A Diversidade de gênero sexual na visão de professores e transexuais

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1. RESUMO­­

A transexualidade é uma circunstância no qual o indivíduo apresenta um cenário de desacordo entre a identidade de gênero e a personalidade que lhe foi indicada ao nascer perante as características biológicas e anatômicas. O estudo envolve a dignidade e o respeito à pessoa humana, sendo o ponto central a diversidade de gênero sexual no âmbito escolar. A pesquisa realizada é de natureza qualitativa. Visto que sucede de uma análise crítica dos conceitos expostos pelos colaboradores, e se torna adequado para estudos mais complexos como é o caso deste estudo. Foram aplicados questionários com três seguimentos: transexuais, uma médica especialista no assunto e professores. Pode-se dizer que o estudo também é de caráter exploratório na medida em que é um assunto ainda pouco estudado. No primeiro momento foi realizada uma revisão bibliográfica referente à literatura do assunto que engloba a diversidade de gênero e a transexualidade em artigos, livros, revistas, entre outros. Os dados foram colhidos através de questionários com três seguimentos por via online através do Google Docs1 com uma amostra de quatorze (14) integrantes transgêneros, quinze (15) professores do IFSULDEMINAS - Campus Machado2 e uma (1) médica endocrinologista com doutorado em genética, que trabalha com crianças e adolescentes com disforia de gêneros em um total de trinta (30) colaboradores. As concepções dos professores foram analisadas e embasadas no referencial e confrontada com as respostas dos outros sujeitos. Esta opção teve como propósito analisar o conhecimento por parte dos professores quanto a disforia de gênero e verificar se os docentes se sentem preparados e qualificados para receber essa diversidade sexual na sala de aula.

Palavras-chave: Transgêneros. Disforia de gênero. Diversidade sexual na escola.

ABSTRACT

Transsexualism is a condition in which a person has a disagreement scenario between the identity of gender and the personality that was given when born in front of the biological and anatomical features. The study involves the dignity and the respect for the human, being the central point of the diversity of sexual gender in schools. This research is qualitative. Seeing that the case consider critical analysis of the concepts exposed by the collaborators, and becomes suitable for more complex studies such as this study. Questionnaires were applied with three segments: transsexuals, an expert doctor on the subject and professors. Also can be said the study is an exploratory character as a subject which is still poorly studied. At first moment was performed a literature review related to the subject literature that encompasses the diversity of gender and transsexuality in articles, books, magazines, among others. Data were collected through questionnaires with three segments online by the web using Google Docs with a sample of fourteen (14) transgender members, fifteen (15) professors from IFSULDEMINAS - Campus Machado and one (1) endocrinologist with a doctorate in genetics, who works with children and teenagers with dysphoria genres in a total of thirty (30) employees. Professor’s conceptions were analyzed based on the reference and confronted with the answers of other subjects. This option had as objective to analyze the knowledge of the professors as gender of dysphoria and check if tutors feel prepared and qualified to receive this sexual diversity in the classroom.

Keywords: Transgender. Gender of dysphoria. Sexual diversity in school

2. INTRODUÇÃO

Assuntos como a identidade de gênero sexual vêm sido alvo de constantes discussões da mídia, tendo realce na luta pela igualdade dos direitos humanos. Esse conceito também reflete na dinâmica da liberdade de identidade sexual em busca da construção pelo respeito na sociedade.

A história do ser humano é marcada por uma constante luta de reconhecimento e igualdade dos direitos, que na maioria das vezes é oprimida pelos padrões dos conceitos já estabelecidos, tanto pela cultura, quanto pelos dogmas da religião estes conceitos sempre foram mantidos como tabu.

O principal problema da falta de direitos equiparados, independente dos gêneros de identidade geram atos de discriminação e apesar das diversas conquistas, a sociedade tem muito a aprender, pois ainda é influenciada pelas ideias tradicionalistas que a sociedade carrega dos antepassados. Outro fator limitante se dá na família que recebe a circunstância como anomalia e atua negativamente na opressão do indivíduo.

A falta de informação no ambiente escolar, também submete a opressão do ser que se sente adverso ao sexo anatômico, que por sua vez é construída pelas bases dos padrões heterossexistas, evidenciando o abandono em massa de pessoas desse perfil na escola.

Atualmente, a disforia de gênero é abordada como uma patologia e necessita de apoio para a reformulação do corpo e nome, com intuito de amenizar o impacto do transtorno de identidade que a própria sociedade provoca. Isso se dá através da cirurgia de redesignação sexual, pelo reconhecimento jurídico do nome social e principalmente pelo reconhecimento da dignidade do ser humano como igualdade, sem que a condição individual interfira nesse conceito.

O objetivo central desse estudo é promover o debate e a reflexão em torno da diversidade de gênero sexual na sociedade. Enfatiza a valorização do ser humano na integração dos indivíduos transexuais na sociedade proporcionando mais conhecimento sobre o tema pouco discutido em ambiente escolar. A relevância da pesquisa se dá na medida em que existe na sociedade brasileira e na área política do legislativo uma intervenção no sentido de proibir o assunto nas escolas apontando para um retrocesso em torno dos direitos adquiridos. A presente pesquisa contou com a participação de trinta (30) colaboradores sendo: quatorze (14) transexuais, localizados pela rede social Instagram3 e por grupos no Facebook4, quinze (15) professores que retornaram o questionário enviado a noventa (90) docentes do campus e uma (1) médica endocrinologista também localizada no Instagram. Todos responderam a um questionário com vinte (20) questões abertas, objetivando contrastar a análise dos resultados entre as diferentes esferas.

Este trabalho está organizado estruturalmente em quatro (4) capítulos e considerações finais. O primeiro e o segundo capítulo referem-se a uma revisão de literatura baseada em obras já publicadas em forma de livros, teses, monografias, artigos e outras. Foi feito um levantamento bibliográfico com a finalidade de conhecer os estudos já realizados sobre os aspectos que circundam o tema da transexualidade e a diversidade de gêneros.

O terceiro capítulo trata-se dos procedimentos metodológicos da pesquisa, em que a mesma foi realizada bem como a utilização de questionários e os participantes envolvidos no estudo. No quarto capítulo encontra-se a análise dos resultados obtidos por meio da pesquisa relacionando as respostas colhidas dos dois questionários aplicados.

O estudo aborda os mecanismos de rejeição sofrida pela comunidade transexual na sociedade através dos diferentes espaços de convívio social, tais como: família, religião e principalmente na escola.

O desprezo pela busca do conhecimento sobre a diversidade de gênero traz sérios impactos na vida desses indivíduos. Sendo assim, a ideia do projeto partiu da necessidade de abordar e divulgar o assunto no curso de formação de futuros professores da área de ciências biológicas. O tema diversidade de gênero sexual se torna fundamental na formação dos professores da atualidade, já que cada vez mais as pessoas têm buscado as garantias dos direitos individuais e coletivos no exercício de uma cidadania plena. Outro aspecto de relevância é a divulgação dos saberes, uma vez que a conscientização e o domínio por parte dos educadores sobre o assunto que rondam essa temática é de extrema importância e se faz necessário para uma educação inclusiva.

3. CAPÍTULO I - HISTÓRICO DA TRANSEXUALIDADE E PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

A história da diversidade de gênero sexual se faz presente em nosso meio desde a época do Império Romano, onde os homens que perdiam as guerras eram aprisionados e castrados para proteger o leito das mulheres da nobreza. Segundo Green (1998), alguns homens dessa época sentiam vergonha de suas identidades masculinas e muitas vezes removiam seus órgãos sexuais.

Várias personalidades se destacaram nessa perspectiva provando que a transexualidade não é tão recente quanto muitos acreditam, entre eles está a figura dos imperadores Nero e Heligábulo, que transformaram um de seus escravos em mulheres para se casarem. Outra figura importante, foi a do Papa João VIII, que segundo a lenda, era uma mulher transvestida de homem e que possivelmente tivesse morrido após dar a luz a um bebê.

O respeito pela diversidade e a igualdade pelos direitos tem sido bastante discutido em nosso meio, levando em conta de que são essas diferenças que constroem a integridade do mundo desde os primórdios. É a complexidade do universo que o faz evoluir, porém alguns padrões de comportamentos e estereótipos são estabelecidos, contradizendo aos princípios de dignidade e igualdade dos seres.

3.1. Dignidade humana

Os fundamentos da dignidade humana se dão por valores moralísticos e éticos, reservando a todo e qualquer ser humano o direito da igualdade, que para Silva (1998), estabelece o interesse para a consumação dos direitos primordiais do homem em todos os seus aspectos, e se faz presente desde o início dos tempos fazendo parte da natureza humana como um instrumento de proteção para a não admissão de quaisquer discriminações.

Lopez (2009), relata que a atuação da liberdade se faz necessário no ponto de vista político e social, não só como ferramenta para a construção da dignidade, mas também aliado ao bem-estar, aparecendo como um mecanismo moral de importante relevância. Isso inclui os diferentes princípios, bem como os valores políticos, econômicos, ambientais, reprodutivos e até mesmo religiosos. Sendo assim, o indivíduo se torna distinto através da sua autonomia perante seu estilo de vida.

Ainda segundo Lopez (2009), a transcrição atual de dignidade humana resulta de um processo secular, e mesmo fazendo parte do cristianismo, não pode abstrair as demais etnias existentes. Para a flexibilidade da convivência humana, é necessário tornar as relações mais harmoniosas entre as classes, raças e gêneros, formando relações pacíficas entre os componentes.

A dignidade humana constitui a “base” do Estado constitucional como tipo, expressando as suas premissas antropológico-culturais. Os Poderes Constituintes, “de mãos dadas” com a jurisprudência e a ciência, e mediante uma atuação também criativa, desenvolveram e construíram estes fundamentos. Acompanhar e seguir as fases do crescimento cultural e, com isso, também as dimensões da dignidade humana em permanente processo de evolução, é tarefa de todos: do Poder Constituinte até o cidadão, resultando no direito do cidadão à democracia. (Häberle, 2009, p. 101).

Para Dias (2000), “integrando o estado democrático, os direitos do homem não devem permitir discriminações por parte de atributos específicos de cada ser”. Desse modo, as características individuais que diferem as pessoas, não podem restringir os mesmos de usufruir de privilégios assegurados a qualquer cidadão. Segundo Guerra (2006), os benefícios de proteção favorecidos como estratégia de promover a paz em comunhão com a sociedade, se faz existente através do consentimento de todos, e não somente do estado.

Infelizmente, existem culturas que seguem crenças contrárias à multiplicidade, isso favorece a marginalização dos indivíduos que se opõem a monotonia dos costumes, contrapondo a ideia de liberdade e direitos humanos.

3.1.1. Dignidade humana na diversidade de gêneros

A diversidade de gênero, nos últimos tempos se tornou alvo de intensas discussões da mídia em geral e segundo Dinis (2008), estão voltadas principalmente para o público jovem e adolescente. Esse assunto tem uma grande relevância para a integração da liberdade das diferenças na sociedade, uma vez que os jovens serão instruídos, com finalidade de cultivar o convívio social de forma mais justa e humana.

De acordo com Rios (2006), as concepções referentes aos direitos humanos refletem na dinâmica da diversidade de gênero. Teoricamente, isso deveria representar a liberdade das identidades e o respeito do homem como ser humano, porém esse conceito atua de forma irregular quando características distintas são manifestadas.

Perante a sociedade, a população LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) se torna vulnerável ao preconceito disfarçado de repulsão, e até mesmo de manifestações de extrema violência (SALES, 2007). Consequentemente, essas pessoas são impulsionadas a se afastarem do convívio social, para evitar terríveis consequências.

As rejeições atribuídas pela cultura social interferem na conceituação dos aspectos de direitos humanos, e segundo Rios (2006), o registro do conteúdo de direito da sexualidade deve extinguir essa interferência, pois abrange as concepções de liberdade e igualdade,

O reconhecimento dos direitos destinados às variações de gênero visa pelo respeito das diferenças entre os seres humanos e conforme Sales (2007), tem sua asseguração obtida através de inconstantes lutas, no entanto as ascensões obtidas ainda são pequenas, necessitando ainda de muita mudança. Referindo-se tanto aos direitos judiciais como na hostilidade de pessoas tradicionalistas que promovem a exclusão e a marginalização de seres humanos pelo fato de apresentarem divergências em características e comportamentos que se opõem a padronização cultural.

Para Rios (2006), o conceito de transexualidade também entra na consumação dos direitos humanos, concebendo a qualquer indivíduo a liberdade de escolha de sua própria personalidade, sendo assim é fundamental respeitar as pessoas como semelhantes, não levando em conta a diversidade de cada um, uma vez que a construção do mundo se faz por essa diversidade.

