A EDITORIA DE DIREITOS HUMANOS NA IMPRENSA INDEPENDENTE: jornalismo para a construção da democracia

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1. RESUMO

Este projeto teve como objetivo apurar e apresentar o contexto histórico-político no qual surge a editoria Direitos Humanos no jornalismo independente, além de entender qual a importância desta editoria para a construção da democracia, fortalecimento da cidadania e conquista de direitos sociais. A proposta desse projeto também considerou investigar como a editoria Direitos Humanos é trabalhada na mídia independente de modo a contribuir para oferecer às minorias e às suas causas um espaço de voz e de participação social.

Palavras-chave: Jornalismo. Imprensa Independente. Direitos Humanos.

ABSTRACT

This project had the objective of clarifying and presenting the historical-political context in which the Human Rights section in independent journalism emerges, as well as understanding the importance of this section for building democracy, strengthening citizenship and social rights achievements. The proposal of this project also considered investigating how the Human Rights editor is worked in the independent media in order to contribute to offer minorities and their causes a voice space and social participation.

Keywords: Journalism. Independent Press. Human rights.

2. INTRODUÇÃO

A proposta deste projeto foi produzir uma monografia que resgatasse em qual momento histórico-político surge a editoria de Direitos Humanos na imprensa independente, além de apurar qual a importância desta editoria no jornalismo para a construção democrática, fortalecimento da cidadania e conquista de direitos sociais.

A relevância do tema surge do destaque que a editoria Direitos Humanos vem adquirindo nos sites jornalísticos independentes, a saber, os selecionados para esta monografia: A República, Socialista Morena, Jornalistas Livres, Agência Pública, Carta Maior, Opera Mundi e Rede Popular. Segundo Benevides (2013), que estuda em seus artigos a temática Direitos Humanos, as sociedades democráticas do mundo desenvolvido pautam as temáticas dos Direitos Humanos como valores de um povo, de uma nação. Para Benevides (2013), o inverso ocorre em países que são marcados por sociedades preconceituosas e por diferentes formas de racismo e intolerância. Segundo o jornalista Lopes (2018), a importância da editoria Direitos Humanos é fundamental, pois ela é um “grito sobre uma área que está na sombra”. Gomes (2014) reflete sobre a imprensa que oferece espaço para discussões populares e movimentos sociais:

Imprensa que se propugna abrir páginas ao novo, aos movimentos e articulações que se operam nas instâncias mais íntimas do movimento popular social, colocando em evidência personagens, discursos, imagens e proposições que até então não conseguira se expressar publicamente. E especular o que poderá ser essa imprensa alternativa, a partir da atualidade. (GOMES, 2014)

Segundo Lopes (2018), a defesa dos Direitos Humanos associou-se ao fim da censura e das torturas aos presos políticos e a reinvindicação democrática central no processo de abertura política, defendida por amplos setores da sociedade, esta que era contida pelo período da ditadura (1964-1985). Lopes (2018) afirma que a sociedade ainda não consegue perceber que o período militar que impôs a ditadura ao Brasil (1964-1985) foi um época histórica-política que trouxe diversas consequências como torturas, mortes, prisões, repressões etc aos ativistas, aos defensores da luta pelos direitos humanos. Lopes (2018) afirma ainda que a ditadura trouxe a urgência da criação de novos meios de participação popular no destino do país

No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos e recomendou que todos os países-membros publicassem o texto da DUDH1 para que ele fosse divulgado, mostrado, lido e explicado, principalmente nas escolas e em outras instituições educacionais, sem distinção nenhuma baseada na situação política ou econômica dos países.

No livro “Resumo de Direitos Humanos e da Cidadania”, Castro (2001, p. 126) argumenta sobre a importância de todas as pessoas refletirem sobre os direitos econômicos, sociais e culturais inseridos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Castro (2001, p. 126) ainda expressa que os pontos citados anteriormente são fundamentais para a sobrevivência, tanto quanto o direito à educação, ao trabalho e assistência social. As similitudes nas discussões de diversos autores podem ser comparadas com Beethan (2003, p. 107):

Os Direitos Humanos, por seu turno, tomam o indivíduo por referência e procuram garantir-lhe as condições mínimas necessárias para uma vida digna. Além disso, conforme pressupõe o termo “humano”, esses direitos reputam-se universais em seu escopo e estão sujeitos à definição e regulação internacional, ao passo que os arranjos constitucionais do governo são tradicionalmente vistos como um assunto interno do Estado envolvido, já que comportam a essência da “soberania”. (BEETHAN, 2003. p. 107.)

Reforçando ainda mais a importância que os direitos humanos possuem para a construção da democracia, Iey (2011) estuda que as necessidades fundamentais (direitos econômicos, sociais, culturais) são essenciais para a dignidades da pessoa humana: “Assim os direitos humanos correspondem às necessidades essenciais da pessoa humana, para que a pessoa possa viver com dignidade, pois a vida é um direito humano fundamental”. Iey (2011) reafirma ainda que, para preservar a vida, todos têm que ter direito à alimentação, à saúde, à moradia e à educação. Segundo a primeira edição da cartilha Direitos Humanos na mídia comunitária, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Oboré e Unesco), a cidadania vivida no nosso dia a dia faz com que o cidadão possa construir uma sociedade com participações em questões sociais, no cotidiano e também na política. A cartilha reforça também a conquista da Constituição de 1988.

Uma pessoa se torna cidadã ou cidadão quando passa a participar e a transformar a realidade em que vive. No Brasil, demos passos importantes na conquista da cidadania, por exemplo, com a Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã. Mas ainda temos muito que andar e muito a conquistar, já que a cidadania não é dada: ela é construída a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social. (OBORÉ; UNESCO, 2009)

Na percepção de Iey (2011), o conceito de direitos humanos é um resumo de todos os direitos aplicados em Direitos Fundamentais, sendo assim a expressão “Direitos Humanos” uma forma abreviada de mencionar os direitos fundamentais da pessoa humana. Sem esses direitos, a pessoa não consegue existir ou não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida”.

2.1. Mídias independentes e Direitos Humanos

Segundo Lopes (2018), a editoria de Direitos Humanos surgiu depois das violações a estes mesmos direitos, sendo elas torturas, mortes e desaparecimento de opositores ao regime militar, período ditatorial que o Brasil atravessou entre os anos de 1964 a 1985. Para Henrique (2018), o surgimento da editoria aconteceu “porque vivemos uma época de crescimento da intolerância e de reação dos setores conservadores contra avanços de pautas progressistas, como a extensão de direitos para mulheres, negros, indígenas, comunidade LGBT, quilombolas”.

Pautar, apurar e detalhar a temática Direitos Humanos faz parte do trabalho jornalístico prestado pelos veículos de comunicação, visto ser essencial a discussão democrática para a construção de uma sociedade cada vez mais informada e progressista. Em entrevista, Klein (2018) afirma que por óbvio ululante que cada experiência, cada projeto e cada iniciativa é construída a partir de objetivos, limitações, potencialidades e particularidades absolutamente distintas, próprias e decisivas para estabelecer o modo de funcionamento de cada uma. “Existem mídias que falam só da pauta LGBT, da pauta antirracista, apenas da pauta feminista, da questão dos deficientes físicos, dos ciclistas, dos moradores de rua (como o Boca de Rua, aqui de POÁ), só da favela (como O Cidadão, da Maré) assim como existem mídias que abordam (quase) todos os assuntos”, Klein (2018)

Em reportagem no site “Jornalistas Livres” em 30 de abril de 2016, a jornalista Laura Capriglione, fundadora do Jornalistas Livres e que naquela ocasião participava como convidada do 14º Congresso Estadual dos Jornalistas, afirmou que a crise do jornalismo está na mídia tradicional e não na mídia independente, pois “a mídia tradicional não representa as pessoas, e por isso ela está perdendo cada vez mais espaço para as narrativas independentes. O jornalismo independente é uma imprensa não financiada pelo grande capital e busca outros recursos de sobrevivência, configurando que a mídia independente está a serviço do cidadão”, Frazão (2016). Segundo Bucci (2000, p. 56), a independência editorial requer:

Manter a independência editorial exclusivamente para o leitor. Independência editorial, portanto, significa manter a autonomia para apurar, investigar, editar e difundir toda informação que seja de interesse público, o interesse do cidadão, e não permitir que nenhum outro interesse prejudique essa missão. (BUCCI. 2000, p. 56).

A cobertura da temática Direitos Humanos é relevante para a sociedade. Segundo Dines (1986. p, 18), o jornalismo é a técnica de investigar, arrumar e referenciar. A mídia independente é construída por jornalistas que, na maioria das vezes, já passaram pelas grandes mídias e agora buscam a independência em seus próprios veículos, que abordam temas diferentes da imprensa tradicional. Foi somente entre o fim dos anos 1960 e o início da década de 1970 que a mídia alternativa começou a renascer, agora menos vinculada diretamente a organizações e geralmente conduzida por jornalistas combativos que já não tinham espaço nos grandes meios de comunicação, Haubrich (2017).

A considerar que a imprensa independente, ativista e livre não é financiada pelos mesmos meios que a mídia tradicional, Klein (2017) afirma que a comunicação realizada pelo jornalismo independente pretende democratizar a informação e contribuir com a construção histórica do país. Pinto (2009) ressalta que os grandes conglomerados da comunicação surgem por conta da falta do rigor das legislações, ou seja, a possibilidade de um mesmo grupo empresarial controlar revistas, jornais, rádios e televisões em um mesmo mercado.

Em entrevista, Castilho (2018) reflete que os direitos humanos fazem parte de todo o trabalho do jornalista e não deve ser esquecido ou mesmo deixado de lado. Castilho (2018) afirma ainda que as editorias são fundamentais, principalmente a editoria Direitos Humanos, porém, a temática não deve ser trabalhada somente ou exclusivamente na editoria e sim em todos os conteúdos do jornalista.

Segundo Dornelles (1995, p. 32), os direitos dos povos ou direitos da solidariedade deve-se:

A ampliação do conteúdo dos direitos fundamentais da pessoa humana seguiu o caminho indicado pelas lutas sociais e pelas transformações socioeconômicas e políticas que marcaram as sociedades nos últimos trezentos anos, e que possibilitaram importantes conquistas para a humanidade. (DORNELLES. 1995, p. 32)

A função e dever do jornalismo é transmitir informações à população, de forma democrática, que contribua com a construção cidadã:

É o direito de acesso à informação (e à cultura) que justifica democraticamente a livre existência de toda forma de comunicação social. Quando a confiança na informação jornalística é prejudicada pelo barateamento do jornalismo, a pretexto de encobrir sob o timbre de “reportagem” atrações puramente apelativas, todos saem perdendo; uma instituição social está se enfraquecendo (BUCCI. 2000, p. 187)

3. JUSTIFICATIVA

Na mídia independente, as pautas que envolvem a temática Direitos Humanos são apuradas e publicadas em editorias exclusivas, reservadas para esses temas, o que não ocorre na imprensa tradicional. Para Haubrich (2015), a importância da imprensa independente e da editoria Direitos Humanos recai sobre a abordagem de assuntos específicos de violação dos diretos humanos e o empoderamento do cidadão. “Em resumo, a importância da mídia alternativa é ser uma espécie de articuladora e transmissora das ideias circulantes nos movimentos sociais populares e nas camadas oprimidas da população.” Haubrich (2015) Entretanto, na mídia tradicional a temática Direitos Humanos é abordada em meio às diversas editorias, conforme pesquisa realizada neste trabalho. Nas editorias como Cidades, Cotidiano, Economia e Política, foram encontradas reportagens que envolviam a temática Direitos Humanos. Portanto, no jornalismo tradicional, ou na grande mídia comercial, assuntos sobre direitos humanos são abordados dentro de outras editorias, sem exclusividade, há disputa pelo mesmo espaço, o que muitas vezes pode alterar o foco da relevância da temática, como por exemplo ao noticiar um assalto seguido de homicídio: o foco recai sobre o crime e o aumento da violência e não na perda da vida e também não como ataque aos Direitos Humanos.

Beethan (2003, p. 108) afirma que o registro de violações dos direitos humanos em todas as ditaduras, de esquerda ou direita, mostra que o tipo de sistema político de um país está longe de ser irrelevante para o padrão de direitos humanos que gozam seus cidadãos. Segundo Beethan (2003, p. 109), a imprensa independente é a qual acompanha os passos do governo e divulga a opinião pública.

A democracia e os direitos humanos, agora sabemos, estão fortemente interligados. Contudo, a relação exata entre eles costuma ser qualificada de forma errônea como uma correlação empírica ou uma questão de complementaridade, e não de unidade orgânica. Por isso, geralmente se diz que a democracia é o sistema de governo “mais propenso” a defender os direitos humanos, ao mesmo tempo que se afirma que ela precisa ser “suplementada” pelos direitos humanos, como se estes pudessem ser adicionados ou fossem vulneráveis à democracia, na hipótese de não serem independentemente garantidos. As qualificações dessa relação, apesar de compreensíveis, estão colocadas de maneira incorreta. (BEETHAN. 2003, p. 108)

Para reforçar e contextualizar a escolha do tema deste projeto, ao pesquisar a editoria Direitos Humanos, a existência de casos mais famosos e recorrentes de execuções de lideranças políticas em todo país são pautados por diversas editorias na mídia tradicional. Levantamento realizado pelo historiador e doutorando da Universidade de Brasília, Fernando Horta, na reportagem de Sereza e Targino (2018), na data de 15 de março de 2018 para o site independente “Opera Mundi”, revela que desde 2014, ao menos 24 líderes comunitários, ativistas e militantes políticos foram executados em diversas regiões do Brasil. Os casos mais conhecidos de execução de ativistas são da vereadora Marielle Franco, eleita com mais de 46 mil votos no estado do Rio de Janeiro, e seu motorista Anderson Pedro Gomes, que foram mortos a tiros no dia 14 de março de 2018. Outro caso foi o de Dorothy Stangy, executada com seis tiros em 12 de fevereiro de 2005 dentro de uma reserva do Projeto de Desenvolvimento Sustentável. Stangy foi silenciada pois era ativista dos direitos socioambientais, no Pará. Chico Mendes, executado em 22 de dezembro de 1988 no quintal de sua casa a tiros de espingarda, era ativista dos direitos do meio ambiente, ecologista, presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Xapuri, no Acre, símbolos da violação dos direitos humanos, editoria tratada como relevância na mídia independente.

4. OBJETIVOS

4.1. Geral

Elaborar uma monografia que apurasse, pesquisasse e contribuísse para entender como surgiu a editoria Direitos Humanos na imprensa independente e como é seu modo sua produção da notícia.

4.2. Específicos

  • Apurar e mostrar o início da editoria Direitos Humanos na imprensa independente.

  • Aprofundar os estudos sobre a editoria Direitos Humanos e buscar compreender a essência das reportagens envolvendo essa temática.

  • Abordar as características e ineditismo que a editoria Direitos Humanos.

  • Entender o uso de técnicas utilizadas para construção de grandes reportagens, como pautas, apuração, cobertura e checagem.

  • Apurar como a editoria Direitos Humanos pode contribuir para a democracia e comprometido com as causas sociais.

5. HIPÓTESE

O presente projeto teve como questionamentos da problematização do tema: Qual a importância da editoria Direitos Humanos na imprensa independente? Por que não encontramos a editoria Direitos Humanos na grande imprensa? Quais as diferenças que caracterizam a editoria Direitos Humanos na imprensa independente? Qual a relevância que a editoria possui para o jornalismo?

A temática dos direitos humanos é tratada de forma protocolar pela mídia tradicional e diluída em outras editorias, como cotidiano, cidade, política e opinião. Diferencialmente da imprensa independente, que possui uma editoria exclusiva de Direitos Humanos e realça os valores sociais da temática, como pobreza, injustiça e racismo.

6. METODOLOGIA

A fundamentação deste projeto foi construída a partir de livros, artigos, reportagens e sites que discutem o tema. A metodologia aplicada para a construção da monografia foi a pesquisa qualitativa e bibliográfica.

6.1. Pesquisa qualitativa

A pesquisa foi realizada através das entrevistas com fontes que, de alguma forma, contribuem para a consolidação da editoria Direitos Humanos por meio das mídias independentes e realizadas por e-mail, telefonemas e áudio com perguntas sobre o momento histórico-político do surgimento da editoria Direitos Humanos na mídia independente, técnicas que utilizam para a produção das reportagens e as características que fazem essa editoria se tornar fundamental. Pretendeu-se trazer a oralidade acadêmica para o trabalho em desenvolvido, revelando a importância de abordar a temática Direitos Humanos em uma editoria que a diferencie do assunto do dia a dia. Barros e Duarte (2006, p. 62) estudam que a entrevista é uma das mais comuns e poderosas maneiras para entender as situações humanas,

(...) tornou-se técnica clássica de obtenção de informações nas ciências sociais, com larga adoção em áreas como sociologia, comunicação, antropologia, administração, educação e psicologia. Embora antes utilizada em jornalismo, etnografia, psicologia e pesquisas de mercado e de opinião, seu surgimento como tema metodológico pode ser identificado na década de 1930. (BARROS; DUARTE. 2006, p. 62)

A relevância do tema também é abordada em relações com cultura, criação e linguagem de desenvolvimento social na construção da democracia. As entrevistas são fundamentais para realização de uma leitura maior quanto ao tema deste projeto, a discussão do dever do jornalismo e a importância da editoria Direitos Humanos, logo Barros e Duarte (2006, p. 63):

Por meio da entrevista em profundidade, é possível, por exemplo, entender como os produtos de comunicação estão sendo percebidos, explicar a produção da notícia em um veículo de comunicação, identificar motivações para uso de determinado serviço, conhecer as condições para uma assessoria de imprensa ser considerada eficiente, identificar as principais fontes de informação de jornalistas. (BARROS; DUARTE. 2006, p. 63)

Segundo Barros e Duarte (2006, p. 62), para um texto com espaço e com objetivo, a entrevista individual em profundidade, as técnicas qualitativas conseguem abordar e explorar de melhor forma o assunto a partir da busca de informações, percepções e experiências dos informantes, ou seja, os entrevistados.

Entre as principais qualidades dessa abordagem está a flexibilidade de permitir ao informante definir os termos da resposta e ao entrevistador ajustar livremente as perguntas. Esse tipo de entrevista procura intensidade nas respostas, não-quantificação ou representação estatística. (BARROS; DUARTE. 2006, p. 62)

Para Haguette (1990, p. 75), a entrevista é a argumentação de duas partes sobre uma problematização, cuja finalidade é buscar mais informações por parte do outro, o entrevistado.

A entrevista pode ser definida como um processo de interação entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objeto a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado. As informações são obtidas através de um roteiro de entrevista constando uma lista de pontos ou tópicos previamente estabelecidos de acordo com uma problemática central e que deve ser seguida. (HAGUETTE. 1990, p. 75)

Segundo Haguette (1990, p. 75), a problematização destes componentes é necessária para que se conheça as virtualidades do dado que é obtido através do processo e minimizar as possibilidades de desvios da entrevista.

Logo, esta monografia é um documento que fixa a importância da editoria Direitos Humanos na imprensa independente e a importância do jornalismo independente para a democracia.

6.2. Pesquisa bibliográfica

Foram desenvolvidas leituras para construção de base sobre os assuntos, com artigos, livros e sites. Os artigos utilizados são uma compilação de todos os assuntos a serem abordados no trabalho, como Jornalismo contemporâneo e digital, História do jornalismo, Sociedade, Cidadania, Democracia, Direitos Humanos. Já para os livros, ganharam destaques os que abordam a Imprensa, Ética, Direitos Humanos, Cidadania, Jornalismo independente contemporâneo e, também, tudo sobre sua história. Os sites analisados são diversificados, dentre eles estão reportagens, artigos e informações de dados importantes para complemento e entendimento sobre os assuntos abordados. Destaque para o site “Observatório da Imprensa”, que sempre atuou com a grande diversidade e pluralidade de assuntos e que realiza contextualizações e críticas importantes para o cenário midiático, de acordo com o tempo.

Foram abordados temas que, a partir dessa união de conteúdos relevantes, imprimi uma ideia que realce a importância que é abordar esse assunto nas categorias Jornalismo, Democracia e Direitos Humanos. Na construção e leitura ainda mais aprofundada do projeto, foi necessária a pesquisa em um amplo ambiente acadêmico, a qual trouxe alguma motivação, linha a ser seguida ou ideia para a construção de um trecho ou mesmo outra vertente a seguir. Não foram todas as leituras utilizadas como referenciais neste projeto, porém, elas de alguma forma ajudaram na interpretação e reflexão do tema. Haguette (1990, p. 70) contribuiu para o entendimento do objetivo e importância do pesquisador em trabalhar todos os fatos no projeto, logo:

(...) pesquisador deve tomar certas medidas para assegurar que o ator social cubra todas as informações de que ele necessita, que nenhum fato seja omitido, que as informações recebidas sejam checadas em outras evidências e, finalmente, que as interpretações do autor sejam honestamente fornecidas. (HAGUETTE. 1990, p. 70)

6.3. Fontes entrevistadas2

Cynara Menezes: Jornalista brasileira que já trabalhou para diversos veículos de comunicação, como Folha de S. Paulo, Veja e Carta Capital. Em 2013, fundou seu próprio veículo - “Socialistas Morenas” - e por realizar o trabalho jornalístico de forma diferente, no mesmo ano de fundação do trabalho ganhou o troféu Mulher Imprensa.

