Corpo Humano: investigando sentidos, potências e limites em sala de aula

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1. RESUMO

Esta pesquisa objetivou estudar e analisar, a possibilidade de uma temática transversal sobre o corpo humano mobilizar licenciados de Ciências Biológicas da Universidade Federal Fluminense. Corpo humano, no trabalho é apresentado atrelado à saúde, sociedade e cultura. Para tal, nos propomos a ouvir e registrar o que os alunos escreveram e dialogaram durante duas oficinas. As mesmas foram realizadas com a exibição de um material didático, o corpo humano em caixas, (produzido em 2015), um vídeo, e roteiros de análises dos mesmos. Após obtermos a escrita e os discursos dos graduandos, os correlacionamos aos referenciais bibliográficos estudados e apontados ao longo do texto. Nosso material de análise é decorrente da escrita dos alunos, que foi registrada por meios dos roteiros preenchidos nas oficinas, e a transcrição dos áudios gravados em paralelo a realização da mesma. A utilização desses materiais para analise foi permitida pelos participantes por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido. Análises fizeram com que nos deparássemos com preocupações, opiniões, experiências, percepções, e sugestões de diversos assuntos atrelados ao corpo humano e ao seu ensino, nas aulas de ciências e biologia. Desde apontamentos sobre que os futuros professores consideram importantes de ensinar em Ciências e Biologia, partindo de quatro categorias expostas: o Meio ambiente e os animais humanos e não humanos, Respostas aos preconceitos, Direitos humanos, Gênero e Sexualidade. Que foram apresentados aos alunos com ênfase nas questões de gênero e sexualidade. Graduandos comentaram sobre os assuntos, os atrelados a que temáticas gostariam de ensinar, como fariam e o que pensam sobre, conforme lhes foi solicitado nos roteiros.

Palavras-chaves: corpo humano, identidades, formação de professores, cidadania.

ABSTRACT

This research aimed to study and analyze the possibility of a cross-cutting theme on the human body mobilize graduates of biological sciences of the Universidade Federal Fluminense. Human body at work are coupled to health, society and culture. To this end, we propose to hear and record what students wrote and discussed during two workshops. They were carried out with the display of a didactic material, the human body in boxes, (produced in 2015), a video, and scripts of analyses. After we get the writing and speeches of graduating, we have correlated to the bibliographic references and singled out in the text. Our material analysis is due to the students ' writing, which was recorded by means of the roadmaps completed in the workshops, and the transcription of the audio recorded in parallel to the implementation of the same. The use of these materials for review was allowed by the participants through an informed consent form. Analyses have made us arrive with concerns, opinions, experiences, insights, and suggestions of various subjects linked to human body and to your teaching, science and biology classes. Since notes on that future teachers consider important teaching in science and biology, from four categories exposed: the environment and the human and non-human animals, responses to prejudice, human rights, gender, and sexuality. That were presented to students with an emphasis on issues of gender and sexuality. Students commented on the issues, the underlying theme that would like to teach, how would they do and what they think about, as was requested in the scripts

Keywords: human body, identities, teacher training, citizenship.

2. INTRODUÇÃO

Jorge Larrosa (2014) nos lembra de que a educação foi "pensada, basicamente, a partir de dois pontos de vista: o do par ciência/tecnologia e do par teórico/prática.” Partindo disto, nos lança o convite de pensar a educação não pelo discurso de ciência aplicada, nem como práxis reflexiva. Seguindo esse pedido, para então explorar possibilidades e pensar a educação de outras formas, me desafiei a tentar transformar uma pesquisa iniciada em 2014[1], em uma experiência continuada formativa e ainda mais produtiva. Os caminhos e as discussões produzidas a partir dessa escolha é o que se apresentará nesse trabalho, por meio das análises e dos dados obtidos em oficinas com alunos de licenciatura do curso de Ciências Biológicas, da Universidade Federal Fluminense.

No início do projeto desenvolvido em 2014, fui mobilizada pelo interesse em entender as diferentes abordagens através das quais o corpo humano é tratado na comunidade de Pesquisa em Educação em Ciências. Esse interesse, enquanto o levantamento bibliográfico foi sendo realizado suscitando diversas inquietações e problematizações acerca do ensino. Essa investigação ocorreu em seis periódicos brasileiros da área, no período de 1996 a 2014 que “tratavam” do ensino do Corpo Humano atrelado à saúde, cultura e sociedade, tendo permitido a organização de um mapeamento dessa temática e de suas abordagens[2]. Após essa primeira etapa do trabalho, os resultados encontrados foram colocados em diálogo com a Formação docente, por meio de um material didático que visava mobilizar esses temas envolvendo o corpo humano no ensino de Ciências e Biologia[3].

Para essa monografia, retomamos o material didático, o corpo humano em caixas, produzido em 2015, no contexto do projeto de pesquisa aqui já mencionado, reorganizando o mesmo, pensando agora em apresentá-lo aos alunos de Licenciatura em Biologia na forma de oficinas. A ideia é olhar como os futuros professores de Biologia pensam que deve ser tratado o corpo humano em sala de aula. Ao mesmo tempo investigar de que modo os materiais escolhidos e potencializados para serem apresentados nessas oficinas permitem outras reflexões, discussões e desafios em relação ao trabalho com o corpo humano na escola. Cabe destacar que os alunos foram apresentados ao material, após ele ter sido reconfigurado para a o ensino superior, já que, num primeiro momento, ele foi gerado para ser utilizado com o ensino médio.

Nesses encontros com os licenciandos e licenciandas, esperamos também poder observar como a experiência se faz presente, nessa temática do corpo na formação de professores. Assim, a experiência nesse espaço-tempo definido da oficina, acontece através das trocas entre o material didático produzido e as histórias dos alunos e das alunas participantes desse momento, sendo o mesmo, e o que nele é narrado e produzido, o próprio campo de investigação. É nesse espaço-tempo que se questiona se outras histórias sobre corpo, sobre ciência, sobre formação, sobre conteúdos curriculares podem ser colocados em movimento. Como essa experiência de encontro, destacando a 'natureza' imagética e provocativa dos materiais, reverbera na formação dos futuros professores?

Meu interesse pelas questões referentes a essa temática do corpo humano, partiu a principio, da questão levantada por Sílvia L. F. Trivelato (2005) sobre qual corpo humano estaria representado no ensino da Biologia. A autora comenta que inicialmente a resposta a guiou por dois caminhos: os momentos histórico-curriculares em que os temas sobre o corpo humano eram propostos, e um outro momento em que ela passa a investigar como esse currículo, especialmente no que diz respeito à temática corpo humano, afeta aos alunos. Ou seja, não mais só o corpo, em sua dimensão biológica, mas também o ser passa a contar. A autora evidência que de forma geral, quando pensamos em como o corpo “caberia” no ensino, constatamos que, na maioria das vezes, ele entra aos pedaços.

Vale ressaltar que não pretendemos fazer um levantamento histórico sobre a representação do corpo na disciplina biologia, ou curricular. Nossa escolha é enfocar os estudantes e suas representações de corpo.  Queremos olhar, no trabalho sobre o corpo, quais discursos circulam sobre saúde, sexualidade, gênero, beleza, boa forma, juventude, etc. no ensino do corpo humano. E também, através dos materiais disponibilizados pensar como podemos colocar tais significados em discussão.

Acabamos por partir também dos esforços para um ensino do corpo mais articulado, que mostrariam a integração do organismo (Trivelato, 2005). Essa integração remete ao fato de que ensinar sobre o corpo e Biologia é também mostrar compreensões e definições sobre a própria vida. E justamente em relação à vida, Larrosa (2015) aponta a experiência como resultado dos próprios atravessamentos que nos passam, que nos marcam, que nos formam sujeitos.

Nesse sentido, em uma aula de ciências e de biologia, esses atravessamentos são possibilidades de que a vida e o corpo possam estar mais presentes e serem mais contemplados na sala de aula, auxiliando na própria compreensão e ampliação dos conteúdos, permitindo uma conexão intensa com a vida e com o exercício da cidadania.  Uma das formas de atentar aos corpos da sala de aula é quando levamos em conta a questão da construção da identidade, que percorrem os gêneros e a sexualidade. Geralmente pensamos nesses fatores a principio, mas podemos ignorar que os corpos estão em espaços físicos onde se apresentam e são categorizados, por sua aparência. E acreditamos a um primeiro olhar, que representam seus gêneros, sexualidades, culturas e etc.

Atrelado ao ensino de Biologia, muitas vezes por meio de características biológicas e físicas, existe um discurso, dentre outros, retratado por Guaciara L. Louro (1999) com falas que justificam as desigualdades sociais entre homens e mulheres, meramente por conta dessas características. Este é um exemplo sobre os discursos que permeiam o ensino dessa disciplina, e que atingem os corpos das salas de aula. Mantém erros de compreensão e ignorância científica. 

E também, pode nos escapar, que em relação ao ensino e ao espaço físico, como nos mostra Fernando Seffner (2015), no Brasil esse local, principalmente o espaço público é notavelmente desvalorizado do ponto de vista histórico. Contudo, nas palavras do mesmo: são as instituições públicas que melhor podem gerir o convívio das diferenças. Então ao pensarmos em nossas salas de aula, podemos entender nitidamente a colocação do autor. Ele afirma que ter, na sala de aula, alunos de diferentes orientações sexuais, de diferentes classes sociais, provenientes de diferentes arranjos familiares, e todos aprendendo a conviver, é tarefa da escola pública (p. 207 e 208).

Em concordância com Seffner (2015), compreendemos que essa circunstância remete a desafios muito grandes, mas também reflete uma “possibilidade de alargamento da noção de público entre nós” Acarreta em uma ampliação da democracia, o que também a faz uma resposta às privatizações de espaços e ao engessamento das identidades pelas normas (p. 207 e 208).

É também ao se pensar em norma, naquilo que é estabelecido como padrão para todos que podem atentar para as políticas de representação passa a ser importante. Marisa V. Costa (2000), discursa sobre a questão da política da representatividade, na qual as disputas por narrar os outros se faz presente em diversos setores da sociedade. A autora afirma que se parte de um entendimento de si mesmo, tomando a si próprio como referência para todos, transformando uma experiência singular e individual como padrão e correção para a normalidade dos outros. Ela chama tal posicionamento como disputa do narrar. Pois por ele e nele, que estão e são construídos os saberes que aprendemos a 'escolher' como “verdadeiros” e “universais”. Esses discursos produzem a identidade social, regulando a subjetividade e passam de nós, aos alunos no ensino. Muitas das vezes são justificados por discursos que se apropriam de noções científicas.

Por fim, acreditamos que as investigações sobre o corpo trazem muitas possibilidades e benefícios ao ensino e ao corpo docente e discente. Celso Vitelli (2012) elabora que esses estudos sobre o corpo são importantes também para compreensão de sociedades e culturas. Em relação a tal, indico que também, no campo da Biologia, precisamos problematizar e combater ideias que se utilizam de noções científicas para fundamentar comentários racistas, machistas, homofóbicos, e outros. Afinal, cabe aos professores em formação e já formados pensar sobre qual o papel, qual o lugar da Biologia enquanto ciência nesse debate? Enfim, o que a Biologia pode dizer sobre isso?

Para além dessas questões, uma outra se faz necessária. Por que pensar sobre as relações entre saberes, ciência, identidade e poder, seria papel da escola? Simplesmente porque os agrupamentos sociais, onde os sujeitos estão presentes por identificação, lutam por direitos que devem ser respeitados (Seffner, 2015). E por esses movimentos já existirem tanto na sociedade, logo e, portanto, também nas escolas. Como também compreendidos, nas palavras de Vitelli (2012) o estatuto do corpo é diferente em distintas épocas, e na cultura contemporânea ele opera como multiplicador de novos sentidos. Não podemos deixar de lado essas mudanças. Estando já, os sentidos marcados nos corpos que habitam a sala de aula, como podemos ignorá-los?

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral:

Observar na formação docente como os temas relativos ao corpo humano mobilizam a experiência no encontro com as caixas sobre o corpo humano e com os materiais áudio visuais.

3.2. Objetivos específicos:

  • Reorganizar e potencializar as caixas do corpo humano;
  • Realizar registros dos trabalhos com as caixas e com as turmas da graduação em Ciências Biológicas;
  • Analisar os registros de áudio e escrita dos alunos em conjunto com os referenciais teóricos;
  • Mobilizar discussões sobre as temáticas específicas que se destacarão na discussão do tema corpo humano, através das oficinas;

4. METODOLOGIA

A pesquisa será conduzida segundo a metodologia descritiva, então a coleta de dados foi feita por meio da aplicação de questionários apresentados nas oficinas, e pelo registro transcrito dos áudios gerados enquanto decorria a atividade. Os áudios das oficinas e as frases transcritas dos questionários foram uma fonte de dados importante, que acrescidos aos referenciais bibliográficos serão apresentados como os resultados deste trabalho.

Os objetos utilizados para levantar dados foram três questionários mais o material didático, chamado de o corpo humano em caixas, construído em 2015, e seus roteiros, que serão mais bem detalhados posteriormente. Assim como a construção do material, e sua utilização nas oficinas, e os questionários mencionados anteriormente.

4.1. O corpo humano em caixas

Primeiro gostaríamos de esclarecer melhor a construção desse material didático que será uma das fontes de investigação no encontro com os alunos. Embora a construção do material não seja resultado do trabalho aqui apresentado, o desenvolvimento desse material está intimamente ligado com o que a presente monografia pretendeu produzir como discussão.

Em concordância com Vilela, Selles e Moreira (2017), a construção das caixas didáticas sobre o corpo humano, permitiu a materialidade de uma estratégia de trabalho que alavancou o diálogo entre as diferentes concepções do corpo humano. Para a elaboração desse material plural e complexo, se fez necessário uma imersão na produção de trabalhos sobre o corpo humano. Assim, através da leitura de 2.151 resumos de artigos[4], do período de 1996 a 2014, foram selecionados aqueles que sustentariam o processo de elaboração das caixas sobre o corpo.

