contato diário com o futebol europeu, esses jovens passaram a desprezar ligas nacionais com cada vez mais intensidade, muito pela falta de qualidade técnica e do valor de entretenimento. Esse fenômeno acima, confirma a teoria dos torcedores satélites proposta por Kerr (2009) e Hognestad (2006), que classificam a TV a cabo como um dos principais motivos de torcedores de outros países criarem identificação e que passassem a acompanhar essas equipes demonstrando característica psicológicas muito avançadas. (CHAVES 2016, p.70).

O objeto de análise para a pesquisa foi delimitado em razão da força que a ESPN Brasil teve/tem na inserção e caracterização do futebol europeu no país. A escolha por essa emissora se deu dentre outras coisas, por ser a mais antiga na segmentação citada, por ser a que mais exibe partidas do futebol europeu e principalmente pelos números que o formulário aplicado apresentou. Como por exemplo, dos que citaram a televisão como influência para gostar de determinado clube europeu, 63,4% apontam a ESPN Brasil como emissora mais votada. Se a Internet aparece junto com a TV como o meio mais procurado para acompanhar as partidas, o líder desse quesito também faz parte dos canais ESPN, é o canal via streaming Watch ESPN, que foi escolhido por 65,7% dos entrevistados. O programa mais antigo sobre futebol internacional também é produzido pela ESPN Brasil, é o programa Futebol no Mundo, onde 29% dos entrevistados assistem com frequência e 43,5% assistem, mas não com tanta frequência. Além de ser mais antigo, o programa é ao vivo e diário. Outro fator para justificar a escolha do objeto de análise, que talvez seja o “carro chefe” da emissora e responsável por “alimentar” esses torcedores, é o grande número de partidas exibidas dos clubes da Europa nos canais ESPN, são cerca de 18 jogos por semana, com grande concentração nos sábados e domingos, nos mais diversos campeonatos europeus. A exclusividade do campeonato Inglês na atual temporada sob o domínio da ESPN Brasil, traz uma credibilidade e uma fidelização entre esses fãs e a emissora, aumentando a audiência9 e chegando até quebrar recordes10.

Além desta Introdução, a presente monografia está estruturada em cinco capítulos e as considerações finais. No primeiro, o estudo aborda a fundamentação teórica da pesquisa, que foi trabalhada em diversos eixos para o tema. Primeiro a questão da identidade construída por esses novos torcedores e a globalização desenvolvida pelos clubes globais, onde Hall (1992) foi trabalhado como forma de mostrar o surgimento de novas identidades e Barrinha e Nunes (2004), Alabarces (2011) e Portet (2010) exemplificam bem a questão da globalização e dos clubes globais. As causas para o crescimento dessa nova forma de torcer abordado no estudo teve suporte de Chaves (2016). Outra questão teórica abordada é a segmentação da televisão, para essas questões foram estudados além dos já citados, Witter (2003), Jesus e Resende (2013), Torres (2005), Andrelo (2003) e Aronchi (2004). Por fim, o streaming e outras plataformas midiáticas que complementam o conteúdo da televisão serão abordados por caracterizarem uma espécie de conjunto de ferramentas que constroem um sentido único, as obras analisadas além de alguns autores já citados acima, foram Silva (2012) e Jenkins (2009).

O segundo capítulo detalha e comprova o crescimento dessa recente forma de torcer no país. São detalhadas as três pesquisas mais recentes sobre o crescimento desse público. A pesquisa Top 500 do Facebook, realizada por Fernando Martinho, mostra os números de seguidores no Facebook que comprovam a força do futebol europeu no Brasil. A pesquisa de 2015 do instituto IBOPE Repucom mostrou o crescimento de jovens interessados em torcer para clubes do velho continente e criou um ranking das maiores torcidas “europeias” no Brasil. Outro levantamento feito sobre o assunto, foi a pesquisa do instituto Stochos Sports & Entertainment, trazendo à tona o número de pessoas que diziam não gostar de nenhum clube europeu, que caiu de 45,9% em 2013 para 36,1 em 2015.

Ainda no segundo capítulo, é abordado em números os grupos e fanpages que envolvem o assunto futebol europeu – torcedores brasileiros. O formulário aplicado que obtive 729 respostas, influenciou a escolha do tema e trouxe como resultado a ESPN Brasil e suas diversas ferramentas como a emissora mais influente do público-alvo, esses formulários foram aplicados em grupos do Facebook de torcedores de diversos clubes da Europa. Os números são detalhados nesse segundo bloco.

O objetivo do terceiro capítulo é mostrar como se iniciaram as transmissões do futebol europeu no Brasil e como cresceu ao longo do tempo, partindo da televisão aberta, se consolidando na TV fechada e recentemente se tornando um produto bem visto novamente na televisão aberta. Nesse capítulo é mostrado uma breve análise das emissoras esportivas: Esporte Interativo, Fox Sports e SporTV. Histórico, direitos de transmissão, conteúdo e barreiras de mercado dessas emissoras são mostrados nesse capítulo antes de entrar no assunto ESPN.

O quarto capítulo é dedicado a ESPN brasil e suas ferramentas que a caracterizam como a emissora que mais impulsiona o futebol europeu no Brasil. É mostrada uma breve história sobre a ESPN Brasil para mostrar sua relação com o futebol europeu ao longo do tempo. O programa Futebol no Mundo, o detalhamento das transmissões de partidas e as novas tecnologias online como o Watch ESPN são estudadas nesse capítulo.

No quinto capítulo é feito uma abordagem sobre as respostas obtidas no formulário aplicado, como os números extraídos e relatos dos torcedores “europeus” citando a influência em gostar de determinada equipe, além de depoimentos dos profissionais da ESPN Brasil sobre a caracterização da emissora como a casa do futebol internacional no país.

3. NOVAS IDENTIDADES FUTEBOLÍSTICAS E AS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO

No dia 8 de março de 2017, o Barcelona enfrentou o Paris Saint-Germain pelo jogo de volta das oitavas de finais da Liga dos Campeões da Europa e precisava vencer a equipe francesa por 5 ou mais gols de diferença para se classificar, já que no primeiro jogo em Paris, os catalães foram goleados por 4 a 0. Para a surpresa dos amantes do Futebol, o confronto terminou 6 a 1 para o Barcelona e o PSG foi eliminado. Após a partida, as redes sociais “ferveram”, alguns usuários ressaltavam o grande feito histórico do Barcelona que conseguiu reverter a vantagem de quatro gols do PSG, outros reclamavam da arbitragem duvidosa da partida e memes eram criados e postados a todo tempo. Em meio a tanta informação sobre o duelo entre catalães e franceses, um vídeo de um garoto de 5 anos chorando a eliminação do PSG viraliza na rede, sendo usado até pela fanpage oficial do Esporte Interativo.

O vídeo de 38 segundos mostra o garoto cearense Davi Salvador lamentando a eliminação do PSG, comentando o jogo sem entender muito bem (normal para idade) e sendo consolado por sua mãe (produtora do vídeo), que no final pergunta se a criança vai continuar a torcer pelo PSG, o garoto rapidamente responde “vou” e cai no choro, finalizando o vídeo dizendo que nunca mais vai torcer para o Barcelona, que segundo sua mãe à reportagem11 do Globoesporte.com, ele gostava do clube catalão apenas por causa do jogador brasileiro Neymar.

A relação de Davi com o Paris Saint-Germain poderia ter parado por aí, mas o vídeo viralizou e chegou aos jogadores e diretoria do PSG, que tomaram conhecimento do garoto e enviaram para Fortaleza/CE alguns mimos como camisa oficial, bola, brinquedos, bandeira, pendrive e um álbum de fotos autografados pelos atletas do clube. Fora os produtos oficiais, o clube francês ainda enviou um vídeo em que os jogadores Thiago Silva e o uruguaio Edison Cavani mandaram mensagens de apoio para Davi, incentivando-o a não deixar de torcer pelo clube parisiense. A mãe de Davi, Sarah Aquino, gravou outro vídeo com o garoto abrindo os presentes e agradecendo emocionado aos jogadores do PSG, já vestido com a camisa oficial que ganhou de presente. Alguns meses depois, Davi foi convidado a conhecer o Centro de treinamento e o estádio do PSG, viajando até Paris com os pais.

3.1. ESSE TORCEDOR REALMENTE EXISTE?

A situação mostrada do menino Davi é apenas um exemplo de uma tendência que vem crescendo consideravelmente no país. Apaixonados por futebol são atraídos pelo forte nível técnico do futebol europeu, admirando clubes e se tornando torcedores.

Segundo o formulário aplicado, que será explicado mais a frente, ainda é pouco (mas já existe) o número de torcedores que descartam totalmente o futebol brasileiro e acompanham somente o futebol europeu. Para Alabarces (2011, p.198):

Não existe – ou com mais precisão, não existe ainda como dado sociológico para a análise – o suposto espectador global na América Latina, aquele que rejeita o futebol local para identificar-se plenamente com a exibição do Manchester United ou do Real Madri. Não quero dizer com isso que tal situação não venha a ocorrer: seria uma afirmação apressada, que deverá ser objeto de confirmação no tempo. Por enquanto, esse espectador global não passa de uma mera ilusão publicitária. (ALABARCES, 2011, p.198).

Para Chaves (2016), já existem jovens paulistanos que ultrapassam a barreira do envolvimento e podem ser considerados, de acordo com a teoria, como “torcedores” de clubes europeus. Os jovens pesquisados por Chaves (2016) já apresentam um tipo de comportamento, que segundo algumas teorias, já passam dos limites do envolvimento, e assim se enquadram como identificados com essas equipes.

Podemos dizer que o processo é parecido com torcedores dos grandes clubes do Brasil como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco, ambos esses clubes tem torcida em todo o território nacional, caracterizando o torcedor conhecidamente como “misto”12 ou que o time do coração seja unicamente o time do eixo Rio-São Paulo.

O indivíduo que mora na região norte ou nordeste do país e torce pelos grandes times do eixo Rio-São Paulo, está tão longe do seu clube do coração assim como o torcedor que mora no Brasil e torce para Barcelona, para o Manchester United ou para o Real Madrid, ou seja, ele não frequenta o estádio rotineiramente em dias de jogos, não sente o clima da cidade em dias de clássicos, entre outros atributos que mesmo em que a distância entre Brasil e Europa seja maior que o Nordeste ou o Norte para o Sudeste do país, nesse caso a distância se torna imaginária.

Hall (1992) se refere em sua obra à compressão espaço-tempo e identidade, no qual, cria-se o sentido de que o mundo é menor e as distâncias mais curtas, onde que os eventos em um determinado lugar têm impacto imediato sobre pessoas e lugares situados a uma grande distância.

No caso do surgimento de torcedores europeus no Brasil, essa “distância” foi e é cada vez mais diminuída com o passar do tempo. De acordo com Hall (1992), a pós-modernidade diminui imaginariamente essas distâncias e influenciam a formação de novas identidades culturais.

Se já existe torcedores que partilham o sentimento preferindo o clube europeu para torcer em detrimento do clube brasileiro ou os que descartam totalmente o futebol nacional e também os que torcem para clubes do futebol europeu, mas ainda afirmam que seu clube do coração é um clube local (brasileiro), como será mostrado adiante em números extraídos do formulário aplicado. Essas três formas de escolher um clube para torcer fazem parte do processo de que as identidades culturais na pós-modernidade estão em constantes mudanças e sempre abertas a novas formas culturais:

Assim, a identidade é realmente algo formado, ao longo do tempo, através de processos inconscientes, e não algo inato, existente na consciência no momento do nascimento. Existe sempre algo “imaginário” ou fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre incompleta, está sempre “em processo”, sempre “sendo formada”. (HALL, 1992, p.38).

Os diferentes processos nas formas e preferências de torcer que envolve o problema da pesquisa, é caracterizado por Hall (1992) como hibridismo. As identidades híbridas é uma tendência da modernidade tardia. Um exemplo é o espectador que gosta de futebol, escolhe vários times para torcer, muito por causa da globalização cada vez mais impulsiva e acaba criando uma identidade híbrida.

Através da globalização, as pessoas passaram a conhecer novas culturas e construir novas identidades, a escolha de acompanhar somente o futebol europeu ou nutrir a paixão por um clube nacional e um clube europeu, caracteriza o que Hall (1992) denominou de hibridismo. O torcedor que antes não conhecia o futebol europeu, passou a gostar porque simplesmente gosta de futebol e com o conteúdo difundido no país abriu-se uma porta para novas experiências e consequentemente a formação de novas preferências:

Os fluxos culturais, entre as nações, e consumismo global criam possibilidades de “identidades partilhadas” – como “consumidores” para os mesmos bens, “clientes” para os mesmos serviços, “públicos” para as mesmas mensagens e imagens – entre pessoas que estão bastante distantes uma das outras no espaço e no tempo. À medida em que as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural. (HALL, 1992. p.74,).

A globalização provocou todo esse processo do conhecimento de novas culturas e consequentemente o surgimento de identidades híbridas. O marketing dos clubes globais, a produção de conteúdo dos conglomerados midiáticos, dentre outros atributos das culturas locais como o baixo nível técnico dos campeonatos ou a desorganização dos clubes, são alguns fatores que levam a formação de novos torcedores do futebol europeu pelo mundo.

3.2. CAUSAS

No questionário aplicado, foi constatado que as causas são diversas, é aquele jogador que o espectador gosta e passa a acompanhar o clube por causa dele, é uma equipe que mostra um futebol bonito e a partir daí não para mais de acompanhar, são as cores do clube europeu que são parecidas com a do clube que ele torce no Brasil, é a influência de amigos e da família, a exibição de conteúdos audiovisuais como transmissão de jogos e os games.

Chaves (2016) em sua dissertação de mestrado, Os torcedores do futuro: as motivações que levam jovens paulistanos a se envolver com clubes de futebol da Europa, dividiu dois grupos focais com 12 jovens paulistanos entre 18 e 25 anos. O grupo 1 era composto por jovens que preferiam o futebol europeu ao futebol nacional e se autodeclaravam torcedores dos clubes do velho continente. O grupo 2 era formado por jovens que também apreciavam o futebol europeu mas preferiam acompanhar o futebol nacional.

Para chegar uma conclusão, Chaves (2016) utilizou o modelo teórico TSI (Team Sport Involviment) e definiu 4 dimensões que formavam as identidades de dois grupos, as dimensões foram: atração; auto expressão; centralidade ao estilo de vida; e o risco.

Resumidamente, Chaves (2016) definiu cada dessas 4 dimensões através de antecedentes, como:

  • Dimensão Atração: a atração seria representada por oitos antecedentes: interesse no esporte, ambiente saudável, estilo de jogo, a emoção, o valor de entretenimento, vínculo familiar, conhecimento do esporte, e serviço ao cliente. Estes oito antecedentes compartilham um traço comum em termos de significado emocional e valor colocado em atributos e benefícios tangíveis e intangíveis associados com a equipe (CHAVES ,2016 apud GLADEN & FUNK, 2001).

  • Dimensão Risco: é representada por dois antecedentes: a realização vicária e a fuga. Como discutido anteriormente, o envolvimento com uma equipe esportiva parece susceptível de acarretar riscos sociais e psicológicos relacionados com a realização vicária e ao escape de uma rotina normal.

  • Dimensão Centralidade ao Estilo de Vida: é representada por dois antecedentes: a ligação com os amigos e interagir com outros espectadores. Esses dois antecedentes podem ser considerados como oportunidades de socialização desejadas enquanto se acompanha alguma partida e pode também criar uma interação entre amigos com interesses semelhantes, criando um ambiente que vai além da socialização, reforçando uma escolha que engloba uma orientação de estilo de vida

  • Dimensão Auto Expressão: é representada por seis antecedentes: interesse no jogador, interesse na equipe, oportunidade de apoiar mulheres no esporte, os jogadores servindo como modelos, orgulho da comunidade e o drama. Estes seis antecedentes representam um significado implícito de que apoiar uma determinada equipe significa algo para os outros; um significado que é livremente escolhido e projetado para os outros (CHAVES, 2016 apud TAJFEL & TURNER, 1986).

A partir dessas 4 dimensões, entrevistando e analisando os jovens dos dois grupos focais, Chaves (2016) ilustrou na tabela abaixo e comparou os resultados obtidos:

Tabela 01: comparação entre os dois grupos focais de torcedores que preferem ou não o clube europeu ao brasileiro.

Dimensão

(Grupo 1)

(Grupo 2)

ATRAÇÃO

Valor de entretenimento.

Conhecimento sobre o esporte;

Competições;

Estilo de jogo.

AUTO EXPRESSÃO

Interesse pelos jogadores;

Interesse pela equipe;

Produtos (camisas, principalmente).

Interesse pelos jogadores (principalmente pelos brasileiros).

CENTRALIDADE AO ESTILO DE VIDA

Amigos; Internet;

Redes sociais;

Games e fantasy leagues.

Internet.

RISCO

Comportamento de outros torcedores (ambiente físico e virtual).

Os clubes que torcem no Brasil

Fonte: CHAVES (2016)

Portanto, as causas que levam um espectador a começar a gostar de um clube europeu, é basicamente como conclui Chaves (2016), são as novas tecnologias, que aliadas com a estratégia de marketing de alguns clubes da Europa, potencializam as motivações dos jovens paulistanos e geram essa necessidade de envolvimento. O clube em si, os jogadores que fazem parte, o valor de entretenimento, a qualidade técnica e o estilo de jogo, entre outros fatores, passaram, a partir de um novo contexto tecnológico e de comunicação, impulsionado pela TV a cabo, pela Internet e pelos jogos virtuais, a motivar ainda mais jovens paulistanos a se envolver com clubes europeus.

Além de conclusões conceituais e teóricas, os resultados dessa pesquisa propõem uma reflexão quanto à qualidade do produto esportivo oferecido no Brasil versus o que é oferecido por clubes e organizações da Europa. Enquanto por aqui a gestão e o marketing ainda parecem estar longe daquilo que é tido como uma estrutura profissional nos maiores centros esportivos, na Europa, competições como a Champions League entregam, exatamente, o que esperam jovens de todo planeta que, atualmente, vivem em mundo globalizado e que consomem entretenimento em praticamente tudo que compram. Essa grande diferença estrutural e profissional, que em alguns momentos já foi ofuscada por resultados esportivos significativos em um contexto mundial, agora é cada vez mais perceptível, inclusive para os jovens consumidores. Os resultados desta pesquisa deixam claro que esses problemas de gestão, de organização e de falta de visão de entretenimento, já impactam, diretamente, quando o jovem irá escolher a equipe que acompanhará no futebol. É nesse contexto que os clubes europeus mais se sobressaem. (CHAVES, 2016, p.73).

As conclusões obtidas por Chaves (2016) mostrada na tabela 1 apontam como influenciador para o grupo 1, o valor de entretenimento. Esse valor que Chaves (2016) se refere, faz parte do processo de transformação dos grandes clubes da Europa em marcas globais, através de estratégias de marketing e venda de produtos, somando-se ao forte nível dos campeonatos do velho continente.

3.3. GLOBALIZAÇÃO

Segundo Barrinha e Nunes (2004, p.132), os clubes que conseguem efetivamente globalizar-se tornam-se marcas com a capacidade de vender produtos – transmissões dos jogos, mas também camisolas e outros elementos de merchandising – numa escala quase universal. Estes clubes têm adeptos, e mesmo associações de adeptos, espalhados até por países onde historicamente o futebol nunca teve grande implantação.

