Estilo da redação científica

O estilo da redação científica exige conhecimento dos fatos linguísticos, bem como das normas científicas
O estilo da redação científica exige conhecimento dos fatos linguísticos, bem como das normas científicas

As atividades que envolvem a pesquisa exigem do pesquisador três fatores elementares: planejamento, conhecimento e adequação às normas científicas. Nesse sentido, propomo-nos a discutir acerca de algumas considerações inerentes a esse procedimento, no sentido de deixá-lo ciente de suas obrigações como pesquisador, mas também no intuito de fazê-lo encarar essa tarefa de maneira natural, como algo que trará benefícios para você, enquanto produtor de um determinado conhecimento, e para a comunidade científica na qual você se encontra inserido.

Assim, torna-se essencial que as etapas pelas quais você terá de passar não se tornem um fardo. Ao contrário, a pesquisa deve ser concebida como uma oportunidade de estudar, bem como de aprender um pouco sobre um determinado tema de igual relevância. Dessa forma, quanto mais comprometido você estiver com o trabalho realizado, maiores são as chances de êxito, no sentido de socializar seu conhecimento e se tornar visível junto ao mercado.

Vencidas as etapas relacionadas à definição do tema, formulação do problema, justificativa, entre outras, tendo em vista que todas elas foram devidamente esboçadas, analisadas, revistas e concluídas, é chegado, assim, o momento de tornar prático tudo o que você arquitetou, por meio da redação final do artigo científico. Partindo dessa premissa, até mesmo no sentido de reforçar nossa discussão, vejamos o que nos ensina Secaf (2004, p.47):

Um artigo científico exige que o autor expresse o que sabe sobre o tema, utilize a língua vernácula de maneira precisa e exponha as ideias de maneira simples e com palavras que não sejam rebuscadas. Deve-se usar a linguagem padrão (por exemplo: homem) e não a expressão coloquial (por exemplo: camarada) e nunca gíria (por exemplo: cara, careta). Atenção especial ao uso, ou não, do jargão (termos técnicos), pois influencia a compreensão do leitor do periódico em que irá publicar [...]
Fonte: SECAF. Victoria. Artigo científico: do desfio à conquista. 3. ed. São Paulo: Green Florest do Brasil, 2004.

As palavras ditas pelo autor nos remetem àqueles fatores elementares evidenciados no início do artigo, sobretudo no que tange ao conhecimento, uma vez que, aliados ao rigor técnico, se encontram também os conhecimentos relacionados às normas que regem a modalidade escrita da linguagem.

Assim sendo, nada mais convencional do que abordarmos alguns pontos fundamentais que nortearão o estilo que comporá sua redação científica. Entre eles, citamos:

Objetividade – Como característica básica de todo texto no qual se prevalece o sentido denotativo da linguagem, a objetividade é elementar ao discurso da modalidade em questão, visto que os assuntos deverão ser retratados de maneira simples, de modo a evitar dúbios significados, tampouco hermetismo excessivo, demarcado pelo excesso de palavras difíceis de serem compreendidas pelo interlocutor.

Concisão – Um texto conciso é aquele em que você diz muito em poucas palavras, ou seja, o excesso de palavras e de ideias repetitivas só contribui para a falta de clareza acerca do que se pretende dizer.

Clareza – Como já expresso, uma das qualidades que distingue o texto científico do literário, jornalístico e do publicitário é tão somente a clareza expressa pela mensagem. Assim sendo, torna-se fundamental que não haja comentários redundantes e irrelevantes.

Precisão – Para que o emissor atinja seu verdadeiro objetivo, faz-se necessário que ele seja preciso no que escreve ou fala. Portanto, rebuscamentos exagerados, bem como a prolixidade, são elementos que ofuscam tal intenção. Sendo assim, para ser entendido, faça-se entender.

Imparcialidade – Toda e qualquer pesquisa científica deve estar amparada em evidências concretas, sejam estas oriundas de uma pesquisa de campo ou até mesmo por argumentos que sustentem as conclusões expostas no artigo. Daí a necessidade de o pesquisador manter uma postura unilateral.

Encadeamento – ao mencionarmos tal vocábulo, podemos associá-lo à coesão – expressa pelo encadeamento de frases, orações e períodos, que resulta na perfeita articulação das ideias expressas. Nesse sentido é fundamental que os parágrafos, os tópicos e os capítulos estejam em perfeita sintonia, de modo a caracterizar uma sequência lógica de posicionamentos.

Impessoalidade – Tendo em vista um dos requisitos que nutrem a linguagem escrita, sobretudo quando se trata de argumentos, posição assumida pelo autor em relação a um determinado assunto, afirma-se que a impessoalidade é elementar. Sendo assim, todo o texto deve ser redigido em terceira pessoa, no intuito de evitar determinadas expressões, tais como: meu artigo, meu estudo, entre outros, uma vez que o conveniente é “o referido artigo, o artigo em evidência, este estudo, o estudo em questão”, e assim por diante.

Coerência – A coerência está relacionada ao conteúdo propriamente dito, ou seja, um texto somente pode ser considerado coerente se suas ideias, fatos e opiniões estiverem expostos de forma ordenada. Assim ocorre na redação científica, na qual essa sequência se repete em cada etapa do trabalho, ou seja, a sequência expressa no resumo deve estar detalhada na introdução, bem como deve prosseguir no desenvolvimento. As considerações finais devem abordar os aspectos essenciais do artigo na mesma ordem e forma apresentadas no desenvolvimento.


Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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