A LAPA E SEU LEGADO CULTURAL PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO

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1. RESUMO

Este artigo tem o objetivo de resgatar e expor elementos que contribuíram para a identidade cultural da Lapa, local conhecido como um dos berços do samba e da boemia. Alguns componentes desse cenário são destaques naturais e serão esmiuçados historicamente para elucidação de sua abordagem cultural. Os Arcos da Lapa, cartão postal do Rio de Janeiro, trata-se de uma das maiores obras arquitetônicas realizadas no período Brasil Colônia e sua utilidade não era apenas adornar a Cidade do Rio de Janeiro, mas teve uma importância vital para a expansão da cidade. Tais dados foram obtidos através de pesquisas bibliográficas, de campo e recursos audiovisuais que abordam o bairro em sua construção, ápice da vida noturna, declínio e revitalização. Alguns relatos de ex-moradores e ex-frequentadores do local complementam o cenário compreendido a partir da década de 30 à década de 90, período em que a censura estava em seu auge e contrastava diretamente com a essência libertina do bairro da Lapa, que acabou por adotar um aspecto underground e rebelde da sociedade, entrando assim, em sua fase mais obscura. Com ajuda da iniciativa pública e privada, a Lapa passou por um processo de revitalização onde não pouparam esforços em resgatar estabelecimentos e eventos que foram presentes no cotidiano carioca, também trouxeram novos empreendimentos que deram fôlego comercial ao que hoje tornou-se espaço multicultural que acolhe todas as tribos para o entretenimento e lazer. A Lapa, portanto, é uma espécie de vitrine cultural moldada por fragmentos que a configuram como importante patrimônio histórico da cidade do Rio de Janeiro, possui uma identidade resultante de um processo desenvolvido ao longo dos anos em diferentes épocas.

Palavras chaves: Lapa. Cultura. Ditadura Militar. Revitalização. Madame Satã. Aqueduto Carioca.

2. INTRODUÇÃO

O Rio de Janeiro é um dos pontos turísticos mais procurados pelos visitantes, sejam eles brasileiros ou estrangeiros. A Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO), concedeu em 2012 o título de “Rio de Janeiro: Paisagem Carioca entre montanha e o mar” como parte do Patrimônio Mundial da Humanidade

O sítio consiste em um excepcional cenário urbano que compreende também os elementos naturais fundamentais que moldaram e inspiraram o desenvolvimento da cidade: desde os pontos mais altos das montanhas do Parque Nacional da Tijuca até o mar. Nessa paisagem estão incluídos o Jardim Botânico, fundado em 1808; as Montanhas do Corcovado, com a famosa estátua do Cristo Redentor; além dos morros ao redor da Baía de Guanabara, que incluem as amplas paisagens desenhadas ao longo da Praia de Copacabana– que contribuíram para a cultura de vida ao ar livre dessa espetacular cidade. A cidade do Rio de Janeiro também é reconhecida pela inspiração artística que oferece a musicistas, paisagistas e urbanistas.1

Além de sua identidade cultural enraizada, que configura desde a imagem do “malandro” à boa receptividade dos cariocas, a cidade possui um cardápio de entretenimento para todos os perfis de visitantes. O bairro da Lapa, objeto de estudo para este artigo, é um ponto dos pontos atrativos para o turista, pois neste local concentram-se valores culturais históricos e patrimônios arquitetônicos conservados.

Conhecido como o reduto da boemia, a Lapa por sua vez, também foi ponto de encontro de artistas, intelectuais e políticos. Consequentemente, constata-se que é possível acolher diversos públicos em um mesmo local. A curva de frequentadores variou ao longo do século XX, de acordo com o cenário político brasileiro, levando do ápice ao declínio da vida noturna. Por fim, em um cenário decadente registrado no fim da ditadura, a Lapa se renova a partir de projetos de revitalização, no qual um dos objetivos é o resgate histórico, cultural e arquitetônico do espaço.

O legado de bens materiais e imateriais da Lapa se edificou ao longo de sua história. Para entender os elementos culturais que traduzem o local é preciso, portanto, compreender a conjuntura política nas gestões Estaduais e Federais para assim, assimilar o processo de transformações nas dinâmicas urbanas da Lapa.

3. CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

A Cidade do Rio de Janeiro, conhecida mundialmente como “Cidade Maravilhosa”, comemorou no ano de 2015 seus 450 anos desde sua fundação. Esta porção de território brasileiro rica em belezas naturais é abrigo de uma das sete maravilhas do mundo, o Cristo Redentor. A história começa quando a cidade foi fundada por Estácio de Sá, sobrinho do Governador Geral do Brasil, Mem de Sá, no dia 1° de março de 1565 e foi nomeada como São Sebastião do Rio de Janeiro. 2

No período Brasil Colônia (séculos XVI a XIX), a capital, antes a Bahia, foi transferida para o Rio de Janeiro em 1763. Nos anos seguintes, outro marco relevante da história foi o Período Imperial com o desembarque da Família Real no Rio de Janeiro no ano de 1808. Sendo assim, a cidade torna-se a sede da Monarquia Portuguesa. O local era a concentração do poder Imperial.

