SISTEMAS AGROFLORESTAIS SUCESSIONAIS NA AGRICULTURA SUSTENTAVEL

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1. RESUMO

A agricultura, pela área que abrange e pelas práticas que utiliza, é tida como uma das atividades humanas mais impactantes ao ambiente. Os Sistemas Agroflorestais Sucessionais apresentam-se como um sistema de produção que além de produzir matérias-primas de interesse para o homem, conserva os recursos naturais, inclusive a biodiversidade, sem a necessidade de insumos externos (principalmente fertilizantes e agrotóxicos), indo ao encontro da tão almejada agricultura sustentável. Os ecossistemas naturais estão sempre mudando, numa dinâmica de sucessão das espécies, caminhando sempre para o aumento da qualidade e quantidade de vida consolidada. Este trabalho tem como objetivo uma melhor compreensão dos sistemas agroflorestais sucessionais como alternativa para o desenvolvimento da agricultura sustentável.

Palavras-chaves: Biodiversidade, Ecossistemas, Recursos Naturais.

ABSTRACT

Agriculture, wich covers the área and the practices it uses, is consedered one of the most human activities impacting the environment. Agroforestry System Successional present themselves as a production system that in addiction to producing raw materiais os interest to men, conserves nature resources , including biodiversity, without the need for external inputs (mainly fertilizers and pesticides), wich met the much desired sustanible agriculture. Natural ecosystem are constantly changing in a dynamic succession of species, always walking to increase the quality and quantity of life consolidated. This work aims at a better understanding of succession agroforestry as an alternative to the development of sustainable agriculture.

Keywords: Biodiversity, Ecosystem, Natural Resources.

2. INTRODUÇÃO

Há diferentes formas de se fazer agricultura no mundo todo. Todas elas têm por trás um paradigma, um conjunto de valores, e uma série de condicionantes, ecológicas, sociais, econômicas e culturais, que levam a se fazer um determinado tipo de agricultura em um determinado lugar. (Peneireiro, 1999).

Existem na literatura, vários exemplos de sistemas agroflorestais que possuem características que nos remetem a identificá-los como que análogos aos ecossistemas locais, às florestas tropicais, e que a sucessão ou os princípios da sucessão ecológica estão presentes (Vaz, 2001).

Os sistemas agroflorestais (SAFs) conduzidos sob uma lógica agroecológica transcende qualquer modelo pronto e sugere sustentabilidade por partir de conceitos básicos fundamentais, aproveitando os conhecimentos locais e desenhando sistemas adaptados para o potencial natural do lugar (Götsch, 1995).

Mesmo a despeito das dificuldades em se apontar uma definição consensual para “agricultura sustentável”, já é possível prever algumas características básicas desse padrão: a conservação dos recursos naturais, como o solo, a água e a biodiversidade; a diversificação; a rotação de culturas e a integração da produção animal e vegetal; a valorização dos processos biológicos; a economia de insumos; o cuidado com a saúde dos agricultores e consumidores e a produção de alimentos com elevada qualidade nutritiva e em quantidades suficientes para atender a demanda global (Ehlers, 1996).

Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho é realizar uma reflexão sobre os sistemas agroflorestais sucessionais como alternativa disponível a agricultura, quanto a sua adequação, para incentivar a sociedade na busca da implementação de projetos de SAFs e para estimular o ambiente científico na realização de pesquisas com temas relacionados aos SAFs.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. SISTEMAS AGROFLORESTAIS SUCESSIONAIS

Os sistemas agroflorestais sucessionais fundamentam-se em bases ecológicas e tem a sucessão ecológica como a mola mestra. É importante compreender o funcionamento da natureza para nos basear nesses fundamentos para elaborar, implantar e manejar sistemas de produção. Assim como ocorre com os diferentes sistemas agrícolas, que podem ser classificados em um gradiente de sustentabilidade, os sistemas agroflorestais também, e, da mesma forma, os sistemas agroflorestais sucessionais (Götsch, 1995).

