LOGÍSTICA REVERSA COMO FERRAMENTA COMPETITIVA: UM ESTUDO DE CASO NA PILKINGTON BRASIL LTDA

índice

Imprimir Texto -A +A
icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.

1. RESUMO

A Logística Reversa atua como uma técnica que tem o escopo voltado para medidas pré-produção, processamento, produto acabado, ciclo de vida e destinação dos rejeitos dos produtos, de modo a racionalizar o uso do insumo natural empregado no processo produtivo, contribuindo para a preservação ambiental. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a logística reversa como ferramenta para gerar competitividade, equacionando os fluxos reversos de produtos de pós-consumo e ações que valorizam a imagem da responsabilidade socioambiental das empresas. Trata-se de pesquisa de análise de dados onde se buscou conhecer e analisar os materiais e ferramentas utilizadas pela empresa Pilkington nas atividades de logística reversa através de pesquisa documental, entrevista semi-estruturada e observação participante. Na pesquisa realizada pôde-se verificar que a ferramenta de Logística Reversa na empresa Pilkington é realizada de maneira empírica e necessita ser aprimorada tanto em relação aos procedimentos operacionais quanto nas questões relativas ao controle documental de despacho dos resíduos. Portanto há a necessidade de se elaborar um planejamento sistematizado visando o progresso e o desenvolvimento contínuo da estratégia de Logística Reversa aplicada atualmente na empresa Pilkington Brasil Ltda como ferramenta para gerar competitividade.

Palavras-chave: Logística Reversa. Competitividade Empresarial. Gestão Ambiental.

INTRODUÇÃO

A Logística Reversa atua como uma técnica que tem o escopo voltado para medidas pré-produção, processamento, produto acabado, ciclo de vida e destinação dos rejeitos dos produtos, de modo a racionalizar o uso do insumo natural empregado no processo produtivo, contribuindo para a preservação ambiental. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a logística reversa como ferramenta para gerar competitividade, equacionando os fluxos reversos de produtos de pós-consumo e ações que valorizam a imagem da responsabilidade socioambiental das empresas.

Para demonstrar a importância da estratégica de implantação da Logística Reversa para atender a clientes cada vez mais conscientes e sensíveis quanto à prevenção do meio ambiente e as questões de sustentabilidade, em detrimento a utilização descontrolada de recursos naturais e a falta de cuidados com resíduos de pós-consumo que atualmente são políticas tão significativas para a sociedade e, por conseguinte, geram vantagem competitiva às empresas o trabalho apresenta os seguintes objetivos específicos: identificar a situação atual da gestão de logística da empresa Pilkington Brasil Ltda; efetuar uma análise das principais necessidades e limitações das ferramentas de logística reversa; e analisar a logística reversa como ferramenta para gerar competitividade.

Atualmente, o cenário globalizado e a crescente demanda, especialmente por bens de consumo, passaram a ser responsáveis pelo lançamento e acumulo de resíduos no meio ambiente. As grandes organizações preocupadas em encontrar uma solução para esta situação sem gerar aumento de custos e despesas, implantaram o conceito de Logística Reversa.           

No Brasil, ainda não existe uma legislação que abranja esta questão, e por isso o processo de logística reversa está em difusão e ainda não é visto pelos empresários como um processo “necessário”. Entretanto, algumas empresas estão se destacando por utilizar a logística reversa como ferramenta de marketing, com o intuito de fidelizar o consumidor e desenvolver um diferencial competitivo de conscientização ecológica.  

Preocupados com a imagem da marca e forçados por clientes exigentes e uma sociedade cada vez mais preocupada com a qualidade de vida e o meio ambiente, uma minoria de empresários realizam planejamentos para trabalhar com a logística de forma inversa e dar uma destinação correta para as embalagens de pós consumo de seus produtos, assim como o retorno de lâmpadas, pilhas, baterias e outros produtos com prazo vida útil.      

O nível de serviço logístico que as empresas oferecem a seus clientes é uma ferramenta que assegura sua fidelidade, é imprescindível que esse serviço seja gerenciado antes, durante e depois da transação de compra e venda. Esse desempenho oferecido é fator chave para transformar a imagem do produto, do serviço e da empresa. Também é crescente a preocupação de indústrias em desenvolver práticas de produção mais limpa e ações baseadas nos princípios de sustentabilidade.

Diante dos grandes impactos causados no meio ambiente pelo descarte de resíduos, tornou-se essencial que as empresas venham despertar sua consciência ambiental e atentar ao assunto. Diante do problema de pesquisa, faz-se o seguinte questionamento: Como a logística reversa pode ser utilizada como ferramenta para gerar competitividade para a Empresa Pilkington Brasil Ltda?

Atualmente o problema mais comum encontrado nas empresas está relacionado ao problema da sustentabilidade ambiental. Cresce a consciência de que os recursos do planeta podem findar caso não se tome iniciativas para controle adequado da poluição e do aquecimento global.

Com essa abordagem, existe também um grande interesse a cerca do tema Logística Reversa, como vantagem competitiva empresarial. Esse conceito pode ser definido como o processo de planejamento, implantação e controle dos custos, desde a compra e utilização das matérias primas, armazenamento, manufatura, produtos acabados, venda, ponto de consumo até o reprocessamento. Essa gestão de atividades visa recuperar valor, reduzir custos, diminuir o impacto causado pelo descarte de itens pós-consumo e contribuir para a sustentabilidade ambiental.

Dessa forma, este trabalho se justifica então pelo interesse em pesquisar o tema para analisar e obter informações sólidas e seguras a respeito dos diferentes critérios e processos de aplicação da ferramenta de logística reversa na empresa Pilkington Brasil, visando o mínimo de impacto ambiental dos seus produtos de pós-consumo, agregando valor à marca e, por conseguinte, desenvolver um diferencial competitivo.

Assim, o mesmo está dividido em partes, descrevendo todas as etapas desse processo. No primeiro capítulo descrevem-se os objetivos gerais e específicos a serem alcançados. Também se comenta a justificativa do trabalho.           

No segundo capítulo, tem-se um breve resumo dos conceitos de Logística Reversa, seus custos e sua importância. Também é abordada a Logística reversa de pós-consumo, definições sobre descarte de resíduos, reciclagem, questões ambientais e a competitividade. Ainda no segundo capítulo é apresentado informações que envolvem Logística reversa x Vantagem competitiva, Vantagem competitiva x Responsabilidade sócio-ambiental e Responsabilidade sócio-ambiental x Marketing Verde.             

Já o terceiro capítulo dispõe o método e técnicas de pesquisa, a tipologia, população-alvo e amostra, instrumentos e procedimentos de coleta de dados, técnicas e procedimentos de coleta de dados a serem utilizadas para a aplicação do trabalho, por conseguinte, ainda no terceiro capítulo apresentam-se as análises efetuadas na empresa Pilkington Brasil Ltda, utilizando a entrevista semi-estruturada, observação participativa e análise documental para melhor compreender os objetivos do trabalho.        

No quarto capítulo estão às considerações finais. E, por conseguinte, as referências que foram utilizadas para o desenvolvimento do trabalho.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo fundamenta a pesquisa, é à base de sustentação teórica, o presente trará conceitos de Logística Reversa, Descarte de resíduos, Reciclagem, Questões ambientais e Competitividade para embasar os assuntos a serem apresentados neste trabalho científico. De acordo com Barreto e Honorato (1998, p. 62.), “é necessário construir um objeto de pesquisa, ou seja, selecionar uma fração da realidade a partir do referencial teórico-metodológico escolhido”.

2.1. CONCEITO DE LOGÍSTICA REVERSA

A Logística pode ser entendida como uma das mais antigas atividades humanas, seu principal processo é disponibilizar bens e serviços gerados, alinhando local de entrega, tempo de entrega, qualidade e quantidade em que se fazem necessárias a quem for utilizar (LEITE, 2009, p. 2). Segundo Moura (1996, apud GODINHO, 2004, p. 8), “o objetivo da Logística é fazer chegar à quantidade certa das mercadorias certas ao local certo, no momento certo, nas condições desejadas e ao custo mínimo”.

A Logística por ser uma unidade de despesas e é ainda a principal iniciativa de redução de custo de uma organização. Não se pode pensar em otimização dos recursos (produtividade), redução de custo, sem que não se pense em Logística antes (NOVAES, 2007, np).

Para Leite (2009, p. 5), o processo da Logística é uma variável no atual cenário globalizado, essa ferramenta se tornou uma estratégia de competitividade. Segundo Ballou (1993, p. 19), “na economia mundial, sistemas logísticos eficientes formam bases para o comércio e a manutenção de um alto padrão de vida nos países desenvolvidos”.   

Logística é uma área vital na administração de empresa, nos últimos anos passou por uma transformação, deixando de ser uma área operacional para se tornar uma área de estratégia empresarial (LEITE, 2009, p. 3). Para Bowersox; Closs (2001, p. 23), “As expectativas ligadas à competência logística depende diretamente do posicionamento estratégico da empresa”.