A força política do Rio de Janeiro começou a perder seu poder a partir da República Velha ou República do Café com Leite (1889 à 1930), no qual o cargo de presidência da república era resignado a elite cafeeira entre Minas Gerais e São Paulo. O aumento populacional de 1872 acarretou consequências como a multiplicação dos cortiços, epidemias e problemas de saneamento básico devido ao crescimento desenfreado de habitantes na região do Centro. No século seguinte, de 1902 a 1906, após a proclamação da república, o quarto presidente do Brasil, Francisco de Paula Rodrigues Alves juntamente com o prefeito da cidade Francisco Pereira Passos foram os responsáveis pela transformação urbanística e modernizada do Rio de Janeiro. A eliminação dos cortiços, fez com que a população pobre migrasse para os morros, a construção do Theatro Municipal, o alargamento das ruas para os veículos circularem, a inauguração da Avenida Rio Branco (Antiga Avenida Central) foram legados de sua gestão.3

A crise da República Velha instaurou com a queda da produção cafeeira devido às mudanças políticas e a crise mundial de 1929. No ano seguinte, começava a era de novas transformações políticas com Getúlio Vargas (1930 -1945) na presidência, impondo assim o fim do período oligárquico brasileiro.

Em 1960, sob o poder de Juscelino Kubitschek (1956-1961) a cidade de Brasília passou a comandar o posto de capital da república.4 A Censura, a perseguição política e a ausência de um regime democrático e de liberdade de expressão marcaram a história durante o Regime Militar (1964-1985), período no qual militares comandaram politicamente o país. Após 20 anos, a redemocratização do Brasil se configurou dentro do cenário político, permanecendo até os dias de hoje.

A cidade do Rio de Janeiro antes de ser um dos pontos mais procurados pelos turistas passou por diversos acontecimentos históricos. Dessa forma, para compreender alguns fenômenos ocorridos em nosso objeto de estudo que é um dos cartões postais da cidade, a Lapa, é preciso entender a conjuntura política da cidade e do País a partir de sua história. A construção cultural, portanto, deu-se com o tempo para que ela seja percebida em sua essência na atualidade.

4. A HISTÓRIA DA LAPA

O bairro localiza-se em um espaço privilegiado no centro do Rio de Janeiro entre a zona norte a zona sul, tendo como bairros vizinhos Santa Teresa e Glória. Em homenagem à Nossa Senhora da Lapa do Desterro, em 1751 o bairro foi nomeado como Lapa, antes conhecida como Areias de Espanha. A ocupação do local deu -se significativamente em 1808 após a vinda da família real.5

No início do século XX, a Cidade do Rio de Janeiro passou por transformações urbanísticas significativas na gestão de Pereira Passos. Na Lapa não foi diferente, inúmeros trabalhadores foram expulsos do centro e arredores a fim de demolirem os cortiços para construção de avenidas e alargamento das ruas. Além disso, o prefeito arborizou o espaço do largo e permitiu a construção do lampadário no local remetendo às influências francesas da época.

Abertura de avenidas como Mem de Sá e Gomes Freire, alargamento da Rua Frei Caneca foram algumas das grandes reformas urbanas realizadas ainda nesta gestão. Alias, o Largo da Lapa situado atrás dos Arcos, local atual do Circo Voador, surgiu após o aterramento da Lagoa do Boqueirão.

Após das transformações visuais arquitetônicas que deixavam para trás os resquícios da colônia, a Lapa configurou uma percepção no imaginário coletivo como um dos berços do samba e da boemia. O local também foi ponto de encontro de intelectuais, políticos e artistas, sobretudo no início do século XX. Portanto, o bairro torna-se parada quase que obrigatória para visitantes pois, em conjunto com outras áreas do centro, integram um circuito de entretenimento e lazer da cidade.

5. O AQUEDUTO CARIOCA

Um dos maiores símbolos do Rio Antigo Preservado, o Aqueduto Carioca, começou a ser construído no governo de Antônio de Brito Freire de Menezes (1717-1719), porém concluído no governo de Aires de Saldanha de Albuquerque Coutinho Matos e Noronha (1719-1725) no ano de 1723.

Inicialmente, a função do aqueduto era minimizar o problema de abastecimento de água na região. A ideia era transportar água do Rio Carioca (localizado no Morro do Desterro, conhecido hoje como bairro de Santa Teresa) até o Morro Santo Antônio (atual Largo da Carioca) na fonte Carioca. Dessa forma, a água seria distribuída para a população do Campo de Santo Antônio.