O processo sucessional, para sua melhor compreensão, pode ser dividido em sistemas sucessionais, (para cada formação vegetal a combinação entre espécies varia), que podem ser vistos como apresentando plantas tipicamente pioneiras, secundárias e transicionais. Os representantes de todas as fases crescem juntos, porém, em cada fase da sucessão haverá uma comunidade dominando, direcionando a sucessão. Para cada consórcio, os indivíduos das espécies mais avançadas na sucessão não se desenvolvem enquanto as iniciais não dominam. A transformação é justamente o que dá idéia de continuidade, de dependência entre todos os indivíduos no tempo durante todo o processo sucessional (Odum,1988).

É possível identificar, segundo Götsh (1995) para fins didáticos, os fundamentos-conceitos, envolvidos na elaboração e condução dos SAFs dirigidos pela sucessão natural:

- buscar replicar os processos que ocorrem naturalmente, compreendendo o funcionamento do ecossistema original no local;
- basear-se na sucessão natural (atentando-se de que, assim como uma forma de vida dá lugar a outra, criando condições ambientais satisfatórias, um consórcio também cria outro);
- inserir a espécie de interesse para o homem no sistema de produção dentro da lógica sucessional, tentando se basear na origem evolutiva da planta (condições ambientais e consórcios que geralmente acompanha a espécie, ou seja, suas necessidades ecofisiológicas).

Ao se observar cuidadosamente, há sistemas agroflorestais elaborados e manejados a partir de diferentes paradigmas também. Há aqueles que se tratam basicamente de consórcios simples, cujo paradigma é o mesmo da monocultura, da competição, e que se preconiza a combinação de algumas espécies para aproveitar melhor os fatores de produção, os insumos e a mão-de-obra, tendo a árvore como componente do sistema, junto com espécies agrícolas; e outros sistemas agroflorestais, como os quintais e outros, mais complexos (Vaz, 2001).

Há uma série de experiências no mundo sobre sistemas agroflorestais sucessionais. Conhecem-se, na literatura, vários exemplos de sistemas agroflorestais que possuem a característica que nos remetem a identificá-los como que análogos aos ecossistemas locais, às florestas tropicais, e que a sucessão ou os princípios da sucessão ecológica estão presentes. Podemos citar como exemplo os diversos quintais agroflorestais, de comunidades de ribeirinhos, quilombolas, caiçaras, dentre tantos outros. (Götsh 1995).

Os conhecimentos ou fundamentos de muitos desses sistemas agroflorestais sucessionais, que têm raízes em culturas milenares, não estão sistematizados, ou não se encontram explicitados. Frutos do empirismo, esses sistemas complexos funcionam, mas muitas vezes não se sabe como ou porque, e torna-se difícil reproduzi-los ou generalizá-los, ou ainda adaptá-los em condições distintas das de onde essas agroflorestas são originalmente encontradas (Götsh, 1995).

Como a agricultura, para ser sustentável, deverá estar fundamentada em fortes bases ecológicas, deve-se partir da premissa de que mais sustentável será um agroecossistema quanto mais semelhante for, em estrutura e função, ao ecossistema original do lugar (Caporal,2002), pois replicará os mesmos mecanismos ecológicos existentes, adaptados para que a vida seja perpetuada sob aquelas condições. Portanto, o primeiro passo para a construção de agroecossistemas mais sustentáveis é buscar no ecossistema do lugar, os fundamentos para a construção dos agroecossistemas.

Os princípios sucessionais podem ser melhor compreendidos quando em uma área degradada, depauperada pelo ser humano, e considerada improdutiva em termos agrícolas, fica em pousio, a própria vegetação, fauna e microrganismos (os seres muitas vezes considerados, pelo ser humano como pragas, plantas daninhas) recuperam o solo e então o(a) agricultor(a) pode voltar a produzir alimentos naquele local, ou seja, os seres vivos atuam no sentido de aumentar os recursos para a vida no lugar. Uma das características universais de todo o ecossistema é a mudança contínua a que está submetido (Viana et al, 1997).

Diversas mudanças estruturais são esperadas ao longo do processo sucessional, como o aumento da diversidade, da eqüabilidade, do número de estratos, etc., à medida que a comunidade atinge um nível estrutural mais complexo (Odum, 1988). Além do aumento da biodiversidade, são notáveis as transformações ambientais no decorrer da sucessão, como a transferência de nutrientes livres do solo para a comunidade biótica ao longo do processo, reduzindo sua perda; a melhoria da estrutura edáfica pela produção de matéria orgânica, além de modificações do microclima.

