Clonagem
Conceito:
O termo clone foi criado em 1903 pelo botânico Herbert J. Webber enquanto pesquisava plantas no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Segundo Webber, o termo vem da palavra grega Klón, que significa broto vegetal. É basicamente um conjunto de células, moléculas ou organismos descendentes de uma célula e que são geneticamente idênticas a célula original.
Clonagem é o processo natural ou artificial pelo qual são produzidos clones, cópias fiéis geneticamente de outro ser, por reprodução assexuada.
A clonagem tem sido um assunto muito debatido recentemente, devido as técnicas que permitem a clonagem de animais a partir de óvulos não fecundados. Mas processos de clonagem artificial são conhecidos desde o século XIX entre os agricultores, que já obtinham clones de plantas através de uma planta matriz, que originava dezenas de novas plantas geneticamente idênticas. A primeira experiência com clonagem de animais ocorreu no ano de 1996, na Escócia, no Instituto de Embriologia Roslin. O embriologista responsável foi o doutor Ian Wilmut. Ele conseguiu clonar uma ovelha, batizada de Dolly. Após esta experiência, vários animais foram clonados, como por exemplo, bois, cavalos, ratos e porcos.
O que é:
- Clonar é um processo de obtenção de um clone;
- Clonar um ser vivo significa obter mais “cópias” dele.
Os clones não chamaram muita atenção durante anos, pois a clonagem se restringia principalmente a plantas e protozoários. Porém em 1996, um anúncio marcou a história da genética. O escocês Ian Wilmut, do Instituto Roslin, de Edimburgo, com a colaboração da empresa de biotecnologia PPL Therapeutics conseguiram a proeza de mostrar que era possível a partir de uma célula somática diferenciada clonar um mamífero, tratava-se de uma ovelha da raça Finn Dorset chamada de Dolly. Para que a ovelha Dolly nascesse foi necessário fazer 277 tentativas.
Como foi realizado o processo de clonagem da ovelha Dolly?
Eles isolaram uma célula mamária congelada de uma ovelha da raça Finn Dorset de seis anos de idade e a colocaram numa cultura com baixa concentração de nutrientes. Com isso a célula entrou em um estado de latência parando de crescer. Em paralelo, foi retirado o óvulo não fertilizado de uma outra ovelha, da raça Scottish Blackface, de cor escura. Desse óvulo não fertilizado foi retirado o núcleo, transformando-o em um óvulo não fertilizado e sem núcleo. Através de um processo de eletrofusão ocorreu a união do núcleo da ovelha da raça Finn Dorset com o óvulo sem núcleo da ovelha da raça Scottish Blackface, dando início à divisão celular: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante.
Na fase de oito a 16 células, as células se diferenciam formando uma massa de células internas originando o embrião propriamente dito. Após seis dias, esse embrião, agora com cerca de 100 células, é chamado de blastocisto. O blastocisto foi colocado no útero de uma outra ovelha da raça Scottish Blackface que funcionou como "barriga de aluguel". Após a gestação, esta ovelha que é escura deu à luz um filhote branquinho da raça Finn Dorset chamada Dolly.
Apesar do sucesso da clonagem, a técnica apresentou alguns erros:
A ovelha Dolly não era tão idêntica ao doador do núcleo, apesar de herdar da ovelha branca o DNA contido nos cromossomos do núcleo da célula mamária, ela também herdou da ovelha escura o DNA contido nas mitocôndrias, organelas que ficam no citoplasma das células.
Com o passar do tempo foi percebido que Dolly apresentava as extremidades dos cromossomos (telômeros) diminuída gerando envelhecimento celular precoce. Devido ao envelhecimento, Dolly sofria de artrite no quadril e joelho da pata traseira esquerda. Sugere-se que isto ocorra pelo fato de que ela tenha sido criada a partir de uma célula adulta de seis anos (idade da ovelha doadora do núcleo), e não de um embrião.
Dolly foi sacrificada aos 6 anos de idade, depois de uma vida marcada por envelhecimento precoce e doenças. Em seus últimos dias, Dolly estava com uma doença degenerativa e incurável nos pulmões. Os problemas de saúde de Dolly levantam dúvidas sobre a possibilidade da prática de copiar a vida.
Clonagem de seres humanos
. A experiência com Dolly foi um marco significativo no campo das clonagens e mostrou ao mundo que o tema é muito mais concreto do que se poderia supor. Imediatamente, surgiram debates sobre a ética na engenharia genética e as possíveis conseqüências da clonagem de seres humanos. Teoricamente, isso já seria possível com a tecnologia existente para a clonagem de ovelhas, vacas e até macacos.