A globalização provoca, não só no futebol, uma espécie de imposição de algumas culturas sobre as outras. No caso do futebol, você tem a elite de craques do futebol mundial de todas as nacionalidades possíveis atuando na Europa, consequentemente temos o melhor futebol do mundo sendo praticado pelos clubes do velho continente. O produto oferecido é melhor que qualquer outro no planeta nesse segmento.

Mesmo que o espectador de futebol não torça para nenhum clube europeu, com certeza ele conhece e assiste algumas partidas que tenha um grau técnico e de importância alto. Os clubes globais conseguem através da globalização divulgarem suas marcas e atingir quase todos os amantes do futebol pelo mundo.

Para Hall (1992), o deslocamento das identidades nacionais é um complexo de processos e forças de mudanças, que, por conveniência, pode ser sintetizado sob o termo “globalização”. Hall (1992) cita ainda, que segundo Anthony McGrew (1992), a “globalização” se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em realidade e em experiência, mais interconectado.

Os clubes considerados globais, Barcelona, Real Madrid, Manchester United, Liverpool, Arsenal, Milan, Internazionale, Juventus, Bayern e os que receberam grandes montantes de dinheiro no século XXI como Chelsea, Manchester City e Paris Saint-Germain, se tornando também clubes com grande popularidade mundo afora, promovem constantemente estratégias de marketing como oficialização de torcidas oficiais fora do território de origem, excursões pelo mundo, implantação de escolinhas de futebol em outros países13, contratações de jogadores de pequenos centros futebolísticos como forma de também atrair espectadores desses pequenos centros, fora o conteúdo produzido por suas assessorias de comunicação.

Um exemplo, são as excursões desses citados clubes globais pela Ásia, Oceania e América do Norte nos últimos anos como forma de atrair novos fãs e captar recursos. O Bayern de Munique recebeu 36 milhões para jogar na China em 2015, no mesmo período, o Real Madrid arrecadou 60 milhões para atuar na China e na Austrália. Destaque também para o confronto entre Manchester United e Real Madrid em agosto de 2014, válido pelo torneio amistoso de pré-temporada International Champions Cup nos Estados Unidos, levando 109.901 espectadores ao estádio e entrando para a história como o maior público de futebol da história dos Estados Unidos14.

Pesquisas de mercado demonstram que, mesmo em um país como o Brasil, onde o futebol é o esporte mais difundido entre todas as classes sociais (KASZNAR; GRAÇA, 2012), existe uma tendência de que os jovens se envolvam cada vez mais com clubes de futebol europeus, seja na compra de camisas (FOX, 2015) ou em termos de audiência nos principais campeonatos daquele continente (IBOPE, 2015). (CHAVES, 2016, p.13).

Cada vez mais que ocorre esse processo de globalização, mais identidades são deslocadas e transformadas, surgindo novas identidades e desaparecendo algumas. Essa mistura de identidades e uma unificação cada vez maior de várias culturas, é caracterizada por Hall (1992) como a homogeneização cultural. A globalização não desfragmenta a identidade local, mas faz surgir novas identidades e influencia o surgimento do hibridismo.

Para Portet (2010, p.8), o Manchester United foi o pioneiro em difundir estratégias de marketing com o intuito de se tornar um clube com popularidade global. Em 1997, o clube inglês anunciou, proveniente da multinacional de materiais esportivos Umbro, Peter Kenyon, como novo diretor executivo e dois anos depois outro executivo vindo da Umbro, Peter Draper, como novo diretor de marketing. Utilizando a Internet como meio de ligação com os fãs e produzindo conteúdo que atraiam esses espectadores, os resultados chegaram a Manchester:

Em fevereiro de 2001, o MU assinou um contrato de quatro anos por 30 milhões de libras com a Vodafone AirTouch, com o objetivo de que a empresa de telecomunicações poderia anunciar na camisa. O acordo com a operadora de telefonia móvel permitiu o clube desenvolver sistemas de comunicação sem fio com losfans, enquanto a Vodafone foi associado com uma marca esportiva bem conhecida em mercados onde ela estava interessada, como era o mercado asiático15… O sucesso econômico deste modelo pode ser justificado vendo um aumento na receita do clube inglês em comparação, por exemplo, com o FC Barcelona na década 1993-2003: enquanto no ano 1995/1996 ambos os clubes teve receita similares (58 milhões de euros do clube catalão e 62 milhões do clube inglês), no final da temporada 2002-2003, o Manchester United teve receitas de 251 milhões e o FC Barcelona atingiu apenas 150 milhões16. (PORTET, 2010, p.8 e 9, tradução nossa).

A globalização ajudou consideravelmente a formação de novas identidades, como os torcedores brasileiros que passaram a torcer também para clubes da Europa. Mas, outro ponto que a globalização trouxe com ela foi a explosão de conteúdo através da televisão por assinatura. Podemos dizer que as grandes corporações midiáticas também têm sua culpa nessa formação, por “abastecer” esses novos torcedores e formar novas identidades.

Para Portet (2010), a união das multinacionais do futebol (clubes globais) e as multinacionais do entretenimento (grandes corporações midiáticas) resultaram em um processo de expansão das marcas e de grande retorno financeiro, na qual ele chama de “complejo mediático y deportivo global”.

Os autores citados no parágrafo acima se referiram ao "complexo mídia e esporte global" para indicar a convergência dos direitos econômicos, culturais, midiáticos e esportes das grandes competições modernas. Neste sentido, Moragas, Kennet e Ginesta em entender como este complexo é formado, a transformação de sistemas de comunicação em - afetando as vantagens do novo ambiente digital tem um papel central, mas são especialmente sinergias, eles são estabelecidos com outros fatores complexos. Como Helland resume as relações de "simbiose e parasitismo" entre os atores: organizações desportivas, organizações profissionais e grupos de mídia17. (PORTET, 2010, p.5, tradução nossa)

O objeto central da pesquisa é justamente esse suporte que a televisão por assinatura deu ao futebol europeu no Brasil. Foi através da TV segmentada que o conteúdo sobre futebol europeu foi explorado consideravelmente, mesmo já existindo transmissões na TV aberta.

Para Barrinha & Nunes (2004, p.137), a invenção das comunicações por satélite e, mais tarde, dos cabos de fibra óptica permitiu multiplicar exponencialmente, desde a década de 90, a quantidade de mensagens difundidas à escala global, combinando som e imagem. A liberalização das comunicações e, em particular, da televisão – com a abertura de muitos canais privados, a criação de canais por cabo e por satélite, a formação de empresas de media com investimentos nos mais variados pontos do Planeta – fizeram o resto.

3.4. A TELEVISÃO E A SUA SEGMENTAÇÃO COMO “COMBUSTÍVEL” DESSAS NOVAS IDENTIDADES

Como já foi mostrado, Alabarces (2011) afirma que ainda não existe esse torcedor de clubes da Europa na América Latina que descarta totalmente o futebol local, relatando também, que os campeonatos europeus, ainda que obtenham audiências importantes e consigam captar publicidade televisiva, não geram identidades nem despertam paixões– muito menos desejo – entre os torcedores, mas reconhece a influência que os meios de comunicação passaram a ter através da globalização na formação de novos costumes:

Obviamente, o excesso de televisão oferecendo a possibilidade infinita de assistir continuamente a todos os jogos de todos os campeonatos –, produz fluxos de repertórios, especialmente simbólicos: a apropriação, por exemplo, de melodias que se reinterpretam nas músicas locais. Pude assistir, no estádio mexicano do Cruz Azul, à maneira pela qual os torcedores locais reinterpretavam a Marcha Peronista argentina, absolutamente indiferentes à sua origem minuciosamente política, seduzidos pelo seu ritmo tal e como a tinham escutado na televisão, cantada pelos torcedores do Racing argentino. (ALABARCES, 2011, p.5).

A Televisão como meio de comunicação, independentemente de ser aberta ou fechada, pública ou privada, ela é um meio de forte influência social, cultural e ideológica. Para Jesus e Resende (2013, p.6), a partir de sua compreensão, a TV passa de simples meio veiculador de mensagens para um objeto influente no meio social, que molda hábitos, linguagem e constrói uma cultura a partir do entendimento (recepção) de seu conteúdo.

A televisão, vista antes apenas como veículo, tornou-se forte disseminadora de cultura e ideologia ao longo de sua trajetória. Na medida em que a televisão se desenvolveu, o público “cresceu” junto com ela, agregando valores ‘televisivos’ ao meio social. A TV moldou hábitos, criou linguagens, instigou o consumo, ditou moda e desenvolveu uma cultura que é recebida e disseminada por seus telespectadores dia -a dia. A TV é facilmente entendível, por isso tem grande influência nos indivíduos telespectadores que, até mesmo sem perceber, incorporam características em seu meio; características estas que lhe são passadas através da televisão. (JESUS & RESENDE, 2013, p.6).

Para Jesus e Resende (2013), a TV não influencia apenas na formação da consciência política dos indivíduos, mas em vários aspectos de conscientização e formação de identidade. Pode-se construir uma imagem ou identidade através daquilo que a televisão veicula, apoiada na ideologia de consumo.

O conteúdo propagado pela televisão consegue atingir as pessoas, mudando seus hábitos e construindo novas identidades culturais. A explosão de conteúdo do futebol europeu, em canais segmentados aos amantes do futebol, influenciou e impulsionou esse novo hábito do torcedor brasileiro, de torcer para clubes do futebol europeu.

Não se pode e nem se deve esquecer do papel que a televisão passou a exercer nas questões ligadas ao futebol. Em primeiro lugar porque futebol e TV fizeram um casamento perfeito. Depois dos primeiros percalços com as colocações de câmeras e os cortes nas produções e reproduções e, além do mais, com os avanços tecnológicos e os recursos de revisão imediata dos lances, a TV passou a ser a maior aliada do futebol e de sua popularidade. (WITTER, 2003, p.165).

Com o aumento no número de assinantes da TV fechada no Brasil e a inserção de canais do segmento esportivo, esse “casamento perfeito” citado por Witter (2003), rendeu ótimos resultados financeiros para a indústria televisiva e influenciou a criação de hábitos, gerando novas identidades e fez o futebol europeu se tornar mais popular no Brasil.

A televisão por assinatura cresceu muito desde sua inserção no Brasil, em 1995, aumentando de 3,9 milhões de assinantes em 2002 para 18,9 milhões em 201618, com queda no último ano, já esperada pelo presidente da Associação Brasileira de TV por Assinatura19, Oscar Simões, devido à crise financeira enfrentada pelo país nos últimos anos.

A TV fechada segmentou canais de acordo com o conteúdo veiculado e com o público alvo. A partir dessa segmentação de canais televisivos, surgiram emissoras voltadas aos mais variados assuntos. Esportes, notícias, infantil, séries, filmes, variedades, documentário e eróticos são as segmentações televisivas mais comuns. A ANCINE20 classificou a TV por assinatura no Brasil em 9 categorias de canais, são eles: filmes e séries; esportes; variedades; infantil; documentários; notícias; eróticos; internacionais; e de distribuição obrigatória.

A segmentação da televisão criou uma fidelidade com os determinados públicos específicos. O público telespectador se tornou muito mais antenado ao conteúdo veiculado. Isso também gerou uma maior ligação entre o produto televisivo e o público alvo. Por exemplo, se gosto de futebol, vou acompanhar mais canais esportivos e vou ser mais fiel e exigente ao produto que estou pagando, se gosto de filmes vou pagar pelo serviço e consequentemente vou ter as mesmas exigências e a mesma expectativa de outros nichos específicos com o seu serviço contratado.

Para Torres (2005), a TV por assinatura é um bom exemplo, por se tratar de um produto altamente segmentado a respeito do qual a principal preocupação das empresas é, ‘fidelizando’ seus clientes, alcançar maiores lucros por meio de serviços agregados e da publicidade direcionada.

A TV por assinatura introduz uma nova lógica na relação do espectador como meio: o pagamento pelo acesso à televisão com melhor qualidade de recepção e programação com grande variedade de canais. Vivemos na “sociedade do pago”, em que o acesso aos serviços está condicionado pela capacidade de pagar dos usuários; portanto, o “pago” torna-se uma condição prévia ao consumo. Oferecendo um grande leque de canais, a TV por assinatura abrange diferentes nichos de interesse em programações como telejornais, entrevistas, filmes, documentários, variedade, shows, esportes e culinária, religiosos, canais de venda, entre outros. (TORRES, 2005, p.30)

A diferença na programação entre a TV aberta e a TV fechada é que na aberta a programação deve ser produzida para uma massa em geral e conter diversos tipos de conteúdo para diversos públicos, além de conter toda uma responsabilidade social por ser uma concessão pública, na TV fechada a programação é construída através de nichos específicos, se tornando mais flexível e personalizada, se tornando uma ferramenta diretamente mercadológica.

Nesse caso, a segmentação da televisão divide os públicos e caminha no sentido contrário a função social da televisão, pois deixa de transmitir certas obrigatoriedades sociais para se fortalecer cada vez mais em função de públicos específicos. Wolton (1996 apud Andrelo 2003), afirma que: “Se assistirmos a uma fragmentação das mídias, paralela às desigualdades e fraturas sociais da sociedade, a televisão perderá o seu papel essencial de laço social”. Como descreve Wolton (1996, p.7), a televisão primeiramente deve estar ligada a democracia e ser um meio de interação social.

Não é a intenção aqui discutir a TV aberta em relação a TV fechada, mas sim analisar como a TV fechada, através do que seus canais segmentados oferecem, movidos pelos lucros, conseguem fidelizar públicos específicos e gerar novos hábitos nos telespectadores.

Os clubes globais, citados anteriormente, foram beneficiados por essa segmentação. As transmissões esportivas e os programas sobre futebol são exibidos em uma quantidade bem menor na TV aberta, devido sua programação ter que abraçar outros conteúdos. A partir do momento que as emissoras esportivas entraram em cena, aquele fanático por futebol passa a ter um conteúdo mais diversificado sobre seu esporte favorito. Os clubes considerados globais, então, passaram a ser exibidos com mais frequência em outros locais do seu de origem e o interesse do telespectador em ver grandes times e grandes jogadores, que não via em seus campeonatos locais, aumentou consideravelmente.

Para Duarte (1996 apud Andrelo, 2003), as operadoras de cabo perceberam essa tendência dos telespectadores e passaram a conquistar uma porção significativa da audiência ao oferecer programas adaptados a nichos específicos de mercado.

O futebol é um dos produtos audiovisuais mais visados, os direitos de transmissões são alvos de constantes batalhas, seja no Brasil ou fora, na televisão aberta ou fechada. Sabendo-se que existe um grande público consumidor desse serviço, os grupos midiáticos não abrem mão dessa fonte de lucro. A explosão de transmissões esportivas abastece os telespectadores amantes do futebol, favorece os clubes globais e influencia a formação de novos hábitos e novas identidades. Na temporada 2016/2017, os 5 maiores campeonatos da Europa (Inglês, Espanhol, Alemão, Italiano e Francês) teve praticamente todos os jogos dos seus grandes clubes exibidos entre os canais ESPN, SporTV e Fox Sports na televisão fechada brasileira.

Para Aronchi (2004), além dos fatores ligados à audiência e ao público-alvo, outra razão muito importante para a programação de uma rede é de que um programa ou o conjunto de programas constrói a imagem da própria emissora de televisão. O aumento do número de programas de determinado gênero na mesma emissora promove uma imagem que torna a rede conhecida pelo púbico quando este escolhe seus programas favoritos.

O desenvolvimento da televisão via satélite, o surgimento de canais segmentados por conteúdo, atraindo nichos específicos de mercado e as estratégias de marketing dos grandes clubes da Europa, não tem melhor definição do que a nomeada por Witter (2003): casamento perfeito.

Na verdade, o futebol era um bem indispensável para consolidar o negócio de televisão por satélite News Corporation, que adquiriu a BSkyB em 1992, mesmo ano em que assinou um acordo para explorar os direitos audiovisuais do recém-criado Campeonato Inglês. Desta forma, televisão e futebol juntos conquistaram o mercado europeu: "A cobertura ao vivo e exclusiva da Premier League foi a chave para consolidar a BSkyB como uma das maiores cadeias de televisão paga europeia21. (PORTET, 2010, p.6, tradução nossa).

3.5. AS NOVAS TECNOLOGIAS E A CONVERGÊNCIA CULTURAL

Sabendo-se do impulso que a televisão segmentada deu aos grandes clubes europeus, na valorização da sua marca e na atração de novos torcedores, outra ferramenta junto com a televisão fechada também potencializou ainda mais os grandes clubes europeus como marcas globais, foi a Internet.

Com a globalização da Internet, criou-se diversas possibilidades de interação entre produtores e consumidores de conteúdo, ou seja, tanto as emissoras segmentadas de esportes, tanto os clubes globais, aumentaram sua “aproximação” com o fã/ consumidor. Isso criou um elo de ligação global entre meios de comunicação, Internet e o público consumidor.

Hall (1992) faz uma referência ao termo “Aldeia Global”, em que pode ser caracterizado pela globalização do conteúdo televisivo produzido pelas grandes corporações midiáticas e pela globalização da Internet como também produtora de conteúdo. Ele cita: “As pessoas que moram em aldeias pequenas, aparentemente remotas, em países pobres, do “Terceiro Mundo”, podem receber, na privacidade de suas casas, as mensagens e imagens das culturas ricas, consumistas, do Ocidente, fornecidas através de aparelhos de TV ou de rádios portáteis, que as prendam à “aldeia global” das novas redes de comunicação”.

No caso, dos grandes clubes da Europa, seus sites já são disponibilizados em várias línguas, existem lojas virtuais, perfis oficias em redes sociais como Twitter, Facebook, Instagram e YouTube, entre outros atributos que diminuem a “ distância” entre o clube e o torcedor.

Como um ciclo considerado natural, as emissoras segmentadas em esportes, desenvolveram plataformas midiáticas na Internet como forma de processar seu conteúdo em diferentes meios e atingir diversos públicos.

No centro desse processo está a digitalização de diferentes fontes de informação, unificando todas as linguagens (texto, som, imagem) e permitindo o processamento, o armazenamento e a distribuição por diferentes meios. (TORRES, 2005, p.23).

Essas novas tecnologias permitem ao espectador assistir partidas de futebol em dispositivos móveis, ver jogos que devido a programação cheia da emissora não permite ver na televisão, reprises e lances gravados, além da interação com a emissora. O conteúdo produzido e difundido em várias plataformas caracteriza o que Jenkins (2009) chama de Convergência Cultural.

Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. (JENKINS, 2009).

Jenkins, em sua obra, Cultura da Convergência (2009), cita 3 conceitos que envolvem a problematização do atual estudo: convergência dos meios de comunicação; cultura participativa; e inteligência coletiva.

A convergência dos meios de comunicação a fluxos midiáticos inseridos geralmente na Internet, influenciam o surgimento dos outros dois conceitos propostos por Jenkins (2009) citados no parágrafo anterior. O desenvolvimento do streaming possibilitou a televisão produzir e exibir conteúdo em conjunto ou exclusivamente na Internet.

As emissoras esportivas inseridas na televisão fechada brasileira (Esporte Interativo, ESPN Brasil, Fox Sports e SporTV) já desenvolveram suas plataformas online de transmissão de jogos (EI Plus, Watch ESPN, Fox Play e SporTV Play), sem contar com os diversos sites clandestinos que também transmite toda programação da TV por assinatura via streaming.

