Vírus da Gripe - Ortomixovirus influenza

A EVOLUÇÃO CRÔNOLOGICA DO VIRUS DA GRIPE

INTRODUÇÃO

Visíveis apenas ao microscópio eletrônico, os vírus são seres extremamente pequenos. Diferem dos demais seres por não apresentar uma estrutura celular, sendo denominados, portanto de seres acelulares. E em sua constituição, apresentam moléculas de ácidos nucléicos (DNA ou RNA) e proteínas. Fala-se em vírus de DNA e vírus de RNA.

Devido à simplicidade de suas estruturas, são incapazes de se reproduzirem independentemente. Sua reprodução depende da estrutura presente na célula. São, portanto parasitas intracelulares obrigatórios, uma vez instalado na célula comanda seu metabolismo e a mesma passa a produzir novos vírus. Devido a sua ação parasitaria, são causadores de inúmeras doenças que afetam vegetais e animais. (GUANABARA E KOGAN, 2005, pg. 280.)

Diversas formas de vírus são estudados atualmente, para alguns não existe antídoto que combata suas reações no corpo humano, para outros apenas a espera de que a própria defesa do organismo crie anticorpos para combate-las, alem disso os vírus vão se tornando cada vez mais resistentes aos tratamentos indicados por isso a forma mais eficaz ainda é a prevenção. Devido às pequenas mutações periódicas na estrutura do genoma, o vírus Influenza tem capacidade de gerar novas cepas que vão produzir novos casos da doença na população. Este fenômeno é i que explica a ocorrência de surtos ou epidemias, em especial entre idosos. As mutações podem produzir uma cepa completamente nova, à qual toda a população fica suscetível, gerando condições para epidemias em escala internacional – a pandemia. Geralmente, este fenômeno acontece quando uma cepa que originalmente só infecta animais, como aves, atravessa a barreira das espécies, e passa a infectar diretamente os humanos, criando em seguida a capacidade de transmissão entre humanos. No século 20 houve quatro pandemias de influenza. A gripe Espanhola de 1918 teve profundo impacto na mortalidade; a gripe Asiática de 1957-58 matou 1 milhão de pessoas; a gripe de Hong Kong de 1968 fez 700 mil vitimas fatais e a gripe Russa de 1977, considerada “pandemia benigna” pelo baixo impacto na saúde das populações. Uma pandemia hoje se alastraria em quatro dias. O ultimo surto aconteceu em Hong Kong e ficou conhecido como a gripe do franco (porque a combinação genética se deu com a influenza da galinha). A epidemia foi controlada pelas autoridades medicas locais, que isolaram os casos e determinaram a matança de milhares de aves. Mas o saldo de mortos dá uma idéia do pontecial devastador do vírus: das 18 pessoas contaminadas, seis morreram.

(Nada de Pânico. RADIS. São Paulo; Fiocruz, 44, pp 26-27, dez de 2005).

CARACTERISTICAS CLINICAS E EPIDEMIOLÓGICAS

1.1 DEFINICÃO

Influenza (do italiano influenca di friddo, por ser provocada pelo frio do inverno), ou gripe é uma doença infectocontagiosa aguda do sistema respiratório, de natureza viral e de distribuição global que pode ser provocada por um dos três tipos de vírus influenza A, B ou C.

1.2 SINONÍMIA

Gripe, resfriado

1.3 AGENTE ETIOLOGICO

Vírus da influenza, que são compostos de RNA de hélice única, da família dos Ortomixovirus e subdividi-se em 3 tipos: A,B e C, de acordo com sua diversidade antígena. São vírus altamente transmissíveis e mutáveis, sendo que o tipo A é mais mutável que o B e este mais mutável que o C. os tipos A eB causam maior morbidade e mortalidade que o tipo C e, por isto merecem destaque em saúde publica.

1.4 RESERVATÓRIO

Os vírus do tipo B ocorrem exclusivamente em humanos, os do tipo C em humanos e suínos, enquanto os do tipo A em humanos, suínos, cavalos, mamíferos e em aves.