O grande medo da humanidade é que a clonagem de seres humanos seja utilizada de maneira perversa por governos ou grupos inescrupulosos e que acabe por imitar os filmes de ficção científica, produzindo armas humanas e escravas - pessoas sem vontade própria, seres humanos com cérebros lavados ou programados como andróides. A idéia de que podem ser produzidas verdadeiras aberrações semi-humanas nas primeiras tentativas de clonagem também é hedionda e perfeitamente plausível, pois foi o que ocorreu com os primeiros animais clonados em experimentos que não deram certo. As experiências de clonagem apresentam uma taxa de sucesso muito pequena, geralmente de apenas 1%. Além disso, ainda não se sabe muito bem como funciona o corpo de um clone: Dolly, por exemplo, envelheceu muito mais rápido do que se esperava. Esse fenômeno pode estar relacionado ao fato de o clone ser gerado a partir de células maduras.
Há organizações dispostas a investir tempo e dinheiro na tentativa de criar clones de personalidades históricas como Hitler ou Jesus Cristo. Ainda que, hipoteticamente, fosse possível encontrar células com o D.N.A. de Cristo ou de Hitler, os clones seriam geneticamente idênticos e teriam as mesmas características físicas, mas não seriam as mesmas pessoas, tendo personalidades e comportamentos distintos. Não há possibilidade de trazermos de volta à vida pessoas queridas ou vultos da história. Com a conclusão do Projeto Genoma Humano, em fevereiro de 2001, ficou claro que o gene não é tão determinante na constituição humana como parecia ser e que os estímulos ambientais são tão ou mais importantes do que os genes.
Há os que defendem a clonagem de pessoas que desejam, mas não podem ter filhos. É conveniente lembrar que, biologicamente, o clone de uma pessoa não seria seu filho, mas seu irmão - algo como um gêmeo idêntico que levou alguns anos para nascer. Uma nova técnica, porém, mistura clonagem com bebê de proveta. A técnica consiste em utilizar um óvulo doado e retirar seu núcleo. Então, uma célula de qualquer parte do corpo da mulher estéril é colocada no óvulo. Metade dos genes da mulher é retirada e, assim, o óvulo torna-se uma célula haplóide, com 23 cromossomos, podendo ser fecundada in vitro por um espermatozóide e transformar-se em um embrião.
Em agosto de 2000, o governo britânico começou a cogitar publicamente o uso da clonagem humana para fins terapêuticos. Não se trata de produzir bebês clonados, mas embriões para serem utilizados na cura de várias doenças.
O embrião é um pequeno aglomerado de células ainda não diferenciadas, as chamadas células tronco. Em circunstâncias naturais, essas células passam por inúmeras divisões e começam a especializar-se, dando origem às células do cérebro, da pele, do estômago e assim por diante. A idéia dos cientistas é remover uma célula de qualquer parte do corpo de um paciente, retirar o seu D.N.A. e inseri-lo no interior de uma célula-ovo, que já estaria, previamente, sem material genético. Essa nova célula seria, então, estimulada a dividir-se, dando origem a um embrião.
Uma vez que as células do embrião seriam idênticas às do doador, os cientistas acreditam que elas poderiam ser estimuladas a dividir-se e a diferenciar-se de acordo com a necessidade do paciente. No caso de um paciente com diabetes, por exemplo, tais células embrionárias seriam estimuladas a diferenciar-se como células do pâncreas produtoras de insulina. Essas células já diferenciadas seriam reintroduzidas no paciente, restaurando a sua saúde sem nenhum risco de rejeição. Da mesma forma, doenças como o mal de Parkinson, leucemia, insuficiências hepáticas, dentre outras, também poderiam ter o mesmo tratamento.
Muitos países manifestaram-se contra a posição do governo britânico, a maior parte dos quais, como a Alemanha, por exemplo, sente-se freada pela ética e pela repercussão negativa que uma medida como essa pode ter junto à opinião pública. Por outro lado, nenhum país quer ficar para trás em matéria de pesquisas científicas e tecnologia.
Clonagem humana
Como se faria?
Os cientistas tirariam o ADN (onde está contida toda nossa informação genética) de uma células epidérmica e colocava-se num ovo de uma mulher da qual foi previamente retirado o ADN. Uma faísca de eletricidade iria dividir o ovo e após alguns dias teria um embrião geneticamente igual a si. A ficção da produção de clone humano não é prioridade, o que os cientistas pretendem é produzir células humanas clonadas que possam ser utilizadas para tratar algumas doenças.
Os riscos:
O Mau uso da clonagem de bebês, a fim de lucrar. Os médicos consideram os riscos da clonagem humana muito elevados. Várias pessoas em todo mundo anunciaram a sua intenção de clonar um bebê. Será que um dia chegaremos a esses pontos?
