ROTEIRO TURÍSTICO CAVALGADA DA FÉ INSERIDA NO CONTEXTO MARIANO ENTRE APARECIDA DO SUL E APARECIDA DO NORTE

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1. RESUMO

O estudo se desenvolveu a partir de dados bibliográficos a respeito da cidade de Itapetininga, da religiosidade de seus habitantes e do tropeirismo como elemento cultural. Posteriormente em um trabalho de campo, foram coletadas informações a respeito da semelhança tangível e não tangível de Itapetininga com o Santuário Nacional de Aparecida do Norte; da cavalgada de muladeiros do interior do estado de São Paulo, em direção ao maior centro de peregrinação da América Latina. Nesse contexto, insere-se a idéia de resgatar a tradição da cavalgada gerando divisas e utilizando elementos religiosos que já possuem atrativo turístico como o Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul e a estrutura do Horto Religioso para acolher encontro de cavaleiros, com aprimoramento de infraestrutura para os participantes, podendo-se criar uma festividade anual que incentive a peregrinação para Aparecida do Norte, com divulgação e posterior trajeto inverso para atrair turistas para Itapetininga e região. Sabendo-se que a segmentação do turismo visa desenvolvimento para o interior do estado de São Paulo, é necessária uma conscientização da comunidade para fomentar o Turismo Religioso, Rural e Ecoturismo em Itapetininga.

Palavras Chave: Turismo Religioso/ Ecoturismo/ Nossa Senhora Aparecida

ABSTRACT

The study is developed from bibliographical data concerning the city of Itapetininga, the religiosity of its residents and tropeirismo as a cultural element. Later in field work, information was collected about the tangible and non-tangible likeness of Itapetininga to the Santuário Nacional de Aparecida do Norte; the muleteers of riding in the state of São Paulo, towards the largest pilgrimage center in Latin America. In this context, it is part of the idea of ​​rescuing the ride tradition and generating income using religious elements that already have tourist atractive as Santuário Nossa Senhora de Aparecida do Sul  and the structure of the Horto Florestal to host meeting of riders, with infrastructure enhancement structure for the participants, being able to create an annual festival that encourages the pilgrimage to Aparecida do Norte, with disclosure and subsequent reverse path to attract tourists to Itapetininga and region. Knowing that the segmentation of tourism development aims for the state of São Paulo, a community awareness is needed to promote Religious Tourism, Rural and Ecotourism in Itapetininga.

Keywords : Religious Tourism / Ecotourism / Our Lady of Aparecida

2. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo o intercâmbio cultural e religioso entre as cidades de Itapetininga, no sul do estado de S. Paulo, região da Alta Paranapanema e a cidade de Aparecida do Norte no nordeste do estado, no Vale do Paraíba através das cavalgadas, que são deslocamentos tradicionais de fiéis cristãos no contexto rural do interior paulista.

Ambas cidades possuem elementos de semelhança que as entrelaçam e geram espontaneamente condições para parceria e cooperativismo:                                   - -A Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, projetada por Benedito Calixto Neto, foi protótipo para a Basílica Nacional de Aparecida do Norte;

O Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul se integra com o Horto Religioso.

A articulação política e social da comunidade tem como função o incentivo a encontro de cavaleiros no Horto Religioso, já que Itapetininga tem honrosa participação histórica no tropeirismo, que utilizavam os muares (mulas e burros) por serem animais mais resistentes e apropriados para trajetos acidentados e longos.

As cavalgadas, peregrinações, romarias, muladeiros, tropeadas ou comitivas tem aumentado na última década, movimentando e aquecendo o empreendedorismo; a necessidade de animais vai além da beleza estética e resistência, o crescimento da indústria da selaria e de vestimenta apropriada, infraestrutura para receber grandes encontros que podem reunir até 1500 cavaleiros e suas famílias em um único final de semana.  

