ESTUDO E IDENTIFICAÇÃO DAS CLASSES DE SOLOS NUMA TOPOSSEQUÊNCIA DE AMBIENTES DA FAZENDA EXPERIMENTAL MORRO FEIO, NO MUNICÍPIO DE HIDROLÂNDIA - GO

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1. RESUMO

O solo é uma seleção de corpos naturais que desempenha uma série de funções indispensáveis para a manutenção da vida, em todos os aspectos. O solo pode sofrer alterações em decorrência do tempo, por ações antrópicas e naturais. O projeto de estudo e pesquisa sobre os solos da Fazenda Experimental Morro Feio seguindo uma topossequência com diferenças de ambientes poderá gerar conhecimento acerca da tipologia dos solos da região bem como suas propriedades físicas e químicas. Nisto, o objetivo do estudo de identificação e classificação do solo da Fazenda Experimental Morro Feio é poder trazer conhecimentos sobre os tipos de solos e suas limitações, os tipos de manejos que podem ser empregados mediante a sua capacidade de uso, os processos de degradação, os métodos de recuperação e conservação do solo, além de trazer detalhes sobre suas características físicas e químicas mediante as análises laboratoriais que serão realizadas. O estudo foi realizado com visitas a campo, onde foram estabelecidos os pontos de coletas, nos quais foram observados cada posição do relevo, as características vegetativas, influência do manejo na matéria orgânica do solo, estrutura, consistência e cerosidade. Em cada ponto de observação foram executadas trincheiras no solo para a avaliação de suas propriedades e a verificação em seus fatores de formação, determinando as associações entre parâmetros e classes dos solos em diferentes fitofisionomias. Após efetuada a caracterização do ambiente foram realizadas as coletas do solo para análise laboratorial. A amostragem do solo é a principal etapa de um programa de avaliação do solo, pois é com base na análise completa do solo (macro, micro e textura), que se realiza a interpretação. Como resultados obteve-se os dados necessários como vegetação primária, atual uso, formação geológica, propriedades morfológicas, físicas e químicas. Os solos foram classificados como Cambissolo Háplico Tb Eutrófico; Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico Luvissólico; Gleissolo Háplico Tb Eutrófico; Gleissolo Háplico Tb Eutrófico; Cambissolo Háplico Tb Eutrófico Típicos, respectivamente. Concluiu-se que os solos da Fazenda Experimental Morro Feio são predominantemente eutróficos, ou seja, solos com alta fertilidade. Este atributo pode favorecer em seu manejo e uso, porém devido ao uso da área para fins de pastagens, pode-se ocorrer a degradação do solo, visto que há o pisoteamento do gado que poderá acarretar na compactação do solo, que por consequência reduzirá seus espaços de vazios, perdendo a sua capacidade de infiltração, fator este que pode ser agravado devido a declividade da área, aumentando o escoamento superficial.

Palavras-chave:Taxonomia; Classificação; Solos Eutróficos.

STUDY AND IDENTIFICATION OF SOIL CLASSES IN A TOPSEQUENCE OF ENVIRONMENTS AT THE EXPERIMENTAL FARM MORRO FEIO, IN THE MUNICIPALITY OF HIDROLÂNDIA - GO

2. ABSTRACT

Soil is a selection of natural bodies that performs a series of indispensable functions for the maintenance of life, in all aspects. The soil can change over time, due to anthropic and natural actions. The study and research project on the soils of the Experimental Farm Morro Feio following a toposequence with different environments will be able to generate knowledge about the typology of the region's soils as well as their physical and chemical properties. In this, the objective of the study of identification and classification of the soil of the Experimental Farm Morro Feio is to be able to bring knowledge about the types of soils and their limitations, the types of management that can be used according to their capacity of use, the degradation processes, the methods of soil recovery and conservation, in addition to bringing details about its physical and chemical characteristics through the laboratory analyzes that will be carried out. The study was carried out with field visits, where collection points were established, in which each position of the relief, vegetative characteristics, influence of management on soil organic matter, structure, consistency, waxiness were observed. At each observation point, trenches were built in the soil to evaluate its properties and verify its formation factors, determining the associations between parameters and classes of soils in different phytophysiognomies. After carrying out the characterization of the environment, soil collections were carried out for laboratory analysis. Soil sampling is the main step in a soil assessment program, as it is based on the complete analysis of the soil (macro, micro and texture) that the interpretation is carried out. The results obtained the necessary data such as primary vegetation, current use, geological formation, morphological, physical and chemical properties. The soils were classified as Cambisol Haplic Tb Eutrophic; Luvisolic Eutrophic Red-Yellow Ultisol; Eutrophic Tb Haplic Gleysol; Eutrophic Tb Haplic Gleysol; Typical Haplic Tb Eutrophic Cambisols, respectively. It was concluded that the soils of the Experimental Farm Morro Feio are predominantly eutrophic, that is, soils with high fertility. This attribute can favor its management and use, but due to the use of the area for grazing purposes, soil degradation can occur, as there is trampling of cattle which can result in soil compaction, which will consequently reduce its void spaces, losing their infiltration capacity, a factor that can be aggravated by the slope of the area, increasing surface runoff.

Keywords: Taxonomy; Classification; Soils Eutrophic.

3. INTRODUÇÃO

O solo é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem, eventualmente, terem sidos modificados por interferências antrópicas (SANTOS et al., 2018).

