COMO A ATIVIDADE DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PODE BENEFICIAR CRIANÇAS HOSPITALIZADAS NO SETOR DE PEDIATRIA DO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS?

índice

  1. 1. RESUMO
  2. 2. TRAJETÓRIA DA INVESTIGADORA
    1. 2.1 PROBLEMA DE PESQUISA: DECISÕES NECESSÁRIAS
  3. 3. DIÁLOGOS TEÓRICOS: O COMEÇO DE TUDO
  4. 4. METODOLOGIA: caminhos e percursos
    1. 4.1 ABORDAGEM DA PESQUISA
    2. 4.2 CENÁRIO DA PESQUISA
    3. 4.3 SUJEITOS DA PESQUISA
    4. 4.4 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA
  5. 5. ACHADOS DA PESQUISA
    1. 5.1 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS – o cenário do estudo
    2. 5.2 TIPOS DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
    3. 5.3 PROJETO “LEITURA NO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS: BIBLIOTECA SOLANGE MEDINA KETZER E ALA PSIQUIÁTRICA DO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS, ESPAÇOS DE LEITURA, ARTE E PRAZER”
    4. 5.4 O TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS
    5. 5.5 ENTREVISTAS
    6. 5.6 A CONTAÇÃO PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS
    7. 5.7 IDENTIFICAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTOJUVENIL
  6. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
  7. 7. REFERÊNCIAS
  8. 8. APÊNDICES
    1. 8.1 APÊNDICE A – Roteiro das entrevistas
    2. 8.2 APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
    3. 8.3 APÊNDICE C – Sacola Literária
    4. 8.4 APÊNDICE E – Teatro de Fantoches
    5. 8.5 APÊNDICE F – Espaço onde registram o dia a dia da Biblioteca
    6. 8.6 APÊNDICE G – Montagem de fotos para a apresentação do TCC à banca
  9. 9. ANEXOS
    1. 9.1 ANEXO A – Patch Adams e seus sapatos
    2. 9.2 ANEXO B – Patch Adams palestrando para médicos e residentes no Hospital São Lucas
    3. 9.3 ANEXO C – Patch Adams
    4. 9.4 ANEXO D – Patch Adams plantando uma árvore no pátio do Hospital São Lucas da PUCRS
    5. 9.5 ANEXO E – Patch Adams entre bolhas de sabão
    6. 9.6 ANEXO F – Robin Williams como Patch Adams
    7. 9.7 ANEXO G – Credo do Contador de Histórias
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1. RESUMO

Esse estudo foi realizado como Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, tem como objetivo investigar como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no Setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS. De natureza qualitativa, esta pesquisa utilizou princípios de Análise Textual Discursiva – ATD para ilustrar os resultados obtidos através de observação de Contação de Histórias e entrevistas com a Coordenadora do Projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer” e com bolsista voluntária. Com base na análise dos dados, constatou-se que a Contação de Histórias beneficia as crianças hospitalizadas na Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS.

Palavras-chave: Contação de Histórias. Desenvolvimento Infantojuvenil. Crianças hospitalizadas. Pediatria do Hospital São Lucas.

ABSTRACT

This study was conducted as final course assignment of pedagogy, it aims to investigate the storytelling activity can benefit children hospitalized at the Hospital São Lucas at sector of pediatrics in the PUCRS and identify the benefits of storytelling for development juvenile infanto. Of a qualitative nature, this research used principles of Textual Discursive Analysis – TDA to illustrate the results obtained by observation and interviews with the Project Coordinator “Reading at Hospital São Lucas: Solange Medina Ketzer Library and Ala Psychiatric the Hospital São Lucas, Reading spaces, Art and Pleasure”. Based on data analysis, it was found that the storytelling benefits children hospitalized in the Pediatrics of Hospital São Lucas.

Keywords: Storytelling. Development juvenile infant. Children hospitalized. Pediatrics at Hospital São Lucas.

2. TRAJETÓRIA DA INVESTIGADORA

O estudo trata de experiências vivenciadas pelos alunos da Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, do curso de Letras Português dentro do Projeto “Literatura Infantil e Medicina Pediátrica: uma proposta de aproximação humana” onde atuam como voluntários na Pediatria do Hospital São Lucas contando histórias para crianças e adolescentes que estão internados. Esses alunos proporcionam as crianças momentos mágicos e transformam o ambiente hospitalar com as narrativas escolhidas pela equipe médica. Desta forma, pacientes e familiares e/ou acompanhantes sentem-se menos vulneráveis em relação a doença que estão enfrentando.

Esta pesquisa desenvolveu-se através de observação de uma Contação de Histórias na Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS. Além de participação nas reuniões realizadas pela atual Coordenadora do Projeto, a professora Vera Wannmacher Pereira, onde a equipe reúne-se para relatar como foi a semana no hospital, quais os sentimentos envolvidos durante o período em que estiveram lá e também as expectativas em relação ao projeto em si.