Mauro Lopes: Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero, com passagens por mídias alternativas como Jornalistas Livres e Carta Capital. Trabalhou como editor e repórter para o Jornal Folha de S. Paulo nos períodos de 1986 a 1991. Hoje gerencia o site Caminhos para Casa e Outras Palavras que abordam os direitos humanos como um dos assuntos principais.

Gabriele Roza: Jornalista pela PUC do Rio de Janeiro, Editora na empresa Coletivo Nuvem Negra e jornalista na Agência Lupa. Sua mais recente publicação é uma crônica sobre o dia da última participação no evento de Mulheres Negras, no qual Marielle Franco (vereadora executada no Rio de Janeiro) esteve presente.

Alceu Castilho - Formou-se em jornalismo pela ECA - USP, em 1994. Foi repórter do jornal O Estado de S. Paulo no caderno de Turismo, Seu Bairro, ZAP!, e Cidades entre 1994 a 2001. Também trabalhou para a revista IstoÉ Dinheiro (caderno de economia e negócios) e para a agência Routers, em São Paulo. Atualmente, coordena o veículo “De Olho nos Ruralistas”, com foco na agricultura e pecuária, trazendo a temática Direitos Humanos em suas reportagens no modo como essas esferas coordenadas pelo poder (agricultura e pecuária) agridem aos direitos humanos, sociais, econômicos, ambientais etc.

Haroldo Severo Cevero - Doutor em Literatura Brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo com a tese "O Brasil na Internacional Naturalista - Adequação do método, da forma e da temática naturalistas no romance brasileiro do século 19". Jornalista, graduado pela ECA-USP, atuou como crítico literário e repórter cultural do jornal "O Estado de S. Paulo", foi correspondente em Paris da Folha de S. Paulo, editor da primeira página do portal UOL. Dirige o site Opera Mundi (que possui a editoria Direitos Humanos) desde 2009 e é editor da Alameda Casa Editorial desde 2004. Autor dos livros "Florestan - A inteligência militante" (Boitempo) e "À Espera da Verdade - histórias de civis que fizeram a ditadura militar" (Alameda, 2016) e "Trinta e tantos livros sobre a mesa" (Alameda, 2017). Premiado como editor com o Jabuti de Livro do Ano - 2015, categoria Não-Ficção, com "A Casa da Vovó - Uma biografia do DOI-CODI", de autoria de Marcelo Godoy.

George Marques – Formado em Jornalismo e Relações Públicas. É produtor de conteúdo (social media). Especialista em comunicação política no legislativo (Cefor-Câmara) e em assessoria em comunicação pública (Iesb). Foi indicado ao Prêmio de Comunique-se de Jornalismo Político. Influencer – Stilingue (2016), Airfluencers (2017). Rondonista, e se titula como maranhense em Brasília, modo divertido em que se apresenta em seu site de jornalismo independente. Editor do veículo “A República” que possuí a editoria Direitos Humanos como uma das fundamentais. O site foi criado depois de experiências em redações de veículos de jornalismo, como por exemplo The Intercept Brasil, Marrapá, Metrópoles e então, decidiu ativar em definitivo seu novo modo de trabalho, apurações e comentários sobre política.

Lucas Pitta Klein – Formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Klein defendeu sua monografia “Webtelejornalismo político no Facebook: a disputa de narrativas sobre o golpe no Brasil em 2016”, na Mídia Ninja, Correria e TV Folha, análise minuciosa sobre o período político e midiático brasileiro. No Correria, trata de assuntos de direitos humanos e produziu conteúdos para a Rede TVT.

Ana Luisa Zaniboni Gomes - Jornalista profissional diplomada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, possui especialização em Gestão de Processos Comunicacionais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP, 2002); Mestrado e Doutorado em Ciências da Comunicação pela ECA/USP (2006 e 2014, respectivamente), com pesquisas focadas na área da Comunicação e suas interfaces sociais, especialmente no diálogo com as políticas públicas como Educação, Cultura, Saúde e Direitos Humanos. Desde 1995 dirige a OBORÉ Projetos Especiais, onde responde pela gestão e desenvolvimento de projetos de mobilização e formação através da Comunicação, da Educação e das Artes. Atualmente, é pesquisadora bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutoramento (PNPD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na ECA/USP, e coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e Educação da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom, gestão 2018-2019).

André Henrique - Jornalista formado em ciência política pela UNESP, André Henrique já atuou como docente, assessor parlamentar e consultor político, mas é no jornalismo que o sociólogo (formado pela UNESP/Araraquarta) se realiza profissionalmente, especialmente na editoria de política. Atualmente faz parte do projeto Independente – jornalismo independente e editor do Rede Popular, no qual são publicados conteúdos progressistas e que envolvem Direitos Humanos. Foi repórter em redações, como da RAC/Campinas; direção de jornalismo na rádio Comunicativa FM/Hortolândia.

7. FUNÇÃO DO JORNALISMO E SUA RELEVÂNCIA SOCIAL

A missão do jornalismo para com a sociedade é o dever de informar com credibilidade e isenção, pois “aí está a razão de ser do jornalismo: a sociedade e o seus valores” como alicerces da produção jornalística, Alcântara (2005). Guedes (2009) declara que, em reportagens, o jornalista alcança a credibilidade de poder observar de forma mais detalhada a dinâmica social e apontar de maneira crítica os problemas da sociedade, pois o espaço que possui dentro de reportagens é considerado reflexivo. Pompéo e Martini (2012) constroem o conceito de mídia para a democracia, cidadania e justiça como:

Enquanto formadora de opinião que é, a mídia presta serviço de ordem social, público e essencial à sociedade, difundindo conhecimento e tornando o inatingível, muitas vezes, atingível. Em função disso, sua essencialidade se revela vez que atua como elemento dirimente das desigualdades que, pelos motivos já explanados, mantêm verdadeiro abismo entre algumas classes sociais. (POMPÉO; MARTINI. 2012)

A questão central atribuída ao conceito de jornalismo para a sociedade democrática é que a notícia precisa chegar de forma isenta e com responsabilidade social, gerando um espaço de debates e de reflexões para todas as classes, como caracteriza os jornalistas Alvetti e Barcellos (2007) em artigo titulado “Jornalismo Cidadão, uma proposta brasileira ao jornalismo cívico”:

E a do sentido de responsabilidade social da imprensa, de espaço de debates, no qual se põe em questão não só o olhar do especialista, em geral externo, mas o do receptor, no cotidiano e mesmo outras mediações, como o Estado, na sua condição também de objeto de discussão (ALVETTI; BARCELLOS. 2007)

“Mas para que serve o jornalismo?” é a pergunta que Kovach e Rosenstiel (2004, p. 29) fazem na obra “Os elementos do Jornalismo” e consideram o verbo “agir” como premissa de um jornalismo que busca construir a sociedade democrática, com pluralidade, profundidade e noticiar a verdade. Porém, Kovach e Rosenstiel (2004, p. 29) complementam que “o jornalismo serve para construir a comunidade, a cidadania, a democracia”. Em similitude com o pensamento de Kovach e Rosenstiel (2004, p. 29), Bucci (2000, p. 61) complementa que “se uma companhia leva a sério sua função social de informar, deve pôr acima de tudo os interesses do cidadão. Menos por amor a aspirações iluministas e mais porque o cidadão, afinal, é o consumidor da informação”.

Como entendimento do que seja jornalismo democrático para servir a comunidade, Kovach e Rosenstiel (2004, p. 29) apontam que “milhões de pessoas, estimuladas pelo livre fluxo da informação, participavam de forma direta na criação de um novo governo e novas formas para a vida política, social e econômica de seus países”. Bucci (2000, p. 58 e 59) aponta similaridade com Kovach e Rosenstiel (2004, p. 29), em participação mais ativa da sociedade com o direito básico da informação e crítica que, com a falta dela, a sociedade seria tomada por um único poder, sem que haja pluralidade de poderes. “Numa sociedade em que não prevalecem as regras básicas de escolha livre dos governantes, onde não há igualdade de condições nas disputas eleitorais, onde o poder não muda de mãos, prevalece o autoritarismo sem muitas mediações”. (Bucci, 2000, p. 58 e 59)

Em “A análise de discurso e a formação do jornalista”, Silva (2013) aborda a prática do jornalismo como contribuição e construção da sociedade e cidadania. Assim cita a autora:

Nos termos do autor, caberia ao jornalista a “conquista de mentes e corações para a cruzada permanente contra o autoritarismo, contra a prepotência, contra o arbítrio e a favor da democracia”, como ele já desejava mostrar em sua primeira definição de jornalismo. Mas também seria de competência desse profissional a conquista de “mentes e corações para a causa da justiça social, ingrediente que jamais pode ser dissociado da democracia...” (SILVA. 2013)

Sendo a imprensa uma entidade essencial na formação e contribuição para a sociedade democrática, remetemos o conceito novamente aos autores Kovach e Rosenstiel (2004, p. 31), que retratam a finalidade do jornalismo. Segundo Kovach e Rosenstiel (2004, p. 31), “a principal finalidade do jornalismo é fornecer aos cidadãos as informações de que necessitam para serem livres e se autogovernar”. Com referência aos autores Kovach e Rosenstiel (2004, p. 31), expressa-se que a importância do trabalho do jornalista para a sociedade é ajudar a sociedade a interpretar a informação e, por meio desta, construir bases intelectuais, autocríticas, reflexões sobre os assuntos que são de direitos fundamentais.

Recorrendo aos autores que resgataram a história da construção do jornalismo e da profissão do jornalista, pretendemos responder a seguinte questão: “O que é jornalismo?”. Para Kovach e Rosenstiel (2004, p. 31), “a imprensa funciona como um guardião, tira as pessoas da letargia e oferece uma voz aos esquecidos”. Nesta frase, os autores afirmam um dos conceitos básicos atribuídos ao jornalismo titulado de independente. Jornalismo esse, de acordo com Bucci (2000, p. 56), significa difundir toda e qualquer informação com o interesse público. A correlação apresentada entre os autores leva a reflexão de que, segundo Kovach e Rosenstiel (2004, p. 31 e 32), “o jornalismo é tão fundamental para essa finalidade que, as sociedades que querem suprimir a liberdade devem primeiro suprimir a imprensa”.

Kunczik (2002, p. 37) afirma que a profissão de jornalista envolve um conjunto de normas técnicas e normas éticas para a sua realização:

Os esforços para melhorar a capacitação indicam que se pode esperar que haja um aumento de profissionalização no jornalismo, produzido talvez maior autonomia e, dessa forma, maior consistência para resistir às pressões e à influência adversa por parte dos representantes dos interesses particulares. (KUNCZIK. 2002, p. 37)

Para Novelli (2002, p. 189), a função da imprensa na sociedade brasileira é basicamente a mesma para as duas teorias, a diferença reside na interpretação. Para a autora Novelli (2002, p. 189 e 190), do ponto de vista e com a perspectiva libertária, a imprensa tem seis funções primordiais, sendo:

Servir o sistema político promovendo-o de informações, discussões e debates sobre os assuntos públicos; esclarecer o público, bem como torna-lo capaz de autogovernar; salvaguardar os direitos do indivíduo, atuando como um cão-de-guarda contra o poder do governo; servir o sistema econômico, pela intermediação entre vendedores e compradores com o estímulo dos anúncios; providenciar entretenimento; e possibilitar sua autossuficiência financeira, tornando-se independente de interesses particulares. (NOVELLI. 2002, p. 189 e 190)

Em conceito apresentado por Guedes (2009) sobre as concepções de ideologias narrativas e jornalísticas do profissional jornalista, todo texto possui uma carga ideológica e breves opiniões de quem o construiu e a interpretação vai de pessoa para pessoa, no nosso caso, leitores de jornais. Guedes (2009) afirma ainda que toda narração, incluindo as jornalísticas que buscam o maior percentual de isenção, carrega a sua parte de posicionamento, interpretações e escolhas adquiridas pelo profissional jornalista. De acordo com o autor, a profissão jornalista é encarregada de registrar os fatos mais relevantes do seu cotidiano, os transformando em que se chama de “crônica da atualidade”, ou seja, contar histórias.

O jornalista - como um profissional encarregado de narrar as transformações do seu tempo, tecer uma “crônica” da atualidade, dar a ver a sociedade para si mesma e registrar os fatos considerados mais importantes do cotidiano - se torna, em grande medida, um divulgador do discurso jornalístico sobre/para a sociedade. (GUEDES, 2009)

Para o jornalista e professor Bucci (2000, p. 48), em seu livro “Sobre Ética e Imprensa”, a independência jornalística se criou como um princípio da cidadania e os valores que fortalecem a democracia e completa ainda que, se uma empresa de comunicação leva a sério sua função social de informar, deve impor, acima de todos os interesses, o cidadão, o verdadeiro consumidor das informações produzidas pelo trabalho de jornalistas.

Para que um trabalho jornalístico seja concretizado é preciso ao mesmo tempo um envolvimento constante e distanciamento sobre o que você está apurando, aponta Bucci (2000, p. 48), que contradiz a interpretação realizada por Guedes (2009) quando cita que, todo texto, independente da finalidade, existe uma carga ideológica, referindo ao posicionamento do profissional jornalista em seus escritos. O jornalista é o mediador do fato que está checando e ao mesmo tempo de pesquisa, é o que mais sabe e se envolve sobre a temática da pauta desenvolvida, segundo Bucci (2000, p. 50). Quando finalizado, é preciso que o leitor, telespectador e seu público alvo compreendam que seu papel é noticiar de forma clara, isenta, com responsabilidade social e credibilidade, conclui Bucci (2000, p. 51). Há diversas técnicas no jornalismo audiovisual, digital ou impresso para produzir o trabalho jornalístico, para conquistar o público que almeja, porém, nunca pode se deixar de lado que o jornalismo é realizado para o cidadão e da construção de uma sociedade mais justa e democrática. Para concluir a reflexão, Pompéo e Martini (2012) mostram um dos conceitos da mídia alternativa em relação à construção de uma sociedade democrática e deixa claro que “o papel executado pela mídia no contexto globalizado é fundamental, porquanto, restaura laços da sociedade democrática”.

A relevância social embutida na questão “O que é jornalismo?” é a pluralidade de vozes. Sobre esse tema, Pompéo e Martini (2012) apud Bobbio (1986, p. 18) afirmam:

Um conjunto de regras (primárias ou fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com quais procedimentos. [...] A regra fundamental da democracia é a regra da maioria, na qual são consideradas as decisões coletivas. (MARTINI;POMÉO, 2012 apud BOBBIO,1986, p. 18).

Outro conceito sobre o papel do jornalismo na construção de uma sociedade democrática, Martini e Pompéo (2012) pontuam que, no tempo da globalização, o papel da mídia é fundamental para o desenvolvimento do papel civil e de atores sociais:

O papel desempenhado pela mídia, em suas mais diversas esferas de atuação, é, em tempos de globalização, elemento fundamental para a compreensão da sociedade e seu processo político fundamental. A evolução da democracia – e do próprio Estado Democrático como um todo – ao longo dos tempos, é fruto reflexivo da soma de inúmeros atores sociais. (MARTINI; POMPÉO. 2012)

Alcântara (2005, p. 19) afirma que a sociedade tem necessidade vital de se manifestar, participar como fontes e o jornalista é o mediador desse processo. Ao jornalista que trabalha com apuração de fatos e histórias reais, é preciso abordar assuntos de interesses do público e cidadania, de forma ética e democrática. Bond (1962, p. 15) afirma que a natureza do jornalismo significa todas as formas pelas quais informações de interesse público chegam até a sociedade.

A palavra jornalismo significa, hoje, todas as formas nas quais e pelas quais as notícias e seus comentários chegam ao público. Todos os acontecimentos mundiais, desde que interessem ao público, e todo o pensamento, ação e ideias que esses acontecimentos estimulam, constituem o material básico do jornalista. (BOND, 1962, p. 15)

Bond (1962, p. 15) retrata um ponto central: o jornalismo não é tolerável à intervenção de interesses políticos, religiosos, comerciais que, de fato, resultam na manipulação da informação que chega até a sociedade e a partir dessa fase, a sociedade constrói uma reflexão através de uma notícia distorcida. Bond (1962, p. 15) afirma que “as definições diferem de acordo com os pontos de vista, segundo os quais são formuladas. Para o cínico, jornalismo é meramente um comércio; para o idealista, revela-se como uma responsabilidade e um privilégio.”

O dever do jornalista, segundo Bucci (2000, p. 80) “é estritamente o profissional encarregado de levar notícias ao público, num serviço que atende, no fim da linha, o titular do direito à informação e mais ninguém”. Bucci (2000, p. 81) explica ainda que “a interpretação e a integridade do jornalista como as dos órgãos de imprensa, precisam ser mais que verdadeiras: precisam ser explícitas. Torná-las explícitas não é exibicionismo, é respeitar o público. Que não pairem dúvidas”.

Pompéo e Martini (2012) reproduzem que o jornalismo tem o papel de resgatar essa responsabilidade, independente de qual questão está sendo tratada.

Não há, pois, como deduzir os anseios e necessidades populares, senão pela proximidade com povo - destinatário fundamental do mandato eletivo pelo qual se chegou ao Executivo/Legislativo. Verifica-se que quando pesa sobre a sociedade civil a grave hipoteca social do sentimento de abandono, é a mídia que se tem recorrido. (POMPÉO; MARTINI. 2012)

Com a função e dever de promover o direito à informação, cultura e política de forma plural e democrática para a sociedade, o jornalismo carrega em seu histórico a responsabilidade de reerguer a sociedade. Em estudos, Bucci (2000, p. 187) diz e critica que:

É direito de acesso à informação (e à cultura) que justifica democraticamente a livre existência de toda forma de comunicação social. Quando a confiança na informação jornalística é prejudicada pelo barateamento do jornalismo, a pretexto de encobrir sob o timbre de “reportagem” atrações puramente apelativas, todos saem perdendo; uma instituição social está se enfraquecendo. (BUCCI. 2000, p. 187)

7.1. Jornalismo, instrumento para democracia

Segundo Bucci (2000, p. 194), como formadora de opiniões, a mídia se torna cada vez mais globalizada, buscando se aprimorar dentro das tecnologias, novos formatos e fácil acesso do público, com o direito de informar a sociedade a interpretar o cotidiano, a política, a orientar e entreter, deixando longe o jornalismo de opinião e do século das luzes, a comunicação social vive hoje num outro estágio. Presta um serviço de ordem social, público, ético e de responsabilidade social para a formação de uma democracia e diversas outras opiniões cotidianas, dentre elas e fundamental, a política, de acordo com as leis e códigos do artigo V (Liberdade de Imprensa) da Constituição Federal de 1988.

Também como representante democrática, a mídia, carregada de responsabilidades e poderes, faz com que

Dessa forma, mediante a divulgação do desconforto social para com os representantes democráticos, tem-se obtido, com a ajuda da mídia, significativas modificações no campo jurídico-legal e político-social. A luta pela idealização do Estado Democrático é constante, vez que é seu dever/função assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, dentre os quais, cita-se, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a própria justiça. (POMPÉO; MARTINI; 2012)

De acordo com Martini e Pompéo (2012), as funções essenciais de um jornalismo que se compromete com a informação transparente e que constrói uma democracia, atua como um elemento essencial nas desigualdades enfrentadas. Os autores Martini e Pompéo (2012) reforçam que, mesmo aproximando ou difundindo informações, independente de casta ou classe social, os meios de comunicação contemporâneos atuam como verdadeira aliada pela busca de três elementos fundamentais para a construção de opiniões e analises diversas, direitos individuais e coletivos e justiça.