Esse tema faz parte do inconsciente coletivo da cidade de Itapetininga, a semelhança com alguns elementos materiais ou não tangíveis do Santuário Nacional de Aparecida do Norte, maior centro de peregrinação da América Latina, pode gerar interesse turístico, divulgando e absorvendo uma parcela dos 12 milhões de romeiros que frequentam a Basílica Nacional anualmente.

Figura 1: 5ª Romaria de Angatuba para Aparecida do Norte – Julho 2015

Fonte: CTA – Centro de Tropeiros de Angatuba

3. TURISMO

Turismo é atividade voluntária de interação social que visa o lazer e descontração, praticada individualmente ou por um determinado número de pessoas fora do seu domicílio e seu local de trabalho contribuindo para a integração político-institucional, sociocultural e socioeconômica da população. Os roteiros podem ser interativos, espontâneos ou dirigidos e abrangem vários segmentos do Turismo.

Segundo Mario Carlos Beni, “Turismo é a soma dos fenômenos e das relações resultantes da viagem e da permanência não residentes, na medida em que não leva a residência permanente e não está relacionado a nenhuma atividade remuneratória” Fundamentos da Teoria de Sistemas Aplicados ao Turismo, 2001, Pag 36).

Turismo Religioso tem como motivação a fé, os deslocamentos religiosos, recebem várias denominações, como romarias e peregrinações e se baseiam em crenças e curas físicas e espirituais nas localidades receptoras desses turistas, que se deslocam em função do calendário festivo ou litúrgico.  De acordo com o portal Brasil, dados preliminares do Departamento de Estudo e Pesquisa do Ministério do Turismo, apontam 96 atrações religiosas distribuídas em 344 municípios brasileiros, em 2014 houve deslocamento de 17,7 milhões de fiéis pelo país, havendo aumento exponencial dessa devoção porque a imagem Peregrina de Nossa Senhora percorrerá muitas cidades até o ano de 2017, quando serão celebrados os 300 anos do encontro da imagem da Padroeira do Brasil nas águas do Rio Paraíba.

Para a EMBRATUR, ECOTURISMO é o segmento de Turismo que utiliza de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da contemplação lúdica da natureza, melhorando a essência e o convívio interpessoal do indivíduo.

O Brasil é considerado o segundo maior pólo de turismo Ecológico do mundo devido a sua diversidade natural, fauna e flora abundantes, as cavalgadas e romarias propiciam experiência inigualável de integração com a natureza em cenário deslumbrantes, atravessando paisagens privilegiadas e cultivando a fé e devoção.

3.1. TURISMO COMO FORÇA TRANSFORMADORA

As políticas públicas de Turismo, inclusive a segmentação tem como objetivo a redução da pobreza e inclusão social, promovendo a interiorização do turismo. Parceria e cooperação são condições essenciais para o desenvolvimento de uma região, criando rede de relações e buscando elementos que identifiquem culturalmente uma determinada localidade, recebendo bem os visitantes, melhorando vias de acesso, gerando atrativos, envolvimento da comunidade local e preservação ambiental. Segundo Trigo:

 “O Turismo deixou de ser apenas um complexo sócio econômico para se tornar umas das forças transformadoras do mundo pós-industrial. Juntamente com as novas tecnologias (telecomunicações, engenharia genética, etc), o Turismo está ajudando a redesenhar as estruturas mundiais, influenciando a globalização, os novos blocos econômicos e em última análise, a nova ordem internacional”

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1. TROPEIRISMO

A cidade de Itapetininga teve em sua história a presença de tropeiros, que foi um movimento que surgiu com o intuito de transportar animais e mercadorias entre os estados do sul e centro oeste, sendo inquestionável sua contribuição para o desenvolvimento econômico e sócio cultural do país.

Consistia de grupos de condutores de tropas, como demonstrado na foto abaixo, em especial muares, era tradição passada de geração em geração, o tropeiro precisava ser criativo para resolver os problemas que surgiam durantes os longos e acidentados trajetos, criando-se uma série de profissões.             