3.2. Diversidade de gênero e Diversidade Sexual

Os termos de diversidade sexual e diversidade de gênero são de enunciados completamente distintos, mas que na maioria das vezes são associados um ao outro e até mesmo homogeneizados como um só. Porém, segundo Jesus (2012), a diversidade sexual está associada à afetividade atrativa, referente ao ato em si e tem referências ligadas a homossexualidade, heterossexualidade, bissexualidade e assexualidade, ou seja, trata-se da orientação sexual do indivíduo.

Já o termo de gênero sexual, conforme diz Borges (2007), está ligado aos valores que definem as características do indivíduo quanto a sua identidade pessoal, e vai além das concepções existentes de masculino e feminino, uma vez que a identidade se constrói pela maneira que o indivíduo se sente perante seu comportamento social e independe da sua vida sexual.

Como já dito, o gênero é algo social e define a forma que o indivíduo se apresenta e como a sociedade o vê, sendo influenciado completamente pelo tipo de cultura. Madureira (2009), descreve o gênero como uma concepção política e comportamental, que por sua vez é elaborado durante o processo de construção do ser humano.

Essa construção social, prova segundo Goellner (2010), a inexistência da ideia tradicionalista de masculino e feminino, sendo assim a identidade do gênero melhor se expressa da seguinte maneira:

Gênero com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. Diferente da sexualidade da pessoa. Identidade de gênero e orientação sexual são dimensões diferentes e que não se confundem. Pessoas transexuais podem ser heterossexuais, lésbicas, gays ou bissexuais, tanto quanto as pessoas cisgênero (JESUS, 2012, p.14).

Ainda conforme Jesus (2012), os conceitos de gênero e sexualidade podem se relacionar, mas não estão engessados um ao outro, podendo uma pessoa transgênera, assim como um cisgênero, se relacionar com qualquer indivíduo sem se fixar a apenas a uma orientação sexual. Nessas condições, a orientação sexual se faz pela erotização e atração afetiva, enquanto o gênero pela identidade pessoal.

3.3. A história da Transexualidade

Segundo Castel (2001), a transexualidade é uma situação no qual o transexual apresenta um desconforto da mente com o corpo biológico. Nesse caso, os transexuais sofrem consigo mesmo pela rejeição do próprio corpo, e como reparo iniciam uma sequência de procedimentos, bem como cirurgias e uso de hormônios.

A transexualidade era inicialmente conhecida como Síndrome de Harry Benjamin, isso porque conforme explica Athayde (2001), o sexólogo Alemão Dr. Harry Benjamin, foi o primeiro médico a estudar as causas da transexualidade, quando na década de 40 passou a avaliar os transexuais com as descrições dos próprios pacientes, e assim era traçado as características da até então conhecida como síndrome.

O campo da biologia descobriu nos anos 20 e 30 as possíveis relações dos hormônios com a libido, sendo essa descoberta animadora para os especialistas (CASTEL, 2001). Desse modo a transexualidade passou a ser observada não somente pela psicologia, mas também quanto às glândulas endócrinas e suas interações comportamentais.

Ainda segundo Castel (2001), a luta pelo reconhecimento da transexualidade tem influências feministas e homossexuais que aplicaram o molde de ordem transexual como propósito à luta contra a rejeição social. Isso se deu porque, de acordo com Jesus (2012, p.11), “a população transexual vem sido estigmatizada, marginalizada e perseguida, devido à crença de sua anormalidade”.

Durante muito tempo, os procedimentos de readequações da personalidade eram entendidos como reparos para uma desordem mental, onde os recursos eram usados como medidas para tratar desses distúrbios, contudo, na segunda metade do século XX como cita o autor Seffner (2015). Essas transformações físicas passaram a ser reconhecidas como uma outra identidade de gênero sexual.

Na década de 60 e 70, os que conseguiam uma vida relativamente melhor após um ciclo terapêutico que resultaria em uma cirurgia genital, eram chamados de Verdadeiro Transexual, posteriormente esse desvio de gênero preestabelecido foi designado como Síndrome de Disforia de Gênero (ATHAYDE, 2001), deixando a ideia de que essa diversidade de gênero seria algo negativo, relacionado com algum distúrbio psíquico.

Para os transexuais, as lutas pelo direito da igualdade e o reconhecimento da identidade de gênero foram constantes. Diversos pesquisadores buscaram na psicologia e na genética, as possíveis respostas para o surgimento de uma nova identidade de gênero, porém o que se pode concluir é que existem diversas razões, sendo indicadas individualmente para cada caso específico.

O que a experiência transexual revela são traços estruturantes das verdades para gêneros, para as sexualidades e subjetividades. Nessa experiência, o que nos constitui é revelado com tons dramáticos que são analisados pelos protocolos médicos como enfermidades. A luta pela despatologizaçção da transexualidade e a luta pela retirada do Código Internacional de Doenças de todas as classificações relacionadas ao gênero (travestilidades, fetichismos, transexualidade) é uma das pautas da contemporaneidade que unificam teóricas/os e ativistas em várias partes do mundo (BENTO, 2009, p.111).

Em 1980, foi aplicado ao DSM-III (Manual Diagnóstico e Estatístico das Desordens Mentais) o reconhecimento de transexualismo para pessoas que tinham constantes desejos de mudanças físicas e do status social quanto ao seu gênero sexual, onde foi trocado a nomenclatura por Desordem da Identidade de Gênero, que passou a ser usado para se referir a indivíduos de gêneros incomuns, felizmente o quadro social dos transexuais frente à sociedade tem sofrido relevantes mudanças nos últimos anos (ATHAYDE, 2001), aproximando cada vez mais o ser humano da igualdade de direitos.

3.3.1. Histórico de conquistas da transexualidade

A história do ser humano sempre foi marcada pela luta de reconhecimento e igualdade dos direitos, visando sempre a liberdade das manifestações e das diferenças, porém, a maioria sempre se sobressaía sobre a minoria, e conforme Silva (2008), gerava opressão dessas classes menos favorecidas, uma vez que os conceitos de liberdade e direitos não existiam para proteger esses indivíduos.

Segundo Mello et al. (2012), foi em 1985 que a CID (Classificação Internacional de Doenças), traçada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por meio de uma decisão do Conselho Federal de Medicina CFM (Conselho Federal de Medicina) deixou de classificar os comportamentos ligados a população LGBTT como uma doença, sendo o primeiro passo na conquista na luta pela igualdade.

Entre os principais mecanismos de resolução da transexualidade, se destacam a cirurgia de redesignação sexual e a adequação judicial do nome civil. Conforme Fernandes (2010), a cirurgia no Brasil já era realidade dos brasileiros desde os anos 70, porém a adequação do nome através do reconhecimento jurídico não foi instantânea e necessitou de muita luta, pois inicialmente era considerado como crime de falsidade ideológica.

Um dos grandes símbolos da luta pela igualdade de gênero é a bandeira do orgulho transgênero. Segundo Roberts (2014), a bandeira foi criada por Monica Helms em 1999 e possui cinco (5) listras, contendo uma (1) branca, duas (2) azuis e duas (2) rosas. Conforme a autora, a cor rosa representa as meninas, a azul os meninos e a branca para os que não pertencem a nenhum gênero (JESUS, 2012).


Figura 1
- Bandeira do orgulho transgênero.
Fonte: Jesus, 2012.

Em 2003 o Brasil se uniu com outros países da América Latina e Europa com intuito de promover o reconhecimento dos direitos humanos pela ONU (Organização das Nações Unidas) em favor da liberdade de identidade de gênero e orientação sexual, e no término de 2008, pelo apoio de 66 países, foi aprovada uma declaração que protegia qualquer indivíduo, independentemente de sua identidade de gênero (OLIVEIRA, 2015), só então os valores de dignidade humana passaram a valer teoricamente para os que fugiam dos padrões da sociedade monótona.

O encaminhamento da solução para os problemas dos transexuais tem um de seus marcos na Portaria n. 1.707, de 18 de agosto de 2008, do Ministério da Saúde, que instituiu no âmbito do SUS o processo transexualizador a ser empreendido em serviços de referência devidamente habilitados à atenção integral à saúde dos indivíduos que dele necessitem, observadas as condições estabelecidas na Resolução n. 1.652, do CFM. A cirurgia é agora acessível a todas as classes sociais. Merece destaque o disposto no inciso I, do artigo 2°, da Portaria, que, ao estabelecer as ações para o processo transexualizador no âmbito do SUS, permitiu expressamente que a integralidade da atenção não restrinja nem centralize a meta terapêutica no procedimento cirúrgico de transgenitalização e de demais intervenções somáticas aparentes ou inaparente (BARBOZA,2012 p.555).

Muitas mulheres transexuais são discriminadas e excluídas do mercado de trabalho, vítimas de preconceito, consequentemente são forçadas a se integrar no ramo da prostituição como medida de sobrevivência. Posto isso, no ano de 2015, conforme a publicação de Felix (2015) no jornal Estadão, a prefeitura de São Paulo, sob administração do prefeito Fernando Haddad iniciou projetos de reintegração da comunidade de travestis e transexuais na escola e no mercado de trabalho. O projeto ficou conhecido como Transcidadania, e ofereceu uma bolsa de um salário mínimo para as mulheres trans e travestis que se beneficiaram da ação. A medida se configurou na reintegração e a devolução do respeito pela pessoa humana.

De acordo com a edição de abril da revista Fórum (2016), a então presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, assinou no dia 28 de abril de 2016, um decreto (ANEXO I) para impedir qualquer ação discriminatória sobre indivíduos transexuais. O decreto estabelece na legalização, o direito do uso do nome social em documentos oficiais, como crachás, fichas e publicações no DOU (Diário Oficial da União). Esse feito torna-se um grande avanço na conquista da igualdade e luta pelos direitos humanos.

Em contrapartida o governo dos Estados Unidos entrou no dia 9 de maio de 2016 em uma batalha contra o governo estadual da Carolina do Norte em favor da utilização do banheiro público de acordo com a identidade de gênero. De acordo com a lei do estado, a utilização do banheiro feminino por mulheres transexuais coloca em risco a privacidade das mulheres biologicamente natas. Contudo, Barack Obama considera que a lei contrapõe a ideia liberdade de gêneros (ROMILDO, 2016).

No mesmo ano, a revista digital Catraca Livre (2016), mencionou que a Comissão de Direitos Humanos de Nova York, aprovou oficialmente o reconhecimento da utilização de trinta e uma (31) nomenclaturas para designar diferentes tipos de gêneros, sendo eles: “Homem”, “Mulher”, “Transexual”, “Pessoa trans”, “Trans”, “Sem gênero”, “Bi-gênero”5, “Terceiro sexo”6, “Cross-Dresser”7, “Drag-King”8, “Drag-Queen”9, “Femme”10, “Queen”11, “Fêmea-para-macho”, “Macho-para-fêmea”, “FTM”12, “MTF”13, “Gênero Fronteiriço”, “Genderqueer”14, “Non-Op”15, “Hijra”16, “Pangênero”17, “Butch”18, “Espírito Duplo”19, “Gênero Fluido”20, “Transgênero Não Binário”21, “Andrógeno”, “Andrógena”22, “Gender-Gifted”23, “Gender Bender”24 e “Pessoa em Experiência Transgênera”. Esses pronomes referem-se à identidade pessoal de cada indivíduo, desse modo, as nomenclaturas citadas representam os gêneros conhecidos até o momento.

3.3.2. Levantamentos veiculados pela mídia

As questões de gêneros tem sido alvo de grandes polêmicas nos meios de comunicação em massa, sendo um caso de grande repercussão protagonizado por Roberta Close, que vivenciou uma série de conflitos acerca do reconhecimento de sua identidade feminina, conforme Trevisan (2011), em 1984 a atriz fez um ensaio sensual para a revista Playboy25, e levou ao esgotamento da edição em três dias de publicação. Mais adiante, Roberta Close finalizou seu procedimento de transgenitalização na Inglaterra, e posou novamente para a revista Playboy numa edição de 1990, dessa vez exibindo sem pudor a nova imagem da mulher transexual (VERAS 2013).

Ainda em 1984, foi lançado o livro Erro de Pessoa de João W. Nery, que consagrou o autor como o primeiro homem transexual do Brasil. Nery realizou sua cirurgia em 1977, 20 anos antes da legalização do ato no país, como consequência, teve que abdicar de todas as conquistas atribuídas à sua identidade feminina, incluindo seu diploma de psicologia, sendo esse dado como anulado. (NERY, 2012).