1.5 MODO DE TRANSMISSAO

A transmissão se dá através das vias respiratórias, quando individuos infectados transmitem o vírus a pessoas suscetíveis, ao falar, espirrar e tossir, através de pequenas gotículas de aerossol. Apesar de a transmissão inter-humano ser a mais comum, já foi documentado a transmissão direta do vírus, a partir de aves e suínos para o homem.

1.6 PERIDO DE INCUBAÇÃO

Em geral de 1 a 4 dias.

1.7 PERIODO DE TRANSMISSIBILIDADE

Um individuo infectado pode transmitir o vírus desde 2 dias antes do inicio dos sintomas até 5 dias após o mesmo.

1.8 SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE

A imunidade aos vírus da influenza resulta de infecção natural, ou vacinação anterior com o vírus homologo. Desta maneira, um hospedeiro que tenha tido uma infecção com determinada cepa terá pouca ou nenhuma resistência a uma nova infecção, com a cepa variante do mesmo vírus. Isto explica, em parte, a grande capacidade deste vírus em causar freqüentes epidemias nas populações atingidas. Podemos dizer que a imunidade é tipo (influenza A e B) e subtipo (influenza A) especifica.

1.9 MANIFESTAÇÕES CLINICAS

Clinicamente, a doença inicia-se com a instalação abrupta de febre alta, em geral acima de 38ºC, seguida de mialgia, dor de garganta, prostração, dor de cabaça e tosse seca. A febre é sem duvida o sintoma mais importante e perdura em torno de três dias. Os sintomas sistemáticos são muito intensos nos primeiros dias da doença, com sua progressão, os sintomas respiratórios tornam-se mais evidentes e mantém-se em geral por 3 a 4 dias, após o desaparecimento de febre. É comum a queixa de garganta seca, rouquidão, tosse e queimação retroesternal ao tossir.

As complicações são mais comuns em idosos e indivíduos debilitados. As situações sabidamente de risco, incluem doença crônica pulmonar (Asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Cronica – DPOC) cardiopatias (Insuficiência Cardíaca Crônica), doença metabólica crônica (Diabetes, por exemplo), imunodeficiência ou imunodepressão, gravidez, doença crônica renal e hemoglobinopatias.

As complicações pulmonares mais comuns são as pneumonias bacterianas secundarias, sendo mais freqüentes as provocadas pelos seguintes agentes: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus e Haemophyllus influenzae.

Outras complicações incluem Miosite, Miocardite, Síndrome do Choque Tóxico, Síndrome de Guillan-barré e, mais raramente, Encefalite e Mielite Transversa.

1.10 DIAGNOSTICO DIFERENCIAL

Em geral, incuem-se no diagnostico diferencial da influenza um grande numero de infecções respiratórias agudas de etiologia viral. Dentre essas, destacam-se as provocadas pelo vírus Sincicial Respiratório e pelo Adenovirus. Na influenza os sintomas sistemáticos são mais intensos que nas outras síndromes. Em muitos casos, porem, o diagnostico diferencial apenas pela clinica pode se tornar difícil.

1.11 DIAGNOSTICO LABORATORIAL

Os exames são realizados através de técnicas de imunofluorescência (nos LACEN’s), e através de técnicas de isolamento e cultura nos laboratórios de referencia nacional.

Para obtenção de êxito diagnostico, as amostras clinicas devem ser coletadas até 3 dias do inicio dos sintomas.

1.12 TRATAMENTO

Aos pacientes agudos, recomenda-se repouso e hidratação adequada. Medicações antipiréticas podem ser utilizadas, mas deve-se evitar o uso de Acido Acetil Salicilico nas crianças. No caso de complicações pulmonares severas podem ser necessárias medidas de suporte intensivo.

Atualmente, há duas classes de drogas utilizadas no tratamento especifico da influenza, licenciadas há alguns anos, a Ametadina e a Rimantadina são drogas similares, com 70 a 90% de eficácia da prevenção da doença pelo vírus da influenza. Ressalta-se, porem, que nenhuma destas drogas demonstrou ser eficaz na administração das complicações graves da influenza.