Aproximando e difundindo informações independente de nível ou casta social, a comunicação contemporânea atua como verdadeira aliada na busca pela democracia, cidadania e justiça, uma vez que proporciona combater o esquecimento social, fortalecendo a participação popular como forma de garantia de direitos, fazendo com que se deixe de a democracia meramente representativa e se adote um modelo que dá prevalência a aproximação do cidadão à realidade governamental. (MARTINI; POMPÉO, 2012)

A democracia e a independência editorial, segundo Bucci (2000, p. 58), são fundamentais para a construção de uma imprensa livre e para a continuação de um trabalho jornalístico que ganhe estruturas, pois “a democracia garante a liberdade de imprensa e a independência editorial é o requisito prático para que a liberdade de imprensa ganhe corpo e vida própria”. (Bucci, 2000)

A informação e o direito democrático da sociedade em recebê-la, Bucci (2000, p. 53 e 54) argumenta que:

(...) entre os jornalistas, que representam o direito à informação tal como ele foi gerado, pela modernidade laica, cuja existência não e apoia na fé, mas na razão e, mais ainda, na razão lastreada nos direitos democráticos, a hierarquia funcional não deve se elevar acima da sociedade, e sim, ao contrário, deve estar a serviço dela, subordinada a ela. (BUCCI. 2000, p. 53 e 54)

De acordo com os autores Martini e Pompéo (2012) apud Lafer (1991. p. 201), a tese de representar a democracia e mídia por meio do assunto da política, citando e relacionando a liberdade de imprensa, poder e esfera pública. “Isso por que Lafer (1991, p. 201) já considerava que “o direito à informação é uma liberdade democrática destinada a permitir uma autônoma e igualitária participação dos indivíduos na esfera pública” sintetiza Martini e Pompéo (2012) apud (Lafer, 1991, p. 201).

Segundo Martini e Pompéo (2012), a democracia é fundamental à participação popular e a comunicação social caracteriza uma nova forma de participação, reforçando ideologias democráticas e defesa de direitos e participações da sociedade. “A comunicação social, em sentido latu, concretiza uma nova forma de participação popular, reforçando os ideais democráticos e configurando verdadeira ferramenta de defesa aos direitos e garantias populares”, afirmam Martini e Pompéo (2012).

Kovach e Rosenstiel (2004, p. 68) apresentam a finalidade que o jornalismo e o trabalho do jornalista procuram, que é sempre a verdade. Kovach e Rosenstiel (2004, p. 68) ainda afirmam que é preciso sempre lembrar e enfatizar a importância que o jornalismo possuí dentro de um contexto social, em que “cidadãos e sociedades dependem e precisam, para funcionar, um relato preciso e confiável dos fatos”.

Bond (1962, p. 15) relata que o jornalismo é a verdade dos fatos para a sociedade, “(...) dois conceitos de jornalismo florescem quando há garantias de liberdade, sejam elas merecidas ou não. A primeira filosofia sustenta: Dê ao povo o que ele quer”, e a outra, “Dê ao povo a verdade que ele precisa ter”. Bond (1962, p. 15) afirma que desde sempre a finalidade do jornalismo sempre foi a verdade, sustentada por fatos verdadeiros. Bond (1962, p. 16) já estudava e afirmava a importância da verdade sob uma imprensa livre, sem interesses: “Uma imprensa livre não pode estar sujeita a qualquer pressão, seja ela governamental ou social.”

Logo, Bond (1962, p. 16) estuda a importância da liberdade de imprensa na democracia:

A liberdade da palavra e imprensa não é um fim por si mesma. Ela simplesmente torna o povo capaz de expressar livremente seu pensamento, e faz nascer, de as matrizes de opinião, a melhor decisão possível – ela não é meramente “liberdade de”, mas “liberdade para”. (BOND. 1962, p. 16)

Quando ao estudo de verdade no jornalismo, Kovach e Rosenstiel (2004, p. 66) relaram que parte de jornalistas possuem a dificuldade de entender a lógica da função do jornalismo e:

Outra razão é que os próprios jornalistas nunca tiveram uma noção clara do que querem dizer com a veracidade. Por sua própria natureza, o jornalismo é recreativo e prático, não filosófico ou introspectivo. Não existe muita reflexão escrita dos jornalistas sobre esses assuntos, e o pouco que existe não é lido pela maioria dos profissionais do ramo. (KOVACH; ROSENSTIEL. 2004, p. 66)

Bucci (2000, p. 17 e 18) afirma que o jornalismo produzido como o conhecemos hoje pode ser considerado uma evolução da democracia, pois o jornalismo de hoje é diferente do jornalismo produzido antes dos regimes democráticos, momentos em que havia censura e opressão política e ideológica no país. Quanto ao respeito à liberdade de imprensa,

A liberdade de imprensa é um princípio inegociável, ele existe para beneficiar a sociedade democrática em sua dimensão civil e pública, não como prerrogativa de negócios sem limites na área da mídia e das telecomunicações, em dimensões nacionais e transnacionais. (BUCCI, 2000, p. 12)

7.2. Ética3 como instrumento para o jornalismo

Nas discussões e batalhas sobre a democracia no jornalismo, a Ética, fundamental para o desenvolvimento da imprensa, é deixada de lado por alguns veículos. A objetividade e imparcialidade no jornalismo são objetivos principais da profissão e, deveria ser da empresa. Ouvir mais um lado da história, checar com diversificadas fontes e atender todos as linhas ideológicas para a construção da sua notícia. Segundo a autora Pimentel (2002), sobre a objetividade e imparcialidade esses dois fundamentos são considerados um mito para o jornalismo e para a imprensa. Pimentel (2002) ainda ressalta que, salva-se os jornais ideológicos e partidários no sentido de objetividade e imparcialidade, “a menos, claro, que o jornalista trabalhe para um veículo partidário. Nesse caso, sua função é exatamente a de conquistar o público”, pois o objetivo dessa imprensa é posicionar sua ideologia partidária, de forma esclarecida, para que o leitor, telespectador que possui a mesma posição, “salvo nos jornais de cunho ideológico ou partidário, a imprensa deveria colocar-se numa posição neutra, deixando que os leitores tirassem suas próprias conclusões”. (Pimentel, 2002)

Ética na imprensa é um item estudado em profundidade por Bucci (2000, p. 10) e assegurado pela democracia para a construção do jornalismo que noticia a verdade, sem isenções ou manipulações.

No limiar das democracias modernas, ganhou corpo, legitimidade e lugar social o espírito que ainda hoje anima a imprensa. O jornalismo como o conhecemos, isto é, o jornalismo como instituição da cidadania, e como as democracias procuram preservá-lo, é uma vitória da ética que buscava o bem comum para todos, que almejava a emancipação que pretendia construir a cidadania, que acreditava na verdade e nas leis justas – uma vitória contra a etiqueta4. (BUCCI, 2000, p. 10)

Segundo Pimentel (2002), é difícil que o jornalista não se envolva na produção e posição quando noticiar os fatos, porém, é preciso rigor e, nas palavras da autora, “vestir uma armadura jornalística”. Pimentel (2002) afirma que, em casos de interferências, ou mesmo em casos de política que “os políticos costumam repetir um velho ditado: em política, o que vale é a versão e não os fatos”. Pimentel (2002) apud Dimenstein, (1990, p.25)

A autora conclui que, acaba sendo o leitor o prejudicado, pois “a história é repleta de exemplos de deturpações e os leitores, certamente, é que acabam sendo as maiores vítimas”, Pimentel (2002).

Pimentel (2002) expressa ainda sua tese de objetividade e imparcialidade jornalística em buscar ouvir todos os lados da história, para que o leitor consiga compreender e, a partir de suas próprias conclusões, construir sua ideologia sobre o assunto e tema; e que “na incansável busca da imparcialidade nunca se deve deixar de ouvir os dois lados da história. Só assim, o leitor poderá formar sua própria opinião, o que não acontece com frequência”.

Para Bucci (2000, p. 10), a questão da ética jornalística:

O primeiro é aquele que reclama um limite para o poder dos meios de comunicação. É uma cobrança legitima. Adquirindo um vasto poder sobre a sociedade, os meios de comunicação fizeram de seus proprietários e de seus funcionários figuras arrogantes, que se julgam acima de qualquer limite quase de trata de garantir seus interesses e de se divertir com seus caprichos. Exigir que ajam com responsabilidade social e com consciência, que não abusem do poder de que são investidos, que não se valham dele para destruir reputações e para deformar as instituições democráticas é exigir que o espírito que se encontra na origem do jornalismo não seja corrompido. Os meios de comunicação se edificam como o novo palácio da aristocracia – por isso, mais do que antes, devem ser regidos por uma ética que preserve, acima de tudo, os direitos do cidadão. O segundo tipo de exigência é inepto: pretende apenas resguardar as aparências das boas maneiras. Cultivar a ideia de que os bons modos – e as boas consciências – resolvam por si os impasses que se apresentam é ajudar a tecer a cumplicidade entre o jornalismo e o poder, é reduzir os graves problemas da ética jornalística e dos meios de comunicação a uma questão de etiqueta. Os representantes da mídia devem, sim, ser bem-educados, e muito bem-educados (em todos os sentidos), mas não mais em relação aos poderosos e aos saraus cibernéticos que eles organizam. Devem sê-lo em relação ao público. (BUCCI, 2000, p. 10 e 11)

Em sua tese, Pimentel (2002) posiciona-se e critica jornais e revistas que revelam somente um lado do fato. “Vê-se que, em muitos casos, revistas e jornais retratam somente um lado do fato, entrevistando uma ou duas fontes, no máximo, reproduzindo mentiras em suas páginas”, rompendo a objetividade e imparcialidade jornalística, que compõem o instrumento da ética no jornalismo. Pimentel (2002) complementa que “uma das limitações mais importantes a que o jornalista está sujeito é, sem dúvida, a pauta. Ela condiciona o profissional a abordar o assunto de acordo com o que pareça mais correto para o editor ou para a chefia de redação”. Pimentel (2002) apud Rossi (2000, p. 22) finaliza que “(...) na estrutura extremamente vertical que vigora nas redações, acaba geralmente prevalecendo a opinião dos chefes, em detrimento da visão daquele que realmente acompanha o assunto no local onde ocorre”.

Sobre as reflexões apresentadas por Pimentel (2002), a autora destaca a pergunta “Liberdade de imprensa ou liberdade de empresa?”, e discute de forma crítica os passos em que conteúdos produzidos por jornalistas para grandes e tradicionais mídias passam por um filtro ideológico da empresa, quebrando mais uma vez a ética. Segundo Pimentel (2002), os proprietários dos veículos são livres para compartilharem suas ideologias, porém, jornalistas que trabalham para esses conglomerados, precisam se adequar às ideologias da empresa.

Essa é uma discussão complexa. Os donos dos meios de comunicação são livres para veicularem o que quiserem, mas os jornalistas que trabalham nesses veículos devem se submeter a seus princípios. Os filtros mais importantes pelos quais passa o material produzido pelo repórter são: enfoque da matéria, tamanho (número de linhas), diagramação e, finalmente, o título. Este tem fundamental importância, por ser a primeira coisa que o leitor irá ler. Tudo isto é verificado e autorizado, ou não, por editores e chefes de redação. (PIMENTEL, 2002)

Nas palavras de Bond (1962, p. 19), a imprensa deve ser decente e com esse dever, compreende não apenas a linguagem que o jornalismo usa, pois, a lei isto prevê, mas também a maneira pela qual obtém as notícias. Ainda segundo Bond (1962, p. 19), “há situações na vida humana nas quais nenhum jornal pode, decentemente, justificar uma instrução como já afirmavam os que censuraram o jornalismo”. As críticas realizadas pelo autor, referem-se à exposição de fatos que acabam prejudicando condição da vida.

Pimentel (2002) complementa sua discussão sobre liberdade de imprensa com o cuidado que jornalistas precisam ter com suas fontes. Pimentel (2002) explora que os jornalistas precisam diversificar suas fontes para o cumprimento da ética em reportagens e que, para manter a fonte não é preciso agrada-la, pois, esse “gesto” pode acabar ferindo a verdade e veracidade dos fatos.

A imprensa no país poderia ser melhor se as novas gerações de repórteres se livrassem de um vício muito presente: a suposição de que, para manter uma fonte é preciso agradá-la. Conservar uma fonte não quer dizer que o jornalista deva se curvar a ela. Esse ato pode agredir a verdade, muitas vezes. (PIMENTEL, 2002)

Pimentel (2002) apud Dimenstein (1990, p. 25) ainda argumenta a respeito de fontes, afirmando que “o jornalismo independente e, portanto, com credibilidade, significa atritos com o poder – logo, com as fontes”. Ainda segundo Pimentel (2002), o comprometimento da informação é com o seu leitor/público e não com o dono da empresa e que, dessa forma, a responsabilidade social do jornalista não será afetada.

Fica fácil comprovar, em diversas fases da história brasileira, a atuação da imprensa como peça fundamental na articulação de movimentos políticos e sociais e na defesa de interesses econômicos, partidários ou grupais - que de uma forma ou de outra, acabaram por afetar toda a sociedade. Mas a atividade jornalística de responsabilidade social não deve ser assim. O dever fundamental do jornalista não é para com seu empregador, mas para com a sociedade. É para ela e não para o patrão que o jornalista escreve. (PIMENTEL, 2002)

Conforme consta na obra de Bucci (2000, p. 12) sobre o emprego da ética jornalística, é preciso que mantenha a formalidade, comportamento de ambas partes, o empregado tanto o empregador.

A ética jornalística não se resume a uma normatização do comportamento de repórteres e editores; encarna valores que só fazem sentido se forem seguidos tanto por empregados da mídia como por empregadores – e se tiverem como seus vigilantes os cidadãos do público. (BUCCI, 2000, p. 12)

Ainda nas palavras de Bucci (2000, p. 14), falar em ética jornalística é debater as premissas de ética, jornalismo, cultura, diversidade, pluralidade e etiqueta. Bucci (2000, p. 14) afirma que “antes de discutir as premissas institucionais, é preciso conhecer o modo como a filosofia tem alimentado o debate sobre jornalismo, fornecendo os conceitos da ética aplicada à profissão”. E acrescenta:

No Brasil, porém, onde o problema da concentração de propriedade é relativamente mais acentuado, principalmente nos meios audiovisuais e onde o assunto não é debatido pelos meios de comunicação a não ser em circunstâncias excepcionais, uma discussão sobre imprensa que não queira se contentar com as etiquetas precisa tratar também disso. Pois as premissas que garantem e disciplinam o exercício da liberdade de imprensa não estão dadas entre nós – nem na prática do dia a dia nem no plano de ideias. Falar sobre ética jornalística, portanto, é falar também sobre as premissas institucionais da ética jornalística. (BUCCI, 2000, p. 14)

7.3. Dever do jornalismo

A responsabilidade social é fundamental para o exercício do jornalismo frente a sociedade que recebe as informações. Em diversos segmentos da comunicação social, a responsabilidade social deve estar presente e atuante de forma clara e objetiva na formação de cidadãos e no desenvolvimento da sociedade. Para Bond (1962, p. 17):

Aceitando, como aceita, essas garantias de liberdade, o jornalismo aceita, também, a obrigação de merecê-las. O jornalismo que se respeita, em todas as suas formas, esforça-se constantemente para cumprir essa obrigação – de cumprir com seus deveres para com a sociedade. (BOND, 1962, p. 17)

Para Assis (2014), sobre a responsabilidade social na comunicação e especialmente, no jornalismo, a autora afirma que o profissional jornalista possui o papel de formador e de conscientização da sociedade. Assis (2014) ainda complementa que o jornalista deve ir a fundo na verdade e transmitir as informações de forma clara e objetiva à sociedade.

Na comunicação, especialmente no jornalismo, o profissional tem um papel formador e de conscientização da população. É responsabilidade do jornalista, ir a fundo na verdade e transmitir as informações de maneira clara e objetiva para que todos tomem conhecimento. Utilizando os veículos de comunicação, o jornalista manifesta seu pensamento e seu posicionamento em relação aos fatos, por isso, este profissional deve ser coerente com aquilo que acredita, e acima de tudo, deve ser atento a conduta ética que cercam os profissionais da comunicação. (ASSIS, 2014)

Ainda segundo Assis (2014), a responsabilidade no jornalismo é muito ampla. Para a autora, a sociedade possui o direito de ser informada, e, muito além, deve ser bem informada. A autora ressalta que a informação é um bem precioso na construção da sociedade, bem como para o cidadão.

A responsabilidade do jornalismo frente a sociedade é muito ampla. As pessoas merecem ser informadas, mais que isso, devem ser bem informadas sobre acontecimentos nacionais e internacionais. Informação é um bem precioso que deve contribuir para que as pessoas sejam cada vez mais esclarecidas e motivadas a assumirem seus papéis enquanto cidadãos. (ASSIS, 2014)

Segundo Ijuim (2009), no meio jornalístico, a responsabilidade social parece ser algo sacramentado e que carece de dedicação ainda maior. Ijuim (2009) afirma em seu artigo “A Responsabilidade social do jornalista e o pensamento de Paulo Freire”, que a atividade social que o jornalismo possui, de forma explícita ou implícita, é com a responsabilidade social e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. De acordo com a Associação Brasileira de Jornalismo, a importância do conceito de responsabilidade social empregada ao jornalismo significa:

Informação em jornalismo é compreendida como bem social e não como uma comodidade, o que significa que os jornalistas não estão isentos de responsabilidade em relação à informação transmitida e isso vale não só para aqueles que estão controlando a mídia, mas em última instância para o grande público, incluindo vários interesses sociais. A responsabilidade social do jornalista requer que ele ou ela agirão debaixo de todas as circunstâncias em conformidade com uma consciência ética pessoal. (ABI, Sem data)

Ainda citando Ijuim (2009), o autor menciona em sua tese que outros autores promovem discussões nas quais consideram o jornalismo como uma ação social e o profissional jornalista como um intelectual. Ijuim (2009) estuda ainda que é necessário o raciocínio do jornalista em capturar as notícias, filtrarem e produzirem reportagens com credibilidade e sem viés manipulador, ou seja, sem interesse mercadológico. Porém, Ijuim (2009) menciona que, diante de reflexões de autores e pesquisadores, a “tal reflexão permite-nos inferir que, nessa transição, certos preceitos que nos regem – inclusive o da responsabilidade social – caminham sobre um fio tênue, além de ofuscados pelo brilho e pela pressa das tecnologias de informação”, Ijuim (2009)

Segundo os Princípios Internacionais da Ética profissional no Jornalismo, desenvolvido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em seu Princípio II, o jornalista possui a dedicação na realidade objetiva, que têm como sua principal função de garantir o direito das pessoas à informação verdadeira e autêntica.

A tarefa primeira do jornalista é garantir o direito das pessoas à informação verdadeira e autêntica através de uma dedicação honesta para realidade objetiva por meio de que são informados fatos conscienciosamente no contexto formal deles/delas e mostram as conexões essenciais deles/delas e sem causar distorção, com desenvolvimento devido da capacidade criativa do jornalista, de forma que o público é provido com material adequado para facilitar a formação de um quadro preciso e compreensivo do mundo no qual a origem, a natureza e a essência dos acontecimentos, processos e estados dos casos são tão objetivamente quanto possível compreendidos. (ABI, sem data)

7.4. O direito à informação

No jornalismo, a ética, a responsabilidade social, a pluralidade e a notícia bem apurada fazem parte do dever da profissão. A liberdade de imprensa é essencial no trabalho do jornalista para produção de reportagens que façam a sociedade tornar-se crítica. Segundo Leal e Thomazi (2012), a liberdade de imprensa é considerada um bem para a sociedade, bem antes mesmo de ser um do direito profissional e de empresas ligadas ao ramo. As autoras Leal e Thomazi (2012) ainda expõem que a liberdade de imprensa exige uma mobilização constante diante dos fatos “exige mobilização o constante, vigilância permanente e firme posicionamento diante de fatos que representam ameaça ou que efetivamente a atinjam”. Leal e Thomazi (2012) apud Dallari (2004) afirmam que “assim sendo, a liberdade de pensamento, de opinião e de sentimento faz parte do direito à liberdade, que deve ser assegurado a todos os seres humanos”.

Segundo Bucci (2000, p. 18), a sociedade possui o direito da liberdade de imprensa e da pluralidade de informações, de uma comunicação pública e eficiente. Análises e críticas sobre os temas meios de comunicação, direito, pluralidade de informação e consequências de manipulação de notícias são realizadas por Bucci (2000, p. 18).

A liberdade de imprensa, a propósito, é um princípio assegurado não por eles, jornalistas, mas pela sociedade, que deles precisa para mediar a comunicação pública. Do mesmo modo, está no fundamento da ética jornalística, qualquer que seja a sua acepção, a defesa da liberdade, da verdade, e da vigilância dos atos do governo. De forma que o que pode haver de melhor na imprensa é aquilo que contribua para o aperfeiçoamento dos princípios e dos valores sobre os quais repousa a sua própria liberdade. (BUCCI, 2000, p. 18)

O jornalismo, como as outras profissões, diante do mundo globalizado e da tecnologia se aprimora a cada atualização necessária para suas evoluções. Entretanto, para Kovach e Rosenstiel (2004, p. 40) a internet, meio digital, é o primeiro ambiente no qual a notícia é publicada e o público auxilia o jornalista na missão de reportar ou analisar.

