A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA MENTE E NO CORPO

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1. RESUMO

A pesquisa tem como tema a influência da música na mente e no corpo e como pode ser usada para o benefício do ser humano, focando nas peculiaridades que ela oferece. A presente análise ressalta que a música apresenta certas propriedades que podem ser usadas para diversas ocasiões, principalmente nas áreas medicinais. Ela proporciona um embasamento teórico de relevância, demonstrando que a música abrange mais que partituras, instrumentos e ruídos, e sim, uma força vibracional que se espalha por todo lugar, exercendo ações sobre o homem. Ela surge da hipótese de que a música em certas frequências, ritmos e harmonias, pode ser fundamental para o bom desenvolvimento da saúde, tanto mental quanto corporal, também esclarece, conforme seu ritmo, harmonia e melodia, pode exercer certas ações sobre o organismo humano, tanto para o bom ou mal desenvolvimento. Considerando tais aspectos apresentados, a presente investigação mostra através de um complexo e apurado campo de visão, de que as ondas musicais presentes em todo lugar sem qualquer distinção, têm um propósito, que sabendo usar, pode-se obter diversas vantagens. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica minuciosa, leitura de vários livros de alta importância ao assunto mencionado e a consulta de alguns documentos disponíveis na plataforma online, que se encontram citados nas referências bibliográficas.

Palavras-chave: Música. Influência. Desenvolvimento. Neurociência. Ser Humano.

ABSTRACT

The research has as its theme the influence of music on the mind and body and how it can be used for the benefit of human beings, focusing on the peculiarities that it offers. The present analysis points out that the song features certain properties that can be used for various occasions, mainly in the medical areas. It provides a theoretical basis of relevance, demonstrating that the music covers more than sheet music, instruments and noise, and yes, a vibrational force that spreads everywhere, exerting action on the man. It arises from the assumption that the music in certain frequencies, rhythms and harmonies, can be fundamental for the development of health, both mental as corporal, also clarifies, as your rhythm, harmony and melody, can exercise certain actions on the human body, both for the good or bad development. Considering such aspects presented, this research shows through a complex and established field of vision, that the musical waves present everywhere without any distinction, have a purpose, knowing use, you can get several advantages. A thorough literature search, reading several books of high importance to the subject mentioned and consultation of documents available on the online platform, which are cited in the references.

Key words: Music. Influence. Development. Neuroscience. Human Being.

2. INTRODUÇÃO

A grande maioria tem conhecimento de que a música esteve presente em nossas vidas desde o passado, sendo vista como uma arte ou manifestações culturais, e que de uma certa forma consegue influenciar o que está ao seu redor. Assim, este trabalho tem como tema: A influência da música na mente e no corpo.

A presente investigação, portanto, parte do seguinte problema de pesquisa: Quais são os efeitos causados pela música que exercem na mente e no corpo?

Aventa-se a hipótese de que a música em certas frequências, ritmos e harmonias, pode ser fundamental para o bom desenvolvimento da saúde, tanto mental quanto corporal.

Defende-se, também, como segunda hipótese de que a música, conforme seu ritmo, harmonia, melodia, dentre outros aspectos, pode exercer certas ações no sistema orgânico do ser humano, tanto para o bom ou mal desenvolvimento.

O objetivo geral da pesquisa é mostrar os efeitos benéficos e maléficos causados na mente e no corpo através das frequências musicais. Como objetivos específicos, tem-se por compreender através de estudos, as influências que as vibrações causam no organismo humano; descrever o impacto que a música causa no sistema corporal e o mental.

A relevância da pesquisa possui tripla dimensão: científica, social e pessoal. No que concerne ao conhecimento científico, qualquer estudo que se preocupe em estudar a influência da música na mente e no corpo ou que ampliem as abordagens já existentes, é pertinente, ao estudo científico sobre ao assunto, a todo público que se interessar.

Em razão das lacunas existentes, a presente pesquisa objetiva, contribuir para os estudos referentes aos efeitos musicais, tanto mental quanto corporal, onde contribuirá beneficamente para as pessoas, crianças, idosos, entre outros.

Como o pesquisador é estudante do curso de licenciatura em música e tem interesse no ramo, como uma forma de desenvolver seu conhecimento, a pesquisa também contribuirá com informações úteis às pessoas que se interessam nas curiosidades e benefícios que a música traz ao ser humano.

A pesquisa se embasará em Bush (1995), Fregtman (1989) e Tame (1984) para a fundamentação de conceitos relacionados a influência da música na mente e no corpo. Para as questões referentes a conceitos históricos, elementos básicos musicais e certas ações que a música exerce no organismo humano, serão utilizados o seguintes autores: Adams et al., (2001), Andrade (1942), Bennett (1986), Bontempo (1992), Burrows (2010), Campadello (1995), Goldman (1994), Jourdain (1998), Levitin (2011), Med (1996), Priolli (2010), Priolli (2011) e Wisnik (1989).

Como metodologia adotou-se a pesquisa bibliográfica. Será realizada a leitura crítica, a redação de resumos e paráfrases e a elaboração de fichamentos das obras pertinentes ao enfrentamento do tema e à comprovação das hipóteses. Além da leitura de livros pertinentes ao objeto de pesquisa, serão consultados documentos disponíveis online, devidamente referenciados na bibliografia, para assim, construir a redação dos capítulos e a conclusão da pesquisa.

Em sua forma estrutural, a presente pesquisa está dividida em três capítulos. No primeiro capítulo, comenta-se uma breve história da música, seus elementos básicos e um pouco sobre as suas ações na mente e no corpo. No segundo capítulo, investiga-se de uma forma sucinta sobre a musicoterapia e as ações da música na área da saúde e na sociedade, abordando um âmbito leve e preciso. O terceiro capítulo, aborda-se os efeitos musicais, demonstrando seus benefícios e malefícios, o campo vibracional, no qual a música se propaga e algumas explicações científicas através da neurociência sobre os efeitos da música no cérebro.

Segue-se, por fim, a conclusão e as referências.

3. A MÚSICA

O presente capítulo visa apresentar alguns conceitos teóricos que estabelecem o surgimento e a formação da música de forma sucinta e compreensiva, levando em consideração sua influência no ser humano.

Enfatiza-se os conhecimentos sobre uma breve história da música, aos quais, são de suma importância para um bom entendimento sobre suas divisões históricas e culturais, além de fomentar alguns conceitos musicais que demonstram algumas características importantes para a formação estrutural da música.

Para a complementação de tais propósitos argumentados, são discutidas, também, algumas teorias sobre os efeitos que a música causa na mente e no corpo.

Os breves conceitos históricos musicais e as características estruturais e influenciadoras que a música apresenta, seguem um conteúdo embasado nos respeitados teóricos de Andrade (1942), Bennett (1986), Bontempo (1992), Burrows (2010), Bush (1995), Campadello (1995), Fregtman (1989), Med (1996), Priolli (2010), Priolli (2011), Tame (1984) e Wisnik (1989).

3.1. UM BREVE PRINCÍPIO HISTÓRICO

Desde os primórdios da humanidade, por onde passava, a música deixava suas marcas gravadas em vários momentos sociais, e que por meio disto, demonstra de forma clara, sua frequente presença com o ser humano, seja na cultura ou ao entretenimento.

Diante aos fatos históricos sobre a música, pode-se observar que ela se faz presente na vida do homem de forma frequente, sendo demonstrada principalmente pelos povos antigos, que a utilizavam em diversas manifestações culturais, criando um elo entre a harmonia musical e a sociedade.

Mas a-pesar-dos povos antigos terem sistematizado a música como arte, ainda não a puderam conceber livremente. Entre eles a música viveu normalmente ligada à palavra e socializada. O homem na Antiguidade é um ser mais propriamente coletivo que individual. Todas as manifestações dele são por isso muito mais sociais que individualistas. Intelectualizada pela palavra, a música tomava parte direta nas manifestações coletivas do povo. (ANDRADE, 1942, p. 24)

Percebe-se que o homem, seguindo seus princípios coletivos, estabeleceu uma conexão entre a música, sociedade e as diversas manifestações, onde constantemente utilizava a própria música como algo de suma importância para o desenvolvimento social. Apesar de ser entendida como uma mera arte, ela esteve presente em diversas ocasiões e manifestações sociais, demonstrando as características de cada povo.

Os Romanos, foram uns dos principais povos que utilizavam a música como algo enriquecedor a cultura, que após a conquista da Grécia, rica em sabedorias complexas e antigas sobre a música, desenvolveram os campos musicais, ocorrendo um grande avanço para a cultura romana.

“Os mais eminentes professores de música, bem como os melhores artistas e poetas eram trazidos da Grécia. E assim, Roma assimilou em cheio a influência helênica não só na arte musical, como nas demais artes.” (PRIOLLI, 2010, p.118)

Percebe-se que Roma conseguiu se expandir culturalmente após a conquista da sociedade grega, influenciando em todas suas atividades, principalmente nas artes musicais.

