Pixação na cidade de São Paulo "Código ilegítimo e urbano".
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1. Resumo
O presente artigo tende a discutir como a pichação está inserida em um contexto geral na sociedade, e que se fazem presentes nas ruas da cidade de São Paulo. Praticadas por determinados grupos de jovens que vêm da periferia, que utilizam do espaço urbano como uma maneira de expressar suas manifestações visuais, que consequentemente fazem uso da apropriação dos lugares como forma de comunicação. Além disso, busca investigar o que motiva esses jovens a obterem comportamentos arriscados para deixar registrado um metódo de "assinatura" que somente quem pratica o ato, consegue compreender, e que muitas vezes a sociedade deprecia.
Palavras-chave: Pixação, Arte Urbana, Grafitte, Movimento de Rua.
2. Introdução:
Este artigo tende abordar a pichação na cidade de São Paulo como um processo de comunicação urbana e subjetiva por parte de um determinado grupo de jovens, a maioria residentes da periferia, que encontraram através dos "muros" uma forma de expressão. Além disso, o artigo tende à analisar o movimento como um aspecto social, regional, e psíquico dentro de um contexto polêmico a sociedade, como até onde pode ser visto como arte, ou "vandalismo" e discute também a hierarquização no universo da "pixação", as rivalidades internas e a busca da sensação de poder entre eles.
É importante entender primeiro o que é a pichação e seu contexto histórico, a pichação é caracterizada com uma tipografia específica, com letras ou assinaturas feitas através de latas de spray ou rolos de pintura. No geral são escritas frases de protesto, assinaturas pessoais, ou até mesmo declarações de amor, que podem ser vistas em muros, edifícios, estabelecimentos comerciais, e fachadas de edificações.
A pichação escrita de maneira informal por esses grupos substituindo o "ch" pelo x (pixação) por exemplo, é vista como suja e degradante, porém tem a intenção de "desafiar o sistema" expressar pensamentos como frases políticas e mensagens de impacto, que tem o intuito de fazer com que as pessoas que passam em determinado lugar, possam perceber que "alguém passou por ali" e dependendo do que foi pichado, a intenção é que a mensagem possa ser refletida por um maior números de pessoas, estabelecendo uma reflexão ao receptor (quem recebe a mensagem). Geralmente, esses jovens são anônimos, a população consegue perceber que alguém esteve no local realizando determinada "marcação" mas ninguém sabe ao certo quem é o infrator.
Entretanto,os pichadores agem de uma maneira competitiva, disputando suas marcas nas metrópoles, principalmente em lugares com uma visibilidade maior.
As assinaturas funcionam como uma espécie de código, em ambientes altos e antigos e a maioria das vezes abandonados, lugares sem valorização por parte do Estado, como ocupações, moradias irregulares, cortiços, prédios deteriorados, entre outros. Em relação à altitude desses ambientes torna-se um desafio para esses grupos realizarem a prática em si, e quando isso ocorre os indivíduos conquistam o seu "status" principalmente por arriscar a sua própria vida para deixar a sua "marca" em um local de difícil acesso. Trata-se de uma forma de ganhar reconhecimento nos grupos em questão, como adjetivos:"corajoso(a), aventureiro(a), sem medo de se arriscar" se desafiando cada vez mais. Esses jovens a maioria das vezes não pensam de que forma e como vão invadir o topo de um prédio pra realizar a demarcação, simplesmente olham o lugar, e prática o ato ilegal.
"Primeiro, vale apontar uma diferença: pichação com "ch" pode ser qualquer rabisco feito em propriedades sem autorização. A pixação ou pixo com "x" nomeia a prática feita em São Paulo e reconhecida por ter uma "dinâmica social estabelecida há 30 anos e um estilo de letra específico, o tag reto, de formas pontiagudas" (Pichação não é Pixação, 2010, Gustavo Lassala pg 93)
No Brasil a pichação ganha uma forma de protesto, no período da ditadura militar (1964-1985), onde havia censura por parte do regime militar, mas que os jovens encontraram o muro para obter determinada liberdade de expressão na época. Desde os tempos das pinturas rupestres é possível presenciar diversos tipos de expressões artistícas e formas de comunicação, e isso acontece até os dias atuais.