Torres (2016, p.23) aponta segundo pesquisa realizada por Hur, Ko e Valacich (2007), que os novos dispositivos de comunicação online tendem a envolver com mais facilidade aqueles que possuem um perfil de consumo mais jovem.

O surgimento das novas mídias não caracterizou o fim das mídias tradicionais, mas reordenou uma nova forma de produção e exibição de conteúdo, caracterizando-se pelas diferentes formas de abordar o mesmo produto.

Desde que o som gravado se tornou uma possibilidade, continuamos a desenvolver novos e aprimorados meios de gravação e reprodução do som. Palavras impressas não eliminaram as palavras faladas. O cinema não eliminou o teatro. A televisão não eliminou o rádio. Cada meio antigo foi forçado a conviver com os meios emergentes. É por isso que a convergência parece mais plausível como uma forma de entender os últimos dez anos de transformações dos meios de comunicação do que o velho paradigma da revolução digital. Os velhos meios de comunicação não estão sendo distribuídos. Mais propriamente, suas funções e status estão sendo transformados pela introdução de novas tecnologias. (JENKINS, 2009).

Para Silva (2012, p.5), uma questão vital nas postulações de Jenkins é a importância do fã no desenvolvimento narrativo de uma obra, fenômeno que ele vem chamando de “cultura da participação”. Essa participação dos fãs é facilmente identificada no compartilhamento de julgamentos mais detalhados sobre as histórias, na investigação por parte dos mesmos por informações mais detalhadas nas plataformas que estão além da “nave mãe”, como também na produção individual de conteúdos relacionados à narrativa.

No capítulo 4, é abordado o ESPNFC, uma plataforma de jornalismo colaborativo que é produzido por torcedores. Com o slogan “o site que veste a camisa”, é uma plataforma composta por 54 blogs, sendo 28 de clubes brasileiros, 23 de clubes do velho continente, 2 de clubes argentinos e um sobre a seleção brasileira. As postagens passam por uma curadoria da ESPN antes de serem publicados. A plataforma ESPNFC, é um exemplo prático do que Jenkins chama de “cultura participativa”. A emissora continua sendo a central que veicula o conteúdo, mas os torcedores participam escrevendo e os canais ESPN, em seu site, publica. A interação e a produção do conteúdo feito pelos próprios “consumidores”, caracteriza a cultura participativa.

O outro conceito relatado por Jenkins (2009), a inteligência coletiva, é relacionado no presente estudo com a formação das novas torcidas de clubes europeus através das redes sociais. O próximo capítulo detalha os grupos no Facebook desses torcedores. Diversos assuntos sobre o clube é levado para discussão nessas plataformas. Coletivamente o sentimento de torcer e o conhecimento sobre a instituição cresce. A mídia tradicional também produz conteúdo voltado para essas plataformas. As comunidades virtuais quebram a lógica de consumidores/ produtores. A televisão não faz somente propagar o conteúdo, hoje existe as redes sociais que promovem uma interação entre ambos.

Junta-se a convergência dos meios de comunicação em plataformas online via streaming, a cultura participativa através de ferramentas produzidas pela própria emissora e a inteligência coletiva desenvolvida nas redes sociais, esses atributos formam o que Jenkins (2009) denomina de “caixa preta”. Para Jenkins (2009), existem dois sentidos, o cultural e o tecnológico. O cultural se refere ao conjunto de aparatos tecnológicos que constituem o entretenimento individual do consumidor. Como por exemplo, o consumidor ser assinante de TV por assinatura e possuir canais de esportes, seguir o perfil oficial dos clubes que gosta nas redes sociais, fazer parte de grupos no Facebook e conhecer outros torcedores, assistir jogos também via streaming na Internet, interagir com a emissora, entre outros atributos que constroem seu entretenimento. O tecnológico é o conceito de que todas as ferramentas midiáticas se encontram em apenas uma. Uma emissora esportiva que detém várias ferramentas midiáticas como site, aplicativo para smartphones, canal via streaming, entre outras mídias, pode ser considerado no sentido tecnológico uma “caixa preta” para Jenkins (2009).

4. TORCEDORES “EUROPEUS” NO BRASIL

Para comprovar o aumento considerável no número de pessoas que optaram por torcer, exclusivamente ou não, para clubes de futebol da Europa, pesquisas já foram desenvolvidas e trouxeram como resultado o crescente aumento ano após ano desse novo hábito do torcedor brasileiro. Para basear o presente estudo, foram usadas três pesquisas e o formulário Google Docs aplicado em grupos do Facebook de torcidas, oficiais ou não, de torcedores de clubes europeus. As pesquisas foram: IBOPE Repucom 2015; Stochos Sports & Entertainment 2015; e Top 500 do Facebook 2014.

O IBOPE Repucom é um instituto especializado em marketing esportivo, reconhecido mundialmente. Em setembro de 2015, o IBOPE Repucom divulgou sua pesquisa e trouxe números interessantes sobre o futebol europeu no Brasil.

A pesquisa IBOPE Repucom 2015 concluiu que 69% dos internautas entre 16 e 29 anos acompanham algum clube europeu. Esse índice subiu de 64% para 69% de 2013 para 2015. Outra análise da pesquisa, foi estudado quais times europeus tinham maior torcida no Brasil, e o resultado foi:

Tabela 02: Clubes da Europa com mais torcida no Brasil

CLUBE

PORCENTAGEM DE ENTREVISTADOS

Barcelona

25%

Real Madrid

11,9%

Manchester United

6,1%

Chelsea

4,6%

Bayern

3,4%

Fonte: IBOPE Repucom 2015

Segundo a pesquisa IBOPE Repucom 2015, as 5 maiores torcidas estrangeiras do Brasil são: Barcelona, Real Madrid, Manchester United, Chelsea e Bayern. Todos os 5 clubes citados se encaixam nas características citados anteriormente que atraem os espectadores: jogadores brasileiros atuando, grandes craques, grandes times e sempre ganhando títulos.

Outro ponto a destacar nos números que a pesquisa IBOPE Repucom 2015 apresentou, foi que os 5 clubes de maiores torcidas, tiveram praticamente todos os seus jogos na temporada 2016/2017, cerca de 60 partidas cada, transmitidas nos canais ESPN, Fox Sports e Esporte Interativo. Esse assunto é abordado mais a fundo no capítulo 4.

Para José Colagrossi, diretor executivo do IBOPE Repucom: “O interesse dos jovens pelos times europeus vem crescendo consistentemente nos últimos anos e se deve, principalmente, à presença dos melhores jogadores do mundo nos campeonatos do Velho Continente, ao crescimento da cobertura do futebol europeu pela mídia brasileira e ao aumento do número de assinantes de TV paga no Brasil”22.

Outra pesquisa realizada em 2015 foi da empresa brasileira com mais de 15 anos de experiência no segmento de Esportes e Entretenimento, a Stochos Sports & Entertainment. A empresa que entrevistou 8.167 pessoas, constatou que o número de pessoas que diziam não gostar de nenhum clube europeu, caiu de 45,9% em 2013 para 36,1% em 2015.

Segundo a pesquisa Stochos Sports & Entertainment, o Barcelona aumentou de 2013 a 2015 em 15% sua popularidade no Brasil, dentre outras coisas, isso muito se deve também da transferência do ídolo Neymar, que jogava no Santos e foi vendido para o Barcelona.

A pesquisa Top 500 do Facebook, realizada pelo Futebol Business, mostrou números referentes aos seguidores de clubes de futebol no Facebook. A pesquisa foi realizada entre os dias 10 e 15 de janeiro de 2014. Foi analisado os números de seguidores no Facebook através de uma ferramenta paga dos clubes de futebol no mundo e no Brasil.

O clube de futebol com mais seguidores no Facebook do mundo é o Barcelona (50,43 mi), seguido de Real Madrid (47,14 mi), Manchester United (38,65 mi), Chelsea (21,06 mi) e Milan (19,11 mi). Os números comprovam a soberania do futebol europeu sobre outros continentes.

No Brasil, os 10 mais seguidos no Facebook ficaram assim:

Tabela 03: os 10 clubes com mais seguidores do Facebook no Brasil

Clube

Número de seguidores do Facebook no Brasil (milhões)

Corinthians

4,91

Flamengo

4,72

São Paulo

2,90

Barcelona

2,66

Real Madrid

2,50

Palmeiras

1,95

Santos

1,47

Milan

1,44

Vasco

1,41

Cruzeiro

1,33

Fonte: Pesquisa Top 500 do Facebook 2014

Os números dessa tabela vão de encontro ao que é abordado na presente monografia: o crescimento de torcedores de clubes europeus no Brasil. A tabela já apresenta algumas equipes consideradas clubes globais a frente de grandes clubes de massa do país, mesmo que na grande maioria não sejam torcedores, pois um torcedor de qualquer clube brasileiro pode seguir também outros times, inclusive os internacionais, mas o que fica claro é a influência das estratégias de marketing e a explosão de conteúdo oferecido pelas emissoras esportivas da TV fechada, além do produto oferecido pelos próprios clubes, que são os grandes jogadores em campo.

A geração de conteúdo por parte dos perfis oficiais dos grandes clubes da Europa em uma rede interativa, cria uma maior ligação com o espectador que um dia pode se tornar torcedor. “O Facebook e o Twitter aproximaram muito. Juntou o interesse do fã/torcedor com um feed provido pelo clube em tempo real. Antes, já na era da Internet isso só era possível entrando no site oficial do clube. Muitos clubes geram conteúdo no mínimo em inglês quando a língua principal não é essa, outros tem versões não só do site oficial, mas em suas redes sociais em português, espanhol, chinês, entre outros idiomas. Isso facilita a distribuição de conteúdo, e logo o relacionamento com esses fãs que podem ser torcedores como qualquer outro. Sempre lembrando, um torcedor do Flamengo que mora no Nordeste ou no Norte do Brasil, ele está tão distante de seu time do coração quanto quem mora no Brasil ou na Ásia de um time da Europa. Paixão não dá para medir, mas sim, essas ferramentas e plataformas facilitam e potencializam essa aproximação”, afirmou o idealizador da pesquisa Top 500 do Facebook, Fernando Martinho.

O Facebook é uma rede social de grande interação entre os torcedores de clubes europeus no Brasil, foi através dessa rede social que o questionário foi aplicado, mais precisamente nos grupos que envolvem torcedores dessa recente forma de torcer.

O formulário Google Docs foi aplicado entre o dia 19 de janeiro e 6 de fevereiro de 2017. A principal fonte das respostas foram os grupos no Facebook das torcidas brasileiras das equipes europeias. Os questionários foram postados nos grupos:

Tabela 04: Grupos e números de membros em que o questionário foi aplicado

Grupo

Número de membros

Arsenal Brasil

4.647

Atlético de Madrid Brasil

1.213

Barcelona Brasil

24.247

Borussia Dortmund Brasil

8.358

Brasil Spurs Tottenham (Oficial)

3.294

Chelsea Brasil - OFICIAL

12.478

Comunidade Juventus Football Club 1987

2.980

Everton FC Brasil

438

Inter de Milão – Brasil

1.062

Lazio Club Brasil

568

Manchester United Brasil (Oficial)

13.305

Milan Brasil Oficial

3.006

Real Madrid Brasil

9.917

Reunião Reds “Liverpool Brasil”

6.180

The Citizens Brasil

2.658

Tottenham Hotspur Brasil

1.404

Alguns grupos não aceitaram a solicitação de entrada, como o FC Bayern München Brasil e o PSG Brasil. Não foi localizado o grupo com torcedores da Associazione Sportiva Roma.

O questionário obteve 729 respostas e incluía perguntas de múltiplas escolhas, caixa de seleção e questões discursivas. O objetivo do questionário era saber: a faixa etária do entrevistado; seu clube na Europa; se acompanha também o futebol brasileiro e qual a preferência entre os dois; quais principais meios que assiste os jogos e se informa sobre o clube; quais as emissoras preferidas e importantes para ele nesse processo; se é assinante de TV Paga; quantos jogos assiste em média por temporada; e por último uma pergunta discursiva e optativa para o entrevistado falar como e por que começou a torcer para determinada equipe.

Esses grupos do Facebook que foram citados, é talvez o principal meio de discussão e interação desses torcedores. É através deles que é discutido o desempenho do time, as contratações, informações, os memes, além de encontros para assistirem partidas do clube.

Percebe-se que nessa nova ambiência as possibilidades trazidas pela internet constituíram novas redes de relacionamentos (redes sociais) em que engendram comunicação como forma de interação e organização social. (JÚNIOR, 2011, p.5).

Essas comunidades virtuais quebram a lógica de consumidores/ produtores. A televisão não faz somente propagar o conteúdo, hoje existe as redes sociais que promovem uma interação entre ambos. Os grupos no Facebook dos clubes europeus, mostram uma forma da torcida se aproximar e interagir sobre o conteúdo produzido principalmente pela televisão fechada.

Jenkins (2009), faz uma análise sobre os espaços de discussão e interação da série americana Survivor, mas que pode se encaixar na relação entre o conteúdo exibido pelas emissoras segmentadas de esportes com os grupos do Facebook que envolvem torcedores de clubes europeus: “A era da convergência das mídias permite modos de audiência comunitários, em vez de individualistas. Contudo, nem todo consumidor de mídia interage no interior de uma comunidade virtual, ainda; alguns apenas discutem o que veem com amigos, com a família e com colegas de trabalho. Mas poucos assistem à televisão em total silêncio e isolamento. Para quase todos nós, a televisão fornece material para a chamada conversa na hora do cafezinho. E, para um número crescente de pessoas, a hora do cafezinho tornou-se digital. Fóruns online oferecem uma oportunidade para os participantes compartilharem conhecimento e opiniões”.

As fanpages de torcidas “europeias” no Brasil também representam um grande número de seguidores. Com uma interação menor que os grupos, serve principalmente como fonte de notícias desses torcedores, pois segundo o formulário aplicado, 54,7% dos entrevistados apontaram as redes sociais como sua maior fonte de informação sobre o clube que acompanha no velho continente.

Essas páginas publicam vídeos institucionais divulgados pelo clube, compartilham notícias produzidas por outros meios, publicam memes, ações de marketing, entre outras formas de conteúdo sobre o clube. As 10 páginas com o maior número de curtidas são:

Tabela 05: Número de curtidas das Fanpages das torcidas de clubes europeus no Brasil

Posição

Fanpage

Número de curtidas

Oficialmente reconhecida pelo clube

Real Madrid Brasil

349.807

NÃO

Real Madrid Brasil

182.732

NÃO

FC Barcelona Brasil

77.172

NÃO

Borussia Dortmund Brasil

56.796

SIM

Chelsea Brasil

47.342

SIM

Unidos por El Madrid

45.286

SIM

Site Liverpool Brasil

41.494

NÃO

Manchester United Brasil

38.082

SIM

Liverpool FC Brasil

21.743

NÃO

10º

Atlético de Madrid Brasil

19.715

NÃO

As duas páginas com mais curtidas tem o mesmo nome no Facebook, porém são administradas por pessoas diferentes. Algumas páginas fazem parte das torcidas oficiais dos clubes europeus aqui no Brasil, a grande maioria não é oficial, ou seja, não tem o reconhecimento por parte do clube. De janeiro, quando foi feito o primeiro levantamento sobre os números de curtidas dessas fanpages, para maio, onde foi feito outro levantamento, houve um aumento em cerca de 19% no número de seguidores.

As páginas Arsenal Brasil (16.509), FC Bayern Münich Brasil (12.635), The Citizens Brasil (9.104), Tottenham Brasil (7.839) e Brasil Spurs Tottenham (4011) são outras fanpages oficiais das torcidas que são reconhecidas pelos clubes. A fanpage oficial da torcida A.C. Milan Brasil (11.335), vai se tornar reconhecida pelo gigante italiano a partir de julho.

O objetivo das torcidas reconhecidas oficialmente pelos clubes, é criar uma maior aproximação entre torcedores, se reunir em dias de jogos e garantir vantagens que o clube de futebol oferece, como compra de ingressos em caso de viagens e descontos em produtos oficiais, além de excursões para Europa que são organizadas pelo fã clube.

Para se tornar oficial, o fã clube deve cumprir várias exigências, como pagar um valor estabelecido para ganhar esses status, obter um número de assinaturas que o clube determina, entre outros requisitos que variam de equipe para equipe.

Para se tornar oficial, a torcida Arsenal Brasil entrou em contato com a equipe de Londres em 2007, para saber quais os passos a tomar para oficializar-se. A resposta dos The Gunners23 foi que era preciso: nomear um presidente, um tesoureiro e um secretário; ter no mínimo 50 nomes que iriam compor a torcida; entre outros requisitos. 3 anos depois do primeiro contato, em janeiro de 2010, os procedimentos foram cumpridos e a documentação necessária foi enviada para Londres. Em 10 de março de 2010, o Arsenal F.C. reconheceu a Arsenal Brasil como uma torcida oficial, tornando o fã clube brasileiro como a primeira torcida oficial de um clube inglês no país e a primeira do Arsenal na América Latina24.

A relação entre os torcedores de outro continente e o clube não fica apenas no reconhecimento, compra de ingressos e descontos em produtos. Eventos sob o aval do clube, onde ídolos são enviados para representar a equipe, também existe, como aconteceu no evento I Love United Brazil em abril de 2016, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Antes de chegar ao Brasil, o evento organizado pelo gigante inglês, passou por Índia e Bahrein e trouxe dois ídolos do clube, os ex-jogadores Dwight Yorke e Quinton Fortune. Com mais de 300 participantes, o evento que reuniu torcedores brasileiros e ídolos dos The Red Devils25, contava com áreas para a prática de futebol, sorteios de brindes, telão para exibição de um jogo pelo campeonato inglês, e um torneio de futebol com equipes de 3 integrantes que premiava os campeões com uma viagem à Manchester para assistir uma partida do Manchester United26.

Em 19 de março de 2017, a torcida The Citizens Brasil, se tornou a primeira torcida oficial do Manchester City na América Latina. A celebração ocorreu em um evento fechado, no Rio de Janeiro, onde Heather Ludlam, representante oficial do Manchester City, entregou a placa oficial de reconhecimento a João Hugo, presidente da torcida no Brasil. A cerimônia de reconhecimento, teve cobertura da ESPN Brasil, a repórter Débora Gares e o comentarista Alê Oliveira, estiveram presentes no evento. Além dos apaixonados pelo clube inglês e dos profissionais da ESPN Brasil, o evento também contou um ex-jogador do Manchester City, o brasileiro Elano27.

Após uma análise sobre a movimentação e a presença de torcedores no cenário do futebol brasileiro, comprovando realmente que está em ascensão esse novo hábito dos brasileiros, o próximo capítulo aborda o que impulsiona esses amantes do futebol: a televisão por assinatura.

5. FUTEBOL EUROPEU NA TELEVISÃO E A TV POR ASSINATURA COMO IMPULSIONADORA NO AUMENTO DE FÃS DOS CLUBES EUROPEUS

As emissoras segmentadas de esportes têm grande responsabilidade na formação dos novos torcedores “europeus” no Brasil. A explosão de jogos por rodada e o produto futebol em si, alimentam os fanáticos do esporte mais popular do planeta. Não é à toa que disputas ferrenhas são travadas por essas emissoras pelos direitos de transmissões de campeonatos nacionais e internacionais de futebol.