Para que se tivesse efeito em relação a conquista de territórios, os romanos souberam utilizar de forma estratégica e inteligente as propriedades musicais através de instrumentos de estranhas sonoridades em prol de seu benefício.

“O canto de guerra era geralmente acompanhado de trombetas de metal de som estridente.” (PRIOLLI, 2010, p.119)

Observa-se que o exército romano conseguiu utilizar a música a favor de seus pedidos, principalmente quando envolvia guerras, utilizando através de instrumentos estridentes, formas de assustar o adversário.

Com a conquista das sabedorias gregas dentre outras sociedades, Roma foi expandindo e abrindo portas para a ascensão do cristianismo. Isso contribuiu para que a música em Roma fosse extremamente ligada a ele, transformando as vibrações musicais em ligações diretas com o Divino.

Mas o cristianismo no seu ideal de fé e pureza, tomou a si a missão de reerguer o pedestal da “arte divina” – a música. E é na música cristã que vamos encontrar a origem das mais belas e sinceras realizações da arte musical, e a fonte de inspiração daqueles que por suas sublimes melodias e ricas harmonias deixaram seus nomes gravados na História da Música. (PRIOLLI, 2010, p. 119)

Durante o desenvolvimento do cristianismo a música se fez presente como algo magnífico e passou a ser ouvida e entendida como uma “arte divina”. A partir deste momento histórico, o desenvolvimento musical foi se expandindo e se realizando, deixando suas marcas melódicas e harmônicas gravadas na história da música.

As músicas cristãs começaram a ser prestigiadas somente dentro das igrejas, e principalmente pela voz, sem qualquer adição ou complementação de qualquer tipo de instrumento.

Ao nome recebido, o canto gregoriano de acordo com Andrade (1942, p.32) recebeu outro nome, conhecido como cantochão (Cantus Planus), por causa dos sons serem sempre iguais como duração e como intensidade.

Nota-se que durante o cristianismo, a música consegue se expandir, criando novas técnicas e estilos, como o cantochão, muito utilizado nas músicas que eram executadas dentro das igrejas.

Após esta ascensão cristã, a música passa a ficar mais elaborada e organizada, passando a ser dividida em estilos, sendo que cada um, é classificado de acordo com as suas características. De acordo com Bennett (1986, p.11) esse é um processo lento e gradual, quase sempre com os estilos sobrepondo-se uns aos outros, de modo a permitir que o “novo” surja do “velho”.

Observar-se que a origem dos estilos é formado por um processo prolongado, permitindo que novos gêneros musicais possam surgir, apresentando novos elementos e qualidades que lhe fornecem a sua classificação nominal.

No entanto, pode-se apresentar uma forma de dividir a música relacionada ao Ocidente, em seis períodos distintos, cada qual identificado pelas suas propriedades e datas correspondentes, formando uma espécie de organização histórica musical.

Aqui apresentamos uma forma de dividir a história da música do Ocidente em seis grandes períodos, indicando as datas correspondentes: Música medieval até cerca de 1450, Música renascentista 1450-1600, Música barroca 1600-1750, Música clássica 1750-1810, Romantismo do século XIX 1810-1910, Música do século XX de 1900 em diante. (BENNETT, 1986, p. 11)

Logo percebe-se nas requintes palavras do autor que a música ocidental apresenta uma forma de ser dividida em períodos que atravessam séculos, começando pela música medieval e terminando na música do século XX, sendo que cada intervalo temporal, recebe um nome que lhe é classificado de acordo com as suas características peculiares.

A partir deste desenvolvimento tanto histórico quanto musical, percebe-se que a música estabelece uma posição mais flexível em certas regras sociais. “O século XIV representa na música a primeira fusão da polifonia erudita com a música profana.” (ANDRADE, 1942, p.47)

Nota-se que a música do século XIV foi se transformando e se adaptando, e a estética da sociedade também foi se expandindo e evoluindo, fazendo com que os estilos musicais ficassem mais ricos aos ouvintes, por este motivo, constata-se a grande difusão entre a música erudita e a profana.

Durante o período renascentista segundo Bennett (1986, p.24) os compositores passaram a ter um interesse muito mais vivo pela música profana, inclusive em escrever peças para instrumentos, já não mais usados somente com a finalidade de acompanhar vozes.

Observa-se diante das palavras do autor que o período da Renascença fez com que a música profana tivesse uma forte expansão e desenvolvimento, ocorrendo o surgimento de diversas obras especialmente voltadas para os instrumentos.

O homem que viveu durante o renascimento, passa a ter um maior interesse voltado a suas emoções e ao mundo ao seu redor, questionando e observando fatores que se fizessem presentes, deduzindo ideias por conta própria e partindo ao homocentrismo.

O período da Renascença se caracteriza, na história da Europa Ocidental, sobretudo pelo enorme interesse devotado ao saber e à cultura, particularmente a muitas ideias dos antigos gregos e romanos. [...] O homem explorava igualmente os mistérios de suas emoções e de seu espírito, desenvolvendo uma fina percepção de si próprio e do mundo ao seu redor. Em vez de aceitar os fatos por sua aparência, passou a observar e questionar – e começou a deduzir coisas por conta própria. Todos esses fatores tiveram forte impacto sobre pintores e arquitetos, escritores e músicos; e, naturalmente, sobre aquilo que criavam. (BENNETT, 1986, p. 23)

Percebe-se que o surgimento do período renascentista, foi marcado pelo enorme interesse que o homem tinha pelas ideias dos antigos gregos e romanos. Além disso, foi expandindo os estudos que envolviam os sentimentos humanos e também a percepção do mundo, ocorrendo assim, em vez do homem aceitar os fatos por sua aparência, começou a desenvolver o seu lado critico, questionando, observando e deduzindo ideias por conta própria. Diante a estes motivos, pintores, arquitetos, escritores e músicos foram fortemente influenciados e naturalmente tudo aquilo que criavam.

A era do Renascimento abriu portas para o surgimento do Barroco durante o século XVII, buscando uma beleza harmoniosa da música e novos estilos de entretenimento.

Esclarece Bennett (1986, p.35) que o século XVII também assistiu à invenção de novas formas e configurações, inclusive a ópera, o oratório, a fuga, a suíte, a sonata e o concerto.

Nota-se que o barroquismo apresenta novas formas de entretenimento tanto artístico quanto musical, já que o homem passa a buscar uma nova estética mais exuberante e exótica.

Assim, o Barroco conseguiu fortemente marcar sua presença na história da música, principalmente no desenvolvimento das óperas, que aos poucos foi se criando um foco especial e se encaixando em outras atrações, e a expansão das orquestras, florescendo e difundindo a música instrumental.

O Barroco assistiu à gênese da ópera, à expansão da orquestra e ao florescimento da música instrumental, especialmente para violino e teclado. Embora as modas oriundas da Itália e dos músicos italianos tenham prevalecido, estilos caracteristicamente nacionais evoluíram no fim do período. (BURROWS, 2010, p. 77)

Observa-se que dos estilos mais exóticos, o Barroco se destaca. Sua grande importância para música, deu-se ao fato de conseguir expandir as ideias musicais e também o florescimento da música instrumental, muito voltada para o violino e o teclado. Além disso, novos tipos de entretenimento foram criados, como as óperas, e alguns estilos nacionais que evoluíram praticamente no fim do período.

Após a decadência do estilo Barroco, o Clássico fez sua presença de forma precisa, pura e delicada. Explica Bennett (1986, p.45) que o termo clássico significa um estilo que atribui suma importância à graça e à simplicidade, à beleza de linhas e formas, ao equilíbrio e à proporção, à ordem e ao controle.

Constata-se perante as palavras do autor que o classicismo conseguiu trazer para os campos musicais uma ordem, demonstrando um equilíbrio e proporção mediante à simplicidade, fazendo com que transformasse a música em algo puro.

O Clássico mostrou a sua importância no quesito de extrema refinação, onde a sonoridade passa a ser mais delicada e sutil, controlada e equilibrada, demonstrando estabilidade harmônica, leveza e pureza em termos musicais.

O século XVIII é o período clássico da música. O que caracteriza o classicismo dele é ter atingido, como nenhum outro período antes dele, a Música Pura, isto é: a música que não tem outra significação mais do que ser música; que comove em alegria ou tristeza pela boniteza das formas, pela boniteza dos elementos sonoros, pela força dinamogênica, pela perfeição da técnica e equilíbrio do todo. (ANDRADE,1942, p. 102)

Observa-se que o classicismo demonstrou sua aparência de forma delicada, desenvolvendo os conceitos musicais, estéticos e técnicos, transformando a música em algo puro, consistindo em formas sonoras equilibradas e dinamogênicas.

No decorrer do período clássico, as canções passaram a ser escritas especialmente para instrumentos, tanto no gênero religioso quanto profano.

