A importância do planejamento na rentabilidade da agricultura familiar

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O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1. RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo identificar os motivos pelos quais os produtores familiares da cidade de Porteirinha, no estado de Minas Gerais, não realizam o planejamento ao gerir sua pequena empresa rural. É perceptível que o planejamento se torna relevante ao possibilitar que o desenvolvimento da atividade seja eficiente ao diminuir as incertezas e ausência de consciência por parte dos responsáveis. Independentemente de seu tamanho ou de seu segmento, planejar um negócio no momento atual, se torna requisito vital para o sucesso longevo e sustentável de uma empresa. A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi primeiramente uma pesquisa bibliográfica desenvolvida a partir de material, livros e artigos científicos, seguida de uma pesquisa de campo elaborada com os produtores comerciantes da feira municipal de Porteirinha, norte de Minas Gerais. A fim de se atender os requisitos estabelecidos pelo objetivo do trabalho, optou-se pela tipologia descritiva. A agricultura familiar, assim como qualquer outro negócio, está inclinada a cometer alguns deslizes na gestão, mesmo sendo considerado um pequeno negócio. Os resultados retratam que grande parte dos produtores entrevistados não dá a devida importância.

Palavras-chave: Agricultura familiar, planejamento, indicadores.

ABSTRACT

The present work aims to identify the reasons why the family producers of the city of Porteirinha, in the state of Minas Gerais, do not carry out the planning when managing their small rural enterprise. It is noticeable that planning becomes relevant by enabling the development of the activity to be efficient by reducing the uncertainties and lack of awareness on the part of those responsible. Regardless of its size or segment, planning a business at the present time becomes a vital requirement for the long-term and sustainable success of a business. The methodology used to carry out this work was first a bibliographical research developed from material, books and scientific articles, followed by a field research elaborated with the merchant producers of the municipal fair of Porteirinha, north of Minas Gerais. In order to meet the requirements established by the objective of the work, we chose the descriptive typology. Family farming, like any other business, is inclined to make some slips in management, even though it is considered a small business. The results show that most of the interviewed producers do not give due importance.

Key-words: Family farmer, indicators, planning.

2. INTRODUÇÃO

A origem do planejamento pode ser reconhecida nas mais arcaicas culturas, o homem desde os primórdios deduziu que era necessário se organizar e definir com antecedência seus próximos passos. O império Maia e Egípcio é um grande exemplo de civilizações organizadas e planejadas. Vendo que o simples fato de refletir antes de praticar era eficaz, o planejamento se tornou estratégia de guerra ao qual se intitulava “arte dos generais”. Portanto, o planejamento não é uma estratégia administrativa da atualidade.

A esse respeito, José Faria (1994) declara que:

O planejamento é tão antigo quanto a história. A construção das pirâmides egípcias não se concretizou sem que tivessem se preocupado com a alimentação de milhares de trabalhadores, escravos e soldados, assim como planejado o transporte dos enormes blocos de granito, originários de local, na região sul do Egito. (p.71).

Após a revolução industrial no século XVIII, e início da inserção dos princípios de administração de Taylor no século XX, o planejamento se tornou indispensável na administração. Essa necessidade surgiu por conta da progressiva busca por recursos e maior cuidado com o tempo de produção. O ato de planejar foi lapidado e hoje sem planejamento as empresas não vão longe.

No entendimento de Oliveira (2012), planejamento pode ser compreendido como um processo constante de tomada de decisões, que não pode ser confundido com a resolução de problemas, uma vez que, se trata de uma ação que busca se antecipar aos problemas, em função de evitar que estes ocorram. Para Brodani (2008), planejamento é o desdobramento mais sistemático de programas de ação designado a alcançar objetivos de negócios definidos de comum acordo através de investigação, avaliação e da escolha das possibilidades prognosticadas. Dentro dessa ótica Eunice Kawasnicka (1986,p-153) afirma que o planejamento é o instrumento que os administradores utilizam para examinar a situação atual e definir maneiras de se atingir a situação futura.