Chegar até aqui não foi fácil! Todo mundo sabe bem o que é. Não foi assim tão tão difícil porque entrei via ENEM e consegui uma bolsa integral pelo PROUNI1. Não havia ninguém para orientar sobre qual o curso escolher para dar aulas para criançinhas. Inscrevi-me em Letras Português na primeira opção e Pedagogia na segunda. Lá no prédio oito (8), na FALE, quando me apresentava contava a mesma história e diziam que meu lugar era com eles, que não era para trocar, etc. e tal. Quando surgiu a oportunidade de tentar uma reopção de curso, nem pensei duas vezes. Claro que escondi da grande amiga Marisa Junges e da professora Maria Tereza Amodeo de Fundamentos Literários. A segunda, fazia campanha para que não trocasse. A outra estava em processo de tentar bolsa na Universidade de Coimbra. Consegui ser aceita na FACED, atual Escola de Humanidades, e na penúltima aula souberam da troca. A Prof.ª Amodeo estava entregando provas. Emocionamo-nos! Aliás, não pago imposto para isso. Por qualquer coisa, choro. Chorei enquanto escrevia os agradecimentos deste trabalho de conclusão. Imaginem o que vem pela frente. A professora Zuleica Rangel disse, em certa ocasião, que escrevo depositando meus sentimentos. Sempre pensei desta maneira, mas vindo dela assino embaixo. Concordo plenamente.

A fascinação por livros, literatura e o mundo mágico das letras acompanha-me desde que me lembro por gente. Guardo recortes de revistas e/ou jornais sobre esse maravilhoso tema. O trabalho desenvolvido pela ONG Doutorzinhos sempre me atraiu. Apesar de não gostar muito de hospitais por causa do cheiro de assepsia e ver sangue, era divertido ver os “doutores do riso” em ação através da televisão ou quando meu filho mais velho esteve internado no Hospital da Criança Santo Antônio. Na disciplina de Educação em Espaços Não Formais, meu grupo fez uma observação no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e um grupo chegou para contar histórias para as crianças hospitalizadas. Amaram os jalecos com agarradinhos e narizes de palhaço que estavam usando. Outro motivo pelo qual este assunto me fascina foi assistir uma aula da ex-aluna da PUCRS, Naraiana Nunes de Liz Freitas. Foi uma paixão à primeira vista. Acredito em paixões assim! Ela contou histórias que nos deleitou (pelo menos a maioria, creio). E para fechar com chave de ouro, para justificar meu gosto pelos livros, pela Literatura Infantojuvenil cito a professora Maria Inês Côrte Vitória, que me encantou com sua voz que parece veludo, seda ou algo mais delicado. Ouvi-la contar a história do Guilherme Augusto Araújo Fernandes é de arrepiar! Ah, não dá para esquecer toda a maestria do professor Celso Sisto na hora da Contação de Histórias. Encarna as personagens, literalmente!

2.1. PROBLEMA DE PESQUISA: DECISÕES NECESSÁRIAS

Com todo esse encantamento, cheguei ao meu problema de pesquisa que é “Como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no Setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS?” Na realidade, o tema desta pesquisa me escolheu, porque na busca por assuntos, essa temática apareceu três vezes nas consultas realizadas. Senti que algo me tocou, e obtive ajuda no momento de decidir. Creio que em nossas vidas nada acontece por acaso, então estou firme em meu propósito de desenvolver este trabalho que tanto me encanta, contribuindo, assim, para uma causa social, através da ludicidade durante a Contação de Histórias, proporcionando alegria, descontração e carinho para as crianças deste setor. Sempre admirei a atividade da Associação Viva e Deixe Viver. Essa Associação foi fundada no dia 17 de agosto de 1997. Trata-se de uma sociedade civil sem fins lucrativos que conta com o apoio de voluntários para realizar a sua missão, que é promover entretenimento, cultura e informação educacional por meio do estímulo à leitura e do brincar, com intuito de transformar a internação hospitalar de crianças e adolescentes em um momento mais alegre e agradável, contribuindo de maneira positiva para o bem-estar de seus familiares e equipe multidisciplinar (GOUVEIA, 2003).

A Associação Viva e Deixe Viver em Porto Alegre, iniciou suas atividades em 2004. Desde então, vem trabalhando para firmar parcerias com pessoas e instituições que acreditam que o voluntariado e a humanização da saúde são essenciais para um atendimento integral de qualidade à criança e ao adolescente que buscam a assistência hospitalar e ambulatorial. A partir desta questão geradora, busco respostas que permitam realizar meu Trabalho de Conclusão de Curso. O assunto extasia, pois envolve a magia do mundo literário que mexe com a imaginação das crianças, bem como de seus acompanhantes.

Segundo Gouveia (2003, p. 17):

Desde os tempos mais remotos o ser humano, percebendo que cada habilidade que possuía era um recurso à sua disposição para conquistar o respeito e a aprovação dos seus semelhantes, começou a cultivar os seus talentos e a especializar-se nas artes. Para entreter aqueles que o cercavam e receber a sua aprovação, usava a arte de contar histórias.

Essa arte de contar histórias é um dos propósitos do projeto da FALE na Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS. O Projeto “Literatura Infantil e Medicina Pediátrica: uma aproximação de integração humana” das alunas Jessica Colvara Chacon, Cíntia Soares da Silca, Lucilene Ongaratto Ramos, Paloma Esteves Laitano e Patrícia Saraiva Cidade, foi orientado pela Profª. Drª. Solange Medina Ketzer de Estudos Literários, Faculdade de Letras, PUCRS.

