A INFLUÊNCIA DA ANIMAÇÃO JAPONESA NO CINEMA MUNDIAL

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1. RESUMO

A arte como um todo é uma ciência humana que não para de se reinventar, novas tecnologias e acesso a outras culturas são oportunidades para que as mudanças nunca parem. Para o objeto de estudo deste artigo, cinema de animação, um dos motivos de maior mudança no cenário mundial foi o contato do ocidente com o oriente que possibilitou a abertura de novos mercados e técnicas de produção e apresentação dos filmes de animação, onde o oriente inicialmente foi influenciado, mas tornou-se o influenciador. O quadrinho não é o foco deste artigo, mas é importante ressaltar que o cinema de animação sempre é influenciado por produções em quadrinhos.

2. ANIMAÇÃO MUNDIAL

O estudo da manipulação de imagens e os efeitos destes aos olhos humanos tiveram diversos momentos registrados na história, mas alguns se destacaram no desenvolvimento da animação e do cinema como o trabalho de Leonardo da Vinci que desenvolveu e realizou trabalhos utilizando a projeção da luz na superfície, criando a Câmara Escura no século XV, Athanasius Kirchner desenvolvedor da Lanterna Mágica no século XVII e o Cinetoscópio, inventado por Thomas A. Edison 1890, mas foi em 28 de Outubro de 1892 que um aparelho chamado Praxinoscópio apresentado ao publico por Charles-Émile Reynaud fez o que é considerado pela Associação Internacional do Filme de Animação (ASIFA) como a primeira exibição mundial de uma animação. Em 2002 a Associação Internacional do Filme de Animação (ASIFA) intitulou essa data como o Dia Internacional da Animação que é comemorado em quase todo o mundo inclusive no Brasil desde 2004 quando a Associação Brasileira de Cinema (ABCA) começou a realizar o evento intitulado como DIA, Dia Internacional da Animação.

O Cinetoscópio, inventado por Thomas A. Edison, responsável pela produção do filme “Black Maria”, considerado o primeiro filme da história do cinema foi a maquina que depois de aperfeiçoada pelos irmãos Louis e Auguste Lumière, resultou no Cinetoscópio na França, em 1895. O cinematógrafo era ao mesmo tempo filmador, copiador e projetor, sendo considerado o primeiro aparelho de cinema.

Em 1895 os irmãos Lumiere apresentam a primeira sessão de cinema aberta ao publico, é deles o filme do mesmo ano chamado L’arrivée d’un train en gare de La Ciotat (A chegada de um trem à estação de La Ciotat) que causou grande pânico no público que o assistia, pois o fez pensar que realmente vinha um trem em sua direção.

Um cidadão presente na primeira apresentação dos irmãos Lumiere chamava-se Georges Mèliés ficou tão fascinado com a ideia que algum tempo depois quando ganhou do inglês Robert William Paul uma maquina filmadora, começou a filmar seus próprios filmes. Ele se dedicou tanto aos seus projetos e a novas formas de trabalhar com a filmadora que hoje é considerado o pai dos efeitos especiais, e é dele o emblemático filme Le Yoyage Dans La Lune (Viagem à lua) de 1902 que foi o primeiro filme de ficção científica. Como o final do filme é animado também pode ser considerado o primeiro filme com animação da história do cinema. Mas o primeiro filme realmente de desenho animado foi do francês Émile Cohl lançado em 1908 na França, e o primeiro filme de longa-metragem animado é o El Apóstol de 1917 do argentino Quirino Cristiani lançado em seu país natal.

Aplicando um salto temporal partindo para o grande sucesso relembrado até os dias de hoje e mundialmente famoso Steamboat Willie (Willie do Barco a Vapor) de 1928 um curta metragem dirigido por Walt Disney com a terceira aparição do ratinho mais querido do mundo, Mickey Mouse. Snow White and the Seven Dwarfs (A Branca de Neve e os Sete Anões) de 1937 dirigido por David Hand foi outro grande sucesso que gerou grande influência na produção da animação mundial sendo o primeiro longa-metragem de animação da história, acompanhando a tabela 01 (pag. 13) é possível analisar outros filmes do estúdio Walt Disney de grande impacto mundial.

3. ANIMAÇÃO JAPONESA

Como o tema deste artigo tem em seu centro a palavra “influência”, antes de se abordar os fatos históricos ligados a animação japonesa é importante percebermos que essa origem tem como base profissionais ligados ao quadrinho Japonês que foram por toda a história essenciais no universo da animação, além dos próprios personagens navegarem e transitarem entre os universos estáticos e animados.