Kotler (2000) caracteriza o planejamento estratégico, como um procedimento gerencial que tem a capacidade de desenvolver e manter um ajuste viável entre os objetivos, habilidades, recursos de uma organização e as possibilidades dentro de um mercado que muda incessantemente. Os escritores Tiffany e Peterson (1999), alegam que o planejamento estratégico é uma visão específica do futuro da organização. Diferencialmente dos autores anteriormente citados, Drucker (1975) afirma que o planejamento estratégico não se refere a decisões futuras, mas, sim, a decisões de hoje que influenciam no amanhã e preparam a organização para a incerteza.

Maximiano (2000) fraciona o planejamento estratégico em cinco partes: análise da situação estratégica, análise do ambiente, análise interna, definição de objetivos e seleção de estratégia.

Certo (1993) declara que:

Um programa vigoroso de planejamento produz muitos benefícios. Primeiramente, ajuda os gerentes a se orientar para o futuro. Em segundo lugar, um programa de planejamento bem concebido aumenta a coordenação da decisão, pois impulsiona os gerentes a coordenar suas decisões. E em terceiro lugar, o planejamento enfatiza os objetivos organizacionais, uma vez que os objetivos são o ponto de partida para o processo de planejamento. (p. 104).

É perceptível que o planejamento se torna relevante ao possibilitar que o desenvolvimento da atividade seja eficiente ao diminuir as incertezas e ausência de consciência por parte dos responsáveis. Serra e Torres (2004, p.30), alegam que: “Os benefícios de um planejamento estão ligados a um tratamento sistemático dos aspectos considerados importantes e da utilização como modelo para aquilo que se quer que aconteça”. Sobre o tema, Schermerhorn (1999) enfatiza que o planejamento traz consigo foco e senso de futuro.

Em tudo que há vantagens, há também desvantagens, Morgado e Pinho, (2009) advertem que o planejamento está sujeito a falhas, visto que, baseia-se em deduções e que não garante resultado sozinho, devendo ser monitorado e ir se moldando as eventualidades.

O setor mais notável da economia brasileira é o agronegócio, que representa um terço do PIB nacional.  Araújo (2009) conceitua o agronegócio como um agrupamento de todas as operações e transações que envolvem desde a produção de insumos agropecuários até a distribuição e consumo destes produtos agropecuários industrializados ou in natura. Diante do progresso tecnológico e a procura por produtos de melhor qualidade, o produtor rural precisa ampliar cada vez mais maneiras efetivas na área de produção.

Uecker e Braun (2005) reiteram que em tempos passados, o controle das técnicas no setor agropecuário era eficiente e conservava a produtividade em um grau considerável, além de garantir uma boa lucratividade. No momento atual, a realidade é bem diferente, com a abertura dos mercados e acirramento na concorrência interna, já não basta apenas produzir, é fundamental perceber o que produzir, como e quando produzir, e, sobretudo, como e quando comercializar.

Barreto (2010) afirma que o produtor rural deve empregar o planejamento dentro das propriedades rurais tendo em vista a definição de um objetivo a longo prazo. Barros (2012) enfatiza que o planejamento na empresa rural deve abranger diagnóstico tanto no ambiente externo, quanto no ambiente organizacional. No ambiente externo, oportunidades e ameaças são elementos que podem ser uteis para serem aproveitados ou evitados. O ambiente organizacional, por sua vez, possibilita que o produtor rural identifique as forças e as fraquezas de seu negócio, como por exemplo, nos insumos, nos recursos financeiros disponíveis, na relação com os clientes, na produtividade, na época e tipo de comercialização, na demanda, etc.

Independente de seu tamanho ou de seu segmento, planejar um negócio no momento atual, se torna requisito vital para o sucesso longevo e sustentável de uma empresa. A agricultura familiar, assim como qualquer outro negócio, está inclinada a cometer alguns deslizes na gestão, mesmo sendo considerado um pequeno negócio.

Conforme Silva e Buss (2011) o sucesso da pequena empresa rural, está crescentemente relacionado ao mercado e sua eficiência em explorar ao máximo seus recursos. Entretanto, é possível verificar que há uma enorme carência no gerenciamento destas empresas devido à ausência de organização, controle e planejamento. Froemming e Patias (2009) reforçam que a maior dificuldade entre os pequenos produtores rurais está no alcance de informações de maneira rápida e fácil. Comumente o produtor não acompanha o progresso do mercado e as modificações de hábito de consumo.