A sucessão natural é um processo que pressupõe mudança da fisionomia e das populações no espaço e no tempo, no sentido de aumento de qualidade e quantidade de vida (Götsch 1995).

Os processos que ocorrem em florestas tropicais não- perturbadas ajudam a compreender os sitemas agroflorestais. Nestas florestas, especialmente nas zonas de precipitação, a maior parte dos nutrientes é encontrada nas vegetações em pé. Dessa maneira estão protegidos da erosão e da lixiviação ( Vale et al, 2006).

Uma agrofloresta pode ser implementada quando o agricultor conhece as potencialidades do terreno e considera os seguintes aspectos: as condições do solo; o que se pode produzir no terreno; o calendário agrícola; e a vegetação nativa. É importante conhecer técnicas de capim seletiva, plantio consorciado e de podas (Baggio,1992).

3.2. SISTEMAS AGROFLORESTAIS E ECOSSISTEMAS

Os SAFs podem conservar um grande número de espécies ou variedades de plantas cultivadas, porém ainda pouco conhecidas pelos cientistas. Nas culturas indígenas encontram-se inúmeras espécies e variedades de plantas domesticadas a partir de seu habitat natural, sendo hoje cultivadas por produtores seringueiros e ribeirinhos, em suas roças e quintais. Essas espécies fazem parte da biodiversidade de cada região e sua conservação depende, em grande parte, da conservação e de aprimoramento dos sistemas de produção tradicionais (Castillo,2007).

Os sistemas de multiestratos podem ser importantes ferramentas para interligar fragmentos florestais, no sentido de formar corredores biológicos (servindo como proteção, trampolim e alimentos para a fauna), além de assegurar a diversidade de vida no solo e preservar materiais genéticos de plantas. Estes sistemas também são fundamentais para proteger áreas no entorno de unidades de conservação, que na maioria dos casos possuem suas divisas abruptamente cercadas por monocultivos ou pastagens nuas, e com isso há uma série de problemas, principalmente para a fauna. (Penereiro, 1999).

A agrofloresta é como um ser vivo, que tem relações de criadores e criados,sendo que os que tem ciclo de vida curto são criadores, como milho, feijão e mandioca e os criados são os de ciclo longo como as árvores, por exemplo (Götsch 1995).

Segundo este mesmo autor, começa-se com as espécies menos exigentes, ao contrário do processo habitual, que parte da queima e uso da terra até seu esgotamento. A queimada leva a uma escala descendente de aproveitamento do solo, com plantio de espécies exigentes nos primeiros anos, um esgotamento rápido do solo e o plantio de espécies cada vez menos exigentes. Sem a queima, o processo é revertido, enriquece-se o solo com as espécies menos exigentes e inicia-se a capitalização para o plantio posterior das espécies mais exigentes.

Os sistemas Agroflorestais como sistematizados pelo pesquisador/agricultor/filósofo suiço Ernst Gotsch (Figura 2) são sistemas de produção muito biodiversos e produtivos, que reproduzem o ecossistema local. Recuperam áreas degradadas, melhoram a fertilidade do solo, reestabelecem a atividade da fauna nativa e o ciclo hidrológico. Trata-se não apenas de uma técnica, mas de uma maneira de ver o mundo, uma nova relação com Patcha Mama na qual busca-se sempre otimizar e não maximizar os recursos, ou seja, procura-se dispor os recursos de forma a ter uma ótima eficiência energética, formando sistemas que precisem do mínimo (ou nada) de inputs energéticos externos. Para isso é preciso observar e estar aberto a aprender com a natureza, com animais, plantas, fungos e suas interações. Nessa concepção, será mais sustentável uma agricultura quanto mais parecida for com o ecossistema original do local em que é realizada, replicando mecanismos ecológicos de manutenção da vida.


Figura 2. Gravura esquemática das classes agroflorestais.