A partir de 1876, o aqueduto passou a ser um viaduto, portanto, a mudança do seu nome para Arcos da Lapa. O que antes a função do monumento destinava ao abastecimento, agora passou a servir de transporte público para o bonde ligando o Centro do Rio para o bairro de Santa Teresa.6

O cartão postal da Lapa e da cidade do Rio de Janeiro é composto por 42 arcos dispostos em 270 metros de extensão. Hoje, os Arcos da Lapa é uma das maiores obras arquitetônicas realizadas no Brasil Colônia no século XVIII7

A multifuncionalidade que foi de transporte de água à deslocação de gente, os Arcos também foi palco de encontro entre os sambistas e de prática coletiva do samba. “O samba caracterizado pela música cantada por solista e pelo choro, quase sempre formado por todos os participantes da roda. Sua realização ocorre idealmente em ambientes informais (terreiros, botequins e fundos de quintais)” (HERSCHMANN, 2007 p,47). Inclusive, tendo como um dos protagonistas Noel Rosa, frequentador assíduo da Lapa na época, foi considerado o “responsável de unir o samba do morro com o asfalto.”8 .

6. A INFLUÊNCIA DA FRANÇA NA LAPA

Com a urbanização do bairro e o crescimento da população, era difícil não perceber a influência da cultura francesa no cotidiano do carioca. Podia-se perceber sua presença desde bares até os bordeis da lapa. A começar pela língua que era aplicada dia após dia por toda a Lapa. Chamar o garçom, pedir o menu ou até mesmo a comida “a la carte”, são expressões recorrentes e passam quase que imperceptíveis ao brasileiro. Porém, no início do século XX, os viajantes de outros estados ficavam admirados com a proficiência carioca na língua francesa. Em seu livro, Isabel Lustrosa relata um conto de Aluísio Azevedo no qual é retratado, através de um diálogo entre os personagens, a presença da cultura francesa já absorvida pelos moradores do Rio de Janeiro.

- Garçom! - Gritou o Paiva, entrando no gabinete com um ar sem-cerimônia. La Carte! O criado disparou. - Tu falas francês? - inquiriu Amancio, já com admiração na voz. Ora - respondeu o Paiva, levantando os ombros. - Aqui na Corte será difícil encontrar alguém que não fale francês. Pois eu ainda não sei… - disse aquele tristemente. Questão de pratica! observou o outro. (LUSTOSA, Isabel., p21).

Antes do inglês, a França possuía o título de idioma da cultura por excelência e da elegância por costume. Na época, era a língua da globalização. Muitas eram as francesas que vinham para o Rio e estas ganharam destaques por sua aura de requinte e glamour. Nos bordeis da Lapa, possuíam um espaço próprio e sabia-se de longe que eram de maior valor dentre suas concorrentes: as mulatas e as polacas. Foi a França também que influenciou Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro no início do século XX, responsável pela reforma urbana na cidade inspirado no modelo parisiense de Haussmann. Na época, conferiu à Lapa o título de “Montmartre9 Carioca”. Dentre seu legado, está o Passeio Público, primeira praça pública do Rio de Janeiro.

7. O APOGEU E O DECLÍNIO DA VIDA NOTURNA

Após a reforma a Lapa que antes abrigava os habitantes da velha cidade, agora dava espaço a grandes ruas, edifícios e novos comércios e atrações. No início do século XX, o bairro ganha mais frequentadores devido aos seus teatros, hotéis, cassinos, casas de pensão, bares, malandros, prostitutas, cabarés, rendez-vous, as drogas, havia espaço para todos os públicos. Nas primeiras horas da noite, o cinema e os teatros da cidade lotavam com o público que iria passar um momento de lazer com os amigos ou a família e posteriormente retornaria aos seus lares. No mais tardar, enquanto seguiam para casa, ficavam ali os que buscavam outros prazeres, como a prostituição, o jogo e as drogas. Era uma forma de transgressão dos frequentadores à nova ordem urbana que já mostrava os primeiros sinais de repressão aos hábitos da vida noturna. Mas essa agitação toda não fazia intimidar os que ali arriscavam sua sorte e encontravam seus amores. O bairro também era a concentração do polo artístico da cidade, muito músicos, atores, artistas e até políticos frequentavam o local, como descrito por Lucio Rangel espaço onde “Escritores, jornalistas, artistas plásticos e poetas, faziam da Lapa o local de seus encontros de todas as noite”. Foi inspiração para muitas músicas e obras.

Há relatos de que durante a passagem de Getúlio Vargas, que mantinha residência no palácio do Catete, um famoso empresário veio ao Rio junto com sua equipe para encontrar com o então atual presidente. Tratava-se de Walt Disney com os planos de criar um novo personagem, foi um período de um mês se ambientalizado com os costumes da cidade. Nascia, então, Zé Carioca, o papagaio que protagonizou alguns episódios do cartoon norte-mericano, possuidor de uma certa leveza e malandragem que nos remete aos frequentadores do bairro boêmio.