Nesta conjuntura, o planejamento nas pequenas empresas rurais, é primordial, visto que as mesmas devem expandir seus negócios de maneira lucrativa, e ao mesmo tempo atender as exigências do mercado. Não basta ser eficiente, é necessário ser efetivo, interagir, entender o meio em que está incluso e prever suas ações futuras.

3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realização deste trabalho foi primeiramente uma pesquisa bibliográfica desenvolvida a partir de material e livros e artigos científicos.

Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (MARCONI E LAKATOS 2006).            

Quanto à abordagem

No presente trabalho foi realizada uma pesquisa no intuito de fazer um levantamento sobre o Planejamento Estratégico empregado pelos produtores familiares em suas propriedades rurais. A pesquisa a campo foi realizada com os produtores comerciantes da feira municipal de Porteirinha, norte de Minas Gerais.

Foi estabelecida como base para avaliação uma abordagem quantitativa, que é a tradução em números de opiniões e informações classificadas e analisadas fazendo o uso de técnicas estatísticas, por Godoy (1995).

A fim de se atender os requisitos estabelecidos pelo objetivo do trabalho, optou-se pela tipologia descritiva. A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipula- lós. A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 2002).

Unidade de pesquisa

A unidade estudada foram produtores comerciantes no mercado municipal de Porteirinha. Nesse sentido, como perfil avaliado, considerou-se sendo; pessoa que tem empreendimento familiar em sua propriedade a qual reside e que, utilizam-se da estrutura do mercado para comercializar o excedente produzido, obviamente, com intuito de obter lucro e renda para si e sua família. 

Essa feira localiza-se na cidade de Porteirinha, no Norte de Minas, sendo considerado um ponto comercial estratégico de vários distritos e comunidades do município.

Amostragem e obtenção dos dados

Anterior à pesquisa, foi determinado como universo de avaliação, a quantidade mínima de 10 produtores comerciantes do mercado municipal de Porteirinha.

Instrumentos da coleta de dados

Na ocasião da pesquisa, foi utilizado como ferramenta da pesquisa, ,conforme metodologia de Marconi e Lakatos (2006).

Os dados obtidos foram tabulados e logo em seguida foram submetidos à análise estatística descritiva, sendo ao final, apresentados em forma de gráficos e tabelas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao se realizar a pesquisa a campo com a finalidade de obter o perfil dos entrevistados, foi observado conforme a Tabela 1, que 40% dos produtores estão entre 41 a 50 anos de idade, sendo a atuação de produtores com menos de 30 anos, de maneira geral, inexpressiva. Além da faixa etária, o grau de escolaridade foi fator significativo para delinear as caraterísticas do grupo entrevistado, e ainda de acordo com a Tabela 1, 30% dos entrevistados não possuem educação básica, assim como 30% possui educação básica incompleta. Se tratando do ensino superior, não foi observado produtor rural algum com essa escolaridade.

O acesso a computadores foi questionado com o intuito de verificar até onde vai a inclusão dos pequenos produtores no uso da tecnologia da informação, colocando em evidencia a inclusão digital que conforme a Tabela 1 não se faz presente na vida de 80% dos produtores entrevistados.

TABELA 1- Indicadores que traçam o perfil sociocultural dos produtores da cidade de Porteirinha, no estado de Minas Gerais.

Idade dos entrevistados

(%)

30 ou menos

0,0

31 a 40 anos

20,0

41 a 50 anos

40,0

51 a 60 anos

30,0

61 ou mais

10,0

Grau de escolaridade dos entrevistados

(%)

Sem escolaridade

30,0

Fundamental incompleto

30,0

Fundamental completo

0,0

   Médio incompleto

20,0

Médio completo

20,0

Superior incompleto

0,0

Superior completo

0,0

Acesso a computadores

(%)

Diz ter acesso

20,0

Diz não ter acesso

80,0

Fonte: Elaboração da autora, 2018.