O presente capítulo tem o objetivo de analisar as seguintes emissoras segmentadas de esportes na TV fechada brasileira: Esporte Interativo, Fox Sports e SporTV. Os programas sobre futebol europeu na grade de programação, os campeonatos de futebol transmitidos, além de um breve histórico sobre a inserção da emissora e as barreiras mercadológicas enfrentadas no mercado brasileiro de TV por assinatura são os principais pontos analisados na pesquisa. A Bandsports por não ter mostrado grande aceitação no formulário aplicado em grupos do Facebook e por não apresentar tanto conteúdo sobre o futebol europeu, pois transmite apenas o campeonato português e campeonato italiano da segunda divisão na atual temporada 2016/2017, não foi analisada tão a fundo como as outras emissoras. A ESPN Brasil que é o objeto de estudo principal da pesquisa, será analisada detalhadamente no próximo capítulo. O Premiere, por ser um canal Pay-per-view28 e fazer parte da Globosat, mesmo programadora do SporTV, é abordado no subitem 3.5 do atual capítulo.

Outra questão abordada no capítulo é a expansão que a TV fechada teve no Brasil desde sua fundação, em 1995. Através dos números, a pesquisa mostra a expansão tanto de operadoras, programadoras e canais, além do aumento de assinantes e o crescimento financeiro dos grupos que controlam. A expansão da TV fechada aumentou o número de canais esportivos e consequentemente aumentou o conteúdo sobre o futebol europeu no Brasil. Porém, o futebol do velho continente já era transmitido e abordado pela TV aberta antes da consolidação da TV por assinatura, em 1995. O primeiro subitem do presente capítulo aborda justamente o futebol europeu na televisão, antes mesmo de se consolidar na TV fechada.

5.1. O FUTEBOL EUROPEU NA TELEVISÃO ABERTA

O futebol europeu na atual temporada 2016/2017, só tem transmissão na TV aberta de apenas um campeonato que envolva clubes, a Liga dos Campeões da Europa. O Esporte Interativo tem o sinal aberto apenas em UHF para São Paulo, em muitos casos o sinal só é recebido por meio de antenas parabólicas. A Eurocopa é transmitida pelas emissoras Globo e Band, mas envolve somente seleções da Europa, o que não é o foco do estudo.

Se na temporada atual, ou nas temporadas recentes, o futebol europeu, podemos dizer, que só é transmitido jogos esporádicos na TV aberta, alguns anos e algumas décadas atrás, o torcedor brasileiro se acostumou com as transmissões de futebol vindo do velho continente na TV aberta.

O primeiro jogo transmitido no Brasil envolvendo clubes da Europa que se tem registro, foi da TV Studio (depois TVS, depois SBT) de propriedade de Silvio Santos. Em maio de 1979, às 19h30 do horário de Brasília, foi exibida a reprise da partida entre Nottingham Forest da Inglaterra e Malmö da Suécia, válida pela final da Copa dos Campeões da Europa. Os ingleses venceram por 1 a 0.

Figura 01: grade de programação da TV Studio em maio de 1979:

A década de 80 iniciaria para o telespectador brasileiro uma maior variedade de eventos esportivos. Em 1983, a emissora paulista Bandeirantes, que adota seu slogan como “o canal do esporte”, lança um programa com duração de 10 horas aos domingos, chamado Show do Esporte. O programa, liderado pelo famoso narrador Luciano do Valle, começava às dez horas da manhã e terminava às oito horas da noite. Nessas 10 horas de duração, eram exibidos jogos de diversos esportes ao vivo, reportagens, mesa-redonda, cobertura dos principais campeonatos, entre outros formatos. Foi a partir do programa Show do Esporte que o futebol europeu passou a ser exibido rotineiramente. O Show do Esporte ficou no ar sob administração da Band até 1999, quando foi terceirizado e produzido pela Traffic, empresa do ramo de marketing esportivo, permanecendo na grade da emissora até 2004.

Durante o programa, desde sua fundação em 1983, a Band exibia, geralmente aos domingos de manhã, o campeonato italiano. A década de 80 e o início dos anos 90 foi a grande fase do campeonato italiano, vários craques brasileiros foram transferidos para clubes da Itália, entre eles Zico (Udinese), Sócrates (Fiorentina), Toninho Cerezo (Roma e Sampdoria), Falcão (Roma), Careca (Napoli), entre outros. Os grandes craques do mundo da bola estavam na Itália, os brasileiros também seguiram o mesmo caminho e o interesse do público brasileiro cresceu para assistir ao campeonato italiano.

O campeonato italiano foi transmitido na Band de 1983 até 2008, era exibido cerca de 1 ou 2 jogos por rodada. Além do Calcio29, dentro do Show do Esporte também foi exibido nas décadas de 90 e 2000, o campeonato espanhol. A emissora ainda transmitiu na década de 2000 o campeonato inglês, a Copa da Uefa (atual Liga Europa) e ainda transmite a Liga dos Campeões da Europa. Podemos dizer que a Bandeirantes também teve sua contribuição na formação do crescimento de torcedores “europeus” no Brasil. A Band é citada no formulário aplicado como a terceira emissora de televisão que mais influenciou os torcedores a gostar de cum clube europeu com 17,6% dos entrevistados, sabendo-se que a segunda da lista é a Esporte Interativo com 32,1% e que a Band reproduzia o Esporte Interativo em sua programação, mostrando a força que “o canal do esporte” teve na formação dessas novas identidades futebolística no Brasil.

A TV Cultura transmitiu entre 1991 e 1993, o campeonato alemão. Uma partida por rodada ia ao ar nas manhãs de domingo com os comentários do alemão Gerd Wenzel, que se transferiu para ESPN Brasil e está lá até hoje, sempre cobrindo a Bundesliga30. A Decisão da Liga dos Campeões da temporada 1998/1999 entre Bayern e Manchester United teve transmissão da TV Cultura. Outro campeonato internacional exibido na TV Cultura durante a década de 90 foi o campeonato japonês.

A TV Record também exibiu campeonatos do velho continente ao longo do tempo. Na década de 80, a emissora paulista transmitiu o campeonato espanhol na temporada 1981/1982. Ainda nos anos 80, há registro de que a Record transmitiu a final da Liga dos Campeões da Europa na temporada 1986/1987, entre Porto e Bayern. Na década de 90, a Record exibiu em sua programação os campeonatos italianos, alemão e espanhol, além da Copa da Liga Inglesa. Na década de 2000, os torneios continentais da Europa marcaram presença na emissora.

A Manchete que depois viria a se tornar RedeTV, transmitiu um Superclássico entre Barcelona e Real Madrid em 1989. No final da década de 90, a Manchete incluiu em sua grade de programação o campeonato alemão. A RedeTV, percursora da Manchete, já transmitiu a Liga dos Campeões da Europa e a Liga Europa, além dos campeonatos italiano, espanhol e inglês, este último foi exibido pela emissora até 2012. A Esporte Interativo foi parceira da RedeTV antes de ir para Band.

A Rede Globo já apresentou o campeonato italiano em sua programação, na temporada 1984/1985. Nesse período, era transmitida uma partida por rodada nas manhãs de domingo, totalizando 28 partidas de 30 rodadas, as exceções foram a substituição do Calcio pelo Grande Prêmio de Fórmula 1. As decisões da Liga dos Campeões da Europa desde a década de 80 tem destaque na emissora carioca e nos últimos anos são exibidas partidas a partir das oitavas de finais.

A difusão do futebol europeu no Brasil passa por essas emissoras. Antes e depois da afirmação da TV por assinatura em 1995, o conteúdo sobre futebol europeu continuou sendo exibido na TV aberta. Na temporada atual, a Liga dos Campeões é o único campeonato que envolve clubes no velho continente exibido na televisão aberta, alcançando números expressivos de audiência, como a final do maior torneio de clubes do mundo em 2015, em que a Globo e a Band tiveram audiências maiores que os clássicos regionais uma semana antes31.

Por mais que a cobertura televisiva do futebol internacional esteja majoritariamente distribuída nos canais fechados de esportes, o número de assinantes de TV paga no Brasil corresponde a 25% da população, por isso o futebol europeu na TV aberta tende a conquistar grandes audiências.

5.2. A EXPANSÃO DA TV FECHADA NO BRASIL

A TV por assinatura passou por algumas fases de reconhecimento até sua consolidação em 1995, para Santos (2016, p.2) apud Brittos (2001, p. 175), essas fases:

Diante disso, tendo em vista uma caminhada rumo à oligopolização, há um percurso histórico que envolve três períodos, a Fase da Pulverização (1988-1992), a Fase da Ordenação (1993-1994) e a Fase da Definição (1995-hoje), além de um momento prévio, o Pré-Mercado (1971-1987), caracterizado pela desorganização, do ponto de vista econômico-jurídico.

Para alguns autores, a primeira TV paga do Brasil foi a Key TV em 1988. A programadora transmitia corrida de cavalos via satélite para cerca de 10 assinantes e para os Jóqueis Clubes de São Paulo e do Rio do Janeiro, que retransmitia através de cabos para as casas de apostas. Para outros autores, o Canal + lançado em 1989, é considerada a primeira TV paga do Brasil. Atuando no sistema UHF, o Canal + retransmitia em sua programação os canais norte-americanos ESPN (esportes), CNN (notícias), MTV (música) e o italiano RAI (variedades). Em 1991, o grupo Abril compra o Canal + e muda o nome para TVA.

No mesmo ano, o grupo Globo, lançava a operadora e programadora Globosat. Atuando no Rio de Janeiro e São Paulo através de antenas parabólicas. Na época do lançamento, a Globosat programava os canais: Telecine (filmes); GNT (documentários); Multishow (variedades); e o Top Sport (esportes) que em 1994 mudou a nomenclatura para SporTV. Em 1992 a Globosat passou a ser apenas programadora e não mais operadora.

Após esses anos dos grupos Globo e Abril tentarem se afirmar no novo mercado de TV por assinatura e com a regulamentação32 do setor, em 1995 esses grupos lançam suas operadoras em parceria com empresas estrangeiras. O grupo Abril lançou a DirecTV e as organizações Globo lançou a SKY.

A DirecTV em parceiras com empresas estrangeiras implantou a MTV Brasil, a HBO Brasil, a ESPN brasil e o Eurochannel. A SKY contava com os canais da Globosat (Multishow, SporTV, Telecine, GNT, Futura, Shoptime e Premiere). Ambas as operadoras contavam com parcerias com empresas internacionais que produziam ou exibiam conteúdo estrangeiro que também passou a ser veiculado no Brasil.

A partir disso, o número de canais, operadoras e assinantes cresceu consideravelmente, tornando a TV por assinatura uma ferramenta de entretenimento com muita popularidade no país. Veja a evolução na figura de 2002 a 2016, segundo a ANATEL:

Figura 02: número de assinantes da TV fechada ano após ano de 2002 a 2016:

Elaboração do gráfico: Darinfo33
Ferramenta de elaboração: Highcharts34

O ano 2016 registrou uma queda no número de assinantes, esperada pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) devido à crise enfrentada no país nos últimos anos. Hoje, cerca de 56,4 milhões de pessoas tem acesso aos canais por assinatura35. Tornando o Brasil o 8º maior mercado de TV por assinatura do mundo36. Apesar da crise financeira, a TV Paga foi o meio que registrou o maior crescimento no consumo nos últimos 6 anos, ficando à frente da Internet, do Rádio, da Televisão aberta, do Jornal e da Revista37.

A operadora com o maior número de assinantes é a NET que detém 35% dos telespectadores, seguida da SKY (29%), Claro (17%), Vivo (9%), Oi (6%) e outras operadoras que juntas somam 4% de assinantes. Atualmente existem 42 programadoras no mercado e mais de 150 canais, divididos em 18 gêneros, segundo o portal Mídia Fatos38.

A TV por assinatura teve um faturamento bruto (mensalidade/ assinatura de programação, serviços de banda larga, taxas de adesão, serviços de pay-per-view e outros on demand, serviços de voz, publicidade dos canais) no ano de 2016, de 31 bilhões de reais39.

O presente estudo não tem a intenção de abordar a fundo o mercado de TV por assinatura no Brasil, a intenção em mostrar os números tem o objetivo de comprovar a força que a Televisão por assinatura sobrepôs à TV aberta, em especial aos canais segmentados de esportes que cobrem o futebol europeu. Atualmente, existem 14 canais do gênero esporte na TV paga brasileira, sendo que o canal Combate exibe apenas as artes marciais em sua programação, diferente dos outros 13 canais em que o futebol tem grande destaque. Os canais esportivos são:

Tabela 06: canais esportivos da televisão fechada brasileira

CANAL

PROGRAMADORA

NÚMERO DE ASSINANTES

BandSports

Newco Programadora e Produtora

6.240.320

EI Maxx

Turner International do Brasil

Acima de 6 milhões até 10 milhões

EI Maxx 2

Turner International do Brasil

Acima de 3 milhões até 6 milhões

Esporte Interativo

Turner International do Brasil

Não divulgado

ESPN

ESPN Brasil

9.123.415

ESPN Brasil

ESPN Brasil

7.119.873

ESPN +

ESPN Brasil

4.428.581

Fox Sports

Fox Networks Group

10.673.266

Fox Sports 2

Fox Networks Group

8.072.836

Premiere

Globosat

Não divulgado

SporTV

Globosat

13.706.825

SporTV 2

Globosat

15.106.291

SporTV 3

Globosat

13.704.773

Fonte: Mídia Fatos

5.3. ESPORTE INTERATIVO, A LIGA DOS CAMPEÕES DA EUROPA É AQUI!

O Esporte Interativo inicialmente foi um projeto criado pela agência de marketing esportivo Top Sports Ventures e veiculado na televisão aberta. Em 2004, em uma parceria com a RedeTV, o Esporte Interativo foi lançado. O objetivo era transmitir eventos esportivos ao vivo na programação da emissora paulista. Com produção da própria RedeTV, o campeonato inglês e a Liga dos Campeões da Europa foram os primeiros campeonatos de futebol exibidos pela Esporte Interativo.

No mesmo ano, o projeto Esporte Interativo rompe com a RedeTV e migra para a Band, utilizando-se da programação para exibir os torneios que tinha direito, entre eles o campeonato inglês, o campeonato espanhol, o campeonato italiano e a Liga dos Campões da Europa. A TV cultura também foi parceira do Esporte Interativo, para transmissão do campeonato português.

Em 2007, a Esporte Interativo lança seu próprio canal, sendo exibido em pequenas operadoras de TV fechada e aberta através de antenas parabólicas. Até hoje, a emissora atua nesse sinal, mas os direitos que o canal aberto tem não são os mesmo dos canais exclusivamente fechados.

Em 2014, a Esporte Interativo deu um grande salto para se consolidar como uma forte concorrente das outras emissoras esportivas no país. O conglomerado midiático Turner Broadcasting System, anuncia a compra de 20% da Esporte Interativo, tornando-se sócia minoritária. Em agosto de 2015, a Turner adquire 100% da Esporte Interativo.

Os direitos das Liga dos Campeões na TV fechada foi outro marco na história da emissora. A Esporte Interativo com apoio da Turner, pagou em 2015, 120 milhões de doláres, cerca de 318 milhões de reais pelos direitos da UEFA Champions League nas temporadas 2015/2016, 2016/2017 e 2017/2018. 5 anos antes, a ESPN pagou 16 milhões de dólares, cerca de 42 milhões de reais. A diferença de valores oferecido pela ESPN em 2010 para a Esporte Interativo em 2015, foi de 750%, algo surreal para os padrões naquele momento.

A Esporte Interativo enfrentou diversas barreiras no mercado esportivo brasileiro de TV por assinatura, mercado esse que antes de 2012 era dominado totalmente por SporTV e ESPN, com a primeira dominando os campeonatos nacionais e a segunda dominando o futebol internacional.

A transferência dos direitos de transmissão da Liga dos Campeões da Europa da ESPN Brasil, que detinha esse direito há 20 anos, para a Esporte Interativo, pode ter provocado uma resistência nas operadoras e deixou milhões de assinantes sem ver o maior torneio de clubes do mundo. Com a inclusão lenta dos canais Esporte Interativo nas 3 maiores operadoras de TV por assinatura do país (NET, SKY e Claro), a Turner chegou a exibir partidas da UCL em outros canais que não eram de esportes, como o TNT e o Space, canais do gênero de filmes40. Os canais EI Maxx e EI Maxx entraram na grade da NET e da Claro em janeiro de 2016, fazendo seus assinantes ficarem sem assistir toda a primeira fase da Liga dos Campeões na temporada 2015/2016 e dependerem das transmissões em outros canais que não fossem de esportes. Os assinantes da SKY só tiveram acesso aos canais da Esporte Interativo em setembro de 2016, perdendo toda temporada 2015/2016 da UCL na TV fechada.

Atualmente, a Esporte Interativo tem 3 canais na TV fechada: EI Maxx, EI Maxx 2 e o próprio Esporte Interativo que ainda atua pelo sinal UHF em São Paulo. Os canais Esporte Interativo estão presentes nas operadoras Claro TV, Neo TV, Net, Oi TV, SKY e Vivo TV.

Na atual temporada, a Esporte Interativo detém os direitos de poucos campeonatos do velho continente, porém, como já foi citado, é dona dos direitos exclusivos na TV por assinatura e na Internet do torneio mais importante da Europa: a UEFA Champions League. Foram transmitidos 145 jogos pelo Esporte Interativo, válidos pelos playoffs, fase de grupos e mata-mata da Liga dos Campeões, distribuídos entre os canais fechados EIMAXX e EIMAXX 2 e via streaming pelo EI Plus, ou seja, os canais Esporte Interativo transmitiram todos os jogos da Liga dos Campeões da UEFA na temporada 2016/2017.

Além da “Champions”, a Esporte Interativo transmite o campeonato português, a Copa da França e a UEFA Europa League na TV UHF. Além desses poucos campeonatos do velho continente, a Esporte Interativo é considerada a casa do futebol nordestino. São exibidos a Copa do Nordeste, quase todos os campeonatos estaduais do Nordeste, com exceção dos campeonatos baianos e pernambucano. A Copa Verde e os campeonatos brasileiros da série C e Série D, também são de direitos da emissora carioca.

A emissora também passou a produzir programas sobre o futebol internacional, como: De Olho na Liga; De Olho na Liga Europa; O melhor da Liga; Mundo da Bola; Melhor Futebol do Mundo; e Liga Espetacular. O EI também transmite partidas gravadas através das parcerias com TVs oficiais de grandes clubes da Europa, como: Barça TV; Chelsea TV; City TV (Manchester City); FC Bayern TV; e MUTV (Manchester United).

Com a aquisição dos direitos da Liga dos Campeões da Europa, a Esporte Interativo passou a ser fundamental para o torcedor que quer acompanhar seu clube na maior competição de todas. A transmissão de todos os jogos utilizando-se também da ferramenta do streaming no EI Plus, fazendo uma cobertura da UCL nunca vista antes no país, aproxima mais ainda o espectador do futebol europeu e também impulsiona o crescimento de torcedores brasileiros que optam por torcer para clubes da Europa.

5.4. FOX SPORTS, A CASA (NÃO APENAS) DA LIBERTADORES DA AMÉRICA

A Fox Sports iniciou-se suas atividades na TV fechada do Brasil em 5 de fevereiro de 2012. Pertencente ao conglomerado midiático News Corporation, a Fox Sports enfrentou diversas barreiras de mercado para inserir-se no mercado brasileiro de TV por assinatura.