O regime do Estado novo já se fazia sentir no Brasil, aos ideais de trabalho e família eram fortes e conflitavam severamente com a figura do malandro entre as décadas de 1940 e 1950. Essa era a nova cultura social do país e não foi diferente na lapa. A mudança pode se percebida no enredo dos sambas de Wilson Batista, famoso compositor que viveu na Lapa desde seus 16 anos e compôs cerca de 700 canções. Na letra de “Lenço no Pescoço” (1933) do autor Wilson Batista, o malandro é exaltado:

Meu chapéu do lado

Tamanco arrastando

Lenço no pescoço

Navalha no bolso

Eu passo gingando

Provoco e desafio

Eu tenho orgulho

Em ser tão vadio…

Com os novos ideais do estado novo e a forte repressão à vadiagem, o comportamento do malandro carioca se molda para se adequar à nova sociedade. Alguns anos mais tarde, Wilson Batista junto com Ataulfo Alves compõem a canção “O Bonde São Januário”, sucesso no carnaval de 1941.

O Bonde São Januário

Leva mais um operário

Sou eu

Que vou trabalhar

O Bonde São Januário…

Antigamente

Eu não tinha juízo

Mas hoje

Eu penso melhor

No futuro

Graças a Deus

Sou feliz

Vivo muito bem

A boemia

Não dá camisa

A ninguém

Passe bem!

Foi uma evidente valorização ao trabalho, reforçando o discurso governista da Era Vargas. Esse foi um período de esvaziamento da vida noturna. “A retirada dos bondes de circulação, o início da construção da Avenida Perimetral, e mais recentemente, da sua reurbanização, desapareceu (a Lapa) quase por completo” (DAMATA, 1965, p.9). Mas não era só o fator político e a repressão que desviava a atenção do público para a Lapa, Copacabana já vinha ganhando espaço e sua noite se torna forte concorrente à da Lapa. Inclusive, a concorrência da vida noturna de Copacabana com seus dois cassinos e seus status de requinte, apesar de em 1946 o jogo ter sido proibido e os cassinos fechados, o bairro da zona sul já estava famoso e atraía com suas boates, como a “Vogue”. Outros elementos da época que contribuíram para o declínio da lapa foi a perseguição dos cidadãos ociosos, a proibição dos jogos e a própria censura estabelecida pelo regime.

Na década de 1960, o cenário mundial vivia sob o surto industrial e pós-guerra. A cidade de Brasília passou a ser capital do Brasil; restaurantes, cabarés, palco de encontro de intelectuais e artistas a fim de celebrar o samba, a Música Popular Brasileira, o chorinho; convivência harmoniosa com diversas tribos; frequentadores como Villa Lobos, Manuel Bandeira e Rubem Braga.

Apesar dos seus fiéis frequentadores, a Lapa cai em descaso, seus becos ficam mais escuros, suas paredes mais sujas, edifícios mais abandonados e tomados por moradores de rua no período da ditadura. A desvalorização do local é evidente comparada aos seus anos de ouro nas décadas de 20 e 30. A Lapa já passava pelo esquecimento, a população evitava seu entorno, mas ela não deixa de ser referência boêmia do então Distrito Federal. Madame Satã já tinha sua fama e era como que um protetor do local. Amigo de todos, mas coitado de quem pisasse em seu calo. Durante o dia suas eram inundados trabalhadores que tinham seus ofícios localizado no centro do Rio de Janeiro.

8. A LAPA: O REDUTO DA BOEMIA E A MALANDRAGEM

“Enquanto a cidade dorme/ A Lapa fica acordada ”como já dizia a música “A Lapa” de Herivelto Martins. O malandro, além do amante da vida noturna, é o ser esperto que leva uma vida boêmia mesmo não tendo um trabalho. Segundo o dicionário Aurélio, a palavra “malandro” de um modo geral traduz a uma pessoa que não gosta de trabalho no qual “custa viver à custa do trabalho alheio ou de atividades ilícitas”10. Engana-se ao pensar que o malandro é um sujeito maltrapilho que somente vive a vagar pela rua. Normalmente, trajavam um terno de branco linho, chapéu, sapato de couro e sempre portando uma navalha. Portanto, da vida ociosa com esperteza nasceu a figura do malandro.

Quartel General de malandros e vagabundos de toda ordem, ponto de concentração dos segregados da sociedade, dos destinos marginais, a Lapa, com seus sobradões antigos de paredes encardidas, suas ruas mal iluminadas, seus cabarés com ares de mistério, seus frequentadores de vida suspeita e suas mulheres de rostos borrados como máscaras de clown, é um território do vício e do crime plantado no coração da metrópole. (FISCHER, Almeida, p67).

Dentre as descrições citadas em Antologia da Lapa, o autor Almeida Fischer ainda descreve o ponto dos malandros como “O velho e feio bairro da Lapa, talvez o mais sujo e o mais triste bairro do Rio”. O reduto da boemia condiz ao simbolismo da malandragem e da vida noturna. Além disso, o espaço abrigou moradores famosos como o fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis, viveu na rua da Lapa entre 1874-1875); Carmem Miranda, Os escritores Manuel Bandeira e Jorge Amado, Lamartine Babo, Péricles Maranhão, Oreste Barbosa e o músico Heitor Villa Lobos.