Os quadrinhos japoneses, que recebem a nomenclatura de mangá e tiveram sua origem com as primeiras ilustrações em meados do século XI que evoluíram gradativamente como objeto de arte e arte narrativa até que em 1901 surgiu o que é considerado a primeira história em quadrinho japonesa com personagens fixos do autor Rakuten Kitazawa com o titulo Tagosaku to Mokubê no Tokyo Kenbutsu (A Viagem a Tóquio de Tagosaku to Mokubê), desde então o mangá se desenvolveu e estabeleceu bases técnicas para o surgimento da animação no Japão.

Seitarô Kitayama foi o responsável pelos primeiros curtas-metragens de animações japoneses, inspirados em fábulas infantis como Saru Kani Kassen (A Batalha entre o Caranguejo e o Macaco) de 1913 e Momotarô (O Menino-Pêssego) de 1918 que foi a primeira animação japonesa a ser exibida na Europa, precisamente na França. Contemporâneo de Seitarô, o pintor Junichi Kochi também deixou como legado para a história da animação Nipônica em 1917 Hanahekonai Shinken (a nova espada de Hanahekonai) seguindo esta curta descrição histórica faremos a menção ao Noburo Ofuji que se dedicava para que a animação de seu país se desenvolvesse ao máximo apresentou o primeiro desenho animado japonês sonoro, Osekisho (A Estação de Controle 1927) e em 1937 criou o primeiro desenho animado colorido japonês, Katsura Hime (A Princesa Katsura).

Kenzo Masaoka desenvolveu o primeiro anime sonoro com falas em japonês em Chikara to Onna no Yo no Naka (O que Importa no Mundo é o Poder das Mulheres) ele também produziu Kumo to Churippu (A Aranha e a Tulipa) que é como todos os seus contemporâneos um curta-metragem, mas considerado um dos grandes clássicos dessa época onde notoriamente percebesse a grande influência de Disney.

Kenzo Masaoka desenvolveu o primeiro anime sonoro com falas em japonês em Chikara to Onna no Yo no Naka (O que Importa no Mundo é o Poder das Mulheres, 1932) ele também produziu durante a segunda guerra mundial em 1943, Kumo to Churippu (A Aranha e a Tulipa) que é como todos os seus contemporâneos um curta-metragem, mas considerado um dos grandes clássicos dessa época onde notoriamente percebesse a grande influência de Disney que emplacava sucessos mundiais e outros internos conforme pode-se observar alguns exemplo da época na tabela 01.

Durante a década de 1930 a televisão tinha grande influencia militar (segunda guerra Sino-Japonesa: Japão e China) Mitsuyo Seo, discípulo de Masaoka criou entre 1933 e 1935 uma serie de curtas metragens Sankichi Saru (Sankishi, o Macaco) que tinha como protagonista Norakuro, capitão de um exercito de macacos que guerrilhava com outro de pandas, simbolizando a China. Seo lançara em 1943 um média-metragem, Momotarô no Umiwashi (Momotarô, o Marinheiro) com uma sequência em 1945 Momotarô no Umiwashi (Momotarô e os Divinos Guerreiros do Mar) com 74 minutos de duração sendo considerado o primeiro anime longa metragem, onde Momotarô liderava um exercito de animais que combatia os inimigos Japoneses.

Hakujaden (A Lenda da Serpente Branca) lançado em 1958 é considerado o primeiro anime colorido e também o primeiro tipo exportação, com lançamento nos Estados Unidos em 1961, com o titulo Panda and the Magic Serpent.

Até este ponto da história o Japão era influenciado pela produção norte-americana com os filmes da Disney ou os personagens como Pica Pau criado por Walter Lantz e Ben Hardaway, ou o Gato Felix de Otto Messmer e Pat Sullivan, mas a partir desse ponto da história a produção japonesa começa a se desenvolver de forma independente e expande sua capacidade de produção criativa tanto em traço como em roteiro e narração.

No ano de 1963, Tetsuwan Atom (Astro Boy) de Osamu Tesuka estreia o que é considerado por muitos como o primeiro programa comercial animado da televisão japonesa, mas de acordo com Alfons Moliné, um respeitado pesquisador da cultura pop-japonesa, o primeiro anime feito especialmente para a televisão foi Mangá Calendar, com conteúdo didático lançado em junho de 1962 pelo estúdio Otomo, Astro Boy ganhou admiradores por todo o mundo, com diversas produções posteriores tanto para o cinema quanto para a TV.