É possível encontrar diferentes características para o solo, por isto, deve-se fazer observações através de suas características morfológicas, por meio de análises em campo. Silva (2018) afirma que é frequente perceber variações na textura, cor e na estrutura do solo. A análise de perfis de solo ao longo de uma topossequência oferece a geomorfologia dados importantes para o estudo (GHIDIN, et al., 2006). A investigação dessa variação nas classes de solos pode nos proporcionar grande subsídio a este conhecimento, auxiliando na compreensão do comportamento e funcionamento dos solos deste local.

A área de ensaio apresenta declividade, fator este que acarreta em alterações no solo devido o escoamento superficial, ocasionando erosões. A erosão hídrica causa elevadas perdas de solos em áreas de produção agrícola, pois a ação conjunta dos impactos das gotas de chuva seguidas de escoamento superficial, arrastam as partículas de solo em suspensão e transportam nutrientes, matéria orgânica e defensivos agrícolas. Sendo assim, a erosão hídrica contribui diretamente para a redução da capacidade produtiva dos solos (NUNES e CASSOL, 2008; BOCUTI et al, 2018). Com a realização do estudo e a identificação das classes de solos em diversos perfis da Fazenda Experimental Morro Feio, de que forma estes resultados poderão definir critérios para a utilização e conservação do solo?

O solo pode sofrer alterações em decorrência do tempo, por fatores naturais e por ações do homem. Estas mudanças podem ser benéficas ou danosa ao solo, por isto, o estudo para levantamento e classificação de solo é de extrema importância para uma região, pois a partir disto, pode-se definir uma série de condições a respeito do local, como tipo de flora, viabilidade para uso agrícola, entre outros aspectos naturais. A alteração dos sistemas naturais pela ação do homem dá origem às áreas alteradas, que por consequência pode ter sua capacidade de produção reduzida, isto pode constituir prejuízo socioeconômico.

Lima (2006) afirma que existem vários fatores econômicos, culturais e sociais associados à degradação do solo. O processo de degradação do solo ocorre quando suas características determinantes são modificadas negativamente, principalmente pela retirada de pequenas partículas ricas em nutrientes do solo, promovendo o decréscimo da fertilidade, pela redução das produções ou por crescentes necessidades da reposição de fertilizantes e corretivos (SANTOS, et al., 2010).

Outro aspecto que contribui para a degradação dos solos é o desconhecimento sobre este componente do ambiente, e sua importância. O manejo inadequado das pastagens e ausência de técnicas de conservação resulta em degradação (ARMENTERAS et al., 2013; DIAS et al., 2016). Quando não manejado adequadamente, causa mudanças drásticas nos atributos químicos e físicos do solo (COSTA e DRESCHER, 2018).

O projeto de pesquisa e estudo das classes de solos em uma topossequência com diferença de ambientes propõe o conhecimento das tipologias e estruturas do solo em diferentes perfis. Segundo Azevedo e Bueno (2016) o levantamento e classificação dos solos podem contribuir na escolha de técnicas de uso e manejo sustentável do solo e propiciar o seu desenvolvimento. Com base nas características dos solos obtidas através do levantamento de solos, é possível segregar grupos de solos com maior e menor potencialidade de uso. Essa indicação pode ser útil na organização da propriedade, bem como auxiliar na alocação das áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (RAMOS et al, 2018).

Para propor o uso mais adequado e racional do solo, é necessário conhecer bem seus atributos, e a partir disso propor técnicas de manejo mais adequadas para as condições locais (AZEVEDO e BUENO, 2016). A fazenda experimental Morro Feio está situada no bioma Cerrado e possui um amplo espaço geográfico, com aproximadamente 100 ha. Os solos do cerrado se caracterizam por seu alto grau de intemperismo e por sua acidez.

O desconhecimento da classe de solo na área de ensaio gera a necessidade de seu estudo, visto que há diversas características críticas no ambiente como declividade, diversificação de paisagens que são respostas dos processos já influenciados, solos pedregosos e antropizados, pastagens degradadas e erosões. A análise do ecossistema na fazenda poderá gerar o conhecimento de cada ambiente além de nos proporcionar outras descobertas. Portanto, é necessário efetuar o estudo e identificação das classes de solos numa topossequência de ambientes para reconhecer áreas frágeis com baixo potencial de uso e áreas com alta capacidade de uso e resiliência.

Nisto, o objetivo do estudo de identificação e classificação do solo da Fazenda Experimental Morro Feio foi poder trazer conhecimentos sobre os tipos de solos, os processos de degradação, os manejos que podem ser empregados mediante a sua capacidade de uso, além de trazer detalhes sobre suas características físicas e químicas mediante as análises laboratoriais que foram realizadas.

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Brasil possui uma grande diversidade de solos em sua extensão continental, decorrente da ampla diversidade de pedoambientes e de fatores de formação do solo. (EMBRAPA, 2021). Na formação do solo, podem-se destacar alguns fatores que são considerados principais, são eles: a atividade biológica dos organismos vivos, o clima, o material original, o tempo e a topografia (OLIVEIRA, et al., 2018). Conforme Ahuja et al. (2002), a topografia desempenha um papel importante na mudança das propriedades do solo. O processo de formação do solo pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1. Evolução da formação e maturidade do solo (BUOL et al., 1997).