3. Poluição Visual:
O ato de pichar um patrimônio histórico, uma propriedade pública ou privada é visto como crime ambiental de acordo com a (Lei 7437/61) passível de punição prevista no Código Penal, uma das punições pra quem comete o ato, é prestar aplicação de multas, e também serviços comunitários, dependendo da complexidade da situação os pichadores respondem judicialmente ao crime. A pichação para sociedade é considerado uma transgressão, predatória e visualmente agressiva. De acordo com Arthur Lara, o mesmo aponta a ideia de que: "Para identificar uma pichação coloca- se ao lado dela uma indicação pessoal ou do grupo que a realizou. Uma pichação é, portanto, rodeada de comentários que indicam sua procedência,as pessoas que a realizaram, se foram convidadas ou participam do grupo. No caso de pichadores que reaparecem ou de marcas retomadas depois de terem sido abandonadas, é comum usar-se a expressão “estamos de volta. (LARA, 1996, p.51)."
4. Objetivos:
As pichações e os grafites no espaço público ou privados dividem opiniões na sociedade, ambos são manifestações sociais principalmente nas metrópoles onde é possível identificar expressões nas paredes, se tornando uma característica da urbanização em massa. O propósito deste trabalho é analisar a pichação como uma consequência da exclusão social, e identificar através de artigos já existentes sobre a temática o que motiva esses grupos a se destacarem na sociedade de uma maneira tão agressiva e competitiva nesse universo que a maioria desconhece.
5. Objetivos geral:
O fato da pichação ser criminalizada nunca deixou que ela existisse, em meados de 2017 o atual governador do Estado de São Paulo João Dória, prefeito na época com o programa Cidade Limpa, apagou diversos grafites autorizados na cidade em vias principais como a 24 de Maio, entre outros pontos turísticos da cidade, e declarou "Guerra aos pichadores" revoltando não apenas os pichadores, mas também os artistas plásticos que se uniram um com os outros em forma de protesto contra a fala do prefeito, o que consequentemente gerou ainda mais tipos de manifestações na cidade, seja autorizada ou não. O objetivo geral deste artigo é analisar a temática da pichação na cidade de São Paulo em um contexto geral, desde artigos sobre o tema até veículos jornalísticos que abordam sobre o assunto e como este tema está sendo retratado. Apesar da efemeridade das notícias citadas, a maioria se faz presente no contexto atual, assim como a temática da pichação em São Paulo que é objeto de estudo para muitos pesquisadores, sociólogos, e antropológos interessados sobre o tema.
6. Objetivos especifícos:
O fio condutor deste artigo é a coleta de informações já existentes sobre o tema que auxiliaram na construção do projeto, que futuramente será utilizado como material empírico para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) o qual será produzido uma monografia detalhando o cotidiano dos pixadores na cidade de São Paulo, desde sua vída social até suas práticas nas ruas.
7. Justificativa:
Através das intervenções visuais urbanas é possível perceber que trata-se de um parâmetro social que leva determinados grupos a registrarem suas marcas na parede. Essa "estética visual" é vista como poluição visual para maioria das pessoas em sociedade, mas para os grupos que praticam o ato é a "voz de quem é excluido nessa mesma sociedade." Observar quem são essas pessoas, a onde vivem e por que praticam o ato é a justificativa sobre o tema, pois a manifestação está presente nas grandes metrópoles, mas nem sempre a população aborda sobre essa temática, justamente por ser visto como "sujo" e transgressivo.