Um dos maiores símbolos históricos e figurativos da malandragem e da vida boêmia da Lapa foi Madame Satã. Sua história inicia quando João Francisco dos Santos ainda criança foi trocado por uma égua em razão de uma promessa de que o menino teria casa e estudo. A promessa não se fez, João foi explorado na lavoura e fugiu para o Rio de Janeiro em 1908, onde trabalhou em uma pensão. Cansado da exploração desde seu trabalho na lavoura em Pernambuco, João foge para a Lapa em 1913. Residiu em um sobrado entre as ruas Mem de Sá e Lavradio. Em uma noite que decidiu jantar por algum sobrado da Lapa, um vigilante chamado Alberto (conhecido como 28) chamou João de “viado”. Sem reação, João foi humilhado e agredido pelo vigilante. Por fim, após pegar uma arma onde morava, ele retornou ao estabelecimento e matou Alberto por conta da provocação feita pelo próprio.

Com isso, João foi preso por 2 anos e 3 meses. A fama de “Valente Caranguejo” se constrói a partir de 1923. Nessa época, conflitos aconteceram em função da vontade de vingança por parte de alguns policiais pela morte do guarda Alberto. Outra briga aconteceu no cabaré “Pigalle”, na Lapa. João foi barrado na entrada e foi preso em flagrante agredindo o policial, incluindo agora sua segunda prisão com a sentença de 2 anos.

O Caranguejeiro virou o malandro mais respeitado na Lapa. Em troca de comida, ele oferecia proteção aos bares como segurança, este serviço se espalhou por outras regiões no centro do Rio como Praça onze, Bairro Saúde, Praça Mauá e Mangue.

A perseguição dos policiais ainda continuava contra ele e, em 1937 com a constituição outorgada (Estado Novo), Getúlio Vargas assumiu o cargo de “autoridade suprema do Estado”. Como marco em seu mandato, foi criado uma polícia especial conhecido como Chapeuzinhos Vermelhos a fim de exterminar com a malandragem.

Finalmente, em 1938 João ficou conhecido como Madame Satã. A perseguição dos policiais ainda continuava e, em 1944 os malandros agora trajavam terno de linho branco e gravata para ser confundidos com “Cidadão honrado”. No ano seguinte, aproximadamente 200 prédios foram demolidos e desapropriados da Lapa. A proibição dos jogos começou em 1946. Diminuindo assim o número dos frequentadores.

O ano de 1955 foi marcado pela briga de Madame Satã com o sambista Geraldo Pereira. O autor cita o ocorrido sobre diversos pontos de vistas. Na versão de satã, dizia que ao chegar no Bar Capela pediu uma bebida e, Geraldo teria chegado bêbado acompanhado de sua esposa. Na intenção de provocar, o sambista teria retirado o copo de Satã e chamado para uma briga. Um soco teria levado Geraldo cair de cabeça no balcão do bar, deixando-o desacordado. A causa mortal foi dada como Derrame Cerebral e livrou Satã de uma nova prisão.

Um dos símbolos representativos da malandragem e da vida noturna saiu da prisão aos 65 anos de idade. Neste contexto, a Lapa estava em decadência com o “fim da malandragem” proveniente de um período de censura instalada no regime militar.

9. O Circo-Voador

Um dos personagens principais da Lapa, o Circo Voador teve seu primeiro endereço no Arpoador (praia de Ipanema) em 1982. No presente momento, o Brasil passava por um de seus momentos mais difíceis com a Ditadura Militar e sua pesada censura. Diante dessa repressão, crescia nos artistas e intelectuais cariocas o desejo por um espaço de livre expressão da arte. Nasce então o circo voador que era liderado pelo promotor de eventos conhecido como Perfeito Fortuna e tinha a participação de artistas como Regina Cazé, Luis Fernando Guimarães e Evandro Mesquita. O que era para ser uma realização momentânea prolonga sua duração por três meses até que a fiscalização retirasse a lona montada. O Ideal do Circo, portanto, não morre e ele continua nas comunidades carentes desenvolvendo programas sociais e multiplicando a arte. Seu encontro com o bairro boêmio da lapa acontece ainda no mesmo ano de sua estreia. Meses após sua retirada do arpoador, a prefeitura concede um espaço para sua estadia definitiva. Sua nova instalação passa a ser atrás dos arcos da Lapa, onde antes ficava o Largo dos Pracinhas (uma praça anexa aos arcos) e essa união foi um casamento produtivo para o núcleo artístico não só da cidade como do Brasil. Diversas bandas nacionais nasceram no Circo, como “Legião Urbana” e “Barão Vermelho”. Sua história, porém, passa por outra dificuldade ao ser fechada pelo Prefeito Cesar Maia e seu sucessor, em 1996. Sendo recuperado em 2002 e reaberto em 2004, foi muito importante para impulsionar a revitalização do bairro, ajudando também na recuperação da Fundição Progresso, edifício vizinho. Hoje, apesar de ter as próprias asas, o Circo Voador certamente faz parte da identidade da lapa.

10. A REVITALIZAÇÃO

A política brasileira em 1980 (conhecida como a década perdida) sofreu com a transição do regime militar à redemocratização, época no qual foi marcada pela estagnação da economia, a inflação e o baixo índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)*11. Apesar deste panorama insatisfatório, o momento foi oportuno para o amadurecimento do país.