Mahha Go Go Go (Speed Racer) de Tatsuo Yoshida, estreou o gênero esportivo em 1967 e lançou a animação japonesa para o mundo, seu sucesso foi explosivo o que alavancou a criação de novos títulos que aos poucos aumentaram tanto em números quanto qualidade abrindo as portas para a era de ouro do anime.

Osamu Tezuka merece um espaço especial em qualquer texto sobre cultura pop japonesa, com mais de quinhentos títulos produzidos, onde mais de cem foram para TV ou cinema, foi no desenvolvimento de seu trabalho que a adaptação linguística “mangá” foi absolvida no Japão, Tezuka é considerado o pai do mangá moderno e chamado de “o deus do mangá”, isso por ter uma substancial exploração de novos temas para os mangás, desenvolvido as características que acabaram por estilizar as ilustrações e as animações japonesas, essas características são a exibição das emoções e sentimentos dos personagens através dos elementos dos rostos dos personagens, está técnica se utiliza, mas não se limita na abordagem dos olhos em proporções exageradas onde ficam mais claras quais as intenções narrativas estão sendo propostas sem a necessidade de outras abordagens.

Para o estudo da evolução da produção cinematográfica animada do Japão vamos acompanhar alguns estudos de caso dos maiores influenciadores de produções para as telas de cinema, já abordamos Osamu Tezuka com suas produções de impacto que ultrapassaram as fronteiras nipônicas, e neste ponto é importante entender que as series televisivas japonesas ganharam espaço mundial com menos tempo e com mais força do que os longa-metragens, títulos já citados como Astro Boy e Speed Racer, além das series inspiradas nos mangás dos mestres Akira Toriyama com Dr. Slamp lançado em 1980, Dragon Ball em 1984 e Masami Kurumada com Saint Seiya.

4. STUDIO GHIBLI

Sob a supervisão brilhante de Hayao Miyazaki e Isao Takahata, Studio Ghibli iniciou suas atividades como subsidiária da Tokuma Shoten Co., Ltd. fez numerosas obras-primas de animação para o cinema e TV. Os famosos, O Castelo Animado, e o vencedor do Oscar e cultuadíssimo, A Viagem de Chihiro, são apenas dois exemplos da alta qualidade de animação e narrativa que o estúdio desenvolveu, ajudando a valorizar a técnica de animação japonesa por todos os continentes do mundo, batendo recordes de bilheteria do cinema japonês e recebendo diversos prêmios pelo mundo.

O Studio Ghibli foi criado pela Tokuma Shoten em parceria com Hayao Miyazaki e Isao Takahata, Ghibli era o nome que os pilotos italianos da segunda guerra mundial davam ao vento quente que varria o deserto do Saara e foi esse termo onde Miyazaki que sempre busca inspiração na Europa, encontrou inspiração para nomear o estúdio “Lembro que tinha a intenção de criar uma sensação no mundo da animação japonesa" diz Miyazaki.

O projeto da Tokuma Shoten era para a produção do filme Kaze no Tani ni Naushika (Nausicaa do Vale do Vento) em 1985, baseado no mangá homônimo de Miyazaki, a partir desse filme o estúdio passou a ganhar independência até ser totalmente autônomo depois da produção do filme Tenkuu no Shiro Rapyuta (O Castelo no Céu) em 1986 em seguida, o Studio Ghibli produziu Tonari no Totoro (Meu Amigo Totoro) de Hayao Miyazaki e O Tumulo dos Vagalumes de Isao Takahata, os dois filmes produzidos ao mesmo tempo e foram lançados em abril de 1988.

Meu Amigo Totoro foi vencedor de prêmios de cinema e O Tumulo dos Vagalumes foi muito bem aceito pela critica em geral, mas o primeiro grande sucesso de bilheteria da Ghibli foi Majo no Takkyubin (O Serviço de entregas da Kiki's), dirigido por Miyazaki, conforme pode-se perceber analisando a tabela 02 o estúdio emplacou diversos filmes, porem sem repercutir grande impacto mundial até a produção de Sen to Chihiro no Kamikakushi (A Viagem de Chihiro) que teve enorme repercussão mundial, ganhou inúmeros prêmios de diversas academias de cinema de diversos países abrindo espaço para o cinema Japonês dentro dos mais diversos centros de distribuição de filmes, graças ao acordo com a Disney de distribuição dos filmes da Ghibli no Ocidente. Outro filme que conquistou o mundo foi Howl no Ugoku Shiro (O Castelo animado).