O novo jornalista não decide mais o que o público deve saber. Ele ajuda o público a pôr ordem nas coisas. Isso não significa simplesmente acrescentar interpretação ou análise a uma reportagem. A primeira tarefa dessa mistura de jornalista e “explicador” é checar se a informação é confiável e ordená-la de forma que o leitor possa entende-la. (KOVACH; ROSENSTIEL 2004, p. 40)

Segundo Bond (1962, p. 19), a imprensa tem do dever de ser honesta, pois, o bom caráter não é facilmente adquirido ou mantido sem um grande esforço diário. Em sua obra, Bond (1962, p. 19) estuda o conceito da profissionalização do jornalismo, logo:

Nenhuma atividade está sujeita a tal multiplicidade de contratos com o povo, a tantos problemas variados pedindo decisões imediatas, como o jornalismo. Mas os elementos básicos de caráter, nos veículos jornalísticos, permanecem fixos. São eles honestidade nas notícias e nos assuntos. (BOND, 1962, p. 19)

Entretanto, Bond (1962, p. 19) fixa os objetivos do jornalismo, afirmando que “o jornalismo tem quatro razões de ser fundamentais: informar, interpretar, orientar, entreter”. Bond (1962, p. 20) permite explorar que “difundir notícias é o primeiro objetivo do jornalismo”. Como definiu a Sociedade Americana de Direitos de Jornais: “a função primordial dos jornais é comunicar ao gênero humano o que seus membros fazem, sentem e pensam”. Segundo Bond (1962, p. 21), “a notícia “é a matéria prima da opinião”; a opinião pode ser formulada sem uma única palavra de comentário, pela forma de apresentar a notícia, com destaque ou sem ele”.

Na visão de Kovach e Rosenstiel (2004, p. 49), o jornalismo e sua produtividade no século 21 é cheia de desafios:

(...) reforça a ideia de que o jornalismo deve intensificar as liberdades democráticas, então uma coisa é certa: neste começo do século 21 a profissão terá pela frente a sua maior ameaça da história. Vemos pela primeira vez o surgimento de um jornalismo baseado no mercado, mais e mais divorciado da ideia de responsabilidade cívica. (KOVACH; ROSENSTIEL, 2004, p. 49)

Em sua obra “Notícia: um produto à venda”, Medina (1988, p. 16) estuda e debate a liberdade da informação e o direito à informação. Medina (1988, p. 16) relata e crítica que o direito e a livre informação à sociedade deve ser sem intenções aos burgueses e ao poder. Enquanto Bucci (2000, p. 46) faz críticas atribuídas à ética e jornalismo, dizendo que

Fazer jornalismo sem refletir sobre jornalismo já não basta, Se há razões que explicam a má vontade dos jornalistas quando o assunto é ética da imprensa – razões que podem ser atribuídas à tradição da cultura política no Brasil e à vigência de regimes autoritários -, a persistência da má vontade num ambiente relativamente mais democrático já não aparece como sinal de força, mas enfraquece a imprensa. (BUCCI, 2000, p. 46)

8. MÍDIA TRADICIONAL E O QUARTO PODER

A sociedade precisa ser informada pelo jornalismo de qualidade, sem interferências e interesses voltados a algum tipo de manipulação da notícia e é fato que existem diferenças quando se discute a imprensa independente e mídia tradicional.

Bucci (2000, p. 17) destaca que fazer jornalismo é uma questão social, de cidadania, sem interferências, e buscando sempre a qualidade. Segundo Pinto (2009), as conglomerações midiáticas pelo controle irregular dos proprietários:

A falta de rigor nas legislações foi determinante para ocorrência de conglomerados, já que era permitida a propriedade cruzada, isto é, a possibilidade de que um mesmo grupo empresarial controle jornais, revistas, rádios e de televisão em um mesmo mercado. Assim se formaram os maiores grupos de mídia nacionais e regionais no Brasil, resultando num sistema de midiático concentrado e controlado por um reduzido grupo de empresas. (PINTO, 2009)

Bucci (2009, p. 63) explora o conceito chamado por ele de “lado jornalístico” e ‘lado de negócios” em uma empresa de comunicação. Bucci (2009, p. 63) aponta a diferença e a importância da responsabilidade social na produção jornalística:

Apenas para enfatizar a vantagem operacional do método, talvez seja o caso de detalhar um pouco mais o que significa a ideia de que o lado jornalístico e o lado de negócios numa empresa de comunicação têm clientes distintos. O cliente do jornalismo é o homem comum, cujos direitos o autorizam a receber informações objetivas, apuradas e editadas tendo em vista o seu interesse de cidadão ou de consumidor – e nenhum outro. Já o cliente das equipes que vendem anúncio é outro, e seus interesses também são outros. Enquanto o leitor paga para saber a verdade dos fatos, o anunciante paga para que o leitor acredite naquilo que a ele, anunciante, convém. (BUCCI, 2000, p. 63)

No Brasil existem as grandes mídias de comunicação, seja ela rádio ou televisão, digital ou impressa ou o combo delas que têm como donos poucas famílias, conhecidas tanto no ramo da comunicação e outros.

Como hipótese, sustenta-se que a grande mídia brasileira também está vinculada a laços políticos e não somente a mídia regional, como se costuma pregar. É um vínculo menor, mas não menos prejudicial. Ligação acentuada pelo sistema de radiodifusão do país, das concessões, que acaba refletindo na gestão de outros veículos, pois grande parte dos empresários midiáticos possui outros canais de comunicação. (PINTO, 2009)

Para Pimentel (2002), a expressão de quarto poder da imprensa brasileira:

A imprensa, a que muitos manuais de comunicação se referem como o Quarto Poder, inúmeras vezes não passa de sua serviçal – não do Executivo, Legislativo ou Judiciário, no sentido de vigiá-los, mas sim, a porta-voz oficiosa do empresário, do político ou do grupo econômico. A autonomia que sua condição privilegiada lhe concederia é abafada pelos posicionamentos que lhe são imputados pelos verdadeiros donos do poder. (PIMENTEL, 2002)

Pinto (2009) afirma que, com o quarto poder em exercício na imprensa brasileira, é necessário fortalecer a crítica de leitores:

Desta forma há necessidade de fortalecer a crítica entre os leitores e expectadores da mídia, por meio de mídias alternativas, com olhares que permitam uma reflexão, para imunizá-los quanto à falta de ética dos veículos e ou profissionais a serviço de interesses políticos/eleitoreiros. (PINTO, 2009)

Fonseca (2011) destaca que, na esfera pública, as empresas privadas de comunicação possuem como objetivo o lucro e agem como lógica os seus interesses privados.

Note-se, contudo, que os órgãos da mídia – emissoras de tv, rádios, jornais, revistas, portais – atuantes na esfera pública são em larga medida empresas privadas que, como tal, objetivam o lucro e agem segundo a lógica e os interesses privados dos grupos que representam. Embora a ação da mídia seja complexa, essas características são cruciais para uma definição inicial dessa relação entre agentes privados e esfera pública. (FONSECA, 2011)

Para Brandão e Jardim (2014), a reflexão sobre financiamentos de mídia acontece desde o surgimento da imprensa, “nesse contexto, como podemos observar, a imprensa comporta-se, desde seu surgimento, como ‘aparelho hegemônico do Estado’, atuando como instrumento difusor da ideologia da classe dominante a que ela pertence”.

É uma sociedade fragmentada, relata Abramo (2016) quando menciona o público que é colocado diante uma realidade irreal:

Assim, o público – a sociedade – é cotidiana e sistematicamente colocado diante de uma realidade artificialmente criada pela imprensa e que se contradiz, se contrapõe e frequentemente se superpõe e domina a realidade real que ele vive e conhece. Como o público é fragmentado no leitor ou no telespectador individual, ele só percebe a contradição quando se trata da infinitesimal parcela de realidade da qual ele é protagonista, testemunha ou agente direto, e que, portanto, conhece. A imensa parte da realidade ele a capta por meio da imagem artificial e irreal da realidade criada pela imprensa; essa é, justamente, a parte da realidade que ele não percebe diretamente, mas aprende por conhecimento. (ABRAMO. 2016)

A população não escolarizada e com acesso apenas à televisão é o público cativo que as mídias tradicionais alcançam. É essa grande parcela da população que se informa basicamente por meios tradicionais e não conseguem produzir um pensamento crítico. Segundo Junior (2016), em reportagem à editoria de Economia do jornal “O Estado de São Paulo” em 14 de janeiro de 2016, 98 milhões de pessoas não possuem acesso à internet no Brasil e que o país é o sétimo do mundo com mais pessoas off-line. Junior (2016) complementa ainda que 60 % da população mundial é desconectada.

Segundo Abramo (2016), uma das principais características realizadas no jornalismo de hoje é a manipulação da informação. Abramo (2016) afirma que, na maioria das vezes, quem realiza a manipulação da informação é a grande imprensa, que pretende mostrar uma realidade não-real.

O principal efeito dessa manipulação é que os órgãos de imprensa não refletem a realidade. A maior parte do material que a imprensa oferece ao público tem algum tipo de relação com a realidade. Mas essa relação é indireta. É uma referência indireta à realidade, mas que distorce a realidade. Tudo se passa como se a imprensa se referisse à realidade apenas para apresentar outra realidade, irreal, que é a contrafação da realidade real. É uma realidade artificial, não-real, irreal, criada e desenvolvida pela imprensa e apresentada no lugar da realidade real. A relação que existe entre a imprensa e a realidade é parecida com a que existe entre um espelho deformado e um objeto que ele aparentemente reflete: a imagem do espelho tem algo a ver com o objeto, mas não só não é o objeto como também não é a sua imagem: é a imagem de outro objeto que não corresponde ao objeto real. (ABRAMO, 2016)

“Uma mentira narrada como verdade pelos locutores da Globo não é a mesma coisa que uma mentira publicada num quinzenário de uma pequena cidade”, reflete o autor Bucci (2000, p.31), e isso acontece porque essa população, com pouca informação, acaba considerando os grandes conglomerados midiáticos como donas da verdade e da ética. O resultado dessa reflexão é que essa massa da população acredita friamente nos principais grupos de comunicação brasileira como “donos da verdade” e que levam de forma ética a informação para as suas casas. De acordo com Pinto (2009), o jogo utilizado pelos donos dos conglomerados de mídia, criado por Assis Chateaubriand, pode mover e transformar discursos e ideologias.

O modelo de interferência no jogo político instituído Chateaubriand foi posteriormente seguido por outros atores midiáticos influentes na política brasileira, como Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, que substituíram a supremacia dos Diários Associados a partir do final dos anos 1960 - visto que a mídia além de difundir, tem instrumentos precisos para transformar o discurso político. (PINTO, 2009)

Infelizmente, é a consequência que afetam a eles mesmos. Para Brandão e Jardim (2014), no mestrado intitulado “Breve histórico da imprensa no Brasil: Desde a colonização é tutelada e dependente do Estado”, a burguesia se apropria dos meios de produção desenvolvidos, transforma-se também em dona das novas formas de comunicação de massa, como apontado anteriormente. Segundo Pinto (2009), em artigo sobre grande imprensa e coronelismo eletrônico, a autora analisa um fato em comum em dois jornais que se encaixam no conceito de mídia tradicional. Pinto (2009) apud Lima (2008, p. 27) levanta a discussão de coronelismo eletrônico de mídias tradicionais e afirma que a mídia se tornou algo monótono e reforça a anti-democracia.

Segundo Perry (2012, p. 134), os jornais sempre foram a mais partidária das mídias, não raro pertencendo a pessoas que pretendiam impor seus pontos de vista políticos. O autor afirma ainda que desde os regimes monárquicos até a democracia aberta, como refere, os jornais desempenharam um papel crucial no apoio na rejeição aos políticos eleitos.

Como o primeiro papel de comunicação de massas de imensa influência, constituíram os primeiros campos de batalha para questões de censura moral e política, enfrentando o desafio de equilibrar a independência editorial com considerações de cunho comercial. (PERRY. 2012, p. 134)

Diante de tantas transformações no mundo da industrialização, a grande imprensa também passou por diversas evoluções por conta das novas tecnologias que, com o decorrer do tempo, surgiam com mais fervor na época dos anos 2000. Tudo estava em um processo de modificação e os jornais não podiam parar no tempo ou mesmo estabilizarem da forma que estavam. Era preciso transformações em suas qualidades técnicas. Precisavam fazer o leitor se informar e sobre tudo. Então era preciso investimento e troca de favores (principalmente a manipulação do noticiário jornalístico), por isso pode ser considerada como os conglomerados da grande imprensa. Em “Padrões da manipulação da grande imprensa”, o autor Perseu Abramo (2016) afirma que o jornalismo distorce a realidade publicando uma não-realidade no lugar da realidade, colocando para a sociedade uma realidade artificial criada pela imprensa e que entra em contradição e que a sociedade, ou melhor, o indivíduo consegue compreender a manipulação quando ele é o protagonista dessa realidade.

Sodré (1977, p. 16) interpreta, em “O monopólio da fala”, um dos trechos sobre o dever da imprensa:

A imprensa vem assegurar a transmissão de informações sobre a vida cotidiana, mas também amplia, em novas formas, a centralização do poder e o disciplinamento do cidadão. O leitor de jornal, o público de massa, são categorias (abstrações) produzidas a partir desse poder organizador de linguagem constituído pelo médium, isto é, pela mediação técnica entre falante e ouvinte, informante e informado. É dessa maneira que a imprensa marca o início da moderna disciplina do dialogo pelo Poder. (SODRÉ, 1977, p. 16)

Para Abramo (2016), não são todos os trabalhos jornalísticos que contém manipulação, pois o fenômeno seria auto desmistificador e autodestruidor por si mesmo. Abordados em tópicos, Abramo (2016) estuda as manipulações que acontecem no jornalismo, como padrão de ocultação da informação, fragmentação, inversão (que cabe a vários contextos de inversão da informação), indução e global ou o padrão específico do jornalismo de rádio e televisão.

A manipulação da grande imprensa envolve os interesses comerciais, políticos, imersos em todas as fases da construção da notícia. Não podemos negar que a realidade da mídia tradicional brasileira consegue trabalhar com conteúdos rasos. Segundo os estudos de Bucci (2000, p. 24) sobre a responsabilidade e dever do jornalismo:

Não há como fugir à responsabilidade. O êxito, por si, não torna eticamente aceitável a conduta daquele que age para atingir a um fim. O jornalista não age para obter resultados que não sejam o de bem informar o público; ele não tem autorização ética para perseguir outros fins que não este. Além disso, é cada vez mais chamado a pensar nas consequências do que prática. Ele também não está autorizado a entregar os resultados a Deus ou ao acaso. (BUCCI, 2000, p. 24.)

Segundo Bucci (2000, p. 30), o entendimento de levar a verdade dos fatos:

Ninguém precisa ter frequentado aulas numa faculdade de comunicação social para intuir que ao jornalismo cabe perseguir a verdade dos fatos para bem informar o público, que o jornalismo cumpre uma função social antes de ser um negócio, que a objetividade e o equilíbrio são valores que alicerçam a boa reportagem (BUCCI, 2000, p. 30)

8.1. Imprensa independente

A própria imprensa brasileira teve seu início registrado a partir de um jornal alternativo, fundado por Hipólito José da Costa no ano de 1808, em Londres, chamado “Correio Brasiliense”, com o objetivo de fazer oposição a D. João VI. “O Correio Braziliense era editado e distribuído a partir de Londres, com o objetivo de burlar o forte controle governamental”, complementa Haubrich (2017) em seu artigo. Para Mazetti (2007),

As práticas de mídia alternativa são, costumeiramente, entendidas como ações que visam pluralizar as vozes do debate público, ao oferecer temas, ângulos e até mesmo fatos que são obscurecidos, silenciados quando não distorcidos pelos veículos de comunicação hegemônicos, orientados pelo interesse comercial. (MAZETTI, 2007)

Desde o surgimento da imprensa existem jornais alternativos, os quais fazem contraponto aos veículos chamados de tradicionais. O tratamento dado nas reportagens e trabalhos realizados pela imprensa independente são, geralmente, visões mais aprofundadas ao conteúdo publicado pela mídia tradicional, trazendo perspectivas voltadas a questão social e humana e, geralmente, com profundidade. Alvetti e Barcelos (2006) afirmam que, ao realizar a divulgação de notícias, precisam contemplar a voz das comunidades e dos cidadãos. A mídia independente possui a visão de estar mais próximo da sociedade e de aprofundar seu trabalho em assuntos voltados as classes mais pobres do país.

Para Abramo (2016), o que afeta grande parte o jornalismo é o oficialismo5:

(...) que atinge a grande maioria da atividade jornalística, em que a diversidade e a pluralidade de informações e opiniões deixam de ter o seu espaço na sociedade, ele se transforma em autoritarismo, afirma Perseu em seus textos, com tremenda percepção do que aconteceria nos anos seguintes na imprensa brasileira. (ABRAMO. 2016)

A principal função da mídia independente, de acordo com os entrevistados para esta monografia, é resgatar a considerada falta, pela mídia tradicional, de informar o cidadão e construir uma reflexão para a sociedade. A independência da grande imprensa é impedida por obstáculos comerciais e contratuais. Mazetti (2007) pondera que as mídias alternativas buscam versões hegemônicas e dar voz a opinião pública. “Assim, as práticas de mídia alternativa são majoritariamente articuladas ao modelo da contrainformação, que tem como função desobstruir o acesso à opinião pública para os mais diferentes grupos sociais, políticos, étnicos, religiosos, de gênero e indicação sexual”. Para Evangelista (2008), o meio alternativo foge das mesmices oferecidas pelos meios tradicionais. “Fora do jornalismo tradicional estão surgindo alternativas para fugir da mesma pauta, imposta pelos grandes monopólios midiáticos. As notícias são as mesmas em todos os canais de televisão, no jornalismo impresso e nas estações de rádio”, afirma Evangelista (2008).

As mídias independentes sempre existiram e passaram por diversos períodos desde sua criação. De todos os períodos, podemos concluir que a maioria dos jornais alternativos mantiveram a garra e forças para continuarem existindo e, mesmo com diversas barreiras e intervenções, se mantiveram em pé e seguiram em frente. Haubrich (2017) reflete que a imprensa operária faz parte da mídia alternativa e, desde a segunda metade do século XIX, é considerada um espaço de expressão de ideias das classes populares, as mais atingidas pela mídia tradicional.

Mas com todo empenho em continuar, a mídia independente ganhou um fôlego surpreendente com a ditadura militar de 1964, multiplicando-se por todo país e construindo novas experiências a partir das antigas. Ganharam visibilidade por combater as repressões vividas durante os vinte e um anos de ditadura militar e, geralmente pela luta política progressista, de esquerda. A luta contínua de jornalistas que não concordavam com os fatos da época era abordada e trabalhada pela imprensa alternativa e, como a história do período militar no Brasil nos relata, muitos desses jornalistas e jornais independentes foram censurados, presos, perseguidos e executados. E os fatos vão além das duas esferas apresentadas (jornalistas e empresas independentes), é preciso destacar também que muitos ativistas, lideranças políticas, trabalhadores, pessoas que eram contrárias ao regime ditatorial e diversos outros viveram tempos sombrios dos anos da ditadura brasileira. Segundo Haubrich (2015), a partir da década de 1970, jornais alternativos variavam suas linhas editoriais e políticas, porém, o foco era sempre lutar contra a ditadura e pelo povo trabalhador.

O golpe de 1964 alteraria as correlações políticas e também as práticas da mídia alternativa. A partir do início da década de 1970, jornais como O Pasquim, Opinião, Bondinho e EX compõem uma imprensa alternativa cuja linha política e editorial variava, mas que se colocava sempre na luta contra a Ditadura e sempre pela esquerda. Em Porto Alegre, é justamente entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970 que ascende uma mídia alternativa minimamente encorpada e com a defesa de projetos de país distintos do hegemônico. (HAUBRICH, 2015)

O regime ditatorial brasileiro contra as mídias independentes e jornalistas que eram contrários aos abusos que sofriam, o apoio de mídias tradicionais e de grande circulação e o golpe de 1964 impuseram a censura, que cresceu dentro das redações, fazendo com que uma grande massa de jornalistas perdesse a liberdade de escrita/expressão para os interesses dos conservadores. Segundo Vaucher (2012), em seu estudo sobre jornalismo independente, “a imprensa neste período teve grande importância, um jornal em especial marcou época neste período, nasceu meses após de instaurado um dos atos institucionais mais severos”. Vaucher (2012), que estuda o jornal independente “O Pasquim” em sua tese, argumenta sobre a construção e nascimento do jornal: “Com a proposta de um jornalismo alternativo diferente dos que já existiram, O Pasquim nasceu no momento em que não se imaginaria a criação de um jornal com seu perfil, mas coube a audácia de seus fundadores e colaboradores criarem o jornal que fez história”.

Então, pode-se dizer que, a partir do golpe de 1964, os meios alternativos tiveram um aumento por conta desse fator.