O projeto apresentou como objetivo a integração entre a Literatura Infantil e a Medicina Pediátrica, através de uma ação conjunta entre alunos de Letras e o Centro de Internação Pediátrica do Hospital São Lucas, pela promoção de formas de comunicação com a representação simbólica do mundo, proposta pela literatura com vistas à reintegração dos pacientes com a realidade externa ao hospital. Buscou-se tratar a possibilidade real de associar a fantasia à realidade por meio de uma pesquisa-ação qualitativa2 unindo teoria as necessidades sociais e buscando subsídio em ações humanas como a arte literária. Questionários foram dirigidos aos familiares das crianças e adolescentes internados para que dados fossem coletados. Além da Contação de Histórias propriamente dita, o projeto visou analisar as reações dos pacientes, ou seja, do público alvo exposto à literatura infantil, bem como de seus familiares e/ou acompanhantes que foram capacitados para dar continuidade à narração de histórias. Essa coleta ofereceu aporte para a elaboração de uma pedagogia de narração de histórias para crianças em ambientes especiais. (CNPq-Proj. Integrado).

O projeto teve uma avaliação muito positiva e perpetuou-se até hoje. A partir do corrente ano passou a se chamar “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer”.

Segundo Jorge Audy (KETZER, 2013, p. 21), o resultado foi surpreendente entre a parceria Literatura-Medicina Pediátrica no projeto desenvolvido pela Faculdade de Letras da PUCRS no ano de 1997. A partir de 2005 a pesquisa foi incrementada incluindo o planejamento e realização de ações ligadas ao livro na Sala de Recreação do Hospital São Lucas da PUCRS.

Como objetivo geral deste trabalho, pretendo investigar como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no Setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS. Por outro lado, como objetivos específicos, a ideia é caracterizar o setor de Pediatria do Hospital São Lucas; descrever o ambiente onde são contadas as histórias para as crianças e identificar os benefícios da Contação de Histórias para o desenvolvimento infantojuvenil.

3. DIÁLOGOS TEÓRICOS: O COMEÇO DE TUDO

Alguns autores escreveram a respeito da temática Contação de Histórias, mas mais especificamente sobre o que pretendo pesquisar foi Liège Maria Martins Knoche, em artigo para a Revista ABC: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis em 2013. O tema de seu artigo é Contar, ler e brincar: a importância da contação e da leitura de histórias aliadas ao lúdico como agentes transformadores da rotina hospitalar. A referida autora abordou o fato de contar histórias com a função essencialmente terapêutica, pois através da Contação de Histórias é possível que as crianças ou adolescentes internados em hospitais adquiram o entendimento do mundo, dos outros e de si mesmos.

A literatura infantojuvenil estimula a imaginação, auxilia em novas descobertas, desenvolve o raciocínio lógico, além de desvendar mistérios, seduzir o ouvinte e convidá-lo para conhecer e se apaixonar pelo encantamento que um livro ou uma história proporciona. Para que a magia ocorra, a história deve ser de qualidade, atrativa e bom gosto. Sendo assim, ela irá proporcionar à criança ou adolescente um espaço para imaginar e brincar, mesmo estando num leito de hospital. A Contação de Histórias em hospitais poderá amenizar as doenças dos pacientes da Pediatria, pois irá sensibilizá-las e tranquilizá-las propiciando uma eficaz recuperação, bem como ajudar na autoestima, afetividade e na aprendizagem. De acordo com Barcellos e Neves (1995, p. 18), “a criança que ouve histórias com frequência educa sua atenção, desenvolve a linguagem oral e escrita, amplia seu vocabulário e, principalmente aprende a procurar, nos livros, novas histórias para o seu entretenimento”.

No livro “Patch Adams: o amor é contagioso” o próprio autor recomenda que seja possível mantermos nossa saúde através da alegria, do riso e da gentileza. Por que não passar isso adiante? Por que não transformar isso em corrente do bem? Em entrevista a Taís Seibt (2012), jornalista de Zero Hora, o autor afirma que “rir não é o melhor remédio. A amizade é. O riso é apenas uma graxa que lubrifica as relações”.

Ainda no livro o autor diz:

A criatividade tem um poder mágico quando estamos visitando um doente. Os pacientes normalmente ficam felizes ao receber visitas. Neste momento vulnerável, eles ficam gratos pelos seus esforços e atenção. É uma ótima ocasião para sermos criativos o quanto pudermos. (ADAMS, 1999. p. 45)

Através da criatividade e do lúdico, que estão presentes na Contação de História é certamente provável transformar a rotina de internação de crianças do Setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS.

Acredito que será necessária minha participação (como observadora) na equipe que já atua com o projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer” (conhecido como “O Projeto do Hospital”) da Faculdade de Letras da PUCRS.

Para fazer jus à Base de Tudo, afinal o que é Contação de Histórias?

Contação de Histórias é uma atividade extremamente antiga que mexe com o imaginário das pessoas, principalmente com o das crianças. Trata-se de uma expressão recente, originária da língua espanhola “cuentacuentos” que possui dois significados: ato de contar histórias e também o próprio contador (Real Academia Española/Beatriz Montero que é fundadora da Rede Internacional de contar histórias = Red Internacional de Cuentacuentos).