O clima político favoreceu o desenvolvimento cultural do Rio de Janeiro, sobretudo acerca de assuntos que englobavam o espaço urbano e a preservação do Centro Histórico do Rio de Janeiro. Esses temas viraram pauta de discussão na gestão do prefeito Israel Klabin em 1979. O projeto foi regulamentado em 1983 e a Lapa foi contemplada nesse processo.

ART. 1° - Ficam aprovados aPA 10.290 e o PAL 38.871, que tratam do Plano de Preservação Paisagística e Ambiental para as Áreas Consideradas de Interesse Histórico e Arquitetônico Localizadas no Centro da Cidade - Corredor Cultural. (Decreto N.4141 de 14 DE JULHO de 1983)

O objetivo do projeto em articular uma reinterpretação da cidade foi considerado inovadora. Isso foi proporcionado graças aos membros colaboradores do projeto dispostos em dois grupos de formações distintas, de um lado engenheiros e arquitetos e do outro artistas e intelectuais.

A nova perspectiva era transformar a cidade em palco, sem deixar de lado o plano de recuperação dos espaços do centro, segundo os membros da equipe técnica erudita, primeiro era preciso ter a criação de um cenário que possibilitasse a abertura do lado poético e teatral. O projeto se popularizou através do marketing direto (boca a boca) pelas áreas contempladas do corredor cultural para a renovação urbana e manutenção dos conjuntos arquitetônicos. Além da Lapa, obras também incluíram o Passeio, Cinelândia, Praça Tiradentes, Largo São Francisco, SAARA e Praça XV.

O fortalecimento do mercado, a geração de empregos, as atrações e a circulação de visitantes e turistas fomentaram a economia após a revitalização. Essa busca de harmonizar a história passada com a atual afigurou da Lapa em atividades culturais heterogêneas, ou seja, o espaço, então, tornou acessível a todos os tipos de tribos num único local com a vinda do Circo voador, abertura de bares e restaurantes.

Klabin, portanto, “vislumbrou no projeto a oportunidade de se fazer uma glorificação do centro histórico, através de uma estratégia política que poderia valorizar ainda mais o caráter simbólico da cidade”12. O expoente de apoiadores do projeto cresceu significativamente após a exposição nas mídias, inclusive, contou com o apoio do comércio local, graças ao grupo erudito que trabalhou na tentativa de reverter esse imaginário desenvolvido pelos vendedores de que eles perderiam seus clientes.

Este processo de resgate histórico-cultural do bairro foi o pontapé para a criação de uma Nova Lapa. Sobretudo, com a transferência do Circo Voador do Arpoador para a Lapa em 1982, trouxe consigo o renascimento da vida noturna junto com uma nova tribo, o público do rock nacional. 13

Em 1990, o projeto Quadra da Cultura visou à recuperação arquitetônica dos prédios da Avenida Mem de Sá, dando continuidade ao circuito festivo do bairro. Os donos de bares, restaurantes e pequenos empreendimentos do local deram prosseguimento a este percurso da reforma urbana e do desenvolvimento do setor comercial.

O projeto Rio Novo Antigo, direcionado para a rua do Lavradio, contou com parcerias como a Associação de Comerciantes do Centro do Rio Antigo (ACCRA - criado em 1992), a Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio - RJ), o Sindicato dos Hotéis e a própria prefeitura do Rio de Janeiro. O objetivo era de “aumentar a competitividade das empresas do Polo Novo Rio Antigo, a partir da melhoria da produtividade, da atratividade local e da sustentabilidade, através da organização associativa dos empreendimentos da região.14

Em 1996, um grupo de antiquários e donos de bares e restaurantes, decidiu criar a Feira Rio Antigo, na Rua do Lavradio, unindo-se em torno da ACCRA -Associação dos Comerciantes do Centro do Rio Antigo. Com o sucesso da Feira, veio o Projeto de Recuperação e Reurbanização da Rua do Lavradio, pela Prefeitura do Rio, que contou com o apoio incondicional do então SubPrefeito, o arquiteto Augusto Ivan de Freitas Pinheiro15.

Para este projeto atrair atenção do público, foi preciso direcionar o foco no reforço na segurança, a reforma da fachada dos sobrados e a iluminação pública*. A rua do Lavradio, por conseguinte, é uma conexão da música, da arte e da antiguidade além de brechós, antiquários, casa de show e restaurantes

Um dos principais motivos do seu êxito é a aposta que os integrantes do Polo fizeram no valor do patrimônio histórico edificado da cidade, o que significa um amplo trabalho de restauro, preservação, divulgação e uso inteligente dos imóveis antigos. O Polo tem sua origem na Rua do Lavradio, 28, logradouro com grande importância arquitetônica e cultural desde o início do século. Trata-se de uma das primeiras ruas residenciais da cidade, moradia e local de encontro de poetas, escritores – como Raul Pompéia, Olavo Bilac e Coelho Neto –, tipógrafos e artistas que marcaram a história da cidade. No seu conjunto, o Polo visa promover o desenvolvimento socioeconômico das regiões da Cinelândia, Lapa, Rua do Lavradio, Praça Tiradentes e Largo de São Francisco.16