Todos eles, com a honrosa exceção do Última Hora, apoiaram ativamente o golpe de 1964. Até o Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, que no dia 2 ou 3 de abril, já se opunha aos golpistas, antes do golpe fez de tudo para ajudar a derrubar o governo de João Goulart (LUCA; MARTINS. 2008, p. 236)

Após a redemocratização em 1980, os jornais alternativos saíram de cena, deixando a considerada mídia tradicional novamente liderar o noticiário do país, explicam Luca e Martins (2008, p. 236). Porém, reaparecem no novo milênio a partir dos anos 2000, com o surgimento da internet, de acordo com as autoras, e que partir dessa data, começaram a expandir os blogs de centro-esquerda, os blogueiros progressistas. Logo, Haurbrich (2015) reflete:

A chegada e a crescente popularização da internet no Brasil alteraram e seguem alterando o cenário midiático do país. Embora os velhos conglomerados de comunicação sigam dominantes, a dinâmica da internet abre novas perspectivas para a mídia alternativa e para a comunicação como expressão horizontalizada (HAUBRICH. 2015)

Os meios alternativos, mesmo com pouca estrutura, continuam se expandindo pelo reconhecimento que ganham a cada dia pelo trabalho e história que carrega. Com o surgimento da internet e as redes sociais digitais, os informativos alternativos crescem diariamente e consolidam cada vez mais pelo seu público alvo. Segundo Mazetti (2007), podemos encontrar esse modelo que jornais alternativos trabalham, o de contrainformação em diversos campos e meios de comunicação, como:

Pode-se encontrar o modelo de contrainformação na maioria das manifestações identificadas como de mídia alternativa, como em jornais populares, rádios comunitárias, experiências com vídeo e cinema, fanzines e publicações impressas de pequena escala dirigidas e voltadas para grupos subalternos, muitos deles envolvidos em movimentos sociais. (MAZETTI, 2007)

Mazetti (2007) apud Downing (2002, p. 49), em seu artigo sobre mídia alternativa para além da contrainformação, reflete que o autor trata essa mídia em seus estudos de mídia radical6 alternativa, “o modelo de contrainformação, em que a mídia radical toma o papel de “quebrar o silêncio, refutar as mentiras e fornecer as verdades.

8.2. O que são Direitos Humanos

O que realmente são os Direitos Humanos? E no jornalismo, qual a importância em abordar a temática no trabalho jornalístico? Segundo Dornelles (1995, p. 14), as origens mais remotas da fundamentação filosófica dos direitos fundamentais da pessoa humana se encontram nos primórdios da civilização humana. Para Dornelles (1995, p.14), o que importa é que direitos ou valores (dependendo da óptica), considerados fundamentais sofrem uma variação de organização da vida real.

É, portanto, impossível a existência de uma única fundamentação dos direitos humanos. Na verdade, partimos de três grandes concepções para fundamentar filosoficamente os direitos da pessoa humana: a) concepções idealistas, b) concepções positivistas, c) concepções crítico-materialistas. (DORNELLES, 1995, p. 15).

Para Fernandes (2002), o jornalismo possui um campo, como espaço público, de visibilidade ampliada dos discursos da sociedade, especialmente as mudanças de concepções de cidadania e direitos humanos na democracia contemporânea. Para Vivarta (2008), a questão principal a ser respondida é: por que se preocupar tanto com a mídia, tendo como elemento central a construção da notícia? De acordo com a reflexão construída pelo autor, é necessário responder à questão segundo três perspectivas, sendo o primeiro item: a importância do acesso à informação na sociedade contemporânea, a fundamentação que a mídia possui em informar a sociedade. Segundo ponto de relevância levantado por Vivarta (2008) é o fator fundamental que o jornalismo possui em agendar debates políticos. O poder da imprensa em levantar temáticas a serem abordadas e fazer com que tome uma grande proporção perante a sociedade, mesmo não controlando o poder de fazer a sociedade moldar ou não os entendimentos dessa temática, reflete Vivarta (2008). E por último, o mesmo autor levanta o debate do papel fundamental que a imprensa registra, em construir uma agenda para direitos humanos e o poder de exercer o controle social. O autor reforça ainda que, em qualquer democracia, o jornalismo tem o papel fundamental em cobrir a temática da agenda Direitos Humanos e realizar uma cobrança quando nomeada por representação de uma sociedade. Levanta-se aqui, então, a discussão de que, independente de classificação das mídias, todas tratam a temática direitos humanos em seus respectivos trabalhos e editorias, porém, aponto a relevância do papel da imprensa independente no conteúdo produzido e sua editoria exclusiva do tema e a construção do jornalismo para a democracia.

A relevância em pautar direitos humanos no jornalismo para assim construir uma sociedade ainda mais interessada e informada quantos aos seus direitos é de dever do jornalista. Rossi (2000, p. 77), em “O que é jornalismo”, estuda a questão do dever do jornalista dizendo que “o dever fundamental do jornalista não é para com seu empregador, mas para com a sociedade. É para ela e não para o patrão que o jornalista escreve”.

Em “O que são Direitos Humanos”, Dornelles (1995, p. 9) expressa que, quando ouvimos alguém falar em direitos humanos, as ideias que nos vem à cabeça são infinitas, como algumas citadas por ele em seu livro:

Torturas nas delegacias policiais, a pena de morte, a ações dos esquadrões da morte, a devastação da Amazônia, o massacre conta as nações indígenas, o assassinato de Chico Mendes, as condições de vida dos sem-terra, os favelados, os menores abandonados etc. (DORNELLES, 1995, p. 9)

Na relação de violência e direitos humanos, imposta pelas mídias tradicionais, segundo Pequeno (2016), o tema não deve ser perpetrado para o universo como apenas agressão por parte de agentes públicos, órgãos do Estado, instâncias do Poder Político, indivíduo ou grupos isolados. É necessário ressaltar o chamado controle e/ou aniquilação do outro, daquilo que se chama atentado a dignidade humana. Ainda segundo Pequeno (2016), “sabemos que é vasto e rico o manancial donde vicejam as violações dos direitos humanos. Ao lançar nosso olhar sobre o cotidiano, podemos repertoriar um sem-número de atrocidades, massacres e violências inomináveis”.

Apresentado o conceito geral e introdutório de Dornelles (1995, p. 9) sobre as primeiras impressões do que são direitos humanos, o autor se aprofunda nas questões objetivas de todos os direitos que o ser humano possui e tem para desfrutá-los e propõe a análise para entender como surgiu e se desenvolveu o que chamamos de direitos humanos. Dornelles (1995, p. 9) pretende aprofundar e detalhar todos os direitos que o humano possui diante a Constituição de 1988 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Segundo Dornelles (1995, p. 8), o significado quando se pensa em direitos humanos, entende-se que as argumentações compõem para o vocabulário sócio-político e para o autor, significa esperança, ilusões, desilusões, lutas, necessidades básicas e humanidade para muitos e por isso, a importância da Declaração Universal da ONU.

Dornelles (1995, p. 12) sintetiza que os direitos humanos podem ser entendidos de diferentes maneiras, sendo eles provenientes da vontade divina, direitos que já nascem com os indivíduos, direitos emanados do poder do Estado, direitos que são produtos da luta de classes. Segundo Dornelles (1995, p. 12), cada uma dessas concepções apresentadas representa um momento da história do pensamento e das sociedades humanas que constroem um conjunto de argumentos que justifica a cada escolha de argumentos de um elenco de direitos.

Adotado e proclamado em 10 de dezembro de 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é praticada no dia a dia com o objetivo de garantir a vida, integridade física, moral, liberdade, direitos e respeito do ser humano.

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. (DUDH, 1948)

Da Constituição da República Federativa do Brasil, edição de fevereiro de 2018, Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, Art. 5º (p.13), “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, é considerada, dentre outras, a constituição cidadã, aquela que tem foco maior aos direitos humanos fundamentais e sociais.

Ainda, de acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil, edição de fevereiro de 2018, Capítulo II “Dos Direitos Sociais”, Art. 6º (p. 18), “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados”.

O autor Dornelles (1995, p. 9) reflete que o tema se relaciona com muitas variáveis, mas é preciso “começar do começo”, como se expressa em seu livro. Para Dornelles (1995, p. 9), os conceitos de direitos humanos são:

Direito do homem, direitos naturais, direitos humanos, direitos fundamentais, valores superiores, garantias individuais, direitos concretos, liberdades públicas. Como se vê, temos uma grande quantidade de palavras e termos para designar o assunto que pretendemos falar. (DONELLES, 1995, p. 9)

Dornelles (1995, p. 9) ainda afirma que:

Para alguns trata-se de direitos inerentes à vida, à segurança individual, aos bens que preservam a humanidade. Para outros, é a expressão de valores superiores que se encarnam nos homens. Outros, ainda, entendem que são o produto da competência legislativa do Estado ao reconhecer direitos e estabelecer um equilíbrio na sociedade. (DORNELLES, 1995, p. 9)

Filho (2018) menciona a pesquisa divulgada em agosto de 2018, do Pulso Brasil7, do Instituto Ipsos, a relação do brasileiro com direitos humanos. Na reportagem, Filho (2018) relata dados importantes de realizar uma leitura mais aprofundada:

(...) seis em cada dez brasileiros se dizem “a favor” dos direitos humanos. Mas, ao mesmo tempo, 63% dos entrevistados acham que os “direitos humanos defendem mais os bandidos que as vítimas”. A percepção chega a 79% na região Norte do Brasil. E alcança 76% entre as pessoas com ensino superior. Além disso, uma em cada cinco pessoas se declarou contra a própria existência dos direitos humanos. Ainda de acordo com a pesquisa, 43% dos brasileiros evitam falar sobre o assunto com outras pessoas, com medo de serem vistas como alguém que defende bandidos. (FILHO, 2018)

Os dados apresentados na pesquisa do Pulso Brasil revelam que as pessoas ainda não compreendem a importância e significado que os direitos humanos reservam para todos, e não para classes privilegiadas, de acordo com a leitura da reportagem de Filho (2018). Para o pesquisador Filho (2018) apud Cézar Muñoz (2018) da organização Humans Rights Watch8 no Brasil, a promoção dos direitos humanos gerou uma série de avanços na sociedade.

Filho (2018) realiza uma leitura da importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a inspiração do documento em constituições federais:

Embora não seja vinculante, o documento serviu de inspiração para diferentes constituições federais e também embasou reações da comunidade internacional diante de violações de direitos humanos no mundo, como durante a guerra civil que eclodiu na Bósnia e Herzegovina, em 1992, o genocídio étnico ocorrido em Ruanda, em 1994, e os conflitos que assolam o Sudão do Sul, desde 2013, gerando desabrigados, fome e mortes. A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse, no último sábado, que a declaração afirma os valores que devem guiar as democracias. “Vamos nos unir para assegurar que a promessa de paz e justiça apoiada pela democracia seja cumprida”. (FILHO, 2018)

Em reportagem no jornal O Globo, Filho (2018) explica o significado da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

O jurista francês René Cassin não queria proteger um ou outro grupo específico de pessoas quando disse: “Não haverá paz neste planeta enquanto os direitos humanos forem violados em alguma parte do mundo”. Um dos autores do texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, o ganhador do Nobel da Paz de 1968 incluiu todos os Homo sapiens naquela frase célebre. Morto em 1976, aos 88 anos, Cassin seria uma ótima pessoa para invocar diante de compreensões equivocadas sobre a expressão “direitos humanos”, quase 70 anos depois da adoção do texto pela comunidade internacional. (FILHO, 2018)

Na reportagem “Os direitos humanos não são da esquerda ou da direita, são de todos”, de Filho (2018) para o jornal O Globo, o jornalista entrevista Fabio Eon, coordenador do setor de Ciências Naturais e Sociais da Unesco no Brasil, que expressa sobre a onda conservadora que trata direitos humanos como algo politizado. Segundo Filho (2018) apud Fabio Eon (2018),

Existe hoje uma tendência a enxergar direitos humanos como algo ideológico, o que é um equívoco. Os direitos humanos não são algo da esquerda ou da direita. São de todos, independentemente de onde você nasceu ou da sua classe social. É importante enfatizar isso para frear essa onda conservadora — ressalta Eon, que sugere um remédio para o problema: Precisamos promover uma cultura de direitos humanos. É muito bom celebrar o aniversário da declaração. Pouca gente conhece os artigos do texto. O tema poderia, por exemplo, estar dentro das escolas como um assunto transversal. Precisamos romper com esse ranço, essa mentalidade machista e retrógrada que age pela violação dos direitos humanos. (FILHO apud EON, 2018)

Conforme os conceitos e fundamentos apresentados anteriormente por Dornelles (1995, p. 9 e 2005), algumas das principais e relevantes características da importância dos direitos humanos como seus valores, igualdade, ideologias, direitos à informação, comparações e sua essencialidade, diante tempos globalizados.

Para Dornelles (1995, p. 9 e 10) é possível um leque grande de significados e interpretações quanto o tema direitos humanos, entretanto, é preciso dar fundamento e bagagem para o que se diz sobre a temática.

Enfim, é um tema – como também ocorre com a democracia, a liberdade e a justiça – que tem recebido uma série de significados e interpretações as mais contraditórias possíveis. Trata-se, no entanto, de se fazer uma abordagem que não se restrinja a uma abstrata conceituação generalizada, mas que busque dar conteúdos precisos a essa “embalagem” utilizada por todos com “recheios” diferentes. É, portanto, fundamental entender que os direitos humanos, antes de qualquer coisa, apresentam um claro conteúdo político. (DORNELLES. 1995, p. 9 e 10)

9. A EDITORIA DE DIREITOS HUMANOS NA CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA

Neste capítulo, são apresentados os resultados (por meio de argumentos e reflexões) das entrevistas realizadas com jornalistas e profissionais da comunicação, cientistas políticos e pesquisadores da área de direitos humanos. O objetivo foi realçar o relevante espaço que a editoria Direitos Humanos ocupou na construção da democracia e na história do jornalismo. Para Ceravolo (2018), o jornalismo independente preocupa-se em ter condições maiores que o jornalismo tradicional de cobrir direitos humanos, que é um tema que inquieta muitos jornalistas, portanto é uma pauta frequente. Para Henrique (2018), a importância da editoria Direitos Humanos também cabe à luta cotidiana contra preconceitos, que é um obstáculo que só pode ser vencido com informação e conhecimento. Nesse sentido, o papel do jornalista e da editoria de direitos humanos é fundamental.

Em entrevista, Henrique (2018) que é jornalista e cientista político site independente Rede Popular e Independente, veículos que trabalham em suas matérias, artigos e opiniões sobre a temática de direitos humanos, o profissional ressalta a importância de o jornalismo independente tratar de assuntos focados na desigualdade social e as questões de direitos para todos. Henrique (2018) ainda afirma que a razão da editoria Direitos Humanos surgir no jornalismo independente é “porque vivemos uma época de crescimento da intolerância e de reação dos setores conservadores contra avanços de pautas progressistas”. Henrique (2018) expressa também algumas das “categorias” que mais sofrem com a desigualdade, quando a temática, sendo elas as mulheres, negros, indígenas, comunidade LGBT e quilombolas.

Em entrevista, Klein (2018) expressa a importância de a mídia discutir e pautar direitos humanos como temas principais para a construção de uma sociedade cada vez mais democrática. Para Klein (2018), o que importa para a democracia é o bom funcionamento de uma gama de instituições sociais (Estado, Família, Igreja, Escola, Mídia) que compõem a Esfera Pública, de modo a visar garantir direitos humanos, políticos, sociais, civis, fundamentais, cada uma a seu modo. A mídia é um destes dispositivos que deve ser salvaguarda dos direitos humanos, atuando nas estratégias de denúncia, fiscalização do poder público e visibilidade sobre os acontecimentos e fatos sociais.

Klein (2018) ainda ressalta a importância da democracia, reforçada pelo trabalho desenvolvido na imprensa, em que “a democracia requer muita coisa em relação à mídia. Divisão igualitária do espectro eletromagnético (33% público, privado e estatal), desatrelamento da mídia – todas - ao poder político institucional e aos políticos”.

O ponto abordado por Henrique (2018) sobre as “categorias” que sofrem com a desigualdade, relaciona-se com a importância que a jornalista Menezes (2018), do blog Socialista Morena, relata em entrevista concedida em abril de 2018, a respeito de abrir sub-abas9 na editoria Direitos Humanos que trabalha em seu portal. “Futuramente, pretendo abrir sub-abas na editoria: questão indígena, racismo, homofobia, mobilidade urbana. São todos assuntos que não só atraem o interesse do leitor como precisam atrair o interesse do leitor”. Menezes (2018). 

Em entrevista, Marques (2018) afirma que falar de política é falar em direitos humanos. Não há como desassociar uma coisa da outra. Marques (2018) reforça que falar em direitos humanos tornou-se essencial para o jornalismo em tempo de polarização e extremismos.

Para Klein (2018), para além daquele jornalismo de serviço, do tipo contar os carros para noticiar engarrafamento na rodovia no verão ou se vai chover e quando, todas as abordagens perpassam por questões em que se atravessam direitos humanos e direitos fundamentais e direitos sociais.

Cevarolo (2018) afirma que o jornalismo independente tem essa característica de novo, por conta da não pressão do mercado, por não ter preocupação com a correlação do núcleo com a notícia. O jornalista Cevarolo (2018) ainda sintetiza que a relação com a sociedade é muito mais próxima, às vezes até mais difícil que a da grande imprensa. Para Cevarolo (2018), o repórter, às vezes, também é uma das pessoas envolvidas na pauta pessoalmente e isso gera conflitos, mas também gera outras abordagens. Hoje em dia, está em moda o poder e lugar de fala, afirma Cevarolo (2018). É uma questão importante para pensar o jornalismo quando ele se expressa, mas, eu penso muito na ideia da relação participante, que veio da antropologia. “O jornalista também é um participante, então, quando escrevemos, a gente participa do debate, participa da construção social de um problema, de uma solução, da resolução de um conflito de direitos humanos”.

9.1. A cobertura da editoria Direitos Humanos

Na cobertura da editoria de Direitos Humanos, entrevistados relatam que a questão da editoria existir é fundamental na cobertura da temática, porém, as técnicas usadas nas editorias geralmente são as utilizadas em todos os jornalismos. Em entrevista, Castilho (2018) afirma que é preciso falar de editorias específicas e que as editorias servem para organizar melhor o trabalho do jornalista, mas tradicionalmente é utilizada de uma forma não muito pensada, utilizada de uma maneira como os outros jornais mais antigos utilizavam e vai perpetuando determinados vícios, por conta das técnicas.

As prioridades da cobertura da editoria Direitos Humanos, segundo Menezes (2018), são os temas mais urgentes e que a mídia independente acha que a mídia tradicional cobre mal. Menezes ainda cita como exemplos a violência contra jovens negros e o racismo institucionalizado, a violência policial, que também está ligada a isso; interligada com a questão prisional. Para Castilho (2018), o jornalismo de hoje é pouco crítico, extremamente refém das pautas do poder econômico e refém do mercado. Castilho (2018) afirma que o caso no “De Olho nos Ruralistas”, a proposta é de fiscalizar o agronegócio (pautas que estão ligadas aos direitos humanos) pelo singelo fato que a grande imprensa, que não cobre agricultura e pecuária como deveria. Castilho (2018) finaliza dizendo que se a grande imprensa cobrisse como deveria, não haveria nem necessidade de um observatório jornalístico sobre o agronegócio.

Mas, dada a importância da editoria Direitos Humanos no jornalismo como parte da construção de uma sociedade informada, Lopes (2018) afirma que o jornalismo que pauta os direitos humanos é considerado, por ele, uma escola de jornalismo investigativo, que é comprometido com os mais pobres e perseguidos. Ele reforça que, quando cita que considera uma escola de jornalismo investigativo, não é possível fazer relação ou comparar com o investigativo de jornais que pautam e relacionam com a corrupção. Lopes (2018) conclui seu raciocínio neste trecho com o conceito da necessidade de a editoria existir e diz que é necessária para o combate da justiça no país.

Para a jornalista do blog Socialista Morena, Menezes (2018), o conceito sobre a importância da editoria no jornalismo faz relação dos olhares e sensibilidade que o jornalista precisa construir para trabalhar no considerado novo jornalismo: “nossa obrigação como jornalistas é esclarecer os leitores que defender os Direitos Humanos é defender os direitos de toda a sociedade”.

Em entrevista realizada por e-mail em agosto de 2018, Gomes (2018) afirma que direitos humanos sempre foram pautas importantes, pois qualquer jornal é obrigado a discutir o tema, ainda mais forte na atualidade.

Menezes (2018), quando perguntada sobre as características que a editoria traz e revela para o jornalismo, pauta a importância do jornalismo em levar diversos tipos de conhecimentos aos leitores e o seu público-alvo. “Acredito que a principal função social do jornalismo é disseminar conhecimento”.