A News Corporation era detentora dos direitos televisivos da Copa da Libertadores da América em toda América Latina desde 1995, com exceção do Brasil, o único país que não contava com um canal próprio da News Corporation para transmissão dos jogos da Libertadores da América. Os direitos da maior competição de clubes da América Latina eram repassados pela News Corporation para SporTV, que detinha a transmissão exclusiva na TV por assinatura do Brasil até 2011.

Em 2011, a Fox International Channel com um investimento de 200 milhões de dólares, anuncia a entrada do canal Fox Sports no Brasil, uma estratégia de ter o controle totalmente da Copa Libertadores da América por toda América Latina.

Com vários profissionais contratados das futuras concorrentes SporTV e ESPN Brasil, a estreia da Fox Sports na TV por assinatura do Brasil estava marcada para 5 de fevereiro de 2012, porém a grande maioria dos assinantes não tiveram acesso a “Casa da Libertadores” nessa data, isso porque as operadoras NET, SKY e Claro, que abrangem mais de 70% das assinaturas de TV paga, não ofereceram em seus Line-Ups a Fox Sports.

A Fox Sports iniciou-se suas atividades no Brasil com a exclusividade da Copa Libertadores da América e da Copa Sul-Americana, além dos direitos não exclusivos do Campeonato Inglês e do Campeonato Italiano. Com mais de 70% dos assinantes sem acesso ao canal Fox Sports e consequentemente sem a Libertadores da América, a emissora utilizou-se do canal FX, que não é do gênero de esportes, para transmitir algumas partidas da Libertadores.

A Fox Sports alegava resistência à sua entrada das maiores operadoras do país e criou até uma campanha para sua entrada na grade de programação dessas operadoras. As operadoras afirmavam que os altos valores pedidos pela Fox Sports, eram 20 vezes a mais do valor do canal Speed Channel, onde a Fox Sports ocuparia o local na grade de programação. Passado o impasse, o canal Fox Sports entrou no Line-Up da SKY em 14 de março de 2012 e na NET em 27 de março do mesmo ano.

Em 2013, a Fox Sports firmou um acordo com o grupo Globo, onde a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana voltariam a ser exibidas também no SporTV, em troca, a Fox Sports teria o direito de transmitir também a Copa do Brasil e os torneios FIFA de seleções que ocorreriam posteriormente (Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo 2014).

Dois anos após a entrada da Fox Sports no Brasil, é lançado outro canal pela News Corporation, a Fox Sports 2. O segundo canal da “Casa da Libertadores” também enfrentou dificuldades para inserir-se no mercado brasileiro de TV por assinatura. Com estreia prevista para o dia 24 de janeiro de 2014, entrou no Line-Up da NET no dia 28 do mesmo mês e na SKY apenas em 4 de novembro do mesmo ano.

Os canais Fox Sports saíram da grade de programação da SKY no dia 5 de fevereiro de 201741, alegando que o valor da renovação de contrato oferecido pela operadora era abaixo do esperado, a SKY afirmava o contrário, que os valores pedidos eram acima do mercado. Após negociações, os canais Fox Sports retornaram a SKY no dia 12 fevereiro42.

A Fox Sports se caracterizou desde a sua entrada na televisão fechada brasileira como o canal da Libertadores. Porém, ao lado da ESPN, é a emissora que mais transmite campeonatos do velho continente. São em média 11 jogos do futebol europeu por semana, distribuídos nos dois canais Fox Sports, perdendo apenas para os canais ESPN que transmitem em média 18 partidas por rodada válidas pelos campeonatos europeus. Na temporada 2016/2017, os canais Fox Sports transmitirem 376 partidas do futebol europeu.

Na temporada 2016/2017, a Fox Sports é detentora dos direitos televisivos na TV fechada dos campeonatos alemão, italiano, belga e escocês, sendo que os dois primeiros são repassados também para a ESPN, que é detentora de outros campeonatos e nesse sistema de troca, repassa à Fox Sports o Campeonato Espanhol e a Liga Europa da UEFA. Com isso, a Fox Sports transmite na TV fechada e através do aplicativo Fox Play, 6 torneios oriundos da Europa.

A Fox Sports exibe em sua programação, 8 programas voltados exclusivamente ao futebol, são eles: Prévia do Campeonato Alemão; Prévia do Campeonato Espanhol; Show da UEFA Europa League; Show do Campeonato Alemão; Show do Campeonato Espanhol; Show do Campeonato Italiano; e Total Italian Football.

Através da ferramenta do streaming, a Fox Sports exibe seus jogos também na Internet pelo Fox Play. O Fox Play é a plataforma de exibição de conteúdo via Internet dos canais pertencentes a Fox, não apenas do Fox Sports. O Fox Play apresenta toda programação ao vivo dos canais Fox Sports e também transmite partidas dos campeonatos alemão, espanhol e italiano que não são transmitidos pela TV fechada, com narração e comentários na língua local do torneio.

O título do atual subitem, “Fox Sports, a Casa (não apenas) da Libertadores da América”, remete justamente ao conteúdo massivo que os canais Fox Sports exibem sobre o futebol europeu no Brasil, mostrando a emissora não apenas como o “A Casa da Libertadores” e também como uma das emissoras que mais impulsionam o crescimento de torcedores “europeus” no Brasil.

5.5. SPORTV, O CANAL CAMPEÃO (DE AUDIÊNCIA)

O canal SporTV é considerado a primeira emissora esportiva genuinamente brasileira. Criado pela Globosat em 1991, com nome de Top Sport, alterado em 1994 para SporTV, a emissora se especializou em cobrir e transmitir principalmente o futebol nacional ao longo desses 26 anos.

Em 2003, estreou na TV fechada outro canal esportivo da Globosat, o SporTV 2, com o objetivo de transmitir partidas simultâneas em ambos os canais. Em 2011, a Globosat anunciou o SporTV 3, aumentando a gama de alternativas para exibição de eventos esportivos ao vivo.

Além dos canais SporTV, a Globosat também é detentora do canal Pay-per-view Premiere, no qual vende pacotes de assinaturas dos campeonatos brasileiros da primeira e segunda divisão e dos principais campeonatos estaduais. Todos os jogos de todas as 38 rodadas das series A e B são transmitidos pelo canal Premiere, ou seja, o canal exibe 760 partidas de futebol válidas pelo campeonato brasileiro. Para ter acesso ao canal, o assinante deve pagar um valor extra da sua assinatura, uma contradição pois praticamente todos os jogos dos grandes clubes da Europa são exibidos nos canais esportivos sem a necessidade de contratar um pacote extra.

O SporTV ao longo da sua história não difundiu tanto o futebol europeu no Brasil como a ESPN Brasil e mais recentemente Fox Sports e Esporte Interativo, apesar de já ter exibido os campeonatos espanhol, italiano, português e na temporada 2016/2017 o francês, mas sua importância para história do gênero esportivo na TV por assinatura é imensa e não poderia ter ficado de fora do estudo.

Focado no futebol nacional e nos torneios que envolvam seleções, o SporTV é o canal líder de audiência no segmento de esportes ano após ano e no último ano foi líder de audiência em todos os canais da TV paga brasileira43. Em 2015, o SporTV foi responsável pela maior audiência da história da TV por assinatura no Brasil, foi durante a final da Copa América entre Chile e Argentina, vencida pelos chilenos nos pênaltis. O SporTV foi a única emissora na TV aberta e fechada que transmitiu a partida no país.

Para explicar a liderança do SporTV entre os canais de esportes, não precisa de nenhum estudo para chegar a essa conclusão, pois o simples fato de ser a emissora que mais transmite jogos dos grandes clubes brasileiros já a condiciona como o canal mais assistido pelos amantes do futebol brasileiro.

Atualmente, os únicos torneios de clubes da Europa exibidos pelo “canal campeão” é o Campeonato francês, a Copa da França e a Copa da Liga Inglesa. Em termos de seleção, o SporTV transmite as eliminatórias europeias para Copa do Mundo, eliminatórias para Eurocopa e a própria Eurocopa.

O Globosat Play é a ferramenta via streaming que mostra a programação dos canais SporTV. Através do Globosat Play, é possível assistir à programação dos canais SporTV e ver programas ou lances de jogos gravados no on demand. O canal Premiere também disponibiliza uma plataforma para assistir jogos na Internet, é o Premiere Play.

Portanto, a SporTV pode não exibir em sua programação essa explosão de futebol europeu que outras emissoras praticam, mas com certeza fidelizou mais ainda o apaixonado por futebol ao longo desses 26 anos de atuação na televisão paga brasileira.

5.6. BOOM DO FUTEBOL EUROPEU NO BRASIL

Por semana, cerca 38 jogos pelos campeonatos europeus foram transmitidos pelos canais segmentados de esportes. Programas voltados ao futebol internacional, correspondentes na Europa, comentaristas especializados por determinado campeonato, entre outros atributos que formam uma intensa cobertura do futebol europeu no Brasil, são responsáveis por alimentar os amantes do futebol do velho continente e aumentar cada vez mais o número desses torcedores.

É possível o telespectador passar quase 10 horas por dia em frente a televisão nos finais de semana só acompanhando partidas do futebol europeu. Para exemplificar essa explosão de jogos, a agenda de jogos dos dias 20 e 21 de janeiro de 2017, foi assim:

Tabela 07: agenda de jogos do futebol transmitidos na TV fechada em 20 e 21 de janeiro de 2017

SÁBADO – 20/01/2017

DOMINGO – 21/01/2017

10:30 – Liverpool x Swansea – ESPN Brasil

09:30 – Juventus x Lazio – ESPN Brasil

13:15 – Real Madrid x Málaga – ESPN Brasil

12:15 – Arsenal x Burnley – ESPN Brasil

15: 30 – Manchester City x Tottenham – ESPN +

14:30 – Chelsea x Hull City – ESPN Brasil

17:45 – Milan x Napoli – Fox Sports 2

17: 45 – Eibar x Barcelona – Fox Sports

Através dos números, foi constatado que a ESPN brasil foi a emissora que mais trabalhou o futebol europeu ao longo desses 22 anos de televisão por assinatura no país. A ESPN Brasil é a emissora que mais exibe jogos por semana do velho continente, são em média 18. A ESPN Brasil também detém o programa sobre futebol europeu mais antigo da televisão brasileira, seja aberta ou fechada, é o programa Futebol do Mundo, que está no ar desde 1995 e a plataforma midiática mais acessada segundo formulário aplicado é o Watch ESPN, que também faz partes dos canais ESPN.

O próximo capítulo é dedicado a emissora que mais difundiu e se caracterizou pela cobertura do futebol internacional no Brasil: a ESPN Brasil. As ferramentas e as estratégias da emissora para chegar ao status que se tem hoje e consequentemente o crescimento dos telespectadores que passaram a acompanhar o futebol europeu com mais frequência, se tornando até torcedor em muitos casos, é o objeto principal do estudo.

6. A ESPN BRASIL E SUAS FERRAMENTAS

A ESPN Brasil foi lançada oficialmente em 1995, mesclando conteúdo produzido no Brasil e conteúdo produzido pela ESPN International. Mas antes da consolidação da emissora, que permanece com o nome até hoje, houveram algumas etapas.

A Entertainment Sports Programing Network (ESPN) é um canal norte-americano especializado em esportes, que já era muito popular nos Estados Unidos no final da década de 80, atingindo cerca de 115 milhões de telespectadores44. A emissora estadunidense passou a retransmitir seu sinal para o Brasil em 1989, através do que é considerado o primeiro canal esportivo da TV paga no Brasil: o Canal +.

Além de ser reconhecido como o primeiro canal esportivo da TV, O Canal + também é citado por muitos autores como o primeiro canal pago do Brasil. Único canal que fazia parte do Super Canal (empresa que representava ESPN International), o Canal + incialmente era disponível na televisão aberta, no sistema UHF, com um tempo foi preciso o telespectador adquirir um decodificador e pagar uma quantia mensal de 15 cruzados. O sinal só atingia a cidade de São Paulo e sua região metropolitana.

O Canal + trouxe ao Brasil, 16 horas de programação esportiva, em sua grande maioria competições de esportes populares estadunidenses, como futebol americano, beisebol, basquete, hóquei, golfe, boliche, boxe, skate e outros não tão populares, como corrida de cavalos, ciclismo, patinação, musculação, ginástica e esportes radicais. No futebol, eram exibidos os campeonatos: espanhol, italiano e inglês; a Liga dos Campeões da Europa e a Copa da Uefa; além de partidas da seleção estadunidense de futebol pelas eliminatórias da Copa do Mundo. O automobilismo também esteve presente no Canal +, com a Nascar, a Fórmula 1, a Fórmula Indy, entre outros. Torneios de pesca e rodeio também foram atrações do primeiro canal esportivo do país.

Em 1991, o Canal + é comprado pelo Grupo Abril, detentor da TVA, operadora de TV por assinatura na época. O Grupo Abril altera o nome Canal + para TVA Esportes, que continuou retransmitindo a ESPN International. Em 1995, em parceria com a ESPN, o Grupo Abril lança a ESPN Brasil.

A ESPN Brasil passou a produzir mais conteúdo no país, não deixando de exibir os esportes estadunidenses de grande popularidade e nem o futebol internacional. Além dos esportes estadunidenses de grande popularidade e outros nem tão populares, a ESPN Brasil já transmita em 1995 os campeonatos: brasileiro (VT), argentino, holandês, inglês, japonês, francês, italiano, Liga dos Campeões da Europa, entre outros.

A partir de 1995, a ESPN Brasil até por barreiras de mercado em adquirir direitos dos principais campeonatos que envolvam os grandes clubes brasileiros, passou a focar mais ainda em esportes não tão comuns no Brasil e no futebol internacional, aumentando sua oferta de eventos transmitidos e produzindo conteúdo especifico para esse foco, como o programa Futebol no Mundo. Os Esportes mais populares dos Estados Unidos (futebol americano, beisebol e basquete) e o futebol europeu caracterizaram a entrada da ESPN no Brasil através do Canal + e são os pilares da emissora até hoje.

Desde o percursor Canal +, passando pela TVA Esportes e consolidando-se com a criação da ESPN Brasil a partir de 1995 em diante, os amantes do futebol brasileiro encontraram na ESPN, através de 4 canais que foram sendo lançados ao longo desse tempo, ESPN Brasil, ESPN, ESPN+ e ESPN Extra (em fase de testes), um mundo de informações que os fez conhecer o futebol em outras partes do planeta e acompanhar seus ídolos locais que partiam mundo afora para jogar futebol.

Além da massiva exibição de campeonatos internacionais, a ESPN Brasil produziu/ produz programas que contemplam essa explosão de jogos e fazem o telespectador ter um contato ainda maior com aquele campeonato que a emissora detém os direitos e veicula em sua programação. Além disso, a ESPN Brasil dispõe de ferramentas online, que a caracterizam mais ainda como a emissora que “alimentou” os fãs do futebol internacional ao longo desses mais de 20 anos.

6.1. A EXPLOSÃO DE TRANSMISSÕES DA ESPN BRASIL

Segundo o formulário aplicado em grupos do Facebook de torcedores de clubes europeus, 36,5% dos entrevistados assistem mais de 40 jogos por temporada do clube que acompanha, 21,8% assistem de 31 a 40 jogos e 27% acompanham entre 16 e 30 jogos. A ESPN Brasil é a emissora esportiva que mais exibe partidas do velho continente, são cerca de 18 jogos por semana. São números expressivos e que mostram o papel dos canais fechados de esportes e especialmente a ESPN Brasil como grande responsável por “alimentar” os torcedores “europeus”.

Na temporada 2016/2017, a ESPN Brasil é detentora dos direitos do Campeonato Inglês, Campeonato Inglês da segunda divisão, Copa da Inglaterra, Copa da Liga Inglesa, Campeonato Espanhol, Copa da Alemanha, Copa do Rei da Espanha (final), Campeonato Holandês, Copa da Turquia e Liga Europa da UEFA, além do Campeonato Francês que também tem a SporTV como detentora dos direitos. Além desses campeonatos que a ESPN Brasil administra os direitos no Brasil, a emissora ainda transmite outros campeonatos do velho continente em que outras emissoras cedem as transmissões, uma espécie de troca, pois a ESPN Brasil também cede o Campeonato Espanhol e a Liga Europa à Fox Sports, os campeonatos retransmitidos são: Campeonato Alemão e Campeonato Italiano, controlados pela Fox Sports no Brasil. ESPN Brasil mostrou em média na temporada 2016/2017, dos campeonatos alemão, italiano e espanhol, 3 partidas de cada uma dessas ligas por rodada. Um exemplo dessa repartição de direitos, foi a divisão dos jogos de Barcelona e Real Madrid pelo Campeonato Espanhol, onde a ESPN Brasil exibiu 21 jogos dos Culés45, 16 partidas dos Merengues46 e o El Clássico47 do primeiro turno, a Fox Sports transmitiu o mesmo número de jogos ao inverso e o El Clássico do segundo turno.

Fora os campeonatos já citados, alguns exibidos desde o início da emissora em 1995, a ESPN Brasil transmitiu ao longo da sua história outros campeonatos da Europa, como: Liga dos Campeões da Europa, Campeonato Português, Campeonato Grego, Campeonato Russo, Campeonato Turco e Campeonato Ucraniano.

Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique, Juventus, Internazionale, Milan e PSG tiveram praticamente todos os seus jogos pelos campeonatos nacionais transmitidos pela TV fechada ou pelas plataformas via streaming das emissoras. Fora os ingleses citados, a ESPN Brasil dividiu as partidas desses chamados clubes globais com outras emissoras. Além desses 5 ingleses citados, a ESPN transmitiu em seus 3 canais fechados (menos no ESPN Extra) e no Watch ESPN, todos os jogos ao vivo e exclusivo dos outros 15 clubes da Premier League48.

A ESPN Brasil passou a transmitir o Campeonato Inglês com exclusividade a partir da temporada 2016/2017. De agosto de 2016 a maio de 2017 foram transmitidos 380 jogos do campeonato inglês pelos canais ESPN, ou seja, todos os jogos da temporada. Em média, foram exibidos por rodada 6 partidas pelos canais ESPN na TV fechada e 4 pelo Watch ESPN.

Segundo o vice-presidente de jornalismo e produção da ESPN Brasil, João Palomino, em entrevista para o site Trivela49, a exclusividade do Campeonato Inglês na temporada 2016/2017 reforça a ESPN Brasil como a casa do futebol internacional e valoriza a empresa em cumprir bem um de seus 3 pilares, que é a cobertura do futebol internacional (os outros dois são a cobertura da NBA e da NFL e o jornalismo imparcial).

Além dos 10 jogos por rodada que a ESPN Brasil oferece, a exclusividade do Campeonato Inglês fez a emissora buscar estratégias para trabalhar melhor esse conteúdo. Repórteres correspondentes na Inglaterra, programas direcionado para os brasileiros que acompanham a Premier League, como o Mundo Premier League que será abordado mais a frente, eventos realizados no Brasil com apoio da emissora, entre outras estratégias de fidelizar o consumidor/ torcedor são alguns exemplos.

Os repórteres João Castelo Branco e Natalie Gedra são os responsáveis por cobrir o futebol inglês para a ESPN Brasil direto da Terra da Rainha. Os dois trazem matérias, reportagens, fazem links ao vivo antes de começar os jogos ou dentro de programas da emissora, entre outros atributos que enriquecem a cobertura do canal com o futebol inglês, que além da Premier League, também cobrem a Copa da Inglaterra, a Copa da Liga Inglesa e Segunda Divisão do campeonato inglês.