3.2.1. Tipos de sucessão

Sucessão é definida como a “lei universal” na qual “todo lugar vazio evolui para novas comunidades, exceto aqueles que com condições muito extremas de água, temperatura, luz e solo” (Götsh, 1995). Para uma melhor compreensão, o processo sucessional pode ser dividido em sistemas sucessionais (sistema colonizador, sistema de acumulação e sistema de abundância), caracterizados por diferentes consórcios com ocorrência concomitante de espécies tipicamente pioneiras, secundárias, intermediárias e transicionais, adaptadas a cada sistema. Os representantes crescem juntos, porém em cada fase da sucessão haverá uma comunidade dominante dirigindo a sucessão. Para cada consórcio, os indivíduos das espécies mais avançadas na sucessão não se desenvolvem enquanto as iniciais não dominam. As plantas precisam ser tutoradas pelas antecessoras. Neste processo pode-se dizer, pela abordagem sistêmica, que a planta não morre, é transformada (Penereiro, 1999). A transformação é justamente o que dá idéia de continuidade, de dependência, entre todos os indivíduos no tempo, durante todo o processo sucessional (Götsch, 1995).

Sucessão Degradativa: é aquela que ocorre em uma escala de tempo relativamente curta. Ocorre em qualquer tipo de matéria orgânica morta, como o corpo de um animal ou partes de uma planta. Geralmente, diferentes espécies invadem e desaparecem à medida que a degradação da matéria orgânica utiliza alguns recursos e torna outros disponíveis. Outra característica da sucessão degradativa é que ela é um processo finito, uma vez que o recurso pode ser totalmente mineralizado ou metabolizado.

Sucessão Alogênica: é um tipo de sucessão em que o processo de substituição de espécies ocorre como resultado de mudanças externas ou forças geofisicoquímicas. Um exemplo deste tipo de sucessão pode ser observado em ambientes de transição entre mangues e vegetação de floresta, causada principalmente pela deposição de silte. Neste exemplo, observa-se que as plantas acompanham o processo de deposição de silte, já que as espécies vegetais colonizam áreas em determinadas alturas à nível do mar de acordo com sua tolerância à inundação.

Sucessão Autogênica: ocorre em ambientes recém-criados, geralmente decorrentes de processos biológicos que modificam condições e recursos.

A sucessão vegetal é a sequência de desenvolvimento natural dos seres vivos num ecossistema florestal. Uma espécie prepara o terreno para o desenvolvimento de outra, e assim por diante, até o ambiente atingir o clímax e se estabilizar. É o veículo que a vida utiliza para viajar pelo tempo e pelo espaço, transformando o simples em complexo (Figura3).


Figura 3.: Desenvolvimento das SAFs (http://www.agrofloresta.net)

A sucessão não realça nem enfatiza, mas é frutoda natureza dinâmica das comunidades biológicas. Algumas perturbações, como queimadas ou abertura de clareiras, revelam forças que determinam a presença ou ausência de espécies em uma comunidade e os processos responsáveis pela regulação na estrutura destas comunidades. (ODUM, 1988)

A idéia fundamental é que uma pessoa, com bom conhecimento das espécies, observação da mata e experiência em agricultura, tem todas as condições para criar consórcios eficientes, porque vai entender princípios básicos da sucessão vegetal. Isto é básico para os sistemas agroflorestais, onde consórcios vão se sucedendo na área implantada, o que vai dando a quem o maneja muitos produtos e serviços, mas cobra conhecimento e manejo. Mas o principal é que estas combinações e sequências de plantios estejam produzindo um ambiente sadio. Isto se traduz em termos de produtos que não necessitam pulverizações, solo que mantém a fertilidade e não sofre com erosão, diversidade de espécies, controle natural de insetos e doenças, e presença auto-regenerada de fauna e flora nativas (Amador, 2003).

Este mesmo autor comenta que quando o agricultor consegue levar seu sistema ao ponto em que a regeneração acontece sem sua influência direta, espalhando sementes e instalando árvores de interesse do produtor, então o manejo de sucessão foi um sucesso.

Deixar a sucessão ocorrer, é imitar o que acontece na natureza e isso faz com que há aumento e diversificação da produção. A sucessão permite ao agricultor ter produtividade o ano todo, pois cada espécie prospera em determinada época e com o passar dos anos cada vez mais espécies se tornam produtivas. (BEGON, 1996)

3.3. SISTEMAS AGROFLORESTAIS E AGRICULTURA SUSTENTÁVEL

São evidentes duas linhas de pensamento muito distintas para a agricultura sustentável, na verdade, com perspectivas dramaticamente divergentes: uma que acredita que o atual rumo de desenvolvimento é desejável e que é possível atingirmos a sustentabilidade fazendo apenas alguns ajustes no atual sistema produtivo, usando a tecnologia com maior eficiência e “racionalidade”; a outra é incisivamente a favor de mudanças radicais no atual modelo de desenvolvimento e tecnológico, e discute uma mudança do paradigma atual, sem a qual a sustentabilidade nunca deixará de ser uma utopia (Lopes, 2006).