A relação da geologia nos estudos da paisagem e solo dá-se através do processo de transformação das rochas, no caso, o produto final do intemperismo e sedimentos que agem por meio dos processos físicos, químicos e biológicos, formando, assim, os solos, que posteriormente estabelece diversos tipos de horizontes, assim como as suas características específicas, integrando as variadas classes de solos em determinadas paisagens (MENDES, 2020). Os diferentes tipos de relevo, rochas e condições climáticas dão origem também a diferentes solos (FERREIRA, et al., 2018). Em uma topossequência as propriedades do solo variam devido ao grau de erosão, transporte e deposição de componentes químicos e particulados (KRASILNIKOV, et al., 2005; RITCHIE, et al., 2007; SCHWANGHART e JARMER, 2011).

Conforme Almeida e Sanches (2014) o solo é um sistema complexo, nos quais ocorrem trocas de energias e materiais orgânicos com o meio, onde a matéria orgânica se torna nutriente ao solo, logo, a fertilidade está diretamente ligada à matéria orgânica. O nível de fertilidade é constituído em níveis chamados horizontes, sendo-os (O, A, B, C, D) nos quais são diferenciados por cor, composição e textura.

As propriedades do solo são características presentes e observáveis que permitem distinguir um determinado tipo de solo dos demais. Algumas características rotineiramente observadas na descrição morfológica de solos são: cor, textura, estrutura, consistência, porosidade, cerosidade, nódulos e concreções minerais, minerais magnéticos, carbonatos, manganês, sulfetos, eflorescências, coesão (EMBRAPA, 2021). Dentre essas propriedades estão, por exemplo, a quantidade e intensidade de nutrientes, pH e capacidade de tamponamento, capacidade de troca de cátions e ânions, estabilidade de agregados, proteção do carbono no solo e a dispersão e resistência à erosão (CAPOANE et al., 2016).

Lisboa et al., (2016, p.1184-1193) afirmam que o conhecimento dos indicadores de qualidade do solo é essencial para compreender a condição ambiental. Os indicadores de qualidade do solo são atributos que medem ou refletem o status ambiental ou a condição de sustentabilidade do ecossistema (SILVA, et al., 2020).

Os atributos do solo são um conjunto de elementos que, simultaneamente, formam os índices de qualidade do solo, conforme demonstrado no quadro 1. Os indicadores físicos são capazes de determinar como estão ocorrendo os processos hidrológicos no solo como: taxa de infiltração, escoamento superficial, drenagem e erosão. Estes indicadores permitem analisar a dinâmica do solo, de modo a justificar possíveis situações observadas nas áreas de estudo, como exemplo, pode-se mencionar que as altas taxa de compactação e presença de erosão podem justificar a ausência de plantas sobre o solo (FREITAS, et al., 2017).

O estudo dos atributos químicos do solo permite analisar a fertilidade presente na área (FREITAS, et al., 2017). No entanto, alguns indicadores são recomendados em alguns estudos como essenciais para determinar a condição ambiental do solo, como pH e matéria orgânica, em função de influenciarem diretamente no crescimento e desenvolvimento de plantas (COSTA, et al., 2017). Os indicadores biológicos mensuraram a atividade microbiológica no solo por meio de análises como o carbono da massa microbiana, carbono orgânico total e a respiração basal (ALEF e NANNIPIERE, 1995).

A análise dos atributos do solo tem sido amplamente utilizada em estudos que buscam avaliar a condição ambiental ou a saúde do solo, sendo descritos na forma de indicadores de qualidade, os quais se tratam de propriedades mensuráveis que indicam a capacidade do solo de sustentar e promover a qualidade ambiental (YADA, et al., 2015; LISBOA, et al., 2016; STUMPF, et al., 2016; LIMA, et al., 2017; FREITAS et al., 2017). O conhecimento dos atributos e a classificação dos solos podem auxiliar imensamente na compreensão da distribuição e dinâmica espaciais das atividades econômicas e de como estas podem se associar à evolução da cobertura da terra e ao surgimento de problemas ambientais (FARIAS FILHO, et al., 2020).

Quadro 1. Bioindicadores de qualidade do solo.

Índice de qualidade dos solos

Indicadores Físicos

Indicadores Químicos

Indicadores Biológicos

  • Textura

  • Densidade

  • Capacidade de retenção de água.

  • Matéria Orgânica

  • pH

  • Al

  • Ca+ Mg

  • P

  • K

  • Atividade Microbiana

  • Biomassa

  • Diversidade

 

A perda superficial do solo provoca a diminuição dos nutrientes importantes para o desenvolvimento dos organismos que ali se instalam. Essa perda é provocada pela erosão laminar que, muitas vezes é intensificada pela ação antrópica por meio de ações como a retirada da cobertura vegetal, facilitando a ação das chuvas pelo salpicamento, que por meio da força cinética da gota da chuva desagrega o solo e facilita o seu transporte (VIEL, et al., 2017). Na Figura 2 pode ser visualizada como ocorre este processo de perda superficial do solo.

Figura 2. Fases do processo de erosão (LOURENÇO e NUNES, 2019).

Na análise dos processos erosivos do solo, além do fator erosividade, devem-se observar os fatores de erodibilidade, que envolvem o tipo do solo, a forma da vertente bem como a sua declividade (VIEL, et al., 2017). A declividade do terreno reflete na incidência de restrições de uso, bem como pode potencializar os processos erosivos (CARVALHO, et al., 2017). Os solos de áreas declivosas apresentam maior escoamento superficial, o que gera menor disponibilidade de água para as plantas e consequentemente um crescimento vegetal deficiente, que é logo perdido pela erosão (FERREIRA, et al., 2018).