Com o aumento da demando de distribuição de produtos, iniciou-se um agravante no processo de descarte das embalagens e resíduos dos produtos e serviços pós-consumo. Empresas viram a necessidade de aplicar uma destinação correta para esses rejeitos (CORTEZ, 2011, p. 12). Para que pudessem retornar com esses materiais era necessário o processo da logística inversa, dessa forma, surge então o conceito de logística reversa:

A logística reversa em sua visão atual preocupa-se com o projeto do produto visando ao seu reaproveitamento sob diferentes formas, com as legislações ambientais restritivas ao retorno dos produtos do mercado, o relacionamento dos players das cadeias direta e reversa, o desenvolvimento de condições mais adequadas à melhor agregação de valor de diversas naturezas, o destino final dos produtos, dentre várias características que envolvem outras áreas e ambientes empresariais (LEITE, 2009, np).

A Logística reversa é uma ferramenta que relaciona entre si as atividades de planejamento, direcionamento, implementação e controle do fluxo inverso de materiais e produtos de pós-consumo, entre eles, embalagens, resíduos e produtos em fim de vida mercadológica (REGO, 2005, p. 2). 

Para Leite (2009, p. 15), “os primeiros estudos sobre logística reversa são encontrados nas décadas de 1970 e 1980, tendo seu foco principal relacionado ao retorno de bens a serem processados em reciclagem [...] e analisados como canais de distribuição reversos”.

Segundo Barbieri e Dias (2002, apud BARBOSA; BENEDUZZI; LOUREIRO; MENQUIQUE e ZORZIN, 2013, np), a logística reversa deve ser imaginada como um dos instrumentos de uma proposta de produção e consumo sustentáveis. Podemos citar como exemplo, o desenvolvimento de critérios de avaliação para reutilizar e reciclar peças, materiais e embalagens pós-consumo ou de descarte.

“O papel da logística reversa diz respeito ao retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos e reforma, reparação e remanufatura.” (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 2013, np). Em Stock (1998, apud LEITE, 2009, p. 16), encontra-se a seguinte definição:

Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma reparação e remanufatura.

Conforme CLM (1993, apud LEITE, 2009, p. 16), “Logística reversa é um amplo termo relacionado ás habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduo de produtos e embalagens”.

2.1.1. Custos na logística reversa

Segundo Brandalise (2008, p. 59), nas últimas décadas, houve uma enorme demanda de embalagens de venda ao consumidor e de transporte. Esse crescimento atendeu as diversas expectativas do mercado mundial por embalagens e produtos cada vez mais diversificados, que atendessem às particularidades de cada empresa. De acordo com Cortez (2011, p. 21), “com a recuperação da economia, após a Segunda Guerra Mundial, e com os avanços tecnológicos ocorridos nesta época, surgiram novos materiais para a produção de embalagens, como papel, o papelão e o plástico”.

Conforme Leite (2009, p. 26), com a utilização de embalagens surgiu à preocupação com o descarte descontrolado das mesmas, pois após o receber o produto o cliente retira a embalagem e não tem outra finalidade a não ser descartá-la. O fato de descartar produtos pós-consumo e embalagens é uma prática comum na sociedade, pois nem sempre conseguem reciclar e reaproveitar para outra finalidade. O fato de descartar produtos e embalagens pode ser entendido como: “A sociedade moderna tem como valores importantes o consumo, o estoque, a quantidade, a substituição por objetos mais novos e, portanto, um descarte de materiais que ainda poderiam ser utilizados ou reciclados” (CORTEZ, 2011, p. 23).

De acordo com Brandalise (2008, p. 48), para essa operação de logística reversa, com a finalidade de reaproveitamento de embalagens, correta destinação dos produtos de final de vida mercadológica ou ainda para ações de sustentabilidade, é nítida a preocupação com custo que envolve essas atividades. Segundo Leite (2009, p. 27), “a questão de custos está sempre associada às operações logísticas em geral, porém vale à pena fazer distinção entre as categorias de custos que incidem nas atividades de retorno de produtos”.

Para Brandalise (2008, p. 49), apesar de muitas empresas saberem da importância da logística reversa existe uma parcela delas tem dificuldades ou desinteresse em desenvolver o gerenciamento dessa atividade por causa dos custos da operação ou até mesmo por falta de um sistema informatizado para controle de fluxo reverso. “Dessa forma, podemos atribuir custos logísticos à logística reversa, traduzindo o somatório dos custos de transportes, armazenagens, consolidações e de sistemas de informações inerentes ao canal reverso” (LEITE, 2009, p. 28).

2.1.2. A importância da logística reversa

Apesar do planejamento logístico muitas vezes, priorizar apenas o processo de entrega do produto ao cliente faz-se necessário avaliar a necessidade, importância, aspectos estratégicos e operacionais que envolvem a atividade do fluxo reverso (CHRISTOPHER, 2009, p. 81,82).

Segundo Dowlastshahi (2000, apud CORTEZ, 2011, p. 74), “o estudo dos canais reversos pode ser considerado um conceito novo na logística [...], que a ganha importância enquanto estratégia de negócio lucrativa e sustentável”. 

Para Leite (2009, p. 186), a aplicabilidade da logística reversa é importante porque representa uma forma de obtenção de vantagem competitiva não somente para as indústrias, mas também para empresas de gerenciamentos de resíduos.

Os resíduos são coletados, embalados e expedidos, para serem destinados aos canais reversos de revalorização, tais como: retorno ao fornecedor, revenda, recondicionamento, reciclagem, tornando possível seu retorno ao ciclo produtivo como materiais secundários e em último caso serem enviados para descarte com uma destinação correta de acordo com cada resíduo (CORTEZ, 2011, p. 31).

2.1.3. Logística reversa de pós-consumo

Segundo Leite (2009, p. 38), os produtos de pós-consumo são àqueles que não possuem mais vida útil e que podem ser descartados, ou retornar ao ciclo produtivo por meio de canais de desmanche ou reciclagem. Podemos definir ‘desmanche’ como: “um processo industrial no qual um produto durável de pós-consumo é desmontado em seus componentes” (LEITE, 2009, p. 9).

Para falar em pós-consumo é necessário falar em vida útil de um produto. Ainda segundo Leite (2003, p. 34), “a vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele”.

“Para a logística o conceito de ciclo de vida do produto vai a partir de sua concepção até o destino final dado a este produto, seja o descarte, reparo ou reaproveitamento” (TRIGUEIRO, 2003, np).

Nos dias de hoje a logística reversa de pós-consumo ganha importância no cenário mundial, pois a cada dia a sociedade se preocupa mais com o meio ambiente, com nosso planeta, e com essas mudanças. Segundo Cortez (2011, p. 75), “a utilização do cenceito de canais reversos é muito importante para o entendimento do fluxo de reciclagem e reutilização das embalagens no Brasil”.

De acordo com Leite (2003, apud CORTEZ, 2011, p. 75), “os canais de distribuição reversos de pós-consumo são compostos pelo fluxo reverso de produtos ou materiais constituintes que foram originados no descarte de produtos após o fim de sua utilidade original, e que retornaram ao ciclo produtivo através dos canais de reciclagem e/ou canais de reuso”.

Segundo Cortez (2011, p. 74, 74), essa ferramenta de logística reversa de produtos pós-consumo tem alterado a postura de empresas e pessoas, a percepção de reaproveitamento dos produtos e embalagens se tornaram fontes de rendas. Empresas foram criadas com objetivo de reciclar materiais que foram descartados pós-consumo, catadores autonomos também tem sua fonte de renda da coleta diária que realizam nas ruas. Para Leite (2003, p. 22), existem inúmeros motivos para que as empresas adotem e pratiquem a Logística Reversa de pós-consumo, motivos esses de ordem econômica, ecológica, legal, tecnológica, entre outros, que se aplicam a realidade de cada organização, área de atuação, público alvo e objetivo.

2.2. DESCARTE DE RESÍDUOS

O consumo de bens e serviços gera, de alguma maneira, resíduos. Esses resíduos se referem a coisas sem utilidade, restos de atividade ou processos. Uma vez produzido, este material permanecerá no ambiente como um passivo, mesmo que seja reutilizado e reciclado inúmeras vezes. (GRAZIANO, 2010, p. 35).

De acordo com Philippi Jr. (2005, p. 268), “a produção de resíduos sólidos faz parte do cotidiano do ser humano. Não se pode imaginar um modo de vida que não gere resíduos sólidos”. Desse modo, observa-se que o homem é capaz de produzir e descartar substâncias e produtos no qual o meio ambiente não é capaz de absorver, causando um grande impacto a natureza.

A destinação de resíduos pode ser descrita como:

A destinação racional dos resíduos, sejam eles urbanos ou industriais, justifica-se primeiramente, pela necessidade de evitar a sua simples deposição e contaminação do ambiente e, em seguida instância, pela possibilidade de se auferir renda a partir de sua reutilização. Portanto, além da dimensão ambiental, há a social, uma vez que a possibilidade de geração de renda é evidente, por meio da alocação do trabalho nos processos de coleta, triagem e processamento dos resíduos (BARTHOLOMEU; BRANCO; CAIXETA-FILHO; GAMEIRO; PINHEIRO; XAVIER, 2011, p. 107).