Para Lopes (2006) a agricultura sustentável é vista como uma possibilidade de se promover transformações sociais, econômicas e ambientais em todo sistema agroalimentar, passando pelas pesquisas na área agrícola e social, pelos hábitos de consumo alimentar ou pela revisão das relações entre os países desenvolvidos e os não desenvolvidos. São transformações que levam em conta a democratização do uso da terra, a erradicação da fome e da miséria e a promoção de melhorias na qualidade de vida de centenas e milhões de habitantes.

Mesmo a despeito das dificuldades em se apontar uma definição consensual para “agricultura sustentável”, já é possível prever algumas características básicas desse padrão: a conservação dos recursos naturais, como o solo, a água e a biodiversidade; a diversificação; a rotação de culturas e a integração da produção animal e vegetal; a valorização dos processos biológicos; a economia de insumos; o cuidado com a saúde dos agricultores e consumidores e a produção de alimentos com elevada qualidade nutritiva e em quantidades suficientes para atender a demanda global (Ehlers, 1996). No entanto, este mesmo autor ressalta que “as práticas que levarão a estes objetivos não se constituirão como um conjunto bem definido, como foi o chamado “pacote tecnológico” da Revolução Verde, pois cada agroecossistema possui características próprias e requer práticas e manejos específicos”, embora os princípios, fundamentos e conceitos básicos devam ser únicos3 e servir para quaisquer situação. Acrescenta ainda que,“a agricultura sustentável combinará, provavelmente, princípios e práticas da agricultura alternativa e da convencional, assim como novos conhecimentos que surgirão tanto da experiência proveniente dos agricultores como da pesquisa científica, especialmente no campo da agroecologia (disciplina científica que estuda os agroecossistemas)”.

Buscando exatidão para o termo sustentável, Götsh (1995) define que a Sustentablidade mesmo só será alcançada quando tivermos agroecossistemas parecidos na sua forma, estrutura e dinâmica ao ecossistema natural e original do lugar da intervenção e quando se fizer agricultura sem o uso de máquinas pesadas, sem adubos trazidos de fora do sistema e sem agrotóxicos.

Os sistemas agroflorestais (SAFs) conduzidos sob uma lógica agroecológica transcende qualquer modelo pronto e sugere sustentabilidade por partir de conceitos básicos fundamentais, aproveitando os conhecimentos locais e desenhando sistemas adaptados para o potencial natural do lugar (Lopes, 2006).

SAFs sustentáveis sempre foram e continuam sendo desenvolvidos por muitos povos indígenas ou populações autóctones em todo o mundo, cujos princípios estão intrinsecamente arraigados às culturas milenares que foram se adaptando ao meio e este se moldando à ação humana (Altieri, 1989)

Nas áreas tropicais, a agrofloresta, ou sistemas agroflorestais, pode constituir uma opção interessante para a busca da sustentabilidade na agricultura, uma vez que possui elementos que propiciam aliar a produção à conservação dos recursos naturais (Altieri, 1989).

Assim como ocorre com os diferentes sistemas agrícolas, que podem ser classificados em um gradiente de sustentabilidade, os sistemas agroflorestais também, e, da mesma forma, os sistemas agroflorestais sucessionais (Ehlers, 1994).

Contudo, esse comportamento vem mudando pela utilização de SAFs, que permite a diversificação de produtos florestais e agrícolas na mesma unidade de área, e geração de renda e de empregos. Os benefícios de produção, sócio-econômicos e ambientais manifestam-se a médio e longo prazo. Baggio (1992) demonstrou que, quando cultivos agrícolas são introduzidos simultaneamente e/ou seqüencialmente nas entrelinhas de espécies florestais, além do aproveitamento da aplicação de fertilizantes nas espécies, tais cultivos contribuem para a amortização do custo de implantação florestal, logo nos primeiros anos.