Devido à necessidade de recuperar áreas degradadas, a legislação ambiental nacional desenvolveu-se com a incorporação de leis e normas acerca do tema. Nesse sentido, a legislação pioneira sobre Recuperação de Áreas Degradadas (RAD) é composta, principalmente, pela Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei n. 6.938/1981, e pela Constituição Federal (CF) de 1988. Ambas visam à recuperação como forma de garantir a disponibilidade permanente de recursos ambientais, para que sejam asseguradas, dentre outras, condições ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil e à proteção da dignidade da vida humana (BRASIL, 1981; 1988).

Restaurar áreas no Cerrado é uma difícil atividade pois esse bioma possui peculiaridades e condições ambientais muito restritivas, soma-se ao fato de que ainda há a escassez de pesquisas sobre o assunto, estimulando a aplicação de práticas não direcionada à essa região (RODRIGUES, et al., 2020). Para se recuperar as pastagens degradadas, têm-se à disposição diversos métodos e tecnologias. A escolha de qual técnica de recuperação deve ser utilizada vai depender da situação de degradação do solo, vigor e densidade de plantas forrageiras, disponibilidade de tempo e de recursos, considerando-se as condições climáticas da região (CARVALHO, et al., 2017).

Tendo em vista as diferentes metodologias para recuperação de áreas degradadas, verifica-se a importância de estudá-las para que a seleção do melhor método seja feita de acordo com as condições ambientais, sociais e econômicas da área a ser recuperada e das áreas circunvizinhas, o que permite garantir a manutenção da qualidade ambiental dos ecossistemas terrestres e aquáticos (RODRIGUES, et al., 2020).

Como alternativa, aponta-se a adubação verde que permite melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo. Sobretudo, é de fundamental importância selecionar as espécies adubadoras adequadas para as diferentes condições edafoclimáticas (FÉLIX et al., 2016). Martins et al., (2019) descrevem diversos benefícios da adubação verde, dentre elas estão a fixação biológica de nitrogênio no solo; aumento do teor de matéria orgânica; aumento da capacidade de retenção de umidade; disponibilização de N, P e K pela decomposição de resíduos; redução da incidência de pragas e doenças; proteção do solo em relação a erosão e radiação solar; descompactação e aeração; estruturação do solo, além da atividade biológica e o sequestro de carbono.

Saldanha et al. (2017) ressaltam ainda que a utilização de leguminosas pode reduzir a necessidade da adubação nitrogenada, visto que a utilização desse fertilizante requer um investimento econômico significativo. Solos empobrecidos, desprotegidos, com baixos valores de nutrientes disponíveis para as plantas e com baixa diversidade de microorganismos. Essa situação pode reduzir a produtividade potencial do sistema agrícola e, consequentemente, pode levar o produtor a ter prejuízos. Esses são os problemas que podem ser minimizados com o uso da adubação verde (EMBRAPA, 2007).

O Sistema Plantio Direto (SPD) é um sistema de manejo, de caráter conservacionista do solo, capaz de recuperar a qualidade de solos degradados, sujeito às condições de manejo e gestão do sistema. Ele é capaz de melhorar consideravelmente os teores dos atributos químicos nos solos, como os macros e micronutrientes, onde está implantado e consequentemente melhora os padrões de produtividade aliado à sustentabilidade e à função social da terra de diminuir o êxodo rural diante das melhores condições de produção (DINIZ, et al., 2021). O plantio direto é aplicado, principalmente, em propriedades rurais para cultivos agrícolas, apesar de poder ser utilizado em consórcios florestais (PARRON et al., 2015; FERREIRA et al., 2016). A prática do sistema de plantio direto pode ser vista na Figura 3, que ilustra a aplicação do sistema na produção de milho.

Figura 3. Sistema de plantio direto (MINITTI, 2018).

Aplicação de calcário é uma das formas que auxilia na conservação do solo. Costa et al. (2016) em seu experimento com calagem de um Latossolo em um sistema de plantio direto afirmam que a calagem é primordial para o cultivo e que a mesma melhora a disponibilidade de cálcio, magnésio, fósforo, eleva o pH para condições ideais, diminuiu a acidez do solo e aumenta a saturação por base, beneficiando o desenvolvimento da cultura e permitindo uma máxima produção efetiva. Na ilustração da Figura 4, é representado o solo com a aplicação de calcário.

Figura 4. Calagem no solo (HESS, 2017).

Cravo et al. (2012) afirmam que o uso de calcário é uma prática essencial para a produção agrícola. A calagem aumenta as concentrações de Ca e a força iônica na solução do solo, consequentemente uma melhoria na estrutura do solo e na condutividade hidráulica, no qual beneficiará a planta a sobreviver em meios de stress hídrico oferecendo maior resistência a mesma (GOULDING, 2016). Entretanto a calagem excessiva também é prejudicial, pois a relação do cálcio no solo aumenta, e o mesmo acaba precipitando com outros nutrientes como fósforo e magnésio (ANDA, 1971). Na ilustração da Figura 6, é representado o solo com a aplicação de calcário.

Conforme Vilela (2021), ações de conservação são implementadas na tentativa de conservar a biodiversidade do Cerrado. A conservação do solo diminui o impacto ambiental de forma a maximizar o lucro e a capacidade produtiva, permitindo benefícios ambientais para a sociedade e benefícios econômicos para o produtor (SARCINELLI, et al., 2009). Kassam et al., (2018) afirmam que a agricultura conservacionista (AC) possui eficiência comprovada na melhoria da qualidade do solo e na conservação dos recursos naturais.