Como já foi citado no capítulo 2, a ESPN Brasil cobriu a cerimônia de oficialização da primeira torcida oficial do Manchester City no Brasil e na América Latina, a The Citizens Brasil. Outro evento que além de cobrir, a emissora também organizou, em conjunto com a Premier League, foi a exposição do troféu do Campeonato Inglês no Brasil, em abril de 2017. O troféu da Premier League chegou ao Brasil no dia 02 de abril de 2017, e foi mostrado pela primeira vez no “Abre o jogo” antes do clássico inglês Arsenal e Manchester City, depois foi levada ao programa Resenha ESPN no mesmo dia e partir de 04 de abril ficou em exposição no Museu do Futebol em São Paulo até o dia 9 do mesmo mês. A taça veio acompanhada de dois ex-jogadores campeões da Premier League, Bryan Robson e Mikäel Silvestre.

A exclusividade da Premier League criou uma maior fidelização entre a emissora e seu público alvo, além do aumento da audiência. Pode-se dizer com toda certeza que a ESPN Brasil é casa do futebol inglês no Brasil. Em entrevista por e-mail com o gerente de programação da ESPN Brasil, Arnaldo Ribeiro, ele falou sobre a exclusividade do Campeonato Inglês nos canais ESPN: “A Premier League tornou-se o maior campeonato do mundo - maior até que a Champions, porque dura o ano todo, com rodadas em todas semanas. A exclusividade faz parte da estratégia de fidelização do público. Sei que o menino que usa a camisa do Chelsea hoje descobriu esse clube vendo jogos na ESPN. Hoje tratamos a Premier League como um autêntico produto. Jogos, entrevistas exclusivas, ações, marketing, troféu. Tudo. Nossa menina dos olhos hoje”.

As transmissões ao vivo da ESPN Brasil contam com especialistas reconhecidos por todo o Brasil, uma das vertentes da emissora é trabalhar o jornalismo com cada vez mais imparcialidade. Em alguns casos, a ESPN Brasil opta por levar ao ar comentaristas que tem um maior conhecimento sobre determinado campeonato, por terem vivido a cultura local.

São os casos atualmente do francês Stéphane Darmani e do Alemão Gerd Wenzel, que comentam os jogos dos campeonatos francês e alemão, respectivamente. Silvio Lancelotti, brasileiro descendente de italianos, que comentou o Calcio por muitos anos na Band e depois na ESPN Brasil também é um exemplo dessa escolha por alguém mais próximo da cultura local. Após o rebaixamento do clube argentino River Plate em 2011, a ESPN Brasil adquiriu os direitos da Primera B Nacional da temporada 2011/2012, a grande atração seria o gigante River Plate e a emissora contratou o ex-jogador Sorín, ídolo dos Millonarios50, para comentar os jogos, uma forma de levar alguém mais acostumado com o assunto. Os casos de Darmani, Wenzel, Lancelotti e Sorín, exemplificam bem o que o também comentarista, especialista em futebol italiano, Leonardo Bertozzi, respondeu por e-mail ao estudo sobre os comentaristas mais ligados a cultura do país de origem de determinado campeonato: “A identificação cultural e idiomática é muito importante nestes casos. Além de uma compreensão melhor, eles têm uma vivência que outros comentaristas da casa não conseguiriam igualar”.

As transmissões esportivas elevaram a ESPN Brasil à casa do futebol internacional no Brasil ao longo desses 22 anos dos canais no ar. Apesar de perder os direitos do principal campeonato de clubes da Europa em 2015 para a Esporte Interativo, a Liga dos Campeões, que foi transmitida pelos canais ESPN por 20 anos, a emissora ainda é o canal segmentado de esportes que mais exibe jogos que envolvam clubes do velho continente, atingindo um total de 886 jogos na temporada 2016/2017.

6.2. PROGRAMA FUTEBOL NO MUNDO

O programa Futebol no Mundo é exibido desde o lançamento da ESPN Brasil em 1995. É o programa especificamente sobre futebol internacional mais antigo da televisão brasileira, seja aberta ou fechada. Em 2015, o programa deixou de ser uma atração semanal e passou a ser diário, de segunda a sexta e aos domingos, além de ser exibidos as vezes no sábado. Essa mudança, transformou o programa, deixando de ser uma revista eletrônica semanal, que apresentava os melhores lances dos melhores campeonatos, para ser voltado mais ao momento, passando a ser uma espécie de telejornal sobre o futebol internacional.

Não existe um horário e nem uma duração definida para o programa ir ao ar, geralmente é a tarde, mas sua exibição depende das transmissões dos jogos ao vivo. Em muitos casos, o programa Futebol no Mundo serve como um “pré-jogo” ou como um “pós-jogo” do evento transmitido pela emissora. Como exemplo, o programa que antecedeu a semifinal da Liga dos Campeões da Europa entre Real Madrid e Atlético de Madrid, no dia 2 de maio de 2017. Esse programa começou as 15h e durou até próximo do jogo, sendo apresentado sonoras dos atletas e técnicos do Real Madrid e do Atlético, análises sobre o jogo, fatos históricos e curiosidades sobre o confronto e palpites, tudo comentado pelo jornalista Mauro Cézar Pereira e pelos “Embaixadores da Liga”, ação de marketing de uma marca de cerveja e dos canais ESPN, que trazem, sempre antecedendo as rodadas da Champions League ao programa Futebol no Mundo, os ex-jogadores Amoroso e Fábio Luciano para comentarem sobre o torneio.

O programa é apresentado por Alex Tseng e Paulo Andrade, os comentários ficam por conta de Mauro Cézar Pereira, Rafael Oliveira, Leonardo Bertozzi, Gustavo Hoffman, André Kfouri, Paulo Calçade, Gian Oddi e Gerd Wenzel, além de ex-jogadores que são convidados para comentar também, como por exemplo os “Embaixadores da Liga”, Amoroso e Fábio Luciano. Existe um rodízio entre os profissionais, assim como o horário e a duração, os profissionais que comentam o Futebol no Mundo não são fixos.

Segundo as definições de categoria, gêneros e formatos por Aronchi (2004), o programa Futebol no Mundo pode está enquadrado nas categorias entretenimento e informativo, do gênero esportivo. Utilizando-se dos formatos: ao vivo; entrevista; interativo; mesa-redonda; noticiário; quadros; reportagem; telejornal; e videoclipe.

O foco do programa é passar informação sobre o futebol internacional, logo se enquadra a categoria informativo, mas o jeito que a informação é passada, de uma forma descontraída e por mostrar videoclipes, lances engraçados do mundo da bola e interação com o telespectador, o programa pode se configurar como categoria entretenimento também.

O programa se enquadra no gênero esportivo por que seu assunto é especificamente futebol, utilizando-se diversos formatos que podem caracterizar o programa como uma revista ou telejornal sobre futebol internacional também. Dentro do programa Futebol no Mundo que é apresentado ao vivo, é mostrado reportagens, entrevistas com torcedores, jogadores, técnicos e outros que fazem o mundo da bola acontecer, também ocorre mesas-redondas dentro do programa, notas “peladas” e “cobertas” são apresentadas, existem quadros diversos, além da participação dos telespectadores pelo Twitter respondendo desafios lançados no programa e dos videoclipes apresentados. Para Aronchi (2004, p.130):

Nos programas do gênero revista pode haver vários formatos: telejornalismo, quadros humorísticos, musicais, reportagens, enfim, assuntos diversos como os enfocados por revistas impressas. A formatação do gênero revista é muito parecida com a dos programas de jornalismo e variedades, tendo como diferencial a postura mais comprometida com a categoria informativa do que com a de entretenimento. Nesse aspecto, o infortenimento – a informação unida ao entretenimento – passa a ser a linguagem utilizada para atrair a audiência. A notícia torna-se espetáculo e faz parte de uma espécie de show de informações.

Um dos formatos é a entrevista, que além das entrevistas gravadas pelos correspondentes na Europa, o programa Futebol Mundo também apresenta entrevistas ao vivo, tanto no próprio estúdio, tanto via Internet com quem está no continente europeu. No programa do dia 4 de maio, Alex Tseng, Paulo Andrade e Leonardo Bertozzi, fizeram duas entrevistas via Internet direto da Europa. A primeira do dia foi com o setorista do futebol brasileiro de uma emissora italiana, o brasileiro residente há 17 anos na “Velha Bota”, Andersinho Marques, que falou sobre a despedida de Francesco Totti da Roma, dos jogadores brasileiros que atuavam na Itália, dentre outras coisas. No mesmo dia, Dalbert, lateral-esquerdo brasileiro do Nice, clube francês que foi o terceiro colocado na Ligue 151, conversou com a equipe do Futebol no Mundo direto da França, entre os assuntos abordados, estavam a carreira do jogador, a convivência com o italiano Mário Balotelli, a adaptação à França, entre outros temas.

Andersinho Marques e Dalbert fazem parte também do quadro “Perdidos pelo Mundo”, onde personagens do futebol não tão famosos são apresentados no programa Futebol Mundo. Vários quadros fazem parte da estrutura do programa, são apresentados de acordo com o momento, são eles:

As 7 Maravilhas: Neste quadro é mostrado 7 fatos, podendo ser gols, assistências, dribles, jogos, jogadores, campeonatos, entre outras coisas. É escolhido um fato e mostrado 7 momentos desse determinado fato. Por exemplo, no programa do dia 4 de maio, foi mostrado no quadro, 7 assistências precisas do lateral-direito Daniel Alves em sua carreira, isso porque no dia anterior o brasileiro deu duas assistências para os dois gols do seu clube, a Juventus, pela Liga dos Campeões. A seleção se dá pelo assunto do momento.

Baú do Futebol no Mundo: São apresentadas imagens históricas sempre envolvendo assuntos factuais. Podendo ser imagens de um confronto histórico que está próximo de acontecer, curiosidades envolvendo jogadores, entre outros lances que tem relação com algum tema da atualidade.

Chutaí: O quadro Chutaí é apresentado antes e depois das rodadas, no qual os apresentadores e comentaristas palpitam sobre os resultados dos principais jogos do futebol europeu antes da rodada e apresentam os resultados no primeiro programa depois da rodada, geralmente nas segundas-feiras.

Jogador da Partida: É escolhida uma grande atuação de um jogador durante uma partida no futebol internacional. Geralmente é apresentado depois das rodadas. Como por exemplo, no programa do dia 24 de abril, o argentino Lionel Messi foi o selecionado do quadro, pela atuação no dia anterior no clássico contra o Real Madrid.

Jogão: Nesse quadro é mostrado uma grande partida da rodada pelos campeonatos internacionais e analisado pelos comentaristas do programa. Geralmente é mostrado nas segundas-feiras.

Lambança: Geralmente mostrado nas voltas dos intervalos, o quadro lambança apresenta os lances mais bizarros que acontecem pelo mundo. Destaque para o garimpo feito pela produção do programa, pois são mostrados lances bizarros encontrados no futebol asiático, nas divisões inferiores dos campeonatos europeus e nas ligas mais inferiores pelo mundo, ou seja, em todo o planeta.

Momentos Marcantes: Nesse quadro é produzido momentos marcantes de determinado fato. O anúncio da aposentadoria dos gramados do italiano Francesco Totti após 25 anos como jogador profissional, levou o Futebol no Mundo a produzir 25 momentos da carreira de Totti, um momento em cada temporada, onde foi apresentado uma nota coberta sobre os 25 momentos. Esse compacto de lances foi exibido no programa do dia 3 de maio.

Perdidos pelo Mundo: É mostrado os brasileiros pelo mundo da bola e lances raros no futebol. Os brasileiros são mostrados através de entrevistas, desempenho nos campeonatos, gols e feitos importantes.

Preste Atenção: Nesse quadro são mostrados lances curiosos dentro e fora de campo no mundo do futebol.

Rolou na Rede: Os vídeos sobre o futebol internacional que estão fazendo sucesso nas redes sociais são mostrados nesse quadro. Vídeo engraçados e memes é o prato principal da atração.

Trânsito: É noticiado as principais especulações e transferências do futebol europeu. Geralmente é citada a fonte da notícia, os GCs informam a manchete, passam as imagens do jogador especulado ou contratado e os comentaristas dão sua opinião.

Varal: Nesse quadro os telespectadores têm a oportunidade de ganhar camisas oficias autografadas pelos jogadores. É lançado o desafio ao vivo e os torcedores respondem via Twitter. A produção escolhe o vencedor.

O programa Futebol no Mundo por mais que esteja também enquadrado ao entretenimento, sua essência é a informação, aliás o slogan da ESPN Brasil por muito tempo foi “informação é o nosso esporte”. Sendo assim, o programa também pode ser definido como um telejornal.

Reportagens, notas peladas, notas cobertas, entrevistas, links ao vivo, sonoras gravadas de técnicos e jogadores e vídeo oficiais divulgados pelos clubes fazem parte da estrutura do programa Futebol no Mundo. Antes da mudança para uma atração diária, o programa tinha um estilo mais voltado para revista, após a mudança, a informação de momento passou a ser mais trabalhada.

Em grande parte, o programa é feito através de notas cobertas e notas peladas. Os melhores momentos e gols dos jogos, imagens de confrontos históricos, lances dos jogadores, classificação, próximos jogos, entre outros, sempre são mostrados imagens com a narração e comentários ao fundo. Os programas após as rodadas, é basicamente feito por notas cobertas. As notas peladas são usadas em menor número, geralmente voltada para noticiar contratações.

Os correspondentes do futebol inglês, Natalie Gedra e João Castelo Branco, são os principais responsáveis por produzirem as reportagens que vão ao ar no programa Futebol no Mundo, não sendo os únicos que produzem matérias para o programa. No programa do dia 29 de abril, foi exibida uma reportagem de Natalie Gedra sobre o dérbi Tottenham x Arsenal, que aconteceu no dia seguinte. Além das matérias, Natalie Gedra e João Castelo Branco entram ao vivo por meio de links durante a programação da ESPN. Quando o programa Futebol no Mundo “abre o jogo” para o Campeonato Inglês, geralmente tem link ao vivo feito pelos correspondentes, trazendo as principais informações sobre o confronto.

No programa Futebol no Mundo também é exibido vídeos descontraídos e campanhas institucionais divulgados pelos canais oficiais dos clubes. Na maioria das vezes são mostrados nas viradas de blocos.

A interação entre os telespectadores e o programa é feita principalmente através do Twitter. A hashtag #TudoPeloFNM é constantemente apresentada no programa para atrair aos fãs a participarem. Os apresentadores lançam desafios e os telespectadores participam, podendo ter sua imagem que foi postada no Twitter divulgada ao vivo. Em 02/05, o apresentador Alex Tseng lançou o desafio para os telespectadores publicarem no Twitter através da hashtag #TudoPeloFNM, fotos com a camisa dos 4 semifinalistas da Liga dos Campeões da Europa (Real Madrid, Atlético de Madrid, Juventus e Mônaco) e de dois semifinalistas da Liga Europa da UEFA que jogariam no dia seguinte (Ajax e Lyon), no final do programa foram exibidas as publicações dos torcedores. O Twitter do programa, @futmundoespn, acompanha as rodadas dos principais campeonatos do velho continente em tempo real, divulga a lista de jogos do futebol europeu que os canais ESPN transmitem por rodadas e compartilha informações sobre o futebol do velho continente que são divulgadas no Twitter dos profissionais da ESPN Brasil.

Outro formato que também é utilizado no programa Futebol no Mundo, é a mesa-redonda. Apesar de não ser no formato padrão, onde os comentaristas e apresentadores estão sentadas em uma mesa, no Futebol no Mundo os comentaristas discutem assuntos sobre o futebol europeu em pé mesmo, como o programa não tem o formato definido como mesa-redonda, as discussões são mais curtas. Esse formato foi muito utilizado na atual temporada nos programas prévios as rodadas da Liga dos Campeões da Europa, onde o apresentador e o comentarista recebiam os ‘Embaixadores da Liga”, os ex-jogadores Amoroso e Fábio Luciano.

Uma atração que deixa o programa mais “leve”, é a inserção de videoclipes. Para adentrar a determinado assunto, é apresentado videoclipes que tenha alguma relação com o tema abordado, por exemplo, no programa do dia 24 de abril, o videoclipe escolhido foi da música “Fenomeno”, do rapper italiano Fabri Fibra, a escolha por um videoclipe de um artista de origem italiana, foi a cabeça do assunto em seguida que era o campeonato italiano. Um dos apresentadores ou comentaristas explicam a relação do videoclipe com o assunto a ser discutido em seguida.

A opção pela inclusão de músicas, faz parte do objetivo do programa, que é levar informação com descontração aos telespectadores e caracteriza a identidade do programa, quebrando um pouco a padronização de outros programas esportivos da televisão brasileira.

Em entrevista feita por e-mail com o apresentador Alex Tseng, ele falou sobre a escolha de apresentar vídeos musicais em um programa esportivo: “A inspiração veio durante o Futebol no Mundo da rádio Estadão ESPN que foi exibido durante 2 anos. Lá, tínhamos 2 horas de programa e precisávamos criar uma maneira diferente para falar de campeonatos não tão divulgados. Aí surgiu a música. Trouxemos para programa na TV e foi um sucesso”.

O cenário do programa Futebol no Mundo é composto por duas pequenas mesas, onde fica um dos apresentadores e um comentarista ou dois comentaristas; um dos apresentadores ou o único (varia o número de apresentadores e comentaristas) fica no meio, entre as duas mesas. O fundo do cenário é um desenho de tijolos vermelhos britânicos, uma alusão ao material muito comum nos estádios ingleses. Nesses tijolos há desenhos de grafite relacionados ao futebol. A iluminação é a padrão de programas televisivos, uma luz forte chapada. O piso é preto e reflete a iluminação. Outra atração, são os figurinos, o apresentador Alex Tseng apresenta na maioria das vezes os programas com camisas ou jaquetas de clubes do futebol, essas roupas fazem parte da sua coleção.

Essas características constroem o programa Futebol do Mundo e o fazem difundir principalmente o futebol europeu na televisão fechada brasileira. Apesar do nome ser Futebol no Mundo, o conteúdo produzido é em sua grande maioria sobre o futebol europeu, mais precisamente sobre o futebol inglês, espanhol, italiano, alemão, francês e holandês. O programa das segundas-feiras é basicamente um giro do que aconteceu na rodada do final de semana desses campeonatos. Essa cobertura é importante para o torcedor brasileiros dos clubes europeus, por estar há tanto tempo no ar e ser produzido de forma atrativa, cria-se uma ideia de um programa referencial em termos de televisão para o público-alvo.

A ESPN Brasil leva ao ar outros programas sobre o futebol europeu, não tão completos como o Futebol no Mundo, mais segmentados ainda e nenhum produzido totalmente pela ESPN Brasil, o que a emissora brasileira faz basicamente é inserir legendas, narração e comentários em português. Os outros programas são:

Mundo Premier League: É uma revista eletrônica semanal do Campeonato Inglês. Histórias, curiosidades, entrevistas e panorama da rodada são apresentados no programa, que é produzido pela própria Premier League e adaptada pela ESPN Brasil ao público brasileiro. Tem duração de 30 minutos.

Show da Rodada: Campeonato Inglês: Gols e melhores momentos de todos os jogos da rodada do Campeonato Inglês. Tem duração de 30 minutos e é exibido um dia após ao término da rodada. Narração e comentários dos lances em português.