“Durante o período clássico, pela primeira vez em toda a história da música, as obras para instrumentos passaram a ter mais importância do que as composições para canto.” (BENNETT, 1986, p.47)

Logo, percebe-se que a música instrumental começa a se expandir e evoluir, ficando cada vez mais leve, pura e harmoniosa, deixando a música vocal quase em desuso.

Após a perfeição harmônica, a música do século XX conseguiu se destacar pelo fato de trazer inovações musicais, em termos técnicos e teóricos. De acordo com Bennett, (1986, p.68) a música no século XX constitui uma longa história de tentativas e experiências que levaram uma série de novas e fascinantes tendências, técnicas e, em certos casos, também à criação de novos sons, tudo contribuindo para que este seja um dos períodos mais empolgantes da história da música.

A música do século XX, decorrente de várias experiências e mudanças, apresenta um campo sonoro extremamente desenvolvido e enriquecido, criando-se novos sons e novos gêneros musicais.

3.2. ELEMENTOS BÁSICOS DA MÚSICA

Para o entendimento sobre o que é a música, deve-se estar atento a sua estrutura, principalmente nos elementos que a constitui, pois é através destes, que a sua sonoridade se faz presente.

Como afirma Priolli (2011, p.6) para exprimir profundamente qualquer sentimento, ou descrever por meio da música qualquer quadro da natureza, torna-se imprescindível a participação em comum desses três elementos: melodia, ritmo e harmonia.

A autora elenca que a música é formada por três elementos essenciais. São eles: a melodia, o ritmo e a harmonia, aos quais são indispensáveis.

Logo, a definição do termo música vem sendo empregado como “a arte de combinar os sons simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção dentro do tempo.” (MED, 1996, p.11)

Observa-se que o autor define a música como a arte dos sons combinados simultânea e sucessivamente, situados dentro do tempo, de acordo com a ordem, equilíbrio e a proporção.

Destacando a harmonia, Pitágoras especificou tanto em áreas teóricas quanto em práticas, como este elemento musical se faz presente na música através dos intervalos harmônicos, facilitando o entendimento sobre os assuntos relacionados a formação e teoria musical.

Na teoria, os intervalos harmônicos estavam especificados desde Pitágoras (século VI a.C.), inventor da acústica, o qual por intermédio do monocórdio fixou a relação proporcional entre os sons. Por meio de divisões proporcionais da corda vibrante, Pitágoras obteve a série dos sons harmônicos. Aos intervalos de oitava, quinta e quarta justas chamou de Sinfonias (Consonâncias) e aos outros de Diafonias (Dissonâncias). (ANDRADE, 1942, p. 26)

De acordo com Andrade, Pitágoras deu o início aos estudos musicais que revolucionaram o entendimento da música em sua forma teórica, mas não criando composições, e sim, através de um experimento, no qual obteve-se a série do sons harmônicos. Decorrente disto, classificou os intervalos em consonantes e dissonantes, ocorrendo um grande desenvolvimento no ramo da teoria musical.

Logo após a harmonia, pode-se destacar outro elemento importante nos estudos que concerne a teoria musical: o ritmo. “O ritmo é o movimento dos sons regulados pela sua maior ou menor duração.” (PRIOLLI, 2011, p.6)

Decorrente as palavras da autora, o ritmo pode ser definido como um agrupamento de sons regulados, regidos pela sua duração e movimentação, fluindo de forma simétrica e ordenada.

O ritmo, um dos elementos fundamentais que constitui a formação da música, consegue ser estudado através da forma como os ser humano reage diante a ele. Observa-se que a música utiliza um dos seus componentes para se fazer presente e exercer suas ações sobre o homem.

Um tempo que tenha, mais ou menos, um ritmo igual ao da pulsação cardíaca normal nos acalma, como se o nosso corpo pensasse consigo só: “ah, está bem, estamos ambos em uníssono.” De fato, se você levar a mão ao coração enquanto estiver ouvindo uma música assim, verificará que o coração tende rapidamente a corrigir qualquer discrepância do seu tempo, até atingir perfeita afinação com a música. (TAME, 1984, p. 149)

Perante as requintes palavras do autor, compreende-se que as músicas mais agitadas deixa o corpo humano em uma euforia, e ao contrário das mais lentas, que percebe-se uma certa paz e tranquilidade, fazendo com que o ritmo cardíaco fique mais sereno, já que o corpo entende que entrou em uníssono com a música.

Além disso, os sons que habitam o planeta Terra, além de toda sua dinâmica rítmica, possuem também os seus timbres, ou seja, sua identidade própria. Esclarece Med (1996, p.12) o timbre é a combinação de vibrações determinadas pela espécie do agente que as produz. O timbre é a “cor” do som de cada instrumento ou voz, derivado da intensidade dos sons harmônicos que acompanham os sons principais.

De acordo com o autor, cada som emitido, seja em diversos lugares ou momentos, possui consigo sua vibração particular, que lhe entrega a característica predominante. Desta forma, de acordo com a intensidade dos sons harmônicos, cada onda sonora consegue ser diferenciada e por meio disto reconhecida.

Com a combinação de ritmo, harmonia e timbre, a melodia se faz presente através de uma sucessão coerente de sons combinados, criando-se uma identidade própria musical, sendo reconhecida, compreendida e prestigiada.

3.3. CORPO E MENTE

A música apresenta propriedades peculiares que raramente são encontradas em outras formas artísticas. Além disso, suas propriedades conseguem exercer ações sobre os seres humanos tanto na área mental quanto corporal.

“É incontestável a enorme influência da música e dos sons sobre os seres humanos, os animais e as plantas”. (BONTEMPO, 1992, p.10)

Percebe-se que a música através de suas qualidades, consegue exercer certas ações não só aos humanos, mas também aos animais e a natureza.

Alguns psicólogos ao entrarem em contato com as qualidades da música, resolveram criar um experimento musical no qual envolvia animais, observando se os efeitos que a música causa no ser humano podem ser desenvolvidos nos habitantes do reino animal.

Numa experiência realizada por psicólogos, deu-se a determinado número de ratos total liberdade de ação em duas caixas distintas, porém ligadas uma à outra. “Tocava-se” música em cada uma delas – Bach na primeira, rock na segunda. Embora todas as características das duas caixas fossem idênticas, exceto a música, os ratos passavam o tempo todo na caixa de Bach. Para pôr ainda mais à prova a pureza das condições experimentais, inverteu-se a música transmitida para as duas caixas; e, gradualmente, todos os ratos se mudaram para aquela em que antes se tocava rock. Está visto que uma experiência nessas condições não significa que os animaizinhos preferiam ou “compreendiam” Bach no mesmo nível em que um ser humano pode preferi-lo ou compreendê-lo, mas o resultado indica que, em determinado nível, o grau de prazer ou dor que os ratos experimentavam nas duas caixas pendeu em favor do mestre do Barroco. (TAME, 1984, p.152)

Nota-se que este tipo de experimento mostrou como a música interfere também em animais, fazendo com que o grau de prazer ou dor tivessem efeitos durante a exposição musical, ocorrendo certas mudanças em seus comportamentos e também em termos de escolhas de acordo com o gênero musical executado.

A música consegue exercer certas funções em áreas sentimentais do cérebro, proporcionando certas mudanças e estímulos. Para Bush (1995, p.47) a música ajuda a nos ligar com uma vasta série de sentimentos, emoções, ligações com o interior pessoal e nuances subentendidos, ao mesmo tempo em que amplia muito o potencial de soluções criativas para os problemas.

De acordo com as palavras da autora, observa-se que as ondas musicais apresentam certas qualidades que exercem funções no cérebro humano, que ativam os sentimentos e a lógica, formando soluções inovadoras para certos problemas.

A música apresenta características bem peculiares, oferecendo alguns benefícios mentais que estimulam áreas no cérebro que são responsáveis pela memória, fazendo com que certas lembranças sejam ativadas e recordadas.

Ela penetra no cérebro, estendendo-se pelo corpus collosum, lugar onde a memória é armazenada. Dali, ela pode estimular a capacidade de recordação, liberando um fluxo de imagens psicologicamente significativas ou de memórias relacionadas. Uma vez que a música não tem um significado fixo, ela age como uma tela de projeção, evocando uma larga série de respostas. Quando o viajante está envolvido na experiência, os limites de tempo e espaço são afrouxados, permitindo o acesso às possibilidades passadas, presentes e futuras. (BUSH, 1995, p. 51)

Observa-se que quando o ser humano é exposto ao potencial musical, algumas funções em áreas responsáveis pelas recordações são ativadas, liberando um fluxo de imagens. Além disso, uma vez que esta movimentação de imagens não tenha um significado fixo, conseguem desencadear uma larga série de respostas cerebrais.

As ondas sonoras, quando entram em contato com o ser humano, além de ativar algumas funções, conseguem também exercer atividades sobre o corpo, liberando alguns processos corporais.