Para Henrique (2018), do veículo Rede Popular e Independente, as características e importância do jornalismo atribuir a temática direitos humanos em uma editoria exclusiva revela um tema complexo e, no olhar do jornalista e cientista político, diversas realidades voltadas à temática. “É interessante que surjam veículos de comunicação independente que se dediquem exclusivamente a esse tema, porque deste modo pode-se aprofundar mais na temática”.

Em entrevista no mês de abril, o jornalista Lopes (2018), que atualmente está no veículo Brasil 247, expressa o surgimento e as diferenças plausíveis nas abordagens da temática Direitos Humanos nas mídias tradicionais e independentes. Segundo Lopes (2018), a editoria Direitos Humanos surgiu em decorrência aos abusos de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985) no Brasil e que, a fundamentação e importância da editoria é e será a denúncia de tais abusos consequentes. Para Gabriele Roza, em entrevista no mês de abril de 2018, sobre um fundamento essencial quando se trabalha com o jornalismo, diz que “não dá pra fazer jornalismo sem entender e concordar radicalmente com os Direitos Humanos”, Roza (2018).

9.2. A cobertura de Direitos Humanos na mídia tradicional

Esta monografia é baseada no ineditismo da editoria Direitos Humanos, de trabalhar uma temática que sempre foi considerada um diferencial, com certa exclusividade no jornalismo independente. O objetivo é entender o surgimento e a importância de existir a editoria Direitos Humanos, apurar seu surgimento e como é produzida. Na mídia tradicional, a editoria ainda não é executada com exclusividade, e explora a temática Direitos Humanos em editorias como política, economia, violência, cotidiano etc. Diante esse cenário apresentado pelas mídias tradicionais, é preciso apurar o motivo das mídias tradicionais não possuírem a editoria específica. Sobre essa questão, Menezes (2018) argumenta que a mídia tradicional cobre a temática Direitos Humanos e tem bons repórteres dedicados ao assunto, porém, escolhe automaticamente o lado da polícia. Menezes (2018) afirma ainda que a mídia tradicional precisa da manutenção de um status quo10 e que sempre vai escolher essa posição.

Para Klein (2018), uma sociedade ativamente conectada, consciente e ativa no seu papel de comunicar, não apenas ouvir, não apenas receber, mas comunicar socialmente. “E isso presume sair da zona de conforto, observar, analisar, avaliar, checar, tencionar e debater e no Brasil, quem tenta, se dá mal”.

Marques (2018) afirma que a mídia tradicional tem medo de falar e defender direitos humanos e que esta pauta é mais ativa, clara e presente nas mídias independentes. Para Henrique (2018), o jornalismo tradicional limita o jornalista de produzir, pelos seguintes aspectos: a) as influências das amarrações comerciais e políticas; b) as redações padronizadas e hierarquizadas, reduzindo a liberdade de escolha do profissional; c) e o aspecto financeiro.

A mídia tradicional precisa dar lucro em níveis de grandes empresas, afirma Cevarolo (2018), argumentando que as mídias tradicionais vão procurar combinar um baixo custo com alta venda de anúncio, com repercussão social que resulte em mais vendas de anúncios e eventualmente mais leitores, visto que o essencial para as mídias tradicionais é o anúncio.

No entanto, os jornais da mídia tradicional abordam a temática Direitos Humanas em outras editorias. De forma geral, costumam trabalhar o assunto com mais relevância para a violência. Menezes (2018) apresenta mais um ponto de vista quando questionada sobre a mídia tradicional tratar a temática Direitos Humanos como violência e apresenta como exemplo a hipótese de violência em uma manifestação, que acontece em maior volume após momento democrático das grandes manifestações em junho de 201311,

Se há violência numa manifestação, por exemplo, para a grande mídia o que existirá é um "confronto" com a polícia. A mídia comercial escolhe automaticamente o lado da polícia. É uma questão de manutenção do status quo: a mídia comercial sempre estará ao lado do status quo. (MENEZES, 2018)

Para Lopes (2018), a relação que a mídia tradicional impôs para violência e direitos humanos é resultado histórico de ignorar o assunto e que a temática está fora da agenda para se tornar um assunto exclusivo.

10. GRANDE REPORTAGEM

10.1. A editoria de Direitos Humanos no jornalismo

“O jornalismo parte do debate público e se forma como um veículo de ampliar o debate”, afirma Haroldo Caravolo, editor do veículo Opera Mundi quando questionado como o jornalista que cobre Direitos Humanos atua no jornalismo independente. A editoria Direitos Humanos tem a responsabilidade de reunir conteúdos jornalísticos que envolvem, de todas as formas, a discussão de Direitos Humanos. Na entrevista realizada com Cevarolo, o jornalista afirma que é preciso responder a todos os critérios jornalísticos em informar a sociedade e, independente da notícia, o que prevalece é a informação. “Não é porque temos posição que vamos esconder uma informação ou ignorar um fato que desagrada alguém”, afirma Cevarolo.

“Quando criei o novo site, em julho de 2017, achei importante fugir das atuais editorias da imprensa convencional. Acho este modelo cidade-política-economia-cultura muito engessado. Hoje em dia há outros assuntos em que as pessoas estão mais diretamente interessadas, e a área de Direitos Humanos, para mim, é uma delas” conta a jornalista Cynara Menezes que criou o veículo independente Socialista Morena.

Na editoria Direitos Humanos, Cynara aborda temas como assassinatos, ditadura, minorias, LGBT, feminismo e todas as pautas que envolvem a temática. “Futuramente, pretendo abrir sub-abas na editoria: questão indígena, racismo, homofobia, mobilidade urbana... São todos assuntos que não só atraem o interesse do leitor, mas precisam atrair o interesse de todos leitores e não só uma parcela”, complementa a jornalista.

Já para a jornalista Gabriele Roza, a editoria Direitos Humanos não existe e entende que o jornalismo é um serviço público e não um serviço empresarial “Acho que não existe uma editoria direitos humanos. Os Direitos Humanos atravessam a profissão do jornalista”, diz Gabriele. “Liberdade!” é a expressão que marca a entrevista de André Henrique, do veículo Rede Popular e Independente. Quando questionado se existe alguma razão para a editoria Direitos Humanos, Henrique afirma: “Sim, porque vivemos uma época de crescimento da intolerância e de reação dos setores conservadores contra avanços de pautas progressistas, como a extensão de direitos para mulheres, negros, indígenas, comunidade LGBT, quilombolas”. Segundo Cynara Menezes “atualmente tem se disseminado muitos conceitos equivocados sobre o que são Direitos Humanos. Paradoxalmente, pessoas privilegiadas e que já têm seus direitos assegurados conseguiram convencer outras, essas menos privilegiadas, de que defender direitos é defender privilégios. Então, os negros, os pobres, os índios, os LGBTs não estariam tendo seus direitos defendidos e sim tendo mais "privilégios" do que a maioria da população”. A jornalista complementa com o dever do trabalho do jornalista: “Nossa obrigação como jornalistas é esclarecer os leitores que defender os Direitos Humanos é defender os direitos de toda a sociedade. E que não existe essa ideia de que alguns humanos merecem ter direitos e outros, não.”

Como dever do jornalismo, Direitos Humanos se tornou uma pauta essencial, afirma o jornalista George Marques, do veículo independente A República. Marques diz que é preciso discutir mais pautas sociais quando questionado sobre a importância de trabalhar direitos Humanos no Jornalismo. “A fundamentação é o próprio desconhecimento da sociedade sobre o que são Direitos Humanos. Não significa que é para defender bandidos, como candidatos e perfis extremistas tentam vender de forma equivocada”, completa Marques. Gabriele diz que fazer um jornalismo pautado nos direitos humanos é fazer jornalismo olhando para sociedade. “Para mim, trabalhar com jornalismo é quase ser ativista dos direitos humanos”, sintetiza a jornalista.

Cevarolo afirma que quando se tem uma editoria de direitos humanos é possível pautar essas questões todos os dias, em profundidade. O jornalista diz ainda que o jornalismo não é o famoso grande furo. “Jornalismo é um trabalho cotidiano de formiguinha e de construção social. Tudo no jornalismo é uma construção. Então, quando se tem uma editoria de Direitos Humanos ou essa preocupação, se resulta em um jornalismo que cobre melhor a temática”, afirma o jornalista.

Para o jornalista André Henrique “um país com índices gigantescos de violência contra as mulheres, homossexuais e religiões de matriz africana, é preciso mostrar a realidade desses grupos sociais de modo a combater preconceitos e avançar em termos de cidadania por meio de políticas públicas”. Para Henrique, o preconceito é um obstáculo que só pode ser vencido com informação e conhecimento e que o papel do jornalista da editoria de Direitos Humanos é fundamental no jornalismo independente e também no tradicional para construção de uma sociedade mais democrática.

Para o jornalista Mauro Lopes, que atua na imprensa independente desde muito cedo. Diz que foi convidado, aos 16 anos, para fazer parte do jornal “Cobra de Vidro”, direcionado a estudantes de universidades de São Paulo (na capital e interior). Para ele, a editoria Direitos Humanos surgiu na época da Ditadura Militar (1964-1985) e que seu objetivo era denunciar abusos, violações sofridas por muitas pessoas. “Vivemos em um país em que o desrespeito aos direitos é rotineiro”, diz.


Igor Fuser, um dos editores do jornal estudantil “Cobra de Vidro”, em depoimento na Comissão da Verdade na Assembleia Legislativa de São Paulo. Ao lado dele, Maria Amélia Teles, líder feminista, presa e torturada na ditadura, por pertencer ao PC do B. Imagem cedida por: Mauro Lopes.

10.2. A cobertura na mídia tradicional

Lopes afirma que a mídia tradicional ignorou o assunto Direitos Humanos e que, recentemente, a grande mídia só pauta a temática “quando é algo gritante, que choca a sociedade”, como por exemplo, a segurança pública em São Paulo. Mauro diz ainda que se “cobre mal a temática, quando pautadas e definitivamente, Direitos Humanos estão fora dessa agenda”.

A mídia tradicional aborda a temática Direitos Humanos em outras editorias do jornal. Foi realizado um levantamento pelo autor dessa reportagem, em mídias tradicionais que abordam a temática em outras editorias e veículos que tratam de Direitos Humanos com exclusividade. O período das análises foi de 14 de março até 11 de maio de 2018, como mostra o infográfico a seguir:

“Mídia é poder”, afirma o publicitário, pesquisador e criador do veículo independente “Correria”. Lucas deixa clara a importância do trabalho realizado pelas mídias independentes e o seu comprometimento com os Direitos Humanos. “Ou seja, elaboração de espaços de trabalho nos quais sejam possíveis exercer a cidadania, no seu viés crítico e social, através da comunicação. Enxergo, antes de tudo, a comunicação na perspectiva de um direito humano. Um direito humano fundamental e inalienável, tanto quanto o direito à educação, à saúde, à moradia, ao transporte público”, afirma Klein.

Klein faz uma forte crítica à mídia tradicional e menciona créditos a imprensa independente “creio em uma sociedade ativamente conectada, consciente e ativa no seu papel de comunicar. Não apenas ouvir, não apenas receber. Mas comunicar socialmente. E isso presume sair da zona de conforto, observar, analisar, avaliar, checar, tencionar e debater”. O comunicador ainda reforça que no Brasil, quem tenta, se dá mal.

Ana Luísa Gomes, coordenadora da cooperativa OBORÉ, fundada por jornalistas e artistas para colaborar com movimentos sociais, diz que qualquer mídia tem como objetivo o compromisso com a pluralidade de vozes e que a pauta Direitos Humanos sempre fez parte do jornalismo. “Direitos Humanos sempre foi pauta importante e qualquer jornal é obrigado a discutir, é um tema da atualidade”, afirma Ana Luísa.

“O compromisso da imprensa é tratar Direitos Humanos, independente do jornal ou segmento”, diz Ana Luísa Gomes.

11. PAUTAS

RETRANCA: Entrevista com o jornalista Haroldo Cevarolo Sereza.

OBJETIVO: Entrevistar o jornalista que atualmente é editor do veículo Opera Mundi, veículo que aborda a editoria Direitos Humanos como um grande diferencial.

DADOS: Doutor em Literatura Brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo com a tese "O Brasil na Internacional Naturalista - Adequação do método, da forma e da temática naturalistas no romance brasileiro do século 19". Jornalista, graduado pela ECA-USP, atuou como crítico literário e repórter cultural do jornal "O Estado de S.Paulo", foi correspondente em Paris da Folha de S. Paulo, editor da primeira página do portal UOL. Dirige o site Opera Mundi (que possui a editoria Direitos Humanos) desde 2009 e é editor da Alameda Casa Editorial desde 2004. Autor dos livros "Florestan - A inteligência militante" (Boitempo) e "À Espera da Verdade - histórias de civis que fizeram a ditadura militar" (Alameda, 2016) e "Trinta e tantos livros sobre a mesa" (Alameda, 2017). Premiado como editor com o Jabuti de Livro do Ano - 2015, categoria Não-Ficção, com "A Casa da Vovó - Uma biografia do DOI-CODI", de autoria de Marcelo Godoy.

PRODUÇÃO: O contato foi realizado através da página do Opera Mundi no Facebook e posteriormente o convite aceito, as conversas passaram a ser via e-mail e a entrevista foi concedida por áudio.

1 - Qual o interesse pelo jornalismo independente/alternativo?

2 – E como foi o processo de decisão para trabalhar no jornalismo independente/alternativo?

3 - Acredita que existe alguma razão para a editoria Direitos Humanos surgir no jornalismo independente/alternativo?

4 - Existe fundamentação para a editoria Direitos Humanos? E por qual razão ela se tornou fundamental/essencial para o jornalismo?

5- Qual a importância de existir uma editoria de Direitos Humanos na construção da democracia?

6 - Qual a sua visão sobre diversos jornais independentes/alternativos entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos em uma editoria exclusiva? 

7- Como foi a descoberta de novas técnicas para elaboração de pautas, apuração de conteúdos, checagens para fazer com que a sociedade entenda essa importância?

8- Existe enfoque que leva as pautas serem elaboradas? Quais?


9- Compreende-se que existe diferença entre o jornalismo independente/alternativo e a mídia tradicional quando o assunto é Diretos Humanos. Qual sua opinião em relação dessa "diferença"?

10 - Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: A jornalista Cynara Menezes, fundadora do Socialista Morena

OBJETIVO: Socialista Morena, mídia independente que possui a editoria Direitos Humanos como uma das principais.

DADOS: A importância da editoria Direitos Humanos na imprensa independente precisa ser explicada por uma jornalista que atua nesse meio, portanto, Cynara Menezes foi uma das fontes primárias para entrevistadas. Importante resgatar da fonte o momento histórico-político que surgiu a editoria Direitos Humanos na mídia independente. Jornalista brasileira e trabalhou para diversos veículos de comunicação, como Folha de São Paulo, Veja e Carta Capital. Em 2013, Menezes fundou seu próprio veículo “Socialistas Morena” e deu o destaque para a editoria. Por realizar o trabalho jornalístico de forma diferenciada e com relevância, no mesmo ano da fundação do Socialista Morena, ganhou o troféu Mulher Imprensa.

PRODUÇÃO: O contato com a fonte foi realizado através do Facebook. A fonte disponibilizou e-mail para conversas posteriormente e realização da entrevista. Com a disponibilidade de Menezes, foram enviadas as perguntas e o retorno com as respostas chegaram cerca de 10 dias após o envio. A entrevistada dispôs a complementar qualquer resposta, se necessário.

1. Qual o primeiro interesse que teve pelo jornalismo independente?

2. Como foi o processo de decisão para trabalhar no jornalismo independente?

3. Por qual razão a editoria de Direitos Humanos surgiu no jornalismo independente? E qual contexto ela surgiu?

4. Qual a fundamentação da editoria Direitos Humanos?

5. E por qual razão ela se tornou fundamental para o jornalismo?

6. Qual a importância desta editoria para a cidadania e a construção social?

7. Qual sua visão sobre os diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos e até possuir uma editoria exclusiva?

8. Como foi a descoberta de novas técnicas para a elaboração de pautas, apuração de conteúdo e checagens e colocar de forma que a sociedade entenda a importância?

9. Qual enfoque que leva as pautas serem elaboradas?

10. É claro que existe uma diferença entre o independente e a grande mídia quando o assunto é Direitos Humanos. Qual sua opinião em relação de existir essa diferença?

11. Quais abordagens diferentes a editoria trata com o assunto Direitos Humanos fazendo com que ela se diferencie da grande imprensa?

12. Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: Entrevista com o jornalista Mauro Lopes

OBJETIVO: A fonte trabalhou em jornais alternativos e pretende-se resgatar o momento em que a editoria surgiu.

DADOS: O objetivo dessa entrevista é a possibilidade de resgatar em qual momento histórico-político surgiu a editoria Direitos Humanos no jornalismo independente. Lopes é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e tem passagens por mídias alternativas como Jornalistas Livres e Carta Capital. Trabalhou como editor e repórter para o Jornal Folha de São Paulo nos períodos de 1986 a 1991. Hoje gerencia o site Caminhos para Casa e Outras Palavras que aborda a temática Direitos Humanos em grande relevância.
Reforçando ainda que Mauro Lopes, foi diretor da UEE (União Estadual dos Estudantes) e editor do jornal estudantil Cobra de Vidro.

PRODUÇÃO: Contato através da rede social Facebook com o jornalista na data de 1 de março de 2018 e aceitou conceder a entrevista. Entrevista realizada por e-mail e bate-papo do Facebook e coleta de informações ou mesmo complemento das respostas foram feitas durante o mês de abril. O jornalista ainda disponibilizou fotografias próprias para explicar sua época de editor do jornal estudantil Cobra de Vidro.

1. Qual o primeiro interesse que teve pelo jornalismo independente?

2. Como foi o processo de decisão para trabalhar no jornalismo independente?

3. Por qual razão a editoria de Direitos Humanos surgiu no jornalismo independente? E qual contexto ela surgiu?

4. Qual a fundamentação da editoria Direitos Humanos?

5. E por qual razão ela se tornou fundamental para o jornalismo?

6. Qual a importância desta editoria para a cidadania e a construção social?

7. Qual sua visão sobre os diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos e até possuir uma editoria exclusiva?

8. Como foi a descoberta de novas técnicas para a elaboração de pautas, apuração de conteúdo e checagens e colocar de forma que a sociedade entenda a importância?

9. Qual enfoque que leva as pautas serem elaboradas?

10. É claro que existe uma diferença entre o independente e a grande mídia quando o assunto é Direitos Humanos. Qual sua opinião em relação de existir essa diferença?

11. Quais abordagens diferentes a editoria trata com o assunto Direitos Humanos fazendo com que ela se diferencie da grande imprensa?

12. Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: Entrevista com o jornalista George Marques

OBJETIVO: Entrevistar o jornalista que passou por diversos veículos independentes e atualmente é editor do “A República”, veículo que trabalha com a editoria Direitos Humanos com exclusividade.

DADOS: George Marques é formado em Jornalismo e Relações Públicas e também produtor de conteúdo (social media). Especialista em comunicação política no legislativo (Cefor-Câmara) e em assessoria em comunicação pública (Iesb). Foi indicado ao Prêmio de Comunique-se de Jornalismo Político. Influencer – Stilingue (2016), Airfluencers (2017). Se titula como maranhense em Brasília, modo divertido em que se apresenta em seu site de jornalismo independente. Editor do veículo “A República” que possuí a editoria Direitos Humanos como uma das editorias fundamentais. O site foi criado após experiências em redações de veículos importantes de jornalismo, como por exemplo The Intercept Brasil, Marrapá, Metrópoles e então, decidiu ativar em definitivo seu novo modo de trabalho, apurações e comentários sobre política.

PRODUÇÃO: O contato com o jornalista foi realizado pelo Facebook e posteriormente via e-mail. A entrevista foi concedida na data 24 de agosto de 2018.

1- Acredita que existe alguma razão para a editoria Direitos Humanos surgir no jornalismo independente? E qual o momento histórico que a editoria se tornou fundamental? 

2- Existe fundamentação para a editoria Direitos Humanos? E por qual razão ela se tornou essencial para o jornalismo? 

3- Quais características e importância a editoria Direitos Humanos traz e revela para a construção de um jornalismo mais democrático? 

4- Qual a sua visão sobre diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos em uma editoria exclusiva? 

5- Como foi a descoberta de novas técnicas para elaboração de pautas, apuração de conteúdos, checagens?

6- Existe enfoque para que as pautas sejam elaboradas no "A República"? Quais?

7- Compreende-se que existe “diferença” entre o jornalismo independente e a mídia tradicional quando o assunto é Diretos Humanos. Qual sua opinião em relação dessa "diferença"?

8- Por qual razão escolheu o jornalismo independente?

RETRANCA: Entrevista com o publicitário e pesquisador de mídias independentes Lucas Pitta Klein

OBJETIVO: Klein é fundador do Correria, mídia independente que também aborda a temática Direitos Humanos e é pesquisador de mídias independentes. Foco central é abordar diferenças entre mídia independente e tradicional.