Esse levantamento não demandou só a escolha de artigos, mas também de temas privilegiados para o ensino deste assunto. Tais assuntos selecionados foram: etnias e relações de gênero, variações dos hábitos alimentares e relação com a saúde, uso de ervas medicinais, a medicalização, hábitos e comportamentos, definição de saúde e saudável, amamentações, estereótipos, tráfico humano, necessidades especiais, movimentos sociais, sociedades humanas e contextos históricos, padrões de belezas, envelhecimento, corpo cientifico, avanços científicos da medicina, mumificações, rituais, atlas e corpo humano, drogas legais e ilegais, fecundação humana e sexualidade, patologização infantil, metabolismo e glicose, sistemas do corpo humano, visões do corpo humano para a ciência ao longo do tempo, ciência e guerra, sexismo na ciência e racismo científico. Estes foram então utilizados como palavras chaves para as buscas, podendo ser percebidos nos roteiros presentes no interior das três caixas menores, que estão disponíveis no anexo I.

Estes assuntos foram selecionados após uma pesquisa sobre as temáticas que envolviam o Corpo Humano e Saúde, que eram presentes nos currículos de Ciências e Biologia, a fim de correlacioná-los a três aspectos: a Ciência, a Sociedade e a Cultura, estendido ao corpo humano. As fontes inicias de pesquisas de materiais e temas foram diversos livros didáticos do Ensino Básico e sítios eletrônicos, sobretudo para a busca de imagens. E até mesmo a busca de imagens mostrou diversas implicações, como a dificuldade em achar fotografias de pessoas negras idosas, de pessoas gordas sem estereótipos atrelados, o mesmo se deu com pessoas portadoras de necessidades especiais e doenças raras, por exemplo.

A partir de uma seleção prévia de imagens, pensamos em utilizar também textos curtos, dos tipos: reportagens, poesias, letras de músicas, e visuais, como charges, além de vídeos curtos que eram exibidos em computador que ficava próximo as caixas e ao local de atividade. Elaboramos roteiros para auxiliar na exploração do material didático.  Ele consiste em três caixas com os seguintes temas: (1) Cultura, Corpo Humano e Saúde; (2) Sociedade, Corpo Humano e Saúde e (3) Ciência, Corpo Humano e Saúde. As três estão colocadas no interior de uma caixa maior (Fig.1).

Figura 1 – Organização das caixas. Imagem retirada de Vilela, Selles e Moreira 2017.

A organização em caixas foi proposital, uma sátira ao pensamento do corpo ser tratado engessado e partido, parte do convite de pensá-lo fora de ‘caixas’. Buscando mobilizar reflexões às diversas possibilidades de integração das concepções sobre Corpo Humano e Saúde, em concordância, a caixa externa que apresenta o seguinte texto em destaque:

O corpo humano exprime-se como um fenômeno e, como tal, é perspetivístico, ou seja, está sujeito a várias concepções a partir de diferentes olhares. As diversas representações sobre o corpo humano expressam-no desde um simples conjunto de músculos e ossos até como um fenômeno transcendental, desde um objeto manipulável até como morada da alma, ou seja, a complexidade do corpo é a própria complexidade do humano, o corpo é o humano e o humano é o corpo. (Merleau-Ponty, 1996, p. 23 Apud Martins, 2010).

A caixa externa unifica todos os temas, já que todos fazem parte do humano. E as imagens revestem externamente tanto a caixa externa, quanto as outras três menores. Enquanto internamente temos envelopes e cartões, que remetem às relações entre o Corpo Humano e a Saúde com as temáticas da Ciência, da Sociedade e da Cultura. A exploração dessas imagens e dos roteiros provocam indagações sobre as concepções de Corpo Humano e de Saúde. Essa reflexão inicial tem continuidade com os conteúdos próprios de cada caixa.

O motivo da utilização do material na oficina foi pensado tanto como exemplo de abordagem integradora do assunto, como metodologia de pesquisa para obter dados sobre formas de se tratar essas temáticas (Vilela, M. L., Moreira, L. B., Selles, S. E. 2016). Em conformidade com as autoras, de acordo com as oficinas realizadas, o material também mobilizou dados. O mesmo aconteceu em relação às oficinas realizadas no âmbito desta monografia, esses resultados serão melhor descritos posteriormente.

Após essa explicação da elaboração do material, podemos agora falar sobre a modificação que fizemos para utilizá-lo no presente trabalho. Após algumas conversas sobre a monografia e as oficinas, pensamos que um tema que poderia mobilizar discussão nos universitários, seriam os relacionados à sexualidade. Pois os outros são mais abordados rotineiramente no curso de graduação em Ciências Biológicas, com alto grau de aceitação e unanimidade na formação de professores na UFF.

Em acréscimo ao material adicionamos os seguintes materiais: duas músicas, três reportagens, e três sinopses de filmes. As músicas foram: meu mundo é o barro da banda O Rappa e Ain't got no/I got life da compositora e ativista Nina Simone. E As reportagens: 1ª Nome neutro não basta para uma criação sem estereótipo de gênero, mas ajuda, retirada do portal Uol; 2ª Fundador da Silk Road, mercado negro na deep web, cumprirá prisão perpétua, encontrada no sítio Tecnomundo; 3ª Reality mostra a história de um homem que tem cinco esposas e 24 filhos, presente no sítio Dm divirta-se mais.

Os trailers são XXY, do sítio Adoro cinema, e Okja e Tomboy, retirado da Rede Social Filmow.  Os vídeos foram praticamente todos trocados com exceção do discurso do Martin Luter King. Além da escolha de outro vídeo do canal Conselho Federal de Psicologia.

Sendo as músicas apenas reforços aos materiais já pertencentes às caixas, assim como a reportagem sobre a deep web, e os outros materiais sendo então o complemento à temática da sexualidade que acreditávamos que traria mais argumentos para a discussão e que seria veículo para temas polêmicos e de opiniões diversas sobre o ensino e aprendizagem do corpo humano.

Foram um total de 14 vídeos separados em quatro sequências. A primeira é o meio ambiente e os animais, a segunda, as respostas aos preconceitos, e a terceira, gênero, e a quarta, direitos humanos. A escolha dos vídeos partiu da ideia de mostrar como na internet nos deparamos facilmente com diversas temáticas sobre o corpo humano diariamente nesses materiais visuais.

O que vem acompanhado de diversas opiniões e defesa de posicionamentos, que são destacadas dos vídeos para quem os assiste. Realizamos uma seleção inicial de 20 vídeos, no sítio do Youtube, também com auxilio do sítio de buscas Google.  Após essa primeira etapa, removemos os vídeos que tinham informações semelhantes, ficamos com 14 vídeos.

Os vídeos foram editados e cortados para momentos específicos, chaves e emblemáticos, a fim de suscitar a fala dos graduandos e graduandas de Ciências Biológicas durante as oficinas. Após a exibição de cada vídeo, perguntávamos aos alunos se eles tinham dúvidas ou perguntas sobre o contexto, enredo, informações ou qualquer questão apontada nos vídeos. Já que haviam sido editados, não queríamos que conteúdo passasse de forma irreal a eles.

A edição dos vídeos foi realizada pelo programa ApowerEdit, versão gratuita. O título das sequências estava presente a cada grupo de vídeos, com os seus respectivos cortes e legendas, quando necessários. Havia ainda um roteiro que permita a marcação do(s) vídeo(s) favorito(s) de cada sequência, além de comentários optativos sobre o que mais os chamou atenção nos vídeos. O que pode ser observado no roteiro do anexo II.

4.2. Os roteiros

Foram elaborados dois roteiros com perguntas abertas. Sendo um para ser respondido antes de iniciar a oficina propriamente dita, denominado roteiro 1 e um, que deveria ser respondido após a aplicação da caixa do corpo humano e da exibição dos vídeos, chamado de roteiro 2 (ambos presentes no anexo III). 

Escolha de perguntas abertas se deu principalmente para propiciar espaço onde os alunos se sentissem à vontade para argumentar livremente, sem censuras sobre suas opiniões tanto pessoais como de futuro profissionais, sobre o que claramente acreditam que deva ser tratado sobre corpo humano no ensino de ciências e biologia. Do mesmo modo sobre o que acham que não deve, ou deveria ganhar espaço nas disputas curriculares.

Outra questão pensada quando se elaborou as perguntas desta forma, é a possibilidade de ouvir o que os futuros professores têm a dizer sobre essa temática. Que nos últimos anos tem sido muito discutida por profissionais que nem sequer são da área da educação, ou pretendem exercer a licenciatura. Para tal, a pergunta feita antes da atividade e refeita após, também avalia se a atividade por si só é formativa, se os meus futuros colegas compartilham desse posicionamento de que o ensino do corpo humano integrado tem sua importância e local na biologia e nas escolas, se a opinião inicial mudou sobre o que deveria ser importante de ser tratado ou não.

4.3. Oficinas

Foram realizadas duas oficinas. A primeira ocorreu com uma turma de alunos da disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino I (PPE I), presente no currículo obrigatório do curso de Ciências Biológicas, na modalidade licenciatura, cursada geralmente no quinto período, mas que pode ser cursado em outros. E a segunda oficina foi livre, onde foram convidados alunos do curso de Ciências Biológicas, e foi realizada com quem compareceu.

Na primeira, realizada dia dezessete de outubro, teve a participação de onze alunos e na segunda, realizada em sete de novembro, sete alunos participaram. Somando 18 participantes ao total. A todos eles foi apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido, seguido de tempo para que pudessem ler e decidir se queriam participar da pesquisa ou não. O modelo do termo está no anexo IV.

Estrutura das oficinas manteve-se basicamente a mesma. Levaram em média 2h e 30 min. de duração, com início de apresentação do projeto de pesquisa, do termo de consentimento que foi entregue em duas vias, onde uma via devidamente assinada ficava com os participantes, e uma via preenchida pelos participantes e assinada também tanto pela pesquisadora quanto pelos participantes, era devolvida à pesquisadora.

Posteriormente, preencheram o roteiro 1 (anexo III – item 3.1), e ao término da exposição dos materiais, preencheram o roteiro 2 (anexo III – item 3.2), e fizemos uma roda de discussão sobre os materiais que foram registrados em áudio e transcritos. Na primeira oficina, após o preenchimento do roteiro 1. Explicamos o material didático, o corpo humano em caixas, pedimos que escolhessem uma das caixas para que o grupo pudesse explorá-las, após informamos os temas contidos em cada uma. Que são: (1) Cultura, Corpo Humano e Saúde; (2) Sociedade, Corpo Humano e Saúde e (3) Ciência, Corpo Humano e Saúde.

Em seguida, reproduzimos dois vídeos enquanto eles exploravam as caixas. Um vídeo onde Bráulio Bessa, recita poesia sobre respeito e tolerância, no programa Encontro da rede globo de televisão, e um vídeo de um sarau, no qual a atriz Naruna Costa recita Da paz, de Marcelino Freire. Posteriormente, preencheram o roteiro de análise dos vídeos (anexo II), e realizamos uma roda de discussão sobre os temas que foi transcrita e será apresentada junto com os resultados.

Enquanto na segunda oficina, primeiro foi apresentada a análise de vídeos, uma pausa e depois foi realizada a exploração do corpo humano em caixas. Não havendo exibição das poesias enquanto os alunos conheciam as caixas. Porque na primeira oficina, alunos falaram pouco sobre o material da caixa, apesar de escreverem mais sobre que os da segunda oficina, e os vídeos dos poemas terem ficado em segundo plano. Após as mudanças, nessa segunda oficina, alunos falaram mais sobre o material didático, e escreveram mais sobre os vídeos. Apresentaremos essas considerações e outras, nos resultados.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Os roteiros

Abordagem dos resultados será exibida por meio da apresentação das percepções e análises expressas nos roteiros, de natureza exploratória, em conformidade com referências teóricas relacionadas. Segundo já apontado, a aplicação dos roteiros e coleta de dados foi presencial, por meio de questões abertas e fechadas, nos dias 17 de Outubro e 7 de Novembro de 2017, através de duas oficinas, realizadas durante o semestre letivo regular.

Para apresentação dos resultados, ressaltamos que a contagem se deu a partir do número de vezes que a resposta foi dada, portanto, somando todas as respostas que todos os participantes deram, passa-se facilmente do total de participantes.  Selecionamos alguns comentários, sendo todos apontados por alunos diferentes, identificados como alunx, para manter o sigilo de suas identidades de gênero e de nomes. Para assim respaldá-los de condenações e associações de estereótipos de gênero, enquanto destacamos suas opiniões. Agora, começaremos por apresentar os dados obtidos primeiro pelos roteiros individualmente.

5.2. Roteiro 1 – Antes da oficina

Partindo do roteiro um (anexo III), desmembrarei a pergunta em três partes. Sendo a primeira: O que deve ser tratado sobre corpo humano nas aulas de ciências e biologia na escola? Como resposta a esta, 10 alunos deram como resposta que, deve ser tratado nas aulas Anatomia do corpo humano, função dos órgãos, funcionamento e localização.

Em segundo lugar, nove alunos responderam que deve ser tratados os conteúdos relacionados em seguida: Fisiologia humana. Então Anato-fisiologia humana, é um conteúdo que a maioria dos participantes ressaltou que deva ser tratado nas aulas. Em terceiro lugar foram dois temas, comentados por cinco participantes cada um: doenças incluindo as DST’s e métodos profiláticos; respeito aos corpos e as diferenças. Em relação ao item respeito aos corpos e as diferenças, tiveram duas observações de dois alunos diferentes, que seguem a baixo:

Alunx: “Gênero e sexualidade devem ser discutidos com muito cuidado e respeito, é preciso que o professor tenha preparo para tal.”.

Alunx: “Deve se tratar de respeito aos corpos e as diferenças mesmo em meio a disputas.”.

Anato-fisiologia humana apareceu como o conteúdo relatado mais lembrado como importante para o ensino. O que possivelmente podemos relacionar com o autoconhecimento e pertencimento do próprio corpo. Que prontamente se destaca ao fato de que ao conhecermos o desempenho celular, metabólicos, sistêmicos e afins, possibilitamos o aprendizado sobre as respostas próprias de cada corpo, as singularidades biológicas individuais. De imediato associamos ao lecionarmos e aprendermos esses conteúdos, como se apenas um corpo tomado como modelo representassem todos os corpos.