No Brasil, a AC é utilizada em aproximadamente 86% das áreas de lavouras temporárias (KASSAM, et al., 2018), e seu alto uso é associado com a tentativa de redução e controle da erosão causada principalmente pela água (MERTEN, et al., 2015). A AC é considerada o mais importante sistema de conservação do solo e da água, principalmente em regiões tropicais e subtropicais (DERPSCH, et al., 2010).

Um dos argumentos mais favoráveis à conservação do Cerrado é que este provê serviços ecossistêmicos essenciais para o Brasil, a exemplo do sequestro de carbono, regulação climática regional, todos indispensáveis à sociedade, sua agropecuária e ao meio ambiente. Portanto, a biodiversidade é a guardiã de serviços ambientais vitais para a própria agricultura, tornando o cenário paradoxal e preocupante (DICKIE et al., 2016; SPERA, 2017).

Deve-se buscar a conservação do Cerrado, de modo que se possa atingir a sustentabilidade regional e manter no futuro os atuais níveis de riquezas econômicas proporcionadas pelo Cerrado (PEREIRA e CONEGLIAN, 2020). Além disso, de acordo com Mews et al., (2014) deve-se considerar que em áreas como a de estudo, tem-se o potencial de contribuir de forma a agregar com a manutenção da fauna e flora em suas regiões, auxiliando na proteção da biota do Cerrado.

O solo é um componente fundamental do ecossistema terrestre, pois é o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento e disseminação. O solo fornece às raízes fatores de crescimento como suporte, água, oxigênio e nutrientes (LIMA et al., 2007). Por isto, é de extrema importância ter-se o conhecimento dos tipos de solos que podem ser encontrados na Fazenda Experimental Morro Feio, além de suas classificações e níveis de fertilidade e produtividade em cada local da propriedade.

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo é uma propriedade rural, com aproximadamente 100 ha, pertencente ao Bioma Cerrado, que de acordo com Ratter (1997) é caracterizado por ter sua vegetação de árvores pequenas e tortuosas, cascas grossas e seus solos são ácidos e pouco férteis. Possui Latitude de 16º 54' 22'' S e Longitude 49º 14' 45'' W, sua altitude é de 850 m no ponto mais alto e de 771m aproximadamente na parte mais baixa (GOOGLE EARTH, 2021). As coletas serão realizadas em 5 pontos da fazenda, seguindo uma topossequência, conforme a figura 6. A temperatura média anual tem variação de 18ºC para mínima e 30ºC para a máxima. A classificação climática, de acordo com Köppen, Alvares et al., (2013) definiram o clima sendo do tipo Aw, e Nimer (1989) afirma que esse é caracterizado por invernos secos e verões chuvosos.

O município de Hidrolândia apresenta uma ampla e heterogênea cobertura pedológica com destaque para a Associação de Argissolo Vermelho-Amarelo + Latossolo Vermelho; Associação de Cambissolo Háplico + Argissolo Vermelho-Amarelo; Associação de Cambissolo Háplico + Neossolo Litólico; Associação de Gleissolo + Neossolo Flúvico; Associação de Latossolo Vermelho + Latossolo Vermelho – Amarelo; e por fim, a Associação de Neossolo Litólico + Cambissolo Háplico (ZENAG, 1994).

De acordo com os aspectos geológicos do município de Hidrolândia, seu afloramento está posicionado na coluna estratégica do Grupo Araxá – Unidade B, que exibe seus padrões de litologias distintas, correspondendo a faces de quartzitos, bem como rochas de metamorfismo intermediário, a saber o xistos, clorita xistos, micaxistos. Na região do Morro Feio tem-se a ocorrência da Suíte Intrusiva Máfico-Ultramáfica, que é constituída de Serpertinito parcial ou totalmente calcificado ou cloritizado. Em uma descrição mais ampla, o Grupo Araxá – Unidade B é constituído de metassedimentos xistosos, bem como de litofácies quartzosas constituídas por quartzitos.

Figura 6. Mapa da topossequência e pontos de coletas.

5.2. COLETA DE DADOS

A importância de se saber a geologia e predomínio de rocha da região faz-se necessário para auxílio e apoio do levantamento de solos, devido a isto, serão utilizados materiais para suporte e sustento dos dados, como o uso de Cartas Geológica da região e Programas de Levantamentos Geológicos do Brasil.

Serão realizados estudos e identificação das classes de solos numa topossequência da fazenda. Para a coleta de dados serão realizadas visitas in loco, no qual será estabelecido uma sequência de pontos obedecendo a uma topossequência, nos quais serão observados cada posição do relevo, as características vegetativas, influência do manejo na matéria orgânica do solo, estrutura, consistência, cerosidade. Em cada ponto de observação serão executadas trincheiras no solo para a avaliação de suas propriedades e se há variação em seus fatores de formação, assim, visando determinar as associações entre parâmetros e classes dos solos em diferentes fitofisionomias.

Para realização de abertura das trincheiras, conforme o Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo (2005) serão necessários alguns materiais, como: Martelo pedológico; trados (holandês e de caneco com extensão, de rosca); enxadão, pá quadrada; pá reta; faca; facão; martelo de borracha; canivete; tesoura; pá de plástico de mão, espátula de plástico; borrifador de água, pincel, etc.