A Igreja e a Clonagem.
O Papa João Paulo II pronunciou-se sobre a clonagem humana, classificando-a como "moralmente inaceitável". Segundo ele, a clonagem e a manipulação de embriões, mesmo com fins terapêuticos, teriam conseqüências imprevisíveis para a humanidade. Para a Igreja Católica, a única maneira aceitável de criar a vida é mediante a relação sexual de um casal unido pelo matrimônio.
O Brasil e a Clonagem.
O Brasil tornou-se o primeiro país em desenvolvimento a dominar a tecnologia da clonagem. No dia 17 de março de 2001, nasceu Vitória, uma bezerra da raça simental, o primeiro animal clonado produzido no país. Os responsáveis pela façanha foram os pesquisadores da Embrapa, que passaram, então, à tentativa de criar vacas clonadas e transgênicas. Os pesquisadores concluíram que a combinação da clonagem com as demais técnicas de multiplicação animal permite obter, em um ano, o ganho genético equivalente a 12 anos de seleção e multiplicação pelos métodos tradicionais. O domínio da biotecnologia animal pelo Brasil possibilitará a reprodução acelerada de animais geneticamente superiores.
Além de viabilizar programas de melhoramento animal, esse avanço tecnológico pode ser utilizado para a conservação de animais ameaçados de extinção no território nacional. Contudo, no que tange às espécies ameaçadas de extinção, é preciso que o desenvolvimento de novas tecnologias não ignore a necessidade de preservação e fiscalização de áreas florestais. Seria um trabalho improdutivo elevar as taxas de reprodução de uma espécie e não ter como devolvê-la a seu hábitat.
A técnica da clonagem
A clonagem ainda não foi entendida por completo pelos médicos e cientista, no que se refere aos conhecimentos teóricos. Na teoria seria impossível fazer células somáticas atuarem como sexuais, pois nas somáticas quase todos os genes estão desligados. Mas, a ovelha Dolly, foi gerada de células somáticas mamárias retiradas de um animal adulto. A parte nuclear das células, onde encontramos genes, foram armazenadas. Na fase seguinte, os núcleos das células somáticas foram introduzidos dentro dos óvulos de uma outra ovelha, de onde haviam sido retirados os núcleos. Desta forma, formaram-se células artificiais. Através de um choque elétrico, as células foram estimuladas, após um estado em que ficaram "dormindo". Os genes passaram a agir novamente e formaram novos embriões, que introduzidos no útero de uma ovelha acabou por gerar a ovelha Dolly.
A ovelha Dolly morreu alguns anos depois da experiência e apresentou características de envelhecimento precoce. O telômero (parte do cromossomo responsável pela divisão celular) pode ter sido a causa do envelhecimento precoce do animal. Por isso, o telômero tem sido alvo de pesquisas no mundo científico. Os dados estão sendo até hoje analisados, com o objetivo de se identificar os problemas ocorridos no processo de clonagem.
A embriologia e a engenharia genética tem feito pesquisas também com células-tronco e na produção de órgãos animais através de métodos parecidos com a clonagem.
Passo-a-passo
1)As células somáticas são retiradas do doador
2) Essas células são cultivadas em laboratório
3) De uma doadora colhe-se um óvulo não fertilizado
4) O núcleo contendo DNA é retirado do óvulo
5) A célula cultivada é fundida ao óvulo por meio de corrente elétrica
6) Agora temos o óvulo fertilizado com nova informação genética
7) Este óvulo vai se desenvolver até a fase de blástula (embrião com mais de 100 células) onde estão as células tronco.
Pontos negativos da clonagem:
- · Técnica de baixa eficiência.
- Vários fetos morrem durante a gestação ou logo após o nascimento.
- Grande número de anomalias
- Envelhecimento Precoce
- · Os clones seriam maiores do que o normal, denominado de síndrome do filhote grande (large offspring syndrome – LOS)
- Lesões hepáticas, tumores, baixa imunidade.
Pontos positivos da clonagem:
- · Utilização da técnica de clonagem para obtenção de células tronco a fim de restaurar a função de um órgãos ou tecido.
- A clonagem "terapêutica" teria a vantagem de não oferecer riscos de rejeição se o doador fosse a própria pessoa. (ex: reconstituir a medula em alguém que se tornou paraplégico após um acidente, ou substituir o tecido cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto).
- Diminuição ou fim do tráfico clandestino de órgãos
- Ajudar casais inférteis que não podem ter filhos, mesmo após anos de tratamento de infertilidade.
- Melhoramento animal, resgate de material genético, maximização do potencial genético de uma raça.
Dolly
Publicado por: Gabriele Gonçalves
O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.