No programa Zorra Total26 exibido pela Rede Globo, o humorista Rodrigo Sant’Anna configurou a estampa da transexual Valéria Vasques, que vivencia sua narrativa em um metrô onde em diversas vezes enfatiza a sua condição de mulher operada (SANTOS, 2015). Conforme Rodrigues (2015), assim como os personagens da TV, as campanhas publicitárias também foram um marco na história da transexualidade, principalmente com a aparição da atriz transexual Rogéria em 1999 em um comercial de produtos de limpeza.

Partindo para a esfera de telenovelas e conforme dito pelo autor Santos (2015), temos o primeiro relato de personagens com o perfil transgênero na novela O Bofe27 de Lauro César Muniz em 1972, onde o ator Ziembinski, dava vida a uma senhora polonesa chamada Stanislava Grotoviska. Em 1992 a novela Deus nos Acuda28 de Sílvio de Abreu, exibida na Rede Globo mostrou o conflito da personagem Gina na mudança de personalidade, interpretada pelo ator Jandir Ferrari, a personagem era uma sequência da novela Rainha da Sucata29, exibida dois anos antes.

Em 2000, a atriz Cláudia Raia vivenciou na novela As filhas da Mãe30, uma estilista que entra no contexto da história como uma mulher transexual que acabava de passar pela transgenitalização em uma viagem pela Europa. As personalidades transgêneras continuaram marcando a dramaturgia brasileira em O Brado Retumbante31, Fina Estampa32 e Salve Jorge33 em 2012, Geração Brasil 34em 2014 e mais recentemente a novela Império35 exibida de 21 de julho de 2014 a 14 de março de 2015, a novela de Aguinaldo Silva contou com a figura feminina denominada Xana Summer, vivida pelo ator Ailton Graça (SANTOS, 2015).

Ainda segundo Santos (2015), a transexualidade marcou a história dos reality shows no Brasil com Ariadna Arantes que participou em 2011 da 11ª temporada do Big Brother Brasil36 e se tornou referência por se tratar da primeira aspirante transexual a participar de um programa líder de público, seguidamente a atriz e humorista Nany People e a jornalista e performer Léo Áquila representaram o público trans no reality A Fazenda37 em 2010 e 2012 respectivamente,

Em outubro de 2014, conforme Castro (2015), a drag queen nacionalmente conhecida, Silvetty Montilla, estreou o Reality Academia das Drags38 e atingiu a marca de 160 mil visualizações no YouTube39 somente no primeiro dia de exibição. Assim, o papel da mídia em favor da diversidade de gênero torna-se fundamental no processo de embate pela dignidade humana.

Em meados do século XVII, as atrações de dança, dramatização, canto entre outros do teatro kabuki japonês eram realizadas somente por homens, uma vez que a mulher era reprimida em razão dos princípios da época, em favor disso, os homens se transvestiam para interpretar personagens femininos. Sendo Santos (2015), a prática ficou conhecida como cross-dressing e também marcou as peças de William Shakespeare.

Recentemente, o filho do apresentador Marcelo Tas, concedeu uma entrevista para a Revista Crescer40, onde contou suas experiências no processo de transgenitalização e o apoio que recebeu da família. Nascido em 1989 e registrado como Luiza, se tornou posteriormente Luc, e se tratando de um caso que envolve uma pessoa pública, no caso seu pai, o rapaz se considera privilegiado por ter sido apoiado. Atualmente, Luc vive nos Estados Unidos e atua como advogado no país (CARAS, 2015).

4. CAPÍTULO II - PROCESSOS DE ADEQUAÇÃO DE IDENTIDADE DE GÊNERO

Existem vários relatos de mudanças de gênero em muitas culturas e povos, principalmente em tribos indígenas a entendimentos míticos. A tribo dos Yuman41, por exemplo, apresenta uma crença em que possivelmente aconteça uma “mudança de espírito” em jovens índios ocasionada por uma série de sonhos ocorridos durante a puberdade. Segundo a tribo, os homens que tivessem sonhos que seriam mulheres e mulheres que seriam homens passariam a adotar as posturas do outro gênero. Isso evidencia a aceitação da tribo quanto a mudança de identidade.

Quando nascemos, somos integrados à sociedade e induzidos a um comportamento estabelecido pelas normas de cada cultura, esse comportamento é desenvolvido naturalmente, porém algumas pessoas se deslocam dessa regra por apresentarem um desconforto de pertencer a um corpo que não lhe cabe. Como estratégia de reparar o “erro”, se faz necessário passar por uma série de procedimentos, que vão harmonizar esse transtorno de desigualdade entre a mente e o corpo.

4.1. Cirurgia de redesignação sexual

A transexualidade é uma transposição da personalidade do gênero sexual, objetivando na transformação de todas as implicações sociais, e vai muito além do ato cirúrgico. Conforme Athayde (2001), antes do mesmo acontecer é fundamental que haja um reconhecimento, considerando os riscos e benefícios, com o propósito de satisfazer a mente e corpo do indivíduo sem que haja complicações, para não haver traumas e arrependimentos.

Vieira (2000) considera que a cirurgia engloba o conceito de adequação da forma física com a identidade verdadeira do gênero, ultrapassando o simples fato de modificar o sexo biológico. É a conformação da identidade com o corpo, caracterizada por aspectos definido pelos padrões tradicionais.

Os transexuais, algumas vezes, dizem que a cirurgia não tem como objetivo principal uma vida sexual ativa, mas sim igualar a aparência de seu corpo com a sua imagem interna do mesmo. De forma parentética, alguns, para fins profissionais ou práticos, continuam a se vestir como homem, mas aliviados, pois seus corpos, agora, casam com sua imagem interna de si próprios. No extremo oposto, encontramos aqueles que têm como objetivo principal uma vida sexual ativa e até a adoção de uma criança (ATHAYDE,2001, p.411).

Em 1920, conforme diz Hage (2007), foram feitas as primeiras operações na construção de uma neovagina42 em pacientes diagnosticados hermafroditas. A cirurgia resultava na retirada da genitália masculina e na criação da vagina através de fragmentos de tecidos provenientes das nádegas, coxas e em alguns casos do intestino, porém a prática colocava em risco as áreas sensíveis do novo órgão.

Segundo Fernandes (2010), o primeiro fato relatado de cirurgias de redesignação sexual em pacientes diagnosticados com disforia de gênero foi em 1952, onde o soldado norte-americano George Jorgensen, alterou seu gênero para o feminino e passou a se chamar Christine Jorgensen. A cirurgia obteve um sucesso extraordinário, e conciliado com tratamentos hormonais, transformou um soldado em uma bela e influente atriz.

Fogh-Anderson conseguiu em 1956, aproveitar a pele do pênis na construção da genitália feminina, no entanto era preservada a configuração tubular do órgão masculino. Posteriormente, foi desenvolvida por outros médicos em Casablanca, a técnica de cirurgia que se tornou base para os métodos atuais, dentre esses médicos, se destacavam o ginecologista francês Georges Burou e Harold Gillies (GALLI, R. et a, 2013).

O cirurgião plástico Dr. Roberto Farina, realizou em 1971 a primeira cirurgia de redesignação sexual no Brasil, e embora tenha trago resultados positivos, essa intervenção resultou em dois processos para o médico, sendo eles de origem disciplinar pelo Conselho Federal de Medicina e criminal, considerando a cirurgia como mutiladora, debatendo contra o Código de Ética Médica e o Código Penal vigorante no período citado (SAADEH, 2004).

Em 1979, foram iniciadas as primeiras discussões para a aprovação legal da cirurgia de mudança de sexo, onde o Conselho Federal de Medicina foi interrogado primordialmente pelo enquadramento de próteses mamárias em indivíduos com disforia de gênero pertencente ao sexo biológico masculino (Protocolo nº 1.529/79 CFM15, ARÁN,2009). Segundo Vieira (2009), foi somente em 1997 que o CFM aprovou o processo de redesignação sexual por meio da Resolução 1482, revogada pela Res. 1652/2002. No Brasil, a prática se tornou válida após o indivíduo se submeter a um rígido tratamento psiquiátrico de dois anos, para subsequente receber o diagnóstico de transexualismo.

Entendemos que a cirurgia está protegida pelo art. 13 do Código Civil brasileiro, o qual estabelece “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes”. Como a cirurgia é indicada por médico, não há que se falar em lesão corporal. (VIEIRA, 2009. p. 75).

Conforme Saadeh (2004), a mudança de sexo por meio da cirurgia, já era uma prática utilizada na Roma antiga na época dos grandes imperadores. Todavia, nesse período, apenas eram retirados os genitais masculinos, resultando apenas no processo de castração e não necessariamente na troca de gênero sexual. Essa prática era realizada pelos imperadores com prisioneiros que perdiam as guerras e eram submetidos a prestar serviços no palácio bem como servir a corte como conselheiros.

Existem diversas etapas para o esse processo de mudança física da identidade, entre os quais Galli et al. (2013), cita o acompanhamento psiquiátrico, a psicoterapia a fim de estimular o desenvolvimento de características sexuais secundárias, a avaliação genética e por último o tratamento cirúrgico, sendo o principal elemento da conclusão do desenvolvimento transexual, resultando na aplicação do mesmo na pauta da agenda da saúde pública.

4.2. Aspectos jurídicos da transexualidade e registro civil

O grande problema de um Transexual perante o convívio social se dá conforme Klabin (1995), no registro civil, que contrapõe as condições reais e enfatiza uma desarmonia entre os aspectos físicos e a terminologia, afetando também a vida profissional do indivíduo. Desse modo, a nova construção de identidade e a mudança de nome se fazem de crucial importância. Sendo a apropriação do nome no registro civil como a última fase do processo de adequação sexual, à vista disso é necessário que o transexual evoque o poder judiciário para a aprovação do mesmo.

Assim, de acordo com a nova Lei de Registros Públicos n. 6.015, de 31/12/73, com as alterações introduzidas pelas leis nº. 6.140, de 28/11/74 e 6.216, de 30/06/75, em seu art. 58, o prenome é imutável, contudo poderá ser mudado, quando expuser ao ridículo o seu portador (art. 55, § único), assim como, retificado, no caso de erro gráfico (art. 58, § único) levantamentos vinculados pela mídia (KLABIN 1995.p. 223).

A atuação dos transexuais se dá através dos gêneros verdadeiros pertencentes, sendo os transexuais masculinos que devem ser tratados como homens e transexuais femininas que devem ser tratadas como mulheres. Segundo Jesus (2012), a mudança de nome é protegida pelo art. 56, condicionando a preservação do sobrenome da família, atribuindo o direito de transformação apenas do nome principal.

As normas de gênero [...] estabelecem que, socialmente, ser homem é ter um pênis e mulher uma vagina e, ainda, que devem ser heterossexuais. Assim, um “transexual de verdade” deve ter uma genitália compatível com o gênero que se expressa e deve desejar relacionar-se apenas com o gênero oposto. Qualquer desconformidade com estas normas de gênero, como o desejo de viver como mulher, mas com uma genitália masculina, ou relacionar-se sexualmente com outra mulher sendo uma transexual, não autorizam a pessoa transexual a realizar as transformações corporais e a alterar a identidade desejada (SILVA, 2007, p. 24).

As condições de desacordo entre imagens e pronomes são de ampla repressão em diversos locais. Em nosso país, Klabin (1995), descreve que a adequação do nome no registro civil tem um longo histórico, sendo o primeiro redefinido para o sexo feminino, e teve a deliberação da Vara de Registros Públicos da Capital de São Paulo.

Em 1998, o Brasil adotou um método de avaliação da educação básica, denominado ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que posteriormente passou a ser usado como ferramenta de seleção para universidades (ANDRIOLA,2011). No ano de 2014, perante os cento e vinte pedidos (120) pedidos, surgiu a hipótese de que os candidatos travestis e transexuais poderiam usar o nome social na execução da prova, no ano posterior o número de pedidos subiram para duzentos e setenta e oito (278), mas somente 2016, o ENEM autorizou a medida (BRASIL, 2016).

4.3. Aspectos biopsicossociais da transexualidade

A diversidade de gênero pode ser entendida e interpretada com as mais distintas explicações. Diversas pesquisas foram realizadas para desvendar esse transtorno de identidade, contudo, a psicologia e a biologia não encontraram respostas concretas que afirmasse o verdadeiro motivo da irregularidade psicológica com o corpo, o que se sabe até hoje, é que são particularidades, sendo possível perceber as mais distintas razões para cada caso de transexualidade já estudados.

Uma das primeiras teorias para explicar a diversidade de gênero, foi elaborada pelo advogado e homossexual Carl Heinrich, que explicava a homossexualidade como uma “alma feminina num corpo masculino” e vice-versa, tudo isso seria o resultado de um possível erro embrionário.