Akira Kurosawa, um dos cineastas mais importantes do Japão, com obras que influenciaram gerações de diretores pelo mundo disse as seguintes palavras sobre Hayao Miyazaki: “estou sempre entre risos e lágrimas pelo magnífico espetáculo de seus filmes de animação. A beleza das imagens, o sentido do natural, a simplicidade nunca deixam de me comover. Fico feliz em pensar que cineastas como você conseguiram alcançar sua independência dos grandes estúdios japoneses, que não evoluíram e perderam o verdadeiro significado do cinema”.

5. AKIRA

Está obra de Katsushiro Otomo baseada no mangá homônimo também de Otomo, é a exemplificação da frase “santo de casa não faz milagre” sendo cultuada fora do Japão e apenas bem aceita dentro de seu território. Akira chamou a atenção do Ocidente primeiro por mostrar que desenhos não são apenas para crianças, segundo pela sua abordagem com uma narrativa eletrizante, uma trilha sonora marcante, um enredo único e uma animação visceral este longa do gênero cyber punk foi um marco por sua qualidade gráfica e quebra de paradigmas ocidentais.

As descrições do filme em seus anúncios publicitários deixam registrado que até mesmo para os japoneses esse tipo de animação não era comum, percebe isso com frases publicitárias como “o filme em mais perigoso e comentado do ano” e “o filme mais controverso do ano chegou”.

De acordo com o making-off do filme Akira utiliza 327 cores, quantidade acima do padrão utilizado em animações, onde das 327 cinquenta cores foram criadas especialmente para a produção do filme, com nuances tão sutis que só poderiam ser notadas nas telas do cinema e não nas TV’s da época.

6. A VIAGEM DE CHIHIRO

Esse é um filme que pode ser assistido por toda a família, como é de costume nos filmes de Miyazaki os adultos também são contemplados pela existência múltiplas camadas narrativas, que embora seja imperceptível aos mais jovens está lá tocando em temas sensíveis como exploração infantil, desenvolvimento sócio-emotivo adquirido na transição da infância para a maturidade, o amor que está além das abordagens de amor de gênero ou carnal. Esse filme pode ser dissecado de forma muito mais profunda, pois contém abordagens sutis que quebram barreiras das abordagens tradicionais ocidentais como, por exemplo, o já citado amor carnal já que Chihiro é uma menina e Haku é o espirito de um rio.

O filme flutua de forma paralela ao esquema apresentado por Joseph Campbell “a jornada do herói” que apresenta uma sequencia de ações e demandas apresentadas em narrativas clássicas. Miyazaki foge dessa receita quando não estipula um antagonista bem definido, outra quebra de padrão que o diretor apresenta é uma mulher como protagonista de uma aventura, sem ser uma super-heroína. Já a temática voltada a preservação da natureza, como sempre está presente nos filmes como mais uma camada voltada ao publico adulto.

Técnica de animação foi executada de exemplar e faz com que algumas pessoas acreditem que o filme foi produzido com o auxilio de computação gráfica, quando na verdade ele foi realizado inteiramente em 2D, em todos os aspectos esse filme é magnifico a magnitude da obra pode ser observada quando os editores do BBC Culture pediram a um grupo de críticos de cinema espalhados pelo mundo que selecionassem os cem melhores filmes do século 21, e A Viagem de Chihiro ficou com a quarta colocação, além de ser vencedor de inúmeros prêmios e o único filme de animação não produzido nos EUA a ganhar um Oscar de melhor animação.

Miyazaki nasceu em Tóquio no dia 5 de janeiro de 1941. Formou-se em economia, na Universidade Gakushuin depois de se formar, ele começou sua carreira em 1963 como animador no estúdio Toei Doga, e posteriormente foi envolvido em muitos primeiros clássicos da animação japonesa incluindo O gatos de Botas, que inspirou o estúdio a usar o gato como mascote e parte de seus logotipo. Desde o início, ele chamou a atenção com sua incrível habilidade para desenhar, e o fluxo aparentemente interminável de ideias para filmes que ele propôs.

Em 1971, ele se saiu da Toei Doga junto com Isao Takahata e foram trabalhar na produtora A-Pro, em 1973 passam para a produtora Nippon Animation onde em 1978, dirigiu sua primeira série de TV, Mirai Shōnen Konan (Conan, O Menino do Futuro). No ano seguinte foi trabalhar para Tokyo Movie Shinsha para dirigir seu primeiro filme, o clássico Rupan sansei: Kariosutoro no shiro (Lupin III: O Castelo de Cagliostro).