Esse instrumento, Contação de Histórias, ocupa a imaginação do ser humano há milhares de anos. Desde o tempo das cavernas, o indivíduo já contava suas histórias através das pinturas rupestres, seus grandes feitos, ou até mesmo com gestos onde queria exaltar sua caçada e chamar atenção para si. Isso tudo mesmo antes da invenção da escrita. Atualmente, embora a tecnologia esteja presente em todos os momentos, facilitando quase todas as nossas atividades, existem pessoas que conservam a tradição da Contação de Histórias oralmente, pois consideram prazerosos e, com certeza, mais mágicos estes momentos e atraindo muito mais a atenção de quem ouve.

ESTADO DE CONHECIMENTO: A SISTEMATIZAÇÃO NECESSÁRIA

Buscando identificar trabalhos produzidos no Brasil sobre a Contação de Histórias, destaco aqui dois trabalhos que considero relevantes para minha pesquisa:

Relato de experiência das atividades de incentivo a leitura desenvolvida com crianças e adolescentes da unidade de Onco-Hematologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis, SC (KNOCHE, 2013). O trabalho refere-se à importância de Contar Histórias, do Ler histórias e do Brincar como agentes transformadores da rotina hospitalar, valendo-se do literário como catarse para amenizar momentos de frustração, ansiedade, medo, depressão entre outros fatores desgastantes resultantes de uma internação, bem como do lúdico para transpor tais momentos. Descreve o essencial desempenho do agente promotor da leitura, enquanto acadêmico ou profissional do curso de Biblioteconomia, de realizar atividades de cunho social e cultural em ambiente hospitalar.

Esse agente, o contador de histórias, deve em primeiro lugar gostar dessa atividade e se entregar a ela, demonstrando que está envolvido com o enredo para que possa transmitir segurança e confiança aos seus ouvintes (pacientes e acompanhantes), e em segundo lugar, deve ter o cuidado de escolher as histórias ou livros de maneira que possa dar ênfase quando for pertinente, e também estar preparado sabendo qual a plateia que o está aguardando para o momento da Contação de Histórias.

Segundo Abramovich:

[...] Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o uso simples e harmônico da voz. Daí que QUANDO SE VAI LER UMA HISTÓRIA - seja qual for - para a criança, não se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando o primeiro volume que se vê na estante... [...] (ABRAMOVICH, 2001. p. 18)

Há uma variedade inesgotável de histórias, sejam os clássicos da literatura ou contemporâneas, mas é imprescindível que seja feita uma seleção criteriosa. Deve ser levada em consideração a condição de cada criança e adolescente hospitalizado. Muitos que se encontram ali estão longe de um pai ou mãe. Histórias que lembram abandono e/ou exclusão como por exemplo, O Patinho Feio deve ser evitada.

O segundo trabalho, por sua vez, refere-se a um relato de experiência do projeto de extensão “Biblioterapia com crianças com câncer, a leitura como atividade lúdica”, realizado pelo Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Ceará – UFC/Campus Cariri (BERNARDINO, 2012). Tem como objetivo, humanizar o tratamento de crianças hospitalizadas, realizando a leitura de histórias com propósitos terapêuticos. A Metodologia utilizada foi leitura em grupo e individual, a Contação de Histórias, dramatização e oficinas de desenho. Como resultados, a pesquisa mostrou que a Biblioterapia conduz à pacificação das emoções, a desfocalização do problema de saúde enfrentado, reforçado pelas qualidades estéticas oferecidas pela literatura. A leitura apazigua as emoções resultantes da doença e conduzem a estados de espíritos suscetíveis ao tratamento. Portanto, para concluir, os cursos de graduação em Biblioteconomia estão percebendo nesta área o incentivo a novos processos de aprendizagens e competências, através dos indicadores saúde-doença na complementaridade necessária para trazer à tona a humanização e a ética, em meio às circunstâncias vivenciadas no ambiente hospitalar.

Com o intuito de aguçar a imaginação das crianças e adolescentes hospitalizadas, o contador de histórias possibilita ao ouvinte adentrar as histórias, fazendo com que ele viva as emoções proporcionadas por elas de maneira que possa interpretar os conflitos e dificuldades que vão sendo enfrentados pelas personagens do mundo fictício. As crianças e adolescentes estabelecem conexões com a sua realidade, ou seja, começam a reconhecer e interpretar sua experiência do cotidiano.

Segundo Abramovich (2001, p. 17), “é ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda a amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário!”.

4. METODOLOGIA: caminhos e percursos

Este estudo tem como característica a natureza qualitativa, onde a pesquisa para o embasamento teórico contou com dados qualitativos, ou seja, com observação e entrevista. O caráter exploratório desta pesquisa caracteriza-se por trabalhar como “universo de significações, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores. Esse conjunto de dados considerados qualitativos” corresponde a um espaço mais profundo das relações, não podendo reduzir os processos e os fenômenos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 2004, p. 28).

De acordo com Godoy (1995, p. 58):

[...] A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados, envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo.

Diante desta perspectiva, a entrevista com a Coordenadora do projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer” e com a bolsista que a auxilia me aproximou da realidade pesquisada a fim de reunir as informações necessárias para o desenvolvimento da pesquisa.

4.1. ABORDAGEM DA PESQUISA

A pesquisa empírica é aquela dedicada ao tratamento da "face empírica e fatual da realidade; produz e analisam dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e fatual” (DEMO, 2000, p. 21). Essa pesquisa é feita com base em tentativas e erros e tem como característica principal o senso comum, ou seja, cada um interpreta a sua maneira.