De acordo com os estudos de Bruna, Philippi Jr e Roméro (2004, p. 132), sempre que se refere a resíduo, envolve sempre o aspecto de serventia e de valor econômico para quem o possui. Para algumas pessoas uma embalagem representa apenas um resíduo após o produto ter sido consumido. Entretanto, para outras pessoas esse mesmo resíduo se transforma em fonte de renda e a simples embalagem se torna um resíduo de valor agregado.

Todavia o cenário atual oferece alternativas para o descarte de resíduos, foram criadas empresas e cooperativas, que tanto podem comprar como recolher os materiais que já chegaram ao fim de sua vida útil. Dessa maneira, é importante que os descartes de materiais de pós-consumo seja devidamente separado, além de facilitar a coleta, não causará dano ao meio ambiente (LEITE, 2009, p. 122).

Para Philippi Jr (2005, p. 268), “Esse tipo de serviço, especialmente quando executado com eficiência, cria a sensação mágica na população de que os resíduos simplesmente desaparecem de sua vista”. Essa é uma oportunidade econômica e uma alternativa ambiental.

2.2.1. Reciclagem

Atualmente a sociedade tem pressionado indústrias a produzirem produtos e processos ecologicamente corretos, com objetivo de reduzir os impactos no meio ambiente (CORTEZ, 2011, p. 22). Segundo Santana (2010, np.), “reciclagem é a metodologia que tem como objetivo reutilizar materiais usados e resíduos como ingredientes essenciais na fabricação de outros produtos”.

Ao mencionar a reciclagem e o reaproveitamento das embalagens descreve como:

Além de processos produtivos de embalagens mais eficazes no que diz respeito à minimização de impactos ambientais, vale ressaltar o papel fundamental que a reciclagem desempenha para minimização dos impactos provenientes do descarte de embalagens. É o resultado de uma série de atividades, através das quais materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para ser usados como matéria-prima na manufatura de bens, anteriormente confeccionados apenas com matéria-prima virgem (CORTEZ, 2011, p. 64).

Para Leite (2009, p. 31,32) esse processo também pode ser chamado de canais reversos de reciclagem, que tem como objetivo reintegrar os materiais de produtos de pós-consumo, e transformá-los em matérias-primas para fabricação de outros produtos. “A reciclagem é importante na medida em que se preservam os recursos minerais e energéticos, fatores fundamentais para o desenvolvimento sustentável” (BRUNA; PHILIPPI JR; ROMÉRO, 2004, p. 202). Com relação aos processos de reciclagem encontramos a direta e indireta conforme quadro 2:

RECICLAGEM DIREITA

(pré-consumo), quando são reprocessados materiais descartados na própria linha de produção, como aparas de papel, rebarbas metálicas, etc.

 

 

RECICLAGEM INDIREITA

(pós-consumo), quando são reprocessados materiais que foram descartados como lixo por seus usuários.

Quadro 1: Processos de reciclagem.
Fonte: CORTEZ (2011, p. 64).

É importante destacar que a reciclagem além de minimizar os impactos dos resíduos na natureza, também contribui para fins econômicos e sociais (LEITE, 2009, p. 54).

2.2.2. Questões ambientais

Para Cortez (2011, p. 25), é crescente a preocupação da sociedade com a qualidade de vida e meio ambiente. Essa linha de interesse tem forçado empresas a se conscientizarem sobre as questões ambientais que envolvem seus processos e produtos, sejam eles produto acabado ou de pós-consumo. Segundo Leite (2009, p. 21), “esse crescimento da sensibilidade ecológica te sido acompanhado por ações de empresas e governos [...] protegendo a sociedade e seus próprios interesses”. As questões ambientais podem ser descritas como:

O processo de gestão ambiental inicia-se quando se promovem adaptações ou modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo às necessidades individuais ou coletivas, gerando dessa forma o ambiente urbano nas suas mais diversas variedades de conformação e escala (BRUNA; PHILIPPI JR; ROMÉRO, 2004, p. 3).

Segundo Cortez (2011, p. 61), com as legislações ambientais cada vez mais rigorosas, as responsabilidades dos fabricantes sobre seus produtos até o final da sua vida útil estão aumentando, ou seja, ele será responsável pela logística reversa de pós-consumo do seu produto.

Na visão de Porter (1999, apud BRANDALISE, 2008, p. 48), “para inovar as empresas devem mensurar os impactos ambientais diretos e indiretos”. Não basta apenas vender o produto, é necessário fazer o processo inverso dos resíduos deixados pós-consumo ou ao final da sua vida útil.

O desenvolvimento de novas tecnologias associadas a novas estratégias de mercado permite as empresas desenvolverem produtos, embalagens e meios de reciclagem com elevados critérios ambientais. Substituir materiais lesivos por outros mais benignos e fazer com que materiais e componentes possam ser recuperados ou reciclados pode reduzir o impacto ambiental e, por conseguinte, o passivo ambiental (BRANDALISE, 2008, p. 49).

2.3. COMPETITIVIDADE

Em logística com o advento da globalização e a alta competitividade, as empresas reconheceram a necessidade de atender a uma diversidade de interesses sociais, ambientais e governamentais, para assegurar o sucesso dos negócios (LEITE, 2009, p. 6).

Segundo Kotler (2012, p. 295), muitos desafios são enfrentados pelas empresas, na tentativa de melhorar seu desempenho e posição no mercado. É grande a dificuldade de manter uma vantagem competitiva, cabe às empresas desenvolver estratégias antes de seus concorrentes. A vantagem competitiva de uma empresa proporciona um melhor posicionamento de mercado e influência diretamente nos seus lucros. Uma empresa que tem ausência ou carência de estratégias de marketing consistentes, por ocasião pode eventualmente ser superada ou alcançada pela concorrência (KOTLER, 2012, p. 306).

Uma das estratégias para a competitividade é o serviço de valor agregado. “Os serviços de valor agregado resultam de atividades exclusivas ou específicas que as empresas podem realizar em conjunto para aumentar sua eficácia e sua eficiência” (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p. 80).

Para Cobra (1993, p. 31), além do posicionamento de mercado, preços, prazos, promoções, qualidade dos produtos e atendimento, outro fator de destaque é o respeito ao meio ambiente e a sociedade. A logística reversa contribui decisivamente para a competitividade empresarial, pois envolve fatores de sustentabilidade, minimizando os impactos dos produtos de pós-consumo no meio ambiente (CORTEZ, 2011, p. 70).

Para Leite (2009, p. 33), “a flexibilidade estratégica da política de retorno de produtos em suas cadeias de suprimentos pode levar a um ganho de competitividade na fidelização de clientes, imagem corporativa e prática de responsabilidade empresarial”.

“Ao reciclar os resíduos próprios da empresa através do processo de produção, ou usar materiais reciclados de outras fontes, também se reduz a necessidade de matéria prima e pode levar à redução do uso de energia e água” (BRANDALISE, 2008, p. 44).

Porter (1999, apud BRANDALISE, 2008, p. 45), concorda que “o impacto ambiental precisa ser incorporado no processo mais amplo de melhoria de produtividade e competitividade”. Para Christopher (2009, p. 43,44), quando uma empresa atua na inovação, na melhoria contínua atendendo a expectativa do cliente, da sociedade e do meio ambiente, ela se mantém distante dos seus concorrentes, em uma posição de valorização na sua área de atuação.

2.3.1. Logística reversa x vantagem competitiva

Logística Reversa é a estratégia que permite a empresa um aumento de participação no seu mercado de atuação. A empresa que se preocupa e atua na destinação ambientalmente correta dos seus resíduos ou produtos de pós-consumo, aumenta seu prestigio e preferência de clientes e o respeito da sociedade agindo de maneira consciente e responsável (CORTEZ, p. 75).

De acordo com Leite (2009, p. 14), “nas últimas décadas, vivenciamos uma indiscutível ânsia de lançamento de produtos e modelos em todos os setores empresariais e em todas as partes do globo”. Longenecker (1981, apud DONAIRE, 2012, p. 20), reforça “a empresa deve reconhecer que sua responsabilidade para com a sociedade e para com o público em geral vai além de suas responsabilidades com seus clientes”.

No cenário atual, não basta ter um bom produto é necessário estar constantemente inovando e crescendo, essa capacidade de interagir com o ambiente externo e competitivo que irá determinar o fracasso ou sucesso da organização (COBRA, 1993, p. 469).

Muitas organizações utilizam a logística reversa como artifício para agregarem valor ao seu produto. Outra estratégia de competitividade é comunicar aos clientes que seus produtos não agridem o ambiente, que utilizam matéria prima proveniente de fontes renováveis e embalagens re-aproveitáveis (LEITE, 2003, p. 37).