Em 1984, ele dirigiu Kaze no Tani no Nausicaä (Nausicaä do Vale do Vento) o sucesso do filme foi tão grande que levou à criação de um estúdio de animação novo, o Studio Ghibli , no qual Miyazaki ao lado de Takahata dirigia, escrevia, produzia muitos outros filmes e todos com êxitos de crítica e de bilheteria. Em particular no Japão, Mononoke Hime (Princesa Mononoke) recebeu o premio de Melhor Filme e foi dele o recorde de maior bilheteria japonesa (cerca de US $ 150 milhões) até que foi superado por outra obra de Miyazaki, Spirited Away (A Viagem de Chihiro) que superou por lá até mesmo o gigante das bilheterias Titanic, de James Cameron.

As produções de Miyazaki foram:
Kaze no Tani ni Naushika (Nausica do Vale dos Ventos) 1985;

Tenkû no Shiro Rapyuta (O Castelo no Céu) 1986;

Tonari no Totoro (Meu Amigo Totoro) 1988;

Majo no Takkyūbin (O Serviço de Entregas da Kiki) 1989;

Kurenai no buta (Porco Rosso - O Último Herói Romântico) 1992;

Mononoke Hime (Princesa Mononoke) 1997;

Sen to Chihiro no Kamikakushi (A Viagem de Chihiro) 2001;

Howl no Ugoku Shiro (O Castelo Animado) 2004;

Gake no ue no Ponyo (Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar) 2008;

Kaze Tachinu (Vidas ao Vento) 2013.

Além de animação, Miyazaki também desenhou mangás. Seu principal trabalho foi o mangá Nausicaä, um conto épico, ele trabalhou de forma intermitente 1982-1994 quando ele não estava ocupado fazendo filmes de animação. Outro mangá, Jidai Hikōtei (Porco Rosso), em 1992 também foi adaptado em para o cinema.

A Galeria de artes Spok Art localizada em Los Angeles, EUA organizou uma mostra produzida por mais de cinquenta artistas de todo o mundo celebrando os filmes do cineasta e japonês, acompanhada da seguinte nota “...Imbuída do senso de aventura do lendário diretor, profunda reverência pela natureza e fortes personagens femininas...”.

Outras homenagens ao diretor foram apresentadas em Toy Store 3 de Lee Unkrich, Os Simpsosn também fez sua homenagem ao diretor e ao Studi Ghibli no episódio #540 "Married to the Blob" diversas referencias aos filmes fazem parte da narrativa.

O site O VEJA fez o anuncio sobre a premiação onde o Oscar honorário foi concedido a Miyzaki no dia 8 de novembro de 2015, o premio chamado de Governors Award. De acordp com Cheryl Boone Isaacs “O Governor’s Award reflete o cinema não de um ano, mas de toda uma vida”, explicou a presidente da instituição,

Segunda matéria publicada pela Folha em 24/10/2014 explica como o cineasta John Lasseter, chefe de criação dos estúdios Pixar e diretor de filmes como "Toy Story", fez uma homenagem ao Miyazaki no Festival de Cinema de Tóquio, num discurso emocionante de uma hora fez falou como as animações de Miyazaki estão presentes em sua vida, com destaque para o seguinte comentário "sempre que estamos sem ideias na Pixar ou na Disney, eu coloco uma cena ou duas de um filme de Miyazaki, apenas para nos inspirar".

7. CONCLUSÃO

Sob essa mesma premiação o site O Globo fez um comentário sobre o Miyazaki que traduz qual é a influência, ou lição que o mestre deixa para o mundo:

Miyazaki importa-se profundamente com o público jovem, mas você sente que ele não perde tempo tentando adivinhar o que o tal espectador quer. Como outros grandes diretores de filmes para e sobre crianças, o japonês habita o ponto de vista dos pequenos e se comunica diretamente com suas alegrias, trepidações e, talvez o mais importante, sua infinita curiosidade.

Com a habilidade de cruzar facilmente a membrana entre a juventude e a maturidade, Miyazaki é também capaz de dotar cenários de conto de fadas de solidez temática. Em sua vida pública, o japonês falou de questões como a poluição, os perigos da energia nuclear e aproximação do Japão ao nacionalismo e ao militarismo. Os filmes, ao mesmo tempo, enviaram mensagens — às vezes alegóricas, mas nunca obscuras”.

Percebe-se o quanto o diretor tem suas concepções artísticas voltadas para seu publico quando observamos como o cineasta desenvolveu o conceito estético do filme Ponyo, onde a linha do horizonte foi elevada quase ao topo da tela buscando representar o ponto de vista das crianças que por serem menores enxergam tudo de uma perspectiva diferente de um adulto.

Para Miyazaki começar a produção de um filme ele sempre parte de um laboratório de observação e desenvolve seus trabalhos a partir de modelos reais tanto em gestos quanto em personalidades.