A valorização desse tipo de pesquisa é pela "possibilidade que oferece de maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base fatual. O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas estes dados agregam impacto pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática" (DEMO, 1994, p. 37).

O estudo se configura numa pesquisa qualitativa, pois de acordo com Oliveira (2008), esse tipo de pesquisa inclui a interpretação como foco, a subjetividade é enfatizada, há flexibilidade na conduta do estudo, o interesse é no processo e não no resultado, o contexto é ligado ao comportamento das pessoas e há influência da pesquisa sobre a situação.

Segundo Chizzotti (1991, p. 79):

[...] A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado.

De acordo com Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001), esse tipo de abordagem não requer regras precisas de diversidade e flexibilidade, pois possui um mínimo de estruturação prévia. Ao longo da pesquisa o foco e toda estrutura vão se definindo.

4.2. CENÁRIO DA PESQUISA

O presente estudo foi realizado com os bolsistas da Faculdade de Letras da PUCRS e com a coordenação do projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer”, diretamente na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer, no Setor de Pediatria que fica no 5º andar do Hospital São Lucas da PUCRS, localizado na cidade de Porto Alegre.

A Contação de Histórias acontece na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer (figura 1), nos leitos (figura 2) e no 6º andar do Hospital onde fica ala psiquiátrica (figura 3). Em breve o projeto será estendido ao Ambulatório da Pediatria e existe uma possibilidade de extensão à Geriatria, de acordo com o Dr. Marlow Kwitko (Diretor Acadêmico).

Figura 1- Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer


Fonte: ZH – clicrbs (2012)

Figura 2 - Leitura de um exemplar adquirido com dinheiro de brincadeira na Feira do Livro do Hospital


Fonte: ZH – clicrbs (2012)

Figura 3 - Atividade de um paciente da Ala Psiquiátrica exposta no mural do 6º andar


Fonte: A autora (2016)

A partir do cenário exposto apresento os sujeitos participantes da pesquisa.

4.3. SUJEITOS DA PESQUISA

São sujeitos a Coordenadora do projeto e a bolsista que auxilia na coordenação dos voluntários, ou seja, dos bolsistas contadores de histórias.

4.4. ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a observação na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer no 5º andar do Hospital São Lucas da PUCRS (Pediatria) e entrevistas (roteiro em anexo) para completar os objetivos da pesquisa.

A observação foi não-participante. Merkens (apud FLICK, 2004, p. 150), diz que:

[...] O observador, aqui, tenta não atrapalhar as pessoas no campo, lutando para se manter o mais invisível possível. Suas interpretações sobre os observados, partem do seu horizonte (...) O observador constrói significados para si mesmo, os quais, ele supõe, direcionam as ações da forma que ele as percebe.

Segundo Duarte (2016), a observação não-participante pode também ser compreendida como passiva, haja vista que quem observa apenas se limita a fazê-lo de forma neutra, ou seja, permanecendo alheio aos dados colhidos em seu caderno de campo ou diário, posicionando-se do lado de fora e se mantendo como mero expectador sem interferir no seu objeto de estudo.

Em relação à observação realizada no Hospital o quadro abaixo ilustra a atividade desenvolvida.

Quadro 1 - Observação

Data

Tempo de duração

Atividades desenvolvidas

20/04/2016

14h – 17h

  • Abertura e higienização do local

  • Organização dos materiais para as crianças: folhas de rascunho e lápis coloridos

  • Separação dos livros para Contação de Histórias nos leitos

  • Controle dos livros e gibis (empréstimos)

  • Contação de Histórias na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer

  • Contação de Histórias nos leitos

  • Registro do trabalho em planilha no computador

Fonte: A autora

Figura 4 - Bolsista voluntária contando história


Fonte: A autora (2016)

Figura 5 - Bolsista voluntário na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer


Fonte: A autora (2016)

Para a realização das entrevistas, foi realizado contato anterior com a bolsista e com a Coordenadora do Projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer”, bem como a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados foi realizada em quatro momentos diferentes: primeiramente observei uma Contação de Histórias na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer e nos leitos. No segundo momento de coleta de dados, realizei entrevista semi-estruturada com a Coordenadora do Projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer” e também com a bolsista que a está auxiliando na coordenação. No terceiro momento, participei de uma reunião dos bolsistas contadores de histórias com a Coordenação na arena do CELIN e num quarto momento, participei de um Sarau nas dependências do Hospital São Lucas da PUCRS, 6º andar, Ala Psiquiátrica.

Richardson (2007), diz que por meio da entrevista, o entrevistado pode relatar o que considera mais relevante, podendo desenvolver suas opiniões e informações da maneira que julgar conveniente, sendo apenas orientado e estimulado pelo entrevistador.

De acordo com Oliveira (2008), as entrevistas semi-estruturadas ficam entre os extremos das estruturadas ou não estruturadas. Havendo necessidade, a pesquisadora pode acrescentar questões não previstas, dependendo das respostas das entrevistadas para que haja uma melhor compreensão do objeto em questão.

5. ACHADOS DA PESQUISA

Para alcance dos objetivos desta pesquisa, foram utilizados dados coletados a partir da observação e das entrevistas. Apresento o cenário do estudo de acordo com a observação realizada na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer.