Nesse contexto, a responsabilidade social pode ser entendida como:

Esta responsabilidade social é fundamentalmente um conceito ético que envolve mudanças nas condições de bem-estar e está ligada às dimensões sociais das atividades produtivas e suas ligações com a qualidade de vida na sociedade. Portanto, consubstancia-se na relação entre a empresa e seu ambiente de negócios (DONAIRE, 2009, p. 21).

De acordo com Leite (2009, p. 15), a implementação da Logística Reversa nas empresas, torna suas atividades mais responsáveis, pois além de colocar seus produtos no mercado, ela se torna responsável pelo retorno das suas embalagens (quando houver) ou ao final da vida útil do produto dar a destinação correta, proporcionando a preservação da natureza e conseqüentemente colaborando com a melhoria na qualidade de vida da sociedade em geral. Segundo Cortez (2011, p. 72), “quanto à responsabilidade dos fabricantes, comerciantes e importadores, destacamos a responsabilidade do gerenciamento do ciclo total de suas mercadorias, ou seja, do berço ao túmulo”.

2.3.2. Vantagem competitiva x responsabilidade sócio-ambiental

Para Cortez (2011, p. 71), As legislações ambientais e o meio social tem tornado as empresas cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, o fabricante é responsável pelo processo de entrega do produto ao cliente e, por conseguinte, pelo impacto ambiental provocado pelos resíduos gerados em todo o processo produtivo, e, também do pós-consumo. De acordo com Donaire (2012, p. 28), “entre as diferentes variáveis que afetam o ambiente dos negócios, a preocupação ecológica da sociedade tem ganho um destaque significativo em face de sua relevância para a qualidade de vida da população”.

Segundo Christopher (2009, p. 6), a vantagem competitiva frente à responsabilidade sócio-ambiental trata de como as empresas interagem com o meio, fazendo com que sua imagem se fortaleça diante dos seus clientes, colaboradores, concorrentes e fornecedores, destacando seu compromisso com o desenvolvimento econômico, ambiental e também a melhoria da qualidade de vida. Leite (2003, p. 115, 116), preconiza que:

A sensibilidade ecológica, tanto da sociedade como das organizações empresariais, tem se transformado recentemente, devido à crescente ‘visibilidade’ dos citados efeitos, seja por se mostrarem realmente evidentes às pessoas ou por elas terem informações sobre suas conseqüências, percebidas nos desastres ecológicos.

Essa visão ambiental é muito importante, na medida em que a empresa quer destaque e vantagem competitiva frente a seus concorrentes. “Estas práticas disseminaram-se rapidamente e logo muitas organizações passaram a desenvolver sistemas administrativos em consonância com a causa ambiental” (DONAIRE, 2012, p. 57).

As empresas ambientalmente corretas têm maior capacidade de reagir às mudanças do mercado e as legislações ambientais. Entretanto, essas empresas só terão sucesso socioambiental se forem capazes de ouvir os interesses dos seus colaboradores, fornecedores, clientes, governo, meio-ambiente, sociedade e aplicar as sugestões positivas na sua realidade, assegurando dessa maneira a sustentabilidade em seus negócios. Esses seriam um dos instrumentos de avaliação da competitividade incorporada à rotina da organização (COBRA, 1993, p. 150).

A responsabilidade socioambiental deve ser aplicada não somente ao produto final e sim ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Baseada na teoria do desenvolvimento sustentado, essa corrente considera que a poluição é conseqüência do modelo de desenvolvimento e prevê a necessidade de mudanças no desenvolvimento econômico, por meio de regulamentações relativas à responsabilidade social das empresas, incluindo penalidades como multas para empresas poluidoras (LEITE, 2003, p. 36).

Na Figura 1, observar-se as ações que envolvem a sustentabilidade corporativa:
Na Figura 1, observar-se as ações que envolvem a sustentabilidade corporativa:

Figura 1: Relacionamentos Sustentáveis
Fonte: Elkington (1997, apud BACIMA, 2009, np).

Atualmente as empresas estão se defrontando com um ambiente externo em grande transformação, conforme a figura 3 é necessária que as empresas mantenham um relacionamento sustentável nas dimensões de responsabilidade ambiental, social e corporativa para desenvolver estratégias positivas no crescimento econômico dos negócios. “Sustentabilidade é, assim, inovação, diferencial de posicionamento e competitividade, e como traz resultados e benefícios para o negócio e também para a sociedade, é um verdadeiro ganha – ganha” (BACIMA, 2009, np).

2.3.3. Responsabilidade sócio- ambiental x marketing verde

Para Leite (2009, p. 127), o comprometimento das empresas com as questões ambientais já estão expressa seus planos de trabalhos, visando uma melhoria continua do seu desempenho, criando novas oportunidades de mercado e aumentando seu potencial competitivo. “Assim, se este potencial é alto, sua importância na estratégia é vital e sua correta avaliação uma questão de sobrevivência, seja a curto ou longo prazo” (DONAIRE, 2012, p. 90).

A visão moderna de responsabilidade sócio-ambiental e marketing verde, se adotada por empresas dos diversos seguimentos da cadeia produtiva de bens, por entidades governamentais e pelos demais envolvidos, de alguma maneira, na geração de problemas ecológicos, permitirá observar que suas imagens corporativas estarão cada vez mais comprometidas com questões de preservação ambiental, por conseguinte, terão uma imagem diferenciada como vantagem competitiva (LEITE, 2009, p. 26).

Segundo Faria, Jesus e Zibetti (1997, p. 22), “a adesão voluntária das empresas às certificações ambientais e a indicadores e códigos de liderança setoriais é a fase mais avançada do processo de incorporação da variável ambiental aos negócios”. As empresas contribuem para o meio ambiente quando conseguem fortalecer sua competitividade, ou seja, é através do Marketing que as empresas procuram desenvolver seus negócios, conquistar diferencial competitivo e atingir novos nichos de mercado (COBRA, 1993, p. 149).

“Nesse sentido, à área ambiental deve estabelecer juntamente com a área de Marketing uma estratégia que possa inicialmente avaliar os produtos atuais e os segmentos mais suscetíveis em relação à questão ecológica” (DONAIRE, 2012, p. 100). A empresa procura desempenhar um papel fundamental no desempenho de responsabilidade sócio ambiental e na eficiência da qualidade dos seus produtos sem que esse afete ou comprometa a qualidade social, ambiental e econômico em geral (LEITE, 2009, p. 128).

É importante destacar que “a responsabilidade empresarial quanto ao meio ambiente deixou de ter apenas característica compulsória para transformar-se em atitude voluntária, superando as próprias expectativas da sociedade” (FARIA; JESUS; ZIBETTI, 1997, p. 21,32).

De acordo com Faria, Jesus e Zibetti (1997, p. 33), “a ética ambiental passa a fazer parte da missão da empresa, no longo prazo, e o meio ambiente é visto como novas oportunidades de negócios. A figura 2, procura identificar a ligação da área de meio ambiente com as demais áreas funcionais:

Figura 2: Questão ambiental na organização
Fonte: DONAIRE (2012, p. 102).

Conforme apresentado na figura 4, procura-se estabelecer a ligação da área ambiental com cada uma das demais áreas da empresa, esclarecendo os principais aspectos que deverão ser considerados no sentido de valorizar a responsabilidade sócio-ambiental e o marketing verde nas organizações para garantir um diferencial competitivo e manter o sucesso dos negócios (DONAIRE, 2012, p. 102).

3. METODOLOGIA

Este capítulo apresenta o método de pesquisa utilizado, descreve a forma de desenvolvimento dos processos, operacionalizando os objetivos do trabalho. A metodologia apresenta à explicação dos métodos que foram utilizados na pesquisa, a forma de como foram coletados e analisados os dados. Segundo Roesch (1999, p. 125), comenta que o capítulo da metodologia descreve como o trabalho será realizado.

Dessa forma foi realizada uma Pesquisa Aplicada que segundo Markoni e Lakatos (1999, p. 22), “como o próprio nome indica, caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”.

Foi utilizada também uma pesquisa Exploratória que para Gil (2007, p. 41), “a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior facilidade com o problema, com vista a torná-lo mais explicito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições”.

3.1. TIPOLOGIA DA PESQUISA

Há várias tipologias, porém foi necessário escolher a mais adequada para o trabalho, e que se encaixou com o tema proposto.

De acordo com Roesch (2005, p. 125), “para os alunos em fase de estágio, a preocupação é eminente com projetos orientados para resolver problemas específicos nas organizações”.

Neste sentido a tipologia utilizada no trabalho foi a de analise textual, onde o autor analisa a ferramenta de logística reversa da empresa Pilkington Brasil Ltda.

O presente trabalho foi abordado sobre a perspectiva qualitativa buscando controlar o delineamento da pesquisa e interpretação dos dados colhidos. Para Roesch (2005, p. 128), a pesquisa qualitativa é apropriada para analise textual, ou seja, quando se trata de selecionar as metas de um programa e construir uma intervenção.