Mesquita e Mendes (2012) ressaltam que a agricultura familiar é um agente responsável pela geração de empregos, pela contribuição com a segurança alimentar, com as questões ambientais, econômicas e sociais.  A relevância da agricultura familiar é sem dúvida incontestável, contudo, esse setor ainda passa por dificuldades estruturais que dificultam seu progresso.

 O baixo grau de escolaridade causa efeitos negativos na gestão da pequena empresa rural. A falta de instrução interfere diretamente na percepção da necessidade de incorporar novas tecnologias e buscar o crescimento do setor através do planejamento e aplicação do mesmo. Silveira (2011), afirma que  o conhecimento se tornou um elemento substancial para o desenvolvimento da agricultura brasileira.

As profundas transformações observadas no mundo rural, nos últimos 30 anos, geraram uma necessidade de adaptação por parte dos produtores, a uma nova realidade, em que a produção de subsistência deu lugar a um complexo sistema agroindustrial e as fronteiras entre rural e urbano tornaram-se, cada vez mais tênues e difusas. O conhecimento deixou de ser privilégio e tornou-se fator de desenvolvimento da agricultura (SILVEIRA, 2011).

A inclusão digital é outro aspecto que de certa forma inibe o desenvolvimento do pequeno produtor. Para Veiga (2012) a inclusão digital deve ser compreendida além do acesso ou venda de computadores a uma baixa faixa de preço. A inclusão digital deve significar melhoria das condições de vida de uma sociedade, viabilizando a ascensão intelectual e o aumento da renda.

Neste ponto serão analisados os resultados da pesquisa de campo realizada com os agricultores familiares que comercializam seus produtos no mercado municipal da cidade de Porteirinha, estado de Minas Gerais. As perguntas foram feitas com a finalidade de identificar as principais dificuldades que o pequeno produtor rural enfrenta para planejar e gerir seu pequeno negócio.

No gráfico da figura 1 é exposta a porcentagem de pequenos agricultores que realizam o planejamento e controle da produção. Chiavenato (1991) enfatiza que é através do planejamento e controle da produção que se estipula previamente o que se deve produzir de um determinado período. Deste modo, saber planejar e controlar o que está produzindo é extremamente relevante.

FIGURA 1: Porcentagem de produtores que responderam a pergunta: você faz planejamento e controle da produção?

Fonte: Elaboração da autora, 2018.

Dos produtores entrevistados, 80% afirma não saber realizar o planejamento e controle de produção de sua empresa rural, sendo assim, é notável que as pessoas que fazem parte desse setor, possuem escasso conhecimento na área de planejamento e controle de produção. Crepaldi (2002) assegura que todas as práticas que são produzidas no meio rural, necessariamente carecem de controles eficientes, independente do tamanho da empresa rural.

FIGURA 2: Porcentagem de produtores que responderam a pergunta: quem desempenha a função de administrador de seu negócio?

Fonte: Elaboração da autora, 2018.

Na figura 2, o gráfico evidencia quem são os responsáveis pelas práticas administrativas da empresa rural dos produtores entrevistados. A grande maioria, ou seja, 60% dos entrevistados responderam que são eles que realizam a função de administrador do negócio, já 40% assumiram que são os familiares que cuidam da parte administrativa do negócio. Durante a aplicação do questionário foi possível constatar que o número de produtores que utilizam serviços de profissionais da área é nulo.

Conforme Silva e Buss (2011) o sucesso da pequena empresa rural, está crescentemente relacionado ao mercado e sua eficiência em explorar ao máximo seus recursos. Entretanto, é possível verificar que há uma enorme carência no gerenciamento destas empresas devido à ausência de organização, controle e planejamento.

FIGURA 3: Porcentagem de produtores que responderam a pergunta: a comercialização destes produtos traz consigo um bom retorno financeiro?

Fonte: Elaboração da autora, 2018.

O gráfico da figura 3 indica em porcentagens a rentabilidade dos produtos comercializados pelos produtores entrevistados. 50% dos entrevistados responderam que a comercialização destes produtos às vezes é rentável, e a outra metade afirmou que a comercialização é muitas vezes rentável. Nota-se que apesar de os produtores entrevistados apresentarem certo amadorismo ao gerir a empresa rural, ainda sim, o negócio possui certa rentabilidade, contudo, também é possível observar que se os agricultores entrevistados fizessem planejamento, a rentabilidade seria maior, visto que, a finalidade do planejamento é diminuir custos, manter a qualidade dos produtos, tornando bem mais viável sua comercialização.