Show da Rodada: Campeonato Italiano: Gols e melhores momentos de todos os jogos da rodada do Campeonato Italiano. Tem duração de 30 minutos e é exibido um dia após ao término da rodada. Narração e comentários dos lances em português.

Show da Rodada: Campeonato Alemão: Gols e melhores momentos de todos os jogos da rodada do Campeonato Alemão. Tem duração de 30 minutos e é exibido um dia após ao término da rodada. Narração e comentários dos lances em português.

Show da Rodada: Campeonato Espanhol: Gols e melhores momentos de todos os jogos da rodada do Campeonato Espanhol. Tem duração de 30 minutos e é exibido um dia depois da rodada. Narração e comentários dos lances em português.

Prévia do Campeonato Alemão: Informações, curiosidades e entrevistas com os personagens do Campeonato Alemão. As imagens são produzidas pela própria Bundesliga. No final do programa é mostrado a classificação e os próximos jogos. A ESPN Brasil insere narrações e dublagens em português. Tem duração de 30 minutos.

Prévia do Campeonato Espanhol: Informações, curiosidades e entrevistas com os personagens do Campeonato Espanhol. As imagens são produzidas pela própria Bundesliga. No final do programa é mostrado a classificação e os próximos jogos. A ESPN Brasil insere narrações e dublagens em português. Tem duração de 30 minutos.

Destaques da UEFA Europa League: Revista eletrônica que traz os destaques da rodada da UEFA Europa League. Gols, melhores momentos, histórias, estatísticas, entrevistas, entre outras coisas são abordadas no programa. Narração e dublagens em português. O programa tem duração de 1 hora.

Jogos Clássicos: Com duração de meia hora, o programa apresenta os melhores momentos de jogos históricos transmitidos pela ESPN Brasil no Campeonato Inglês, geralmente é antes da rodada para relembrar o confronto entre dois times que se enfrentarão na rodada que vai acontecer. A narração e os comentários são originais, feito pelos profissionais da ESPN Brasil na época em que o jogo aconteceu

O programa Futebol no Mundo também ajudou a construir essa imagem da ESPN Brasil como a casa do futebol internacional, ao longo de mais de 20 anos sendo a referência em programa sobre futebol europeu na televisão brasileira, a atração também tem sua parcela de responsabilidade em trazer histórias e informações que construíram essa nova formas de torcer no Brasil. Alex Tseng falou sobre isso via e-mail: “O Futebol no Mundo é a única revista de futebol internacional. Está no ar há mais de 20 anos na ESPN Brasil. Acompanhamos o futebol internacional desde os tempos que ninguém tinha muito acesso aos resultados. De alguma maneira, temos participação nesse crescimento”.

6.3. WATCH ESPN E OUTRAS FERRAMENTAS ONLINE DA ESPN BRASIL

Já foi mostrado no decorrer no estudo, o poder que os canais fechados de esportes têm na formação desses novos torcedores, mas a extensão desses canais na Internet por meio da tecnologia do streaming também é um fator para a impulsão desse crescimento. Dos 729 entrevistados no formulário aplicado em grupos do Facebook que envolviam torcedores de clubes europeus, 67,5% dizem acompanhar os jogos do seu clube na televisão e na Internet, o que comprova a influência também das plataformas via streaming das emissoras esportivas.

Dos 554 entrevistados que afirmaram assistir os jogos dos seus times pela televisão fechada e pela Internet, 65,7% apontam o Watch ESPN como o canal mais assistido. O Watch ESPN é o canal que mais exibe jogos, isso se deve também aos direitos dos principais campeonatos da Europa que a emissora possui para TV fechada e Internet.

O Watch ESPN foi lançado em setembro de 2012 com o objetivo de oferecer ao telespectador uma ferramenta em que pudesse assistir a programação dos canais ESPN em diversos dispositivos como computadores, smartphones e tablets, e não apenas pela televisão.

O Watch ESPN oferece toda programação que está sendo veiculada na ESPN Brasil, na ESPN e na ESPN +, além de exibir eventos esportivos ao vivo e exclusivos. Essas transmissões esportivas que são apresentadas exclusivamente via streaming, tem narração e comentários em língua estrangeira, dependendo do local e da emissora que exibe as imagens.

Atualmente, os eventos esportivos transmitidos ao vivo são os mesmos que os canais fechados possuem os direitos, no futebol são mostrados: Campeonato Inglês; Campeonato Alemão; Campeonato Alemão; Campeonato Italiano; Campeonato Francês; Campeonato Holandês; Liga Europa da UEFA; Copa da Inglaterra; Copa da Liga Inglesa; Segunda Divisão do Campeonato Inglês; Copa da Alemanha; e Copa da Itália. Lembrando que tem jogos transmitidos apenas no Watch ESPN, o que aumenta o leque de opções dos espectadores nos canais ESPN.

O Campeonato Inglês por exemplo, que é exclusivo dos canais ESPN, teve em média na temporada 6 jogos por rodada transmitidos pelos canais fechados (também pelo Watch) e 4 transmitidos somente pelo Watch ESPN. As imagens são cobertas de narração em inglês e som ambiente. Os intervalos é o conteúdo produzido pela própria Premier League.

Para ter acesso ao conteúdo do Watch ESPN, é necessário ser assinante de alguma operadora de TV paga. A entrada a plataforma é liberada após o assinante se cadastrar no site da operadora, assim o usuário tem acesso a todos os aplicativos que os canais fechados oferecem.

A plataforma Watch ESPN é dividida em 5 abas, onde o assinante tem a opção de escolher eventos ao vivo, reprises, reportagens, programas, entre outras atrações. As abas são: Home; Ao Vivo; Próximos; Reprises; e On Demand.

O Home é onde são encontrados todos os destaques das outras abas. As principais atrações ao vivo, as reportagens mais visualizadas, as reprises das partidas mais comentadas, entre outros conteúdos que tem sua busca facilitada pela página inicial da plataforma.

Na aba Ao Vivo, a página não traz somente as atrações ao vivo como a programação dos canais ESPN na TV fechada. É nessa aba que se encontra os eventos ao vivo que são transmitidos somente no Watch ESPN. Além dos campeonatos de futebol já citados, o Watch ESPN mostra eventos ao vivo no tênis (Austrália Open, Wimbledon, US Open, ATP 250), NBL, NFL, NHL, MLB, ciclismo, rúgbi, entre outros.

A aba Próximos serve basicamente como o guia de programação da plataforma Watch ESPN, divulgando as principais atrações das próximas horas e dias seguintes. É possível marcar os eventos e ser notificado pelo e-mail na data e hora da exibição.

Todas as reprises dos jogos transmitidos pelos canais ESPN ou Watch ESPN estão localizadas na aba Reprises. As reprises ficam postadas cerca de um mês após o evento ao vivo. Não só o futebol, mas todas as competições esportivas são reexibidas nessa aba, além do programa Sportscenter que também é reprisado.

Na categoria On Demand, são postadas matérias, reportagens especiais, documentários, programas da ESPN, e outras produções sobre diversos esportes.

Pela facilidade e popularidade da Internet hoje em dia, o Watch ESPN foi apenas parte do ciclo natural da convergência dos meios de comunicação em agregar seu conteúdo a diversas plataformas midiáticas, com a intenção de atingir um maior número de espectadores/ consumidores e no caso do Watch ESPN como foi mostrado, aumentar também sua oferta de eventos esportivos transmitidos

Segundo o formulário aplicado, 74% das pessoas que dizem gostar de clubes da Europa são jovens. Consequentemente esses jovens também fazem parte do público dos canais ESPN e do Watch ESPN, mostrando que essas plataformas online são importantes na captação de espectadores/ consumidores. Para Chaves (2016, p.23), conforme pesquisa realizada por Hur, Ko e Valacich (2007), os novos dispositivos de comunicação online tendem a envolver com mais facilidade aqueles que possuem um perfil de consumo mais jovem.

A exclusividade de alguns jogos deu uma maior importância ao Watch ESPN, aumentando o número de eventos ao vivo transmitidos pelos canais. Em entrevista por e-mail com Gian Oddi, editor-chefe do ESPN.com.br e comentarista da ESPN Brasil, o jornalista falou sobre a importância do Watch ESPN: “O Watch já era uma ferramenta muito utilizada pelo fã de futebol europeu mesmo quando tinha como principal atrativo os jogos que eram transmitidos na TV, mas que o telespectador só conseguia ver numa plataforma alternativa por não estar em casa ou qualquer outro lugar com um aparelho de TV. Hoje, contudo, muitos ótimos jogos são transmitidos com exclusividade pelo Watch, sobretudo os da Premier League. Certamente isso aumentou muito sua importância.

Outras ferramentas online que impulsionam o conteúdo produzido pela ESPN Brasil é o portal ESPN.com.br, a extensão do portal que é a blogosfera ESPN FC e o Mundo ESPN, ferramenta que “abastece” o público através das redes sociais.

O portal ESPN.com.br que também disponibiliza todo o conteúdo veiculado pelos canais ESPN na TV fechada, produz conteúdo voltado ao jornalismo online. No portal, fora as matérias, é possível consultar tabelas e classificações de diversos campeonatos de vários esportes pelo mundo.

O conteúdo do ESPN.com.br não é exclusivamente sobre futebol europeu, o futebol nacional tem grande destaque, mas o portal abrange páginas especificas para os clubes europeus. Nessas páginas, é possível encontrar as últimas matérias que envolvem o clube, o Twitter oficial e dos atletas que fazem parte dessa equipe, além de estatísticas sobre o clube como classificações, resultados, artilharia e próximos jogos.

O torcedor “europeu” consegue ter notícias diariamente do seu time através do portal, ao todo existem 20 páginas voltadas exclusivamente aos clubes do velho continente, os clubes são: Arsenal, Atlético de Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Benfica, Borussia Dortmund, Chelsea, Internazionale, Juventus, Lazio, Liverpool, Tottenham, Manchester City, Manchester United, Milan, Napoli, Porto, Paris Saint-Germain, Real Madrid e Roma.

Uma extensão do portal ESPN.com.br, é a blogosfera ESPN FC, em que torcedores escrevem sobre seus clubes e o site publica, após passar por uma análise dos profissionais do portal antes de ser publicado. Essa plataforma é uma forma de ver a opinião do torcedor sobre determinados fatos. Além de dar espaço ao torcedor, é uma maneira de aproximar o espectador da ESPN Brasil, seja em todas as suas plataformas midiáticas.

A plataforma é formada por 54 blogs, sendo 23 de clubes europeus, 28 de clubes nacionais, 2 de clubes argentinos e um da seleção brasileira. Dos clubes que tem as páginas especificas produzidas pelo próprio ESPN.com.br, apenas a Lazio não faz parte da blogosfera ESPN FC e outras 4 equipes fazem parte somente da blogosfera, são elas: Athletic Bilbao, Lyon, Sampdoria e Sevilla.

Essa oferta de blogs escritos pelos próprios torcedores de diversos clubes da Europa, alguns até não tão populares, mostra uma procura cada vez maior do público pelo futebol do velho continente. “Inicialmente, o projeto do ESPN FC havia sido concebido considerando apenas a criação de blogs para os times do Brasil. Contudo, após uma série de reuniões, chegamos à conclusão de que, por se tratar de uma plataforma da ESPN, não faria sentido algum contar com uma rede de blogueiros torcedores que não contasse com blogs dos principais times europeus. Hoje, os resultados mostram que estávamos certos na mudança: a audiência dos blogs destinados aos times estrangeiros é grande parte de toda a audiência do ESPN FC”, disse Gian Oddi, editor-chefe do ESPN.com.br em entrevista por e-mail.

A plataforma ESPN FC, se encaixa perfeitamente no que Jenkins (2009) chama de cultura da participação, na qual contrasta no sentido de que produtores e consumidores são totalmente separados, nesse caso podemos dizer que produtores e consumidores da mídia estão entrelaçados. No ESPN FC os próprios torcedores escrevem sobre seus clubes, deixando de ser apenas consumidores e passando a ser produtores de conteúdo também.

No formulário aplicado, 54,7% dos entrevistados apontaram que sua maior fonte de informação sobre o clube europeu são as redes sociais, ficando à frente dos sites de notícia e televisão. Nas redes sociais, o conteúdo da ESPN Brasil e do Portal ESPN.com.br, é feito pela plataforma Mundo ESPN.

A ferramenta está presente no Instagram (438 mil seguidores), no Twitter (1,2 milhões de seguidores) e no Facebook (3,9 milhões de curtidas). Tudo o que foi citado como produto da ESPN Brasil e do Portal ESPN.com.br é postado no Mundo ESPN. Matérias, trechos de programas, gols, melhores momentos, entre outros, são algumas das atrações publicadas no Mundo ESPN. Além disso, é produzido material exclusivamente para as redes sociais. Lembrando que o foco não é apenas futebol internacional, mas também o futebol brasileiro.

Essas plataformas online conseguem atingir todo o público alvo em todos os dispositivos possíveis. Essas ramificações que partiram da emissora de televisão fechada vão de encontro ao que Jenkins (2009) denominou de convergência cultural. Jenkins (2009) apresenta a cultura da convergência como a unificação de diferentes plataformas midiáticas no sentido tecnológico e de ideal.

O grande número de jogos transmitidos pelos canais fechados (ESPN Brasil, ESPN e ESPN +) e pelo Watch ESPN, o programa Futebol no Mundo como uma referência para o público pesquisado e as diversas plataformas online que aproximam o torcedor/ consumidor da produtora do conteúdo, formam o que Jenkins (2009) denominou “caixa preta”, tanto no sentido tecnológico, pois o conteúdo é trabalhado em todas as mídias possíveis, tanto no sentido cultural, criando-se uma credibilidade e uma qualidade na marca ESPN no que se refere entre outras coisas (NBA, NFL e jornalismo imparcial) ao futebol europeu.

7. ANÁLISES E RESULTADOS DOS FORMULÁRIOS: O QUE PENSAM TORCEDORES E JORNALISTAS

A pesquisa apresentou números e relatos interessantes às hipóteses que guiaram a pesquisa. O crescimento no número de torcedores, a influência da televisão em fidelizar esse torcedor, a opinião de profissionais quanto a caracterização da ESPN Brasil como a casa do futebol internacional e algumas análises sobre o crescimento desses torcedores na Internet são apresentados nesse capítulo através do que foi levantado.

O formulário Google Docs que foi apresentado no capítulo 2, as entrevistas realizadas por e-mail com os profissionais da ESPN Brasil e as análises de Fernando Martinho, idealizador da pesquisa Top 500 do Facebook em conversa também por e-mail, são resultados expressivos obtidos ao longo da pesquisa.

7.1. FORMULÁRIOS APLICADOS EM GRUPOS NO FACEBOOK DE BRASILEIROS QUE TORCEM POR CLUBES DA EUROPA

Os formulários apresentaram números expressivos que justificam a escolha pelo tema, com 729 respostas, na grande maioria jovens entre 16 e 27 anos (74 %). Um número que por mais baixo que seja ainda, já mostra que existem torcedores exclusivos dos clubes europeus no Brasil, descartando totalmente os clubes do país, 8,8% dizem não torcer por nenhum clube brasileiro e dos que dividem a atenção com os clubes da Europa, 35,2% dizem preferir o clube do velho continente do que o brasileiro, ou seja, se estiverem jogando no mesmo horário o clube que torce no Brasil e o clube que gosta na Europa, esses 35,2% vão escolher o europeu. Portanto, esse torcedor “europeu” já existe sim, mesmo que não descarte o futebol nacional, eles já acompanham diariamente notícias sobre o clube, compram produtos, participam de discussões e se autodeclaram torcedores.

Torcedor do Arsenal – faixa etária entre 16 e 21 anos: “Meu primeiro jogo do Arsenal foi entre Real Madrid versus Arsenal, nas quartas ou semifinais, não me recordo, da UCL de 2006, e fiquei empolgado e fissurado com a forma que o Arsenal jogava e o que um tal de Henry jogava com extrema facilidade e liderança, me tornei fã na mesma hora, momentaneamente achei que dele, Henry, mas após sua saída, descobri que ele só me levou a um amor maior e em comum: o Arsenal. Desde 2006, acompanho o Arsenal, no começo apenas pela TV, porque não sabia colocar nos serviços de streaming tão facilmente pela minha idade na época, mas depois fui começando a aprender a assistir pela internet também e desde então, não parei mais, é raro eu perder um jogo dos Gunners e estou sempre acompanhando as notícias referentes ao clube. Não é exagero nenhum dizer que o Arsenal é e sempre foi o meu time do coração e que nunca tive lá muito apreço pelos clubes brasileiros, apesar do meu pai ser um corintiano fanático. Mas ele já me perdoou. Go Gunners”!

Torcedor do Liverpool – faixa etária entre 22 e 27 anos: “Eu comecei a conhecer os times europeus desde a época dos videogames 8-bits, na década de 90. Na minha infância, quando eu ia para a casa de familiares meus que tinham TV por assinatura, eu assistia a alguns jogos que estavam passando. Um dia eu assisti a um jogo do Liverpool na televisão e algo sobre a torcida do Liverpool, a paixão e o time em geral me influenciaram. Eu comecei a cada vez mais gostar do Liverpool e acompanhar mais até que na minha adolescência eu virei um torcedor e estou assim até hoje. Hoje em dia eu torço tanto - as vezes até mais - para o Liverpool quanto para o time brasileiro que eu também acompanho desde a minha infância, que é o C.R. do Flamengo”.

Nos dois exemplos citados acima, vemos um torcedor descartar totalmente o futebol brasileiro e outro que consegue nutrir sua paixão por dois clubes, o Flamengo e o Liverpool, caracterizando o que Hall (1992) chama de hibridismo em ambas as partes.

Dos 729 entrevistados, 604 (82,9%) dizem ter televisão por assinatura na sua residência, uma ferramenta indispensável para quem quer acompanhar o futebol do velho continente. 36,5% dos entrevistados dizem assistir mais de 40 jogos por temporada do clube europeu, 21,8 % acompanham entre 16 e 30 jogos e 27 % veem entre 31 e 40 partidas. São números expressivos que provam a influência da TV paga nesse sentido.

A Internet junto com a TV por assinatura corresponde a 67,2% da preferência por acompanhar essas partidas, apontando para o crescimento da transmissão de partidas via streaming, extensão já desenvolvidas por todos os canais esportivos da TV fechada, com exceção da Bandsports. A plataforma via streaming mais citada no questionário foi o Watch ESPN com 65,7%.

Das 729 pessoas que responderam o questionário, 34,4% apontam a televisão como influenciadora para acompanhar clubes da Europa. Esses 262 entrevistados apontaram como emissoras mais influentes a ESPN Brasil (63,4%), Esporte Interativo (32,1%), Band (17,6%) e Fox Sports (15,6%), podendo escolher mais de uma opção na pergunta.

Os números da pesquisa já provam a influência da ESPN Brasil na formação desses torcedores, mais da metade apontou a emissora como importante para acompanhar o futebol europeu.