5.1. CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS – o cenário do estudo

Como objetivo específico 1 descrevo neste espaço, o ambiente onde são contadas as histórias para as crianças hospitalizadas no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS.

No turno da tarde as portas do “mundo mágico da imaginação” foram abertas, pontualmente, às 14 horas. A bolsista encarnou a personagem Contadora de Histórias se caracterizando, ou seja, vestiu um adereço de cabeça que chama a atenção das crianças e acompanhantes, por suas cores. Higieniza, religiosamente, o local com pano e álcool. Mesa das crianças e pufes coloridos, estantes e armário tudo fica organizado para receber os pacientes e seus pais e/ou acompanhantes.

O ambiente é acolhedor e decorado com muito bom gosto. O mobiliário é agradável aos olhos de quem os vê. As cores harmonizam o local.

Na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer as estantes ficam à altura das crianças. Aproximadamente em nosso peito. Os livros são classificados por temas. Estes são escolhidos, anteriormente, pelos bolsistas e a coordenação e encaminhados à Biblioteca Central Irmão José Otão que realiza a catalogação. A classificação, de acordo com eles, é a seguinte:

  • Animais;

  • Animais I;

  • Aventuras;

  • Clássicos;

  • Coleção;

  • Conhecimentos e

  • Sentimentos.

Além dessas categorias, há um pequeno espaço onde são organizados os gibis que, segundo a bolsista, os pais apreciam muito.

Sobre a mesa são colocados potes com lápis coloridos e folhas brancas para que as crianças possam desenhar livremente.

Logo que chegam ao mundo mágico da imaginação, os bolsistas recheiam uma cesta em vime decorada com os livros para a Contação de Histórias nos leitos. Não há um critério de seleção para este propósito, pois os livros que se encontram ali são apropriados para o ambiente, para a realização da Contação de Histórias.

Enquanto organizavam o local, um garoto de 11 anos3 chegou para alegrar ainda mais o ambiente. Pediu que o bolsista retirasse da parede o Teatro de Fantoches, pois faria uma apresentação para nós e seu pai. O bolsista perguntou sobre o que era e ele respondeu que era sobre a vida, sobre coisas boas.

Começou dizendo “Apresentando o Teatro”. Utilizou figuras e um bonequinho como personagens. Fez três apresentações: “Amizades Estranhas”, “Um homem e um milho” e “O milho danado”. Aplaudimos e sentiu-se feliz!

Às 15h30min, aproximadamente, fomos aos leitos para que os bolsistas alegrassem a vida das crianças hospitalizadas com um pouco de literatura. As mães e pais concordaram que os filhos pudessem ouvir um pouco de histórias. Sempre é questionado antes, pois nem sempre querem esse tempo com os bolsistas em se tratando da dor que estão sentindo.

5.2. TIPOS DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

Com o advento da tecnologia o ato de contar histórias se perdeu ao longo do tempo. Antigamente havia um compartilhamento de experiências e vivências do dia a dia entre as famílias. Geralmente se reuniam após o jantar ou até mesmo ao redor de uma fogueira para ouvir uma boa história. As pessoas se aconchegavam para prestar atenção no contador de causos, fábulas ou mesmo histórias das 1001 Noites. Essa tradição passava de geração para geração.

Atualmente as histórias são gravadas e acompanhadas de imagens o que não contribui para aguçar a imaginação das crianças ou dos próprios adultos, simplesmente já está pronto. No passado era possível imaginar a cor dos cabelos da princesa, por exemplo. Hoje não mais.

Nos dias de hoje, é mais comum as escolas manterem nas bibliotecas a hora do conto para perpetuar esse hábito tão prazeroso da Literatura Infantil e Infantojuvenil.

Figura 6 - Marion Cruz no Colégio Roque Marista 2015: hora do conto


Fonte: http://www.marioncruz.com.br/

Em Porto Alegre acontecem na Feira do Livro as Contações de Histórias no espaço criado pelo SESC-RS4, o “QG dos Pitocos”. Além das histórias, o espaço tem sessões de teatro e música para os pequenos visitantes.

Figura 7 - “QG dos Pitocos”


Fonte: SESC-RS

5.3. PROJETO “LEITURA NO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS: BIBLIOTECA SOLANGE MEDINA KETZER E ALA PSIQUIÁTRICA DO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS, ESPAÇOS DE LEITURA, ARTE E PRAZER”

A Contação de Histórias no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS é realizada através dos bolsistas do curso de Letras da FALE. Essa atividade faz parte do projeto “Leitura no Hospital São Lucas da PUCRS: Biblioteca Solange Medina Ketzer e Ala Psiquiátrica do Hospital São Lucas da PUCRS, Espaços de Leitura, Arte e Prazer”. Esses bolsistas atuam como voluntários para levar às crianças internadas um pouco de alegria e doses extras da mágica da literatura infantojuvenil. Essa magia acontece quatro vezes por semana. Além das crianças, seus pais e/ou acompanhantes também apreciam a atividade prazerosa do mundo mágico das Letras. Encanta a todos e os faz viajar por lugares nunca antes visitados. Até mesmo aqueles mais íntimos e secretos.