Após efetuada a caracterização do ambiente serão realizadas as coletas do solo para análise laboratorial. A amostragem do solo é a principal etapa de um programa de avaliação do solo, pois é com base na análise completa do solo (macro, micro e textura), que se realiza a interpretação e que são definidas práticas mais confiáveis de manejo de corretivos e de fertilizantes. Neste sentido, ressalta-se que, no laboratório, não se consegue minimizar ou corrigir os erros cometidos na amostragem do solo. Assim, uma amostragem inadequada do solo resulta em uma análise inexata e em uma interpretação e recomendação equivocada, podendo causar graves prejuízos econômicos ao produtor e danos ao meio ambiente (SOLOQUÍMICA, 2021).

A realização das amostras será com coletas de uma amostra por horizonte. Definido o ponto de coleta, serão retiradas as amostras que serão analisadas pelo laboratório. Serão realizadas 5 trincheiras ao longo de uma topossequência. As análises laboratoriais realizadas contemplarão dados químicos como: Saturação de Base (SB), Capacidade de Troca de Cátions (CTC), pH em água, pH em Cloreto de Cálcio, Teor de Dióxido de Ferro e Matéria Orgânica (MO). Como análise física, será avaliada a textura.

5.3. ANÁLISE DE DADOS

Os dados serão analisados em decorrência das interpretações obtidas com as informações coletadas em relação a localização do perfil, relevo, vegetação primária, erodibilidade, cor, textura, material de origem, presença de microrganismos e uso atual do solo. Estas informações serão associadas aos resultados físico-químicos das análises laboratoriais, para caracterização complementar dos estudos. Desta forma, os dados obtidos serão confrontados com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

Em consequência, serão examinados todos dados em conjunto, para a determinação das classes de solos em cada ambiente, conhecendo suas propriedades físicas e químicas, e assim indicar se há a viabilidade de uso do solo em cada perfil, bem como apresentar formas e metodologias de recuperação da qualidade do solo e/ou ações conservacionistas dos recursos naturais, mensurando também os ganhos ambientais com estas práticas. Para a coleta e análise dos dados foram utilizados alguns parâmetros específicos, conforme pode ser observado no quadro 2.

Quadro 2. Identificação de perfis (SILVEIRA, 2019) adaptado.

IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS

Perfil

 

Data de Coleta

 

Localização do perfil

 

Altitude

 

Vegetação primária

 

Uso atual

 

Situação e Declive

 

Cor

 

Textura

 

Formação geológica

 

Descrição do perfil

 

Possível tipo de solo

 

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Bioma Cerrado, os solos, que são o resultado da ação conjunta do clima, material de origem (rochas), organismos, relevo e tempo, apresentam diferentes cores que vão de matizes do vermelho, vermelho-amarelado, preto, cinza e até mosqueado. São solos relativamente planos, com várias profundidades, texturas, porosidades e com diferentes fertilidades, onde a gente encontra uma flora nativa tão diversificada nos diferentes ambientes do Cerrado pois os solos desse bioma oferecem as condições necessárias para essa abundância (EMBRAPA, 2021).

Vários fatores influenciam o desenvolvimento do solo que por sua vez criam condições para formação de mais solo, este processo de retroalimentação positiva é impulsionado pelos fatores de formação solo que são uma ferramenta que o intemperismo utiliza para moldar a superfície terrestre (GROTZINGER, 2013). Como resultado de todo este conjunto de fatores, o solo produz paisagens que nada mais são que a resposta a este processo.

O solo desempenha uma série de funções indispensáveis para a manutenção da vida, seja de caráter ambiental, ecológico, social ou, ainda, econômico. Também abriga uma vasta diversidade de seres vivos, como minhocas, fungos e microrganismos capazes de decompor a matéria orgânica, o que contribui para a manutenção das suas propriedades físicas, além de sua fertilidade (VEZZANI e MIELNICZUK, 2009).

No debate sobre a conservação dos recursos naturais, o solo nem sempre tem a atenção necessária para que as ações de conservação sejam efetivas (GONÇALVES e SILVA, 2018). Conhecer o solo antes de executar qualquer intervenção no ambiente é de fundamental importância (RAMOS et al, 2018). O conhecimento dos atributos do solo e do relevo auxilia no manejo adequado e pode favorecer o aumento da produtividade (BAPTISTA e LEVIEN, 2010; ORTIZ et al., 2006)

A ciência da conservação do solo preconiza um conjunto de medidas, objetivando a manutenção ou recuperação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios para o uso e manejo dos solos, de forma a não comprometer sua capacidade produtiva (ELTZ; AMADO; LOVATO, 2005). As ações de preservação visam proteger o solo, evitando o avanço de processos erosivos, melhorando o aproveitamento de nutrientes e do escoamento superficial de águas, além de promover a atividade biológica.

Com os dados coletados em campo e os resultados das análises laboratoriais pôde-se caracterizar os perfis.

7. PERFIL 1

A área de coleta do perfil 1 pode ser observada na figura 7.

IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS

Perfil

01

Data de Coleta

09/10/2021

Localização do perfil

16º 54’ 41.36” S e 49º 14’ 30.43” W

Altitude

817.39m

Vegetação primária

Cerradão

Uso atual

Pastagem

Situação e Declive

Área plana a inclinada

Cor

(Carta de Munsell):

Horizonte A: 5YR7/1 seco e 7.5YR4/2 molhado.