Ainda em relação ao lembrar-se desses conteúdos, causou-nos estranheza de ser lembrado como importante estudá-los de acordo com apenas um animal, o humano. Pautar tais conteúdos por apenas um tipo anatômico específico, de certa forma evidencia o quando esquecemos o fato de sermos animais. Se pensarmos que exatamente por outra perspectiva, os estudos da anatomia comparada poderiam evidenciar questões evolutivas que são capazes de romper o habitual antropocentrismo que ainda cercam as aulas de Biologia.  Por exemplo, desmistificar diversas questões, sobre como nossos corpos seriam perfeitos, equiparados a máquinas como se nós fôssemos o auge da evolução.  

Outro ponto abordado foi uma questão que é muito comentada e pouco questionada, sobre o fato dos professores serem apontados como despreparados por não se sentirem confortáveis, ou não terem conhecimento sobre algum assunto. Generalizações sobre classes de trabalhadores tendem geralmente a repercutir noções negativas sobre os mesmos[5]. Em tempos de rápida informação, não ser detentor das informações soa como ultrajante aos outros, ainda mais quando se pensa no magistério e na educação como “salvação” plena da sociedade, e nos professores como responsáveis por todo o “sucesso” desse empreendimento. Também parecia que os licenciandos falavam dos professores e de suas dificuldades sem estabelecerem uma relação de proximidade com os mesmos.

Devemos pensar que por uma observação individual ou um rápido ponto de vista, podemos ignorar o real. Diversos professores buscam na formação continuada superar os “déficits” encontrados na graduação. E realmente devemos lembrar que é impossível deter todo o conhecimento que é disseminado todos os dias no mundo globalizado em que vivemos. Mas, também é importante ter presente que podemos buscar sempre melhorar e implementar nossa formação.

De fato, muitos alunos apontaram que quanto mais robusta fosse a sua formação, provavelmente menos seria o pavor em retratar diversos assuntos em sala de aula. O que é completamente compreensível. Sobre os temas apontados, de Gênero e sexualidade, Louro (1999), comenta: As novas tecnologias reprodutivas, as possibilidades de transgredir categorias e fronteiras sexuais, as articulações corpo-máquina a cada dia desestabilizam antigas certezas (p.10). Tantas formas e novidades, vinculadas à complexidade do tema e os tabus sociais pode realmente paralisar alguns.

Portanto, também seria interessante pensar que os professores não precisam saber de tudo, e podem não ter de saber sobre tudo todo o tempo. Existem os movimentos sociais e diversas pessoas que poderiam auxiliar nas aulas de ciências e biologia, como convidados. Isso tiraria a carga extra que é coloca sobre os professores, que ocorrem conforme citado nesses temas e em outros.

Muitos alunos apontaram também que temas polêmicos e diversos, devem ser abordados mesmo em tempos de discussão sobre a permanência ou retirada desses temas no currículo, e que ao serem tratados merecem respeito e atenção. Quando lidamos com esse tema (Gênero e Sexualidade) devemos pensar sobre respeito às pluralidades, a fim de não passarmos uma posição de negação ao respeito sobre a existência e afirmação do outro e nossas modulações sobre tal. Conforme podemos perceber, na citação de Stuart Hall (1997), abaixo:

As muitas formas de fazer-se mulher ou homem, as várias possibilidades de viver prazeres e desejos corporais são sempre sugeridas, anunciadas, promovidas socialmente (e hoje possivelmente de formas mais explicitas do que antes). Elas são também renovadas, reguladas, condenadas ou negadas.  (p. 9 Apud Louro, 1999).

Prosseguindo com os resultados, em quarto lugar, após comentário de quatro alunos, o que deveria ser tratado no ensino de Ciências e Biologia foi: a Homeostase, relacionando a atividades físicas e hábitos que a promovam. Em quinto lugar, comentado por três alunos, um total de seis assuntos, cada um apontado mais de uma vez por alunos diferentes, são eles: 1. O conteúdo tratado já é satisfatório, mas alguns temas são abordados de formas inadequadas, como por exemplo, sexo, drogas e sexualidade; 2. Puberdade e maturação sexual; 3. Origem de organelas, como por exemplo, a mitocôndria; 4. Citologia; 5. Aparelho reprodutor; 6. Nutrição.      

O conteúdo escolar geralmente associado aos professores de Biologia costuma ser extenso. Nisso o comentário 1, no áudio da oficina, aponta para a questão de que ampliar uma lista de conteúdos, além dos presentes, poderia não consoar com melhora na aprendizagem. E que não é apenas a inserção do conteúdo na grade curricular, que garante a efetividade de ser lecionado da melhor forma possível. O que aparece nos comentários seguintes (2, 3, 5 e 6) que evidenciam a importância de contextualizar o conhecimento.

Em quinto lugar, com voto de dois alunos, foram apontados quatro temas: Organização celular; citologia; Histologia; Hormônios. E em sexto lugar, três alunos apontaram três temas: Identificação e prevenção de doenças na população; Metabolismo, com exemplos claros do cotidiano dos alunos; Prevenção de gravidez.

Nesse ultimo parágrafo vemos claramente duas formas de mencionar as temáticas. Os quatro primeiros temas (Organização celular a hormônios), foram apenas citados como conteúdos que deveriam ser tratados, sem acompanharem observações sobre metodologias de serem ensinados, nem nos roteiros ou nos áudios, subentende-se que tais são temáticas consagradas, e por tal, abordadas de forma tradicional.

Sendo os outros três temas (Identificação de doenças a prevenção da gravidez), o contrário. Foram especificadamente relacionados a contornos e caminhos que deveriam prosseguir na tentativa de propiciar aprendizagem significativa que aprecie as experiências de vida que os alunos levam para as salas de aula, de acordo com a contextualização da pratica educacional, de forma crítica. Partindo dessas contemplações, os aqui futuros professores, esperam que os alunos assimilem o que os foi ofertado no ensino.

Continuando o desmembramento da pergunta do primeiro roteiro, a segunda parte resumida seria: O que você gostaria que fosse tratado sobre o copo humano nas aulas? Nesta pergunta, os pontos menos colocados, foram os que já aparecem na primeira pergunta: Puberdade e maturação sexual; Origem de organelas (como a mitocôndria); Homeostase; Sistemas do corpo; hormônios; Aparelho reprodutor; Organização celular e citologia; Nutrição; Doenças e métodos profiláticos. Todavia, havia uma observação sobre a disciplina escolar Biologia, que apresentamos em destaque:

Alunx: “Conteúdo de biologia seria mais bem abordado junto com professores de diversas disciplinas escolares.”

O recém-citado comentário, foi apontado diversas vezes nas oficinas. Muitos alunos apontaram que a presença de fato da interdisciplinaridade acrescida à realidade escolar, possibilitaria a uma maior aprendizagem sobre os conteúdos de Biologia, somado ao das outras disciplinas e de cidadania.           

Existe uma valorização teórica de estratégias integradoras, e por apropriação do que é ensinado sobre biologia pelos alunos (Trivelato, 2005). Penso que mesmo que exista uma demanda curricular, atingir tais objetivos ainda se encontra distante da realidade da maioria das escolas. O que não afasta a vontade de realização de estratégias integradoras por parte dos alunos. Outra observação que complementa esses apontamentos, sobre o que gostaria que estivesse presente nas aulas de Biologia foi: “Conteúdos de biologia que abarcassem questões sociais e os que são levados pelos alunos.”, reforçam apontamentos anteriores.

E os temas mais colocados foram: Genética e saúde humana; Todas as doenças que acometem o homem; Sistema nervoso, como algumas partes do córtex e criação de memória; Conteúdos com caráter mais social deveriam ser incluídos. Este comentário tinha uma observação: “As práticas sociais dos corpos que envolvem tabus devem ser esclarecidas de forma natural, sem as encararmos como adversidades.”. Evidenciado abaixo por Louro (1997):

É necessário demonstrar que não são propriamente as características sexuais, mas é a forma como essas características são representadas ou valorizadas, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai construir, efetivamente, o que é feminino ou masculino em uma dada sociedade e em dado momento histórico. Para que se compreenda o lugar e as relações de homens e mulheres numa sociedade importa observar não exatamente seus sexos, mas sim tudo o que socialmente se construiu sobre os sexos. O debate vai se constituir, então, através de uma nova linguagem, na qual gênero será um conceito fundamental. (p. 21).

Autora ainda acrescenta, que quando encaramos o desafio de ensinar sobre as distinções entre homens e mulheres, biologicamente fundamentando a origem dessa diferença por meio dos sexos biológicos, em complementaridade a papeis sociais que devam exercer por possuírem essas condições, estamos atribuindo, nas palavras da mesma, um caráter de argumento final, irrecorrível. Seja no âmbito do senso comum, seja revestido por uma linguagem “científica”, a distinção biológica, ou melhor, a distinção sexual, serve para compreender – e justificar – a desigualdade social (Louro, 1997, p. 20-21). O que foi destacado por muitos dos alunos como não sendo mais aceitável de ocorrer no ensino de Biologia.

Como última parte da pergunta do roteiro um: O que não deve ser tratado sobre corpo humano? Por quê? Segundo nove alunos, tudo deve ser tratado. As observações sobre esta afirmação segue abaixo. Enquanto um aluno apontou que não deveriam ser tratadas informações sem base científica sólida.

Alunx: “Tudo deve ser ensinado, dependendo apenas da idade para qual é direcionado e como é dado (conteúdo)”.

Alunx: “Tudo pode ser lecionado com significado prático que possa ser aplicado no cotidiano do aluno.”.

Alunx: “Tudo é válido para facilitar o aprendizado dos alunos.”.

Alunx: “Tudo pode ser dado, desde que se tenha cuidado e atenção à linguagem, para que os conceitos não passem despercebidos.”.

Alunx: “Tudo pode ser dado, desde que seja adaptado para o tipo de escola.”.

Todos os comentários perpetuam a preocupação dos futuros professores em usar dos conceitos biológicos e do ensino dos mesmos como matéria prima para o aprendizado dos seus alunos. E para tal ressaltam a importância de se levar em consideração diversas questões como: o contexto onde o aluno está inserido na escola e no cotidiano fora da instituição, a linguagem utilizada, e a veracidade científica dos conteúdos abordados. Tendo então a aprendizagem o foco central de preocupação, e não com que conteúdos não deveriam ser levados para sala de aula. O que tem sido a preocupação de movimentos como o chamado escola sem partido.

5.3. Roteiro 2 – Após a oficina

Dando continuidade aos dados obtidos, no roteiro dois (anexo III), a pergunta será desmembrada em duas. Sendo a primeira: O que não deve ser tratado sobre o corpo humano e por quê? Nenhum dos participantes a respondeu. Acaba por ser mais uma confirmação ao fato de que para os futuros professores apresentados, ensinar ser a essência da profissão. Como apontaram, existem critérios que modulam o que poderia ser e como poderia elaborada a construção do conhecimento pelos alunos, mas que foge completamente aos ideais do movimento citado anteriormente e mencionado pelos professores como preocupante e desnecessário. Discutiremos mais sobre esse ainda ao decorrer do texto.

A segunda parte da primeira pergunta do roteiro ficou assim: Após a oficina houve mudança no que você acha que deva ser tratado sobre corpo humano, e o que você acha ser importante? Dez alunos apontaram para respostas próximas. A cada ponto e vírgula se encontra uma resposta de um aluno diferente, como todos concordaram com o que os outros alunos comentaram, apresento a seguir a junção dessas respostas: “Definitivamente tratar as questões que remetem aos direitos humanos, preconceitos e o que pode influenciar o corpo, não só biologicamente, mas em outros campos”; “Agora eu incluiria questões sobre direitos humanos, culturas e diversidade”; “A oficina mostrou temas bastante abrangentes e possibilitou a abertura de novas possibilidades dentro do ensino”; “Trazendo inclusive contrapontos aos temas representados, que a torna bastante construtiva.”

Sobre este somatório de resposta, eles também fizeram apontamentos:

Alunx: “Importância da água, culturalmente, preconceitos (racismo, sexismos, homofobia etc.), e, principalmente, direitos humanos... Eu acredito que a base para o respeito é o conhecimento e o entendimento de tais questões, é o que podemos fazer para mudar o cenário atual.”.

Alunx: “Após a oficina e as discussões propostas, percebi que há muito mais a ser discutido em sala com os alunos do que apenas o corpo humano, seus componentes e funcionamentos. Que, além disso, devem ser tratadas outras questões como preconceito, racismo, bullying, como vemos e tratamos nosso corpo na sociedade. E é importante sempre lembrar que há diferenças entre pessoas e seus corpos e que devemos respeitas as diferenças e passá-las em sala para que tenhamos uma sociedade, mais justa e igualitária.”

Alunx: “Houve mudança sim, no sentido de tratar o corpo e seus outros significados, como a cultura, além de me permitir visualizar que o tema pode ter muitas abordagens que não a científica. Para mim tudo pode ser tratado em sala de aula, desde que essas abordagens sejam pautadas no respeito e muito bem fundamentadas.”

Alunx: “Sim. Na verdade aprendi mais sobre porque alguns conteúdos serem trabalhados. Não penso muito sobre a retirada de conteúdo por não ser importante, acho que em aulas de Ciências e Biologia, nenhum conteúdo deveria deixar de ser tratado.”

Por meios desses comentários, percebemos por meio dos alunos o quanto os diversos assuntos relacionados ao ensino e aprendizagem do corpo humano são de uma riqueza imensa para professores de Ciências e Biologia. Em concordância com Luís Henrique dos Santos (2000), após uma investigação que seus fizeram brevemente sobre narrativas em que estavam imersos para ensinar biologia, perceberam, nas palavras do autor, que:

(...) a biologia tem uma história que, longe de ser natural, é construída no tempo, tendo suas marcas, compreensões, valores... O natural da História Natural/ da Biologia é uma narrativa, entretecida por outras histórias, que dá sentido e coerência ao mundo. Falar de biologia como narrativa passa por entender que suas histórias produzem seres materiais muito específicos e que a forma como se fala deles não só os descreve, mas os produz.  (p. 254).

Ainda sobre a segunda parte da primeira pergunta outros sete alunos comentaram que não houve mudança no que eles achavam ser importante após a oficina. O que comentaram pode ser observado de forma geral na frase a seguir: “O pensamento é o mesmo, biologia tem espaço para tratar temas científicos e sociais, os vídeos seriam muito bem aplicados nas aulas de ciências.”. De maneira que as observações foram:

Alunx: “É muito importante ter vários professores envolvidos, para se ter a importância da inter-relação de conceitos com o mundo e a reflexão sobre o mesmo.”