5.4. O TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS

No projeto em questão, alunos de outros cursos são aceitos como voluntários. Quando abrem vagas e há interesse, é necessário passar por uma entrevista com a Coordenadora Vera Wannamacher Pereira.

Se o aluno-candidato (a) apresentar muita sensibilidade é descartado (a). O trabalho exige muito emocionalmente dos contadores de histórias. Mesmo com este critério de escolha, alguns bolsistas no final de sua jornada sentem-se abalados. Acabam sem querer, envolvidos com os pacientes. Se há perdas no caminho sentem um abalo, mas são apoiados pela equipe de médicos e pela própria Coordenação do Projeto. Por este motivo, são realizadas reuniões semanais, todas as sextas-feiras na arena do Centro de Referência para o Desenvolvimento da Linguagem (CELIN) no prédio da FALE, prédio oito (8) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

5.5. ENTREVISTAS

Como uma das fontes de coleta de dados para o embasamento da pesquisa duas entrevistas foram realizadas.

De posse das anotações do caderno de campo deu-se início à transcrição literal das entrevistas com a Coordenadora e com a bolsista. Após a transcrição, foi realizada a leitura das entrevistas, estabelecendo-se um primeiro contato com os textos na tentativa de apreensão dos sentidos que os sujeitos deixaram transparecer em suas falas. Na segunda fase, teve início a separação das ideias, frases e parágrafos que identifiquem os pontos comuns e os incomuns dos participantes em relação à temática do estudo. Na terceira e última etapa, foi feita a organização e o mapeamento das semelhanças e diferenças das falas dos sujeitos, realizando releituras sucessivas e exaustivas dos textos, com o objetivo de delinear as primeiras ideias e selecionar as categorias que supostamente responderiam às questões da pesquisa.

De acordo com Gerhardt e Silveira (2009), “a análise temática trabalha com a noção de tema, o qual está ligado a uma afirmação a respeito de determinado assunto; comporta um feixe de relações e pode ser graficamente representada por meio de uma palavra, frase ou resumo”.

Conforme Moraes (2003), cada vez mais se utiliza a análise textual nas pesquisas de cunho qualitativo para que sejam mais bem compreendidas. Ainda, segundo o autor, “A análise textual discursiva (ATD) tem se mostrado especialmente útil nos estudos em que as abordagens da análise solicitam encaminhamentos que se localizam entre soluções propostas pela análise de conteúdo e a análise de discurso”.

A ATD pode ser entendida como um processo que ajuda na compreensão em que novos entendimentos emergem baseados em três componentes que são: a desconstrução de textos (unitarização); a categorização e a construção de um metatexto.

O modelo utilizado para realizar a unitarização e categorização das entrevistas é apresentado no Quadro 1. Para suprir a necessidade de identificação dos benefícios da Contação de Histórias para o desenvolvimento infantojuvenil apresento o objetivo específico 2.

Quadro 2 - Unitarização e Categorização das entrevistas

 

Objetivo específico 2

Identificar os benefícios da CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS para o desenvolvimento infantojuvenil.

Perguntas

Como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS?

Quais os benefícios da CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS para o desenvolvimento infantojuvenil?

Fonte: A autora (2016)

5.6. A CONTAÇÃO PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS

Com a intenção de responder à questão que me motivou a realização desse estudo, sobre como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS, direcionei para alguns objetivos; que são eles:

Objetivo geral: Investigar como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS.

Outrossim, utilizei como instrumentos de coleta de dados a observação e a entrevista para que pudesse vivenciar e compreender melhor como se dá esse trabalho na perspectiva dos sujeitos.

Ao analisar as entrevistas, no que tange aos benefícios da Contação de Histórias para o desenvolvimento infantojuvenil, foi possível constatar que as entrevistadas estão envolvidas com o universo da Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS.

A entrevistada 1 (E1) comentou que a ludicidade traz benefícios para as crianças que encontram-se ali hospitalizadas, pois “eles desenham. A gente faz teatro de fantoches. Às vezes a gente confecciona bonequinhos, coisas com eles. Como eu falei, a gente escolhe alguns temas.... temos temáticas... que para a criança é bom”.

Considerando a resposta da E1, Amodeo (2007, p. 32-33), nos diz que é imprescindível haver um planejamento da narração de histórias e que é necessário incluir “a escolha do texto a ser apresentado, que deve estimular a imaginação com temas de interesse das crianças, por meio de uma linguagem esteticamente construída e, se for o caso, sintonizada com a ilustração” (E1). A autora destaca ainda que:

[...] A proposição de atividades a serem realizadas pelas crianças, que envolve a preparação, a confecção de materiais e/ou definição de procedimentos que devem estimular a expressão e, assim, entender o tempo de envolvimento com aquele universo instituído pelos poemas ou narrativas literárias. (AMODEO, 2007, p.33)

Por outro lado, a entrevistada 2 (E2) disse que como definem o tipo de histórias que podem ou não podem contar para as crianças: “a gente evita histórias de doenças, de morte, de sofrimento, ... embora ela esteja vivendo isso, elas sejam as crianças em sofrimento, a gente evita e dá preferência a histórias alegres, nós trabalhamos muito com os clássicos da literatura, mas também damos oportunidade que elas escolham os livrinhos que desejam”, por exemplo, como disse E2 “Ah, eu quero um de aventura, eu quero um de cachorrinho... Quando ela, a criança, pede a história é porque aquela ali, por algum motivo, ela está precisando”.