Certo (1993) declara que:

Um programa vigoroso de planejamento produz muitos benefícios. Primeiramente, ajuda os gerentes a se orientar para o futuro. Em segundo lugar, um programa de planejamento bem concebido aumenta a coordenação da decisão, pois impulsiona os gerentes a coordenar suas decisões. E em terceiro lugar, o planejamento enfatiza os objetivos organizacionais, uma vez que os objetivos são o ponto de partida para o processo de planejamento. (p. 104).

TABELA 2 - Indicadores que evidenciam a condição e aplicação das táticas administrativas dos produtores da cidade de Porteirinha, no estado de Minas Gerais.

REALIZA-SE HISTÓRICO DE FATURAMENTO

(%)

Sim

100

Não

0,0

REGISTROS DE HISTÓRICO DE FATURAMENTO

(%)

Sistema de gestão

0,0

Caderneta

100

Outros

0,0

Fonte: Elaboração da autora, 2018.

Ao se realizar a pesquisa a campo com o intuito de obter dados que evidenciam a situação e aplicabilidade de técnicas administrativas pelos produtores entrevistados, foi verificado, de acordo com a Tabela 2 que, 100% dos produtores afirmam realizar algum tipo de registro. É perceptível que todos os produtores entrevistados, possuem consciência de que é primordial registrar o rendimento das vendas, porém como indica ainda a Tabela 2, ao serem perguntados como ocorria o registro de faturamento, a maioria dos entrevistados, ou seja, 100% alegaram que utilizam o registro de faturamento, mas esses monitoramentos são efetuados através de anotações em cadernetas, não fazendo uso de nenhum sistema informatizado.

Dalmazo e Albertoni (1991) frisam que existe uma informalidade nos trabalhos de gestão rural conduzidos no país, e que por um lado os agricultores sempre realizaram a seu modo, de acordo com seu grau de formação e informação a administração de suas propriedades. Para Millard (2000) as tecnologias de informação e comunicação podem amparar, fortalecer e diversificar a produção na zona rural por se tornar uma ferramenta de gestão e planejamento.

Os dados coletados durante a pesquisa indicam que os produtores avaliados não empregam ferramentas adequadas e práticas gerenciais modernas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos, e nas observações realizadas durante a pesquisa, foi possível identificar que o pequeno produtor, mesmo sendo responsável por uma contribuição significativa no que se refere ao abastecimento do mercado interno, ainda enfrenta numerosos motivos que o impede de elaborar e aplicar o planejamento em sua empresa rural e, por conseguinte, tornar seu empreendimento mais bem estruturado e rentável.

Foi possível verificar também que, um dos obstáculos mais relevante enfrentado pelo pequeno produtor é a falta de inclusão digital aplicada e efetiva, afinal, tecnologias de informação e comunicação só são coerentes se houver inclusão digital no campo. É perceptível que a falta de acesso e a obtenção dessas tecnologias, traz também consigo a dificuldade em operar um sistema de gestão informatizado, notoriamente mais eficiente e auxiliador nas tomadas de decisões no decorrer do planejamento. Provavelmente, as razões pelas quais 80% dos produtores entrevistados não possuem acesso a computadores estão relacionadas a uma inclusão digital falha, acompanhada de um baixo grau de escolaridade.

Outro provável elemento identificado na pesquisa que contribui para que ocorra a falta de planejamento nas pequenas empresas rurais dos produtores entrevistados, é a falta de conhecimento de que há órgãos governamentais que são capazes de auxiliá-los nessas questões de cunho administrativo. Uma propagação massiva da existência desses órgãos governamentais de assistência ao pequeno produtor é crucial.

