EROSÃO E SUAS IMPLICAÇÕES NA RUA JOSÉ FERREIRA DOS SANTOS NO BAIRRO JD. DAS OLIVAS NO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

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1. RESUMO

A presente pesquisa apresenta uma análise da ocupação e uso dos solos no bairro Jardim das Olivas, localizado no município de Guarulhos. A urbanização ganha destaque ao longo das observações, tendo em vista as ações antrópicas na intensificação dos processos erosivos, enfatizado como a problemática do escoamento superficial e o carreamento de sedimentos agravam a vida da população local. Para tal, foram realizadas atividades de campo com objetivo de obtenção de imagens atuais do local, assim como também foram analisadas imagens de períodos anteriores à ocupação, obtidas de moradores mais antigos. Conforme esperado, os resultados apontaram o intenso carreamento de sedimentos como um dos maiores problemas, sobretudo em dias chuvosos, somados a ausência de calçamento e bocas de lobo nas ruas.

Palavras-chave: Carreamento de sedimentos, uso e ocupação, escoamento superficial.

ABSTRACT

This research presents an analysis of soil and land occupation in the Olivas Garden, located in Guarulhos, state of São Paulo. Urbanization gains importance over the remarks, in view of human actions on the intensification of erosion processes, emphasized as the problem of runoff and the sediment carriage impactingthe local population’s life. For such, field activities were conducted in order to obtain current location images, and were also analyzed images of periods before the occupation, obtained from older residents. As expected, the results showed the intense sediment carriage as a major problem, especially on rainy days, plus the lack of pavement and sluice gates on the streets.

Keywords: Sediment carriage, use and occupation, runoff.

2. INTRODUÇÃO

Dentre os objetos de estudo da Geografia, interessa à presente pesquisa destacar algumas análises inerentes ao campo da geomorfologia, tais como os a ação do ser humano sobre a natureza, sobretudo, no que tange o uso e ocupação do solo.

Partindo desse pressuposto, o presente trabalho de conclusão de curso abordará questões relativas à erosão e suas implicações, com foco no Bairro Jardim das Olivas no município de Guarulhos.

O objetivo desta pesquisa é destacar a problemática do escoamento superficial na área estudada que, consequentemente acarretam outros prejuízos para a sociedade local, no sentindo de dificuldades de mobilidade frente aos obstáculos decorrentes do curso desordenado das águas pluviais, que por sua vez, carregam uma gama de sedimentos provenientes de processos erosivos.

É imprescindível analisar o modo de ocupação e uso do solo por parte da população que mora na Rua José Ferreira dos Santos, onde está localizada a área de estudo. Esta análise consiste em explanar sucintamente alguns processos de ocupação urbana, buscando compreender as mudanças da paisagem.

A perda de solo é significativamente relativa, dependente, sobretudo, do tipo de material, que varia nos níveis de consolidação, quando se trata de solo remexido ou mesmo quanto aos níveis de dureza do mesmo. A presente pesquisa evidenciou que mesmo antes dos processos de ocupação iniciar, já havia no local, feições que denotassem tal fenômeno.

Desse modo, os processos de ocupação e urbanização contribuíram para a transformação da paisagem, impondo aos cursos pluviais diferentes trajetórias, realçando o carreamento de sedimentos após alguns terrenos terem sido cortados para realização de tais obras.

3. OBJETIVO GERAL

Análise do escoamento superficial baseado no uso e ocupação do solo em uma área de campo localizado no jardim das Olivas, no município de Guarulhos.

3.1. Objetivos específicos

  • Identificar os tipos de uso e ocupação do solo, (mata, solo exposto, mista, urbanização), bem como sua influência no carreamento de sedimentos;

  • Analisar os impactos do carreamento de sedimentos ao longo do seu curso.

4. O MUNICÍPIO DE GUARULHOS

O Município de Guarulhos está contido na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), localiza-se ao nordeste e a cerca de 17 Km do marco Zero da cidade de São Paulo. A sua posição geográfica é estratégica, pois se situa no principal eixo de desenvolvimento do país, conforme ilustrado na figura 1.