8. Fundamentação Teórica
Na cidade de São Paulo desde a periferia até o centro, é muito comum presenciar algum tipo de manifestação nos muros. Sejam elas frases de impacto, assinaturas que a sociedade não compreende, ou alguma mensagem de protesto. O indíviduo se desloca geralmente dos bairros onde moram para regiões mais distantes, para outras localidades com a intenção de demarcar esses espaços, com suas marcas ou adesivos como o(a): tags, grafite, pixes, e nesse movimento alcançam sua notoriedade e representam a zona onde moram. Geralmente, a intenção do pichador é fazer com que o seu "registro" dure no local por mais tempo, não é viável para um deles encontrar um muro limpo, em um ambiente nobre para o dono da propriedade no outro dia pintar novamente o local apagando o 'picho', e sim encontrar um "espaço" em meio as marcações já existentes para que sua assinatura tenha uma durabilidade maior, porém a maioria não se preocupam com a fama na própria sociedade, e sim procuram reputação nos grupos que convivem. Essa hierarquização na pichação varia de acordo com o número de aparições na cidade, principalmente em lugares inacessíveis. Esse compartamento agressivo pode ser analisado por um paradigma social: "As expressões urbanas podem trazer para a discussão não somente a questão da ruptura estética com o padrão da arte imposta, mas, em um sentido mais concreto, substancial e contextualizando, podem ser analisadas como algo que representa o seu contrário, ou seja, como um fenômeno que só existe porque outros problemas maiores e estruturais permeiam a realidade das cidades, e criam a necessidade de expressão de uma população não contemplada pelo “desenvolvimento”, onde não há locais públicos de entretenimento e faltam ambientes que incentivem a produção artística e cultural, assim como espaços gratuitos de sociabilidade (FERREIRA e KAPANAKIS, 2015, apud pg 83)
O reflexo de uma sociedade desigual principalmente nos bairros mais distantes do centro, desencadeia a juventude encontrar nos muros uma forma de diversão, e lazer. Além das questões sociais, existe um parâmetro psíquico em que a sensação de adrenalina em praticar algo que é ilegitimo, possa vir a tona, essas pessoas no seu cotidiano passam por conflitos pessoais, emocionais e familiares, e descontam esse sentimento de "revolta" de uma maneira ilegal.
Levando em conta o universo dos pichadores, é possível obter uma perspectiva de que que é um "mundo" extremista, competitivo, e hierárquico, geralmente formado por gangues que estabelecem regras.
Enfatizando a respeito da cultura do grafite, que possui um aspecto visual colorido, e pode transmitir diversos tipos de mensagem, sendo política ou reflexivas em formas de desenhos ou personagens, é uma mistura de cores vivas, consequentemente tornando o ambiente mais "vivo". O grafite nasce desdos bairros periféricos dos Estados Unidos, e ganhou força no Brasil no final da década de 70, ganhando força principalmente na capital paulista, junto à cultura hip-hop, um dos lugares que os jovens se reuniam e se tornou um ponto de encontro da época é na atual 24 de Maio Centro da cidade, e muitas vezes eram reprimidos por parte da polícia por questões raciais, e sociais.
Atualmente o cenário mudou, e o grafite conseguiu conquistar o seu espaço e ser muito mais aceito pela sociedade."A arte urbana engloba todos os tipos de arte que encontramos nas ruas". (Camila Mendonça, Arte expressa na rua, 2019 apud pg 1). Muitos grafiteiros e artistas plásticos da periferia viram no grafite uma forma de fonte de renda, utilizando trabalhos autorais de maneira autonôma em lojas, comércios, ou até em ambientes em que existam projetos em parceria com a Prefeitura de São Paulo que disponibiliza materiais para que possa ser elaborado o trabalho, e através da arte gera o reconhecimento do belo e do agradável. "São Paulo é uma cidade com grafites surpreendentes e extraordinária profusão de pixações, imensas manifestações públicas e intensa produção artística."(Teresa Cristina do Rio Caldeira Novos estud. - CEBRAP no.94 São Paulo Nov. 2012).