Não se pode duvidar, no entanto, que a perspectiva do mercado continua, em grande parte, dominando as várias discussões do que seja Desenvolvimento Sustentável e, conforme Baroni (1992), existem muitas ambigüidades e deficiências relacionadas ao termo.A sustentabilidade, nas dimensões social, ambiental, cultural, política e institucional tem grande importância nas experiências de sistemas agro-florestais, nas perspectivas agro-ecológica e socioeconômica que se desenvolvem através delas. Estes sistemas são vistos aqui como uma das alternativas inovadoras possíveis e necessárias na agricultura e setor florestal brasileiros, que permitem colocar em prática o conceito de sustentabilidade, que é um valor intrínseco para os sistemas agro-florestais.

As SAFs compõem formas de enfrentar o problema do uso sustentável do solo e de outros recursos naturais tanto no setor agrícola como no setor florestal, aspectos que são fundamentais para estratégias social e ambientalmente sustentáveis para o desenvolvimento rural brasileiro (BARONI,1992).

É necessário que se leve em consideração a complexidade ambiental, econômica e social de cada sistema agrícola. As tecnologias da Agricultura Sustentável deverão ser específicas para cada sistema, pois é preciso ter claro que não existe possibilidade de produzir algo como um pacote de tecnologias sustentáveis, visto que a Agricultura Sustentável não pode ser um modelo imposto ou um pacote (Lopes, 2006).

4. DESENVOLVIMENTO

O principal objetivo dos sistemas agroflorestais é otimizar o uso da terra conciliando produção de alimentos, energia e serviços ambientais com a produção florestal, diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agropecuária, possibilitando a conservação do potencial produtivo dos recursos naturais renováveis por meio dos sistemas agroecológicos mais estáveis (Hoffmann, 2005).

De acordo com Vale et al. (2006), para que os objetivos dos sistemas agroflorestais sejam alcançados é necessário que a combinação de espécies e os arranjos espacial e temporal promovam a concretização dos seguintes pré-requisitos considerando a produtividade; a sustentabilidade e a adotabilidade: manter-se sustentável; conferir sustentabilidade animal e vegetal; direcionar técnicas para o uso racional do solo e da água; diversificar q produção de alimentos múltiplos; diminuir os riscos do agricultor; amenizar os efeitos dos fatores de produção; minimizar os processos erosivos; e combinar a estrutura social com uma infra-estrutura adequada, disponibilidade de mercado e adequabilidade dos insumos, reunindo experiência rural dos agricultores e conhecimento cientifico.

A ciência agroflorestal, como desenvolvimento de tecnologia e sistemas é relativamente recente, remontando aos anos 70 do século passado. Como estas tecnologias têm priorizado a otimização do uso da terra e aumento de rentabilidade, nem sempre os recursos locais são aproveitados. No entanto, os sistemas agroflorestais tradicionais, alguns existindo há milhares de anos, utilizavam e utilizam espécies e raças nativas, conferindo um valor maior na preservação da biodiversidade. Como exemplos, podemos citar o sistema “Dehesa”, que ocupa cerca de 4,5 milhões de hectares, divididos entre Espanha e Portugal e o sistema de arborização de cereais com kiri, que abrange mais de 1,5 milhão de hectares, na China (Baggio,1992).

Nesse sentido, os SAFs podem conservar um grande número de espécies ou variedades de plantas cultivadas, porém ainda pouco conhecidas pelos cientistas. Nas culturas indígenas encontram-se inúmeras espécies e variedades de plantas domesticadas a partir de seu habitat natural, sendo hoje cultivadas por produtores brancos, seringueiros e ribeirinhos, em suas roças e quintais. Essas espécies fazem parte da biodiversidade de cada região e sua conservação depende, em grande parte, da conservação e de aprimoramento dos sistemas de produção tradicionais (BAGGIO, 1992).

A idéia de SAFs sustentáveis só se desenvolverá e crescerá se forem obtidas evidências de viabilidade concretas, consistentes. Por isso, é preciso "por a mão na massa" e instalar SAFs, a partir dos conceitos que nortearão sua implantação e manejo. Recomenda-se que inicialmente sejam implantadas pequenas áreas, pois o aprendizado, muitas vezes, vem com os erros e acertos. Trabalhos em mutirões são muito úteis para a implantação dos SAFs, uma vez que a maior demanda por mão-de-obra se dá nessa fase (Götsh, 1995).