De acordo com Oliveira et. al (2008),a cidade de Guarulhos é cortada pelo Trópico de Capricórnio, caracterizando uma área de transição entre as zonas Temperada e Tropical. Ainda em acordo com o autor supracitado, a economia do município deixou de ser sustentada pela indústria e passou a ser expressivamente de serviços.

De acordo com dados da última contagem do IBGE, o município conta atualmente com uma população de aproximadamente 1324 habitantes, sendo que quase a totalidade é urbana (mais de 98 %) apesar de territorialmente, possuir 341 Km² (IBGE, 2010; PNUD, 2014).

Figura 1 – Localização do município de Guarulhos


Fonte: Internet1

5. URBANIZAÇÃO, USO E OCUPAÇÃO DOS SOLOS

No bairro jardim das Olivas existe um aumento da população devido ao crescimento econômico local, por meio da expansão comercial, bancária e de serviços.

Para acompanhar o crescimento populacional no bairro, há em andamento, algumas construções de apartamentos habitacionais. Inclusive casas construídas em áreas de taludes, em lotes ocupados ou cedidos pela prefeitura, na maioria das vezes a cobertura vegetal é retirada dessas áreas para realização de construções, intensificando os processos erosivos, conforme apontado por Guerra, (1999)

Expansão urbana descontrolada. A implantação de loteamentos e conjuntos habitacionais, especialmente em locais que apresentam terrenos suscetíveis a processos de ravinamentos ou boçorocamentos, deve ser antecedida por cuidadoso estudo da suscetibilidade à erosão, adequando os projetos à natureza dos terrenos e prevendo-se obras de controle à erosão (GUERRA, 1999; p. 257).

Sabe-se que nas periferias as moradias são construídas pela própria população, geralmente, é devido às condições econômicas, que não permitem a presença de um especialista que analise as condições do terreno. A ação preventiva contra a erosão é importante, sobretudo, para evitar danos e riscos à vida, como ocorre nos casos de ocupação em áreas de encostas, como é descrito em subitem subsequente.

Existem muitas formas de ocupação do solo em áreas urbanas e mais especificamente em bairros periféricos, a ocupação dessas áreas consiste em construções de moradias segundo Laurenti (2012), loteamento – espaços já preparados, marcados pelo traçado das ruas e lotes, áreas predominantemente ocupadas por residências.

A urbanização vem aumentando cada vez mais nas cidades e municípios desde a década de 1970, quando se intensificou o êxodo rural, até nos dias atuais, esse crescimento da população em quase todas as áreas é praticamente inevitável.

Um dos principais motivos para o avanço da urbanização em áreas periféricas se dá, sobretudo, pelo avanço do capitalismo e a necessidade de emprego, como diz Laurenti (2012), (...) das atividades produtivas e contínua expansão urbana sobre as paisagens naturais, há muito tempo vem sedo promovida sob a égide do modelo capitalista de produção.

5.1. Tipos característicos de solos

De acordo com Oliveira et al., (2009), o território municipal está inserido em uma área cujas classes de solo formam um mosaico, contudo, cabe à presente pesquisa destacar que a classe de solo predominante na área de estudo é o Latossolo Vermelho-Amarelo.

Ainda em conformidade com mesmo autor, trata-se de solos que apresentam alta plasticidade, além de ocorrer em ambientes bem drenados, são profundos e uniformes em características de cor e textura. Normalmente estão associados a áreas de relevo plano, ou ondulado.

Nesse contexto, considera-se que processos erosivos se desenvolvem em qualquer tipo de solo, porem, existem solos mais propensos à erosão e outros solos que contêm certa resistência, esse tipo de análise é importante, para percebermos as distintas formas de ocorrência de erosão no solo, seja ele arenoso ou argiloso, conforme destaca Guerra (1999)

O solo, por influenciar e sofrer a ação dos processos erosivos, conferindo maior ou menor resistência, constitui o principal fator natural relacionado à erosão. A sua influência deve-se às suas propriedades físicas, principalmente textura, estrutura, permeabilidade e densidade (GUERRA, 1999, p. 233).