Alunx: “Não, a oficina e as discussões reforçaram a importância de um ensino de Ciências e Biologia não limitados.”

Alunx: “Não houve mudanças sobre a importância dos termos por serem temas durante a graduação já abordados. Porém a forma de trazer os temas achei muito boa. Principalmente a caixa com as temáticas de corpo humano.”

Em relação ao material didático, o corpo humano em caixas, outro aluno escreveu: “As caixas são ferramentas interessantes, por conterem reportagens conseguem aproximar a realidade. Os vídeos e as caixas são materiais excelentes para propiciar a reflexão, gerar debates e aproximar temas escolares da cultura.”

As observações que os alunos apresentaram e que estão citadas acima contribuem inclusive por evidenciar que alguns alunos ao longo da graduação pensaram sobre as questões importantes biologicamente e suas outras faces em diversos conteúdos. Ainda sobre essa pergunta, um aluno comentou que não houve mudança no que achava ser importante após a oficina, outro respondeu: “Acho que os vídeos retratam bem assuntos a serem tratados e passam mensagens claras de amplos aspectos”.

E um terceiro aluno, sobre os vídeos apontou: “Acho que sim, há uma importância na discussão sobre ideologia com relação aos braços da biologia. Porém se tiver que opinar, minha primeira impressão dos vídeos é que procuram mudar nossas noções vigentes, porém sem apresentar uma noção neutra crítica.”

Podemos pensar sobre essa colocação partindo de Santos (2000), o autor apresenta um exemplo sobre a interface da produção midiática de discursos sobre a natureza e as possíveis análises da mesma. Quando relacionamos a produção midiática e o que o mesmo chama de articulação educação – biologia – Estudos Culturais:

O corpo, as sexualidades, as diferenças entre as “raças”, os comportamentos (inatos/ biológicos e aprendidos) animais e humanos, as histórias sobre a Terra e sua formação, a evolução dos demais seres vivos e de nós (humanos) etc., estão constantemente sendo construídos e reconstruídos em um campo de disputa nos quais não se entrelaçam somente os significados científicos – como seria de esperar na narrativa científica hegemônica –, que se revestem de maior autoridade para enunciar o que conta como verdade (fato), mas, antes, se entrelaçam “profundamente” naquilo que se esconde por cultura popular (ficção). ( p. 238.)

Autor continua complementando que pelo destaque anterior, uma possível colaboração dos Estudos Culturais para a educação e para as ciências, é o que intitula desconfiança, comenta que a mesma faz com que qualquer um deles não está isento de interesses e nem separado de relações de poder (Santos, 2000, p. 238). Justamente pela desconfiança, podemos problematizar as narrativas que são colocadas hegemonicamente sem colocá-las em um local de verdade absoluta, já que nem a ciência nem a tradição é a detentora de verdades, como nem os discursos não científicos seriam.

Devemos sempre pensar que a Biologia não está sozinha na produção do mundo, mas suas narrativas dão substrato para diferentes outras narrativas que, se não partem dela, utilizam-se de e se reforçam com seus elementos.  O mundo de verdade (de fato) e o que foi a invenção humana formam, portanto, híbridos, e assim perdemos a noção dos limites que guardam sua fronteira; de imediato é importante relembrar, como afirma Santos (2000) no título de seu texto que “A Biologia tem uma história que não é natural”.

E ao estudar biologia, ou história natural, ouvimos histórias que contam o que acontece no mundo através de uma escrita, mais objetiva, dura, exata e isenta. Porém, essas descrições do mundo, de seus fenômenos e habitantes são apontadas por Santos (2000) como traduzidas/interpretadas pelos naturalistas/biólogos. Mais do que uma descrição exata e fiel da realidade, esses textos se constituem também como resultado de um intenso empreendimento literário de explicar o mundo. Como a história da Biologia está distante de ser natural, ressaltamos em destaque a explicação de Santos, (2000), que coloca que a história da Biologia: 

(...) é construída no tempo, tendo suas marcas, compreensões, valores... O natural da História Natural/ da Biologia é uma narrativa, entretecida por outras histórias, que dá sentido e coerência ao mundo. Falar de biologia como narrativa passa por entender que suas histórias produzem seres materiais muito específicos e que a forma como se fala deles não só os descreve, mas os produz. (p. 254).

Esse era um dos centros das discussões que esperávamos levar nas oficinas aos alunos. Conforme os dados já obtidos e os que ainda serão abordados, percebemos que os alunos pareciam estar muito mais abertos a essa discussão e reforçam a importância de levar a mesma para as salas de aula.

5.4. Análise dos vídeos[6]

A última parte dos resultados adquiridos vem das análises dos vídeos, realizada por meio dos seus roteiros (anexo II). Comecemos pela primeira sequência de vídeos, denominada o meio ambiente e os animais. Destacamos que os alunos podiam marcar todos os vídeos que chamassem a sua atenção e que gostassem.

O vídeo escolhido como favorito, com 17 votos, foi o primeiro vídeo da primeira sequência, no qual, o ativista e índio Aílton Krenak, comenta sobre uma conversa que ocorreu entre ele e um índio yanomami, que questionava a existência de tantos homens brancos assim, como eles conseguem comida para todos e como lidam com o lixo gerado por essa atividade.  Em segundo lugar ficou o terceiro vídeo do roteiro. O trailer do documentário Terráqueos, e em terceira posição por número de votos, outro vídeo de Aílton, onde comenta sobre a relação dos índios Krenak com o Uatu, o Rio Doce.

Destacamos um comentário sobre o primeiro colocado: “Vídeo evidência uma cultura extremamente alienada que ainda mostra a criação de uma entidade maior para explicar o mundo.” Assustador que ao assistir um vídeo com uma temática que tanto chama atenção por apresentar uma visão diferente da que temos, a qual foi construída culturalmente (do mesmo modo que as nossas), percebemos que essa questão possa ainda estar despercebida por alguns. Ou melhor, é mais importante enfatizar no descabido da questão “religiosa”, do que se colocar num movimento de ouvir outra narrativa sobre a água, entendida como uma entidade e não como um recurso natural.

Os outros comentários eram bem diferentes do anterior, e semelhantes ao que está a seguir: “Questões de alimentação e poluição eram a preocupação de um índio que não sabia da existência do resto da humanidade, que aparentemente não veem tais questões como principais, como o lixo e alimentação.” Para a maioria dos alunos foi surpreendente saber que ainda existiam povos isolados e que esses mesmos povos pudessem pensar que existem poucas pessoas no mundo. Também destacaram a forte relação dos homens com a natureza, e a problematização sobre o quanto de lixo produzimos e como não sabemos lidar com problemas sociais e políticos.   

Sobre o vídeo “Terráqueos”, o segundo colocado, uma das questões mais apontadas foi sobre o quanto o impacto das imagens funciona, pois em poucos segundos, geram reflexões sobre diversas questões: como consumismos, como produzimos alimentos e sobre os maus tratos dos humanos para com os demais seres vivos que escolhemos utilizar para nossa sobrevivência ou prazer. Por outro lado, alguns comentaram sobre como o documentário é sensacionalista, e que não se deveria tratar esse tema de forma tão chocante assim. Destaco quatro comentários:

Alunx: “O filme é inacreditavelmente dramático sobre a relação entre homens urbanos e animais de fazenda. Sinto até que se procura com essa etapa algum tipo de nostalgia à vida indígena, em oposição total ao mundo urbano e que vivemos, como se a solução de nossos problemas fosse abandonar nossa cultura em prol da cultura de subsistência, entendo o apelo, mas considero simplista.”.

Alunx: “Mais chama atenção pelas imagens chocantes das grandes indústrias na utilização dos animais.”.

Alunx: “A puxada sentimental é uma estratégia para problematizar, contudo não podemos cair no erro de sentimentalismo, mas sim da estratégia, pois infelizmente não irá deixar de ‘existir’, o que podemos pensar é em estratégias para o bem estar animal, pois o mercado sempre se reinventa.”.

Alunx: “Para ‘assustar’, já que muitos consomem as coisas, mas não sabem como é o processo por trás de tudo que possuem.”.

Alunx: “Apesar de o vídeo três ser o mais chocante e com imagens fortes, os outros vídeos demonstram o contraste dos índios com o homem ‘moderno’ em relação ao tratamento com o meio ambiente.”.

Percebemos nesses comentários, o que as autoras Marta Luciane Fischer e Priscilla Regina Tamioso (2016), falam como questionamentos que levam em conta a idoneidade das condutas humanas direcionadas à natureza atrelado à percepção das atitudes dos homens em relação aos animais, caracterizando alguns dilemas éticos. Autoras acrescentam que por mais que convívio natural entre os humanos e os outros animais tenha se alterado há 10.000 anos depois do advento da agricultura, domínio sobre técnicas de dominação de animais e plantas, passando pelo assenso social da manipulação de animais na experimentação, durante o período da revolução científica (Fischer e Tamioso, 2016).   Notáveis implicações são apontadas a seguir pelas autoras Fischer e Tamioso (2016):

O rápido desenvolvimento tecnológico tem se mostrado incompatível com as primitivas necessidades biológicas do homem e da natureza. Apenas por meio de uma contemplação mais ampla que promova a construção de uma percepção do cidadão como corresponsável pela saúde de todos os habitantes do planeta será possível a retomada de um convívio ético com a natureza. (p. 175).

Essa concepção trás um papel à escola. Autoras colocam como a missão de equipar os estudantes de ferramentas para refletirem sobre essas informações e constituírem conclusões próprias que devem extrapolar a empatia pelo ser vivo. Para assim ficar marcado: seu dever como cidadão independente do papel que irá exercer na sociedade.

Autoras tinham como objetivo caracterizar a concepção de estudantes universitários para com o uso de animais para obterem dados sobre programas de educação ambiental. Obtiveram como resultado que a maioria dos universitários ainda apresentam carências nos debates com uma conduta ética sobre o uso de animais. O que também parece ser o obtido por nós, em acréscimo ao fato de terem evidenciado nos graduandos de Ciências Biológicas, uma preocupação de fato sobre o tema. Mas ainda acham o uso animal necessário, sob algumas contenções, de acordo com o apontado pelas mesmas acreditam que o mesmo deva ser controlado: seja pela redução do uso, maior respeito, pesquisas, ações diretas, penalidades, controle de compra e venda ou implementação de Comitês de Ética mais rígidos (Fischer e Tamioso, 2016, p. 175).

E os comentários sobre o terceiro colocado, foram: “A relação com a natureza é muito bonita, e uma realidade bem diferente da que vivemos. Traz a tona todo o descaso que há por trás do desastre de Mariana. E ver o índio Aílton falando sobre a relação do rio com a etnia Krenak nos mostra o quão importante é não só para eles, como para todos nós.” Haviam outros que colocam como surpreende o Uatu ser o deus deles. Outro comentário sobre Aílton e a fala sobre Uatu e os índios da etnia Krenak:

Alunx: “Espanta pela eloquência do Aílton que domina muito bem apesar de não ser sua língua materna. Para mim tornou a fala dele muito mais interessante, com um jogo de palavras muito inteligente.”.

De forma geral, alguns alunos apontaram para o fato de os três vídeos: fazem-me pensar na diversidade, tanto de espécies, quanto cultural, e ao mesmo tempo, em dominação e submissão, e podem gerar debates em salas de aula.

Continuamos agora com a segunda sequência de vídeos, de tema respostas aos preconceitos. Foram dois vídeos os mais escolhidos. Ambos obtiveram a mesma contagem de 11 votos, vídeos 2 e 3 do roteiro. Enquanto o vídeo 1, teve nove votos.

O vídeo dois trata de uma família composta por dois ouvintes, os pais, e dois surdos que são um irmão e irmã. Todos se comunicam por Libras (Linguagem Brasileira de Sinais), e discursam rapidamente sobre inclusão e os surdos na sociedade. Os comentários são mostrados a seguir:

Alunx:A inclusão e o preparo para que ela ocorra no Brasil ainda é desorganizada e ver que surdos e suas famílias não se sentem incluídos na sociedade como um todo é revoltante.”.

Alunx:Podemos ver claramente na prática como funciona a inclusão e a opinião de como deveria ser.”.

Alunx:Também é de importância à discussão e concordo com a discussão e concordo com o que disseram, mas os professores na são preparados para tal (infelizmente).”.

Apontamentos sobre inclusão mostram como é percebido o que Seffner (2015) afirma ao dizer: democracia é colocada como enfrentamento de grupos, onde os menos privilegiados buscam fatias de benefícios e com isso confrontam os historicamente mais beneficiados (Seffner, 2015, p. 195). Justamente a procura dos direitos pelos grupos sociais que ainda apresentam dificuldade em obtê-los, começam pela construção de novos termos e sentidos, conforme afirma esse mesmo autor:

(...) como identidades, diversidades e diferenças, e a esses associados o vocábulo inclusão, de presença obrigatória na área de educação, por exemplo, em construções do tipo avaliação inclusiva, escola pública brasileira inclusiva, modos de inclusão de deficientes, aprendizagens inclusivas, currículo inclusivo etc. (p. 195).

Infelizmente o que é discutido no vídeo e os alunos perceberam sobre a inclusão, é que por muitas vezes se apresenta como “normalização”; autor coloca que incluir é, ao mesmo tempo, eliminar as diferenças de um grupo ou indivíduo, fazendo com que ele se integre para ficar igual a “nós” (Seffner, 2015). O que é uma perda de respeito e negação da dignidade humana de existir do outro. Cobrança de que o outro se adapte ao que colocamos como normal, certo e etc., além de absurda é ignorante. Partindo dos comentários percebemos também o desejo que os futuros professores têm em querer uma inclusão que de fato ocorra.

E no vídeo três, um trecho do discurso de Martin Luther King sobre a luta dos negros por emancipação. Houve dois tipos de comentários, os que focaram nas palavras dele e no quanto são importantes, e nos que revelam ruídos aos ideais do orador. Mostraremos os comentários:

Alunx: “Discurso é antigo, mas que pode ser aplicado à sociedade atual”;

Alunx:Mexe com meu emocional, só assisti ao vídeo e lembrei de algumas falas, como por exemplo, seu cabelo é tão bonito, diferentes daqueles né?! Até hoje penso nessa frase e me questiono sobre o que essas pessoas quiseram dizer, afinal tenho cabelo crespo, porém os cachos são um pouco abertos do que o que as pessoas tem em mente, mas é coisa mínima.”.