“A música afeta o corpo de duas maneiras diferentes: de forma direta, quando o som atua nas células e órgãos, e de forma indireta, quando o som atua sobre as emoções, influindo nos processos corporais e provocando uma série de tensões.” (CAMPADELLO, 1995, p.141)

Nota-se que a música consegue exercer ações sobre o corpo humano de duas formas diferentes: a forma direta, quando o som penetra nas células e órgãos e de forma indireta, quando o som age sobre os sentimentos e emoções, exercendo certos processos corporais e despertando várias tensões.

Diante suas funções mentais e corporais, conforme Bontempo (1992, p.12) a influência da música atinge vários órgãos e sistema do corpo humano: o cérebro, com suas estruturas especializadas, como o hipotálamo, a hipófise, o cerebelo e também os pulmões, sistema circulatório e o imunológico.

Nota-se que a música consegue exerce uma forte ação no sistema corporal humano, englobando qualquer natureza, tanto mentais, abrangendo as estruturas cerebrais, quanto as respiratórias.

Atuando sobre o corpo humano, explica Bush (1995, p.46) a música vai além das palavras e faz brilhante intervenções não-verbais ao sugerir, provocar, permitir, desencadear, amplificar, conectar, estabilizar, energizar e assim por diante. Essa ação dinâmica cria uma poderosa terapia não-verbal.

De acordo com as palavras da autora, constata-se que a música apresenta propriedades que desencadeiam funções corporais e mentais, que provocam mudanças em prol de uma terapia dinâmica não-verbal.

Além de conseguir estimular o cérebro humano, fazendo com que ocorra certas mudanças corporais e mentais, a música também é capaz de desenvolver certas ações sobre a consciência e o inconsciente.

A música é capaz de distender e contrair [...] e deslocar aqueles acentos que acompanham todas as percepções. Existe nela uma gesticulação fantasmática, que está como que modelando objetos interiores. Isso dá a ela um grande poder de atuação sobre o corpo e a mente, sobre a consciência e o inconsciente, numa espécie de eficácia simbólica. (WISNIK, 1989, p. 27)

Percebe-se que a música apresenta algumas gesticulações que permitem que ações ocorram em alguns processos mentais e corporais, liberando de forma abrangente, uma forte atuação sobre a consciência e o inconsciente.

Para que ocorra mudanças é preciso de um impulso, assim “os sons podem agir como disparadores de pensamentos novos e idéias criativas, que, dessa forma, chegam à consciência.” (FREGTMAN, 1989, p.46)

Observa-se que os sons conseguem agir como um propulsor de novos pensamentos e ideias inovadoras, que ao tomarem caminhos, chegam à consciência, e desta forma, pode-se obter um certo desenvolvimento mental.

Neste capítulo foi apresentado um breve estudo sobre a história da música, demonstrando seus elementos básicos que formam sua estrutura e alguns conceitos teóricos que demonstram suas ações sobre o corpo e a mente do ser humano.

No próximo capítulo será abordado de forma leve e precisa, sobre a utilização da música na saúde do homem.

4. MÚSICA, SAÚDE E SOCIEDADE

Neste segundo momento do presente trabalho acadêmico, já compreendido os breves conceitos históricos musicais, os elementos básicos que constituem a música e sucintamente as ações que as ondas sonoras causam no homem, segue-se em frente com ênfase em relação aos estudos teóricos que se referem aos efeitos musicais sobre a saúde do ser humano e na sociedade.

Salienta-se de forma mais apurada, relevantes e objetivos estudos teóricos sobre a musicoterapia, evidenciando alguns fatores medicinais presentes na música, que ao serem usados no ser humano, podem desencadear certas sensações e sentimentos que exercem ações em prol da saúde. Para a complementação, serão discutidas, também, de acordo com alguns autores renomados e respeitados diante o campo apresentado, alguns efeitos musicais sobre a sociedade.

Os efeitos musicais, que exercem ações no campo terapêutico, que auxiliam o homem no avanço em prol da saúde e que atuam sobre a sociedade, prosseguem uma fundamentação nas concepções teóricas de Adams et al. (2001), Bontempo (1992), Bush (1995), Campadello (1995), Fregtman (1989), Goldman (1994) e Tame (1984).

4.1. MÚSICA E TERAPIA

A música apresenta certas propriedades que auxiliam no desenvolvimento de áreas medicinais, principalmente em terapias, que ao serem estudadas, o homem classificou este tipo de ramo medicinal como musicoterapia.

Através de estudos referentes as atividades que a música proporciona e que exercem um benefício a saúde do homem, a musicoterapia consegue se fixar em termos em que concerne ao âmbito de eficácia natural, e também como um fenômeno de recuperação.

“A Musicoterapia é o âmbito de recuperação do ato musical como fenômeno grupal, coletivo, gerador, e veiculador de estados emocionais.” (FREGTMAN, 1989, p.38).

Nota-se de acordo com as palavras do autor, que a musicoterapia consegue ser uma fenômeno que abrange diversas ocasiões, como algo coletivo, grupal, gerador e também como um propagador de estados emocionais.

Através dos conceitos sobre a musicoterapia, o som consegue, além de agradar os ouvidos, estabelecer um estado de conexão com o homem, permitindo uma relação terapêutica.

“Na relação terapêutica, os sons permitem que se erga uma ponte de comunicação pré-verbal, de expressão arcaica e concreta, relacionada com o “aqui e agora”, comparando as dissonâncias entre o dito, o expresso e o vivido.” (FREGTMAN, 1989, p.38).

Percebe-se por meio das palavras do autor, que os sons permitem que se erga um elo de comunicação pré-verbal, de forma terapêutica, relacionadas com o presente momento, igualando a discrepância entre o dito, o expresso e o vivido.

Por meio desta ligação entre o homem e a música, o ser humano soube utilizar certas propriedades musicais para fins terapêuticos, promovendo benefícios a saúde, principalmente em áreas emocionais e psicológicas, nas quais, a música consegue ter uma maior facilidade em termos de controle e estabilidade.

[...] A música torna-se um recipiente para a experiência, conduzindo o ouvinte através dos sentimentos que procuram se expressar. Stanislav Grof explica esse fenômeno da seguinte maneira: “A música cria uma onda portadora contínua, que ajuda o sujeito a se movimentar através de seqüências e impasses difíceis, a superar defesas psicológicas e a render-se ao fluxo da experiência. Ela tende a transmitir uma sensação de continuidade e conexão no decorrer de diversos estados de consciência.” (BUSH, 1995, p. 51)

Nota-se que a música consegue guiar o ouvinte através dos sentimentos que buscam se expressar. Sendo assim, este fenômeno parte de uma onda gerada pela própria canção, na qual ajuda o sujeito a se locomover através de sequências e impasses difíceis, superando defesas psicológicas e liberando um fluxo de diversos estados de consciência.

As ondas musicais, conseguem despertar diversos sentimentos e intensificá-los por meios de estímulos que influenciam nos estados emocionais do homem.

Campadello (1995, p.149) afirma que de todos os estímulos presentes, a música consegue ser o mais puro. Se por um lado pode despertar os mais nobres sentimentos, como modificar seu humor, vencer a ansiedade, dominar a depressão, por outro lado favorece a perda do contato com a realidade, fazendo com que seus problemas simplesmente escorram pelos dedos.

Percebe-se que a música, destaca-se como um estímulo puro, conseguindo estimular as emoções e despertar sentimentos, como a alteração do humor, a conquista da ansiedade e até a dominação da depressão, favorecendo também a perda do contato com a realidade, trazendo um bem-estar referente a problemas.

Para exercer as ações, despertar os sentimentos, e criar um tipo de conexão favorável com o homem, os níveis musicais precisam ser controlados e moderados.

Músicas que tenham altos e baixos abruptos ou pontos de mudanças muito marcados são difíceis de serem acompanhadas por alguém que esteja envolvido num fluxo de imagens conexas. Em lugar delas, é preferível alguma música que possa despertar os sentidos, sugerir cenas ou provocar sentimentos. (BUSH, 1995, p. 197)

Observa-se que as músicas que apresentam irregularidades abruptas entre altos e baixos ou pontos de mudanças que são difíceis de serem acompanhados, podem interferir no fluxo de imagens conexas que o ouvinte está apreciando. Contudo, para que se obtenha o alcance emocional, é preferível utilizar canções que possam despertar as emoções e provocar sentimentos.

Quando esta conexão entre o homem e a música consegue ser estabelecida, a música por meio da imaginação se faz presente e assim estimula o estado emocional, contendo algumas discrepâncias do mesmo.

Conforme Bush (1995, p.197) a música dá asas à imaginação. Através de sua natureza evocativa, ela oferece uma infraestrutura complexa para estimular e conter as múltiplas metáforas do eu interior.

Nota-se por meio das palavras da autora, que a música consegue influenciar na imaginação, oferecendo uma infraestrutura labiríntica capaz de conter e estimular as diversas metáforas do eu interior.