Assim, subentende-se que nos solos arenosos os grãos de terra são mais soltos, por isso são levados mais facilmente pela enxurrada. Ainda mais, conforme o grau de declividade do terreno, quanto maior a inclinação, mais fácil será o desprendimento do mesmo.

Os Solos argilosos (barrentos) com a sua capacidade de grudar resistem mais a ação das gotas da chuva. Quanto menor for à proteção do solo, mais rapidamente a terra será transportada para os córregos, rios e lagos (OLIVEIRA et al, 2009).

5.2. Ocupação de áreas de vertentes

A relação entre ser humano e natureza precisa ser cautelosa, no sentido de planejamento de como um dado local deve ser ocupado sem que haja prejuízos, até porque a ação da natureza não para, e pode causar prejuízos à população que urbanizou um determinado lugar. Assim, Benedito (2015), aponta algumas relações entre expansão econômica e uso do solo

(...) não se pode coibir a expansão da ocupação dos espaços, reorganização dos já ocupados e fatalmente a ampliação do uso dos recursos naturais, tendo-se o nível de expansão econômica e demográfica da atualidade. Por outro lado, se é imperativo ao homem como ser social expandir-se, tanto demograficamente com técnica e economicamente, torna-se evidente que apareça efeitos contrários (ROSS, 1996Apud Benedito, 2015 p.14).

Esse tipo de ocupação, às vezes dirigida por interesses econômicos e falta de planejamento, realiza-se de forma desordenada, induzindo a usos inadequados, diminuindo a qualidade de vida da população local e intensificando o surgimento de inúmeros problemas, como erosões e assoreamentos, escorregamentos, enchentes, entre outros, que consomem grandes recursos, além de, muitas vezes, colocarem em risco a vida da população local (TABALIPA e FIORI, 2008).

As construções irregulares em áreas de várzea ou cursos d’água são causadores de situações adversas, obstruem o curso natural das águas, como menciona Benedito, (2015), um exemplo disso é a construção em planícies de alagamento, sem considerar a distância mínima do curso d’água para ocupações, e ainda com a ausência de atuação do poder municipal no sentido de impedir esse tipo de obra, baseado no Código Florestal – Lei 4.771/65, que diz que

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura (BRASIL, 2012).

Sabe-se que a urbanização provoca desequilíbrio dos recursos naturais, acarretando em mudanças na paisagem e alguns desses recursos são imprescindíveis para a proteção do meio natural e a qualidade de vida das populações.

A vegetação é uma defesa natural do solo, ao ser retirado o solo fica desprotegido de riscos ambientais, erosão e escoamento superficial. De acordo com Benedito, (2015), a retirada sistemática da vegetação natural, principalmente em margens de rios e áreas de vertentes, causa diversos transtornos, conforme mencionado anteriormente.

6. IMPERMEABILIZAÇÃO DOS SOLOS

Considerando-se que as áreas urbanas são quase totalmente impermeabilizadas, nota-se que quando o solo for permeável, ou seja, sem asfalto ou calçamento, por exemplo, há maior facilidade de infiltração das águas das chuvas, conforme exposto por Machado, (2012) “(...) a permeabilidade do solo influi diretamente na capacidade de infiltração”.

É importante ressaltar pelo menos dois tipos de situações em que existem diferenciações de impermeabilidade do solo, a princípio são as áreas em que contem diversidade na ocupação em zonas urbanizadas, onde essas áreas são compostas por casas, apartamentos, comércios, essas características são consideradas impermeáveis explica do autor,

A classe Urbanizada é considerada como Impermeável por se tratar de áreas onde o adensamento urbano é alto e praticamente todos os espaços já foram edificados, com algumas poucas exceções, com padrão de ocupação variado de residencial, comercial e equipamentos urbanos (NOVAES, 2015, p.67).

Assim, os terrenos que possuem características em que, ocorre ausência de coberturas artificiais construídas pelo homem, são considerados como pouco ou não permeáveis. Esses tipos de coberturas influenciam diretamente na infiltração da água da chuva no solo. Ainda, segundo Novaes, (2015), coberturas como (...) asfalto, concreto, grandes superfícies de rochas expostas etc.” provocam o efeito de secagem no solo.