Freud dividiu o desenvolvimento humano através da sexualidade, onde separou esse desenvolvimento em fases, sendo elas: oral, anal, fálica e genital. Ao nascer, somos identificados pelo sexo biológico, e nomeados conforme essa condição, porém sendo Raidel (2014), alguns indivíduos acabam desviando dessa linha de padrões estabelecidos pelas normas heterossexistas, contrapondo a ideia de menino e menina até mesmo na separação dos brinquedos, roupas entre outros.

Conforme Yoshida (2001), a criança é estimulada a pertencer ao sexo feminino ou masculino através da identificação anatômica referentes aos padrões tradicionais e de comportamentos, contudo os transexuais de acordo com Arán (2008) sentem a certeza de pertencer a outro gênero, contrapondo a identidade que lhe foi designada,

A relação do gênero com a psicologia segundo revela Picazio (1999), manifesta a discrepância da identidade de gênero e revela que a mesma não se faz de características físicas e muito menos de percepções, nessa perspectiva, os conflitos da mente e corpo se iniciam na adolescência, sendo a fase das mudanças e interações dos hormônios.

Segundo a autora:

(...) A Classificação Internacional de Doenças – CID elenca no F 64.0, Transtorno de Identidade Sexual. Prevê a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 1.652/2002, em seu artigo 3º, que para alguém ser caracterizado como transexual deverá apresentar, no mínimo: 1) Desconforto com o sexo anatômico natural; 2) Desejo expresso de eliminar os genitais, para perder as características primárias e secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto; 3) Permanência desses distúrbios de forma contínua e consistente por, no mínimo, dois anos; 4) Ausência de outros transtornos mentais. Tereza Rodrigues Vieira (2009, p.72).

A diferenciação cerebral do transexual atua na opressão desses sujeitos, que não admitem a presença de seus órgãos genitais, essa rejeição leva a busca de um reparo que se baseia na utilização de hormônios e realizações de procedimentos cirúrgicos, além de um longo tratamento psíquico.

Na maioria das vezes, conforme diz Vieira (2000), os indivíduos designados transexuais, anseiam pertencer ao gênero oposto ainda na infância e no decorrer de suas vidas, e vão construindo as características para distanciar das aparências atribuídas do sexo biológico. Isso se dá através do modo de vida e das experiências realizadas pelo indivíduo e essa necessidade de adequar corpo e mente se relaciona com a saúde mental e física construindo a magnitude da identidade pessoal.

4.4. Genética e transexualidade

Embora na maioria das vezes, a transexualidade é explicada pela psicologia como uma disforia de gênero, a biologia segundo Hepp (1999), encontrou possíveis razões para explicar a relação da genética na construção da identidade de gênero, contrapondo a ideia de influência do meio e relacionando as causas como um fundamento congênito.

Há uma grande diversidade de teorias para explicar o introito da transexualidade e as suas razões de existências, entre essas teorias conforme diz Spizzirrii (2015), está a tendência genética e a interação dos hormônios que colaboram para a construção da identidade de gênero.

Ainda como um embrião o ser humano se mantêm como indivíduo bissexual até por volta da sétima semana após a concepção, segundo Vieira (2009) isso se dá pelas gônadas que estão começando a desenvolver e os genitais que são idênticos em ambos os sexos, previamente nesse período é impossível designar os gêneros como masculino ou feminino.

Conforme Green (2000), a relação da genética na diversidade de gêneros sexuais é natural de estudos familiares e nas palavras de Gil Guerra-Junior (2009, p. 14):

O processo como um todo é classicamente dividido em quatro etapas: a determinação do sexo cromossômico, que é estabelecida na fertilização; a diferenciação das gônadas em testículos ou em ovários; a diferenciação dos genitais internos e externos masculinos ou femininos a partir de estruturas indiferenciadas presentes no embrião, que é dependente da presença ou ausência de testículos; e a diferenciação sexual secundária, que é a resposta dos vários tecidos aos hormônios produzidos pelas gônadas para completar o fenótipo sexual.

A sistematização cerebral provém das atividades dos hormônios sexuais ainda em desenvolvimento no útero. Conforme Pinto (2004), o início do crescimento das gônadas se dá próximo a quatro ou cinco semanas após a fertilização. Sob ação da testosterona, o cérebro será induzido ao comportamento sexual masculino, podendo ocorrer também em mulheres, devido a grande quantidade de androgênico, caso contrário, quando há carência na quantidade de androgênicos, a influência será pelo comportamento feminino, deste modo, esses hormônios interferirão no gênero atribuído de acordo com a anatomia biológica, gerando um atrito entre identidades sexuais.

4.5. Transexualidade na sociedade

A falta de reconhecimento da diversidade de gêneros sexuais acaba expondo a comunidade transexual a violência e martirização. Isso se dá, segundo Fraser (2001), como consequência dos direitos legais que não são atribuídos, reforçando a ideia de uma anormalidade. Uma vez que a educação sexual se volta apenas para a heterossexualidade e aos gêneros de masculino e feminino, atribuídos anatomicamente.

Natividade (2010), afirma que a exposição comportamental que remete a um padrão contrário ao heterossexismo pode resultar no ato de discriminação, levando ao constrangimento pessoal frente a sociedade. Essa discriminação distancia o ideal de paridade social entre a diversidade de gêneros sexuais, impossibilitando o respeito frente aos conceitos de diversidade e liberdade sexual.

Os movimentos LGBTT carregam propostas de reeducação social, conforme os direitos humanos, visando pela igualdade e o respeito da diversidade. Segundo Mota (2012), essas lutas expressam o enlace dos movimentos LGBTT e suas influências políticas para o reconhecimento social, o principal objetivo aponta para melhoria das condições de cidadania frente às divergências de gêneros.

De acordo com Arán (2009), a redesignação sexual do diagnóstico de transsexualismo tem subsídios assegurados através da rede pública, contudo, essa condição é tratada como anormalidade, agregando a transexualidade ao grupo dos marginalizados. Dessa maneira as lutas pelo reconhecimento se tornam um elemento crucial de cidadania. Lopes (2008), afirma que a sociedade responde com repudio através da ridicularização e a diminuição da causa através das ideais tradicionalistas, influenciadas pelo meio cultural e religioso.

Um dos direitos mais almejados pela comunidade transexual segundo Arilha (2010), é o de reconhecimento jurídico da identidade, a fim de desligar os laços do passado e evitar constrangimentos pela discordância de corpo e identidade civil. Por conseguinte, é possível perceber que a desavença e o preconceito das ideias heterossexistas não generaliza todas as classes sem exclusão de poder econômico.

4.6. Transexualidade no âmbito religioso

A diversidade sexual no contexto religioso nem sempre é propícia, pois de acordo com os dogmas seguidos pelas doutrinas mais tradicionais, o sexo é mantido como um ato impuro e deve ser guardado para o homem e mulher após o matrimônio, somente para a procriação. Esses dogmas são absolutamente inquestionáveis, e uma vez que são violados, recebem ameaças de punições divinas, confrontando com os princípios da Bíblia de amor ao próximo.

Para Martins (2015), a transexualidade é um assunto profundamente envolvido na discriminação social por influências das crenças religiosas. As mesmas se dão por fundamentos mal interpretados de fragmentos da Bíblia, bem como “os efeminados não herdarão o reino dos céus”, porém muitos esquecem de praticar o “amor ao próximo”.

É possível perceber a predominância do público transexual em terreiros de candomblé, onde até mesmo pais e mães de santo se engajam nesse padrão. Contudo, a participação de pessoas trans ainda é decadente por questões de timidez e até mesmo receio. Santos (2013) diz que o acolhimento da comunidade LGBTT no candomblé não é global, sendo uma questão cultural que molda os costumes podendo influenciar na aceitação ou não no contexto religioso. Nos casos de possessão do orixá nos terreiros, o gênero do possuído não se altera independente do gênero do orixá.

A rotulação dos comportamentos dos gêneros feminino e masculino são preservados pela igreja, e como já dito, não permitem a violação dos mesmos. Com base nisso, Natividade (2010) afirma que a luta pela aceitação da liberdade sexual no quadro religioso brasileiro ainda é precoce posto que é preciso derrubar muitas idealizações dogmáticas e Torres (2006) assegura que esses temas são tratados como conceitos moralísticos, rotulados como obsceno.

De acordo com Machado (2011), a hipótese da epidemia da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) estar ligada no princípio com a conduta homossexual deu suporte para uma série de campanhas contra essa comunidade, desta forma, dificilmente a igreja admitirá o sexo entre duas pessoas do mesmo gênero como correto, consequentemente, o abandono da religião se torna frequente.

Atualmente, vem crescendo o número de igrejas voltadas para a diversidade de gêneros, trazendo uma nova definição para o conceito de salvação, onde as diferenças são respeitadas e tratadas em igualdade, e segundo Barajas (2014), no ano de 1968 as lutas e protestos pelo reconhecimento político, social e religioso por comunidades LGBTTs se iniciaram, tornando de fundamental importância para delinear o relato de igrejas voltadas para a diversidade sexual e de gênero.

Para Jesus (2008), os dogmas e padrões morais estabelecidos pela igreja são ferramentas que definem o modo de vida da sociedade, formando uma identidade a partir desses conceitos. São essas crenças que edificam as condutas dos seres humanos que seguem os determinados segmentos, onde na maioria das vezes tiveram interpretações equivocadas, e refletirão negativamente na vida dos que são menosprezados.

A participação de pessoas com identidade adversa ao heterossexualismo no âmbito religioso é impedida pelo preconceito das autoridades religiosas, que por sua vez, atuam de forma alienadora sobre seus seguidores, e segundo Santos (2013), mesmo com a presença de deuses e criaturas divinas com essas características no contexto da mitologia das crenças afro-brasileira, esse paradigma não é revertido.

Conforme Pereira (2004), a hostilidade entre a diversidade de gêneros e religião determina os impasses pertencentes à autoridade das tradições e religiosidade, sendo assim a questão da participação intolerante dos senadores da bancada Evangélica referente ao movimento LGBTT nos faz questionar sobre os direitos democráticos e repensar na ideia de estado laico.

4.7. Transexualidade na família

Na atualidade, podem-se perceber mudanças e atualizações no meio social em geral, dentre as formas da sexualidade humana e o contexto familiar. Conforme Kurashige (2010), a família em sua maioria espera de seus procedentes uma índole tradicionalista baseada em conceitos da heterossexualidade, isso gera um bloqueio no indivíduo de gênero distinto, tornando o processo de revelação ainda mais difícil, e considerando que sua estirpe é baseada em clichês heterossexistas, essa exposição se contrapõe com o preconceito heteronormativo.

A discriminação manifestada pelos familiares quanto à desigualdade sexual coíbe esses indivíduos a se resguardar ocultando a própria identidade de gênero (MOREIRA, 1999), e segundo Silva (2015), isso acontece muitas vezes por influência das próprias crenças religiosas, que dificultam a compreensão do conceito de diversidade, gerando conflitos. Sendo assim as famílias optam por continuar acreditando em suas doutrinas, condenando os próprios membros com desvio heteronormativo.

Para Schulman (2010), a intolerância por grupos que se diferenciam aos padrões de heterossexualidade gera uma série de agressões, tanto morais quanto físicas com intuito de reprimir a existência desses seres, complementarmente Cancissu (2007), afirma que esse preconceito afeta não somente os próprios indivíduos, como também sua família.

A princípio, a pessoa tende a lidar com a insegurança e o receio de se expor para a família, que por sua vez, são movidos pelas condutas religiosas e culturais. A partir disso começam a buscar razões e acontecimento que possam estar ligadas a esse desvio (CARNEIRO, 2013). Os transexuais tendem a lidar com condições de violência e abusos por parte de pessoas próximas de seu vínculo diário, e de acordo com Sampaio (2013), isso força a uma estabilização tardia do indivíduo com o corpo e mente, com o propósito de se obter independência econômica previamente.

Considerando que existe uma preocupação com o repúdio afetivo, que por sua vez se manifesta em agressões e no ato ápice da expulsão (KURASHIGE, 2010), essa afirmativa se torna necessária como medida de evitar o acontecimento.

A ideologia negativa do conceito de diversidade de gêneros e sexualidade gera hostilidade entre os familiares, onde segundo Soliva (2010), o indivíduo sofre violência numa tentativa de reverter a chamada anormalidade, isso reverte o papel de família, onde deveriam ser o amparo e se torna repudiado.

Felizmente existe uma minoria que se preocupa com a “diferença” do ente, se contrapondo com o medo e o desconhecimento comportamental, isso se torna importante, considerando que é necessária uma relação harmônica para a construção do ser humano.

4.8. Construção da identidade de gênero

O desenvolvimento do ser humano é construído desde a infância e se molda no período da fase escolar, onde as crianças se socializam com outros indivíduos e se expõem a diversidade das diferenças de cada um. É nessa fase que construímos nossa identidade e moldamos nosso caráter perante o convívio social, contudo se faz necessário uma orientação capacitada para concretizar uma formação justa e íntegra.