Através dos conceitos da terapia musical, o homem, por meio das canções, consegue se religar com as suas emoções, sendo influenciado pelo fluxo da imaginação e por fim, sentir todo o ambiente. Fregtman afirma “A Musicoterapia é essencialmente uma terapia ativa.” (FREGTMAN, 1989, p.48).

Desta forma, afirma o autor que o ramo da musicoterapia consegue ser essencialmente uma terapia ativa. Logo, o homem através da música adquiri um certo controle emocional e sentimental, capaz de beneficiar seu estado mental e vital.

4.2. MÚSICA E SAÚDE

A música consegue exercer ações sobre o homem, que por muitas vezes, são relacionadas como um benefício ao seu estado vital. Seja em qualquer lugar, suas atividades conseguem empreender certos momentos de tranquilidade, principalmente em ocasiões difíceis. Assim pode-se trabalhar e utilizar as ondas musicais como um instrumento fundamental voltada para a área medicinal.

As ondas sonoras apresentam um efeito benéfico e eficiente, sendo empregada como um medicamento relaxante natural em meios medicinais.

“No caso da dor, música melodiosa, terna e serena, determina efeito analgésico ou anestésico.” (BONTEMPO,1992, p.11)

Observa-se que em casos de dores, o uso de música terna, serena e aveludada, produz um efeito relaxante, sendo usada como um anestésico.

Em tempos modernos, a tecnologia para a medicina está cada vez mais desenvolvida, sendo assim, a música como algo natural, consegue se destacar em termos de eficiência, sendo utilizada com fins terapêuticos ou em cirurgias, como um anestésico.

Cada vez mais a música é utilizada como sedativo e com fins terapêuticos. [...] Assim, por exemplo, os paciente que escutam melodias relaxantes antes de uma cirurgia costumam experimentar menos temor e necessitam portanto de uma dose menor de anestésico. Da mesma forma, são cada vez mais numerosos os dentistas que renunciam à anestesia por que a música que o paciente escuta pelos fones de ouvido consegue acalmá-lo e, às vezes, até impor-se ao ruído irritante da broca. (ADAMS et al, 2001, p. 175)

Percebe-se que a música pode ser utilizada como um sedativo e com fins terapêuticos. Por meio de melodias relaxantes, o uso de medicamentos anestésicos em cirurgias, principalmente odontológicas, às vezes não se faz necessário.

Quando o som é utilizado em pacientes, observa-se que ele consegue ativar certas áreas do cérebro, criando certos bloqueios aos estímulos dolorosos.

Conforme Bontempo (1992, p.10) um dos pioneiros no estudo da capacidade analgésica e anestésica da música, o Dr. E. Gall, localizou no cérebro humano áreas capazes de gerar bloqueios aos estímulos dolorosos provenientes das vias nervosas aferentes.

Nota-se que quando um paciente está apreciando os sons, certas áreas do cérebro são ativadas, favorecendo um bloqueio aos estímulos dolorosos.

Alguns estudos que se referem as ações musicais na medicina, revelam que suas atividades apresentam eficiência, sendo muitas vezes utilizadas em tratamentos.

Conforme os pensamentos de Campadello (1995, p.147) na Universidade de Massachusetts, no Departamento de Redução do Estresse, pela orientação do Dr. John Kabat-Zinn, utilizam-se músicas de harpa, especialmente gravadas para os pacientes que sofriam com dores seja quais eram, pois estas músicas provocavam um estado de observação relaxada do corpo. Segundo o Dr. John Kabat-Zinn, nossas respostas físicas e psicológicas à música incluem alterações químicas em todo centro emocional, controlando os batimentos cardíacos, a respiração e a tensão muscular.

Nota-se que a música produzida pela harpa, consegue atingir a mente humana, combatendo dores e oferecendo um estado de relaxamento corporal. Além disso, quando a música entra em contato direto com o homem, faz com que certas alterações químicas sejam ativadas em toda a estrutura corpórea e mental.

Para a complementação de tais efeitos que a música oferece no campo medicinal, o uso de instrumentos musicais, consegue ser relevante e eficiente, principalmente ao combate de sintomas que prejudicam o estado mental do homem.

Na Universidade de Michigan (EUA), médicos pesquisadores descobriram que o som da harpa alivia os pacientes portadores de sintomas histéricos e que os solos de violino podem eliminar dores de cabeça e diminuir a enxaqueca [...] Existem ainda referências a cirurgias, inclusive do coração e partos, cujo único anestésico foi a musicoterapia. (BONTEMPO, 1992, p. 10)

Percebe-que que alguns médicos pesquisadores da Universidade de Michigan, descobriram que a música produzida pela harpa, consegue ter efeitos de relaxamento em pacientes portadores de sintomas histéricos e que os solos produzidos pelo violino, podem combater as dores de cabeça e diminuir a enxaqueca.

Para complementar o processo terapêutico e torná-lo mais eficiente, o aprendizado de um instrumento musical é fundamental, pois favorece um desenvolvimento em áreas complexas do ser humano.

“A pessoa que aprende a tocar um instrumento em geral desenvolve maior sensibilidade e introspecção.” (BONTEMPO, 1992, p.10)

Observa-se que a execução de um instrumento musical é fundamental para o desenvolvimento da sensibilidade e a introspecção.

O uso de instrumentos em áreas terapêuticas vem cada vez mais florescendo, principalmente por eles obterem certos efeitos que auxiliam em tratamentos, sendo complementado com o uso de medicamentos.

Baseado nos estudos da musicoterapia clássica, o psiquiatra inglês Robert Schauffer observou os seguintes efeitos dos instrumentos sobre o organismo: Piano: combate a depressão e a melancolia; Violino: combate a sensação de insegurança; Flauta doce: combate nervosismo e ansiedade; Violoncelo: incentiva a introspecção, a sobriedade; Metais de sopro: inspiram coragem e impulsividade. (BONTEMPO, 1992, p.10)

Constata-se que de acordo com os estudos do psiquiatra citado pelo autor, os instrumentos musicais, apresentam efeitos que auxiliam no tratamento e combate a diversos sentimentos e emoções que acontecem no organismo humano de forma negativa. Pois cada instrumento consegue exercer ações diferentes para cada tipo terapêutico a ser obtido.

Para que os efeitos terapêuticos sejam eficientes, são analisados certos fatores sobre o paciente, que induzem a escolha certa do instrumento e da canção.

“A música ou o conjunto de peças musicais utilizadas no tratamento são escolhidas após entrevistas que definem os diagnósticos e as técnicas mais adequadas.” (BONTEMPO, 1992, p.13)

Observa-se que a utilização da música em ambientes de tratamento é posicionada de acordo com uma breve avaliação diagnóstica do paciente, para que assim, possa ocorrer um desenvolvimento adequado e atingir o objetivo central na qual ela foi inserida.

A música também pode ser tratada como uma forma de tratamento constante, seja ela ambiental, agradando os ouvidos ou em ambientes específicos para cumprir um objetivo, por muitas vezes medicinal.

Conforme os pensamento de Bontempo (1992, p.13) a música pode ser usada de diversas formas como tratamento, desde uma singela música ambiental constante ou então no ambiente dos centros de terapia, muitas vezes associadas com outras formas terapêuticas.

Nota-se de acordo com as ideias do autor, a música pode ser usada em diversas formas, principalmente relacionadas ao tratamento, sendo muito utilizada em ambientes ou em centros de terapias, desenvolvendo um âmbito leve e preciso.

4.3. MÚSICA E SOCIEDADE

A música por muitas vezes, é utilizada como uma ferramenta voltada para a sociedade, justamente por suas propriedades conseguirem influenciar o homem em seu campo mental e também exercer ações sobre seu meio social.

O homem através de estudos e pesquisas, obteve um conceito sobre a interferência musical sobre a sociedade e as suas consequências, trazendo por muitas vezes um certo declínio ou progresso ao desenvolvimento social.

Os chineses estavam certos de que toda música vulgar e sensual exercia uma influência imoral sobre o ouvinte. Daí que toda música fosse estreitamente vigiada de modo que se pudesse verificar se ela tendia para a espiritualidade ou para a degradação e se, de um modo geral, o seu efeito propendia para o bem ou para o mal. (TAME, 1984, p. 35)

Observa-se que a música em seu âmbito geral, consegue influenciar a sociedade. Músicas vulgares e sensuais exercem certas ações negativas sobre a moralidade humana, contudo, as canções chinesas, como citado pelo autor, passaram a ser observadas, verificando se elas tendiam para espiritualidade ou a degradação.

Ao certo, pode-se verificar que a música conforme sua melodia, pode interferir nos pensamentos humanos, e que ao apreciar certas qualidades musicais, o homem pode despertar certos sentidos que por muitas vezes são refletidos no meio social.

Seguindo o pensamento de Campadello (1995, p.139) geralmente, canções inspiradoras de protesto, liberdade, fraternidade, ideias sociais e pensamentos críticos, despertam os povos para seu destino. Associadas a ações que culminem numa grande transformação social e podem levar ao nascimento de uma nova nação, um novo regime ou uma nova era.