Alunx: Me deixou arrepiado.  Não sou negro, não sei como é passar por situações de racismo, mas é algo que vemos e que parece não mudar.

Alunx: “M. L. K. ora de forma inovadora e revolucionária, porque ele foca nas etnias e não só em negros”.

Alunx: “As crianças precisam saber desde pequenas que a cor da sua pele negra, que não é feia e que não é inferior a ninguém. Estando preparados desde pequenos já é algo para ter como defesa conforme seu crescimento. Acho importante levar esse vídeo para as escolas públicas onde a maioria são negros, e mais ainda para onde a realidade dos negros não está muito presente, como em escolas particulares onde a maioria é branco, classe média alta para cima.”.

Percebemos como mesmo quando a compreensão sobre como o racismo é prejudicial e recorrente no Brasil, ele se faz presente inclusive por quem tenta combatê-lo. O que era esperado, já que na população brasileira, é um crime recorrente. Observamos que em um comentário colocaram a potência do discurso do militante, caberia no fato de o mesmo querer que todos vivessem em harmonia. O que deixa de lado o discurso central do vídeo.  Que é a emancipação dos negros, e a construção social negativa que os mesmo receberam.

Devemos lembrar que Martin Luther King discursa amparado da sua própria construção histórico-social de negro e representante religioso, pertencente a uma comunidade. Portanto ele fala de uma posição específica, de representatividade. Obviamente uma luta não é mais importante que a outra, e uma é consequência da outra. De fato, King como homem negro, querer que as pessoas não sejam descriminalizadas por serem quem são, não se deu pela militância por igualdade desatrelada a luta por esse direito que era desesperadamente buscado pelos negros.

Em outro comentário vemos que é colocado que seria necessário esperar que crianças aprendessem a se defender sobre o racismo. É o mesmo que querer que quem sofra essa violência, tenha de aprenda a conviver com a mesma. Ao invés de em um primeiro pensamento, questionar como podemos modificar a violência existente. O que ressalta Seffner (2015) como identidade cultural brasileira, onde se afirma a diversidade e, ao mesmo tempo, mostra-se aferrada a norma. Norma draconiana, que afirma “seja diferente, mas conheça seu lugar, saiba seu lugar” (p. 204). Assim, para esse autor, existem jeitos “aceitáveis” de se ser diferente em momentos vigiados e permitidos. Seffner (p. 204) destaca ainda: “uma variante desse “modo” brasileiro de lidar com a expressão da diversidade está na afirmação não escrita, mas vigente, de que ser diferente é para quem pode, para quem tem instrução e condições econômicas e de classe para exercer a diferença”. (Seffner, 2015, p. 204).

O vídeo menos votado foi o primeiro do roteiro, que trata de uma entrevista da BBC com uma blogueira de maquiagem. A mesma relata que sofreu ataques após postar fotos sem maquiagem em redes sociais. Após, postou fotos maquiadas, continuou sofrendo ataques. Seguem alguns dos apontamentos:

Alunx: “Extremos dos elogios e da humilhação como se fossem absolutos e acontecessem a todo momento.”.

Alunx: “Reflete o momento atual em que vivemos. As pessoas por estarem através de uma tela ‘escondidas’, ocultadas de certa forma, mostram sua pior face criticando e julgando outras pessoas com muita maldade.”.

Alunx: “Achei bem interessante e acho que poderia ser um bom vídeo para tratar com uma turma, pois dá para testar várias temáticas, como por exemplo, o bullying que é bem comum nas escolas.”.

O primeiro comentário exemplifica a incredulidade ainda vigente sobre os ataques preconceituosos e sua perpetuação no cotidiano das pessoas. Já o segundo e terceiro apontam para uma questão que a cada dia torna-se mais importante, os ataques virtuais e essa nova forma de violência que tem se tornado infelizmente comum a muitos.

Outro aspecto é o uso do termo bullying, que costuma ser amplamente discutido. Uma perspectiva crítica sobre o mesmo é a apontada por Deborah Christina Antunes e Antônio Álvaro Soares Zuin (2008). O termo só evidência a violência social que a dicotomia resultante entre grupos que são colocados como agressores e os agredidos que se perpetuam socialmente por muito tempo, tem seus reflexos também decorrente do neoliberalismo na forma de preconceito, e como bullying acaba sendo excluídas todas essas questões e é apenas levado em consideração como algo recente, um desafio que recém apareceu em nossas escolas erroneamente (Antunes e Zuin, 2008).

Sobre os três vídeos, mostramos dois comentários em destaque:

Alunx: “Esses três vídeos me fazem pensar em submissão e imposição. Demonstram também as vertentes relacionadas a essas submissões, ou seja, o quanto os “outros” são sempre colocado como inferior, independente da situação.”.

Alunx: “Todos são de extrema importância e abrem para excelentes discussões com colegas de trabalho e alunos nas escolas, afinal não vivemos em uma bolha, estamos conectados com o mundo e aprender a refletir sobre direitos, é importante aprender com a diversidade, assim como respeitá-la, são ótimos temas para serem trabalhados com biologia, história e sociologia.”.

A terceira sequência de vídeos tem como tema gênero. O vídeo em primeiro lugar obteve 12 votos, sendo o terceiro do roteiro. Trata-se de uma reportagem sobre os alunos do Colégio Pedro II, e a decisão pela suspensão dos uniformes diferenciados para os alunos. O segundo colocado, com 10 votos, foi o primeiro vídeo do roteiro, que mostra uma família que optou por uma educação neutra dos filhos.  O terceiro e quarto colocado tiveram valores próximos de votos.

O terceiro vídeo, com cinco votos, é sobre a resposta do Deputado Jair Bolsonaro à medida de suspensão do uniforme diferenciado. E em quarto lugar, com quatro votos, um trecho do programa de televisão Encontro com Fátima Bernardes, onde uma das participantes é a Drag Queen Pabllo Vittar, que é questionada sobre não usar um nome feminino, e se houve alguma dificuldade de se definir ou aceitar.

Na reportagem sobre o Pedro II, a maioria dos comentários enfatiza a importância da decisão do colégio para a sociedade. Seguem alguns comentários:

Alunx: “Importância de mostrar as diferenças e respeitá-las. Porém, ainda há muito preconceito, inclusive pelas pessoas que “fazem” as leis, o que significa que ainda há muita luta por uma sociedade igualitária.”.

Alunx:Quando um colégio dá embasamento histórico e cultural sobre questões sociais, os alunos são capazes de respeitar e criar empatia para com os que não são representados por uma sociedade por uma sociedade heteronormativa.”.

Alunx: “Que diferença se faz ao usar calça ou saia? Respeito às pessoas em sua totalidade. Acho certo ser abolido a questão de uniformes para diferentes, pelos sexos e aceitação do uso de nomes sociais.”.

Outros comentários apontados sobre o vídeo, dizem como a decisão é uma maneira não violenta e bem impactante de se impor, como a atitude dos alunos de apoiarem a aluna transsexual.  Apontaram ainda que o que o vídeo mais passa é sobre respeito e que isso gera esperança. O quanto é importante na inclusão de alunos trangéneros e como a mobilização demonstra o quanto houve reflexão sobre o tema e respeito.

Ficou evidente que a principio pelo menos, os alunos parecem reconhecer assim como Louro (1997):

Múltiplas formas que podem assumir as masculinidades e as feminilidades, como também as complexas redes de poder que (através das instituições, dos discursos, dos códigos, das práticas e dos símbolos...) constituem hierarquias entre os gêneros. (...) compreendemos os sujeitos como tendo identidades plurais, múltiplas; identidades que se transformam, que não são fixas ou permanentes, que podem, até mesmo, ser contraditórias. (p. 24).

Um comentário se destacou em relação aos outros e a colocação anterior: “Discute-se gênero por sua ideologia. Desvincula-se o tema de sua origem biológica e com isso reflete outra categoria social advinda do sistema neoliberal capitalista meritocrático: o mito do individualismo.”.

De acordo com Louro (1997) as questões de gênero englobam questões sobre a sexualidade. E as práticas e instituições “fabricam” os sujeitos. Que tem suas identidades constantemente se constituindo, de forma instável e, portanto, passiveis de transformação. A importância por se discutir gênero na educação é para que se questione e fragilize essa fabricação compulsória dos indivíduos, e não por uma questão “de ideologia desvinculada de sua origem biológica”. Outro parêntese que deve ser feito, deve-se ao fato do neoliberalismo de fato estimular o individualismo e não o contrário. Ainda sobre o fato, citamos Rich (1999):

A heterossexualidade é uma instituição que guarda estreita conexão com o capitalismo, com o racismo, com o sistema de castas, com a estruturação das religiões e com uma infinidade de costumes, tradições e hábitos, que nos acostumamos a tomar como “normais” e “corretos”... (Apud Seffner 2015, p. 204).

Similarmente, não podemos esquecer que os gêneros são construídos, nós participamos também dessa construção. Inclusive como aponta Louro (1997), a construção também é desconstrução, e até as teorias e práticas feministas – com suas críticas aos discursos sobre gênero e suas propostas de desconstrução – estão construindo gênero.

Assim como os homens que se afastam da chamada forma de masculinidade hegemônica e são considerados diferentes, são representados como o outro e, usualmente, nas palavras da autora sofrem práticas de discriminação e subordinação. Meninos e rapazes, em maioria, aprendem condutas para se afastarem do comportamento das mulheres.  É apenas uma das histórias contadas (Louro 1997).

Os Gêneros quando abarcados dentro da lógica dicotômica implicam num polo contrario ao outro, ignorando ou negando todos os sujeitos que não se “enquadram” em uma dessas formas (Louro 1997). Então romper com a visão binária que estreita a realidade, a tornaria mais próxima do real, através de um conceito que deveria abarcar a todos.

Acerca do vídeo sobre a criação de crianças com uso do gênero neutro, a maior parte dos comentários apoia a decisão dos pais como sendo uma forma de respeito e amor, até mesmo que é um posicionamento importante a participação dos pais. Conforme podemos perceber nos comentários abaixo:

Alunx: “Esclarecer para as crianças todas as possibilidades de gênero sem definir-se de acordo com a sociedade e sim através de seu próprio sentimento.”.

Alunx: “Atitude da mãe é amor e perfeita para o desenvolvimento mesmo que um dos filhos mude de ideia, o sentimento não muda.”.

Alunx: “A escolha de gênero é muito limitada na maioria das famílias e é bom ver famílias que incentivam essa possibilidade de escolha.”.

Também foi relatado um comentário que mostra como essa questão gera embates, mas, no caso, o respeito sobressaiu:“ Achei o vídeo um tanto esquisito. Obvio que respeito à decisão dos pais, afinal as filhas são deles, mas achei bastante estranho. Não penso dessa forma.”.

Comentário anterior mostra o estranhamento sobre o que Louro (1999) coloca como o gênero não ser tão fixo o quanto geralmente pensamos. Então o corpo fica em destaque, o que o regasta do secundarismo a que é atrelado diversas vezes. Nas próprias palavras de Louro é a referência central. Autora cita Weeks para exemplificar sua colocação:

Num mundo de fluxo aparentemente constante, onde os pontos fixos estão se movendo ou se dissolvendo, seguramos o que nos parece mais tangível, a verdade de nossas necessidades e desejos corporais. (...) O corpo é visto como a corte de julgamento final sobre o que somos ou o que podemos nos tornar. Por que outra razão estamos tão preocupados em saber se os desejos sexuais, sejam hetero ou homossexuais, são inatos ou adquiridos? Por que outra razão estamos tão preocupados em saber se o comportamento generificado corresponde aos atributos físicos? Apenas porque tudo o mais é tão incerto que precisamos do julgamento que, aparentemente, nossos corpos pronunciam (Weeks, 1995, Apud Louro, 1999, p. 90-91).

O que é apontado nos comentários do vídeo em terceiro lugar, em resposta ao comentário do deputado Jair Bolsonaro, e a respeito da chamada ideologia de gênero, podem ser apontados como: um discurso de ódio e sem argumentos para defender uma opinião ignorante que apenas gera violência; o vídeo gera impacto negativo, e como é preocupante por representar uma parcela social que tem se imposto contra as outras. Conforme podemos verificar com os comentários abaixo:

Alunx: “O impacto foi negativo. Como uma pessoa pode se importar tanto com a vida alheia, a ponto de querer impor e decidir pela pessoa?”.

Alunx: “O discurso desse vídeo é tão absurdo que me impressiona que alguém possa pensar assim e ainda tenha seguidores. Cada um tem o direito de ser o que quiser e se identificar como quiser. Como bem dito no vídeo 2 por Pabllo Vittar.”.

Alunx: “Então chegamos ao Bolsonaro que só demonstra um tradicionalismo que segura sua vantagem sobre a minoria não adicionando nada a discussão.”.

Alunx: “Discurso preocupante, principalmente no que tange as eleições de 2018, e a expressiva quantidade de votos que ele já tem segundo as pesquisas. Além de significar uma possível instabilidade dos direitos conquistados que muito custa até hoje é preocupante mais ainda que corrobore com esse discurso.”.

Alunx: “É bom saber que os pais se reúnem para tal, não foram só os alunos, nem só a escola. São essas pessoas que ainda fazem acreditar que existem pessoas “boas” (não que os bosominions, sejam ruins, acho), e que algumas coisas podem melhorar, que aos poucos andam combatendo.”

Geralmente esses discursos atuais são ancorados no regime de heteronormatividade compulsória (Seffner, 2015). Conforme destacamos a seguir:

Temos o embate permanente entre um regime de heteronormatividade compulsória, que valoriza e agrega benefícios aos indivíduos que expressam desejos heterossexuais, se organizam em família, valorizam a monogamia e a fidelidade, geram filhos de seu próprio sangue, transmitem a herança pelas vias consanguíneas, não modificam seus corpos a não ser para se manterem sempre jovens e sexualmente “apetitosos”, admitem que o Estado regule seus afetos, legalizando a união matrimonial, entre outras atitudes. Cada vez mais, temos um discurso político e religioso forte que valoriza a família, a figura tradicional de homem e mulher, e estabelece conexões entre o rompimento dessa regra e a crise que conduz à violência, à dissolução dos laços entre os indivíduos, às doenças, aos desregramentos, ao caos. (p. 198).