Paralelamente aos projetos de reconstrução do local, em 1990, um artista chileno morador entre as ruas Joaquim Silva e Pinto Martins foi autor de “uma das maiores esculturas feita por uma única pessoa”17. Conhecido pelo seu sobrenome, Jorge Selarón percebeu as más condições de conservação da escada de onde morava e, por incentivo próprio decidiu colocar cores por meio de pedaços de azulejos. Selarón vendia suas pinturas a fim de comprar mais azulejos.

Suas pinturas eram basicamente sobre mulheres grávidas, Selarón foi encontrado morto em sua própria escadaria em 2013. E, como retribuição pela sua criatividade em reformar o espaço, a Escadaria Selarón foi considerada patrimônio tombado pela câmara dos vereadores em 2015.

No início do século XXI, o decreto n°26.45918 nomeado Distrito Cultural19 da Lapa pelo governador Anthony Garotinho, considerava “a necessidade de se preservar o conjunto paisagístico e arquitetônico do Bairro da Lapa de implantar um programa de desenvolvimento econômico e social, sustentado pelo turismo local.”20Este projeto viabilizou de imóveis e sobrados como os prédios da Federação de blocos Afros e Afoxés, a Casa de Cultura Brasil-Nigéria e da Fundação Museu da Imagem e do som. Outro empreendimento relevante para a renovação do espaço diz a respeito da questão da movimentação do setor imobiliário, a construção do Condomínio Cores da Lapa situado nas Rua Riachuelo, Rua dos Inválidos e Mem de Sá.

Outro patrimônio contemplado pelas obras de conservação foi a Sala Cecília Meirelles. Antes de ser uma casa de concertos, no século XIX o prédio era um hotel luxuoso conhecido como Grande Hotel da Lapa, requisitado pelas personalidades da época, dentre eles artistas, políticos e fazendeiros da República Velha. A sala foi inaugurada em 1965 compondo como das programações do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro e modernizada pela reforma em 2014.21

Uma nova perspectiva de investimentos foi tema que culminou acerca da lógica do resgate cultural do bairro após o período da decadência da vida noturna na Lapa nos anos 1980. Os projetos de revitalização tanto de iniciativa pública e privada pelos empreendedores e empresários contribuíram as portas de entrada para essa remodelagem na dinâmica urbana como circuitos gastronômicos, turismo, música e entretenimento.

A cidade tem um papel importante que move a cultura e a economia. A “Cada cultura é resultado de uma história particular” (SANTOS, J.L., 2008, p.12). Este lugar emblemático, portanto, concentra diversas manifestações artísticas dentro de uma construção histórica singular com valores agregados sejam eles de artistas, moradores ou visitantes.

11. CONCLUSÃO

Após a trajetória histórica da Lapa vista neste artigo, é possível perceber que o bairro é rico em simbologia cultural, sejam elas materiais ou imateriais. O samba, a malandragem, os Arcos da Lapa, a boemia, os bares, a escadaria Selarón, a feira do Rio Antigo, o Circo Voador, a Fundição Progresso, a Sala Cecília Meirelles, os restaurantes, os casarões, os antiquários e entre outros, são elementos que compõe a identidade cultural do espaço e construídos ao longo de décadas.

O legado remete a ideia de que é tudo aquilo que se deixa de valores ou bens para alguém. Sendo assim, os valores que o bairro institui para a sociedade provém de âmbitos Sociais, com a democratização do espaço que abriga diversos públicos dispostos em tribos; econômicos, com a fomentação do setor turístico e a geração de empregos após os projetos de revitalização, propiciando abertura de bares e outros empreendimentos em prol do lazer e, por fim, o Cultural, traduzido pela música, movimentos artísticos e o resgate histórico-cultural.

Diferente dos demais bairros residenciais, a Lapa carrega, além de sua bagagem cultural, uma simbiose entre a diversidade cultural que o espaço oferece e a diversidade de cada indivíduo dentro de um espaço democrático, no qual é possível conviver pacificamente em um mesmo local diversas tribos, todas em harmonia. Com a vinda da globalização, período coincidente do momento que a Lapa passava pelo processo de revitalização, permitiu que o bairro ampliasse sua visibilidade na mídia. Em função desse processo na era da rede, a Lapa passou a ser uma espécie de vitrine global perante o mundo.

A música foi vista como uma das principais atrações culturais das áreas renovadas. A revitalização da Lapa, portanto, além de render lucros com o fortalecimento do comércio e do mercado o objetivo prioritário do projeto foi promover uma harmonização entre a Lapa antiga e a Lapa nova.