CAPITULO I

A EVOLUÇÃO CRONOLOGICA DO VÍRUS DA GRIPE

A primeira grande epidemia da gripe aconteceu em 1918, a gripe espanhola assolou o planeta, foram 20 milhões de cadáveres em menos de um ano, a epidemia, causada por uma variedade do vírus influenza o mesmo da gripe comum, gerou pânico, rendeu manchetes de jornais no mundo todo, ofuscando de longe os danos causados pela Primeira Guerra Mundial, que terminou naquele mesmo ano deixando um saldo de 8 milhões de mortos. Nunca, antes ou depois, uma doença matou tanta gente em tão pouco tempo.

Essa doença teria sido causada por uma fusão total dos genes do vírus da gripe do porco com os do vírus da gripe humana. Nesse tipo de combinação os genomas se quebram e forma-se um terceiro organismo totalmente misto. Sem pedaços identificáveis e nenhum pesquisador imaginava que esse tipo de fusão fosse possível.

Já se sabia que o vírus da gripe espanhola vinha do porco, dede que uma equipe do Instituto de Patologia das Forças Armadas dos Estados Unidos que estudou tecido preservado de vitimas da epidemia publicou um artigo sobre o assunto na revista americana Science, há nove anos, mas antes, suponha-se que tinha havido apenas uma fusão parcial dos genomas – na qual o vírus resultante apresenta em seu DNA pedaços inteiros dos progenitores. A fusão total é muito mais preocupante porque ela resulta em um organismo contra o qual não há defesa nenhuma e que pode gerar uma variedade imensa de combinações de genes.

Depois de 1918, gripes assassinas aparecerem em 1957, 1968, 1997, felizmente, em nenhuma dessas ocasiões o vírus era tão perigoso e se espalhava ta rápido quanto o do começo do século XX.

Cifras bem mais modestas que as de 1918. o surto famoso teve inicio em março daquele ano num campo militar do Kansas, Estados Unidos. (A doença ganhou o apelido de espanhola porque foi naquele país ibérico que ela se espalhou mais rápido – ou então, simplesmente, porque os americanos são melhores de marketing e não entraram para a historia como deflagradores de uma epidemia) em pouco tempo 700.000 americanos estavam mortos, em maio já havia 8 milhões de pessoas contaminadas em todo mundo, inclusive no Brasil, onde o presidente Rodrigues Alves foi um dos que o influenza acamou.

A gripe asiática de 1957-58 do subtipo de vírus influenza “A (H2N2)”, causou cerca de 70.000 mortes nos Estados Unidos da América (EUA). Identificada primeiro, na China em Fevereiro de 1957, a gripe asiática propagou-se para os EUA, em junho do mesmo ano.

A gripe de Hong Kong de 1968 – 69, subtipo do vírus “A(H3N2)” causou cerca de 34.000 mortes nos EUA. Este vírus foi detectado primeiro em Hong Kong, nos princípios de 1968, e transmitiu-se no mesmo ano para os EUA. Os vírus influenza A (H3N2) encontra-se, até a este momento em circulação. As duas pandemias de 1918 – 19 ainda não está completamente esclarecida embora o mecanismo de variação antigênica tenha ocorrido.

Em varias cidades do mundo, autoridades determinaram toque de recolher para evitar concentração em lugares públicos. A população se trancou em casa, escolas, igrejas, e lojas fecharam as portas. Sem lugar para colocar os corpos, hospitais chegavam a empilhar-los nas ruas (uma cena que lembrava muito a peste medieval) os jornais da época falam da rapidez com que a doença atacava e matava, muitas vezes em menos de uma semana. Os sintomas eram os de uma gripe comum, mas em poucas horas a doentes tinham hemorragias, diarréias e febre alta. A infecção das vias respiratórias criava condições para que outras doenças surgissem, o que apressava a morte. Era assustador, hoje poderia ser ainda mais, com a propagação do vírus favorecida pelas facilidades dos transportes internacionais. Enquanto os cientistas quebram a cabeça para entender como a fusão dos vírus pode ser contida, só nos resta torcer para que ela não aconteça de novo.