A organização desses movimentos no país e os ataques que promovem aos grupos que não seguem os comportamentos e pensamentos que julgam ser o correto são impactados diretamente todos os dias. Como os alunos apontaram, isso é preocupante, mas, também é um motivo de não cedermos a essas pressões.

Autor aponta que o caos nos leva a admitir duas posições, que os alunos mesmo apontaram. Sendo a primeira que seria afirmar: a diversidade étnica, cultural, religiosa, de gênero etc. é um elemento positivo que enriquece a sociedade. Consequentemente quanto maior seria a expressão da diversidade e o respeito a ela, maior a riqueza da sociedade (Seffner, 2015).

E a segunda posição, contrária a primeira, afirma que a sociedade multicultural já alcançou seu limite, diante do qual se torna insustentável a convivência. Que é bastante frequente de encontramos, em particular nos discursos religiosos, a vinculação entre visibilidade da diversidade e corrupção dos costumes, pânico moral, degeneração do tecido social, enfim, conexões que apontam para o apocalipse, derivado da permissividade dos costumes (Seffner, 2015).

Então muitas lideranças colocam que se fossem cedidos direitos as pessoas que tem como manifestação, por exemplo, gênero e o que chamam de preferências sexuais em contraste, nas próprias palavras do autor: desacordo a norma heterossexual, a visibilidade dessas identidades irá “contaminar” o todo social, que caminhará inevitavelmente para o caos. Sendo o caos social a justificativa para negar os direitos merecidos, ou a diminuição de burocracias para se assegurarem e garantirem direitos definidos por leis vigentes.

O que também pode ser burlado por medidas simples de resistência quando os governantes assim o querem. Por exemplo, à medida de liberação da emissão da carteira de identidade com nome de registro e o social, pelo DETRAN (Departamento de Trânsito, é um órgão do Poder Executivo Estadual), do Rio de Janeiro, notificado no próprio portal a partir do dia 24/11/2017 às 17:55 h. Conforme indicado no texto de justificativa:

“(...) A medida já vinha sendo discutida entre o departamento e a Secretaria de Direitos Humanos antes da solicitação feita pela pasta ao governador. Para isso, o DETRAN aplicou em outubro um treinamento específico elaborado com a secretaria para aprimorar ainda mais o atendimento oferecido ao usuário, visando a um tratamento com sensibilidade (...)”.

Sobre a sequência desse tema Gênero, como um todo, os alunos reforçaram o quanto respeito é importante; Que cada pessoa tem o direito de ser o que melhor lhe representa, e cabe às outras pessoas aceitar e acima de tudo respeitar a decisão, sem querer impor a sua vontade as pessoas. Um comentário foi que não deveriam impor sua ideologia às pessoas.

Na última sequência de vídeos, nomeada de direitos humanos, os votos foram muito próximo. Em primeiro lugar foram dois vídeos, o primeiro e o terceiro com nove votos, o segundo com oito votos, e o terceiro com sete. Os primeiros colocados foram o vídeo um e o três do roteiro. O primeiro se trata de um curta produzido pela ONU (organização das Nações Unidas) sobre o Tráfico Humano. O apontado como o segundo negócio mais lucrativo no Mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas, comenta os motivos para tal.

E o terceiro vídeo, é uma animação elaborada pelo Conselho Federal de Psicologia, que faz parte de uma sequência de vídeos com a temática de drogas e cidadania. Discursa sobre como a compreensão acerca do uso das drogas ilegais e a internação compulsória. Trata ainda que o álcool e cigarro matam mais que o uso de outras drogas no Brasil. Seguem abaixo os comentários atrelados a esses vídeos:

Alunx: “Todos são problemas atuais e de difíceis formas de atuação, mas também são deixados em segundo plano.”.

Alunx: “O que mais me chamou a atenção foi o tráfico humano não sendo combatido por muitos órgãos especializados, mas aparentemente por pessoas indignadas de que isso aconteça nesse século.”.

Alunx: “Órgãos públicos focam em assuntos que mascaram o real problema de uma sociedade, para que empresas que movimentam a economia não sejam afetadas, mostrando que o capitalismo é benéfico apenas para os detentores do capital.”.

O vídeo dois ficou em segundo lugar, é uma reportagem de uma das filiais da Rede Globo de Televisão, sobre uma menina chamada Julia, que teve o transplante de intestino negado por uma juíza, mesmo sendo portadora de uma doença rara, e todas as implicações que levaram a família a pedir que o transplante fosse realizado em Miami, e a decisão contraditória da juíza. Apontamos os comentários:

Alunx: “Vídeo demonstra perfeitamente o que acontece quando se coloca no poder pessoas incapacitadas e bitoladas a entender determinados casos. Acredito que essa juíza se ache no poder intelectual maior do que o do médico.”.

Alunx: “Não somos donos do nosso próprio corpo.”.

Alunx: “Achei interessante à forma explicita de como em nosso País não sabem lidar com várias questões, nesse caso, uma cirurgia arriscada. No caso mostra o despreparo dos médicos e como nossa sociedade lida com isso.”.

Em terceiro lugar, o vídeo quatro, que se trata de um fragmento de um vídeo, do canal Mundo bizarro, que retrata as chamadas “crianças assassinas”. Relata a história muito resumida da condenação polêmica do adolescente Cristian Fernandez. Que começou como prisão perpétua por ter assassinado um meio irmão e abusado sexualmente de outro, já que seria julgado como adulto, e por conta de acordos não o foi. Só houveram dois comentários sobre o assunto:

Alunx: “Esse menino foi diagnosticado, teve laudo de psicopata ou sociopata? O que aconteceu?”.

Alunx: “A história chama a atenção pela gravidade dos crimes e pelo dilema gerado em condenar o menino como adulto ou adolescente, considerando sua grave e triste história de vida.”.

Sobre os três vídeos apresentaram três comentários, que mencionamos a seguir:

Alunx: “Todos os vídeos foram pesados de alguma forma. Foi muita informação densa seguida.”.

Alunx: “É difícil escolher um vídeo, pois todos têm assuntos para serem discutidos, com alto e poder de relevância, pois a mídia é uma grande formadora de opinião e como tal devem ser analisadas constantemente. Em minhas pesquisas li sobre 10 estratégias midiáticas, logo a reflexão sobre os temas, e como eles são passados é de extrema importância.”.

Em cima do que foi comentado pelos alunos na seção de direitos humanos, faremos apontamentos sobre o tema. Começaremos com os apontamentos de Andreia Cadore Tolfo (2013), mostra uma visão que felizmente não foi apresentada pelos alunos, mas que é recorrente na sociedade:  

Os direitos humanos são concebidos de forma bastante simplista por parte da sociedade, sendo identificados apenas como normas que protegem os que agem contra a lei. Essa concepção não contempla a amplitude desses direitos que amparam todo o ser humano, garantindo-lhe guarida nas mais diversas situações (p. 34).

Como a própria autora apresenta no texto: os direitos humanos englobam todos os direitos que são imprescindíveis a uma vida digna e, em razão disso, se houver privação desses direitos se dá a negação da própria dignidade humana. Então ter conhecimento sobre seus direitos e acesso a eles, constitui parte do processo de emancipação que é atrelado à construção da cidadania (Tolfo, 2013).

Direitos humanos mantém a necessidade de existirem direitos que todos os humanos deveriam possuir para se obter uma vida digna. Devendo, portanto, o Estado e os outros humanos respeitarem esse direito. Esses mesmos direitos foram construídos e reconhecidos através de tempo e empenho jurídico (Tolfo, 2013).

Autora destaca que concretizar os direitos humanos em nosso país, ainda depende de desafios a serem enfrentados pelo Estado, em linhas literais: em razão do histórico de déficit de ações governamentais direcionadas à satisfação fática dos direitos sociais acolhidos constitucionalmente, cuja promoção é imprescindível para configuração da democracia no país. Tolfo (2013) correlaciona os direitos humanos, a democracia e a cidadania, pois segundo ela, estão envoltos em uma correlação intrínseca e dinâmica. Ainda esclarece que para que um país seja considerado democrático é fundamental que seja garantido o exercício da cidadania, que por sua vez requer a efetividade dos direitos humanos.

Por mais que   diversas identidades possa emergir publicamente, como aponta Louro (1999) de forma muito concreta: “a instabilidade e a fluidez das identidades sexuais, como os gays, lésbicas, queers, bissexuais, transexuais, travestis, não podemos negar a eles os direitos humanos básico, inerentemente, portanto o respeito”.

Quando pensamos nas escolas e na educação não podemos perder de vista que conforme nos alerta Louro (1997) o prédio escolar informa a todos/as sua razão de existir. Suas marcas, seus símbolos e arranjos arquitetônicos “fazem sentido”, instituem múltiplos sentidos, constituem distintos sujeitos. E que não podemos negar o espaço legitimado da sala de aula, ou deixar que alunos que expressem identidades diferentes sejam atacados por outros.

Como Louro (1997) comenta sobre as instituições sociais: produzem os sujeitos, e são reproduzidas por representações dos gêneros, como as representações étnicas, de classe, raça, etc. De certo modo poderíamos dizer que essas intuições têm gênero, classe, raça. (Louro, 1997, p.88). No Brasil a instituição escolar é, primeiramente masculina e religiosa.         

Ainda sobre as diferentes e emergentes identidades, Seffner (2015):

(...) lésbicas, gays, travestis, transexuais, indivíduos intersex são considerados como desviantes, e busca-se a explicação para o “desvio” em seu cérebro, em seus hormônios, em suas glândulas, em seu psiquismo, em sua carga genética, na configuração familiar; nas companhias que tiveram ao longo da vida, em episódios marcantes de sua vida infantil etc. Na linguagem do senso comum, que utiliza um vocabulário menos “correto” e supostamente mais “grosseiro”, a homossexualidade é, muitas vezes, vista como sem-vergonhice, falta de caráter, falta de “laço” ou de surra, falta de coragem, “frescura”, viadagem etc. (p. 202).

Os preconceitos e falta de respeito para com a diversidade, também de identidades, conforme reforça o autor, como a homofobia, o machismo e o sexismo são manifestações que nos lembram do quanto a pessoa se coloca em risco ao não ajustar-se à norma (Seffner, 2015).

Não podemos levar para nossas salas de aulas o modelo de aceitação da sociedade brasileira, que falseia aceitar a diversidade sexual, diversidade de gênero, e estendemos essa ideia às diversidades no geral (inclusive apontadas nos roteiros), enquanto mantivermos os padrões de exclusão nos nossos comportamentos, discursos e metodologias de tratarmos os alunos (Seffner, 2015). Para encerrar essa parte da contemplação Seffner (2015):

A intranquilidade gerada pela presença da diversidade do espaço público deve ser elemento de politização e ampliação da democracia; a solução não pode ser encaminhada para o ideal de “cada um no seu canto, com seus iguais”, ao modo da privatização dos espaços, como tem acontecido. (p. 207).

Então, que possamos retomar o espaço público como espaço democrático de direito, que promova o respeito e a dignidade humana, já que conforme amplia o autor:

O espaço público é, por excelência, o espaço de negociação das diferenças.

6. CONCLUSÕES

O Procedimento de pesquisa de campo propiciou uma coleta de informações relevantes para o trabalho de pesquisa, por valorizar muito a observação, ora direta, do que os alunos falaram e registraram, e em outros momentos indiretas ou participativa, por comentários que foram registrados em áudios e por comentários bem definidos nos roteiros.

Em relação aos objetivos da pesquisa, o geral, que pretendia observar através dos alunos o que a formação de professores tinha a dizer sobre temas apontados em relação ao corpo humano no material didático "corpo humano em caixas" e nos materiais audiovisuais, consideramos que ele foi contemplado. Com relação aos objetivos específicos, todos também foram todos realizados.

O fato de pedirmos para os alunos escreverem foi um registro importante da experiência. Percebemos ainda como os futuros professores evidenciam nesses comentários, e em diversos outros, a preocupação em construir um ensino que leve em consideração os conhecimentos prévios dos alunos e informações que possam auxiliá-los na vida cotidiana. Esses mesmos futuros professores rejeitam que a linguagem científica deva fundamentar a distinção sexual, com argumentos que compreendam ou que justifiquem a desigualdade social. Ou que discursos biológicos sejam utilizados para fundamentar e justificar preconceitos.

Futuros professores acham necessário que a inclusão ocorra verdadeiramente nas escolas e se expanda à sociedade como um todo. Por mais que o preconceito seja disfarçado sobre outros nomes, como o conhecido bullyng, não devemos ignorar sua presença na sociedade brasileira, e cada vez mais presente pelos discursos de ódio, os efeitos negativos sobre nossos alunos e a necessidade de combatê-los, e de deixar isso fora das futuras salas de aula.

Uma das preocupações centrais dos futuros professores foi com estratégias  que possibilitassem  a aprendizagem dos alunos, sem restrições de temáticas. Tornou-se evidente o caráter formativo das oficinas. E o quanto debater sobre as questões do ensino do corpo humano atrelados de forma transversais à diversos assunto de biologia, pode ser enriquecedores aos futuros professores.

A Biologia é uma das áreas de conhecimento humano, o que significa por si só, que também participa da produção de conhecimentos sobre o mundo. Mesmo assim algumas de suas narrativas sobre esse mundo podem ser utilizadas como âmago para outras narrativas. Portanto, como não poderia entrar na discussão desse nosso mundo?

Sobre a escolha de focar no tema de Gênero e sexualidade no material didático, para o ensino superior, percebemos que foi bem sucedido. Similarmente evidenciamos que temas, como bioética e a relação ao uso de animais, como o racismo também poderiam ser vieses centrais interessantes para a realização do trabalho.