3.2. POPULAÇÃO- ALVO E AMOSTRA

A população-alvo para Roesch (2005, p. 138), “é um grupo de pessoas ou empresas que interessa entrevistar para o propósito específico de um estudo”.

Para a realização da pesquisa a população-alvo foram o gerente de logística, colaboradores e clientes da empresa. Neste trabalho, não foi necessário estabelecer um processo de amostragem, pois a pesquisa foi realizada direto com os envolvidos nas atividades da empresa, feita em forma de censo, e através do qual foi possível coletar os dados e informações necessárias.  

3.3. INSTRUMENTO E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para realização da análise clara e concisa da situação atual da logística da empresa foi necessário elaborar a coleta de dados que ajudou o autor a identificar os eventuais problemas da empresa nessa determinada atividade.

“A coleta de dados é uma etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos” (MARCONI E LAKATOS, 1999, p. 34).

Como instrumentos de coleta de dados foram selecionados de acordo com o objetivo específico a ser atingido, para isso envolveu: Entrevista semi-estruturada, Observação participante e Pesquisa documental.

3.3.1. Entrevista semi-estruturada

De acordo com Markoni e Lakatos (1999, p. 94), entrevista “é um encontro entre duas ou mais pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”.

As entrevistas foram marcadas antecipadamente, e definido horários mais adequados em que se pode estar reunidos todos os colaboradores da empresa. A entrevista ocorreu da seguinte maneira:

  1. Data da entrevista: 10/04/2013;
  2. Horário da entrevista: Das 08h00min às 9h20min;

Foi adotada a entrevista semi-estruturada com questões elaboradas antecipadamente relacionadas à gestão de logística reversa, meio ambiente e sustentabilidade, e no decorrer da entrevista também foi realizado um bate papo aberto com os colaboradores para conhecer e entender sobre as formas expedição e recepção de resíduos e produto de pós-consumo.

3.3.2. Observação participante

Segundo Markoni e Lakatos (1999, p. 90), a observação “é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações utilizando os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade”.

A observação participante foi utilizada para conhecer e entender os procedimentos e as ferramentas de gestão de logística da empresa. Entender como é o processo de embalagem, acondicionamento dos produtos, controle de estoque e os canais de distribuição.

A observação participante ocorreu da seguinte maneira: A coleta de dados foi realizada no galpão da empresa no setor de logística, durante os meses de Março e Abril de 2013, acompanhando as rotinas. Foi realizada a observação participante. Foram utilizadas fichas preenchidas pelo observador com dados e informações coletados no setor de logística. Essa observação proporcionou a realização de uma coleta de dados de qualidade.

3.3.3. Pesquisa documental

A pesquisa documental foi utilizada para fundamentar o processo de logística, saber qual meio e forma que a empresa realiza a logística reversa.

Segundo Gil (2007, p. 46), “os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como os documentos subsidem ao longo do tempo tornam-se a mais importante fonte de dados”.

Foi realizada uma pesquisa em notas fiscais, romaneios, relatórios de devoluções de clientes e notas fiscais de devoluções. Essa pesquisa foi realizada no setor logístico da empresa, durante os meses de Março e Abril de 2013. Os documentos repassados pela empresa proporcionaram dados mais consistentes, permitindo o entendimento da atual situação da gestão de logística reversa da empresa.

3.4. TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

Nesta etapa foram analisados os dados coletados da entrevista semi-estruturada e da observação não participativa, comparando o atual processo de logística reversa e os possíveis resultados após a implantação de um procedimento de trabalho.

Para que se pudesse obter uma análise concreta das informações colhida pelos procedimentos de coleta de dados, foram utilizadas as técnicas de tratamento, Análise de Conteúdo e Análise Documental.   

3.4.1. Análise do conteúdo

Segundo Marconi e Lakatos (1999, p. 132), “a técnica de análise de conteúdo vem se desenvolvendo nestes últimos anos com a finalidade de descrever, sistematicamente, os conteúdos das comunicações”.

Nesta análise foram levantados todos os lançamentos de notas fiscais de devolução de mercadorias, relatórios com datas de validades de produtos comercializados pela empresa e notas fiscais de sucatas de produtos pós-consumo.

3.4.2. Análise documental  

De acordo com Gil (2007, p. 88), “os documentos a serem utilizados na pesquisa não recebem nenhum tratamento analítico, torna-se necessária a análise de seus dados. Essa análise deve ser feita em observância aos objetivos e ao plano de pesquisa”.

Para Richardson (1999, p. 228), a análise documental “pode ser definida como a observação que tem como objetivo não os fenômenos sociais, quando e como se produzem, mas as manifestações que registram estes fenômenos e as idéias elaboradas a partir deles”.

Na análise documental, buscou-se conhecer e analisar os materiais e ferramentas utilizadas pela empresa nas atividades de logística reversa.

Para orientar e unir os objetivos específicos com as técnicas e análise dos dados apresenta-se um quadro:

Objetivos Específicos

Instrumento de Coleta de Dados

Técnicas de Análise de Dados

Identificar a situação atual da gestão da logística reversa.

-  Entrevista semi-estruturada                      

-  Observação participante

-  Análise de conteúdo

Efetuar uma análise das principais necessidades e limitações das ferramentas de logística reversa.

-  Diários                       

-  Observação participante

-  Análise de conteúdo                     

-  Análise documental

Analise da ferramenta de logística reversa como diferencial competitivo.

 

-  Entrevista semi-estruturada                                      

-  Observação participante

-  Análise de conteúdo

Quadro 1: Síntese de Instrumento de Coleta de dados e Técnicas de análise de dados.
Nota: Elaborado pelo autor.

3.5. PILKINGTON BRASIL LTDA

Pilkington é uma das mais antigas e tradicionais companhias vidreiras mundiais, fundada na Inglaterra em 1826. Nasceu como uma pequena empresa, na pequena cidade de St. Helens, de menos de cinco mil habitantes. No início do século 19 nasceu o atual Grupo Pilkington, o mais internacional entre os grandes produtores mundiais de vidro.

A sede da companhia ficou lá até meados de 2006, quando o Grupo Japonês NSG adquiriu sua cota na bolsa de valores de Londres. Em 2013, o Grupo tornou-se um conglomerado mundial de com cerca de 32.500 mil funcionários e atuação industrial em 29 países, focada nos setores Automotivo e de Construção Civil.

Chama a atenção a ênfase dada à tecnologia como fator chave do desenvolvimento histórico do grupo. Depois de quase dez anos de pesquisa e de experimentação, ele conseguira afinal consolidar um novo sistema de produção de chapas de vidro perfeitas quanto à planimetria e transparência, as qualidades fundamentais do vidro plano. A figura 3 apresenta uma chapa de vidro antes do processo de fabricação dos para-brisas para veículos.

Figura 3: Chapa de Vidro.
Fonte: Vidro Chapa (2013).

O processo foi patenteado em 1959 e logo em seguida começou a ser licenciado pela Pilkington para outras empresas interessadas na Europa, América do Norte e Ásia. O vidro Pilkington confirmou ser uma tecnologia de ponta e, em menos de duas décadas, tornou-se o sistema produtivo dominante na indústria mundial.

Para a Pilkington, o reconhecimento das virtudes e da eficiência do novo processo pela indústria de vidro plano tornou-se uma alavanca de crescimento. O licenciamento de uma linha de vidro especial trouxe recursos que foram investidos na sua própria expansão, dirigida principalmente para a ampliação ou criação de operações industriais em outros países da Europa e fora dela. O que acabou por mudar radicalmente o desenho geográfico da atuação do grupo.

O Brasil foi um dos mercados que atraiu bastante o interesse da Pilkington. E nas décadas de 1970-80, de fato, o grupo passou a fazer importantes investimentos no país, como parte de um plano estratégico de longo prazo para a América do Sul.

A Pilkington atua em três linhas de negócio em todo o mundo:

  • Construção civil: vidro para aplicações na arquitetura, bem como o setor de energia solar.
  • Automotiva: atende o mercado de vidro automotivo, fornecendo peças para montadoras e para reposição, e os mercados de vidros especializados para transporte.
  • Vidros especiais: incluem o vidro para monitores, lentes e guias de luz para impressoras, também fibra de vidro, usada em separadores de baterias e correias de motor.

A empresa tem como Visão: “Fazer a diferença através da tecnologia do vidro”. Sua Missão é: “Ser líder mundial em vidros de alto desempenho e em soluções inovadoras de envidraçamento, contribuindo para a conservação de energia, trabalhando com ética e segurança”.

Tem como seus Valores: “Nossos funcionários são os ativos mais importantes de nossa empresa”. Valorizam: Confiança e respeito mútuo; Integridade e profissionalismo; Trabalho em equipe e apoio mútuo; Iniciativa e criatividade; e Sustentabilidade.

Atualmente a Pilkington possui suas fábricas em Caçapava – SP, São Paulo – SP, Betim – MG e Camaçari – BA e unidades 10 (dez) unidades de distribuição em todo Brasil.