Horizonte B: 2.5YR6/4 seco e 2.5YR4/4 molhado

Textura

Arenosa

Formação geológica

Grupo Araxá

Descrição do perfil

O horizonte A com altura de 17cm apresentou coloração mais clara, raízes, minerais, fragmentos de rochas quartzarenicas, estrutura granular, textura arenosa, pedregosidade.

No horizonte B, altura de 40cm, textura média com sedosidade e aspereza, estrutura em blocos.

Possível tipo de solo

Cambissolo

Figura 7. Área de coleta do perfil 1.

 

ANÁLISE FÍSIC

HORIZONTE

Areia

Silte

Argila

 

g.kg-¹

A

640

70

290

B

640

70

290

8. PERFIL 2

A área de coleta do perfil 2 pode ser observada na figura 8.

IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS

Perfil

02

Data de Coleta

09/10/2021

Localização do perfil

16º 54’ 36.98” S e 49º 14’ 30.2” W

Altitude

806m.

Vegetação primária

Cerradão

Uso atual

Pastagem

Situação e Declive

Área suavemente declive

Cor

(Carta de Munsell):

Horizonte A: 5YR4/3 seco e 5YR3/2 molhado.

Horizonte B: 5YR3/3 seco e 5YR4/2 molhado

Textura

Arenosa

Formação geológica

Grupo Araxá

Descrição do perfil

No horizonte A com altura de 25cm, notou-se uma cor mais escura, estrutura em blocos, textura arenosa, áspera e pegajosa.

O horizonte B, com altura de 40cm, apresentou presença de fragmentos de carvão, estrutura em blocos e textura pegajosa

Possível tipo de solo

Argissolo

Figura 8. Área de coleta do perfil 2.

ANÁLISE FÍSICA

HORIZONTE

Areia

Silte

Argila

 

g.kg-¹

A

670

60

270

B

580

110

310

9. PERFIL 3

A figura 9 demonstra a trincheira do ponto de coleta do perfil 3.

IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS

Perfil

03

Data de Coleta

09/10/2021

Localização do perfil

16º 54’ 22.19 S e 49° 14’ 30.67” W

Altitude

780.78m.

Vegetação primária

Cerradão

Uso atual

Pastagem

Situação e Declive

Área suavemente declive com presença de mina intermitente.

Cor

(Carta de Munsell):

Horizonte 1: 10R2.5/1 seco e 10R4/1 molhado

Horizonte 2: 7.5YR5/8 seco e 7.5YR4/6 molhado

Horizonte 3: 10YR2/1 molhado

Horizonte H: 2.5Y3/1 molhado

Textura

Sedosa e pegajosa

Formação geológica

Grupo Araxá

Descrição do perfil

Na camada 1, com altura de 14cm, apresentou estrutura em blocos e pedregulhos. A camada 2, com 24cm de altura, estrutura prismática e textura sedosa. A camada 3, com altura de 50cm, tem estrutura prismática e textura sedosa. O horizonte H apresentou-se com estrutura em blocos, textura pegajosa com presença de rochas de coloração amarelada, altura de 1.05m.

Possível tipo de solo

Gleissolo

Figura 9. Trincheira do perfil 3.

ANÁLISE FÍSICA

Horizonte

Areia

Silte

Argila

 

g.kg-¹

1

580

80

340

2

600

90

310

3

600

110

290

H

530

80

390

10. PERFIL 4

Á área de coleta do perfil 4 pode ser observada a seguir, na figura 10.

IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS

Perfil

04

Data de Coleta

09/10/2021

Localização do perfil

16º 54’ 22.19” S e 49º 14’ 37.46” W

Altitude

769,47m

Vegetação primária

Mata de galeria

Uso atual

Pastagem

Situação e Declive

Levemente ondulado a plano

Cor

(Carta de Munsell):

Horizonte A: 7.5YR/4.1 molhado

Textura

Sedosa

Formação geológica

Grupo Araxá

Descrição do perfil

A área do perfil 4 é uma área de várzea, é uma região as margens de um curso d’água. Os solos desta região podem ser desenvolvidos sobre sedimentos que se depositaram pelas águas. A trincheira foi realizada com trado, onde foi coletada a amostra com presença de raízes, material orgânico, textura sedosa, estrutura em blocos. O horizonte apresentou 60cm

Possível tipo de solo

Gleissolo

Figura 10. Área de coleta do perfil 4.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

HORIZONTES

A

SAT. DE BASE

V%

68.99

M.O

%

3.1

RC

Cmolc/kg argila

13.09

Δ pH

 

-0.8

pH

H2O

6.2

CaCl2

5.4

Fe


mg/dm³

164

Na⁺

1

Ca⁺⁺


 


 

Cmolc/dm

2.6

Mg⁺⁺

0.8

K⁺

0.051

Al⁺⁺⁺

0

H⁺

2.0

11. PERFIL 5

Na figura 11 pode ser observada a trincheira do ponto de coleta do perfil 5.