As questões emblemáticas que são discutidas em sociedade, é se a pichação também pode ser considerado como uma característica da cidade. Segundo Bordieu: "A obra de arte considerada enquanto bem simbólico (e não em sua qualidade de bem econômico, o que ela também é) só existe enquanto tal para aquele detém os meios para que dela se aproprie pela decifração, ou seaja, para o detendor do código historicamente constitúido e socialmente reconhecido como a condição da apropriação simbólica das obras de arte oferecidas a uma dada sociedade em um dado momento do tempo". (BOURDIEU, 2004, p 105)
É importante ressaltar que tanto o grafite quanto a pichação caso seja realizado em um ambiente cujo o proprietário do estabelecimento não permitiu o ato, ambos podem ser considerados como vandalismo. A distinção entre os dois é estabelecida pela "permissão" enquanto um existe facilidade em conseguir esse assentimento, o outro é considerado como ilegal é o que torna a prática ainda mais presente entre os grupos, pois a ilegitimidade de fazer aquilo que é ilicito, determina os jovens a praticarem o ato justamente por esse motivo.
No âmbito jornalistíco uma matéria concedida pela revista Época "Como um grafite no centro de São Paulo virou caso de justiça" conta como um conjunto de grafites reunindo animais aquáticos no fundo do mar em um prédio deteorizado na República, que se tornou-se um grande transtorno pra quem praticou o ato. Segundo os organizadores o próprietário do edifício que abriga escritórios comerciais e é tombado desde 2012, não autorizou grafites em um dos murais. "Eu sabia que não tinha autorização do proprietário, mas, no caso desse prédio, decidimos fazer uma ocupação artística. Mesmo sem autorização, entendemos que fazia sentido pintar aquela parede porque ela estava em estado de abandono. Sabíamos que eles poderiam chamar a polícia e que poderia se desdobrar em um processo judicial. Mas, esperávamos que ele (o proprietário) recuasse quando percebesse que estávamos restaurando a parede", argumentou Pagú." (Revista Época 2019, Kleber Pagú). Os produtores artísticos Kleber Pagú e Felipe Yung compareceram até a delegacia para esclarecimentos a respeito da ocorrência: "Passamos semanas cuidando da parede, porque antes de pintar precisa de restauração para ela não descascar, e não teve nem uma reclamação. No primeiro dia que colocamos cor, eles chamaram a polícia. No segundo também. No terceiro dia de polícia, fomos voluntariamente à delegacia porque entendemos que precisávamos explicar às autoridades o que estava acontecendo", contou. (Revista Época, 2019 Felipe Yung).
9. Metodologia
Um dos parâmetros metodológicos utilizado para construção do artigo são as refêrencias bibliográficas a respeito do tema, realizando uma pesquisa minuciosa a respeito da Arte Urbana na cidade de São Paulo, levando em conta as análises dos especialistas citados no projeto, para obter um direcionamento maior a respeito do assunto. Além disso, foi possível contextualizar a temática do grafite, que embora oposto a pichação, os dois movimentos possui suas distinções e semelhanças além da suas peculiaridade com as ruas. Além disso, foram utilizados documentários como ferramenta de análise: "Pixadores" filme de (2015) produzido por Amir Escandari, que aborda o cotidiano dos pichadores Djan, William, Biscoito e Ricardo, moradores de uma favela de São Paulo, que através da pichação conseguiram utilizar suas "assinaturas" em muros como forma de militância e protesto contra a sociedade brasileira. Os mesmo tiveram a chance de participar de uma exposição Bienal em Berlim referente à esse contexto. Outro metódo utilizado como material de apoio, foi o livro do escritor "Pichação não é Pixação" de Gustavo Lassala Silva, escritor e pós graduado em Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Foi possível também, dar enfâse de que maneira os grandes veículos de comunicação têm abordado essa temática. Um dos veículos estudados, foram o ElPaís, que entrevistou um dos pichadores mais reconhecidos no movimento e no mundo atualmente: "O muro do condomínio é muito mais autoritário do que o picho" (Cripta Djan).