Figura 2:Varação (passagem) da turmas entre os rios Itapetininga e Paranapanema, 1927

Fonte: Google

O tropeiro tem linguajar próprio e hábitos rurais que compuseram uma cultura    peculiar, que está sendo resgatada atualmente através da revalorização do homem do campo e da racionalização do agronegócio após o boom tecnológico.

4.2. SANTUÁRIO NOSSA SENHORA APARECIDA DO SUL X BASÍLICA NACIONAL APARECIDA DO NORTE

A cidade de Itapetininga possui semelhanças cultural e material com a cidade de Aparecida do Norte, além de a Catedral Nossa Senhora dos Prazeres ter sido protótipo da Basílica Nacional, coincidentemente temos o Santuário Nossa Senhora do Sul fazendo contraponto com Aparecida do Norte. Além disso, tem em seu anexo o Horto Religioso que no passado recente foi pouso para tropeiros, que permeavam esse território e que está no inconsciente popular da cidade.          

Figura 3: Santuário Aparecida do Sul

Fonte: Google

DESENVOLVIMENTO: CAVALGADA DA FÉ

É a denominação que se propõe para o encontro religioso anual de tropeiros na cidade de Itapetininga, no Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul, previsto no último final de semana do mês de julho, quando sai também a peregrinação do Clube de Tropeiros da vizinha cidade de Angatuba, em direção ao Santuário Nacional de Aparecida do Norte.

Será necessário o aperfeiçoamento da infraestrutura do Horto Religioso para receber os participantes e os animais, realizando uma confraternização inicial com missa campal de envio dos cavaleiros e muladeiros.

Deve-se também criar um regulamento rigoroso para a sustentabilidade, o respeito aos animais da tropa e ao meio ambiente, além de ações de apoio logístico para a manutenção da cavalgada em todos os dias do seu deslocamento, que gira em torno de 12 dias para percorrer os 500 km que separam as cidades pelas vias alternativas e em contato com as comunidades locais do percurso.

Os recursos financeiros para a cavalgada de Itapetininga até Aparecida do Norte devem ser coletados durante o ano anterior, com pagamento de mensalidades dos participantes (em torno de 40 cavaleiros), rifas e doações para custear as despesas com alimentação, transporte de animais e transporte de materiais consumidos durante os dias da peregrinação.

O percurso da peregrinação já delineado e realizado pela equipe de Angatuba todo ano, prevê a passagem pelas cidades de Guareí de São João, Boituva, Itu, Itupeva, Jundiaí, Atibaia, Joanópolis, Monteiro Lobato, Potin, Pindamonhangaba, e finalmente Aparecida do Norte, onde ocorrem os pousos e as alimentações elaborados pelos próprios participantes.  

4.3. ROTEIRO DA VIAGEM

Após a confraternização no Horto Religioso de Itapetininga no domingo, os cavaleiros que forem participar da cavalgada, se dirigem para a vizinha cidade de Angatuba, onde iniciarão a cavalgada com o Clube de Tropeiros de Angatuba. 

Dia 18/07 – Saída e benção em frente à Igreja Matriz de Angatuba - 9h00

Almoço – arroz com frango, salada verde - Sítio do Luís Pinto

Jantar e pouso em Guareí - Chácara do Mariano

Arroz, feijão, paçoca, salada verde e costela com mandioca.

Dia 19/07 – saída 06h00 Almoço – Chácara do Senhor Orlando – Tatuí

Arroz, feijão, salada verde, paçoca e leitoa refogada.

Jantar e pouso - Chácara do Ney

Arroz, feijão, paçoca, salada verde, bife na chapa.

Dia 20/07 – saída 06h00

Almoço –Armazém - Porto Feliz

Arroz, feijão, paçoca, salada verde, carne moída com batata.

Jantar e pouso na fazenda do Roberto Francisquinelli – Itu

Arroz, feijão, paçoca, salada verde, churrasco.

Dia 21/07 – saída 06h00

Almoço – Salto

Arroz, feijão, paçoca, salada verde, lingüiça frita e batata frita.