Como futura professora, e aluna que estudou essa temática, percebo o quanto questões culturais e sociais que envolvem o ensino de ciências e biologia, diretamente ou indiretamente, são enriquecedoras para estarem presentes nas aulas. Pois além de representarem um desafio, ao serem utilizadas como temas não óbvios para aulas diferentes, representam inúmeras oportunidades de ensinamento de cidadania para os alunos.  E, neste trabalho, ter podido ouvir futuros colegas de profissão e suas colocações, permitiram a mim inúmeras reflexões que ultrapassam os limites da monografia. Ver como a temática abriu inúmeros assuntos na Biologia é o que esperava que acontecesse. Esse movimento de pensar e repensar o ensino, estratégias e objetivos, tem sido de extrema importância para minha formação profissional.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • Artigos

Antunes, D. C. e Zuin, A. A. S. 2008. Do bullying ao preconceito: Os desafios da barbárie à educação. Revista Psicologia e Sociedade; v. 20, n. 1 p. 33-42.

Fischer, M. L. e Tamioso, P. R. 2016. Bioética ambiental: concepção de estudantes universitários sobre o uso de animais para consumo, trabalho, entretenimento e companhia. Revista Ciência e Educação. v. 22, n. 1, p. 163-182.

Moreira, L. B., Vilela, M. L., Selles, S. E. 2015. O corpo em que habito. Anais do VII EREBIO.

Selles, S.E. Vilela, M. L., Moreira, L. B. 2014. Abordagens sobre o corpo humano e saúde na educação em ciências: Levantamento em periódicos brasileiros (1996 – 2014). Anais do III EREBIO Regional 4.

Tolfo, A. C. 2013. Direitos humanos e a construção da cidadania. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, v. 9, n.17, p. 33-43.

Vilela, M. L., Moreira, L. B., Selles, S. E. 2016. A saúde no currículo escolar em debate entre os professores dos anos iniciais e licenciados em Pedagogia. Anais do VI ENEBIO/ VIII EREBIO Sul.

  • Livros

Costa, M. V. 2000. Estudos Culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema... Org. Costa, M. V. Mídia, magistério e política cultural.

Editora Universidade Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), P. 73-91.

Larrosa, J. 2015. Tremores: Escritos sobre a experiência. Autêntica Editora, Belo Horizonte, 175 p.

Louro, L. G. 1999. Pedagogias da sexualidade. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Org. Louro, L. G. Weeks, J., Britzman, D., hooks b., Parker, R. e Butler, J. Editora Autêntica. Belo Horizonte. P. 7–34.  

Trivelato, S. L. F. 2005. Que corpo/ser humano habita nossas escolas? Ensino de Biologia: conhecimentos e valores em disputa. Org. Marandino, M., Selles, S. E., Ferreira, M. S. e Amorim, A. C. R. Editora  EdUFF. Niterói. P. 121–130.

Seffner, F. 2015. A produção da diversidade e da diferença no campo do gênero e da sexualidade: enfrentamentos ao regime da heteronormatividade. Estudos culturais e educação: contigências, articulações, aventuras, dispersões. Kirchof, E. O., Wortmann, M. L. e Costa, M. V.  Editora ULBRA. Canoas. P. 113–210.

Vitelli, C. 2012. O corpo na arte: heranças e rompimentos. Estudos culturais e educação: desafios atuais. Org. Saraiva, K. e Marcello, F. A. Editora ULBRA. Canoas. P. 333–345.

  • Material on line

Portal do Detran. 2017. DETRAN emitirá carteira de identidade social para o público LGBT. Disponível em:   . Acesso realizado em 27/11/2017.

8. ANEXOS

8.1. ANEXO I – ROTEIRO DAS CAIXAS DO MATERIAL DIDÁTICO O CORPO HUMANO EM CAIXAS

Caixa 1: Cultura, corpo humano e saúde

O tema da caixa que você escolheu foi Cultura, corpo humano e saúde, como pode perceber existem imagens no exterior que se relacionam com o conteúdo do interior. Todas as três caixas se relacionam. Todas elas nos ajudam a ver o corpo humano de ângulos diferentes. Por isso todas estavam juntas numa mesma caixa que as abrigava. Dê uma olhada na frase que está nessa caixa maior, que abrigava as outras três.

Cultura é um conjunto que inclui: o conhecimento, a arte, as crenças (religiões), a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.

Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores. Assim como os estados do país. Cultura também é definida como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade.

Seria a herança social da humanidade ou ainda, de forma específica, uma determinada variante da herança social. A principal característica da cultura é o consiste na capacidade que os indivíduos têm de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos.

A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, aonde vai se transformando, perdendo e incorporando outros aspetos procurando assim melhorar a vivência das novas gerações.

“A cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes ao desenvolvimento do ser humano.” Fragmento modificado do texto do sítio: Significados, presente em significados.com. br/sociedade.

Na caixa da sua escolha, estão imagens, textos e questões sobre diversidade cultural humana, destacando diferentes etnias e relações de gênero, além de variações dos hábitos alimentares e relação com a saúde, como por exemplo, diferentes formas de amamentação, o uso de ervas medicinais, a medicalização, o consumo de alimentos refletido na cultura, as roupas e etc. Antes de começar a explorar a caixa, seria bom procurar o que seria cultura.

Na face externa temos número que vão se relacionar com os cartões na parte interna.

Palavras-chave dos lados da parte externa da caixa:

Lado 1 – Necessidades especiais, cura e religião, aceitação do próprio corpo, higiene pessoal, ser feliz ou ter de fingir felicidade. Você vê esses temas na escola? Acha importante estudar sobre isso na escola? Como esses temas podem ajudar a sermos saudáveis?

Lado 2 – Diversidade das etnias repare bem nas diferenças e na variedade. O que você entende por etnias? Alguma delas você conhece? Quais relações podemos fazer entre raça e etnia?

Lado 3 – Cultura e alimentação, já reparou como as pessoas comem de formas diferentes em lugares diferentes, por conta de uma série de motivos. Eles podem ser: religiosos, induzidos pela forma que pensam saúde, pelo jeito que foram educados a comer quando crianças, por cultura do país e muitos outros motivos. Será que essas diferenças afetam nossa saúde? Dá pra ser saudável comendo só um tipo de alimento? Existe mais de uma forma de alimentação saudável? E o que seria uma alimentação saudável?

Lado 4 – Amamentação e estereótipos ligados a essa prática. A amamentação é antes de tudo uma forma de proporcionar nutrientes e imunidades protetoras para as crianças. Contudo, como o parto, a amamentação é influenciada por uma variedade de crenças culturais. Seria muito bom se o grupo nos mostrasse alguns exemplos dessas práticas em outras culturas, para isso você pode fazer uma pesquisa na internet. Será que em todos os países as mulheres podem amamentar em público? Será que as mulheres só amamentam seus próprios filhos? E em algum país, elas só amamentam com mamadeiras? Os homens podem amamentar?

Lado 5 – Tráfico humano, roupas e a identidade de gênero. Após pesquisa e os materiais pense nesses temas. Por que você acha que ainda raptam pessoas e as tratam como objetos? Por que a roupa que vestimos passa uma imagem de sermos homens ou mulheres? Ricos ou pobres? Olhe no fundo da caixa a definição de estereótipo, como você acha que isso pode influenciar a continuação dos raptos e das violências contra as minorias? E o que são minorias?

Palavras-chave para os cartões na parte interna da caixa:

Cartão 1 – Medicalização (ex: ritalina), necessidades especiais, preconceitos, mulheres no mercado de trabalho e modelo plus size. Por que será que as pessoas estão tomando cada vez mais remédios? Por que será que nós associamos necessidades especiais com alguém que tem algo que falta? Por que ser magro é tão importante? Por que temos tantos preconceitos? Será eu todo mundo é preconceituoso? Por que as mulheres ganham menos?

Cartão 2 – questões de gênero, roupas e cultura. Por que em algumas etnias os homens se pintam e dançam e em outras não podem fazer isso? Será que existe um papel fixo de cada gênero numa sociedade? Olhe os materiais do fundo para ajudar na compreensão.

Cartão 3 – Alimentação alternativa, alguns dados para ajudar na busca: 1 bilhão de pessoas passa fome no mundo hoje, enquanto 70 bilhões de animais são alimentados para abate. 70% das doenças modernas são de origem animal e grande parte delas está ligada à pecuária*. Movimentos sociais e sua criminalização (ex. MST – Movimento dos trabalhadores rurais e sem terra). Alimentação saudável versus fast food. E o que seria uma alimentação saudável?

Cartão 4 – Movimentos sociais como o feminismo, tripla jornada de trabalho das mulheres: ser mãe, trabalhar como dona de casa e ainda trabalhar fora de casa, mulheres que morrem fazendo aborto. Relacione esse cartão com o 2.

Não se esqueça de assistir aos vídeos!!!

* Essas e algumas informações semelhantes foram retiradas de sites como: "Humane Society International", "COWSPIRACY: The Sustainability Secret", "Veggo!" e "Vista-se". Mas podem ser encontradas em outros lugares na internet.

Caixa 2: Sociedade, corpo humano e saúde

O tema da caixa que você escolheu foi Sociedade, corpo humano e saúde, como pode perceber existem imagens no exterior que se relacionam com o conteúdo do interior. Todas as três caixas se relacionam. Todas elas nos ajudam a ver o corpo humano de ângulos diferentes. Por isso todas estavam juntas numa mesma caixa que as abrigava. Dê uma olhada na frase que está nessa caixa maior, que abrigava as outras três.

Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada. O conceito de sociedades humanas, para que exista, leva em conta convivência e atividade conjunta do homem, ordenada ou organizada conscientemente. Constitui o objeto geral do estudo das antigas ciências do estado, chamadas hoje de ciências sociais. O conceito de sociedade se contrapõe ao de comunidade ao considerar as relações sociais como vínculos de interesses conscientes e estabelecidos, enquanto as relações comunitárias se consideram como articulações orgânicas de formação natural.”

Uma sociedade humana é um coletivo de cidadãos de um país, sujeitos à mesma autoridade política, às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e governados por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo. Podem ser de diferentes grupos étnicos. Também podem pertencer a diferentes níveis ou classes sociais. O que caracteriza a sociedade é a partilha de interesses entre os membros e as preocupação mútuas direcionadas a um objetivo comum.

Ainda pode ser visto como um grupo de pessoas com interesses comuns, que se organizam em torno de uma atividade, obedecendo a determinadas normas e regulamentos, também se denomina sociedade, por exemplo: sociedade de física, sociedade de comerciantes, etc.”. Fragmento adaptado do texto Significados, do sítio: significados.com. br/sociedade.

Na caixa da sua escolha, estão imagens, textos e questões que abordam mudanças nas representações de corpo na sociedade, destacando diferentes épocas, focalizando como o corpo tende a cumprir determinadas regras em contextos sociais diferentes. Como o corpo tinha de ser para ser considerado bonito e perfeito, o que chamamos de padrão de beleza, e nessa caixa focaremos no padrão de beleza feminina, estereótipos, e o tal do senso comum. 

Na face externa temos alguns temas, é importante que vocês conversassem sobre o que está sendo visto e compartilhem as ideias que tem sobre as leituras que fazem das imagens, dos textos, reportagens e afins.  Tenho certeza que o grupo pode fazer isso! Lembrem-se que após a observação do material todos devem expor suas opiniões sobre o tema, então às vezes anotar o que te parece importante é bom para falar do tema, e claro que consultar o professor ou a professora frente às dúvidas, é sempre uma tática fantástica, e pesquisar sobre o tema usando o celular pode ser uma super ferramenta.

Palavras-chave da parte externa da caixa: Como o padrão de beleza feminina mudou ao longo do tempo desde a pré-história até 1990. Desde ser sempre jovem e magra começa como ideal de beleza de 1960 para frente, e em 1980 ser magra significa requisito básico de beleza. O que você pensa sobre isso? Como você percebe isso na sociedade que nós vivemos? O que essas imagens te despertam? Você se reconhece nelas, por quê?

Palavras-chave da parte interna da caixa: Envelope 1 – Relações étnico-raciais: Para ver os textos e charges seria bom primeiro que vocês pensassem e definissem o que é racismo. Algumas questões levantadas são: mulheres negras, genocídio da população negra, não redução da maioridade penal, embranquecimento, bullying e negros da ilha de Salomão que são loiros. Como o racismo afeta as pessoas? Você já sofreu com o racismo? Qual a relação que vocês fazem entre os documentos que estão nesse envelope? Alguma coisa que vocês pensavam sobre esses temas mudou? O quê? Movimentos sociais como a marcha das mulheres negras e o movimento negro.

Envelope 2 – Envelhecimento: Que envelhecer é um processo natural todos nós sabemos, e queremos que esse processo natural seja uma experiência positiva, certo? Então a Organização Mundial da Saúde adotou o termo “envelhecimento ativo” para expressar o processo de conquista de uma vida mais longa acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança. Permitindo então que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessários.

A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho.

O termo “saúde” refere-se ao bem-estar físico, mental e social, como definido pela Organização Mundial da Saúde. Por isso, em um projeto de envelhecimento ativo, as políticas e programas que promovem saúde mental e relações sociais são tão importantes quanto aquelas que melhoram as condições físicas de saúde. *

Sabendo disso, pense como os idosos são vistos em nossa sociedade. Eles tem tido a possibilidade de terem um envelhecimento ativo no Brasil? Se sim até que ponto? Existe preconceito e abandono com os idosos? Conte sobre suas visões e experiências sobre esse tema.

Envelope 3 – Questões de gênero: Para pensarmos nessas questões do corpo, devemos primeiro definir o que vemos como gênero. E, além disso, pensar como existe uma série de comportamentos e expectativas associadas ao fato de se ser menino, menina, ambos ou nenhum dos dois. Existem muitas diferenças entre todos nós, mas o que nos faz melhor ou pior que os outros? Pegue as informações desse envelope e diga o que pensa sobre, se concorda ou discorda, por exemplo. O que acha que seria uma sociedade mais justa? Não se esqueça de ao final participar do jogo de como o outro me vê e como eu realmente sou!

Envelope 4 – Estereótipos: Olhe no fundo da caixa número 1 a definição proposta sobre estereótipos. Caso ela não seja clara, pesquise uma que faça mais sentido para você e conte pra gente. Tendo entendido o que seria um estereótipo, diga alguns dos exemplos presentes nessa caixa. Será que todos sofrem com os estereótipos? E você, já sofreu com isso? E as piadas?  Como será que a ciência pode auxiliar nos debates sociais sobre raça, gênero e estereótipos, por exemplo?

Não se esqueça de assistir aos vídeos!!!