6.1. Escoamento Superficial

Na concepção de Christofoletti (1981), o escoamento superficial é parte integrante do ciclo hidrológico, sustentado tanto por águas superficiais como subterrâneas. Compreende, portanto, a quantidade de água total que alcança os cursos de água, pois uma pequena parte da precipitação quase sempre é interceptada pela vegetação quando esta é abundante.

O escoamento superficial é responsável pelas formações das feições no solo, as águas pluviais, ao completarem a saturação do solo, iniciam o escoamento superficial pelos mais diversos caminhos, onde não se sabe a exatidão da direção desses canais, conforme menciona Machado e Torres, (2012)“o escoamento superficial apresenta o fluxo de água provenientes das chuvas sobre a superfície do solo e pelos seus múltiplos canais”.

Nesse contexto, quando se trata de uma área densamente construída, sem prévio planejamento, alguns problemas tornam-se inevitáveis, sejam eles provenientes de enchentes ou da erosão com carreamento de sedimentos. A figura 2 ilustra tais situações decorrentes de chuvas intensas em áreas urbanas.

De acordo com Araújo (2007), a retirada contínua da vegetação deixa o solo exposto cada vez mais suscetível a carreamento de sedimento e consequentemente, levando ao assoreamento dos rios.

Figura 2- Os caminhos da água da chuva.


Fonte: autoria desconhecida.

A urbanização fomenta modificações de grande impacto ao escoamento superficial (ALVES, 2004). De acordo com o mesmo autor, em áreas em que o solo se apresenta em estado natural a infiltração depende de fatores como tipo de solo, cobertura vegetal, dentre outros.

Geralmente a ocupação urbana ocorre de jusante para montante, combinando com a drenagem natural (ALVES, 2004). Dessa forma, para que se evite que o escoamento pluvial siga livre pelas ruas com declives acentuados, causando transtornos à população, é necessário que haja controle do escoamento, conforme defendido por Guerra, (1999).

Em certos casos, para controlar a direção do escoamento superficial e sua vazão, deve-se prever a implantação de lambadas transversais à direção de fluxo de água, e desviar as águas das ruas e estradas até um local de controle seguro (GUERRA, 1999; p. 257).

A grande problemática da zona urbana são os projetos de loteamentos que, em sua maioria apresentam adequação apenas para a rede de esgoto, havendo poucas galerias pluviais para atender o volume de escoamento pluvial. Somando-se à impermeabilização do solo que, por sua vez que aumenta o volume escoado.

6.2. Carreamento de Sedimentos

A pavimentação é extremamente importante em relação à contribuição para o desenvolvimento e qualidade de vida da população urbana. Ruas pavimentadas com asfalto, calçadas, galerias pluviais, não são apenas espaços de circulação urbana, mas também um fator que estrutura a cidade (RABAIOLLI e MEDVEDOVSKI, 2012).

Ainda em conformidade com autor supracitado, em áreas urbanas periféricas, a ausência desses elementos é mais comum. Nesse contexto, verifica-se que nas áreas periféricas desprovidas de tais artefatos, os processos erosivos com carreamento de sedimentos são muito mais intensos.

Assim, os processos erosivos produzem, em sua maioria, grande quantidade de sedimentos que são carreados até o curso d'água mais próximo. Trata-se de processos que podem ser intensificados pela expansão de atividades agrícolas, ou, dependendo da área, por remoção de sedimentos. Além da contribuição das vertentes, outra fonte de sedimentos é a erosão marginal promovida pelos próprios rios.

Tais fatos foram evidenciados na área de estudo, situação que podem agravar o processo erosivo, já é comum na nossa sociedade. A construção sem planejamento de ruas, sem galerias, ou bueiros, são causadores de obstáculos sobre o escoamento das águas da chuva e deposito de sedimentos, é importante ter precaução mais enraizada para a construção de galerias com pavimentação adequada para resistência da erosão, como Guerra (1999) elucida.