Na figura 4, uma imagem da fachada de uma das fábricas da PilKington Brasil localizada em Caçapava – SP.
Na figura 4, uma imagem da fachada de uma das fábricas da PilKington Brasil localizada em Caçapava – SP.

Figura 4: Fábrica Pilkington Brasil Ltda – Caçapava – SP.
Fonte: Pilkington Brasil (2010, np).

A capacidade de produção de para-brisas na fábrica de Caçapava é de 3,7 milhões de peças por ano e a empresa já tem planos de expandir sua produção. Recentemente a Pilkington anunciou sua nova estrutura organizacional substituindo as linhas de negócios pelas Unidades Estratégicas de Negócio (SBU – Strategic Business Unit) e dentre elas a de Vidros automotivos. O objetivo principal desta mudança foi de dar maior ênfase aos clientes de cada mercado onde a empresa atua, aumentando o nível de decisão local e agilizando o processo.

A empresa está se expandindo geograficamente e entrando em novas áreas de tecnologia de vidro. O objetivo dessa expansão é simplificar a imagem da empresa, preservando o valioso nome da marca Pilkington. Com um dos objetivos permanentes de posicionamento de mercado, a empresa investe anualmente em aumento de capacidade de armazenamento no Centro de distribuição, melhorando não só a prestação de serviço, mas também proporcionando uma maior variedade de produtos e permitindo a melhoria da produtividade em termos de transporta e descarga.

Atualmente, o Centro de Distribuição da empresa está melhor preparado para responder às necessidades dos clientes em tempo hábil o que proporciona uma vantagem importante no mercado e permite melhorar o serviço tendo uma plataforma de operações mais eficiente e segura.

A unidade da Pilkington na qual esse trabalho foi baseado está situada em Foz do Iguaçu – PR. A empresa é responsável pela comercialização e distribuição de vidros automotivos em toda região do estado do Paraná, tem uma carteira de clientes que atuam no varejo e prestação de serviço no mesmo segmento.

O modo como às empresas definem sua força de trabalho é uma maneira pela qual elas se diferenciam. A força de trabalho na Pilkington Brasil é um dos instrumentos para alcançar os objetivos da empresa.

A empresa possui oito funcionários conforme representado no quadro 2:

Faixa etária

Escolaridade

Sexo

Função

Fundamental

Médio

Superior

20 a 30

 

1

1

Masculino

Auxiliar de Logística              Gerente de Logística

31 a 40

2

 

 

Masculino

Motorista

41 a 50

2

 

 

Masculino

Auxiliar de Logística              Operador de empilhadeira

51 a 60

1

1

 

Masculino Feminino

Gerente Comercial                                 Auxiliar de serviços gerais

Total

5

2

1

 

 

Quadro 2: Força de trabalho Pilkington Brasil.
Fonte: Pilkington Brasil (2013, np).

O grande diferencial de negócios da empresa está baseado na sua estratégia de logística, a preocupação em atender a demanda do mercado está sempre ligada as questões socioambientais (MADO, 2011, p.14).

3.6. RESÍDUOS GERADOS

O processo de fabricação de vidros para o setor automotivo gera diversos tipos de resíduos durante seu processo produtivo, desde o armazenamento da matéria prima, passando pela manufatura do vidro plano, acondicionamento do produto final e distribuição. 

Preocupada com o manuseio de sua matéria-prima e com a responsabilidade de seus resíduos, a Pilkington trabalha no intuito minimizar os rejeitos durante a fabricação dos seus produtos e os possíveis impactos causados a natureza. O autor acompanhou todos os processos de fabricação e constatou que a empresa mantém um rigoroso controle ambiental.

A figura 5 apresenta uma das fases de produção de para-brisas.
A figura 5 apresenta uma das fases de produção de para-brisas.

Figura 5: Produção de Para-brisas.
Fonte: Pilkington Brasil (2010, np).

A fabricação de para-brisas e demais vidros automotivos requer a utilização de vários produtos químicos, o que torna o processo ainda mais perigoso e se mal controlados causam danos ao meio ambiente. Como acompanhado na observação participante, a Pilkington manifesta e formaliza sua visão sobre as questões ambientais e seu relacionamento com a comunidade através da Política de MASS - Meio Ambiente, Saúde e Segurança.

O SGA – Sistema de Gestão Ambiental estabelece padrões documentados através de normas e procedimentos, cobrindo as atividades de planejamento, controle operacional, monitoramento, auditoria interna, análise crítica e ação corretiva, envolvendo funcionários e terceiros permanentes. O esforço para melhoria contínua é orquestrado pelo Plano de Objetivos e Metas Ambientais para cada fábrica e áreas comuns e corporativas. Destaque especial para a redução do consumo específico de água e energia elétrica (por m² de vidro produzido), insumos sobre os quais se tem alcançado resultados expressivos, inclusive servindo de referência dentro do grupo.

Durante pesquisa documental realizada na unidade da Pilkington em Foz do Iguaçu, observou-se um controle rigoroso das peças descartadas por apresentarem algum defeito, seja trinca, risco ou quebra. Essas avarias ocorrem durante a transferência da fábrica de Caçapava para a unidade de distribuição, algumas evidencias foram constatadas durante a observação participativa, entre elas, caixas de madeira mal travadas e estradas esburacadas.

Depois de realizado a conferência das peças e identificado as avarias, o material com defeito é segregado em uma área denominada “Quebra”, as notas fiscais são lançadas no sistema e, por conseguinte, emite-se uma nota de saída com movimentação fiscal de sucata, identificando que aquele determinado item não se acondicionado no estoque e deverá retornar como sucata de vidro. A documentação fiscal é reunida juntamente com os movimentos internos para iniciar o processo reverso dos itens rejeitados para distribuição.

O vidro automotivo exerce uma importante função para a proteção dos ocupantes do veículo, os vidros Pilkington basicamente, podem ser classificados em dois tipos principais: vidro laminado e vidro temperado.

No quadro 3, observa-se a descrição dos vidros laminados e temperados:

Tipo do Vidro

Descrição

Laminado

Vidro laminado é um vidro de segurança, usado principalmente em para-brisas. Consiste em duas lâminas de vidro unidas por uma película de Polivinil Butiral (PVB), a qual, no caso de uma quebra, as peças de vidro tendem a aderir à película. No caso de um acidente, uma pedra ou outro objeto atingir o vidro, a probabilidade de penetração na cabine do veículo será menor.

Temperado

Vidro temperado é utilizado principalmente nos vidros laterais e traseiros do veículo. O vidro é muito resistente e passui uma exclusiva característica de fratura que é o estilhaçamento instantâneo no caso de quebra. Se quebrado, o vidro se estilhaça em pequenas pedaços sem bordas cortantes, proporcionando um ambiente mais seguro no caso de acidentes.

Quadro 3: Descrição dos vidros laminados e temperados
Fonte: ACG (2013, np).

Fica evidente que o vidro laminado tem vantagens sobre o temperado. Não só ajuda a manter os passageiros dentro do veículo em caso de acidente, mas também protege dos perigos de fora. Atualmente a Pilkington é uma das responsáveis pela distribuição de vidros laminados e temperados para todas as montadoras do mundo e no caso das unidades de distribuição como de Foz do Iguaçu - PR, ela atua na área de reposição.

 A figura 6 ilustra os modelos de vidros laminados e temperados:
 A figura 6 ilustra os modelos de vidros laminados e temperados:

Figura 6: Vidros Laminados e Temperados.
Fonte: Pilkington Brasil (2012, np).

O manuseio de vidros é realizado de maneira segura, todos os funcionários passam por um treinamento e são instruídos do uso obrigatório do equipamento de EPI e da forma de manusear as peças. Esse procedimento além de minimizar os riscos de acidentes também diminui o índice de quebras e a geração de resíduos e/ou rejeitos.

Uma das grandes preocupações da Pilkington são os resíduos gerados. Todos os vidros trincados ou quebrados são separados em um espaço especifico dentro do galpão para causar nenhum tipo de acidente a pessoas e nem ao meio ambiente.

A figura 7 apresenta uma transferência de vidros na qual as caixas se desmontaram e quebraram os vidros nela contidos:
A figura 7 apresenta uma transferência de vidros na qual as caixas se desmontaram e quebraram os vidros nela contidos:

Figura 7: Transferência de Vidros.
Fonte: Pilkington Brasil (2013, np).

Durante a observação participante o autor constatou que no processo de transferência de materiais entre unidades, ocorrem algumas falhas de armazenamento da carga no caminhão, provocando avarias como apresentadas. Esses vidros quebrados por sua vez, se tornam rejeitos e precisam ser descartados para não serem comercializados. Outro fator que tem despertado atenção da empresa são os vidros pós-consumo. Como se trata de vidros automotivos as peças não tem vida útil, elas são substituídas à medida que for triscada ou quebrada, isso por conseqüência de pedras, acidentes de trânsitos, furtos, entre outros.