Observa-se de acordo com o autor, certas canções despertam no homem uma força inspiradora, que canalizadas, podem interferir nos pensamentos e condutas sociais, gerando uma transformação social, levando a nação a seguir um novo regime.

Seguindo o mesmo caminho racional, a música quando entra em contado com o homem, focando em seu lado social, pode interferir de forma abrupta e sendo espelhada na conduta moral em que se estabelece a sociedade humana.

Quando a música predominante traz luz, ela é sublime, harmônica e tonal, a civilização que a pratica tem um alto nível de espiritualidade, harmonia e progresso. Por outro lado, se a música predominante é das trevas, ela é bárbara e depravada, e a própria civilização fica embrutecida, declinando seu estilo de vida, sua moral e os seus costumes, até o momento em que o ambiente se torne propício a uma mudança coletiva, que normalmente se processa de forma brusca por meio de uma revolução social. (CAMPADELLO, 1995, p. 93)

Nota-se que música prevalece como uma portadora de luz ou de trevas, quando utilizada de forma adequada, a civilização que a pratica obtém um desenvolvimento espiritual e social, porém, se a música for indevida, a própria civilização fica embrutecida, tornando um ambiente propício a mudanças.

Quando a música é classificada como algo das “trevas”, ela passa a ser compreendida como algo ruim para o desenvolvimento da sociedade, provocando tensões sociais e morais. De acordo com Campadello (1995, p.96) nos anos 20, a sociedade fez forte oposição ao jazz, por considera-lo símbolo de debilidade mental, de insanidade e do sexo, e esteve sob constante ataque dos jornais, que lhe atribuíam a decadência moral e a criminalidade entre os jovens.

Observa-se que quando a música, como exemplo o jazz citado pelo autor, interfere na sociedade de forma prejudicial, provoca uma sensação de instabilidade social, causando tensões sobre a civilização, criando novos pensamentos e padrões sociais, favorecendo uma nova linha de pensamento social.

As frequências musicais presentes carregam consigo uma consciência que influencia no ser humano, moldando pensamentos e atitudes, que ocasionalmente serão aplicados na sociedade em que o mesmo convive. Goldman (1994, p.25) afirma que dependendo do posicionamento da consciência do indivíduo quando ele cria certo som, este transportará informações sobre esse estado à pessoa que o recebe.

Observa-se que através desta consciência musical, o homem é atingindo e influenciado mentalmente, transformando novos pensamentos e informações, que às vezes podem ser refletidas no meio social em que o mesmo convive.

5. EFEITOS MUSICAIS

Neste último momento, já compreendido alguns conceitos sobre a musicoterapia, os estudos teóricos referentes aos efeitos da música sobre a saúde e a forte influência que ela causa sobre a sociedade, procede-se de forma objetiva e apurada, o âmbito benéfico e maléfico presente nas ondas musicais.

Enfatiza-se também o campo vibracional no qual a música se propaga através das vibrações, nas quais exercem ações sobre o ser humano, e assim, é destacado brevemente os conceitos reflexivos da neurociência, referentes ao campo musical e a sua influência no cérebro humano.

Os conceitos aqui apresentados e discutidos sobre o âmbito benéfico e maléfico presente na música, assim como o seu campo vibracional, no qual se propaga e sucintamente as reflexões da neurociência sobre a influência da música no cérebro humano, são fundamentados nos pensamentos teórico de: Bontempo (1992), Bush (1995), Campadello (1995), Fregtman (1989), Jourdain (1998), Levitin (2011) e Wisnik (1989).

5.1. BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS

As peculiaridades que a música apresenta, além de serem ouvidas e muito bem estudadas, se assemelham geralmente ao alimento que o ser humano ingere. Assim como os alimentos são para o corpo a música não tem certa diferença, pois aquilo que o homem aprecia musicalmente pode ou não fazer bem para a sua mente e o corpo.

Através dos sons do rock, considerado altamente geradores de ruídos perturbadores, algumas de suas características podem interferir de forma drástica no sistema auditivo, deixando a mente completamente irritada e possivelmente dolorida.

Conforme Campadello (1995, p.101) alguns grupos de rock fizeram uma pesquisa entre tribos africanas praticantes do vodu, com o objetivo de obter um repertório completo de todos os acompanhamentos rítmicos dos rituais e induzir a audiência a sentir uma experiência musical diferente, porém durante a exibição do show, a intensidade do som foi colocada a mais de 20 decibéis acima do nível tolerável para um ouvido humano, consequente disso ao invés de a música se tornar um instrumento prazeroso para agradar os ouvidos, tornou-se um irritante e perturbador ruído, capaz de danificar a audição e o estado mental.

Observa-se que a intensidade musical quando elevada acima do normal suportado pelo ser humano, o nível de prazer pode mudar drasticamente passando a ser algo perturbador a mente humana, principalmente no canal auditivo, capaz de danificar a audição e acarretar problemas ao estado mental.

Através do sistema auditivo, ocorre uma troca de mensagens sonoras, transformadas em impulsos nervosos, que ao entrarem em contato com o cérebro, dependendo da intensidade, podem ser agradáveis ou nocivos.

Conforme Bontempo (1992, p.11) o deslocamento das vibrações sonoras no líquido cerebrospinal e nas cavidades de ressonância do cérebro determina um tipo de massagem sônica que, segundo a qualidade harmônica do som, produz efeitos positivos ou negativos, benéficos ou não ao sistema pisco-bioenergético.

Percebe-se que as vibrações ao entrarem em contato com o cérebro humano, desencadeiam certas reações, que dependendo da intensidade, podem produzir efeitos positivos ou negativos, influenciando em todo o sistema orgânico humano.

O ser humano é capaz de suportar e sobreviver a diversos danos que o interfira, tanto externo quanto interno, logo ao entrar em contato com o som, existe um limite tolerável, que ao ser quebrado pode-se tornar uma calamidade terrível, gerando diversos momentos de extrema intensidade e tensão.

Assim, conforme sua qualidade, intensidade e quantidade, o som pode beneficiar ou agredir o organismo [...] Após pouco mais de uma hora de exposição a sons intensos, de aproximadamente 100 decibéis, o sistema nervoso necessita de cerca de 40 horas para se recuperar completamente dessa espécie de “trauma”. (BONTEMPO, 1992, p. 11)

Observa-se que dependendo das suas qualidades, o som pode beneficiar ou agredir o organismo humano. Quando o sistema auditivo entra em contado com as ondas sonoras de alta intensidade e por um período muito longo, ocorre um certo “trauma”, causando certas tensões em algumas áreas do corpo.

A música quando apreciada a altos níveis, pode acarretar a certos problemas em algumas áreas do corpo, principalmente nos ouvidos.

“A música ouvida acima de 120 decibéis, rompe o tímpano e que uma exposição de 100 minutos a músicas acima de 80 decibéis pode levar até 36 horas para uma completa recuperação dos ouvidos.” (CAMPADELLO, 1995, p.144)

Percebe-se que a música quando apreciada acima do nível suportado pelo ouvido humano, pode acarretar certos problemas de saúde, como o rompimento do tímpano, causando um dano ao sistema auditivo.

O excesso das frequências musicais em formas de ruídos, podem acarretar a diversos problemas na saúde, no corpo e na mente do ser humano, ocasionando lesões graves ao sistema orgânico humano.

Segundo o neuropsiquiatra francês Jacques Baoudoresque, o excesso e a freqüência de ruídos podem provocar desordens psico-orgânicas como: úlceras e distúrbios gerais do estômago; elevação da pressão arterial; perda temporária ou redução da capacidade auditiva (quando acima de 65 decibéis); agravamento de doenças cardíacas; redução do campo e acuidade visual; redução da capacidade de concentração; perturbações circulatórias do feto na gravidez e desequilíbrio nas reações neuro-psíquicas e orgânicas. (BONTEMPO, 1992, p.12)

Observa-se pelos estudos do francês citado pelo autor, o excesso de frequências em formas de ruídos pode ser um gerador de diversas mudanças negativas e desiquilíbrios ao corpo e a mente humana.

Contudo, a música diante a responsabilidade do homem, pode se tornar um veículo gerador de benefícios ao ser humano, por isso, deve-se ao fato da conscientização do mesmo ao apreciar uma canção.

“Chegou o momento de nos conscientizarmos também dos efeitos dos sons saudáveis e dos sons prejudiciais e assumirmos a responsabilidade pelos sons que deixamos entrar em nosso corpo.” (CAMPADELLO, 1995, p.144)

Observa-se de acordo com os pensamentos do autor, o som apresenta seu lado saudável e prejudicial, porém cabe ao homem decidir qual o caminho a ser apreciado, assumindo as consequências do mesmo.

Nota-se que a música quando bem apreciada em boas quantidades, o homem consegue usufruir de seus efeitos positivos em prol de algum objetivo central no qual deseja aplicar.