Outros dois diretores japoneses que começaram a explorar as representatividades humanas nos longas-metragens são Makoto Shinkai responsável por trabalhos como Your Name de 2016, Koto no ha no niwa (O Jardim das Palavras) de 2013 e Byôsoku 5 senchimêtoru (Cinco Centímetros por Segundo) de 2007 o segundo diretor abordado neste artigo que como Miyazaki desenvolve filmes buscando a perspectiva do publico retratado é Mamoru Hosoda com trabalhos magníficos como Mirai no Mirai de 2018, Bakemono no ko (O Rapaz e o Monstro) de 2015 e o esplendido Ookami kodomo no Ame to Yuki (Crianças Lobo) de 2012.

A metodologia narrativa destes diretores tem uma coisa em comum, a trama em que as personagens se envolvem para o desenrolar da história não são o ponto central do filme, mas sim as emoções e sentimentos destas personagens, a humanização na narrativa, a busca por retratar valores, qualidades e defeitos como características de personalidade deixando de lado os estereótipos de super-heróis ou super-pessoas que merecem ser seguidas ou idolatradas por suas qualidades exuberantes.

Em filmes de fantasia, ação, romance, para adultos ou para toda a família é possível perceber que as características humanas são mais valorizadas do que qualquer outro elemento.

Chris Michael escreveu para o jornal The Guardian uma critica sobre Crianças Lobo: “qualquer lista de candidatos à sucessor de Miyazaki deve incluir Mamoru Hosoda, depois de sua comovente história de amadurecimento sobre uma mãe que para criar seus dois filhos lobisomens muda-se para o campo. É um conto de fadas em um cenário da vida real... . Como exatamente você cria crianças-lobo? Você escolhe um médico ou o veterinário? Escola ou montanha? ... a licantropia aqui se torna uma metáfora da puberdade, para crescer e escolher seu próprio caminho...”.

Essa característica narrativa que ganha cada vez mais espaço na animação japonesa trata-se de demarcar as impressões e expressões humanas nas dramatizações cinematográficas, essa característica é representada de forma narrativa, mas também de forma visual, onde começa a fazer parte do assunto a característica visual dos animês, onde diferente do que comumente se pensa não são os olhos grandes, essa característica em desenhos já é percebida em projetos gráficos de outros países como nos personagens Mickey, Pica-Pau e no Gato Felix ou em varias outras animações dos EUA ou da Europa, a verdadeira característica marcante das animações nipônicas são as expressões de sentimentos e emoções traduzidas através dos olhos. O foco nos rostos das personagens com o objetivo valorizar a expressão e o fato dos japoneses terem os olhos puxados acabou chamando a atenção do publico por isso parecer contraditório.

A técnica de representação gráfica adotada nos mangás e animês para expressão das emoções e sentimentos através do rosto se diferencia por ter como base, mas não somente, a busca da expressão através de quatro elementos; o globo ocular; a íris; a sobrancelha e as dobras da pele em volta dos olhos, soma-se a essa composição alguns efeitos luz e sombra que aderem emoções e sentimentos claramente expressados ao expectador.

As animações tem como base o desenho estático já que é nesse fragmento artístico onde os animadores se desenvolvem e evoluem para a produção de desenhos sequenciais usados na animação por este motivo é importante considerar quadrinhistas como fonte de estudo para ilustrações em geral, Will Eisner considerado um dos artistas mais importante do século XX por suas produções de histórias em quadrinhos, ao tratar de anatomia expressiva fez o seguinte comentário sobre expressões faciais “os movimentos musculares de sobrancelhas, lábios, mandíbulas, pálpebras e maçãs do rosto respondem a um comando emocional no cérebro”. Percebe-se que esse grande mestre das ilustrações trata o rosto como um todo sem dar nenhuma atenção especial aos olhos.

A aplicação de gêneros narrativos diversos é outra grande diferença entre as animações japonesas e as ocidentais, quando observamos os filmes concorrentes ao Oscar de melhor animação percebemos que outros países produtores de filmes também aderiram ao conceito de que desenhos não são apenas para crianças, infelizmente o EUA ainda só apresenta para essa concorrência filmes infantis ou para toda a família enquanto as animações para adultos são sempre estrangeiras como é possível observar na Tabela 03.

As animações japonesas recebem grande influência dos mangás, sempre que uma história em quadrinhos fizer sucesso ele tem grande chance de ser adaptada a TV e ao cinema, portanto a animação japonesa tem tantos tipos e gêneros narrativos quantos os mangás. Para se compreender melhor a dimensão desta variedade é preciso analisar a distinção que Alfons Moliné fez em O Grande Livro dos Mangás – Os gêneros de mangá; policiais e yakusas; ficção cientifica e fantasia; shojo; jidaimono ou histórico; esportes; trabalhos e hobbies; humor; antibelismo; erotismo; educativos; undergrounds e alternativos.