Diante de uma inclusão digital limitada e a uma carência informacional está a privação de uma agricultura mais tecnificada, os produtores entrevistados, conduzem a pequena empresa rural de uma forma mais amadora e obsoleta. Esses fatores contribuem para que aconteça a realização de planejamento e comprometem a formalização do negócio

Os dados produzidos pela pesquisa sugerem que grande parte dos produtores entrevistados não dá a devida importância ou apenas desconhecem a necessidade de planejar, assim como a revisão de bibliografia sugere que o ato de planejar torna a empresa melhor gerenciada e mais lucrativa, e é aí que surge a oportunidade do pequeno produtor progredir, visto que uma boa gestão rural, pode garantir o futuro da propriedade.

6. REFERÊNCIAS

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CERTO, S.C. Administração Estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993.

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DRUCKER, Peter F. Administração, tarefas, responsabilidade, práticas. São Paulo: Saraiva, 2005.

FARIA, José Carlos. Administração- Introdução ao estudo. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1994.

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GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002

GODOY, A. S.(1995). Pesquisa qualitativa - tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, 35(3), 20-29.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. 10.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

KWASNICKA, Eunice Laçava. Introdução à Administração. 3. ed., São Paulo: Atlas,1986.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MAXIMIANO, Antônio César. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MESQUITA, Lívia Aparecida Pires de; MENDES, Estevane de Paula Pontes. A agricultura familiar é estratégias: a participação feminina na reprodução socioeconômica e cultural. Espaço em revista, Universidade Federal de Goiás, GO, vol.14,n.1 jan./jun,p. 14-23-2012.

MILLARD, J. et al. As tecnologias da informação ao serviço do desenvolvimento rural. Tradução de Andréia Roma. 4. ed. São Paulo: Leader, 2000.

MORGADO, Ana Catarina; PINHO, Flávia. Planejamento estratégico: vantagens e desvantagens do planejamento estratégico. Disponível em: . Acesso em: 1nov.2018.

OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento estratégico. 3 ed. São Paulo: Atlas,2012,

SCHERMERHORN, John; HUNT, James G. ; OSBORN, Richard N. Fundamentos  de comportamento organizacional. 2ed. Porto Alegre: Bookman, 1999.

SERRA, F.; TORRES, M.C.; TORRES, A.P. Administração estratégica- conceitos, roteiro prático, casos. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores, 2004.

SILVA, Paola; BUSS, Ricardo N. A administração na pequena propriedade rural. Revista São Luiz Orione ,v.1,n.5, 2001.

TIFFANY,Paul; PETERSON, Steven. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro; Campus, 1999.

UECKER, Gelson Luiz; UECKER, Adriane Diemer; BRAUN, Mirian Beatriz Schneider. A gestão dos pequenos empreendimentos rurais num ambiente competitivo global e de grandes estratégias. In: XLIII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural – Anais... SOBER, 2005, Ribeirão Preto -SP, 2005.

VEIGA, J. E. ; ABRAMOVAY, R.; EHLERS. Em direção a uma agricultura mais sustentável. In: Costa Ribeiro, W. (Org.). Patrimônio Ambiental Brasileiro. 1ª Ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. p. 305-333.

VIERO, V. C.; SILVEIRA, A.C.M. Apropriação de tecnologias de informação e comunicação no meio rural brasileiro. Cadernos de Ciência e tecnologia, Brasília, DF,V.28,n.1, jan./abr.2011.

7. APÊNDICES

Questionário

1. Qual é a sua idade?

(   ) 30 ou menos

(   ) 31 a 40 anos

(   ) 41 a 50 anos

(   ) 51 a 60 anos

(   ) 61 ou mais

2. Qual é o seu grau de escolaridade?

(   ) Sem escolaridade

(   ) Fundamental incompleto

(   ) Fundamental completo

(   ) Médio incompleto

(   ) Médio completo

(   ) Superior incompleto

(   ) Superior completo

3. Possui acesso a computadores?

(   ) Sim

(   ) Não

4. Há quanto tempo você comercializa seus produtos no Mercado Municipal?

(   ) 4 anos ou menos

(   ) 5 a 10 anos

(   ) 11 a 20 anos

(   ) 12 a 30 anos

(   ) 31 anos ou mais

5. Você mesmo que produz as mercadorias comercializadas em sua barraca?

(   ) Sim

(   ) Não

6. Você faz o planejamento e controle da produção?

(   ) Sim

(   ) As vezes

(   ) Não

(   ) Não sei como se faz

7. Você comercializa seus produtos em outros lugares além do mercado municipal?

(   ) Sim

(   ) Não

8. Se acaso a resposta da pergunta anterior for sim: em quais outros lugares você comercializa seus produtos?

(   ) Supermercados, servindo de fornecedor.