* Para saber mais sobre esse tema faça uma pesquisa. Um dos sites de que tirei fragmentos desse texto foi o http://sbgg.org.br/espaco-cuidador/envelhecimento-ativo/.

Caixa 3: Ciência, corpo humano e saúde.

O tema da caixa que você escolheu foi Ciência, corpo humano e saúde, como pode perceber existem imagens no exterior que se relacionam com o conteúdo do interior. Todas as três caixas se relacionam. Todas elas nos ajudam a ver o corpo humano de ângulos diferentes. Por isso todas estavam juntas numa mesma caixa que as abrigava. Dê uma olhada na frase que está nessa caixa maior, que abrigava as outras três.

Na caixa da sua escolha, estão imagens, textos e questões que abordam o corpo cientifico e seu estudo ao longo dos anos e suas relações com os avanços científicos da medicina. Destacam-se diferentes visões que marcaram esse corpo, desde o corpo mumificado aos atlas anatômicos antigos e as representações atuais, como as moleculares por exemplo.

As Ciências comportam diversos saberes, nos quais são elaboradas as suas teorias baseadas nos seus próprios métodos científicos. A metodologia é essencial na ciência, nela se busca a ausência de preconceitos e juízos de valor. Mas é apenas uma explicação de como o cientista vê o mundo. Isso é afetado pela cultura, valores e crenças dos períodos históricos vigentes. As pesquisas surgem de demandas sócias. Isso será bem abordado na caixa. E sempre que se patrocina uma pesquisa (se dá dinheiro para que esta ocorra), geralmente se quer provar ou afirmar uma ideia específica. Então nem a pesquisa é totalmente neutra, nem o cientista ou a metodologia.  Mesmo assim a ciência tem evoluído ao longo dos séculos.

Na face externa temos alguns temas, é importante que vocês conversassem sobre o que está sendo visto e compartilhem as ideias que tem sobre as leituras que fazem das imagens, dos textos, reportagens e afins.  Tenho certeza que o grupo pode fazer isso! Lembrem-se que após a observação do material todos devem expor suas opiniões sobre o tema, então às vezes anotar o que te parece importante é bom para falar do tema, e claro que consultar o professor ou a professora frente às dúvidas, é sempre uma tática fantástica, e pesquisar sobre o tema usando o celular pode ser uma super ferramenta.

Palavras-chave da parte externa da caixa: Mumificação, atlas e corpo humano, medicalização, drogas legais e ilegais, fecundação humana e sexualidade, patologização infantil, metabolismo e glicose, sistemas do corpo humano, visões do corpo humano para a ciência ao longo do tempo.

Palavras-chave da parte interna da caixa:

Envelope 1 – Ciência e guerra: Qual a relação entre os avanços científicos e tecnológicos e as guerras? Você sabia disso? Mas a que preço?

Envelope 2 – Sexismo na ciência: Você sabe o que o sexismo? Quando você pensa na palavra cientista, como é a pessoa que você imagina, pode me contar? O que você acha que faz com que as mulheres cientistas representem apenas 67% no campo de letras e 33% nas exatas*? O que poderia ser feito para isso mudar? Ainda existe sexismo na ciência? Você já sofre com o sexismo?

Envelope 3 – Nazismo e a ciência: Você sabia que existiam cientistas alemães que não eram nazistas? O que de avanço cientifico ficou do nazismo (com foco na química, matemática, biologia e física), mas a que preço?  Porque as pessoas se tornaram nazistas, como a ciência contribui pra isso? E o neonazismo?

Envelope 4 – Racismo científico: Sabia que a ciência ajudou o racismo a existir? O que pensa sobre isso? Ainda existe racismo? E na ciência, ainda existe? Você já sofreu com o racismo?

Envelope 5 – Ciência e sociedade: A ciência não é neutra, como cientistas procuramos sempre pesquisar o que a sociedade precisa quer ou precisa saber. Ás vezes existem vários estudos que se contradizem. Qual importância você vê na ciência para a sociedade?

Não se esqueça de assistir aos vídeos!!!

* Dados retirados de uma reportagem de 2011 do portal G1 educação

8.2. ANEXO II – ROTEIRO DE ANÁLISE DOS VÍDEOS

Nesta etapa serão exibidos quatro grupos de vídeos, onde cada grupo será composto por no mínimo três vídeos em sequências.

Todos foram todos retirados do Youtube, e são facilmente encontráveis. Dentro de cada sequência, peço que marquem o(s) vídeo(s) que mais lhe toque, caso isso ocorra.

1ª Sequência: Meio ambiente e os animais

(      )Vídeo 1 – trecho de: 20 ideias para mudar o mundo. O ativista e índio Aílton Krenak, comenta sobre a conversa com índios de regiões isoladas. 

(       )Vídeo 2 – outro trecho do vídeo anterior, onde o Aílton explica a relação do Rio com a etnia Krenak.

(       )Vídeo 3 – Trailer do documentário Terráqueos (2005), escrito, produzido e dirigido por Shaun Monson. Aborda como os homens por dominação, se utilizam dos animais não humanos, e como isso ocorre em cada grupo animal.

Comentário optativo:

2ª Sequência: Respostas aos preconceitos

(      )Vídeo 1 – Entrevista da BBC com a blogueira de maquiagem E, do Blog My Pale Skin. Motivado depois de a mesma ter decidido postar suas fotos sem maquiagem em redes sociais, e ter se surpreendido com as reações negativas. Depois voltou a postar fotos com maquiagem e foi agredida novamente.

(      )Vídeo 2 – Conheça minha família, retirado do canal em que Andrei Borges divide com sua irmã (Tainá) e com sua família. Composta por dois ouvintes (pai e mãe) e dois surdos (ele e a irmã), e todos se comunicam por libras.

(      )Vídeo 3 – Fragmentos do discurso de Martin Luther King sobre orgulho de ser negro. Começa discursando sobre como apenas o negro pode definir sua própria liberdade, e como isso depende de se desprender das definições impostas aos negros, pelos brancos, sobre o que é ser negro.

Comentário optativo:

3ª Sequência: Gênero

(      )Vídeo 1 – Família estadunidense que optou por educar os filhos sem pressioná-los a seguir um gênero determinado pelos pais. Por acharem que os filhos merecem não serem impostos. Filhe responde sobre gênero neutro.

(      )Vídeo 2 – Partes do programa de televisão, Encontro com Fátima Bernardes, onde uma das participantes é a Drag Queen e a Pabllo Vittar. É questionada sobre não usar um nome feminino, e se foi difícil se definir.

(      )Vídeo 3 – Reportagem sobre alunos do Colégio Pedro II, e a mobilização que os mesmos e os pais fizeram. Por fim acarretou na decisão da instituição pela suspensão dos uniformes diferenciados para meninos e meninas. O reitor da escola pronuncia-se sobre a importância da decisão e o recado que querem passar. 

(      )Vídeo 4 – Resposta do Deputado Jair Bolsonaro, à medida do Colégio Pedro II sobre a suspensão do uso de uniforme diferenciados. Usa como exemplo essa situação para falar sobre o que alguns chamam de ideologia de gênero.

Comentário optativo:

4ª Sequência: Direitos Humanos

(      )Vídeo 1  – Curta da ONU (organização das Nações Unidas) sobre o Tráfico Humano. Apontado como o segundo negócio mais lucrativo no Mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas. Vídeo completo comenta que os principais motivos para sua manutenção são: tráfico sexual, de órgãos e trabalhos análogos à escravidão de imigrantes ilegais. O vídeo mostra uma equipe coordenada por uma mulher que trabalha auxiliando as vítimas que foram traficadas.

(      )Vídeo 2 – Reportagem de uma das filiais da Rede Globo de Televisão, sobre a menina Julia, que por ser portadora de uma doença rara, teve o transplante de intestino negado por uma juíza. Família queria levá-la para Miami, para que fizesse a cirurgia de forma segura. Já que outras pessoas haviam morrido ao passarem por essa cirurgia com o médico recomendado pelo Ministério Público. Depois, a Juíza pediu ao médico que comprovasse ser capacitado a fazer o transplante.

(      )Vídeo 3 – Animação elaborada pelo Conselho Federal de Psicologia, presente em um canal, que abriga diversos outros vídeos sobre a temática drogas e cidadania. Aponta como a compreensão sobre uso das drogas de forma superficial não resolve o problema. E como o álcool e cigarro matam mais que o uso de outras drogas no Brasil. Pelo menos até o período da confecção do vídeo.

(      )Vídeo 4 – Fragmento de um vídeo, do canal Mundo bizarro, que retrata as chamadas “crianças assassinas”. Relata a história resumida da condenação polêmica do adolescente Cristian Fernandez. Começou como prisão perpétua por ter assassinado um meio irmão e abusado sexualmente de outro, já que seria julgado como adulto, e por conta de acordos não o foi.

Comentário optativo:

8.3. ANEXO III – ROTEIROS PARA ÍNICIO E TÉRMINO DA OFICINA

ROTEIRO 1

Responda sem se preocupar em identifica-se, ou em ter de expor essa resposta: Para você como professor, o que seria importante e deve ser tratado sobre o Corpo Humano nas aulas de Ciências e Biologia na escola? O que você gostaria que fosse tratado? O que não deve ser tratado sobre o Corpo Humano, por quê?

Comentário:

ROTEIRO 2

Responda sem se preocupar em identifica-se, ou em ter de expor essa resposta: Para você como professor em formação e após a oficina e discussões propostas, houve alguma mudança sobre o que acredita ser importante e deve ser tratado sobre o Corpo Humano no ensino de Ciências e Biologia nas escolas? O que não deve ser tratado, por quê?

Comentário:

ANEXO IV – TERMO DE CONSENTIMENTO

Universidade Federal Fluminense

Termo de consentimento livre e esclarecido

A responsável pelo projeto, Lohayne Braga Moreira, é aluna do curso de Ciências Biológicas da UFF, e está conduzindo o estudo de título: CORPO HUMANO: INVESTIGANDO SENTIDOS, POTÊNCIAS E LIMITES EM SALA DE AULA, sob orientação da Profª Marise Basso do Amaral.

A participação neste estudo é absolutamente voluntária. Tenho o direito de desistir em qualquer ponto do estudo. Eu, abaixo acordado, declaro ter conhecimento do que se segue:

  • Objetivo do projeto: ter permissão de usar os registros da experiência contidos no áudio das falas e dos escritos nas fichas.
  • Procedimentos: Eu de acordo passarei pelas etapas a seguir: de preenchimento das fichas e participação na roda de discussão do material didático.
  • Desconfortos ou riscos: Não há nenhum efeito prejudicial detectado em participar da pesquisa. E se alguma pergunta me deixar constrangida (o), coagida(o) ou desconfortável, eu sou livre para me recusar a responder a qualquer momento, e até mesmo encerrar a entrevista e retirar a autorização.
  • Anonimato: Meus dados serão guardados e usados o mais confidencialmente possível. Nenhuma identidade pessoal será usada em qualquer relato ou publicação que possam resultar do estudo.
  • Estou ciente:
  1. Que receberei respostas ou esclarecimentos a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados à pesquisa, se assim solicitar. Posso entrar em contato com Lohayne Braga Moreira e/ou sua orientadora Marise Basso do Amaral na UFF ou pelo telefone 98082-3153 ou email: lohaynemoreira@gmail.com, ou com a orientadora.
  2. Liberdade que tenho de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar plenamente o estudo;
  3. Que se manterá o caráter confidencial das informações relacionadas aos meus dados;
  4. Que os resultados aqui obtidos poderão ser levados a Congressos e ser publicados em revistas científicas, desde que seja mantido o total anonimato dos dados coletados individualmente.

Consentimento: Eu participei da oficina com Lohayne Braga Moreira sobre o estudo e recebi uma cópia deste consentimento. Eu entendi o que eu li ou o que ouvi e tive minhas perguntas respondidas. A participação neste estudo é voluntária. Eu sou livre para recusar estar no estudo ou desistir a qualquer momento. Minha decisão não irá afetar o meu trabalho na escola onde trabalho, na UFF ou em qualquer outro lugar.

Niterói,______ de______________________ de 20______.

_______________________________________

Consentimento – Assinatura do participante

_________________________________

Consentimento recebido – Assinatura do pesquisador

[1] Em 2014, participei como bolsista Cnpq do projeto Práticas docentes, comunidades disciplinares e produção da disciplina escolar: Memórias de professores de Biologia. Um dos pré-requisitos da bolsa era a participação do Grupo de Pesquisa Currículo, Docência e Cultura, no Laboratório de Ensino de Ciências, na FEUFF (Faculdade de Educação da UFF). E através das discussões sobre as modulações que a comunidade de pesquisa e ensino trazem a autonomia dos professores nas escolas, e após termos os resultados do levantamento bibliográfico, pensamos em criar um material didático que abordasse a integração das abordagens percebidas. Para que tal ficasse para empréstimo na biblioteca do laboratório. A fim de mostrar uma forma de intervenção integrada do tema (corpo, saúde, cultura e ciência) e para que outros professores pudessem além de usar o material, se inspirar nele para tratar dessas temáticas.

[2] Esse levantamento resultou no trabalho publicado em 2014, intitulado Abordagens sobre o corpo humano e saúde na educação em ciências: Levantamento em periódicos brasileiros (1996 – 2014), nos anais do III EREBIO da Regional 4.

[3] Esse segundo trabalho foi publicado por Vilela, M. L., Moreira, L. B., Selles, S. E. em 2016, intitulado A saúde no currículo escolar em debate entre os professores dos anos iniciais e licenciados em Pedagogia, nos anais do VI ENEBIO/ VIII EREBIO Sul.

[4] Os artigos pesquisados foram retirados dos seguintes periódicos: Revista da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC), Alexandria - Revista de Educação em Ciências e Tecnologia, Revista Investigações em Ensino de Ciências, Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, Revista Pesquisa em Educação Ambiental, Revista Experiência em Ensino de Ciências e Revista da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBio).

[5] Foram três alunos que comentaram sobre o “despreparo” dos professores. De imediato a essa fala, outros alunos concordaram. Após o debate sobre a possibilidade da formação continuada e afins, a maioria mudou a posição inicial, dois ficaram na dúvida sobre.·.

[6] No próprio roteiro existe uma breve descrição dos vídeos. 


Publicado por: Lohayne Braga Moreira

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