Ao analisarmos os limites da influência perceberemos nas produções dos EUA que o leque do publico a ser atingido é estreito e principalmente limitado a um único publico, o infanto-juvenil, filmes produzidos nos EUA que concorreram ao Oscar de melhor animação são o reflexo da infantilização dos longa-metragens animados, abordagem que gera reflexos em terras tupiniquins, a tabela 03 mostra os vencedores e concorrentes ao Oscar onde podemos observar que todos os filmes não infantis são de origem europeia ou asiática.

Alguns exemplos de adaptações para o ocidentes são A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell dirigido por Rupert Sanders, Speed Racer com direção de Lilly Wachowski e Lana Wachowski, o fracasso de Dragon Ball dirigido por James Wong, também podemos perceber a influência mesmo quando os envolvidos não confessem sua fonte inspiração como o caso da realização de O Rei Leão com direção de Roger Allers, e Rob Minkoff que claramente bebeu da fonte d0 filme que no Brasil é chamado de Kimba, o Leão Branco dirigido por pelo mestre Osamu Tezuka de 1966. Outra influência nos roteiros pode ser percebida em qualquer filme que tenha como personagem um robô gigante controlado com um humano, essas mega-maquinas são chamadas de “mechas” no Japão e são tão comuns como pokémons.

8. TABELAS

Tabela 01

Titulo no Brasil

Ano

Branca de Neve e os Sete Anões

1937

Pinóquio

1940

Fantasia

1940

Dumbo

1941

Bambi

1942

Alô, Amigos

1942

A Vitória Pela Força Aérea

1943

Você Já Foi à Bahia?

1944

Música, Maestro!

1946

A Canção do Sul

1946

Como é Bom se Divertir

1947

Tempo de Melodia

1948

As Aventuras de Ichabod e Sr. Sapo

1949

Cinderela

1950

Alice no País das Maravilhas

1951

Peter Pan

1953

A Dama e o Vagabundo

1955

A Bela Adormecida

1959

101 Dálmatas

1961

A Espada Era a Lei

1963

Tabela 02

#

Filme

Título no Brasil

Ano

1

Kaze no Tani ni Naushika

Nausica do Vale dos Ventos

1985

2

Tenkû no Shiro Rapyuta

O Castelo no Céu

1986

3

Hotaru no Haka

Túmulo dos Vagalumes

1988

4

Tonari no Totoro

Meu Amigo Totoro

1988

5

Majo no Takkyūbin

O Serviço de Entregas da Kiki

1989

6

Omohide Poro Poro

Memórias de Ontem

1991

7

Kurenai no buta

Porco Rosso - O Último Herói Romântico

1992

8

Umi ga Kikoeru

Eu Posso Ouvir o Oceano

1993

9

Heisei Tanuki Gassen Ponpoko

Pom Poko - A Grande Batalha dos Guaxinins

1994

10

Mimi wo sumaseba

Sussurros do Coração

1995

11

Mononoke Hime

Princesa Mononoke

1997

12

Hōhokekyo Tonari no Yamada-kun

Meus Vizinhos, Os Yamadas

1999

13

Sen to Chihiro no Kamikakushi

A Viagem de Chihiro

2001

14

Neko no Ongaeshi

O Reino dos Gatos

2002

15

Howl no Ugoku Shiro

O Castelo Animado

2004

16

Gedo Senki

Contos de Terramar

2006

17

Gake no ue no Ponyo

Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar

2008

18

Kari-gurashi no Arietti

O Mundo dos Pequeninos

2010

19

Kokuriko-zaka Kara

Da Colina Kokuriko

2011

20

Kaze Tachinu

Vidas ao Vento

2013

21

Kaguya-Hime no Monogatari

O Conto da Princesa Kaguya

2013

22

Omoide no Marnie

As Memórias de Marnie

2014

Tabela 03

2002

Vencedor

Shrek

 

 

Jimmy Neutron: Boy Genius

 

 

Monsters, Inc

2003

Vencedor

A Viagem de Chihiro

 

 

Era do Gelo

 

 

Lilo & Stitch

 

 

Spirit: O Corcel Indomável

 

 

Planeta do Tesouro

2004

Vencedor

Procurando Nemo

 

 

Irmão Urso

 

 

As Bicicletas de Belleville

2005

Vencedor

Os Incríveis

 

 

O Espanta Tubarões

 

 