Segundo os autores Kessler e Mckenna (1978), as teorias do desenvolvimento humano baseadas nos estudos de Jean Piaget, indicam que as crianças desenvolvem as noções de gênero ao longo do tempo e só podem distinguir as diferenças genitais após uma conclusão da identidade do gênero.

TABELA 1: Definição de identidade de gênero segundo escolas psicológicas diferentes:

PSICANÁLISE

Consciência das genitais

Identificação

Papel de gênero

 

APRENDIZADO SOCIAL

Consciências das genitais

Modelagem de identificação

Identificação

Identidade de gênero

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Consciência das genitais

Rotulação

Papel de gênero

Identificação

Fonte: Kessler; Mickenna, 1978.

Conforme Kessler e Mckenna (1978), é possível perceber que o aprendizado social demonstra a absorção da criança pelos comportamentos representados pelos pais referentes as questões de gênero, enquanto a psicanálise engloba a identificação do gênero através do reconhecimento pessoal.

4.9. Identidade de gênero no ambiente escolar

A infância é o primeiro estágio da vida de qualquer ser, e é marcada como a fase das descobertas e da construção do sujeito perante a sociedade, essa construção se dá por valores culturais e/ou religiosos. A maneira que o ser humano leva sua vida, carrega o histórico de suas influências, contudo alguns desses indivíduos carregam divergências quanto aos princípios que lhe foi determinado.

Conforme Paterno (2011), as intervenções religiosas fundamentadas no conceito de homem e mulher se faz presente na educação e na formação dos cidadãos, arquitetando o indivíduo desde a infância sob as bases civis e culturais. Desse modo, os que desvirtuam dessa linha fixada, são marginalizados e relacionados à perversão.

A criança é moldada de acordo com as influências de seu meio, e nas palavras de Anacleto (2010), se constroem socialmente no âmbito familiar e posteriormente na escola, sucedendo ao reconhecimento da disparidade de gênero sexual e na separação cultural das concepções de menino e menina. Uma vez atuadas negativamente, essas influências incidem sobre as crianças e as portas para a discriminação se abrirão.

Finco (2003), relata que na escola, as intervenções no comportamento das crianças são múltiplas, determinando o desenvolvimento de habilidades distintas entre meninos e meninas. Esse enunciado se faz presente até mesmo na configuração da organização das filas estabelecidas pelos professores, onde as meninas são orientadas a entrar primeiro e em seguida os meninos. Esses aspectos empregam que meninos devem ser mais fortes, enquanto as meninas devem ser delicadas, porém as crianças que não se enquadram com o gênero sexual atribuído a eles são vítimas de discriminações.

Muitas vezes, a família coíbe a liberdade das crianças se expressarem como sentem sem precisar se submeter as regras da padronização de gênero, e de acordo com Paterno (2011), isso prejudica no desenvolvimento das vontades e desejos característicos do ser humano e pode influenciar na adversidade da vida infantil do indivíduo.

Como já citado, a infância é a fase das descobertas, onde segundo as perspectivas de Finco (2003), vivemos uma constante busca de prazeres contemporâneos, instigados pela curiosidade e a tentativa de compreender o mundo, é a partir dessas experiências que irão nos moldar frente a sociedade.

[...] a responsabilidade de exercer sua liberdade sem ferir o direito do outro, bem como de manter-se alerta às questões políticas e sociais tangíveis que exercem, na sutileza, empobrecimento da subjetividade humana e reforçam uma hegemonia da docilidade, aceitação e, possivelmente, da submissão tanto dos mais experientes como das crianças (PATERNO, 2011, p. 26).

Ainda conforme Paterno (2011), é através dessa busca que a criança constrói sua identidade baseada no meio cultural que o cerca. Assim se edifica a importância da educação sexual infantil, uma vez que a identidade construída se faz indiferente aos padrões heterossexistas. Essa condição passa a ser marcada por uma série de discriminações em consequência da violação dos princípios morais alicerçados pela etnia tradicionalista.

Segundo Soares (2015), o governo federal do Brasil tentou introduzir em 2004, um material de promoção ao respeito pela população LBGTT nas escolas, porém o chamado “Kit Gay” foi rejeitado pelo Congresso Nacional alegando ser um incentivo para que as crianças se “tornassem” homossexuais. Infelizmente, o material não foi correspondido da forma que deveria, pois seria de suma importância que as escolas promovessem a integração dos indivíduos mediante as diversidades sexuais.

Os padrões de gêneros que demonstram negatividade ao comportamento que se contrapõe ao heteronormativo e se manifestam pela submissão do tratamento desses indivíduos, uma vez que essa condição dentro do contexto escolar, seja com professor, aluno ou funcionário se torna desfavorável. Segundo Bento (2011), esse enunciado justifica a evacuação desse público com receio da sua “diferença” perante o modelo estipulado pela cultura social.

O banheiro, por exemplo, é bastante discutido na questão de diversidade de gêneros, pois conforme Junqueira (2010), o indivíduo que se sente pertencente ao sexo oposto ao biológico e não tem a permissão de exercer o direito de usar o espaço correspondente à sua identidade, acaba se esquivando da vida escolar e muitas vezes do convívio social.

Para Goellner (2010), a ideia de diversidade não comprova que o conceito de ser diferente se torne desigual, contudo a violência contra pessoas transexuais é contínua e ainda impune no Brasil. Muitas vezes o espaço dessa ação é um ambiente escolar, que por sua vez está cercado de diversas manifestações discriminativas. Sendo assim, o tema de diversidade de gêneros sexuais se torna fundamental na formação dos professores da atualidade no interesse de possibilitar maior preparo para essa nova demanda.

Além dos conceitos tradicionais das disciplinas retratadas na escola, esse espaço deve oferecer uma formação baseada em conceitos de cidadania e respeito da dignidade humana. De acordo com Dinis (2011), uma vez que esse conteúdo não é retratado de forma adequada, o indivíduo que se encaixa nessas condições se sente fora do contexto e se configura como anormal, assim o silêncio se compactua com a ação, e se torna indiretamente como um incentivo a agressão.

A falta de informação acerca do tema por parte dos educandos e a carência na abordagem desses conceitos, exclui o grupo LGBTT da escola, insinuando a anormalidade desses sujeitos e os privando de conhecer sua própria existência, isso comprova a dificuldade de trabalhar a questão. Conforme Cruz (2011), o relacionamento desses grupos com os demais no cotidiano escolar se torna desvantajoso, e momentos comuns como responder a chamada atendendo a um nome que não faz reflexão a aparência física, pode revelar uma experiência traumatizante.

Quando a escola recebe e apoia a identidade de seu educando, seja na mudança do nome de registro para o nome referente ao gênero na chamada ou na permissão do uso do uniforme sem imposição de sexualidade, tudo se torna mais favorável, do contrário qualquer manifestação de repúdio pode se tornar uma barreira na vida desses indivíduos. Dessa maneira Gelati (2012), afirma que as discriminações são atribuídas sem a exclusão de qualquer classe social, e o único instrumento capaz de combater essa discordância é o uso da informação.

A escola é, sem dúvida, um dos espaços mais difíceis para que alguém “assuma” sua condição de homossexual ou bissexual. Com a suposição de que só pode haver um tipo de desejo sexual e que esse tipo — inato a todos— deve ter como alvo um indivíduo do sexo oposto, a escola nega e ignora a homossexualidade (provavelmente nega porque ignora) e, desta forma, oferece muito poucas oportunidades para que adolescentes ou adultos assumam, sem culpa ou vergonha, seus desejos. O lugar do conhecimento, mantem-se, com relação à sexualidade, como o lugar do desconhecimento e da ignorância (LOURO, 2000, p.20).

Segundo o autor Bertolini (2008), a falta do reconhecimento dessa comunidade se dá pela falta de convivência e a carência no contato destas pelas demais pessoas da sociedade, a violência é consequência dessa ignorância, o que resulta na crueldade e inferiorização dos diferentes grupos de gêneros sexuais. Esses atos ainda são impunes e a maioria das repercussões desse contexto se faz presente no cotidiano escolar.

Bohm (2009), afirma que enquanto o espaço acadêmico seguir o modelo tradicional de cultura social haverá exclusão de qualquer identidade que indique de alguma forma uma discriminação, tornando a escola e em seguida a família, o lugar mais afetado pela heteronormatividade. Para Mello et al. (2012), a implantação de políticas públicas em favor da comunidade LGBT nas instituições acadêmicas se faz necessário quando os docentes falham no embate contra o preconceito e discriminação de estudantes que confrontam aos padrões estabelecidos. Pessoas transgênero devem ser asseguradas do direito de igualdade perante a sua identidade de gênero, nesse seguimento surge a importância da lógica dos Direitos Humanos na incorporação LGBTT na extensão acadêmica.

Nas palavras de Junqueira (2012), quando encontradas situações de preconceito, os transexuais e travestis sofrem ainda mais que qualquer outra classe discriminada, surgindo então o termo Transfobia para designar essa forma de prejulgamento, que na maioria das vezes é marcada pela exclusão e manifestação de vertentes negativas.

Para Nardi (2013), as ideias contrárias ao padrão heterossexual se tornam motivos de escárnio e desmerecimento dos direitos legais a qualquer cidadão, consequentemente impondo normas que limitam a sua violação. Assim, conforme Torres (2012), a estada de professores, alunos e funcionários do ambiente escolar que infringem esse padrão se estabelecem de forma ameaçadora, sendo julgadas como incorreto para o espaço, o que reforça ainda mais a necessidade de se promover uma educação mais humana, valorizando as diversidades.

5. CAPÍTULO III –PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo é de natureza qualitativa por apresentar complexidade no tema e objetivar pela análise dos conceitos e relevâncias das argumentações feitas pelos colaboradores da pesquisa. Foram aplicados dois (2) questionários criados pelo próprio autor, com o intuito de relacionar os resultados entre ambos e contrastar as perspectivas da realidade. Ainda assim, a pesquisa pode ser considerada de propriedade exploratória, por se tratar de um tema recente em pesquisas e pela sua complexidade. Em primeira instância realizou-se uma releitura da literatura já apresentada acerca do assunto abordado.

Define-se pesquisa exploratória, na qualidade de parte integrante da pesquisa principal, como o estudo preliminar realizado com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer (PIOVESAN, 1995. P. 321).

Para a concretização desse trabalho foi viável gesticular algumas fases para se atingir resultados satisfatórios. Segundo Beuren (2003), essas etapas baseiam-se em: temática a ser pesquisada, definição do tema, diagnóstico do agente da análise e dos objetivos, explicação dos métodos e procedimentos de investigação, delimitação do referencial e por último, o recolhimento e inspeção dos dados obtidos.

Fica claro que o levantamento bibliográfico é de fundamental importância para a formulação do problema de pesquisa. Todavia, por si só, ele é insuficiente. Requer-se a reflexão crítica acerca dos assuntos estudados, de forma tal que seja possível identificar controvérsias entre os diferentes autores, identificar abordagens teóricas relevantes para o estudo de fenômeno e, se possível, optar por uma abordagem teórica capaz de fundamentar o trabalho (GIL, 2002, p. 63).

Como já relatado, foram aplicados dois questionários baseando nas perspectivas de Chagas (2000), que por sua vez, afirmava que o processo de elaboração de um questionário adequado fundamenta-se no conhecimento do investigante e principalmente na preparação de técnicas a serem seguidas. Assim, o mesmo foi criado de acordo com os principais pontos do levantamento bibliográfico, com o propósito de abranger todas as áreas citadas no trabalho.

A enquete tem como abertura, um termo de consentimento livre e esclarecimento (ANEXO II), e foi criada na plataforma Google Docs em duas categorias, sendo a primeira (APÊNDICE I), voltada para os quatorze (14) transexuais que se sujeitaram a participar da análise, contendo vinte (20) perguntas abertas, entre as quais procuram compreender o processo de transgênitalização de cada participante e o peso que a sociedade impulsiona sobre cada um. Foram feitas várias abordagens para se aplicar o estudo. Mais de cinquenta (50) pedidos em suas diversas formas foram realizados em favor do cumprimento do trabalho, no entanto, inúmeras solicitações foram negadas com as mais distintas justificações, entre as quais se cita a necessidade de apagar o passado e incorporar uma nova identidade.

O primeiro personagem transexual que se propôs a colaborar com a pesquisa foi um ex aluno do IFSULDEMINAS–Campus Machado, que teve que lutar contra o preconceito e a negação de professores tradicionalistas para garantir o direito de igualdade e do uso do nome social na chamada, que por muitas vezes, foi negado sendo motivo de chacota e repressão.