Explica Bontempo (1992, p.07) que a música através de suas ondas vibratórias, resulta em um o remédio da alma e que chega ao corpo por intermédio dela, onde em certos momentos a dose exagerada e descontrolada pode matar qualquer um que a experimente, mas em boas quantidades agrada o gosto.

Percebe-se que as ondas musicais quando bem aplicadas em boas quantidades, o homem consegue aproveitar de seus benefícios e aplica-los em seu âmbito vital e corporal, criando um aspecto de desenvolvimento curativo através da música.

Portando, visando seu lado positivo, a música oferece diversos efeitos benéficos que auxiliam no avanço em termos curativos, como mental, corporal e emocional do ser humano.

Segundo os especialistas, a música harmônica pode provocar, nos seres humanos, oito tipos de efeito: 1. anti-neurótico; 2. anti-distônico; 3. anti-stress; 4. sonífero e tranqüilizante; 5. regulador psicossomático; 6. analgésico e/ou anestésico; 7. equilibrador do sistema cardiocirculatório; 8. equilibrador do metabolismo profundo. (BONTEMPO, 1992, p. 12)

Nota-se que a música quando bem utilizada e aplicada, oferece diversos benefícios para o âmbito vital do homem, proporcionando diversos efeitos positivos para o bom desenvolvimento e progresso em termos emocionais, mentais e corporais.

Além disso, a música proporciona outros diversos benefícios ao homem, propiciando efeitos fisiológicos que atuam como um progresso relativamente eficaz ao seu sistema biológico.

A utilização da música ambiente pode provocar os seguintes efeitos fisiológicos: aceleração ou regularização da freqüência respiratória, influenciando o sistema sanguíneo (pulso, pressão, ritmo cardíaco, volume do sangue); mudanças no metabolismo, como liberação de adrenalina; estimulante do tônus muscular, reduzindo a fadiga; favorece uma concentração maior nas atividades (portanto, diminui o índice de acidentes de trabalho); mantém viva a atenção, estimulando os reflexos psicomotores, substituindo estimulantes artificiais (café, cigarros etc.); aumenta os reflexos musculares e resultando num melhor aproveitamento das habilidades físicas na operação de equipamentos. (CAMPADELLO, 1995, p.154)

Nota-se que a música ambiente quando controlada e bem aplicada, consegue oferecer diversas ações fisiológicas que auxiliam o homem de forma positiva e eficaz, principalmente quando atua em seu meio vital, contribuindo para que diversas mudanças benéficas possam ocorrer em todo o seu sistema orgânico.

5.2. O CAMPO VIBRACIONAL

Constata-se que as ondas musicais trabalham em conjunto com as ondas vibratórias através de frequências, que por onde passam exercem suas diversas ações, que ao entrarem em contato com o ser humano, proporcionam o surgimento de inúmeras mudanças em todo o seu sistema vital orgânico.

O som se faz presente em todo lugar e em todo momento, seja da forma mais simples ou complexa, agrada os ouvidos e acalma os sentimentos. Deste modo, a sua presença se dá ao fato de ser um produto de uma sequência quase imperceptível que se locomove através de frequências que vibram no ar, quebrando suas moléculas existentes e exercendo ações sobre a estrutura mental e corpórea humana.

O som é o produto de uma seqüência rapidíssima (e geralmente imperceptível) de impulsões e repousos, de impulsos (que se representam pela ascensão da onda) e de quedas cíclicas desses impulsos, seguidas de sua reiteração. A onda sonora, vista como um microcosmo, contém sempre a partida e a contrapartida do movimento, num campo praticamente sincrônico (já que o ataque e o refluxo sucessivos da onda são a própria densificação de um certo padrão do movimento, que se dá a ouvir através das camadas de ar). Não é a matéria do ar que caminha levando o som, mas sim um sinal de movimento que passa através da matéria, modificando-a e inscrevendo nela, de forma fugaz, o seu desenho. O som é, assim, o movimento em sua complementaridade, inscrita na sua forma oscilatória. (WISNIK, 1989, p. 15)

Observa-se que o som é formado por meio de impulsões e repousos e por uma sequência ondulatória extremamente rápida, geralmente imperceptível e que através da matéria presente no ar, movimenta-se de forma fugaz, formando assim o seu desenho.

O som que se espalha por todo o campo, através da vibração e por um meio condutor presente neste âmbito, como o ar e a água, coincidindo seus limites e origens, se faz presente na atmosfera terrestre, ocasionando impulsos de efeitos sobre os seres vivos.

“Estamos imersos numa “sonosfera”. Esta, por si mesma, acha-se implicada pela atmosfera terrestre, na qual o meio condutor (ar-água) e a vibração sonora expansiva coincidem em suas origens e limites. Onde há ar há som. Onde há água há som. Onde há vida há som.” (FREGTMAN, 1989, p. 25).

Observa-se de acordo com o autor, o homem está imerso em uma “sonosfera”, formada pelo meio condutor presente na atmosfera terrestre, apresentados como ar e água. Por meio destes, as vibrações conseguem se expandir, coincidindo com suas origens e limites, criando um elo de presença em qualquer momento.

Portando, o som através das frequências na qual ele caminha por meio do ar e de outros condutores, apresenta fatores que demonstram uma conectividade vibratória que se coincidem com o homem.

Conforme os pensamentos de Wisnik (1989, p.15) o som é onda, que os corpos vibram, que essa vibração se transmite para a atmosfera sob a forma de uma propagação ondulatória, que o nosso ouvido é capaz de captá-la e que o cérebro a interpreta, dando-lhe configurações e sentidos.

Observa-se que de acordo com os pensamentos do autor, o som através de uma onda vibratória se propaga para a atmosfera, que ao entrar em contato com o ouvido humano, o cérebro a interpreta, fazendo com que ocorra uma configuração e sentidos.

De acordo com a pressão em que estas vibrações são lançadas no ar, podem desencadear diferentes tipos de repostas ao que se pretende obter. Ao modo como o homem se comunica, geralmente uma simples conversa pode-se transformar em uma discussão, simplesmente pelo fato destas vibrações se chocarem e não harmonizarem.

Observemos no exemplo seguinte – citado por S. Selden ao referir-se aos valores de emoção nos tons musicais – como uma simples mudança num elemento estrutural sonoro-musical (altura, força, compasso) pode influir sobre o valor efetivo emotivo de uma simples frase. Modificação de altura: Eu te amo (em tom agudo). O sentimento é imaginativo. Eu te amo (em tom grave). O sentimento é mais profundo, menos mental, mais físico. Eu te amo (forte). O sentimento é imposto ao ouvinte. Eu te amo (moderado). O sentimento parece ser proposto, pede uma resposta. (SELDEN, 1941 apud FREGTMAN, 1989, p. 28)

Percebe-se que quando ocorre uma mudança no elemento estrutural da onda sonora e que ao entrar em contato imediato com o ser humano através das frequências emitidas na atmosfera, pode desencadear certas reações na forma do pensamento emotivo do homem, alterando seu valor e sentido, ocasionando em consequências diversas.

Aprofundando-se mais sobre o assunto no âmbito vibracional, enfatiza-se que o universo em toda sua plenitude, está repleto de sons que se colidem e se formam presentes em meios de frequências que entram em contato com o corpo humano, fazendo com que certas áreas sejam influenciadas.

“Elas podem, ainda, revelar imagens relacionadas que trazem mensagens simbólicas do corpo. Você poderá, por exemplo estar sentindo tensão no estômago, dor no coração ou pressão na cabeça.” (BUSH, 1995, p. 198).

Percebe-se diante os pensamentos da autora, as ondas sonoras quando são impulsionadas para a atmosfera e entra em contato com o ser humano, revela mensagens simbólicas apresentadas pelo corpo. Assim, certas áreas corpóreas podem sofrer tensões e pressões por ocasião das vibrações presentes no ar.

Por meio destas ações musicais presentes nas ondas sonoras que vibram através da atmosfera, seus efeitos ao entrarem em contato com o ser humano pode desencadear certas reações, como a alteração do humor e sentimentos, que dependendo da sua tonalidade, pode ocorrer certas tristezas e melancolias, porém ao contrários, a extravagância e alegria passa do limite, transformando aquele momento em algo prazeroso.

Husson estudou as reações do compartimento médio do cérebro em indivíduos [...] fazendo-os ouvir trechos de várias sinfonias; ele constatou então que elas provocavam as mais variadas reações, dependendo do temperamento de cada um: em geral, os sentimentos tristes eram suscitados pelas melodias de tonalidade menor. (CAMPADELLO, 1995, p. 146)

Observa-se de acordo com os estudos de Husson, citado pelo autor, a música ao entrar em contato direto com o ser humano, ativa certas áreas do cérebro, principalmente as que controlam os sentimentos, provocando diversas reações. Deste modo, dependendo do temperamento sonoro, músicas serenas que apresentam um âmbito mais melancólicos ao entrar em consonância com a área cerebral do homem, conseguem despertar sentimentos tristes, provocando reações mentais mais lamentosas.