A partir de experiências bem sucedidas (principalmente por agricultores) outros agricultores se abrirão para encarar a árvore como uma aliada e não mais como um obstáculo e poderão mostrar na prática que é possível uma relação harmoniosa entre ser humano e natureza, tornando-se enfim, indissociáveis (Castillo, 2002).

O estudo dos sistemas agroflorestais dirigidos pela sucessão natural, desenvolvidos por Emst Götsch (1995), agricultor-pesquisador, em suas terras, na região da Mata Atlântica - Sul da Bahia, foi motivo de uma dissertação de mestrado em Ciências Florestais na ESALQ/USP, intitulada ainda provisoriamente: "Sistemas Agroflorestais: um estudo de caso sob uma abordagem sistêmica". Em linhas gerais, conferiu-se no campo as conseqüências da implantação e do manejo de um SAF dirigido pela sucessão natural sobre a vegetação e a fertilidade do solo, levantando-se dados sobre quatro compartimentos do ecossistema: vegetação, solo, serapilheira e fauna do solo, procurando-se, numa abordagem sistêmica, compreender as inter-relações entre esses compartimentos. Para isso, comparou-se duas áreas muito próximas, com características de solo, relevo, histórico e perturbação muito semelhantes. Há doze anos atrás, as áreas em estudo eram fisionomicamente muito parecidas, com mesmo tipo de vegetação (decorrente de uma pastagem degradada). Em uma delas foi instalado um SAF enquanto a outra foi deixada abandonada, tendo, naturalmente, ocorrido regeneração natural, apresentando hoje uma vegetação que chamamos de Capoeira.

A validade científica do trabalho de Ernst é entendida aqui como um rico processo de compreensão, experimentação e síntese de conceitos, que indica um caminho, não sendo um rumo aleatório para a condução do sistema de produção (SAF), mas uma direção lógica, fundamentada em conceitos provenientes das observações e processamento das informações na interação entre experimentação, raciocínio e intuição.

Os sistemas agroflorestais têm papel de destaque na busca de alternativas para o desenvolvimento rural sustentável (Viana et al., 1997b), principalmente por transformar as atividades de produção de degradantes em regenerativas. Segundo este mesmo autor, “a agricultura sustentável combinará, provavelmente, princípios e práticas da agricultura alternativa e da convencional, assim como novos conhecimentos que surgirão tanto da experiência proveniente dos agricultores como da pesquisa científica,especialmente no campo da agroecologia (disciplina científica que estuda os agroecossistemas)”.

Com a agrofloresta, ao dirigir a sucessão natural inserindo ou conservando as espécies mais avançadas na sucessão e “eliminando” as que já cumpriram seu papel na sucessão, por capina seletiva e poda, dinamiza-se a vida do solo, contribuindo para as mudanças relativas à fertilidade do solo que também evolui no sentido de sustentar espécies mais exigentes, que vão aparecendo à medida que se avança na sucessão das espécies. Em um solo recuperado e saudável, com acúmulo de matéria orgânica, pode-se pensar em realizar agricultura tropical sustentável, de alta qualidade e com baixa ou nula entrada de insumos externos.

No caso das regiões amazônica ou de Mata Atlântica, deve inspirar nos ecossistemas de floresta tropical. Esse tipo de ecossistema apresenta alta biodiversidade, com plantas ocupando diferentes estratos, e grande quantidade de biomassa. Portanto, nessas regiões, os sistemas produtivos, para serem sustentáveis, deverão ser agroflorestas,biodiversas, multiestratificadas. Uma floresta não é estática (Peneireiro, 1999)

Este mesmo autor ressalta ainda que a dinâmica da sucessão natural, onde os consórcios das plantas são substituídos pelos subseqüentes gera uma construção de uma agrofloresta que deverá seguir esses mesmos preceitos, onde os consórcios das plantas agrícolas, combinadas com outras plantas de interesse econômico ou não, nativas ou não, vão se seguindo, de acordo com o tempo de vida das plantas, ocupando da melhor maneira possível o espaço vertical, ou seja, de forma que haja diferentes estratos.