Ruas sem pavimento, em áreas urbanas muito suscetíveis à erosão, provocam inevitavelmente, o entupimento de galerias, especialmente quando apresentam declividade insuficiente para favorecer o transporte do solo depositado (GUERRA, 1999; p. 257).

A pavimentação nas ruas é essencial para evitar os processos erosivos em áreas urbanas, em bairros periféricos são comuns ruas declinadas onde ocorre a facilidade no acumulo de sedimentos na parte linear da rua, ocasionando o entupimento de bueiros.

7. INFLUÊNCIAS ANTRÓPICAS

Historicamente havia certo balanceamento entre o homem e o meio natural, a exploração dos recursos naturais era menos acelerado, até o momento que se tornaram alvo do ser humano e do capitalismo, segundo Ross, (1993)ApudSpósito (2015) “as sociedades humanas passaram progressivamente a intervir cada vez mais intensamente na exploração dos recursos naturais”.

A cidade transforma constantemente o espaço natural, com diversas ações cotidianas que satisfazem suas necessidades, normalmente medidas humanas que lhes favorecem, costuma a desfavorecer a natureza, como por exemplo, as mudanças dos cursos d’água e alterações nas dinâmicas naturais dos rios, ocasionam futuros danos à sociedade, transformando consideravelmente a cidade, como diz Spósito (2005), “a cidade, resultado maior da capacidade social de transformar o espaço natural

É importante ressaltar outras importantes ações antrópicas que claramente prejudicam a natureza, entre elas podemos mencionar a retirada da camada vegetal, principalmente nas proximidades de rios, ocasionando erosão e assoreamento.

O plantio de espécies não nativas para âmbito estético e de paisagismo, não são benéficas ao meio ambiente podendo prejudicas as demais plantas de característica nativa, muitas dessas ações antrópicas causam aumento da temperatura da cidade, gerando desconfortos térmicos para as pessoas como explica a autora

Assim, problemas urbanos como o da erosão, desmoronamento de encostas, assoreamento de cursos d’água, constituição de ilhas de calor, falta de áreas verdes, poluição do ar, sonora e da água, (SPÓSITO2005, p. 296).

Com relação a alguns conflitos gerados pelas ações antrópicas, frente ao meio físico, o dever de preservação e respeito à natureza por parte ficar caracterizado, se levarmos em consideração que precisamos dos recursos naturais para a nossa própria sobrevivência, água para beber e ar para respirar, partindo desses princípios básicos percebemos o grau de importância.

8. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS

Para o desenvolvimento da presente pesquisa, primeiramente foi selecionado o material bibliográfico com base em artigos publicados em periódicos digitais, livros e revistas científicas. Também foram adquiridas através de moradores mais antigos, as fotos do local tiradas em anos anteriores à ocupação.

Foi selecionada uma área de campo aberto, em que foram construídas moradias em frente a uma grande encosta, área que naturalmente apresenta processos erosivos. Observa-se principalmente o escoamento superficial que é frequente, sobretudo, em dias chuvosos, trazendo consigo uma gama de sedimentos pelo arruamento, causando grandes transtornos à população.

Frente às problemáticas mencionadas, selecionamos imagens obtidas por captura de tela do Software Google Earth da área de estudo para a demonstração geral do terreno e caracterização. Para efeitos comparativos, foram selecionados dois anos, sendo 2006, onde a urbanização ainda não tinha tomado conta do terreno e 2016 quando já existem no local, várias casas construídas.

A escolha desses anos se justifica pelo fato de através das imagens, é possível perceber os impactos do uso e ocupação do solo e as mudanças na paisagem em decorrência da urbanização.

9. DISCUSSÃO E RESULTADOS

9.1. Caracterização da Área de Estudo

A área de estudos está inserida na Microbacia Parati-Mirim, que por sua vez, se insere na porção da Bacia Hidrográfica do alto Tietê-Sena (OLIVEIRAet al, 2009).Localiza-Se no bairro Jardim das Olivas no município de Guarulhos, entre as coordenadas 23º 27’ 930’S e 46º23’833’O, na porção sudeste do município, conforme ilustrado na figura 3. Através da imagem obtida por meio de satélites (Google Earth), correspondente ao ano de 2001, verifica-se na ilustração da figura 4 que trata-se de uma área descampada com poucas moradias, predominando o meio natural na região, onde os processos erosivos são muito intensos.