Portanto, é importante restaurar na memória da sociedade e frequentadores da Lapa que o bairro não funciona apenas durante a noite e, que mesmo nessas horas, ela continua mantendo toda sua história imortalizada em cada monumento. Reconhecer tais artefatos e manter viva a sua história é valorizar o espaço que abriga parte da identidade do Rio de Janeiro, para que assim não caia novamente no esquecimento e no declínio, sendo apenas como espaço de viadagem e embriaguez. Ao longo do tempo, a Lapa passou por diversas transformações e muitos foram os esforços para mantê-la. Se não fosse tais iniciativas, quem sabe, resumiria-se sua história a fotografias e museus. A Lapa é um ?? a céu aberto e vivo, suas obras não são apenas suas histórias e seus monumentos, mas os frequentadores que se apropriam de cada pedaço estreito do bairro para evocar as tradições e costumes de suas tribos e os espectadores que ali chegam para apreciar e vivenciar a diversidade local que é hoje sua mais forte característica.

12. REFERÊNCIAS

CARVALHO, Carlos Delgado de. A história da Cidade do rio de Janeiro. 2° ed., Rio de Janeiro. Biblioteca Carioca, 1990

DAMATA, Gasparino. Antologia da Lapa - Vida boemia no Rio de ontem. Rio de Janeiro: Codercri, 1965.

DURST, Rogério (ano ??) Madame Satã. Editora Brasiliense.

FERNANDES, Zélia. Antologia poética, Lapa: O Berço da Boemia Carioca. 1° ed., ZMF Editora, 2014.

HERSCHAMN, Micael Lapa, Cidade da música: desafios e perspectivas para o crescimento do Rio de Janeiro e da indústria da música independente nacional – 1° ed., Rio de Janeiro: Maud X, 2007.

LUSTOSA, Isabel. Lapa do desterro e do desvario. Casa da Palavra, 2001.

MARTINS, Luís. Noturno da Lapa. 1° ed., Rio de Janeiro: Civilização brasileira S.A, 1964.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro – A formação e o sentido do Brasil. Companhia das Letras,1995.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 16° ed., São Paulo. Editora Brasilense, 2008.

ARTIGOS

A revitalização cultural da Lapa - RJ: uma análise da (re)estruturação espacial de JOSÉ, Carlos Alberto Direito

Cultura, Patrimônio e Lazer na Construção Social do Espaço Público no Rio de Janeiro: A “Revitalização” da Lapa. de Joseane Paiva Macedo Brandão. 2011

Cabarés: História e Memória. Marcos Antonio de Menezes 2013.

1http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/list-of-world-heritage-in-brazil/rio-de-janeiro/#c1464988 (Acessado em 10/04/2016)

2http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/historia-fundacao.html acessado em 26/03/2016

3http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4204210/4101378/historia_cidade_rio_janeiro acessado em 26/03/2016

4http://www.rio-turismo.com/historia/seculo-20.htm acesso 23/03/2016

5http://diariodorio.com/historia-dos-arcos-da-lapa/

http://www.arcosdagente.com.br/historia.php acesso 23/03/2016

6http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/arcos-da-lapa-1-1790.html (acessado em 26/03/2016)

7http://oriodeantigamente.blogspot.com.br/2011/01/lapa.html (acessado em 26/03/2015)

8 http://sambacarioca.com.br/samba/historia-do-samba/ data do acesso 19/04/2016

9Montmartre é uma referência a um bairro da boêmio na França.

10 https://dicionariodoaurelio.com/malandro acessado em 26/03/2016

11http://www.confluencias.uff.br/index.php/confluencias/article/viewFile/236/82 acessado em 26/03/2016

12Retirado da revista confluências - revista interdisciplinar de sociologia e direiro - PPGSD UFF - autor Ricardo José Brugger Cardoso -pagina 55

13http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1308265343_ARQUIVO_TextocompletoXIConlab-JoseanePaivaMacedoBrandao.pdf - Pg 10 - acesso em 20/03/2015

14 Plano de marketing: http://www.novorioantigo.com.br/img/noticias/pdfs/onde-o-carioca-se diverte.pdf – acesso em 30/03/2016

15 idem ao item 13

16Retirado da revista folha da Rua Larga - abril de 2007 - http://www.institutocidadeviva.org.br/folha_rua_larga.pdf (acessado em 26/03/2016)

17

? http://oglobo.globo.com/rio/prefeitura-vai-tentar-reverter-tombamento-da-escadaria-selaron-na-lapa-17307599 -acessado em 18/04/2016

18 Decreto na íntegra: http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/decest.nsf/1d06f1d6596be4980325654c00612d5b/291e81660a23688603256c33005ed98f?OpenDocument&Highlight=0,26459 - acesso em 10/04/2016

19http://www.uff.br/trabalhonecessario/images/TN08REQUIAO.pdf

20http://sites.petrobras.com.br/minisite/memoriacultural/port/patrimonioEdificado/DistritoCulturaldaLapa.asp - acesso em 15/04/2016

21 http://www.rj.gov.br/web/imprensa/exibeconteudo?article-id=2277443 acesso em 18/04/2015 


Publicado por: Bruna Mendonça de Araujo

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