Jantar e pouso – Rancho do Turcão – Itupeva

Arroz, feijão, paçoca, salada verde, carne de panela com batata.

Dia 22/07 – saída 06h00

Almoço – Jundiaí – Domingo Basso

Arroz, feijão, paçoca, salada de tomate, bisteca na chapa.

Jantar e pouso –Jundiaí – Domingo Basso

Macarrão cortado com frango, paçoca.

Dia 23/07 – saída 06h00

Almoço – Atibaia

Macarronada ao molho bolonhesa, queijo parmesão, salada de legumes, paçoca.

Jantar e pouso – Seu Airton - Piracaia

Arroz, feijão, paçoca, salada verde, churrasco

Dia 24/07 – saída 06h00

Almoço – Piracaia

Arroz com lingüiça, paçoca, salada verde.

Jantar e pouso – Joanópolis – Cachoeira dos Pretos

Arroz, tutu a mineira, ovo frito, paçoca, salada verde.

Dia 25/07 –Descanso da tropa – Banho de cascata e relaxamento dos animais

Almoço –Cachoeira dos Pretos

Arroz, feijoada, paçoca, salada verde.

Jantar e pouso – Cachoeira dos Pretos

Arroz, feijão, ovo frito, linguiça, paçoca, salada verde.

Dia 26/07 – saída 06h00

Almoço – São Francisco Xavier - Thamires

Arroz, feijão, paçoca, salada, frango em molho.

Jantar e pouso – Monteiro Lobato – Dona Nice

Arroz, feijão, paçoca, salada tomate, leitoa a pururuca.

Dia 27/07 – saída 06h00

Almoço – Tremembé

Arroz feijão, paçoca, salada, carne moída com batata.

Jantar e pouso – Pindamonhangaba – seu Miranda

Macarrão cortado com frango, paçoca, salada.

Dia 28/07 – saída 06h00

Almoço –Chácara do Túlio - Potim

Arroz, feijão, paçoca, salada, bife acebolado.

Chegada a matriz de Aparecida 16h00 e benção dos tropeiros

Jantar e pouso – Chácara do Túlio -Potim

Arroz, feijão, paçoca, salada, churrasco.

Dia 29/07 – saída 07h00

Missa na Basílica Velha 08h00

Visita ao Santuário Nacional e foto oficial da comitiva

Almoço – Shopping do Santuário 12h00

Chegando no Santuário Nacional, será realizado um trabalho de divulgação do roteiro e dos atrativos religiosos da cidade de Itapetininga para incentivar o percurso contrário dos peregrinos e romeiros, que já fazem também peregrinações para Bom Jesus de Pirapora e Bom Jesus de Iguape.

Os participantes retornam em carros particulares e os animais em caminhões de transporte de animais até a chegada no Santuário de Itapetininga, onde uma missa campal encerrará e abençoará a cavalgada.   

O esforço coletivo da comunidade de Itapetininga deve ter caráter ecumênico, do lado prático, deve-se ocorrer adequação do Horto Religioso e as adjacências do Santuário Nossa Senhora Aparecida do Sul para absorver a quantidade de romeiros, amigos e familiares, provendo alimentação suficiente para a demanda, com barracas típicas, que remetam ao passado tropeiro da cidade, como arroz de carreteiro, feijão tropeiro e o já famoso e aclamado bolinho de frango, para que a tradição cresça e ganhe novos adeptos nas diversas faixas etárias e econômicas da sociedade.

Sabendo-se que o público de cavalgadas é mais rural e de idade média entre 25-40 anos, deve-se estudar a possibilidade de ampliar esse contingente, agregando jovens e pessoas mais velhas que trazem na memória afetiva essa bela história dos antepassados.

A questão social deve ser avaliada, já que animais necessitam de cuidados constantes, as vestimentas são de grande valor agregado, pois são compostas de roupas de couro de alta qualidade, as selarias de lã e metais pesados, os peitorais protegem e dão segurança durante os percursos, além de esteticamente causar boa impressão aos adeptos. 