Por fim, para obter informações de quem pratica o ato, foi realizado conversas informais com pichadores e grafiteiros para maior aproximidade com o tema.
10. Proposta de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso):
A ideia de elaborar um trabalho sobre a Arte Urbana na cidade de São Paulo, é presenciar que ela é existente nas metrópoles da cidade e está inserida desda periferia até o centro da cidade. Entretanto existe um outro tipo de manifestação visual que é vista como polêmica para maioria das pessoas, no caso a pichação. O material empírico que será utilizado para a construção é uma monografia visual que irá abordar o cotidiano dos pixadores na cidade de São Paulo, realizando visitas pessoais com este público como personagem principal realizando algumas perguntas para familiaridade do assunto. "Você começou a pichar com qual idade?" "Por que se arriscar por um risco na parede?" "Pretende parar de pichar?".
Além dessas visitas presenciais a monografia com imagens irá contar com uma abordagem a principio na região central de São Paulo, na Rua Dom José de Barros, local conhecido como "Point" Ponto de encontro entre grafiteiros e pichadores, que se reunem no local de lazer e entretenimento, o "point" já foi ambiente de entrevista inclusive para equipe de jornalismo do Profissão Repórter que realizou uma grande reportagem sobre a pichação na cidade de São Paulo em 2016. Nesse ambiente o próposito é conseguir entrevistar as fontes que serão futuros personagens para o projeto. O contra ponto do tema é abordar pessoas nas ruas questionando a respeito da pichação, pessoas inclusives que são contra o "picho", que no caso é a maioria das pessoas, realizando apontamentos do porquê esse personagem considera a pichação como suja e vandalismo, para que essas pessoas tenha a abertura de falar sobre a temática.
No aspecto do que é permitido e legal, o projeto visa conversar com alguns grafiteiros que realizam trabalho de maneira autônoma através do grafite, que conseguiram uma fonte de renda nessa área, estabelecida como Comunicação Visual, e que encontrou no grafite uma forma de sobrevivência. Filmagens de grafites autorizados, em pontos turisticos da cidade também entraram no filme, para ficar equilibrado a Arte Urbana em um contexto do que é permitido, e do que é ilegal.
Estamos organizando também de que futuramente possamos conversar com uma participação feminina no movimento pichação, pois antigamente era possível perceber que a maioria de quem pratica o ato de vandalismo são homens. O cenário atual mudou, existem diversas mulheres que realizam essa prática, e as vezes muito mais desafiadoras do que os homens. Mulheres que muitas vezes possuem o estereótipo de delicadeza na sociedade, no movimento do picho em si, são muitas vezes mais dispostas do que os próprios homens. Porém, trata-se de um planejamento ainda não definido que podem sofrer alterações futuras, já que, é muito mais difícil ter acesso à essas mulheres do que os próprios homens, e o objetivo do trabalho é focar apenas naquilo que nós estudantes iremos conseguir filmar, para não fugir do tema proposto e conseguir o máximo de relatos possíveis a respeito de quem realiza a prática.
11. Considerações finais:
No contexto dessa pesquisa, foi possível analisar que a pichação trata-se de um "circulo vicioso" para maiorias dos jovens que a pratica. Por algum motivo esses grupos encontraram de uma maneira ilícita a conquistar destaque. É uma prática que é vista como poluição visual, mas observando nas grandes metrópoles a presença de outdoors, banners de publicidade, também é uma característica de poluição visual mas que ainda assim é muito mais aceita pela sociedade do que a própria pichação. A realidade é que os próprios pichadores não tem a intenção de que a prática seja aceita na sociedade.
Pode-se apontar que mesmo que o tema seja assunto de pesquisadores, estudantes do âmbito de Artes Visuais, e especialistas, a opinião se a pichação pode se aproximar da arte, ou ser considerada como expressão artística, é um pensamento muito relativo que a maioria das vezes não se chega a uma conclusão final, e sim apenas as definições sobre qual a diferença estética entre o grafite e a pichação trata-se de uma perspectiva pessoal sobre a temática isto é, de ambiguidade e subjetividade.