Em 1996 o vírus H5N1 de alta patogenicidade foi isolado de um ganso de criação na província de Guangdong, China, em 1997 foram notificados surtos do vírus H5N1 de alta patogenicidade em aves de criatório em fazenda e em mercados de animais de Hong Kong foram notificados infecções em humanos pelo vírus H5N1 em Hong Kong. No total 18 casos (6 fatais) foram notificados na primeira situação conhecida de infecção em humanos por esse vírus.

Veja os sintomas que diferenciam a gripe do resfriado comum, causada por vírus respiratórios diferentes da influenza ou por processo alérgicos:

SINTOMAS DE GRIPE

SINTOMAS DE RESFRIADO COMUM

Inicio súbito

Inicio gradual

Febre elevada e persistente

Febre ausente ou baixa

Tosse seca

Tosse produtiva

Dor de cabeça (cefaléia)

Ausência de dor de cabeça

Dor muscular (miaugia)

Ausência de dor muscular

Dor de garganta

Dor de garganta

Ausência de congestão nasal

Congestão nasal e corisa

Fadiga e mal-estar

Fadiga e mal-estar

Recuperação lenta, comumente em 1 ou 2 semanas

Recuperação rápida, comumente em alguns dias



O DESENVOLVIMENTO DA VACINA NO BRASIL

Perguntado a respeito do desenvolvimento da vacina para a variação do influenza H5N1 no Brasil o bioquímico Isaias Raw, presidente da Fundação Butantã e professor emérito da USP. Ele respondeu que a OMS decidiu ha não esperar pelas mutações da cepa diante do risco real de uma pandemia (em fevereiro a gripe aviária chegou ao Iraque e a Nigéria).

“Se esperar demais acaba como em 1914, encomendando caixa, disse o pesquisador fazendo referencia a mortalidade provocada pela gripe espanhola” “é claro que o vírus vai sofrer mais mutações, mas é possível estabelecer uma arvore de seqüências prováveis” afirmou. “a própria vacina anual da gripe tem três seqüências de vírus”.

Agraciado com a Grã-cruz do Mérito Cientifico, concedida pela Presidência da Republica o Drº Raw anda irritado com a desinformação generalizada sobre o vírus da influenza aviaria – na imprensa e até entre pesquisadores. Ele rebate o temor de que a manipulação das cepas dê inicio à epidemia:

"Ora, o vírus vem atenuando, geneticamente “desarmado” antes de ser enviado aos institutos de pesquisa, e mais telefonam pra mim dizendo que querem seqüênciar o DNA do vírus, mas se as cepas já vêm seqüenciadas...! O Brasil é o primeiro país do hemisfério sul a fabricar a vacina e o Butantã quer produzir um estoque mínimo ainda em 2006 para o caso de algum foco da gripe ser detectado no país. Porque os grandes produtores internacionais de vacinação não vão nos ajudar, afirma: faltou vacina contra a gripe comum até nos estados unidos, com a interdição de duas fabricas britânicas. O que a pandemia expôs foi a dependência e a vulnerabilidade de um pais como o Brasil.” Ele contou que em 1984 em uma reunião em Kyoto um representante da industria farmacêutica japonesa o perguntou: “porque um pais de terceiro mundo deveria se preocupar em produzir vacinas?” E ele respondeu lembrando que no mesmo local, décadas antes o secretario de Estado Foster Dulles perguntara por que o Japão produziria automóveis se a industria americana poderia fornece-los melhores e mais baratos”.

Dr. Isaac Raw, em entrevista a Revista Radis, 2006.

Aos 78 anos, o professor defende com ardor a independência brasileira em vacinas.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

AMABIS, e Martho, Fundamentos da Biologia Moderna: 1ª ed. São Paulo: Moderna, 1997.

Nada de Pânico. RADIS. São Paulo; Fiocruz, 44, pp 26-27, dez de 2005.

O vírus da Gripe, DISCUTINDO CIÊNCIA. São Paulo: Escola Educacional, nº 6, pp 48-53, ano 01/2005.

GUANABARA E KOGAN, Microbiologia: 3ª ed, São Paulo: pp. 280, 2005.


Publicado por: CLAUDEMIR PEDRO GOMES

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