5. CURIOSIDADES DA CAVALGADA

- Os primeiros animais equestres chegaram no Brasil com a esquadra de Cabral, hoje o país possui em torno de 8 milhões de cabeças, sendo os muares mais resistentes para cavalgadas de longa distância por serem mais resistentes 

- A alimentação é composta de pratos únicos e típicos, com alto valor calórico para suportar o desgaste físico dos longos trajetos: feijão tropeiro, arroz de carreteiro, galinhada, baião de dois.

- O cansaço E a saudade da família é compensada quando o romeiro numa atitude de humildade e fé, deposita seu chapéu e os pedidos que foi recebendo durante a caminhada aos pés da santa.

5.1. VOCABULÁRIO DO TROPEIRO

O tropeiro tem linguagem própria de homem do campo, a seguir um pequeno vocabulário:       

5.2. CUIDADOS COM ANIMAIS DE CAVALGADA

Antes, durante e depois da cavalgada deve - se ter cuidados com os animais; na marcha, o cavalo anda até 12 km/h em terreno íngreme e sem perder o contato com o solo, mantendo o tríplice apoio (3 patas no chão) para manter a simetria

5.2.1. Escolha do animal

Das raças com melhor comodidade para a cavalgada são os cavalos marchadores (quarto de milha, manga-larga), mas a preferência recai por mulas que são mais dóceis, resistentes e melhores nos trajetos acidentados, éguas são excelentes para longas distâncias por serem menos impulsivas (mas deve-se evitar as éguas coiceiras). Os animais devem ser capados e a fêmea não pode estar no cio para não prevalecer instinto e provocarem acidentes. Diante de obstáculos, os cavalos saltam usando os dois membros, a mula gasta menos energia porque anda de pegada em pegada. O ideal é que o veterinário faça exames clínicos no animal alguns dias antes da cavalgada para detectar anemia.  

5.2.2. Exercícios

A cavalgada tem que ser planejada e o animal preparado, semanas antes deve-se iniciar com o trote e com a marcha, aumentando gradativamente, leva-se em conta a topografia do terreno do percurso da cavalgada, temperatura do ano e limite físico do animal.   

Figura 4: Animais da Cavalgada

Fonte: Centro de Tropeiros de Angatuba

Alimentação e água- cavalgada é exercício de baixo impacto e longa duração, a alimentação ocorre em três etapas, ao iniciar o dia recebem ração para equinos, no meio e no final do dia, fenos e gramíneas. A dieta deve começar duas semanas antes da cavalgada, devido ao consumo de energia concentrada nos músculos. O veterinário da tropa pode fornecer mistura eletrolítica para compensar perda de sais minerais e óleo vegetal para prevenir cólica. A hidratação do animal deve ser constante, pois em um dia de cavalgada, o animal pode perder 30 litros em sudorese. Os muares precisam de menos nutrição e menos água.             

Transporte – em caminhões boiadeiro, com motorista especializado no transporte de animais de grande porte, utilização de ligas de descanso, protetor de cauda e se possível capa. Alguns animais devem ir junto com a equipe de apoio para substituir os animais que estão cansados e possam ter sofrido alguma lesão durante o deslocamento, a quantidade deve ser de acordo com o tamanho do grupo.      

Ferrageamento – o casco deve ser aparado e limado, o ideal é que o animal seja ferrado 2-3 dias antes da cavalgada, cuidar para que haja simetria dos cascos e guarda-cascos laterais para diminuir o esforço da passada, a sola é o local que mais será impactado durante o trajeto, principalmente em terreno pedregoso.

Figura 5: Ferrageamento

Fonte: Acervo do Centro de Tropeiros de Angatuba

5.2.3. Tipos de Selas

5.2.4. Deve ser o mais leve possível, mas bem adaptada, o suador deve ser espesso e confortável para garantir distribuição uniforme da pressão sobre o dorso do animal.