Seguidamente, foi proposto a uma jovem trans de 18 anos que respondesse ao questionário, a moça possui um canal no YouTube onde fala sobre diversos assuntos, inclusive sobre sua transexualidade. O canal leva o nome de “HashtagBrilha Naju”, possui mais de três mil (3.000) inscritos e o seu vídeo mais acessado atingiu a marca de trinta mil (30.000) visualizações. A moça foi abordada através do bate papo de sua conta na rede social Instagram, que por sua vez, conseguiu quatro (4) de seus seguidores, para responder o mesmo.

A última abordagem foi por meio da rede social Facebook, onde foi feita uma parceria com uma página da rede, que por seu lado, divulgou o endereço eletrônico das perguntas e conseguiu oito (8) transexuais para a pesquisa, totalizando quatorze (14) contribuintes. A página leva o nome de “Roda Trans”, atua como mecanismo de apoio a pessoas trans de todo o Brasil e possui pouco mais de novecentos (900) seguidores.

O conjunto de participantes do questionário um (1), conta com duas (2) mulheres trans e doze (12) homens trans, de idades entre dezoito (18) e trinta e seis (36) anos, sendo três (3) pessoas da igreja católica, do qual um (1) deles não frequenta, um (1) candomblecista, um (1) designado Agnóstico43, um (1) espírita, um (1) judaísta, um (1) de Mórmon (sud)44 e seis (6) pessoas que não seguem nenhuma crença ou religião. Para maior compreensibilidade, os componentes dessa sindicância serão mencionados como TRANS 1, TRANS 2, TRANS 3, TRANS 4, TRANS 5, TRANS 6, TRANS 7, TRANS 8, TRANS 9, TRANS 10, TRANS 11, TRANS 12, TRANS 13 e TRANS 14.

O segundo questionário aplicado (APÊNDICE II), foi proposto a uma (1) médica docente endocrinologista infanto-juvenil, abordada no bate papo de sua conta na rede social Instagram. A médica trabalha no Hospital da Criança em Goiânia, capital do estado de Goiás e atua na área de pesquisa em genética. Um de seus principais assuntos discutidos é a questão da identidade de gênero sexual em crianças e adolescentes.

Sucessivamente, foi encaminhado um e-mail para noventa (90) professores efetivos do IFSULDEMINAS-Campus Machado (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia dos Sul de Minas Gerais-Campus Machado), com o endereço eletrônico da pesquisa e um pedido para que os mesmos realizassem a enquete para o estudo, contudo, apenas quinze (15) se submeteram a colaborar com a análise, somando dezesseis (16) participantes do segundo questionário. Dentre os quais, doze (12) são mulheres e quatro (4) homens. No corpo de entrevistados, sete (7) são pertencentes a igreja católica, um (1) umbandista, um (1) da Congregação Cristã do Brasil, um (1) protestante, um (1) adventista do sétimo dia, dois (2) não especificaram qual religião pertencem e três (3) não seguem nenhuma religião.

As idades variaram de vinte e sete (27) a sessenta e três (63) anos. Essa pesquisa contou vinte (20) questões abertas, que para Chagas (2000), se torna mais vantajoso pois significa uma liberdade para que os participantes se expressem de acordo com suas próprias concepções, sem se limitar a um quadro de opções já estabelecidas. Os professores aqui serão mencionados como PROFESSOR 1, PROFESSOR 2, PROFESSOR 3, PROFESSOR 4, PROFESSOR 5, PROFESSOR 6, PROFESSOR 7, PROFESSOR 8, PROFESSOR 9, PROFESSOR 10, PROFESSOR 11, PROFESSOR 12, PROFESSOR 13, PROFESSOR 14 e PROFESSOR 15.

Quanto à formação dos colaboradores da pesquisa, no primeiro questionário três (3) possuem Curso Superior, quatro (4) estão cursando o Curso Superior, seis (6) cursaram o Ensino Médio e um (1) está terminando o Ensino Médio. No segundo questionário, oito (8) possuem Pós Graduação, cinco (5) possuem Mestrado e três (3) possuem Doutorado.

Quanto aos conceitos das questões abordadas, conforme Chagas (2000), se torna mais viável, pois é possível perceber as relações dos resultados obtidos com as crenças, religiões e fatores que interferem na vida cotidiana, podendo ressaltar que as crenças interferem nas percepções de conceitos como a sexualidade e a diversidade de gêneros.

6. CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES

As resoluções45 desse trabalho evidenciada abaixo são relativas às informações apanhadas por intermédio dos questionários aplicados aos professores e transexuais que se submeteram a pesquisa, deste modo foram estudados e analisados dois (2) questionários fazendo uma comparação entre os mesmos para relacionar as perspectivas dos professores com a realidade dos transexuais.

A sexualidade como assunto na escola ainda é um tema bastante censurado, isso reflete até mesmo na formação dos educadores, que passam a dar pouca importância para o assunto, que por sua vez, acarreta no desconhecimento dessa temática. Isso ficou evidente pela análise das respostas no qual foi mostrado que a maior parte dos colaboradores, tanto de professores quanto transexuais, não sabem diferenciar a sexualidade afetiva com a identidade de gênero, prova disso é a colocação do PROFESSOR 4 que caracteriza o gênero como a forma que a pessoa deseja ser tratada e a orientação como a posição do ato sexual.

Segundo a médica endocrinologista:

A maior parte das pessoas tem o gênero concordante com o sexo biológico (“Cis”) e são Heterossexuais. Mas existem indivíduos “Cis” e “Trans” com orientação sexual tanto homo como heterossexual, e eles não são poucos. Dados do IBGE mostram que no Brasil 10,4% dos homens e 6,3 % das mulheres se declararam homo ou bissexuais. Não existem dados acerca do percentual de travestis no Brasil, mas estima-se que um (1) em cada doze mil (12.000) homens e uma (1) em cada trinta mil (30.000) mulheres sejam travestis (MÉDICA).

Sendo assim a sexualidade não tem ligações diretas com a identidade de gênero, e está ligada com a erotização, já os aspectos de gênero refletem nos parâmetros físicos e comportamentais determinados por uma cultura. De acordo com a médica, existem duas divisões de gênero, sendo Cis para os indivíduos que nasceram em concordância de corpo e mente, e Trans para os que apresentam discordância da identidade com o corpo biológico.

Mesmo em tempos de grandes comunicações e da incrível globalização, a transexualidade ainda é um assunto pouco discutido e isso acarreta na falta de conhecimento acerca do assunto. Como resultado as pessoas tendem a relacionar a transexualidade com a homossexualidade. Entre as perguntas que foram aplicadas aos professores, foi questionado sobre a diferença entre essas duas linhas e pode-se perceber que existe uma grande dúvida a respeito dessa desigualdade, com o propósito de explicar com clareza, o TRANS 14 esclareceu que:

A Transexualidade pode ser explicada de diversas formas, mas por ser transexual explicaria como uma incoerência do corpo e mente. Onde seu corpo mostra um gênero, e em sua mente vê-se o oposto. A transexualidade nada mais é que trazer aquilo que está dentro de si para fora. É trazer a forma como você se vê/imagina para sua realidade, para que você possa viver como realmente quer (TRANS 14).

Por sua vez, o PROFESSOR 7 descreveu a homossexualidade como uma atração afetiva de pessoas com o mesmo gênero sexual, assim a homossexualidade diz respeito a atração sexual e a transexualidade é a identidade de gênero em desacordo com o sexo biológico. Segundo Spizzirii (2015), são várias as formas de explicar as possíveis causas da disforia de gênero, uma das principais teorias existentes ficou evidenciada na seguinte fala do TRANS 5:

Acredito que as questões psicológicas e biológicas compõem a transexualidade. Tenho conhecimento de estudos feitos que identificassem uma diferença na atividade cerebral de um transexual em comparação a outro indivíduo de mesmo sexo biológico, porém identidade de gênero diferente. Assim como é sabido que a sexualidade do ser humano não é definida apenas pelo sexo biológico e sim, somado às questões cromossômicas e a identidade de gênero (TRANS 5).

Sendo assim, a transexualidade pode deve ser estudada individualmente, dando atenção para todas as áreas de envolvimento, bem como a psicologia e as interações genéticas, afim de responder as dúvidas referentes a origem da identidade. De acordo com a óptica do TRANS 6, o grande problema dessa condição é que:

Assim como outros transtornos mentais, infelizmente o transtorno de identidade de gênero ainda é uma patologia aqui no Brasil, assim como o homossexualismo também foi, é uma questão de militância quebrar este conceito. Creio que a identidade de gênero nasce em nosso psicológico e na alma (TRANS 6).

Complementarmente o TRANS 2 assenta que “a transexualidade nada mais é que, um equilíbrio do próprio indivíduo diante dos fatores condicionais e consigo mesmo”, tendo em vista disso, é possível perceber a evidente discriminação sofrida por indivíduos que se contrapõem ao padrão heteronormativo, que muitas vezes é interpretado como uma anomalia.

Para Gaarder (2005), a religião tem uma função extremamente importante na sociedade, porém nem sempre é sinônimo de acolhimento. Na amostra de quatorze (14) transexuais, onze (11) relataram que não são bem aceitos no contexto religioso no qual eles pertencem, ou largaram da mesma por rejeição, isso se comprova na afirmação do TRANS 4 “Não. Deixei de ir na igreja porque me fazia me sentir muito mal comigo mesmo. ”.

Em conformidade com as argumentações dos transexuais, doze (12) professores constataram a negação da transexualidade no cenário religioso, no entanto três (3) deles citaram a figura do Papa Francisco, e reconheceu que o chefe supremo da igreja Católica tem se mostrado uma pessoa aberta e disposta a aceitar as pessoas como são. Entre os argumentos, um deles prova que algumas religiões são flexíveis a questão das identidades de gênero

A umbanda não segrega ninguém[...] portanto, não admite qualquer forma de preconceito, discriminação ou intolerância. A Umbanda será sempre uma casa de portas abertas para todos[...]Todos são livres para trocar carinho e afetividade, que faz bem para a saúde emocional, psicológica, hormonal e afetiva. O amor não tem sexo, a alma tem uma natureza, mas somos todos livres para trocarmos amor com quem queiramos (PROFESSOR 3).46

Assim como no meio religioso, a sociedade impulsiona um enorme peso sobre as pessoas que não seguem os tipos de padrões tradicionais de cada cultura, à vista disso o PROFESSOR 3 reforça que o transexual “é visto como uma pessoa estranha que não segue os padrões determinados pela sociedade por isso sofrem um forte preconceito”, por outro lado, o PROFESSOR 8 considera que os transexuais são bem aceitos no meio artístico, porém podem sofrer algumas discriminações no convívio social.

Considerando as colocações dos docentes, os transexuais relataram como é ser um transgênero no mundo atual, desse modo o TRANS 13 definiu:

É difícil. Há dificuldade em encontrar o apoio emocional da família, das pessoas a sua volta; dificuldade em entrar para o processo de redesignação sexual; dificuldade de mudança de nome de registro para àqueles que querem; dificuldade de encontrar empregos que entendam e respeitem pessoas transgêneras; dificuldades psicológicas ao lidar com os maus olhares; dificuldades em se relacionar com outras pessoas por medo de sofrer preconceito a ponto de haver algum tipo de agressão; dificuldade em sair na rua, por medo de ser agredido... Dói, machuca, mas é como disse, é uma luta. Cada um luta de uma forma, enfrenta de diferentes maneiras. A única coisa que todos tem em comum é que todos querem a vitória, mas muitos não conseguem (TRANS 13).

Por conseguinte, o TRANS 2 descreveu a difícil missão de lidar todos os dias com o preconceito da sociedade intolerante que impõe um padrão comportamental heteronormativo e quando violado, resulta nas mais absurdas manifestações de ódio e repressão.

Ser trans é ser invisível, no meu caso em que sou um homem trans , eu para obter meus direitos ou passo despercebido como sendo um homem cis sem me identificar como trans as pessoas ou tenho que passar por constrangimentos diários para obter os mesmos direitos de um homem cis. É também estar susceptível a agressões físicas quando revelada a identidade vivendo em constante medo. É saber que você sempre será inferior independente dos seus esforços e conquistas. É saber que seu salário sempre será inferior ou talvez não se tenha nem emprego com carteira assinada. “É saber que sempre vai passar por situações onde sempre será único e sem voz”, assim sendo, os transexuais são expostos a situações estreitas para conseguir ser o que é (TRANS 2).