Porém, caso a pichação seja considerada como arte acaba perdendo totalmente a sua essência, para William Lucas de 33 anos, residente da região de Itapevi extremo Oeste de São Paulo, pratica a pichação a 15 anos e o mesmo disse: " A pichação não tem interesse algum em conversar com a sociedade, e nem quer que a população consiga entender aquilo que está assinado. É uma comunicação totalmente restrita, e quem pratica o ato estabelece suas normas e regras para sobreviver nesse mundo. Eu mesmo comecei a pichar por conta de relações amorosas conturbadas, com o fim do meu casamento acabei não aguentando, e tive que descontar essa neurose de alguma forma, queria ser visto de alguma forma, e foi através dessa prática que me joguei de cabeça na pichação". Pode-se ressaltar que é uma prática indevida, ilegal, suja, e agressiva, mas que existem determinadas razões para que essas pessoas adotem esse tipo de prática. Na exposição em que o pichador Cripta Djan, compareceu na Bienal de Berlim em 2012, para muitos apreciadores que estiveram no local consideraram a pichação como arte e ousadia. Mas que ao mesmo tempo, o próprio pichador convidado, acaba se contradizendo já que o próprio já realizou algumas críticas a arte.
Conclui-se que a pichação sempre existiu e sempre irá existir, e que é uma forma de comunicação não verbal para diversos grupos que praticam o ato, mas que não querem status na sociedade, e nem que a pichação possa ser considerada como arte um dia. A pichação não deve de forma alguma ser romantizada, é um ato degradante e sujo, e é essencial que a população procure ocupar espaços públicos de forma pacífica para qualquer tipo de manifestação visual, evitando detuparções de espaço público.
12. Referências Bibliográficas:
LASSALA, Gustavo.Em nome do Pixo: a experiência social e estética do pichador e artista Djan Ivson/Gustavo Lassala38.São Paulo, 2014. Disponível em: São Paulo, 2014.
LASSALA, Gustavo. Pichação não é Pixação. 1 ed. São Paulo: Altamira, 2010. Disponível em https://titobarrios.wordpress.com/2016/04/04/lassala-gustavo-pichacao-nao-e-pixacao-uma- introducao-a-analise-de-expressoes-graficas-urbanas/
ALESSI, Gil "O muro do condomínio é muito mais autoritário do que o picho".El País,São Paulo, 24 nov 2016, Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/11/21/cultura/1479735571_425031.html
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LETÍCIA, Ana Leão. "Como um grafite no centro de São Paulo virou caso de justiça". ÉPOCA 30 nov 2019 Disponível em: https://epoca.globo.com/cultura/como-um-grafite-no-centro-de- sao-paulo-virou-caso-de-justica-24108749
SPEN, Luciano. Ano 14, 1º semestre São Paulo, 2007. Pichação e comunicação: um código sem regra. Disponível em http://www.logos.uerj.br/PDFS/26/08lucianospen.pdf
MENDONÇA, Camila.ArteUrbana;Guia Estudo. Disponível em< https://www.guiaestudo.com.br/arte-urbana >. Acesso em 29 de janeiro de 2020 às 20:01.
ALESSI, Gil. "A maré cinza de Doria toma São Paulo e revolta grafiteiros e artistas" El País São Paulo- 24 ENE2017 - 23:06 BRS Disponível em: . https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/24/politica/1485280199_418307.htmlL.
FANTI, Milena Carvalho "Pichação-arte e pixação?" Cásper Líbero, São Paulo 2009, Disponível em https://casperlibero.edu.br/revistas/pichacao-arte-e-pixacao/>
Anexos:
Pichador escala 4º andar de um prédio localizado no bairro Santa Efigênia - Centro de São Paulo. Foto: 2013 - William Lucas
Publicado por: Letícia Elisa Silva
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