5.2.5. Limpeza do Animal

5.2.6. É aconselhável que o proprietário escove os pelos do cavalo, para detectar ferimentos e parasitas, retirar a sujeira, massagear e relaxar a tensão do animal para melhorar a circulação, aprofundando relação de confiança entre o cavalo e o cavaleiro.     

Figura 6: Escovando um dos animais da cavalgada.

Fonte: Centro Tropeiro de Angatuba

5.2.7. Desparasitação e Vacinação - deve-se manter em dia a carteira de vacinação do animal

5.2.8. Estábulo – se o animal for ficar em estábulos durante o pouso, deve-se manter o local seco e limpo para evitar micoses.

5.2.9. MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DO TROPEIRO

É apaixonado pela natureza e pelos animais, tem a fé como pano de fundo, sente prazer em recordar o passado, resgatar a cultura, sentar na beira da fogueira contando causos e lendas de antigamente que estão no coletivo popular, gosta de jogar truco, dançar fandango, cavalgadas ao luar, em especial nas noites de lua cheia, desbrava as trilhas e matas ribeirinhas, observa o canto das aves e é um sonhador.

5.2.10. Causos e Lenda

Causos – são histórias verídicas ou não, contadas de forma engraçada, com rimas ou sonoridade que dão um caráter lúdico ao relato.

As lendas fornecem explicações plausíveis ou aceitáveis para aquilo que não tem explicação científica verossímel, para acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Entre as lendas de contexto indígena, destacamos o Lobisomen, Saci Pererê, Curupira, Mula-sem-cabeça, Boitátá, Boi bumbá; as escravagistas- Negrinho do Pastoreio, tesouros enterrados, alma penada, fantasmas, corpos secos e corpos santos.

O encontro de imagens iconográficas (de santos e imagens), mesmo sendo comprovadas, criaram as lendas que deram origens as cidades de Aparecida do Norte, Bom Jesus de Pirapora e Bom Jesus de Iguape entre tantas pra onde se encaminham as romarias religiosas.

Figura 7: Joanópolis - Lenda do Lobisomem

Fonte: Centro de Tropeiros de Angatuba.

5.2.11. Repente ou Cururu

O Repente é uma manifestação popular muito tradicional, onde a arte do improviso e algumas vezes o desafio entre dois participantes leva o grupo ao divertimento, são versos rápidos e criados de improviso acompanhando um tema proposto e com o auxílio de uma viola ou outro instrumento musical como o pandeiro.

5.2.12. Músicas

São muitas modas de viola, em especial o sertanejo raiz, que está relacionado com a natureza e a vivência cotidiana do camponês. As serestas e cantorias varam a madrugada. Selecionamos as músicas tradicionais de toda peregrinação:

Romaria –compositor- Renato Teixeira Intérprete -Elis Regina

Luar do Sertão Compositor e Intérprete – Luiz Gonzaga

O Menino da Porteira – comp.- Teddy Vieira   Intérprete –Sergio Reis

5.2.13. Danças Típicas

Os tropeiros gostam de danças típicas como fandango, catira, chote e outras manifestações populares tradicionais

5.2.14. Rezas e benzedeiras

São comuns as manifestações religiosas durantes as romarias, com reza do terço, do rosário, orações em louvor a Nossa Senhora Aparecida e o Pai Nosso, acompanhado de imagens religiosas e de devoção popular.

6. APÊNDICES

6.1. REGULAMENTO DO TROPEIRO

O Tropeiro cadastrado deve seguir algumas recomendações para participar da Cavalgada da Fé:

- Preencher cadastro do tropeiro, apresentando documentação que comprove os dados pessoais

-Apresentar documentação do animal, certificado de propriedade e exames comprobatórios da saúde do animal

- Proibição do uso de esporas, chicotes e qualquer instrumento que provoque ferimentos no animal

- Respeito ao meio ambiente, sendo responsável pelo encaminhamento do seu próprio lixo durante a cavalgada e cuidar para não provocar acidentes em caso de ser fumante

-Não se apartar do grupo sem prévia autorização do líder

-Atender as recomendações do grupo em relação a paradas e cuidados com animais

-Prover água e alimento para seu animal durante a cavalgada

CADASTRO DO TROPEIRO

Nome............................................................................................................................................