O ambiente escolar, muitas vezes pode deixar de ser um local de aprendizagem para se tornar um espaço de incentivo a exclusão dos que contestam com os valores da monotonia da escola tradicionalista, como consequência, a construção de um cidadão será bloqueada, uma vez que os que se encaixam nas normas serão incentivados a repressão dos que se contrapõem a essas normas, em vista disso o TRANS 13 enfatizou que:

Atualmente, no Brasil em particular, é possível ver pequenos progressos quanto os direitos das pessoas transexuais. Há diversas dificuldades que se sofrem, desde o processo de mudança de Nome Social, com a mudança do tratamento social pelos professores, alunos, e outros funcionários. E mesmo que o progresso ande lentamente, é uma luta interna, para nós transexuais, por culpa do medo (TRANS,13).

Os demais responderam que são vistos como aberrações, estorvos e que são excluídos de diversas atividades extracurriculares, além de terem o direito do uso do nome social negado.

Para o PROFESSOR 5 “a heteronormatividade limita a liberdade do outro de viver abertamente a sua sexualidade. O resultado é a formação de adultos despreparados para conviver com a diversidade o que afeta diretamente a vida dos transexuais”, já o PROFESSOR 3 relatou que acredita que os transexuais vivem uma luta diária para serem aceitos na sociedade, porém sofrem preconceitos em todas as esferas e dificilmente conseguem se encaixar no mercado de trabalho, além de sofrerem agressões físicas e morais, complementarmente, a médica endocrinologista confirmou a grande pressão psicológica vivida por esse grupo.

Seguidamente, os professores mencionaram que aceitariam seus filhos estudando e dividindo o mesmo espaço com um colega transgênero e que os manteriam estudando em uma escola que possuísse um professor (a) transexual, relatando que a transexualidade é algo individual e não pode ser influenciado, isto posto, o PROFESSOR 11 transcreveu que:

A transexualidade é algo próprio de cada indivíduo, nascemos do sexo masculino ou feminino com o gênero masculino ou feminino, e é normal, sempre foi, mas uma maioria conservadora nunca aceitou. Infelizmente por muito tempo, muitas pessoas sofreram caladas e escondidas, foram tratados como loucos, mas hoje eles resolveram lutar e sua identidade está presente na sociedade, o que leva ainda, em pleno século XXI, muitos justificarem que existe influência, quando na verdade o que existe é uma pequena aceitação é muita coragem de quem quer simplesmente ser o que é (PROFESSOR 11).

Por sua vez, a médica endocrinologista explicou que existem evidências que provam que a disforia de gênero é algo nato, com influências ambientais intrauterinos. Desse modo, é possível afirmar que não se pode interferir na personalidade apenas pelo convívio ou por meio de influências, afinal a nossa identidade não se constrói, apenas se molda à medida em que vivemos.

Em uma questão onde os professores tiveram que se descrever como um transexual e relatar a maneira que se comportaria perante a sociedade, dez (10) dos quinze (15) professores, não souberam responder, quatro (4) responderam que lutariam pelos seus direitos e um (1) assumiu que:

Inicialmente tentaria me esconder, por ter uma família um pouco preconceituosa e por trabalhar em um local com cultura machista. Ás vezes é fácil e mais bonito falar que assumiria e que lutaria pelos meus direitos, mas acho muito difícil a pessoa que faz isso logo de início. Grande parte das pessoas tem medo de fugir dos padrões da sociedade (PROFESSOR 2).

Contrastando com o ponto de vista dos professores, os transexuais relataram como foi o início de todo processo de adequação da identidade de gênero e os conflitos que tiveram que enfrentar para conquistar seus objetivos e garantir um espaço na sociedade, assim o TRANS 13 descreveu que:

Foi um percurso muito grande até entender que eu era Trans homem. Aos meus 11 anos entrei no mundo Fake do Orkut e usava a figura de pessoas famosas para me manter no anonimato. Através do fake comecei a me aproximar de meninas, e ao contrário do que eu era na vida real, no fake eu podia ser um menino e conseguia ser quem eu gostaria. Aos 16 anos contei a minha mãe que eu gostava de meninas e ela não aceitava, mas até então não sabia o que era transexualidade. Os anos foram se passando e eu ainda não me sentia confortável, mesmo já aceitando que eu gostava de meninas, eu não me identificava com elas. Quando meus amigos falavam sobre meninas lésbicas, eu apenas sorria, mas sabia que não era a mesma coisa. Somente com 20 anos eu pude entender que eu me identificava com o gênero masculino. Talvez esse processo tenha demorado porque para mim isso era "fora do padrão", e eu nunca fui alguém que gostava de chamar a atenção, então saber que ser diferente ia chamar muita atenção, fiz de tudo para tentar me encaixar na sociedade binária. Até não conseguir mais. Até meu psicológico não aguentar mais tentar ser uma menina, quando dentro de mim havia um menino tentando sair (TRANS 13).

Embora para alguns, a infância tenha sido tranquila e representada como a construção de um ser perante o convívio social, para os transexuais essa experiência pode significar uma situação de desconforto e desorientação psicológica, uma vez que sua personalidade é reprimida e interpretada de maneira imatura a precipitada, bem como na fala do TRANS 2, que definiu sua infância através do seguinte discurso:

”Minha infância desde cedo foi conturbada devido a forma de identificar como menino, eu já era motivo de gozação , meus parentes , tios e tias , primos e primas , todos me chamavam de Mayaro ( meu nome que consta no registro civil é Mayara ) e nisso me corrigiam o tempo todo dizendo que o que fazia não era coisa de menina , me perguntavam se eu queria a genitália masculina, isso tudo devido, tanto a respeito das preferências como roupas, comportamento e pelos brinquedos direcionados a meninas e a meninos. Eu brincava de lutas, de carrinhos, tudo que fosse direcionado a menino (TRANS 2).

Com as eventualidades da vida, muitos não conseguem manter sua verdadeira identidade reprimida, porém essa experiência nem sempre pode ser oportuna, desse modo o TRANS 14 contou um breve acontecimento que o fez criar coragem de libertar a verdadeira identidade contida pelas normas de uma sociedade conservadora baseadas nos princípios tradicionalistas e que induz a um comportamento metódico.

Teve um acontecimento que foi o ápice da minha ruína. Estava em um encontro de família, na praia, e comecei a colocar as partes intimas de um biquíni no corpo, ao enxergar meu reflexo no espelho, com os seios proeminentes e o bumbum avantajado, comecei a sentir enojado, e não consegui ir a praia com os familiares, ficando assim sozinho, na casa que havíamos alugado. Passei muito mal, fiquei me observando por horas e vomitando freneticamente durante o dia, primeiramente pensei em pegar uma faca e cortar os seios, depois quis cortar os pulsos o dia parecia ter congelado no tempo e quando me acalmei da situação comentei com minha mãe a respeito de querer retirar os seios, saiu pela culatra como uma voz bem baixinha e rouca do interior que gritava, mas que eu não queria ouvir. A reação da minha mãe foi de desapontamento na mesma hora, e após isso, voltei a sentir mal de novo, e passei o encontro todo, de mal estar até voltar ao meu cotidiano. Com isso a impossibilidade de passar a vida tentando ser o que não era. Estava me deixando cada vez mais infeliz. O significado de cada coisa relacionada a minha identidade e o que queria para minha vida, seja a forma que via meu corpo, as roupas, o andar, a fala, o pensar, os relacionamentos amorosos, o sexo, os valores morais. Ao ter o conhecimento do que seria ser um homem trans, passei a ter crises de ansiedade. Todos os conflitos e a possibilidade de mudança se tornaram cada vez mais presente, causando grandes incômodos e não tinha outra alternativa a mim se não fosse mudar o meu estilo de vida e sendo assim essa mudança chegou em mim como uma forma de libertação (TRANS 14).

No ambiente familiar, os transexuais declaram que atualmente não sofrem nenhuma ação discriminatória, porém tiveram que lutar incansavelmente para se projetar diante dos padrões tradicionalistas e dogmáticos, esse enunciado se justifica pela fala do TRANS 1, onde ele descreve como foi o processo de aceitação dos amigos e familiares quanto a sua identidade de gênero.

Inicialmente reagiram com desaprovação e resistência às mudanças. Todos os procedimentos relacionados a saúde (mental, medicamentos, dinheiro) foram de responsabilidade minha, não obtive apoio para enfrentar quaisquer discriminação sofridas fora de casa ou entre o âmbito familiar, alguns amigos afastaram e alguns aproximaram. Alguns ficaram curiosos tentando obter conhecimento e outros aproveitaram da situação para expor opiniões agressivas (TRANS 1).

Em uma outra questão, os professores admitiram que se assumissem o papel de transgênero, teriam todo o apoio da família negado. Os mesmos, confessaram que aceitariam um filho em sua liberdade de identidade individual, porém prefeririam que não ocorresse a transexualidade, pois não saberiam lidar com o peso que a sociedade impulsionaria sobre a criança.

A transexualidade, indiferentemente do que muitos pensam, pode representar uma série de conflitos sociais e psicológicos. Demonstrando isso, os transexuais admitiram serem infelizes, e citaram a redesignação sexual como uma forma de reparar o erro, desse modo o TRANS 8 disse “talvez se eu pudesse ter um pênis mudaria”, sucessivamente o TRANS 13 completou que “gosto de quem sou hoje, e de quem fui antes. Me orgulho daquela pequena menina que tentou seu máximo para ser feliz e fazer os outros felizes. E me orgulho ainda mais do homem que nasceu dessa luta”.

Inúmeras pessoas não tomam conhecimento da questão da diversidade de gêneros e acabam formulando concepções erradas sobre a disforia de gênero, isso se dá pela falta de convivência e consciência, assim sendo dois (2) professores alegaram nunca ter tido o menor contato com a transexualidade, por outro lado o PROFESSOR 5 relembrou:

Já tive alunos transexuais (inclusive pré-adolescentes) e também um colega, que se prostituiu por falta de oportunidades. São pessoas que vi sofrerem preconceito diariamente, o preconceito e a não aceitação está enraizado na sociedade. Até crianças de 10 anos discriminam seus colegas transexuais. Esse meu colega se afastou da nossa turma na época com medo de não ser aceito (PROFESSOR 5).

Mesmo sendo uma caminhada difícil, é preciso ter coragem e determinação para enfrentar as intempéries da vida, assim o PROFESSOR 12 relata que:

Apesar das grandes mudanças e conquistas alcançadas pela comunidade LGBTT nos últimos anos, ainda existe uma grande parcela da sociedade brasileira que não aceita, que discrimina, que esquece que a orientação sexual do sujeito não muda a sua condição de ser humano (PROFESSOR 12).

Por conseguinte, é necessário reconsideramos a ideia de igualdade e aceitar a existência das diferenças que se manifesta em nosso meio, em vista disso, o TRANS 6 afirmou que “a pessoa trans tem que ser forte e determinada, todos deveriam se assumir como são, independentemente de qualquer coisa, o conselho que eu daria seria é: Você escolhe, ou você vive sua felicidade ou a das pessoas”, do mesmo modo, o TRANS 1 articulou que para se ter a felicidade e sair das condições adversas que o impedem:

É necessário nunca perder as esperanças, mas não devemos viver sonhando e esquecer de viver, ou viver a vida que os outros escolheram que você viva, seria a mesma coisa de dizer que você não existe, cada pessoa é única, e essa pessoa é um ser vivo e merece viver como deseja (TRANS 1).

Os demais citaram a importância da leitura e da busca do conhecimento em favor das buscas de respostas para pessoas que estão sofrendo de transtornos de identidade.

Para finalizar, o TRANS 13 descreveu que:

Ainda que não seja fácil, vale a pena lutar pela felicidade. Ninguém poderá fazer isso por você, além de você mesmo (a). O máximo que você pode esperar dos outros é o apoio, ou a negação. Mas a luta é sua, somente sua. E o quanto antes você o fizer mais tempo você terá para aproveitar sua vitória (TRANS 13).

Por sua vez, o TRANS 14 citou um trecho da música de Raul Seixas, justificando ser como um hino para a luta pela causa trans, “Convence as paredes do quarto, e dorme tranquilo. Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo. Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz. Coragem, coragem, eu sei que você pode mais 47”, isso nos remete a uma reflexão da maneira de como estamos vivendo e de como estamos tratando as pessoas, esquecendo de enxergar o lado humano para dar ênfase nas diferenças. É preciso analisar nossas concepções, para a promoção de uma boa convivência em conjunto e principalmente, é necessário repensarmos na ideia que temos de dignidade humana.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para assegurar os poucos direitos de liberdade da identidade de gênero conquistados, muitas pessoas tiveram que confrontar com inúmeros valores tradicionalistas, com intuito de promover a dignidade humana em sua integralidade, sem a exclusão de qualquer classe distinta aos padrões estabelecidos durante a história da humanidade e em busca do reconhecimento de benefícios assegurados a qualquer pessoa. A luta pela igualdade dos direitos se faz presente na vida do homem desde os primórdios, tendo em vista que sempre existiu uma classe opressora que reprimia uma minoria por se distinguir da monotonia clássica de ricos, brancos e heterossexuais.