Figura 3 – Localização do Bairro Jardim das Olivas no Município de Guarulhos


Fonte: Google Earth, 2016

Salienta-se que a área de estudo está contida em uma região ainda não muito densamente construída, por tal razão ainda há diversos terrenos vazios. É provável que todos já tenham sido vendidos e estejam “aguardando” maior valorização da área, ou até mesmo, a atração de outros investimentos de grande porte que possam valorizar aquela área.

Segundo o diagnóstico do setor habitacional de Guarulhos (2011) as condições econômicas onde está situado o Bairro Jardim das Olivas, apresenta dados negativos. Os dados desse diagnóstico esclarece que renda média da população varia de 3 a 5 salários mínimos,o que corresponde a um poder aquisitivo baixo por parte dos habitantes em geral no Bairro,portanto, as ocupações irregulares da área de estudo não se justifica pelo fator econômico.

A figura 4 apresenta a área de estudo no ano de 2006 quando os processos de ocupações ainda estavam se intensificando no bairro. A Rua José Ferreira dos Santos é uma rua que apresenta inclinação mediana, ou seja, quando das chuvas, há intensa enxorradas que levam detritos de obras vizinhas e também materiais não consolidados de terrenos remexidos.

Figura 4 – área de estudo no ano de 2006


Fonte: Google Earth, 2016.

A seta vermelha na figura aponta para uma área onde até o ano de 2006 não existiam casas construídas. A seta também aponta para uma vertente – fruto de corte do terreno efetuado, muito provavelmente para a abertura de um antigo campo de futebol idealizado pela própria comunidade.

Evidentemente, a área de estudo sofreu mudanças significativas em relação à ocupação e uso do solo. Assim, a figura 5 apresenta a imagem da área de estudo referente ao ano de 2016, onde é possível notar que a mudança na paisagem foi considerável, à medida que a urbanização chegou com muita força, preenchendo quase todos os vazios.

Ainda em observância à figura 5, nota-se que houve considerável transformação da paisagem, traçando um comparativo com a imagem referente ao ano de 2006. Verifica-se ainda que mesmo com a existência de uma pequena encosta cercando as casas, com grave risco de escorregamento de massa, a ocupação foi intensa.

Figura 5 – imagem de satélite da área de estudo no ano de 2016.


Fonte: Google Earth, 2016

A expansão comercial e consequentemente econômica e cultural no município de Guarulhos acelerou entre 2000 e 2006, complementa Santana, (2011). A importância de considerar a sociedade como agente transformador do espaço geográfico, resultado da ação decorrente de características históricas, econômicas e culturais de sua formação. Consideramos assim que o aumento populacional fosse inevitável nas proximidades da área de estudo.

9.2. Modificações na paisagem

Nessa etapa do trabalho pretende-se traçar um comparativo entre o período anterior às ocupações na área de estudo e os dias atuais, quando lidamos com diversas modificações paisagísticas impressas pelas ações antrópicas.

A figura 6 apresenta a área de estudo em uma imagem obtida em campo, cujo local nos remete ao ano de 2001, em que evidencia um terreno com solo exposto, com fortes tendências a ocorrência dos processos erosivos, nos quais é destacado no trabalho o carreamento de sedimento e escoamento superficial.

Figura 6 – Área de estudo no ano de 2001


Fonte: acervo pessoal do autor

Assim, as modificações constantemente empregadas ao espaço geográfico pelo homem, através de ações como impermeabilização do solo, construções em áreas consideradas como de risco, como por exemplo: em vertentes ou beiras de rios, ou seja, boa parte da sociedade ocupa o espaço natural, sem se importar com os danos sociais e também ambientais, existem casos em que essas ocupações são inevitáveis, são os casos de família de renda considerada muito baixa.

Dessa forma a sociedade se sujeita a acidentes decorrentes de ocupação indevida, conforme menciona Benedito, (2015).