Durante a visita a alguns clientes da empresa Pilkington o autor comprovou que os vidros que são substituídos dos veículos são descartas de maneira irregular, muitos desses clientes jogam a céu aberto e deixam em calçadas onde ocorre circulação de pedestres o que gera grande perigo de acidentes. A figura 8 mostra como são descartados os vidros Pilkington por seus clientes pós-consumo: 

Figura 8: Vidros descartados pós-consumo.
Fonte: Autor (2013).

A empresa preocupada em solucionar este problema está desenvolvendo um planejamento de logística reversa dos seus vidros de pós-consumo para evitar que a marca do produto seja exposta dessa maneira e principalmente visando contribuir com o meio ambiente, evitando que esses vidros causem danos a plantas e principalmente a população que circula diariamente. Essa estratégia de logística reversa faz parte das ferramentas de competitividade da empresa.

3.7. IDÉIA SUSTENTÁVEL x ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

A Pilkington Brasil é líder mundial na fabricação de vidro plano e vidros de segurança e possui sólida reputação internacional no campo ambiental, buscando tomar parte da construção do desenvolvimento sustentável através de suas atividades, produtos e iniciativas. Isto se traduz pelo esforço para reduzir cada vez mais o impacto ambiental de todos os processos, através de tecnologias mais limpas e de uma gestão operacional eficaz (MADO, 2011, p. 3).

A Pilkington também vem introduzindo no mercado produtos ecologicamente amigáveis, que contribuem para a redução do consumo de energia e para a melhoria da qualidade de vida. A empresa procura ainda promover a conscientização ambiental de funcionários e familiares e dos terceiros permanentes, durante o ano ela realiza eventos, palestras, passeios ecológicos e visitas técnicas na sua central de reciclagem, ale, de colaborar sempre que possível com a comunidade e os órgãos públicos de todos os países nos quais atua.

Além de fabricar um material 100% e ilimitadamente reciclável, a Pilkington desenvolve em seus centros tecnológicos em Lathom – Inglaterra, San Salvo - Itália e Kioto – Japão, produtos de excepcional desempenho ecológico, fabricados e comercializados através de companhias subsidiárias e coligadas, espalhadas por 25 países em 05 continentes (PILKINGTON, 2013, np).

A Pilkington conta com uma estrutura corporativa na área ambiental e com a Diretoria de Sustentabilidade que incorpora a área de MASS - Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Grupo, que além de definir diretrizes gerais, congrega os esforços e promove o intercâmbio das iniciativas e também dos problemas de cada companhia. Em 2002, dentro da organização da Divisão Automotiva de forma globalizada como unidade de negócios, foi criada a Diretoria de MASS da divisão.

Em 2007 a gestão de MASS das divisões Construção Civil e Automotiva foi reunificada e foram criadas diretorias regionais de MASS para Europa, América do Norte, América do Sul e China e um Diretor Mundial de Meio Ambiente.

 Em 2012 a área de sustentabilidade foi fundida à área de MASS, tendo a nomenclatura da área alterada para Diretoria de Sustentabilidade. A Diretoria do Grupo entende que a implantação de um SGA - Sistema de Gestão Ambiental, nos moldes da ISO 14001, é a melhor forma de organizar de forma coerente e sistemática as atividades e a melhoria contínua na área ambiental.

A Pilkington Brasil se tornou a vigésima segunda indústria brasileira a obter um certificado ISO 14001 em 12/12/97 (emitido pela DNV - Det Norke Veritas) e a primeira indústria vidreira da América Latina a se certificar. Foi emitido em 31/03/04 um certificado "corporativo" para o Grupo, com um certificado específico para a Unidade Caçapava da Pilkington Brasil. As Unidades São Paulo e Betim vieram a conquistar a certificação mais tarde, respectivamente em 25/04/05 e 02/06/05, sendo incorporadas ao certificado global em Janeiro de 2006.

Entre os diversos projetos que a empresa possui, o projeto Equilibre procura estimular a harmonia entre os principais elementos que promovem a qualidade de vida de funcionários e colaboradores do Grupo no Brasil.

A busca por aliar atitudes sustentáveis e estratégias empresariais tem representado ganhos de competitividade para a Pilkington Brasil. Uma das principais ferramentas é a Logística reversa de pós-consumo, pois se tornou uma grande oportunidade de se desenvolver a sistematização dos fluxos de resíduos, bens e produtos pós-consumo.

Figura 9: Projeto Equilibre.
Fonte: PILKINGTON (2012, np). Nota: Adaptado pelo autor.

Fomentando ações pontuais referentes a cada um desses aspectos, o Equilibre tem como principal objetivo o envolvimento de todo o quadro de colaboradores do grupo NSG Brasil na promoção de comportamentos saudáveis, seguros e equilibrados em prol do bem-estar comum e da qualidade de vida, além de incentivar o relacionamento aprazível entre empresa e comunidade.

Entre as ações do projeto pode-se destacar a:

  1. Mensagem de meio ambiente: Comunicado enviado semanalmente a todos os funcionários via e-mail com o objetivo de encorajá-los a agir de forma sustentável no dia-a-dia.
  2. Jogos das Indústrias: Envio de mensagens aos colaboradores sobre a importância do esporte para a manutenção da saúde e da qualidade de vida.
  3. Mensagem diária de segurança: Comunicado enviado diariamente a todos os funcionários via e-mail com o objetivo de torná-los conscientes de seus atos e comportamentos, privilegiando a segurança.
  4. Comunicação: Informativos enviados aos colaboradores abordando a importância da prática do voluntariado para o bem estar individual e social.
  5. Campanha do agasalho: Apoio à campanha do agasalho. Arrecadação de roupas, sapatos e cobertores doados a instituições beneficentes.

O impacto de todas as ações ambientais que a Pilkington realiza é observado na imagem da marca diante do mercado, ela interioriza nos seus clientes a sua responsabilidade sócio-ambiental e a postura estratégia organizacional. Essas práticas, em destaque a Logística reversa motivam a compra da marca Pilkington, criando mais oportunidades de negócios frente a concorrentes, valorizando os produtos e serviços da empresa, contribuindo diretamente na solução dos problemas ecológicos e se tornando uma ferramenta de diferencial competitivo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise da logística reversa como ferramenta para gerar competitividade, equacionando os fluxos reversos de produtos de pós-consumo e ações que valorizam a imagem da responsabilidade socioambiental da empresa Pilkington Brasil Ltda, concluí-se que nos dias atuais é imprescindível para a empresa possuir uma ferramenta que proporcione um diferencial competitivo no seu mercado dos negócios. Com a observação participante o autor pode obter informações a respeito dos procedimentos utilizados nas atividades de logística reversa de pós-consumo.  

Durante a realização da pesquisa observou-se a necessidade de se investir no aprimoramento da ferramenta de logística reversa e transforma-la em uma área de estratégia empresarial tornando-a uma fonte de vantagem competitiva. A importância da logística reversa pode ser avaliada pela grande necessidade observada durante a entrevista do autor com os colaboradores da empresa e alguns clientes, pois os vidros Pilkington têm grande giro e os itens substituídos precisam ser descartados de maneira correta.

Esse interesse em implantar a logística reversa de maneira sistematizada foi apontado pela empresa. Atualmente a empresa faz o processo reverso dos itens de pós-consumo mais ainda não disponibiliza um departamento para gestão desses resíduos, seja para finalidade de reaproveitamento para fabricação ou reciclagem.  Portanto, esse tipo de pesquisa justificou-se na medida em que permitiu analisar a importância dessa ferramenta como diferencial competitivo contribuindo para o sucesso dos negócios. A aplicabilidade da logística reversa na empresa Pilkington é importante porque representa uma forma de obtenção de vantagem competitiva não somente em termos financeiros, mas também em gerenciamentos de resíduos e sustentabilidade.

Na pesquisa realizada pôde-se verificar que a ferramenta de Logística Reversa na empresa Pilkington é realizada de maneira empírica e necessita ser aprimorada tanto em relação aos procedimentos operacionais quanto nas questões relativas ao controle documental de despacho dos resíduos. Portanto há a necessidade de se elaborar um planejamento sistematizado visando o progresso e o desenvolvimento contínuo da estratégia de Logística Reversa aplicada atualmente na empresa Pilkington Brasil Ltda como ferramenta para gerar competitividade.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BACIMA, Rosangela. Relacionamentos Sustentáveis. Revista Incorporativa – 22/05/2009. Disponível em: . Acesso em: 12 Abr. 2013, 16h10.

BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

BARBOSA, Adriana; BENEDUZZI, Bruno; LOUREIRO, Mauricio C; MENQUIQUE, João; ZORZIN, Gislaine. Logística Reversa - O Reverso da Logística. Disponível em: . Acesso em: 10 Abr. 2013.

BARTHOLOMEU, Daniela Bacchi; BRANCO, José Eduardo Holler; CAIXETA-FILHO, José Vicente; GAMEIRO, Augusto Hauber; PINHEIRO, Maria Andrade; XAVIER, Carlos Eduardo Osório. Logística ambiental de resíduos sólidos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 

BARRETO, Alcyrus Vieira Pinto; HONORATO, Cesar de Freitas. Manual de sobrevivência na selva acadêmica. Rio de Janeiro: Objeto Direto, 1998.