Dessa forma, as agroflorestas, que também podem ser chamadas de florestas de alimentos ou florestas de produção, buscam produzir alimentos e outras matérias-primas a partir de um tipo de sistema de produção que se assemelha a uma floresta biodiversa em estrutura e função. Para isso, compreender o funcionamento da floresta e sua dinâmica é fundamental, e a sucessão natural é o princípio que deve orientar a elaboração e as intervenções no sistema (Cardoso, 2006)

Os grandes insumos são a agricultura sustentável será sementes e o conhecimento da ecologia. A fertilidade do solo é resultado de um sistema de produção biodiversificado, estratificado e dinâmico. A disponibilidade de água segue a mesma lógica. A água também não é um fator a ser introduzido no sistema de produção por meio de irrigação. Sabe-se que, quando se reduz a vida de um lugar, a água se torna escassa. É preciso agir no sentido de se construir agroecossistemas hidrofílicos (Peneireiro, 1999).

É importante ressaltar que o modelo agroflorestal não é uma solução integral para a proteção da biodiversidade. Certamente, ele reduz é s impactos das queimadas e dos agrotóxicos e visa reduzir o desmatamento. Mas, em escala regional, é necessário um sistema integrado de reservas florestais, tanto públicas (Parques e Reservas Biológicas) como particulares (em assentamentos e grandes fazendas) (Baggio,1992).

Os sistemas agroflorestais são considerados opções agroecologicas do uso da terra e incluem, na maioria dos casos vantagens que, em geral, superam suas desvantagens, no que se refere aos principais componentes da sustentabilidade, ou seja, o econômico, o social e o ambiental (Daniel et al., 1999).

Há uma série de experiências no mundo sobre sistemas agroflorestais sucessionais.São conhecidos, na literatura, vários exemplos de sistemas agroflorestais que possuem a característica que remetem a identificá-los como que análogos aos ecossistemas locais, às florestas tropicais, e que a sucessão ou os princípios da sucessão ecológica estão presentes (Cardoso, 2006).

Os conhecimentos ou fundamentos de muitos desses sistemas agroflorestais sucessionais, que têm raízes em culturas milenares, não estão sistematizados, ou não se encontram explicitados. Frutos do empirismo, esses sistemas complexos funcionam, mas muitas vezes não se sabe como ou porque, e torna-se difícil reproduzi-los ou generalizá-los, ou ainda adaptá-los em condições distintas das de onde essas agroflorestas são originalmente encontradas (Cardoso,2006).

Os SAF’s são reconhecidamente modelos de exploração de solos que mais se aproximam ecologicamente da floresta natural e que, por isso, são considerados como importante alternativa de uso sustentável do ecossistema tropical úmido. A importância da utilização de Sistemas Agroflorestais fica mais evidente, quando constatamos a existência de extensas áreas improdutivas em conseqüência da degradação resultante, principalmente, da prática do cultivo itinerante, reconhecidamente uma modalidade de exploração não sustentável dos solos (Miller et al, 2006)

Os SAFs conduzidos sob uma lógica agroecológica transcende qualquer modelo pronto e sugere sustentabilidade por partir de conceitos básicos fundamentais, aproveitando os conhecimentos locais e desenhando sistemas adaptados para o potencial natural do lugar (Götsch, 1995).

5. CONCLUSÃO

Apesar do reconhecimento dos benefícios dos SAFs, o seu conhecimento e uso ainda são limitados. Os sistemas agroflorestais sucessionais são complexos o que torna difícil reproduzi-los, generalizá-los ou adaptá-los em outras condições, é um sistema que cria condições favoráveis para o restabelecimento das funções ecológico-ambientais na propriedade, permitindo, também, maior fixação de mão-de-obra no campo e uma maior rentabilidade financeira.

Sendo assim os sistemas agroflorestais sucessionais fundamentam-se em bases ecológicas e tem a sucessão ecológica como a mola mestra. Assim como ocorre com os diferentes sistemas agrícolas, que podem ser classificados em um gradiente de sustentabilidade. Isto representa uma oportunidade para o desenvolvimento de maiores ações de pesquisa, para a valorização dos benefícios ambientais e de maiores incentivos econômicos que venham a estimular sua implantação.

6. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Publicado por: Natalia Ferreria Duque

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