DADOS: Formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Klein defendeu sua monografia Webtelejornalismo político no Facebook: a disputa de narrativas sobre o golpe no Brasil em 2016, na Mídia Ninja, Correria e TV Folha, análise minuciosa sobre o período político e midiático brasileiro. No Correria, trata de assuntos de Direitos Humanos e produziu conteúdos para a Rede TVT.

PRODUÇÃO: O primeiro contato com o entrevistado foi realizado pelo Facebook e a entrevista foi concedida via e-mail. O entrevistado trouxe diversas reflexões sobre o tema que auxiliaram na leitura aprofundada sobre mídias alternativas.

1 - Qual o interesse pelo jornalismo independente/alternativo? 

2 – Existe diferença entre o jornalismo independente e jornalismo alternativo? 

3 - Acredita que existe alguma razão para a editoria Direitos Humanos surgir no jornalismo independente/alternativo? 

4 - Existe fundamentação para a editoria Direitos Humanos? E por qual razão ela se tornou fundamental/essencial para o jornalismo? 

5- Qual a importância de existir uma editoria de Direitos Humanos na construção da democracia? 

6 - Qual a sua visão sobre diversos jornais independentes/alternativos entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos em uma editoria exclusiva?  

7- Como foi a descoberta de novas técnicas para elaboração de pautas, apuração de conteúdos, checagens para fazer com que a sociedade entenda essa importância? 

8- Existe enfoque que leva as pautas serem elaboradas? Quais?
9- Compreende-se que existe diferença entre o jornalismo independente/alternativo e a mídia tradicional quando o assunto é Diretos Humanos. Qual sua opinião em relação dessa "diferença"? 

10 - Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: Entrevista com a jornalista Gabriele Roza

OBJETIVO: Gabriele é jornalista, negra e realiza reportagens que envolve Direitos Humanos para Agência Pública. Resgatar como é desenvolver conteúdos da temática Direitos Humanos para um veículo de extrema importância.

DADOS: Gabriele Roza é jornalista pela PUC do Rio de Janeiro, editora na empresa Coletivo Nuvem Negra e atualmente, trabalha na Agência Lupa. Gabriele é militante e não concorda com o jornalismo realizado pelas grandes corporações. Para ela, fazer jornalismo cidadão é quase ser uma ativista de Direitos Humanos. Sua mais recente publicação que gerou muitos compartilhamentos (até pelo fato chocante) foi a crônica sobre o dia da última participação no evento de Mulheres Negras, no qual Marielle Franco, vereadora executada no Rio de Janeiro em 14 de março de 2018, junto com seu motorista Anderson Gomes, esteve presente. Na crônica, Roza desabafa sobre as dificuldades que mulheres negras sofrem quando conquista cargos de poder e que geralmente, não conseguem ir até o fim.

PRODUÇÃO: Foi realizado contato com a fonte através do Facebook em 21/3/2018 e aceito no mesmo dia. Realizado pré-entrevista e disponibilizou o e-mail para realização da entrevista. A entrevista foi realizada em 24 de abril de 2018 e Gabriele está à disposição para quaisquer complementos de respostas.

1. Qual o primeiro interesse que teve pelo jornalismo independente?

2. Como foi o processo de decisão para trabalhar no jornalismo independente?

3. Por qual razão a editoria de Direitos Humanos surgiu no jornalismo independente? E qual contexto ela surgiu?

4. Qual a fundamentação da editoria Direitos Humanos?

5. E por qual razão ela se tornou fundamental para o jornalismo?

6. Qual a importância desta editoria para a cidadania e a construção social?

7. Qual sua visão sobre os diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos e até possuir uma editoria exclusiva?

8. Como foi a descoberta de novas técnicas para a elaboração de pautas, apuração de conteúdo e checagens e colocar de forma que a sociedade entenda a importância?

9. Qual enfoque que leva as pautas serem elaboradas?

10. É claro que existe uma diferença entre o independente e a grande mídia quando o assunto é Direitos Humanos. Qual sua opinião em relação de existir essa diferença?

11. Quais abordagens diferentes a editoria trata com o assunto Direitos Humanos fazendo com que ela se diferencie da grande imprensa?

12. Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: Entrevista com o jornalista Alceu Castilho

OBJETIVO: Resgatar a importância do jornalismo em reportar Direitos Humanos em editoria específica. Ponto importante para abordar com a fonte é a importância que o jornalismo independente possui em tratar em editoria específica Direitos Humanos.

DADOS: Alceu Castilho é jornalista formado pela ECA – Escola de Comunicação e Artes, USP de São Paulo desde 1994. Foi repórter do Estadão nos cadernos de Turismo, Seu Bairro, ZAP! e Cidades entre 1994 e 2001.

Castilho também trabalhou para a revista IstoÉ Dinheiro (repórter de economia e negócios) e para a agência Reuters (editor de geral), em São Paulo. Durante dois anos (2005 a 2007), foi correspondente da Associação Paulista de Jornais (APJ), em Brasília. De 2003 a 2010, trabalhou como editor-executivo da Agência Repórter Social, da qual foi fundador. Reportagens do site e agência de notícias foram publicadas em diversos veículos, como Estadão, Reuters, Diário Popular, Revista do Brasil, Educação, Língua e Foco. Ganhou título de Jornalista Amigo da Criança, oferecido pela Agência de Notícia dos Direitos da Infância (2007), e os prêmios Vladimir Herzog (2004), Andifes (2007), Direitos Humanos de Jornalismo (2004) e Fiat Allis de Jornalismo Econômico (1999).

Foi finalista do Prêmio Esso de 2007, com a reportagem Câmara bilionária, produzido para a Associação Paulista de Jornais. No ano de 2009 lançou o livro Globalização – Novas fronteiras, pela Editora Salesiana.

Desde janeiro de 2010 é jornalista freelancer, especializado na produção e edição de textos para jornais, revistas, sites e outras publicações. Castilho ainda é titulado como Jornalista Amigo da Criança, oferecido pela Agência de Notícias de Direitos da Infância (Andi) em 2007.

Castilho é autor do livro Partido da Terra – como os políticos conquistam o território brasileiro (Editora Contexto, 2012). Além de estudante de Geografia na USP, destaca outras áreas de interesse como literatura (em especial, latino-americana) e cinema (brasileiro e italiano, e em geografia (política, urbana e agrária), história, educação e linguística.
Alceu Castilho é diretor do jornal “De Olho nos Ruralistas” desde o ano de 2016, este que produz reportagens investigativas e aborda temas sociais de grande relevância, como quilombolas, indígenas, trabalho escravo, etc. e ainda possui ativo o “Blog do Alceu Castilho”, no qual publica artigos (em sua maioria, envolve Direitos Humanos).

PRODUÇÃO: O contato com a fonte no dia 13 de maio de 2018 e a mesma respondeu no mesmo dia. O jornalista disponibilizou seu tempo para conceder a entrevista e prefere que seja realizada por áudio. A entrevista será agendada no melhor dia para ambos.

1. Qual o primeiro interesse que teve pelo jornalismo independente?

2. Como foi o processo de decisão para trabalhar no jornalismo independente?

3. Por qual razão a editoria de Direitos Humanos surgiu no jornalismo independente? E qual contexto ela surgiu?

4. Qual a fundamentação da editoria Direitos Humanos?

5. E por qual razão ela se tornou fundamental para o jornalismo?

6. Qual a importância desta editoria para a cidadania e a construção social?

7. Qual sua visão sobre os diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos e até possuir uma editoria exclusiva?

8. Como foi a descoberta de novas técnicas para a elaboração de pautas, apuração de conteúdo e checagens e colocar de forma que a sociedade entenda a importância?

9. Qual enfoque que leva as pautas serem elaboradas?

10. É claro que existe uma diferença entre o independente e a grande mídia quando o assunto é Direitos Humanos. Qual sua opinião em relação de existir essa diferença?

11. Quais abordagens diferentes a editoria trata com o assunto Direitos Humanos fazendo com que ela se diferencie da grande imprensa?

12. Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: Entrevista com a jornalista Ana Luisa Zaniboni Gomes

OBJETIVO: A entrevistada é coordenadora do projeto OBORÉ, jornalista e coordenadora do projeto Intercom. O foco da entrevista é mostrar a importância de pautar Direitos Humanos em todos os meios.

Jornalista profissional diplomada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP, 1986). Possui Especialização em Gestão de Processos Comunicacionais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP, 2002); Mestrado e Doutorado em Ciências da Comunicação pela ECA/USP (2006 e 2014, respectivamente), com pesquisas focadas na área da Comunicação e suas interfaces sociais, especialmente no diálogo com as políticas públicas como Educação, Cultura, Saúde e Direitos Humanos. Desde 1995 dirige a OBORÉ Projetos Especiais, onde responde pela gestão e desenvolvimento de projetos de mobilização e formação através da Comunicação, da Educação e das Artes. Atualmente, é pesquisadora bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutoramento (PNPD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na ECA/USP, e coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e Educação da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom, gestão 2018-2019).

PRODUÇÃO: O contato com a entrevistada foi realizado via e-mail e a entrevista foi realizada por telefone, na data de 28 de agosto de 2018, às 18h30.

1. Qual o primeiro interesse que teve pelo jornalismo independente?

2. Como foi o processo de decisão para trabalhar no jornalismo independente?

3. Por qual razão a editoria de Direitos Humanos surgiu no jornalismo independente? E qual contexto ela surgiu?

4. Qual a fundamentação da editoria Direitos Humanos?

5. E por qual razão ela se tornou fundamental para o jornalismo?

6. Qual a importância desta editoria para a cidadania e a construção social?

7. Qual sua visão sobre os diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos e até possuir uma editoria exclusiva?

8. Como foi a descoberta de novas técnicas para a elaboração de pautas, apuração de conteúdo e checagens e colocar de forma que a sociedade entenda a importância?

9. Qual enfoque que leva as pautas serem elaboradas?

10. É claro que existe uma diferença entre o independente e a grande mídia quando o assunto é Direitos Humanos. Qual sua opinião em relação de existir essa diferença?

11. Quais abordagens diferentes a editoria trata com o assunto Direitos Humanos fazendo com que ela se diferencie da grande imprensa?

12. Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

RETRANCA: Entrevista com o jornalista e cientista político André Henrique

OBJETIVO: André faz parte dos projetos Independente, focado em várias regiões do país e editor do Rede Popular, focado na região metropolitana de Campinas. O jornalista pauta Direitos Humanos nos veículos como fundamentais.

DADOS: Jornalista e formado em ciência política pela UNESP, André Henrique já atuou como docente, assessor parlamentar e consultor político, mas é no jornalismo que o sociólogo (formado pela UNESP/Araraquarta) se realiza profissionalmente, especialmente na editoria de política. Atualmente faz parte do projeto Independente – jornalismo independente e editor do Rede Popular, no qual é publicado conteúdos progressistas e que envolvem Direitos Humanos. Foi repórter em redações, como da RAC/Campinas; direção de jornalismo na rádio Comunicativa FM/Hortolândia.

PRODUÇÃO: Contato realizado via Facebook e posteriormente, formalizado via e-mail. A entrevista também foi concedida via e-mail em 05 de agosto de 2018.

1.  - Qual o interesse pelo jornalismo independente?

2 - Se trabalhar/trabalhou na mídia independente: qual foi o processo de decisão?

3 - Acredita que existe alguma razão para a editoria Direitos Humanos surgir no jornalismo independente? E qual contexto?

4 - Existe fundamentação para a editoria Direitos Humanos? Qual?

5 - E por qual razão ela se tornou fundamental/essencial para o jornalismo?

6 - Qual a importância de existir uma editoria de Direitos Humanos na construção da democracia?

7 - Qual a sua visão sobre diversos jornais independentes entenderem a importância de tratar o assunto Direitos Humanos em uma editoria exclusiva? 

8- Como foi a descoberta de novas técnicas para elaboração de pautas, apuração de conteúdos, checagens para fazer com que a sociedade entenda essa importância?

9 - Existe enfoque que leva as pautas serem elaboradas? Quais?

10 - Compreende-se que existe diferença entre o jornalismo independente e a mídia tradicional quando o assunto é Diretos Humanos. Qual sua opinião em relação dessa "diferença"?

11 - Quais características a editoria Direitos Humanos traz e revela para o jornalismo?

12. MEMORIAL DESCRITIVO

O processo de todo o desenvolvimento do trabalho se iniciou em 2017, no entanto, o recorte do tema e a decisão do produto aconteceu em fevereiro de 2018. O objetivo era tratar do dever fundamental do jornalismo para a construção de uma sociedade mais democrática e consequentemente, mais informada e também, Direitos Humanos. A estrutura do trabalho foi desenhada em 2018, mas a leitura de livros, artigos e sites dos assuntos principais, aconteceram também em 2017. Esse embasamento teórico foi fundamental para o objetivo da monografia e o resultado obtido.

A interpretação dos conteúdos foram fundamentais para escrever os três capítulos que contém na monografia. Foi necessário entender sobre Direitos Humanos, com uma linguagem mais simples, ou seja, que não envolvesse conteúdos jurídicos e termos relacionados ao Direito. Nosso objetivo era mostrar, de forma simples e clara, que todo indivíduo possuí direitos na sociedade, desde o seu nascimento até o direito de se informar, não deixando de fora os direitos fundamentais e sociais. No outro ponto fundamental da monografia, foi necessário realizar a leitura de livros que abordam o dever do jornalismo e a importância dele para a construção sociedade e democracia.

Como abordado no trabalho, também foram levantados artigos que relatam a importância das mídias independentes e tradicionais no jornalismo e a forma como trabalham, não deixando de explorar os conceitos atribuídos a elas quanto ‘verdadeiras e/ou manipuladoras’.

As entrevistas, em sua maioria, foram realizadas via e-mail por conta do produto. Considero um meio interessante para realizações de entrevistas quando é desenvolvido uma monografia, já que é realizado um resgate de conceitos com base em autores. Não descartando as outras possibilidades, foram realizadas entrevistas via áudio de aplicativo de mensagem e também telefonemas. Foram iniciadas em abril e aconteceram até setembro de 2018, em diversos períodos.

Destaco que as entrevistas por telefone foram realizadas com Ana Luísa Gomes, coordenadora da cooperativa de jornalistas e artistas OBORÉ e com o jornalista Alceu Castilho, editor e diretor do site De Olho nos Ruralistas, fundamental na cobertura do agronegócio, que fiscaliza tudo que atinge os direitos do indivíduo, principalmente os direitos humanos, fundamentais e sociais. Na entrevista do Castilho, o ponto marcante deu-se quando relatou a importância da existência de um observatório (no caso dele, do agronegócio) para complementar um trabalho de mídias tradicionais que deixam a desejar sobre o tema, relatou o jornalista por telefone.

Já na entrevista da Ana Luísa, o ponto marcante foi quando mencionou que todos os jornais têm como dever pautar os Direitos Humanos e relatou também que, a temática tem se tornado cada vez mais forte em toda a imprensa depois das grandes manifestações que aconteceram no ano de 2013, em todas as regiões no país.

As visitas em bibliotecas, principalmente da faculdade foram intensas, mais que o comum. Para buscar entender cada vez mais do assunto, foi necessário estudar diversos livros do Jornalismo e Direitos Humanos para realizar um ‘pente fino’ e decidir qual realmente se encaixava com a linguagem e objetivo da monografia. A orientadora Cibele Buoro forneceu também, gentilmente, livros fundamentais para a construção deste produto. Os livros traziam os deveres do jornalismo e todos entram em citações da pesquisa. Fiquei encantando com o livro Introdução do Jornalismo, do autor Fraser Bond e escrito no ano de 1962, que consegui comprar um exemplar de um sebo em São Paulo. Já está mais velho, mas o conteúdo que se encontra ali dentro é valioso. Por isso, foram bastante citadas durante o trabalho principalmente quando o autor discorre sobre a importância do jornalista e da profissão.

Não tirando os créditos e muito menos deixando de lado todos os outros livros, deixo claro também que Ética e Imprensa, de Eugênio Bucci nos anos 2000 foi essencial para ampliar o conhecimento sobre jornalismo e a ética que é necessária para a produção de conteúdos jornalísticos. E claro, a ética do profissional jornalista.

As pesquisas de artigos e matérias jornalísticas que se encaixavam com o tema também tomou conta desses dois anos do processo da monografia. Foram fundamentais artigos que tratam mídias independentes e tradicionais, manipulação da imprensa e o dever do jornalismo. As informações e citações coletadas e que estão inclusas no trabalham fizeram toda a diferença para complemento dos autores dos livros.

Nas produções da monografia, foram essenciais toda as orientações dadas pelos os professores da Unip e principalmente a orientadora Cibele Buoro em relação ao desenvolvimento do projeto. Todas as informações e conselhos foram acatados e trabalhados, com o objetivo de fazer com que o trabalho se torne um referencial.

13. DIÁRIO DE BORDO

Partindo do interesse por Direitos Humanos, jornalismo, abordagem da mídia quanto aos assuntos sociais, a idealização do tema central do trabalho de conclusão começou a ganhar potência no início do ano de 2017 e o autor pretendeu construir um projeto focado em dois nortes, sendo Direitos Humanos e Dever do Jornalismo, para uma grande discussão. Os interesses foram tomando estímulo pelas disciplinas que traziam em pauta esse tema desde o início do curso e a curiosidade em desfrutar, em profundidade, do assunto.

Posteriormente em conversa com o coordenador do curso Roni Muraoka sobre as ideias gerais do tema, o próximo passo foi realizar pesquisas bibliográficas sobre Direitos Humanos, Dever do Jornalismo e principiaram em outubro de 2017 na disciplina Projeto de Pesquisa.

No mês de dezembro de 2017, com a ideia geral mais aprofundada e com mais objetivos específicos adquiridos, iniciaram as investigações e seleções de livros, artigos, TCC produzidos no campo da comunicação e sites que trabalham com os assuntos que pretendo discutir em minha monografia. As escolhas de trechos, através de fichamentos, foram fundamentais para a construção de reflexões sobre os assuntos, expansão do conhecimento, construção do pré-projeto do Trabalho de Conclusão e a maioria deles, foi base referencial para a escrita do produto. No entanto, nesse período de pesquisas, não estava definido orientador e recorte.

Janeiro de 2018 constituiu na continuação de leituras e formação de possíveis recortes sobre as temáticas que pretendia abordar no trabalho. A experiência em explorar o máximo de leituras sobre diversos pontos de vista do tema trouxe a reflexão que existe muito material para ser explorado durante o período da realização do trabalho.

Em fevereiro de 2018, foram definidas as datas para a entrega do primeiro passo do Trabalho de Conclusão e definição do orientador do produto. Posteriormente às escolhas e definições, iniciou-se elaboração do pré-projeto.

Foi decidido que eu faria uma monografia, em conversa com a orientadora Professora. Me. Cibele Buoro, para ser trabalhada da melhor forma e se concretizou. Foram colocadas em pauta todas as ideias definidas em janeiro de 2018, são elas: O que são Direitos Humanos, Jornalismo Independente e Tradicional e o objetivo, a editoria Direitos Humanos. O Objetivo era trazer um material relevante sobre a temática com olhar diferente e então, finalizamos que o recorte e objetivo da monografia foi a editoria Direitos Humanos na imprensa independente. Em pesquisa realizada pelo autor no mês de março, principalmente após o dia 14, data marcada pelo assassinato de Marielle Franco e que todas as mídias começaram a explorar a temática Direitos Humanos, o resultado foram quatro mídias da grande imprensa (O Globo, Folha de São Paulo, G1 e Estadão) trabalharam Direitos Humanos em editorias como política, cotidiano, cidades, educação e economia. Vale ressaltar que as reportagens de cada jornal, do tema Direitos Humanos, são colocadas em uma ou mais editorias, de acordo com a linha ideológica que a empresa segue. Já no jornalismo independente, o assunto é explorado na editoria Direitos Humanos.

Ainda no mês de março de 2018, foi iniciada a busca pelas fontes a serem entrevistas e, também, decidido junto à orientadora, focamos principalmente em jornalistas que trabalham em mídias independentes que possuem, com exclusividade, a editoria Direitos Humanos ou abordam a temática como uma das fundamentais. Foi entrevistada também uma jornalista, pesquisadora e coordenadora de uma cooperativa de jornalistas e artistas, com foco em colaborar em movimentos sociais.

A seguir, breve currículo de cada fonte já decidida até o momento, breve relato dos veículos que fazem ou fizeram parte, como contribuidores da temática Direitos Humanos e formas de contato, data da aceitação da entrevista e dia da entrevista.