(   ) Em estabelecimento comercial fixo e mais formal em outro ponto da cidade.

(   ) Vendo a domicílio.

(   ) Outras

9. Se acaso a resposta da pergunta anterior for não: pensa em comercializar seus produtos em outros lugares além do Mercado Municipal?

(   ) Sim

(   ) Não

10. Se acaso a resposta da pergunta anterior for sim: onde pensa em comercializar seus produtos?

(   ) Supermercados, servindo de fornecedor.

(   ) Montar um estabelecimento comercial fixo e mais formal em outro ponto da cidade.

(   ) Vender a domicílio.

(   ) Outras

11. Quem desempenha a função de administrador de seu negócio?

(   ) Eu mesmo

(   ) Familiares

(   )  Um profissional da área

(   )  Outras

12. A comercialização destes produtos traz consigo um bom retorno financeiro?

(   ) Não

(   ) Raramente

(   ) As vezes

(   )  Muitas vezes

(   ) Sempre

13. Quando termina o expediente aqui no Mercado Municipal, sobram muitas mercadorias em sua barraca? Você volta com muitas mercadorias pra casa?

(   ) Não

(   ) Raramente

(   ) As vezes

(   )  Muitas vezes

(   ) Sempre

14. Você de alguma forma registra suas vendas (histórico de faturamento)?

(   ) Sim

(   ) Não

15. Se acaso a resposta da pergunta anterior for sim: como você registra esse histórico de faturamento?

(   ) Sistema de gestão

(   ) Caderneta

(   ) Outros meios

16. Você tem consciência que existem programas governamentais que ajudam a direcionar e gerir pequenas empresas rurais?

(   ) Sim

(   ) Não

DECLARAÇÃO

Declaramos para a banca de apresentação de TCC responsável pela avaliação da Pesquisa intitulada ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ que o presente artigo passou por revisão ortográfica e gramatical e não contém plágio.

___________________________________

Assinatura do autor 1

___________________________________

Assinatura do autor 2

AVALIAÇÃO DE TCC

TEXTO ESCRITO

QUESITO

PONTOS VÁLIDOS

PONTOS ATRIBUÍDOS

Apresentação de todos os itens previstos em uma monografia

 5 PONTOS

 

Adequação da bibliografia com a temática e utilização de diferentes autores com apresentação de aproximações e distanciamentos entre eles

10 PONTOS

 

Nível adequado de linguagem considerando correção ortográfica e as características do texto científico

5 PONTOS

 

Adequação às normas da ABNT

15 PONTOS

 

Temática pertinente ao conteúdo do curso

5 PONTOS

 

Resultados claramente descritos com ordenação lógica das ideias

5 PONTOS

 

Análises pertinentes ao problema e objetivos delimitados

5 PONTOS

 

Gráficos / tabelas / imagens claras e coerentes, e discutidos de forma pertinente

10 PONTOS

 

TOTAL

60 PONTOS

 

 

TEXTO ESCRITO

QUESITO

PONTOS VÁLIDOS

PONTOS ATRIBUÍDOS

Explicitação dos objetivos do trabalho monográfico

 5 PONTOS

 

Domínio do conteúdo

15 PONTOS

 

Clareza na abordagem

5 PONTOS

 

Pontualidade e uso adequado do tempo para apresentação

2,5 PONTOS

 

Uso da linguagem (tom de voz, pausas), adequação vocabular

2,5 PONTOS

 

Respondeu, adequadamente, às arguições propostas

5 PONTOS

 

Utilização adequada dos recursos didáticos (se forem utilizados)

5 PONTOS

 

TOTAL

40 PONTOS

 


Publicado por: Nínive Rayanne Braz Soares

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