A Band e a Esporte Interativo como os números do formulário também apresentaram, foram muito importantes para a difusão do futebol europeu no país. As duas emissoras apresentaram o futebol europeu ao amante do esporte pela TV aberta. A Band desde a década de 80, sendo percursora nesse conteúdo e o Esporte Interativo apresentando uma maior variedade de campeonatos, através por alguns anos na grade de programação da própria Band. Esses relatos exemplificam as duas emissoras na formação desses novos torcedores:

Torcedor da Juventus – faixa etária acima dos 40 anos: “Comecei a acompanhar o Calcio quando criança na temporada 84/85, pelo Show do Esporte, da Bandeirantes, todo domingo (precursor da tv à cabo nos anos 80). Devo minha devoção ao futebol italiano ao saudoso Luciano do Valle e sua equipe. Sempre gostei de futebol e era o único campeonato internacional que se transmitia por aqui. Numa época em que o Calcio era o mais forte do mundo e tinha as grandes estrelas do planeta, me tornei Bianconero por causa de Michel Platini”.

Torcedor do Manchester United – faixa etária entre 16 e 21 anos: “O que me influenciou a gostar do Manchester foi que a partir de 2008, comecei a assistir muito o Esporte Interativo, e daí era a época que o Manchester tinha um time monstruoso, com Cristiano Ronaldo comendo a bola! Desde então virei torcedor do United, e apesar dele ter deixado o clube, sigo acompanhando”!

O formulário apresentou outros números interessantes, como: para 54,7%, a principal fonte de informação diária dos entrevistados são as redes sociais; 34% já fazem parte de torcidas oficiais, reconhecidas pelos clubes; e 71,3% compra produtos oficiais da equipe que acompanha na Europa. O programa Futebol no Mundo que foi analisado no capítulo 4, também foi pautado no formulário, onde 43,5% apontaram que assistiam o programa, mas não com tanta frequência e 29% assistia com frequência.

Através do formulário foram analisadas as influências e as ferramentas comunicacionais que impulsionam esses torcedores a acompanhar o futebol europeu. Além de conhecer histórias curiosas e interessantes que mostram uma tendência cada vez mais comum, a de torcer para clubes do velho continente.

Torcedor do Manchester United – faixa etária entre 28 e 32 anos: “Comecei a acompanhar em 99, assistindo a final da UCL, contra o Bayern, no início via as notícias pela TV, em 2003/2004 comecei a torcer de verdade, assinei os canais fechados, comecei a procurar notícias na Internet, e hoje virou doença, mais de 100 camisas, algumas tattoos, e sobrou até para o meu filho, que se chama Giggs”.

7.2. PROFISSIONAIS DA ESPN BRASIL

A ESPN Brasil é reconhecida como a casa do futebol europeu no Brasil. É a emissora que difunde a mais tempo o futebol europeu no Brasil e a que transmite o maior número de jogos do velho continente. O formulário apresentou outros números interessantes que comprovam o status que a ESPN Brasil tem para o público pesquisado, pois foi citada como a mais influente e a plataforma via streaming mais assistida na Internet também faz parte da ESPN Brasil, é o Watch ESPN.

Esses números foram cruciais para a pesquisa, através disso foi pesquisado a grande explosão de jogos por rodada nos canais ESPN, o programa mais antigo sobre futebol internacional no Brasil e as estratégias online da emissora.

Através da grande exibição de partidas do futebol europeu, do programa diário, ao vivo e mais antigo do segmento no país, além do Watch ESPN e outras plataformas online, ficou comprovado o poder que a ESPN Brasil tem na caracterização dessas novas identidades que se formaram no país.

O apresentador Alex Tseng e o comentarista Leonardo Bertozzi, falaram por e-mail sobre como o crescimento e exigência dos “torcedores europeus” afetou a produção do programa:

Alex Tseng, apresentador do programa Futebol no Mundo: “O Futebol no Mundo diário está no ar há quase 2 anos. A ESPN Brasil entendeu a necessidade de valorizar ainda mais o nosso principal produto. Temos muito material que não era possível mostrar com 2 edições na semana”.

Leonardo Bertozzi, comentarista dos canais ESPN: “Hoje em dia, com a facilidade de acesso aos veículos de informação, tanto da grande mídia quanto alternativos, é tão simples obter informação de um clube estrangeiro quanto de qualquer clube brasileiro. Percebendo o crescimento do público que se interessa pelos campeonatos internacionais, decidimos atender a essa demanda. A demanda fez com que o programa ganhasse novas edições. Deixou de ser apenas uma "revista eletrônica" de futebol internacional para tratar também do factual. É importante lembrar também que o novo Futebol do Mundo procurou absorver o público que gostava do Fora de Jogo, programa de debates de futebol internacional que era exibido semanalmente na ESPN”.

O conteúdo exibido no site e em outras plataformas online também foi afetado por esse crescimento, passando a apresentar um conteúdo mais diversificado:

Gian Oddi, editor-chefe do portal ESPN.com.br: “Sem dúvida alguma o incremento na produção de conteúdo relacionado aos times europeus tem a ver com esse crescimento no número de torcedores. Não fosse assim, não teríamos audiência, e não faria sentido esse incremento. Hoje a gente não publica apenas apresentações, relatos e vídeos com lances e gols dos jogos. Produzimos também muito material especial, perfis de jogadores, técnicos, histórias curiosas, matérias com números... enfim, nossa produção destinada aos times europeus, hoje, se assemelha muito ao material que produzimos para os times nacionais. Real Madrid e Barcelona, por exemplo, contam com audiência total em seus canais maior do que de alguns importantes clubes brasileiros”.

Em entrevistas realizadas por e-mail, alguns profissionais da ESPN Brasil, afirmaram como eles enxergam a emissora como influente nesse crescimento:

Alex Tseng, apresentador do programa Futebol no Mundo: “A ESPN tem grande participação nesse crescimento. O “bum” do futebol internacional aconteceu aqui. O público brasileiro aprendeu a conhecer os times vendo a ESPN”.

Arnaldo Ribeiro, gerente de programação da ESPN Brasil: “Eis uma coisa que nos enche de orgulho. Sabemos que a ESPN tem uma parcela de contribuição quando vemos um moleque com camisa do Barcelona, do Chelsea, do Bayern, etc. Hoje, os moleques torcem tanto para esses times quanto para Corinthians, Flamengo, São Paulo, etc. Pelas dificuldades em entrar no “blindado” mercado nacional de futebol, a ESPN apostou no futebol internacional há muito tempo e colhe os frutos disto até hoje. Assim como fez com a NFL e a NBA.

Gian Oddi, editor-chefe do portal ESPN.com.br e comentarista da ESPN Brasil: “É claro que a ESPN tem um papel importante nesse crescimento, pois foi durante muitos anos praticamente o único destino para quem queria acompanhar futebol europeu. E mesmo hoje, com os direitos das principais competições divididos entre várias emissoras que chegaram depois, sentimos que ainda somos vistos como o principal destino do fã de futebol europeu. É uma questão de tradição, de história, e por isso mesmo continuamos produzindo muito conteúdo sobre o tema, dando a ele muita importância, mesmo quando falamos de campeonatos dos quais não temos direitos. Porque acreditamos que, dessa forma, o fã de futebol europeu continuará sempre muito próximo à ESPN.

7.3. PESQUISA TOP 500 DO FACEBOOK 2014

O jornalista Fernando Martinho, idealizador da pesquisa Top 500 do Facebook, que apontou um crescimento considerável no número de seguidores brasileiros nos clubes europeus, afirmou por e-mail o papel das emissoras segmentadas de esportes da TV paga, seu comentário foi de encontro ao que foi observado, os canais como impulsionadores e não como únicos causadores desse processo: “Elas (emissoras esportivas) não criam a audiência do zero. O interesse público já existe, por isso elas duelam pesado pela aquisição dos direitos de transmissão da Champions League ou da Premier League. O que elas fazem é repercutir, amplificar, e as TVs se nutrem de audiência. Falar do Barcelona dá tanta ou mais audiência que falar do Flamengo ou do Corinthians. Por um aspecto simples: Quando o assunto é Flamengo somente torcedores do Flamengo estão interessados. Já quando o assunto é Barcelona, torcedores de Flamengo, Corinthians, São Paulo, etc se interessam mutuamente, não há exclusão. O resultado disso é que fãs virem torcedores a longo prazo. Se é o mesmo tipo de torcedor é outra história e uma discussão longa, mas um torcedor do Flamengo que mora no Nordeste se sente tão distante do seu time de coração quanto um torcedor do Barcelona, Real Madrid ou Manchester United que mora no Brasil.

Outro ponto a destacar afirmado por Fernando Martinho, foi a Internet como elo de ligação entre o produto futebol oferecido pelos grandes clubes da Europa e os torcedores: “A Internet (desde redes sociais até plataformas de vídeo como Youtube e Streaming de jogos), assim como as TVs por assinatura e os videogames são plataformas que potencializam a penetração dos grandes times europeus, mas isso se dá pelo simples fato desses times terem craques brasileiros, argentinos, africanos e de todo o mundo reunidos. Não adianta nada ter essas plataformas sem esse conteúdo premium para oferecer”.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo mostrou os principais meios comunicacionais que influenciaram e impulsionam o crescimento no número de pessoas que acompanham com mais frequência clubes do futebol europeu. A ESPN Brasil e suas ferramentas, outros canais segmentados de esportes da TV fechada e algumas emissoras da TV aberta, foram, na ordem, os objetos mais analisados da pesquisa.

Não foi o principal objetivo, mas as formações dessas novas identidades e o crescimento desses torcedores comprovado através de pesquisas e formulários aplicados, foram também analisados e essenciais para a compreensão do estudo. A pesquisa mostrou que existem movimentos de agrupamentos de brasileiros que optam por torcer por clubes da Europa, seja no meio virtual ou no meio presencial. As pesquisas que foram discorridas durante o estudo, comprovam o crescimento desse novo gosto dos brasileiros. Os números em grupos e páginas do Facebook que também foram observados, provam também essa tendência. Através do formulário aplicado em grupos no Facebook, foi observado que esses novos torcedores estão surgindo, seja dividindo a atenção com algum clube brasileiro ou exclusivamente torcendo para um clube europeu.

O objetivo do presente estudo não foi pesquisar detalhadamente todas as causas que levaram essas pessoas a gostarem de clubes do futebol europeu, mas sim mostrar como os canais esportivos de TV fechada potencializam/ potencializaram esses novos torcedores, entre outras palavras, o “combustível” que os mantém.

As causas que influenciaram esses espectadores a acompanharem com mais frequência clubes da Europa são diversas. O jogador brasileiro que foi jogar no clube, algum craque estrangeiro, times históricos, o forte nível dos campeonatos, história do clube, games, televisão, são alguns exemplos que levaram os amantes do futebol a escolherem determinado clube no velho continente. O estudo mostrou no capítulo 1, através de Chaves (2016), que as causas são diversas e existem diversas variáveis que fazem o espectador criar essas novas identidades futebolísticas.

Os resultados obtidos da pesquisa, como os números e relatos extraídos do formulário e os comentários dos profissionais da ESPN Brasil e do idealizador da pesquisa Top 500 do Facebook, foram ao encontro do que foi analisado, os canais segmentados de esportes da TV fechada e a Internet como potencializadores e influenciadores da construção dessas novas identidades futebolísticas no país.

Foram apresentadas breves histórias e a cobertura atual do futebol europeu nos canais Esporte Interativo, Fox Sports e SporTV. O objeto especifico do estudo, a emissora ESPN Brasil e suas ferramentas que impulsionaram esses novos torcedores, junto com as outras 3 emissoras analisadas, constroem uma grande cobertura sobre o futebol europeu no Brasil e abastecem com conteúdo o fã do futebol europeu que segundo pesquisas cresce ano após ano.

Portanto, o presente estudou analisou a existência e o crescimento de torcedores de clubes da Europa no Brasil, que são impulsionados pelos canais segmentados de esportes da TV paga, em especial pela ESPN Brasil e suas diversas ferramentas, caracterizando a emissora, assim como os relatos de alguns torcedores que responderam o formulário e dos seus profissionais, como a casa do futebol internacional no Brasil.

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WITTER, José Sebastião. Futebol, fenômeno universal do século XX. Revista USP, 2003. São Paulo. 161-168.

1 Disponível em: http://www.foxsports.com.br/videos/435837507755-times-estrangeiros-dominam-ranking-de-camisas-infantis-mais-vendidas-no-brasil

2 Segundo pesquisa Ibope Repucom em 2015, 69% dos jovens entre 16 e 29 anos que gostam de futebol, dizem gostar de algum clube da Europa

3 Disponível em: http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/olhar-cronico-esportivo/post/invasao-estrangeira-e-os-top-50-do-facebook-no-brasil.html

4 Disponível em: http://oglobo.globo.com/esportes/clubes-europeus-consolidam-estrategia-de-globalizacao-para-conquistar-fas-pelo-mundo-17060038

5 Disponível: https://www.fcbarcelona.com.br/clube/noticias/club/noticias/2014-2015/fc-barcelona-e-baruel-assinam-um-acordo-de-patrocinio

6 Disponível em: http://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/barcelona-fecha-parceria-de-dois-anos-com-c-no-brasil_28955.html

7 Disponível em: http://wp.clicrbs.com.br/planetabola/2016/05/25/conheca-a-historia-das-torcidas-de-clubes-europeus-no-brasil/?topo=2,1,1

8 Disponível em: http://www.portalmidiaesporte.com/

9 Disponível em: http://www.portalmidiaesporte.com/2017/01/espn-brasil-bate-recorde-de-audiencia.html

10 Disponível em: http://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/exclusividade-no-campeonato-ingles-turbina-audiencia-da-espn_31210.html

11 Disponível em: http://globoesporte.globo.com/ce/futebol/noticia/2017/03/torcedor-mirim-do-psg-chora-por-derrota-para-o-barca-na-champions.html

12 Alcunha criada no meio futebolístico para indivíduos que torcem para dois clubes ou mais, fato muito comum no futebol brasileiro, onde torcedores torcem por um clube da sua cidade e para outro geralmente do eixo Rio-São Paulo.

13 Disponível em: https://www.areah.com.br/vip/escolinhas/materia/97968/1/pagina_1/escolinhas-de-times-gringos-no-brasil.aspx

14 Disponível em: http://espn.uol.com.br/noticia/429720_publico-recorde-diante-de-109-mil-torcedores-manchester-united-bate-real-e-avanca-a-decisao-nos-eua

15 En febrero de 2001, el MU firmó un contrato por cuatro años de 30 millones de libras con Vodafone AirTouch con el objetivo de que la empresa de telecomunicaciones pudiera publicitarse en la camiseta. El acuerdo con una operadora de telefonía móvil permitía al club desarrollar sistemas de comunicación inalámbrica con losfans, mientras Vodafone se asociaba con una marca deportiva muy conocida en mercados donde ella tenía interés, como era el mercado asiático.

16 El éxito económico de este modelo se puede justificar viendo el incremento de ingresos que tuvo el club inglés si se compara, por ejemplo, con el FC Barcelona en la década 1993-2003: mientras que en el ejercicio 1995-1996 ambos clubes tenían unos ingresos similares (58 millones de euros el clubcatalán y 62 millones el inglés), al finalizar la temporada 2002-2003, elMU tenía unos ingresos de 251 millones y el FC Barcelona apenas llegaba alos 150 millones.

17 Los autores citados en el párrafo anterior se han referido al “complejo mediático y deportivo global” para señalar la convergencia de factores económicos, culturales, mediáticos y deportivos de las grandes competiciones modernas. En este sentido, Moragas, Kennet y Ginesta entienden que em la manera como se configura este complejo, los sistemas de comunicación em transformación –afectados por las ventajas del nuevo entorno digital– tienen un papel central, pero lo tienen sobre todo por las sinergias que se establecen con los otros factores del complejo. Como resume Helland, por las relaciones
de “simbiosis y parasitismo” entre actores: organizaciones deportivas, organizaciones comerciales y grupos de comunicación.

18 Fonte: ANATEL

19 http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2016-12/numero-de-assinantes-de-tv-paga-continua-caindo-por-causa-da-crise

20 Estudo sobre os aspectos econômicos e culturais da TV por assinatura no Brasil, publicado no Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual – OCA em 28/06/2016.

21 De hecho, el fútbol fue un activo imprescindible para consolidar el negocio de la televisión por satélite de News Corporation, quien adquirió la BSkyB en 1992, el mismo año que firmó un acuerdo para explotar los derechos audiovisuales de la recién creada Premier League inglesa. De esta manera, televisión y fútbol conquistaron juntos el mercado europeo: “La cobertura exclusiva del directo de la Premier League fue un producto cultural clave para consolidar la BSkyB como uno de los mayores canales de televisión de pago europeos.

22 Disponível em: http://www.iboperepucom.com/br/noticias/barcelona-e-o-time-com-maior-numero-de-torcedores-brasileiros-aponta-pesquisa-do-ibope-repucom-2/

23 Alcunha do clube londrino Arsenal Football Club

24 Disponível em: http://www.arsenalbrasil.com.br/?page_id=435

25 Alcunha do Manchester United Football Club

26 Disponível em: http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,manchester-united-faz-seu-primeiro-evento-oficial-no-brasil,1854522

27 Disponível em: http://www.manchestercity.com.br/the-citizens-brasil-a-primeira-torcida-oficial-do-manchester-city-na-america-latina/

28 Esse sistema que em português significa “pague para ver”, é uma forma de comprar produtos televisivos específicos, podem ser eventos esportivos, filmes, Realitys Shows, entre outros.

29 Campeonato Italiano de Futebol

30 Campeonato Alemão de Futebol

31Disponível em: http://torcedores.uol.com.br/noticias/2016/05/final-da-champions-da-mais-audiencia-que-o-classico-sao-paulo-x-palmeiras

32 Lei de TV a Cabo (nº 8.977)

33 Disponível em: https://darinfo.com.br/evolucao-numero-de-assinantes-de-tv-por-assinaturatecnologia-e-banda-larga/

34 https://www.highcharts.com/

35 Fonte: Anatel – dezembro2016/Projeção 3,0 pessoas por domicílio, base IBGE/PNAD2014

36 Fonte: SNL Kagan 2016

37 Fonte: Kantar Ibope Media/Target Group Index/Banco Pessoas/ Histórico de Consumo dos Meios/ Jornal, TV aberta, TV paga, Revista, Rádio e Internet. Ano 17 onda 1 + Ano 17 onda 2 – 21.504 entrevistas – ago/15-jun/16

38 Disponível em: http://midiafatos.com.br/

39 Fonte: PTS nº 231 – maio/2016

40 Disponível em: http://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/turner-abre-sinal-da-liga-dos-campeoes-para-tnt-e-space_29310.html

41 Disponível em: http://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/fox-sports-deixa-grade-de-canais-oferecidos-por-sky_31927.html

42 Disponível em: http://www.meioemensagem.com.br/home/ultimas-noticias/2017/02/11/fox-e-sky-chegam-a-um-acordo.html

43Disponível em: http://outrocanal.blogfolha.uol.com.br/2017/01/04/veja-o-ranking-dos-20-canais-mais-vistos-na-tv-paga-em-2016/

44 Disponível em: http://tvbau.blogspot.com.br/2012/12/1989-chega-ao-brasil-tv-por-assinatura.html

45 Alcunha de como são conhecidos os torcedores do Barcelona

46 Alcunha de como são conhecidos os torcedores do Real Madrid

47 Confronto entre Barcelona e Real Madrid

48 Campeonato Inglês de Futebol

49 Disponível em: http://trivela.uol.com.br/espn-aposta-na-exclusividade-do-ingles-para-se-fortalecer-pode-ter-380-jogos-importantes/

50 Alcunha dada ao River Plate

51 Campeonato Francês de Futebol


Publicado por: Marcos Vinicius Oliveira do Forte

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