Shrek 2

2006

Vencedor

Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais

 

 

A Noiva Cadaver

 

 

O Castelo Animado

2007

Vencedor

Happy Feet

 

 

Carros

 

 

A Casa Monstro

2008

Vencedor

Ratatouille

 

 

Persepolis

 

 

Surf's Up

2009

Vencedor

WALL·E

 

 

Bolt

 

 

Kung Fu Panda

2010

Vencedor

Up

 

 

Coraline

 

 

Fantastic Mr. Fox

 

 

A Princesa e o Sapo

 

 

Uma Viagem ao Mundo das Fábulas

2011

Vencedor

Toy Story 3

 

 

Como Treinar seu Dragão

 

 

L'Illusionniste

2012

Vencedor

Rango

 

 

Um Gato em Paris

 

 

Chico & Rita

 

 

Kung Fu Panda 2

 

 

Gato de Botas

2013

Vencedor

Valente

 

 

Frankenweenie

 

 

ParaNorman

 

 

Piratas Pirados

 

 

Detona Ralf

2014

Vencedor

Frozen

 

 

Os Croods

 

 

Despicable Me 2

 

 

Ernest & Celestine

 

 

Vidas ao Vento

2015

Vencedor

Big Hero 6

 

 

Os Boxtrolls

 

 

Como Treinar Seu Dragão 2

 

 

Canção do Oceano

 

 

O Conto da Princesa Kaguya

2016

Vencedor

Divertidamente

 

 

Anomalisa

 

 

O Menino e o Mundo

 

 

A Fazenda Contra-Ataca

 

 

As Memórias de Marnie

2017

Vencedor

Zootopia

 

 

Kubo and the Two Strings

 

 

Moana

 

 

Minha Vida de Abobrinha

 

 

A Tartaruga Vermelha

2018

Vencedor

Viva a Vida é Uma Festa

 

 

O Poderoso Chefinho

 

 

Com Amor Van Gogh

 

 

O Touro Ferdinando

 

 

A Ganha Pão

2019

Vencedor

Spider-Man: Into the Spider-Verse

 

 

Incredibles 2

 

 

Ralph Breaks the Internet

 

 

Isle of Dogs

 

 

Mirai no Mirai

2020

Vencedor

Toy Story 4

 

 

Missing Link

 

 

How to Train Your Dragon: The Hidden World

 

 

Klaus

 

 

Perdi Meu Corpo

9. REFERÊNCIAS

MOLINÉ A. O grande livro dos mangás 2. ed. São Paulo, JBC, 2006

Luyten, Sonia M.Bipe. Cultura Pop Japonesa / Sonia M. Bibe Luyten (organização). São Paulo, Hedra, 2005.

PLATA, Laura Monteiro. El Mundo Invisible de Hayao Miyazaki. 6 ed. Espenha, Dolmen, 2017.

EISNER,Will. Quadrinhos e arte sequencial: princípios e praticas do lendário cartunista.4ºed. São Paulo, WM FMartins Fontes, 2010.

10. E-REFERÊNCIAS

https://institutodecinema.com.br/mais/conteudo/a-origem-do-cinema - acessado em 14/05/2020.

http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/cultura-pop/quem-foi-osamu-tezuka/ - acessado em 15/05/2020.

http://www.ghibli.jp/profile/#more – acessado em 15/05/2020.

https://tezukaosamu.net/ - acessado em 19/05/2020.

https://www.animenewsnetwork.com/ - acessado em 19/05/2020.

http://www.adorocinema.com/ - acessado em 19/05/2020.

https://spoke-art.com/ - acessado em 19/05/2020.

https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/hayao-miyazaki-recebe-oscar-honorario-com-discurso-pessimista-14959243 - acessado em 18/05/2020.

https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/10/1537877-chefe-de-criacao-da-pixar-homenageia-o-cineasta-hayao-miyazaki-em-toquio.shtml - acessado em 19/05/2020.

https://oglobo.globo.com/cultura/filmes/hayao-miyazaki-recebe-oscar-honorario-com-discurso-pessimista-14959243 - acessado em 20/05/2020.

https://www.theguardian.com/film/2013/oct/24/wolf-children-review – acessado em 20/05/2020.

11. VÍDEO REFERÊMCIAS

A Viagem de Chihiro. Direção: Hayao Miyazaki. Produção: Studio Ghibli, 2001. 1 DVD (124 min).

Akira. Edição Especial 20 Anos. Direção Katsushiro Otomo. Produção: Akira Committee Production, 1991. 1 DVD (124 min.)


Publicado por: ALEX COSTA OLIVEIRA

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