O homem convive com a natureza dentro da cidade. Chuvas intensas, as inundações, os escorregamentos de terra em vertentes íngremes, entre outros eventos naturais, impõe uma nova ordem na cidade, à ordem da natureza (BENEDITTO 2015, p.18).

Sintetizando a visão da autora, observa-se que na realidade as pessoas convivem diretamente com a natureza e vice e versa,precisamos do solo para nos instalar e comer, da chuva para termos água para beber por exemplo. As modificações feitas pelo homem ao meio natural influenciarão nossa qualidade de vida de médio alongo prazo.

A figura 7 ilustra a área de estudo quase totalmente urbanizada, com exceção de alguns terrenos ainda desocupados, essa análise reflete a modificação da paisagem em um espaço que no ano de 2001 ainda apresentava diversos vazios urbanos.

Figura 7 – Rua José Ferreira dos Santos, área de estudo após o processo de ocupação.


Fonte: acervo pessoal do autor

A ocupação e uso do solo determinou a mudança da paisagem. À medida que o solo está parcialmente impermeabilizado (quintais e calçadas cimentados), há forte chance de haver aumento no volume do escoamento superficial, que pode causar alagamentos até mesmo nas casas mais próximas, em dias chuva intensas, por exemplo. Os terrenos que permanecem vazios, com recortes irregulares, muitas vezes efetuados pelo vizinho, ou mesmo para retirada de terra, deixam vertentes e encostas expostas e uma grande e iminente chance de apresentar deslizamentos de massa, causando prejuízos aos moradores mais próximos.

Sabe-se que a maior parte das populações residentes em áreas como o Jardim das Olivas, são povos de baixa renda que, na falta de áreas mais adequadas, acabam construindo em áreas de declives elevados, quem em sua totalidade quasetodassão ocupadas de maneira irregular, no caso específico da área de estudo. Umas das justificativas para tais mazelas podem residir nas ações pouco efetivas do poder público quando se trata de políticas de infraestrutura e de moradia.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme foi apresentado neste trabalho de pesquisa, a crescente urbanização em áreas de vertentes ou em proximidades de encostas causam agravos para a população local tais como: alagamentos e deslizamentos de terra, trazendo constantes desconfortos.

A impermeabilização do solo, retirada da cobertura vegetal, mudança dos cursos dos rios, trazem muitas consequências ruins para o meio social local. Essas ações antrópicas aceleram e intensificam os processos erosivos, cujos processos analisados foram, escoamento superficial e carreamento de sedimentos. A pesquisa se direciona para a dinâmica das mudanças da paisagem, em meio às interferências diretas da ação humana, que se torna quase que inevitável.

Embora a Rua José Ferreira dos Santos, (área de estudo) não adequadamente asfaltada e provida de galerias pluviais que contribuem no ordenamento do escoamento superficial, direcionando o fluxo pluvial para os rios, considera-se importante ressaltar a relevância da infiltração, quando o solo ainda encontra-se em seu estado natural, que já não seria ocaso específico da área estudada, pois se trata de uma rua com forte presença de cascalhos, avolumando assim o carreamento de sedimentos grossos. 

A referida rua caracteriza-se uma área de topo com inclinação elevada, onde uma há grande quantidade de materiais inconsolados vindos das áreas a montante, prejudicando também outras ruas localizadas a jusante. À medida que não existe asfaltamento nem calçamento, ocasionando no entupimento de galerias e bocas de bueiro. Uma alternativa a fim de minimizar esses efeitos, seria o asfalto permeável, contudo, trata-se de material dispendioso, e tal iniciativa dependeria muito mais do poder público.

Por fim, críticas e questionamentos ao poder público, em relação a sua ausência no âmbito participativo no planejamento de medidas mitigatórias, se fazem necessárias a fim de minimizar as malesas pelas quais a população se expõe, como: falta de calçamento, ausência de bueiros para a drenagem das águas pluviais, de galerias para a contenção do escoamento superficial, o que consequentemente diminuiria os transtornos à população local.

11. REFERENCIAS

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Publicado por: Bruno LIma

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