BRASIL, Acg Vidros do. Vidro automotivo. Disponível em: . Acesso em: 17 Abr. 2013, 11h25.

BRANDALISE, Loreni Teresinha. A percepção do Consumidor na Análilse do Ciclo de Vida do produto: um modelo de apoio à gestão empresarial. Cascavel: EDUNIOESTE, 2009.

BRASIL, Pilkington. História da empresa Pilkington Brasil. Disponível em: .  Acesso em: 26 Abr. 2013.

______. História do vidro no brasil. Disponível em: .  Acesso em: 26 Abr. 2013.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

BRUNA, Gilda Collet; PHILIPPI JR, Arlindo; ROMÉRO, Marcelo de Andrade. Curso de gestão ambiental. 1. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2004.

CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeira de suprimentos: criando redes que agregam valor. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009.

COBRA, Marcos. Marketing Competitivo. São Paulo: Atlas, 1993.

CORTEZ, Ana Tereza Caceres. Embalagens: o que fazer com elas? Rio Claro: Viena Gráfica e Editora, 2011.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

FARIAS, Nilson Rosa de; JESUS, Elias Andrade de; ZIBETTI, Ruy Alberto. Gestão Ambiental – Responsabilidade da Empresa. 1º ed. Cascavel: Unioeste, 1997.

GRAZIANO, Xico; Cadernos de Educação Ambiental – Resíduos Sólidos. Governo do estado de São Paulo, Secretaria do meio ambiente, Coordenadoria de planejamento ambiental- São Paulo – 2010. Disponível em: . Acesso em: 14 Abr. 2013, 14h30.

GODINHO, Wagner Botelho; Gestão de Materiais e Logística. Curso técnico à distância. Fatec Internacional, Curitiba, 2004.

LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa: meio Ambiente e competitividade. São Paulo: Pearspn Prenctice Hall, 2003.

______ .Logística reversa: meio ambiente e competitividade. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

KOTLER, Philip. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.

MADO. Prêmios de segurança e meio ambiente 2011. ed. Internacional. Inglaterra: Printworks, 2011.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

MEIO, Ambiente. Disponível em: < http://www.pilkington.com/south-america/brazil/portuguese/about+pilkington/meio+ambiente/a+empresa+e+o+meio+ambiente.htm >. Acesso em: 15 Abr. 2013.

MOURA, Reinaldo A. Sistemas de técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. São Paulo: IMAM, 1996.  Série Manual de Logística, v.1.

NOVAES, Josival. Evolução Logística no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 07 Fev. 2013, 21h40.

PHILIPPI JR, Arlindo. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri, São Paulo: Manole, 2005.

REGO, Andreia Silva. Logística Reversa no Mercado de Embalagens - Caso Tetra Pak. Brasilia, DF, 2005. Disponível em:

.  Acesso em: 8 Abr. 2013.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social. Métodos e Técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

ROESCH, Sylvia M. A. Projetos Estágio e de pesquisa em administração. 2. ed. São Paulo, 1999.

______. Projetos e pesquisas de Estágio em administração. 2. ed. São Paulo, 2005

ROGERS, D. S. & TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backwards: reverse logistics trends and practices. Reno: Universidade de Nevada, 1999. Disponível em:

.  Acesso em: 09 Mar. 2013, 10h00.

SANTANA, Ana Lucia. Reciclagem. Info Escola, 2010. Disponível em: . Acesso em: 09 Abr. 2013, 11h15.

TRIGUEIRO, F. G. R. Logística reversa: a gestão do ciclo de vida do produto. 2003. Disponível em: < http://www.guialog.com.br/ARTIGO439.htm>. Acesso em: 12 Abr. 2013, 14h00.

VIDRO, Chapa de. Disponível em: . Acesso em: 16 Abr. 2013, 21h00.

WILLIAMS, Lorna. Prêmios de segurança e meio ambiente 2011. MADO -  Corporate Affairs. ed. Internacional. Inglaterra, 2011, p. 8.

APÊNDICE A: ENTREVISTA COM OS COLABORADORES DA EMPRESA PILKINGTON BRASIL LTDA.

A presente entrevista tem como objetivo coletar dados com os colaboradores da empresa Pilkington Brasil Ltda, referentes à gestão de resíduos e logística reversa da empresa. A entrevista tem finalidade acadêmica por tratar-se de um Trabalho do Curso de Especialização em Gestão de Logística Empresarial da Escola Superior Aberta do Brasil – Esab.

Data:___/___/___                                                                                                 

Horário:__________________

Nome dos entrevistados:____________________________________________________

ROTEIRO DA ENTREVISTA

A empresa utiliza algum software de gestão ambiental ou controle de descarte de resíduos?

Qual dos colaboradores é o responsável pela gestão de resíduos e logística reversa na empresa?

Qual é o nível de conhecimento em descarte de resíduos que os colaboradores possuem?

 (    ) Básico                                  (    ) Intermediário                           (    ) Avançado

As ferramentas existentes na empresa permitem avaliações e planejamento para que a empresa tenha condições para elaborar estratégias de logística reversa aliada à economia de custos de produção.

Costumam dedicar um tempo para estudo sobre questões relativas à gestão de resíduos da empresa?

Quais as estratégias financeiras que a empresa possui para garantir o alcance de baixos custos para o correto descarte dos resíduos gerados?

A empresa possui um gerenciamento de resíduos, qual ferramenta e procedimento são utilizados?

É realizado um balanço mensal da quantidade de resíduos gerados? Qual procedimento é utilizado?

Explique de forma resumida como os resíduos são acondicionados e descartados após seu uso.

É realizado um relatório mensal dos custos oriundos do correto descarte dos resíduos gerados?

Como é realizado o controle das ferramentas de logística reversa?

Quais as maiores dificuldades e as falhas que os colaboradores encontram hoje para a realização de um plano de gerenciamento de resíduos e a implantação da logística reversa na empresa?

Como vocês visualizam a gestão de resíduos da empresa daqui a 5 anos?

O que vocês conhecem a respeito de gestão de resíduos e logística reversa?

Existe a percepção da importância do correto descarte de resíduos bem como sua reutilização?

(     ) Sim                   (     ) Não

Do ponto de vista dos administradores da empresa, qual a necessidade implantação da gestão de resíduos e da logística reversa na empresa?

(     ) Desnecessário           (     ) Necessário          (     ) Extremamente necessário

Quais as expectativas da implantação de uma ferramenta de logística reversa na empresa?

Quais motivos despertaram interesse em aderir à logística reversa na empresa?

Na opinião de vocês quais são os pontos fortes e fracos na implantação da gestão de resíduos e logística reversa na empresa?

Qual dos colaboradores será responsável por controlar os resíduos o correto descarte dos mesmos?

APÊNDICE B: ROTEIRO DA OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

A observação participante tem como finalidade avaliar as condições atuais do controle e processos de descartes de resíduos utilizados na empresa, bem como os procedimentos de logística reversa, identificando as limitações e necessidades que possam ser melhoradas e implantadas.

  1. Identificar as ferramentas de controle de descarte de resíduos utilizadas na empresa;
  2. Diagnosticar as limitações e necessidades nos métodos utilizados;
  3.  Analisar as ferramentas e métodos de aperfeiçoamento da gestão de resíduos e da logística reversa.

Observação nº: ________

 

Data:__________________________            Hora:__________________________

APRESENTAÇÃO

A coleta de dados foi realizada no setor operacional da empresa, durante os meses de Março e Abril de 2013, no início e final de cada mês, acompanhando as rotinas e procedimentos. Foi realizada a observação participante nos dias escolhidos. Foram utilizadas fichas preenchidas pelo observador com dados e informações coletados no setor operacional da empresa.

  1. Controle das minutas de logística reversa;
  2. Triagem e acondicionamento dos resíduos;
  3. Relatórios de desperdício de materiais;
  4. Destinação dos resíduos gerados.

APÊNDICE C: RELAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA ANÁLISE DOCUMENTAL

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS ANALISADOS

Foi realizada uma pesquisa nos documentos contidos no setor operacional da empresa, tais como planilhas de controle de descarte de resíduos, relatórios mensais de desperdício de materiais, relatórios mensais resíduos gerados, planilha de controle de despacho de resíduos entre outros.

Documentos analisados

 

Data da análise

 

 

Arquivos de minutas de logística reversa

 

 

Relatórios de desperdício de materiais

 

 

Relatórios de resíduos gerados

 

 

Planilha de controle de despacho de resíduos

 


Publicado por: EUCLIDES DE VARGAS SOARES

icone de alerta

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Monografias. Brasil Escola não se responsabiliza pelo conteúdo do artigo publicado, que é de total responsabilidade do autor . Para acessar os textos produzidos pelo site, acesse: https://www.brasilescola.com.