Felizmente, o Brasil caminha gradualmente para uma inclusão integral de seus habitantes viabilizando progressivamente a garantia dos recursos legais para as personalidades transexuais. A infância representa a fase das descobertas e da construção de um sujeito perante a sociedade, porém é nessa fase que os indivíduos transgêneros entram em divergências com a sua própria identidade.

No ambiente escolar, os conceitos conservadores inibem a presença dos transexuais, pois na sala de aula não encontram suporte para iniciar a difícil trajetória de reconhecimento do gênero. O mesmo acontece na família, sendo muitas vezes baseadas em conceitos religiosos, que por sua vez definem o estilo de vida de seus seguidores. Embora existam igrejas que não excluem os indivíduos pela situação sexual, a religião ainda é um espaço extremamente metódico, conservando os padrões e dogmas desde sua criação.

A psicologia se refere a transexualidade como um desconforto de estar em um corpo errado, por sua vez, a biologia explica a relação das interações hormonais na elaboração do gênero. A principal medida para reparar essa disforia é a cirurgia de redesignação sexual e a mudança do nome para a nova personalidade, porém esse é um processo lento comandado por médicos e psicólogos para não haver nenhuma possibilidade de engano.

As principais referências da transexualidade na mídia transitam entre pessoas que lutaram para conseguir o reconhecimento da sua identidade, programas e telenovelas que vem apresentando perfis de diversos gêneros com objetivo de desmistificar interdição da comunidade transgênera.

A análise dos dados obtidos nos questionários aplicados aos transexuais mostrou o difícil caminho que um transexual vivencia desde criança e evidencia os maiores obstáculos e dificuldades encontradas por eles no processo de reconhecimento de uma personalidade que não se enquadra com os padrões definidos pela sociedade e que acabam gerando certo conflito psíquico. O grande impasse está na desmoralização dessa classe, que muitas vezes é operada por violências verbais, morais e físicas, tanto no meio social, quanto pelo simples fato de existir. Isso se fundamenta ao fato de nascerem em um corpo com características contrárias á sua mente.

Por se tratar de um ambiente de construção de cidadãos, a escola deveria investir na qualificação dos professores voltada para a dignidade humana e o acolhimento da diversidade no ensino. Na pequena amostra de professores estudados, foram encontradas diversas personalidades e pensamentos referentes ao conceito de pluralidade sexual. Felizmente, embora muitos ainda julguem equivocadamente, existe uma parcela que compreende essa posição e prezam pela extinção dessa descriminalização.

É necessário refletir sobre os impactos da heteronormatividade na comunidade LGBTT, e que consequentemente resultam na evasão dessas personalidades no âmbito escolar. Como reparo, a escola deveria favorecer a formação da cidadania e a desconstrução dos conceitos que nutrem o preconceito das diferenças. A reversão das discriminações pelas características opostas ao padrão de branco, rico e heterossexual, é fundamental para se obter um ensino de qualidade para todos, respeitando o sujeito como ser humano.

Espera-se que este estudo seja capaz de promover a reflexão da necessidade do respeito pela diferença de cada ser humano e provocar a normalização da transexualidade como uma condição involuntária e que integra a existência da natureza humana, sem que haja discriminação proveniente de qualquer configuração marginalizada.

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9. APÊNDICES

9.1. APÊNDICE I

Questionário 1

Experiências e realidades de transexuais

Idade:

Sexo:

Profissão e/ou ocupação profissional:

Grau de formação:

Segue alguma religião? Se sim, qual?

É bem aceito no contexto religioso?

Como sua família e amigos reagiram a sua condição de transgênero?

Sabe a diferença entre Orientação sexual e Gênero sexual?

Como você explicaria a transexualidade?

Você acha que a transexualidade é uma questão mais psicológica ou biológica? Justifique

No ambiente escolar, como é visto um transexual?

Como foi sua infância? O que gostava de brincar?

Como se deu conta de que era trans?

O que te levou a tomar coragem para se assumir trans?

Gosta de ser como é?

Mudaria alguma coisa?

Que conselho você daria para uma pessoa que se sente oposto ao gênero oposto e tem receio de se assumir?

Você se considera uma pessoa feliz?

Como é o relacionamento com a família? Existe algum membro que se mostra contra?

Conte como é ser um transgênero no mundo atual?

9.2. APÊNDICE II

Questionário 2

Perspectiva dos professores acerca da transexualidade

Idade:

Sexo:

Grau de formação:

Qual a sua Profissão/ ocupação profissional?

Porque escolheu essa profissão e/ou ocupação?

Segue alguma Religião? Se sim, qual?

Você sabe a diferença entre DIVERSIDADE DE GÊNERO e DIVERSIDADE SEXUAL? Se sim, explique.

Você sabe o que é TRANSEXUALIDADE? Se sim, explique.

Você acredita que exista diversidade de gêneros além dos padrões heterossexistas?

Você sabe a diferença entre HOMOSSEXUALIDADE E TRANSEXUALIDADE?

Como a sua igreja ou religião lida com as questões de gêneros sexuais?

Quais as consequências dos efeitos da heteronormatividade sob a vida dos transexuais?

Para você, como um individuo transgênero é visto pela sociedade?

Se você se visse na pele de um transgênero, como se portaria perante a sociedade?

Se você fosse transexual, como sua família reagiria?

Você já conviveu com algum transexual, ou já teve contato?

Se a resposta anterior foi positiva, conte como foi e/ou é.

Se você tivesse um (a) filho(a) que se assumisse transexual, como você reagiria?

Se você tivesse um filho estudando em uma escola onde exista um (a) professor(a) ou colega transgênero, você permitiria a permanecia dele nesse colégio? Justifique.

A diversidade de Gêneros sexuais é algo influenciável ou algo próprio de cada individuo? Justifique.

10. ANEXOS

10.1. ANEXO I

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016

Vigência

Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

       A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 1ºcaput, inciso III, no art. 3ºcaput, inciso IV; e no art. 5º,caput, da Constituição,

       DECRETA:

       Art. 1o  Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

        Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se:

        I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente reconhecida; e

       II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento.

       Art. 2o  Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa travesti ou transexual, de acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto.

       Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais.

       Art. 3o  Os registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverão conter o campo “nome social” em destaque, acompanhado do nome civil, que será utilizado apenas para fins administrativos internos.        (Vigência)

       Art. 4o  Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa travesti ou transexual, se requerido expressamente pelo interessado, acompanhado do nome civil.

       Art. 5o  O órgão ou a entidade da administração pública federal direta, autárquica e fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa travesti ou transexual, acompanhado do nome social, apenas quando estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à salvaguarda de direitos de terceiros.

       Art. 6o  A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer tempo, a inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

       Art. 7o  Este Decreto entra em vigor:

       I - um ano após a data de sua publicação, quanto ao art. 3o; e

       II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos.

       Brasília, 28 de abril de 2016; 195º da Independência e 128º da República.

DILMA ROUSSEFF
Nilma Lino Gomes

10.2. ANEXO II

Termo de consentimento livre e esclarecido --

Meu nome é Mateus Donizeti dos Santos, curso Licenciatura em Ciências Biológicas do IFSULDEMINAS – Campus Machado, orientado pela professora Maria Aparecida Rodrigues Cangussu, estou no sétimo período e para a conclusão do curso preciso desenvolver um trabalho, o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), e assim, meu tema escolhido é A Diversidade de Gêneros Sexuais, com enfoque na Transexualiadade.

Para o desenvolvimento do trabalho farei uma pesquisa, e assim necessitarei da colaboração e da contribuição de todos para o cumprimento desse formulário.

O objetivo da pesquisa é estritamente acadêmico do estudo, sendo assim, solicito, gentilmente, sua colaboração para responder o questionário.

Desde já agradeço sua ajuda que vai ser de extrema importância para o desenvolvimento do meu trabalho.

1 GOOGLE DOCS é um pacote de aplicativos do Google que funciona totalmente on-line.

2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - Câmpus Machado.

3Instagram é uma rede social online de compartilhamento de fotos e vídeos.

4Facebook é uma rede social lançada em 4 de fevereiro de 2004.

5BI-GÊNERO pessoas que se identificam com os gêneros masculino e feminino simultaneamente.

6TERCEIRO GÊNERO não são considerados como homens nem mulheres.

7CROSS-DRESSING pessoas que vestem roupas referentes ao sexo oposto.

8DRAG KING mulheres que se vestem como homens.

9DRAG QUEEN personagens femininos representados por homens em performances artísticas.

10FEMME relacionado à mulher ( fêmea)

11QUEEN relacionado à homossexualidade.

12FTM feminino em transição para masculino.

13MTF masculino em transição para feminino.

14GENDERQUEER várias identidades dentro de si.

15NON-OP não optantes.

16HIJRA pessoas transgêneros e intersexuais- MTF (comuns na Índia).

17PANGÊNERO pessoas que não se sentem como masculino ou feminino.

18BUTCH mulheres com expressão de gênero masculina, que seguem estereótipos de gêneros masculinos.

19ESPÍRITO DUPLO terceiro gênero das tribos norte-americanas.

20GÊNERO FLUIDO identidade transita de um gênero para outro

21TRANSGÊNERO NÃO BINÁRIO identidade de gênero fora do binário de gênero (masculino e feminino).

22ANDRÓGENA identidade de gênero entre masculino e feminino.

23GENDER-GIFTED transcendem os estereótipos de gênero.

24GENDER BENDER Gêneros Misturados.

25PLAYBOY revista de entretenimento erótico voltada para o público masculino criada em 1953.

26ZORRA TOTAL, Rede Globo, 23h, 2011.

27O BOFE. Novela de Lauro César Muniz; direção de Lima Duarte, Daniel Filho e Wálter Campos. Globo, 22h, 143 caps., 19 jul. 1972 – 23 jan. 1973.

28DEUS NOS ACUDA. Novela de Sílvio de Abreu; direção de Jorge Fernando. Globo, 19h, 178 caps.,31 ago. 1992 – 27 mar. 1993.

29RAINHA DA SUCATA, Novela de Sílvio de Abreu; direção de Jorge Fernando, Fábio Sabag, Mário Márcio Bandarra e Jodele Larcher. exibida entre 2 de abril e 26 de outubro de 1990.

30AS FILHAS DA MÃE. (Novela de Sílvio de Abreu; direção de Jorge Fernando. Globo, 19h, 125 caps., 27 ago. 2001 – 19 jan. 2002),

31O BRADO RETUMBANTE. Minissérie de Euclydes Marinho; direção de Gustavo Fernandez. Globo, 23h, 8 caps., 17 jan. 2012 – 27 jan. 2012.

32 FINA ESTAMPA. Novela de Aguinaldo Silva; direção de Wolf Maya. Globo, 21h, 185 caps., 22 ago. 2011 – 23 mar. 2012.

33SALVE JORGE. Novela de Glória Perez; direção de Marcos Schechtmann e Fred Mayrink. Globo, 21h, 179 caps., 22 out. 2012 – 18 maio 2013

34GERAÇÃO BRASIL. Novela de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira; direção de Maria de Médicis, Natália Grimberg e Denise Saraceni. Globo, 19h, 147 caps., 5 maio 2014 – 1 nov. 2014.

35IMPÉRIO. Novela de Aguinaldo Silva; direção de Pedro Vasconcellos e André Fellipe Binder. Globo, 20h, 203 caps., 21 jul. 2014 – 14 mar. 2015.

36BIG BROTHER BRASIL programa de confinamento exibido pela Rede Globo.

37A FAZENDA reality exibido pela Rede Record, onde os participantes ficam confinados em uma fazenda.

38ACADEMIA das drags é um reality show que busca a drag mais completa do Brasil.

39YOUTUBE é um site de vídeos em formato digital.

40REVISTA CRESCER é uma revista publicada no Brasil pela Editora Globo.

41YUMAN tribo de índios pré-coloniais nativos da América do Norte.

42NEOVAGINA é o resultado de uma cirurgia que consiste na construção de uma vagina onde não existia.

43 AGNÓSTICO Não acredita na existência de Deus, porém não nega a possibilidade.

44 MÓRMON (SUD) movimento religioso restauracionista (Santos dos Últimos Dias).

45Transcrição literal das respostas dadas nos questionários.

46Março 2016 - Umbanda Wiki. Disponível em <http://umbandawiki.blogspot.com/2016_03_01_archive.html>.

47Raul Seixas - Por quem os sinos dobram.


Publicado por: Mateus Donizeti dos Santos

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