Portanto, as ondas sonoras quando vibram no ar e se espalham por todo o campo atmosférico, entram em harmonia com o homem, devido ao atrito de frequências emitidas, exercendo diversas ações mentais e corporais.

5.3. REFLEXÕES DA NEUROSCIÊNCIA

A música exerce diversas ações sobre o campo corporal do homem, principalmente em áreas cerebrais, fazendo com algumas delas sejam ativadas, proporcionando momentos de prazer, êxtase e nostalgia.

Quando o cérebro se conecta com a música, formando um elo harmônico, o ser humano apresenta geralmente comportamentos de vício musical, fazendo com que a música ou o trecho dela, seja repetido diversas vezes.

“Quando a música nos transporta ao umbral do êxtase, nos comportamos quase como viciados em drogas, ouvindo repetidas vezes.” (JOURDAIN, 1998, p.17)

Observa-se que a música desperta no cérebro humano um sentimento de êxtase, criando um vício musical, ocorrendo uma repetição exagerada da canção.

Quando o ser humano aprecia uma canção, as atividades cerebrais tornam-se agitadas, estimulando e ativando diversas áreas mentais, capazes de desenvolver o campo da linguagem, por meio de conexões cerebrais.

Conforme Levitin (2011, p.100) ao ouvir ou rememorar letras de canções mobiliza centros da linguagem, como a área de Wernicke e de Broca, responsáveis pela compreensão da linguagem falada, localizadas nos lobos temporal e frontal.

Observa-se que esta conexão entre a mente humana e a música, desenvolve no âmbito cerebral do homem várias atividades, principalmente as da linguagem.

Ao entrar em contato com a mente humana, as ondas sonoras percorrem por diversos caminhos cerebrais, exercendo numerosas ações em cada parte e se espalhando por toda a região mental e corporal do homem.

O ato de ouvir música começa nas estruturas subcorticais [...] e em seguida avança para o córtex auditivo de ambos os lados do cérebro. A tentativa de acompanhar uma música que já conhecemos [...] mobiliza outras regiões do cérebro, entre elas o hipocampo – o centro da memória [...] Acompanhar o ritmo, seja com os pés ou apenas mentalmente, mobiliza os circuitos de regulação temporal do cerebelo. (LEVITIN, 2011, p. 100)

Observa-se de acordo com os pensamentos do autor, o campo cerebral em sua íntegra, após receber uma forte ação musical, diversas estruturas de sua formação são estimuladas, desenvolvendo alguns centros, como o auditivo e o da memória.

O cérebro em todo o seu âmbito, após receber um impulso proveniente das ondas sonoras, ativa diversos processos neurais capazes de estimular áreas responsáveis por funções cerebrais. Logo, o ato de fazer música, seja cantando ou executando algum instrumento, até mesmo lendo uma partitura musical, consegue mobilizar regiões específicas do cérebro, principalmente os lobos frontais, envolvendo o córtex sensorial, visual e dentre outros.

O ato de fazer música – seja com algum instrumento, cantando ou regendo – mais uma vez mobiliza os lobos frontais no planejamento do comportamento, assim como o córtex motor do lobo parietal, logo abaixo do alto da cabeça, e o córtex sensorial, que nos dá a resposta tátil, indicando que pressionamos a tecla certa do instrumento ou movemos a batuta na direção que pretendíamos. A leitura de uma partitura musical envolve o córtex visual, situado no lobo occipital, na parte posterior da cabeça. (LEVITIN, 2011, p.100)

Observa-se de acordo com o autor, o ato de fazer música, seja ele cantando ou executando algum tipo de instrumento, estimula certas regiões cerebrais, principalmente os lobos frontais, envolvendo o córtex sensorial, responsável pela resposta tátil, ao que concerne aos movimentos para a execução de um instrumento, e o visual, envolvendo a leitura musical, partindo do princípio de uma observação e interpretação das partituras musicais.

Logo para que o cérebro possa interpretar uma canção, ocorre um certo movimento simétrico entre os campos neurais, criando uma formação de padrões definidos para o entendimento.

Um motivo para ouvirmos música [...] é que o nossos cérebros são capazes de manipular padrões de som muito mais complexos. [...] Modelamos um padrão atrás do outro, sucessivamente – até chegarmos a um movimento de sinfonia. [...] A medida que nossos cérebros codificam essas relações, surgem as sensações de som. (JOURDAIN, 1998, p.23)

Nota-se que o cérebro para interpretar uma canção, desenvolve um campo sonoro de padrões complexos para chegar ao objetivo de uma codificação melódica, e a medida em que se cria estas relações, surgem as sensações provenientes do som.

6. CONCLUSÃO

Levando-se em consideração aos aspectos que foram apresentados, comprova-se diante os conceitos teóricos, o principal tema deste trabalho acadêmico, e que por meio de uma pesquisa bibliográfica, obteve-se a reposta para as hipóteses e o objetivo geral.

Contudo, destaca-se que a música ao criar um elo harmônico com o homem, proporciona diversos benefícios mentais e corporais, e que ao serem canalizados para diversos fins com algum objetivo central, pode-se obter uma resposta positiva.

Observa-se também que o grandioso universo musical abrange muito mais do que uma simples nota executada, e sim, toda uma história da música gravada pelos povos existentes, que demonstram por meio de manifestações culturais, canções que determinam suas características.

Diante tantos transformações que a música adquiriu durante suas passagens históricas, principalmente ligadas a religião e a estética social, ela geralmente conseguiu se adaptar para se manter presente na vida do homem, de forma viva e contagiante, exercendo ações mentais, corporais e sociais sobre ele.

Nota-se que a música fomenta o ser humano a buscar mais conhecimentos em relação aos seus efeitos sobre o corpo e a mente humana. Com isto destacam-se diversas teorias relacionadas as ações da música no homem, que após uma exposição musical em certas frequências sonoras, alguns efeitos em prol da saúde são desencadeados, justamente pelo fato destas ondas sonoras interferirem em toda a estrutura orgânica, oferecendo um âmbito positivo ao lado vital.

Perante a este contexto, observa-se que o homem, utilizando os efeitos positivos que a música oferece, desenvolve um campo musical terapêutico, proporcionando um âmbito leve e preciso relacionados ao avanço no campo da saúde e ao desenvolvimento social.

O extenso universo cerebral, formado por milhares de neurônios e por extensas ligações, são meios por onde o som consegue passar, estabelecendo uma conexão que envolve a percepção e a compreensão através de pulsos cerebrais.

Logo, a música durante todo este percurso estabelecido, exerce diversas reações na mente, que são capazes de apaziguar geralmente qualquer problema encontrado, além de proporcionar diversas atividades corporais, que contribuem para a formação de um âmbito leve a todo o sistema orgânico humano.

Nos finais deste trabalho acadêmico, salienta-se um breve conceito entre a música e a neurociência, destacando diversos pontos do cérebro que após uma exposição musical, diversas áreas são ativadas e estimuladas, principalmente as emocionais e sentimentais.

Além disso, a atmosfera está repleta dos mais variados sons, fazendo-se presentes através de vibrações sonoras, que se espalham por todo o campo atmosférico e terrestre. Logo, quando estas vibrações são capitadas pelos ouvidos, conseguem deixar uma marca, seja ela positiva ou não, porém cabe ao homem a conscientização sonora, pois o exagero musical, pode influenciar de forma negativa em toda a sua região mental, corporal, sentimental e emocional.

Por todos estes aspectos mencionados, conclui-se que o ser humano, em toda sua íntegra orgânica, é fortemente influenciado pelas ações existentes na música, tanto em seu âmbito mental quanto corporal. Logo a boa utilização da música proporciona uma experiência privilegiada e prazerosa em prol do desenvolvimento intelectual, corporal, interpessoal, social, e também em termos ligados a saúde, gerando um âmbito leve, em que resulta uma sociedade melhor.

7. REFERÊNCIAS

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JOURDAIN, R. Música, cérebro e êxtase: como a música captura nossa imaginação. Rio de Janeiro: Objetiva LTDA, 1998.

LEVITIN, D. J. A música no seu cérebro: a ciência de uma obsessão humana. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

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PRIOLLI, M. L. M. Princípios Básicos da Música para a Juventude. 31. ed. Rio de Janeiro: Casa Oliveira de Músicas LTDA, 2010.

PRIOLLI, M. L. M. Princípios básicos da música para a juventude. 52. ed. Rio de Janeiro: Casa Oliveira de Músicas LTDA, 2011.

TAME, D. O poder oculto da música: A transformação do homem pela energia da música. São Paulo: Cultrix, 1984.

WISNIK, J. M. O som e o sentido: Uma outra história das músicas. São Paulo: Schwarcz LTDA, 1989.


Publicado por: Alvaro Luiz Fonseca Benfica

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