Data de Nascimento.............................Estado civil......................................................................

Endereço.......................................................................................................................................

Cidade......................................................... Celular.....................................................................

Telefone de Contato......................................................................................................................

Tem hábito de praticar cavalgadas? ............................................................................................

Já sofreu algum acidente com animais? ......................................................................................

Tipo de animal que está habituado montar? ................................................................................

Tem algum problema de saúde? ..................................................................................................

Toma algum medicamento? Qual..................................................................................................

CADASTRO DO ANIMAL

Tipo de animal.........................................................Raça do animal..............................................

Cor do pelo...........................................................   Idade.............................................................

Exame de anemia.......................Hematócrito...........................Hemoglobina.............................

Animal Vacinado em....................................................................................................................

Estado físico do animal................................................................................................................

Pele...................................  Dentes.......................... Casco..........................................................

PESQUISA DE ACEITAÇÃO PÚBLICA DA CAVALGADA

Nome................................................................................................................

Sexo.................................................................................................................

Animal.............................................................................................................

Cavalgadas....................................................................................................

Encontro no Horto..........................................................................................

7. CAPTAÇÃO DE PARCERIAS

- Santuário Nossa Senhora Aparecida, através de seu pároco Pe Júlio para realizar a missa campal de envio e ceder o espaço do horto Florestal para o encontro de Cavaleiros

- Secretaria Municipal de Turismo, através de Maurício Herman, cedendo a infraestrutura necessária para a realização do evento: palco, som, banheiros químicos, espaço para camping, alojamento para os cavaleiros, material de alimentação e higiene pessoal

- SAMU, CORPO DE BOMBEIROS, POLÍCIA MILITAR

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Cavalgada da Fé deverá ser ecumênica e um elemento agregador, que levará a comunidade cristã de Itapetininga na  confraternizações e desenvolvimento concreto de ações para revitalizar os costumes locais como o tropeirismo, divulgar e preservar os patrimônios históricos da cidade, uso de tecnologia saudável e fontes de energia limpas, conscientização do turista em relação ao meio ambiente e sustentabilidade, gerar empregos e renda, estimular a formação de mão de obra especializada para fomentar a demanda, ampliação da arrecadação tributária com aquecimento do mercado de bens de consumo.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARPEGIANI, Cleusa Barbosa de Freitas e Ciro de Barros Rezende Filho Caminho das Tropas: A importância da preservação histórica e cultural como meio de preservação ambiental do vale do Paraíba – Livro.  Editora Unitau 2010.

MTUR. Turismo Rural - orientações básicas – Ministério do Turismo. Documentos. Secretaria Digital. Disponível em: http://www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Turismo_Rural_Orientaxes_Bxsicas.pdf Acesso em: março de 2015

MTUR. Portal Brasil – viagens motivadas pela fé mobilizam cerca de 18 milhões de pessoas – Ministério do Turismo. Documentos e cartilhas. Disponível em: http://legado.brasil.gov.br/noticias/turismo/2015/01/viagens-motivadas-pela-fe-mobilizam-cerca%20de-18-milhoes-de-pessoas Acessado em: Abril de 2015

 SERGIO. M. A .IHGGI – Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Itapetininga SP. História da cidade – Troteiríssimo Malhadeiros. Revistas Online. Disponível: em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/institutogeologico/instituto/quem-somos/ Acessado em: Maio de 2015

CARLOS. P. A., Prefeitura municipal de Itapetininga.-  Secretaria de Cultura e Turismo. Serie: Informativos. Consulta. Publicações Tropeiros e história da cidade. Disponível em: https://www.itapetininga.sp.gov.br/cidade/historia/ Acessado em: Junho de 2015

BENI, Mario Carlos – Fundamentos da Teoria de Sistemas Aplicados ao Turismo, 2001, Editora. Vargem. pág.36.


Publicado por: Luiz Souta

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