IDENTIFICAÇÃO DE PERFIS

Perfil

05

Data de Coleta

09/10/2021

Localização do perfil

16º 54’ 18.36” S e 49º 14’ 42.71” W

Altitude

793,05m

Vegetação primária

Cerradão

Uso atual

Pastagem

Situação e Declive

Plano a levemente inclinado

Cor

(Carta de Munsell):

Horizonte O: 10YR2/1 molhado

Horizonte Transição: 2.5YR4/6 seco

Horizonte C: 2.5YR4/8 seco

Textura

Arenosa, pegajosa

Formação geológica

Grupo Araxá

Descrição do perfil

No horizonte O com altura de 30cm, presença de raízes, material orgânico, solo arenoso, com estrutura granular, muita pedregosidade. No horizonte de transição, altura 20 cm, notou-se estrutura em blocos, textura arenosa e pegajosa, presença de pedregosidade. No horizonte C, com altura de 1.10m apresentou estrutura em blocos, textura arenosa e pegajosa, presença de pedregosidade

Possível tipo de solo

Cambissolo

Figura 11. Trincheira do perfil 5.

ANÁLISE FÍSICA

HORIZONTE

Areia

Silte

Argila

 

g.kg-¹

O

580

110

310

Transição

510

100

390

C

510

100

390

A área de estudo é predominantemente composta por solos dos tipos Argissolos, Cambissolos e Gleissolos. Os Argissolos derivam do termo argi, que são solos com processos de acumulação de argilas. Os Cambissolos são solos que apresentam trocas, mudanças, solos em formação, apresentando horizonte B incipiente. Já os Gleissolos são solos com excessos de águas, do horizonte glei, que do russo refere-se a massa do solo pastosa.

Segundo o SiBCS (2018) os Argissolos são solos formados por materiais minerais com horizonte B textural diretamente abaixo do A ou E, podendo ter atividade de argila baixa ou alta, desde que esta esteja conjugada por SB baixa ou de caráter alumínico na maior parte do horizonte B. Os Cambissolos são solos constituídos por material mineral com o horizonte B incipiente. Os Gleissolos também apresenta em sua formação materiais minerais, com horizonte glei iniciando-se dentro dos primeiros 50cm da superfície do solo ou então a sua profundidade será maior que 50 cm e menor ou igual a 150 cm, desde que esteja abaixo do horizonte A ou E, ou de horizontes hísticos com espessura insuficientes.

No quadro 3 pode ser observado as características dos solos para: manejo, potencial e limitações ao uso.

Quadro 3. Características dos solos (SiBCS, 2018).

CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS

SOLOS

MANEJO

LIMITAÇÕES DE USO

POTENCIAL DE USO


 

Argissolos

Para manejo adequado faz-se necessário a adoção de correção, adubação e de práticas conservacionistas para controle de erosões.

Baixa fertilidade, acidez, altos teores de alumínio, maior suscetibilidade a processos erosivos.

Quando eutróficos, possuem maior fertilidade natural, com boas condições para uso agrícola.


 


 


 

Cambissolos

Para manejo, é imprescindível a adoção de correção da acidez, dos teores de alumínio e a adubação necessária para a cultura, podendo ser necessário também uso de práticas conservacionistas, devido ao risco de processos erosivos.

Em relevos com declives, são solos rasos, com isto apresentam grandes limitações para uso, devido à alta suscetibilidade aos processos erosivos.

Em áreas planas apresentam maior fertilidade natural, baixa atividade de argila, com grande potencial de uso agrícola.


 


 

Gleissolos

Requer maior atenção quanto à drenagem devido a saturação de água. Restrição de uso devido a possibilidade de toxicidade a grande parte de plantes, por teores elevados de sódio, enxofre e alumínio.

Baixa fertilidade natural, acidez, altos teores de alumínio, enxofre e sódio. São solos mal drenados.

Quando realizado as correções necessárias, apresenta potencialidade para uso agrícola.

De acordo com os dados coletados e com o auxílio do SiBCS os solos puderam ser classificados como: Cambissolo Háplico Tb Eutrófico; Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico Luvissólico; Gleissolo Háplico Tb Eutrófico; Gleissolo Háplico Tb Eutrófico; Cambissolo Háplico Tb Eutrófico Típicos, respectivamente.

12. CONCLUSÃO

O desenvolvimento do estudo possibilitou a análise dos solos, suas características e suas propriedades físico-químicas, permitindo, assim, a realização de suas classificações. Os solos da Fazenda Experimental Morro Ferio são predominantemente eutróficos, o que os caracteriza como ricos em nutrientes. Este atributo pode favorecer em seu manejo e uso, porém devido ao uso da área para fins de pastagens, pode-se ocorrer a degradação do solo, visto que há o pisoteamento do gado que poderá acarretar na compactação do solo, que por consequência reduzirá seus espaços de vazios, perdendo a sua capacidade de infiltração, fator este que pode ser agravado devido a declividade da área, aumentando o escoamento superficial.

Nesse sentido, a utilização de práticas conservacionistas poderão ser implantadas para que se mantenha a fertilidade natural dos solos, podendo ser adotado o cultivo mínimo e o plantio direto, realizando, também, a rotação de culturas, para que o solo tenha melhorias em suas características e propriedades biológicas, físicas e químicas. Um mapa de uso e ocupação do solo poderá ser realizado para corroborar com o estudo.

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14. ANEXO A­ ­– Mapa de Declividade

15. ANEXO B – Mapa de uso e ocupação do solo  

Publicado por

Erick Henrique Fernandes Fonseca1

André Luiz Rodrigues da Silveira 2

1 Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental – Centro Universitário Araguaia.

2 Professor, doutor, orientador do curso de Engenharia Ambiental – Centro Universitário Araguaia.


Publicado por: Erick Henrique Fernandes Fonseca

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