Haroldo Severo Cevarolo - Doutor em Literatura Brasileira pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo com a tese "O Brasil na Internacional Naturalista - Adequação do método, da forma e da temática naturalistas no romance brasileiro do século 19". Jornalista, graduado pela ECA-USP, atuou como crítico literário e repórter cultural do jornal "O Estado de S.Paulo", foi correspondente em Paris da Folha de S. Paulo, editor da primeira página do portal UOL. Dirige o site Opera Mundi (que possui a editoria Direitos Humanos) desde 2009 e é editor da Alameda Casa Editorial desde 2004. Autor dos livros "Florestan - A inteligência militante" (Boitempo) e "À Espera da Verdade - histórias de civis que fizeram a ditadura militar" (Alameda, 2016) e "Trinta e tantos livros sobre a mesa" (Alameda, 2017). Premiado como editor com o Jabuti de Livro do Ano - 2015, categoria Não-Ficção, com "A Casa da Vovó - Uma biografia do DOI-CODI", de autoria de Marcelo Godoy.

O contato com a fonte foi realizado por meio do e-mail, na data de 20 de agosto de 2018 e aceitou o convite na mesma data. A entrevista foi realizada por áudio no dia 27 de agosto.

Gabriele Roza – jornalista pela PUC – Rio de Janeiro -, jornalista no site Agência Pública, editora na empresa Coletivo Nuvem Negra e bolsista de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq) do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política. Tem como mais recente trabalho na Agência Pública, a crônica titulada “Dói saber que somos assassinadas quando chegamos lá”.

O contato com a fonte foi realizado através da rede social Facebook, na data 21 de março de 2018 e aceitou o convite na mesma data. No mesmo bate-papo, foi realizado a pré-entrevista e disponibilizado outros meios de contato.

Cynara Menezes – jornalista brasileira e já passou por diversas redações do país, como Folha de São Paulo, Veja e Carta Capital. No ano de 2013, Cynara fundou seu próprio veículo independente, o titulado Socialista Morena e no mesmo ano, foi premiada com o troféu “Mulher Imprensa” em razão do seu trabalho jornalístico.

O contato com a fonte foi realizado através da rede social Facebook e Twitter em 09 de março de 2018. Cynara aceitou o convite pelo Facebook em 12 de março de 2018. No mesmo bate-papo, foi realizado a pré-entrevista e disponibilizado e-mail de contato.

Mauro Lopes – jornalista pela Cásper Líbero e tem passagens pelas mídias alternativas Jornalistas Livres e Carta Capital. No período de 1986 a 1991, foi editor e repórter do Jornal Folha de São Paulo. Atualmente, gerencia o site Caminhos Para Casa e Outras Palavras.

O contato com a fonte foi realizado através do Facebook no dia 1 de março de 2018 e aceitou o convite no mesmo dia. No mesmo bate-papo, foi realizado a pré-entrevista e disponibilizado outros meios de contato.

George Marques – Formado em Jornalismo e Relações Públicas. É produtor de conteúdo (social media). Especialista em comunicação política no legislativo (Cefor-Câmara) e em assessoria em comunicação pública (Iesb). Foi indicado ao Prêmio de Comunique-se de Jornalismo Político. Influencer – Stilingue (2016), Airfluencers (2017). Rondonista, e se titula como maranhense em Brasília, modo divertido em que se apresenta em seu site de jornalismo independente. Editor do veículo “A República” que possuí a editoria Direitos Humanos como uma das fundamentais. O site já foi criado depois de experiências em redações de veículos de jornalismo, como por exemplo The Intercept Brasil, Marrapá, Metrópoles e então, decidiu ativar em definitivo seu novo modo de trabalho, apurações e comentários sobre política.

Foi realizado diversos contatos via rede social Facebook e disponibilizado o e-mail para a entrevista em 22 de agosto e a entrevista concedida em 24 de agosto de 2018.

Lucas Pitta Klein – Formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Klein defendeu sua monografia Webtelejornalismo político no Facebook: a disputa de narrativas sobre o golpe no Brasil em 2016, na Mídia Ninja, Correria e TV Folha, análise minuciosa sobre o período político e midiático brasileiro. No Correria, trata de assuntos de Direitos Humanos e produziu conteúdos para a Rede TVT.

Foi realizado contato via rede social Facebook em 23 de agosto de 2018 e obtive retorno no mesmo dia. No mesmo bate-papo, foi realizado pré-entrevista com a fonte e disponibilizado e-mail para a entrevista.

Ana Luisa Zaniboni Gomes - Jornalista profissional diplomada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP, 1986). Possui Especialização em Gestão de Processos Comunicacionais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP, 2002); Mestrado e Doutorado em Ciências da Comunicação pela ECA/USP (2006 e 2014, respectivamente), com pesquisas focadas na área da Comunicação e suas interfaces sociais, especialmente no diálogo com as políticas públicas como Educação, Cultura, Saúde e Direitos Humanos. Desde 1995 dirige a OBORÉ Projetos Especiais, onde responde pela gestão e desenvolvimento de projetos de mobilização e formação através da Comunicação, da Educação e das Artes. Atualmente, é pesquisadora bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutoramento (PNPD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na ECA/USP, e coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e Educação da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom, gestão 2018-2019).

Foi realizado contato via e-mail em 08 de agosto de 2018 e a entrevista marcada para o dia 18 de agosto. A entrevista foi realizada por telefone.

Alceu Castilho- formou-se em jornalismo pela ECA, USP/SP, em 1994. Foi repórter do Estadão no caderno de Turismo, Seu Bairro, ZAP!, e Cidades entre 1994 a 2001. Também trabalhou para a revista IstoÉ Dinheiro (caderno de economia e negócios e para a agência Routers, em São Paulo.

Foi realizado contato com a fonte via Facebook no dia 13 de maio de 2018 e aceito no mesmo dia. A entrevista foi realizada em 15 de setembro de 2018, por telefone.

André Henrique - Jornalista e formado em ciência política pela UNESP, André Henrique já atuou como docente, assessor parlamentar e consultor político, mas é no jornalismo que o sociólogo (formado pela UNESP/Araraquarta) se realiza profissionalmente, especialmente na editoria de política. Atualmente faz parte do projeto Independente – jornalismo independente e editor do Rede Popular, no qual é publicado conteúdos progressistas e que envolvem Direitos Humanos. Foi repórter em redações, como da RAC/Campinas; direção de jornalismo na rádio Comunicativa FM/Hortolândia.

Foi realizado contato com a fonte via Facebook e pedido oficial via e-mail em 9 de agosto de 2018. A entrevista realizada em 11 de agosto, através do e-mail.

Com a confirmação das fontes, comecei a desenvolver a pauta para aprovação da orientadora. Nas pautas foram desenvolvidos dados significativos a serem explorados durante a entrevista, bem como, as informações obtidas durante as pré-entrevistas.

Em 20 de março de 2018 foram entregues as perguntas das entrevistas para a orientadora analisar e fazer possíveis correções. Juntos, chegamos à conclusão que algumas perguntas seriam fixas e realizadas para todas as fontes e que outras perguntas seriam destinadas a cada uma delas, sem descartar a possibilidade do surgimento de perguntas durante as entrevistas.

Partindo para as correções do pré-projeto realizadas pela orientadora, o resultado obtido é que foi fundamental para o desenvolvimento do recorte e objetivos específicos da monografia. No total, aconteceram quatro correções até a entrega final do pré-projeto, para ser avaliado em nota de NP1. As entregas e devoluções ocorreram durante o final do mês de fevereiro e todo o mês de março. Em todas as correções, foram esmiuçados todos os pontos que era necessário atentar-se que ainda estávamos trabalhando em um pré-projeto e que ali seriam colocadas todas as ideias e propostas a serem construídas no produto.

Durante o percurso das orientações e correções, foram indicados pela orientadora, autores e livros para desenvolver os capítulos da monografia a partir da exigência dos referenciais teóricos e realizar a ligação com fatos que envolvem a temática desenvolvida no trabalho.

A entrega do pré-projeto para avaliação aconteceu no dia 10 de abril de 2018 e ainda, alguns pontos devem ser recolocados.

Posteriormente a entrega, iniciei a escrita do capítulo. O conteúdo desenvolvido carrega como base o autor Eugênio Bucci e sua obra Ética na Imprensa e Alexandre Haubrichi, autor que a partir de artigos, aborda a temática mídia independente, manipulação e ética na imprensa e monopólio da comunicação, consegue contextualizar com clareza a história-política da comunicação no país.

Já na semana de 16 a 22 de abril, foram desenvolvidos trechos da monografia com referências de autores, a visão e o entendimento sobre os assuntos abordados no capítulo. Entretanto, iniciei o desenvolvimento do que se refere.

Na última semana do mês de abril de 2018, foram realizadas entrevistas com Cynara Menezes, Mauro Lopes e Gabriele Roza. A partir dos depoimentos, foi possível encontrar um norte para começar a escrever a grande-reportagem, que iniciei em 30 de abril de 2018 e foquei em encontrar trechos que representam a importância de realizar um trabalho que envolve direitos em geral, Direitos Humanos e dever do jornalismo. Para complementar a reportagem, foi idealizado um infográfico para localizar os jornais independentes que possuem a temática Direitos Humanos como editoria exclusiva.

As pautas dos entrevistados foram construídas na busca pelas fontes e aprimoradas na semana do dia 07 de maio de 2018, completando com informações ainda relevantes, como dados adquiridos durante a pré-entrevista.

Os capítulos construídos durante o segundo semestre do ano de 2018 contaram com as demais entrevistas, referencial teórico sobre Direitos Humanos e momento histórico-político que a editoria surge, pauta e checagens.

Após aprovação na qualificação, por meio da NP2 do primeiro semestre, foi dada a largada para a produção dos capítulos da monografia e realização das entrevistas que estavam pendentes. Já no segundo semestre, as orientações focaram em como desenhar a estrutura da monografia fazendo com que, seguisse uma linha de raciocínio que leva o leitor entender o que é o jornalismo tradicional e independente, o que são direitos humanos e finalizando com um capítulo com os entrevistados sobre o diferencial da editoria Direitos Humanos e a importância do jornalismo pautar esse tema.

Para a entrega da NP1, foram desenvolvidos o primeiro e segundo capítulo da monografia, contando com diversos autores que fizeram o trabalho ser desenvolvido diante suas reflexões. O objetivo foi trazer uma linguagem fácil e que no futuro, o produto fosse um referencial para quem pretendesse estudar o tema. As correções aconteceram em todas as orientações para manter o foco e desenho da estrutura. Com isso, foi preciso também troca de autores, artigos e livros, estes que entravam em termos mais jurídicos, como artigos desenvolvidos pelo autor Dornelles, de 1995, sobre o que são Direitos Humanos no Direito. A troca foi realizada para o livro “O que são Direitos Humanos”, da coleção Primeiros Passos, o qual aborda uma linguagem nada jurídica e interpretativa para quem inicia os estudos sobre a temática. Esse era nosso objetivo.

Com relação aos livros de jornalismo, o marcante foi “A introdução ao Jornalismo”, de Fraser Bond, lançado em 1962. O livro marca os objetivos e deveres do jornalismo.

Logo após a entrega dos dois primeiros capítulos para a primeira avaliação, foi finalizado o terceiro, com falas dos entrevistados mostrando a fundamentação da editoria. O capítulo foi estruturado conforme as perguntas realizadas nas entrevistas, sobre a importância da editoria, o seu surgimento, a cobertura na mídia independente e tradicional.

Com a última leitura da orientadora na semana que antecede o trabalho, a monografia foi enviada para o revisor na data de 30 de outubro de 2018, para ajustes e correções ortográficas. Durante a última semana de desenvolvimento do trabalho, foi complementado este diário de bordo, com todos os acontecimentos no segundo semestre e a finalização do memorial descritivo. A entrega aconteceu no dia 05 de novembro de 2018 e a defesa para a banca no dia 06 de dezembro de 2018.

14. CONCLUSÃO

O jornalismo pode ser considerado um grande fator a favor da construção dos direitos humanos e da democracia, ainda recente no Brasil. O que pode-se concluir a partir da releitura de grandes autores e com as entrevistas realizadas, em sua maioria, com jornalistas que fazem parte do jornalismo independente, é que a luta pelo trabalho de jornalismo humano sempre será fundamental para continuar a luta cotidiana pela conquista dos direitos conquistados até aqui. Conclui-se, também, que tudo no jornalismo é um ato político e essa forma pode ser considerada ativa dentro de cada jornalista que se doa para construção de uma sociedade mais igualitária e sem as suas inúmeras falhas e problemas.

Contudo, essa luta cotidiana afirmada anteriormente é a mais difícil de ser mantida. Ainda mais por jornalistas que seguem sua carreira independente, construindo sua história profissional e pessoal livres, como afirmam alguns dos meus entrevistados. Mas também não se pode afirmar que são todos que conseguem construir a sua história dessa forma. Os jornalistas que passaram pelas grandes redações e veículos de imprensa do país também possuem seus créditos. A partir dessa história construída e contada pelos jornalistas, podemos estudar e interpretar todos os lados, diante ao cenário da imprensa brasileira.

Hoje, temos muitos jornalistas que já passaram pelos grandes veículos de imprensa e que fazem parte do jornalismo independente e relatam suas experiências e aprendizados na profissão e construção da sociedade. Muitos deles são criadores do projeto e assim conseguem expressar ainda mais a simbologia, importância e essência em criar um novo veículo, sem viés e interferências.

A relevância da pluralidade de vozes também é uma parte da grande conclusão deste trabalho. Entender que é preciso ouvir as várias fontes para construir a notícia e conseguir informar a sociedade de forma isenta. A imprensa independente é a que prioriza mais esse ponto, porém, a mídia tradicional também tem seus créditos, pois muitos conteúdos produzidos por esses veículos conseguem abordar a importância da isenção.

Nesta pesquisa, o recorte aconteceu sobre a editoria Direitos Humanos, existente na imprensa independente e como é realizada a cobertura na mídia tradicional. Pode-se concluir que há diferenças em como é realizado o trabalho da temática em diversos veículos (independente e tradicional) e que, por mérito, a imprensa independente consegue aprofundar a temática com fluidez e também com uma visão mais social. Já a mídia tradicional, como conclui este trabalho, não exclui a temática Direitos Humanos da sua pauta, porém, são trabalhadas em outras editorias existentes no veículo. Esse é um ponto que acaba sendo questionado por alguns dos meus entrevistados. Por que trabalhar direitos humanos em uma única editoria? Por que recortar uma temática de extrema importância e pautar somente em uma editoria?

Uma das maneiras do veículo se organizar é por meio das editorias, como menciona Alceu Castilho. A editoria faz parte das técnicas que o jornalismo sempre utilizou. É uma forma de melhorar visualmente e organizar suas reportagens ali produzidas e quando destacadas, de acordo com a sua relevância, ficam visíveis e fixadas no topo da página do veículo na internet. E, para os jornais apresentados nesta pesquisa, a editoria Direitos Humanos é considerada relevante e estão dentre as principais do veículo, mesmo sabendo que tudo que é produzido no jornalismo tem sua ligação com direitos, sejam eles direitos fundamentais, humanos ou sociais.

Por fim, esta monografia foi o resultado de quase dois anos, em dois assuntos principais, o Jornalismo e Direitos Humanos, também em suas relações e importâncias para a construção de uma sociedade mais democrática e humana. Para muitos, é considerado ativismo, já para outros uma luta de um futuro jornalista que pretende buscar sempre o lado bom do ser humano. O estudo proporciona aprendizados e aprofundamentos sobre os deveres fundamentais do jornalismo e a necessidade de discutir direitos humanos na sociedade e mostra, também, que é preciso ser forte, em todas as lutas do dia a dia. Como mencionado durante o trabalho, tudo é um ato político e direitos humanos fazem parte de tudo no jornalismo, então, a luta pelo bem da humanidade através do trabalho jornalístico é além de uma luta profissional, mas também pessoal.

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15.1. Notas

1 DUDH: abreviação de Declaração Universal dos Direitos Humanos

2 As informações e dados das fontes entrevistadas corresponde à pré-entrevista realizada e/ou obtidas das plataformas on-line de currículos.

3 Para o autor Eugênio Bucci (2000, p. 15), o conceito de ética se resume em: “A palavra ética deriva do grego éthos, que, grosso modo, refere-se aos costumes. Numa breve recuperação etimológica do termo, Marilene Chaui, professora de filosofia da Universidade de São Paulo, abre um pouco mais o conceito, de modo a deixar bem clara a dupla face do comportamento ético, uma individual e outra social: “Embora tha ethé e mores signifiquem o mesmo, isto é, costumes e modos de agir de uma sociedade, éthos, no singular, é o caráter ou temperamento individual que deve ser educado para os valores da sociedade e ta ethiké é uma parte da filosofia que se dedica à coisas referentes ao caráter e à conduta dos indivíduos”.

4 Ética ou Etiqueta? É a pergunta que Bucci (2000, p. 9) faz em comparação dos dois conceitos. Neste trecho, fragmentado, Bucci (2000, p. 9) descreve um pouco mais do que se entende entre ética e etiqueta: “A etiqueta é a pequena ética pela qual se estrutura a gramática dos cerimonias. Ela pacifica, erguendo-se pelos gestos que representam, ritualizam e reafirmam as relações sociais e de poder: para o rei, os súditos se curvam; do bispo, beija-se o anel; os talheres, sempre de fora para dentro.”

5 Perseu Abramo, quando refere o termo oficialismo, pretende entender que é necessário o relato da fonte oficial, mas a liberdade de imprensa, ou seja, a pluralidade precisa ser mantida quando se faz jornalismo. “O oficialismo que tomou conta dos meios de comunicação de 1994 para cá reduziu o jornalismo ao procedimento declaratório de um número bem-comportado de fontes “oficiais” e previsíveis, todas naturalmente engajas das no projeto entreguista do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e na economia de mercado, de tal forma que a relação com o autoritarismo não pudesse mais ser ignorada. É claro que o discurso permanente continuou sendo o da liberdade de expressão, o da “isenção” da imprensa e o da “objetividade jornalística”, mas sem espaço nem veículos destoando da lógica do pensamento único. (ABRAMO. 2016)

6 Downing entende por mídia radical não só as atividades que utilizam veículos de comunicação tradicionais (rádio, televisão, mídia impressa, vídeo, internet) como também a arte performática, o grafite, o vestuário, as músicas populares, enfim, uma gama de atividades culturais que abrem possibilidade de experimentação e busca de outras formas de comunicação, conforme Mazetti (2007) apud Downing (2002).

7 O Pulso Brasil é o mais completo monitoramento de indicadores políticos, econômicos e sociais realizado no Brasil. Conduzido mensalmente pela Ipsos Public Affairs no Brasil desde 2005. É especialmente útil para as áreas de planejamento estratégico, imagem corporativa, planejamento econômico e estratégias políticas. Fonte: Ipsos. Disponível em: <https://www.ipsos.com/pt-br/pulso-brasil>

8 A Human Rights Watch é uma organização internacional de direitos humanos, não-governamental, sem fins lucrativos, contando com aproximadamente 400 membros que trabalham em diversas localidades ao redor do mundo. Nossa equipe é composta por profissionais de direitos humanos como advogados, jornalistas e especialistas e acadêmicos de diversas origens e nacionalidades. Fundada em 1978, a Human Rights Watch é reconhecida por investigações aprofundadas sobre violações de direitos humanos, elaboração de relatórios imparciais sobre essas investigações e o uso efetivo dos meios de comunicação para informar e sensibilizar diversos públicos sobre suas causas. Contando com o apoio de organizações locais de direitos humanos, publicamos mais de 100 relatórios e artigos sobre direitos humanos em todo o mundo todo os anos. A partir de casos concretos de violações, a HRW se reúne com governos e organizações internacionais para propor políticas públicas e reformas legais necessárias para proteger direitos e garantir a reparação para vítimas de violações passadas. Fonte: Human Rights Watch. Disponível em: <https://www.hrw.org/pt/sobre-human-rights-watch>

9 A entrevistada se refere em abrir categorias que estão interligadas e inter-relacionadas com a temática Direitos Humanos.

10 O status quo está relacionado ao estado dos fatos, das situações e das coisas, independente do momento. O termo status quo é geralmente acompanhado por outras palavras como manter, defender, mudar e etc.

Neste sentido, quando se diz que “devemos manter o status quo”, significa que a intenção é manter o atual cenário, situação ou condição, por exemplo. Fonte: www.significados.com.br. Disponível em: <https://www.significados.com.br/status-quo/>

11 O mês de junho de 2013 ficará marcado na memória de milhares de brasileiros, período em que as grandes capitais de norte a sul do país foram surpreendidas por manifestações e grandes reivindicações. Tudo começou com o grupo Movimento Passe Livre (MPL) que através das redes sociais conseguiu reunir uma grande massa de jovens estudantes e trabalhadores para irem as ruas protestar contra o aumento das tarifas e exigir qualidade no transporte coletivo. Fonte: Portal Educação. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/manifestacoes-resumo/50906>


Publicado por: Rafael Henrique da Silva

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