Conforme a resposta da E2, Coelho (1991, p. 13), afirma que:

[...] Nem toda história vem no livro pronta para ser contada. A linguagem escrita, por mais simples e acessível, ainda requer a adaptação verbal que facilite sua compreensão e a torne mais dinâmica, mais comunicativa.

Naturalmente, é necessário fazer uma seleção inicial, levando em conta, entre outros fatores, o ponto de vista literário, o interesse do ouvinte, sua faixa etária, suas condições sócio-econômicas.

Levando em consideração os interesses dos pacientes da Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS, os bolsistas voluntários não descuidam o fato do que contar e qual a faixa etária de cada criança internada. Complementando esses aspectos a autora Betty Coelho mostra, através de dois quadros (denominados aqui como 3 e 4), a relação estabelecida entre a idade e o que contar às crianças.

Quadro 3 - INTERESSES E FAIXA ETÁRIA EM RELAÇÃO À SELEÇÃO DE HISTÓRIAS: PRÉ-ESCOLARES

FAIXA ETÁRIA

INTERESSES

Até 3 anos de idade – Fase Pré-mágica

  • Histórias de bichinhos;

  • Histórias de brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizados);

  • Histórias de crianças.

De 3 a 6 anos – Fase Mágica

  • Histórias de repetição e acumulativas;

  • Histórias de fadas.

Fonte: COELHO, Betty. Contar histórias, uma arte sem idade. 1991. p. 15.

Quadro 4 - INTERESSES E FAIXA ETÁRIA EM RELAÇÃO À SELEÇÃO DE HISTÓRIAS: PRÉ-ESCOLARES

FAIXA ETÁRIA

INTERESSES

7 anos

  • Histórias de crianças, animais e encantamento;

  • Aventuras no ambiente próximo: família, comunidade;

  • Histórias de fadas.

8 anos

  • Histórias de fadas com enredo mais elaborado;

  • Histórias humorísticas.

9 anos

  • Histórias de fadas;

  • Histórias vinculadas à realidade.

10 anos

  • Aventuras, narrativas de viagens, explorações, invenções;

  • Fábulas, mitos, lendas.

Fonte: COELHO, Betty. Contar histórias, uma arte sem idade. 1991. p. 15.

Este quadro, como explicado anteriormente, serve de base para justificar a preparação e o cuidado dos bolsistas em separar os exemplares para realizar a Contação de Histórias na biblioteca da Pediatria ou nos leitos das crianças hospitalizadas.

De acordo com a E2, a literatura infantil, a Contação de Histórias no ambiente hospitalar: “faz com que aquele mundo fique melhor para ela e que ajude a superação dessas dificuldades”, ou seja, o sofrimento da hospitalização. Essa fala vem ao encontro do que diz Gasparotto (2011):

[...] Como no ambiente escolar, a literatura infantil, também pode constar nas atividades da prática pedagógica junto às crianças hospitalizadas, com uma intensidade igual ou até maior que nas escolas, pois a permanência no hospital sempre gera ansiedade e tensão devido ao fato das crianças estarem doentes e longe do convívio social. (GASPAROTTO, 2011, p. 18)

No pequeno espaço destinado à Contação de Histórias no Hospital São Lucas da PUCRS, na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer, entre livros, papéis, desenhos, pintura, encontram-se sonhos, esperanças, momentos mágicos e prazerosos que levam ao desenvolvimento infantojuvenil.

5.7. IDENTIFICAÇÃO DOS BENEFÍCIOS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTOJUVENIL

Para identificar os benefícios da Contação de Histórias para o desenvolvimento infantojuvenil que contempla o segundo objetivo específico, questionei as entrevistadas sobre quais seriam esses benefícios.

A entrevistada E1 respondeu que: “A Contação de Histórias ajuda a afastar as crianças da realidade, normalmente dolorosa e sofrida que estão enfrentando, e que o espaço em que se reúnem para a atividade é “um pedacinho de boa vivência, de boa convivência que eles têm ali dentro”, quando estão na condição de pacientes hospitalizados. O ambiente, a Biblioteca, ajuda a tirá-las “da dor, do sofrimento para algo que trabalha muito com a imaginação e uma criança precisa imaginar para ser feliz”. Ainda, para a E1, a Contação de Histórias traz benefícios para o desenvolvimento infantojuvenil, pois através da imaginação “se veem como personagens, eles se veem como parte daquela história”.

Conforme a resposta da E1, (Gouveia, 2003) diz:

[...] Ouvir uma história parece uma atitude passiva, porém, ao contrário, é um ato criativo. E ouvir uma bela história é criar outra com o seu repertório, com sua vivência. Essa possibilidade dá às crianças internadas meios para interagirem com os adultos, com os profissionais. Elas esquecem que estão no hospital, temporariamente esquecem do sofrimento. E, é curioso, muitas vezes as crianças querem ouvir de novo a mesma história, e se os contadores mudam o enredo, modificam a trama, são prontamente corrigidos: _ Não é assim, tio!”(GOUVEIA, 2003, p. 31)

A entrevistada E1 comentou que às vezes as crianças que estão internadas não querem ouvir histórias e dizem não para os bolsistas que chegam até os leitos. De acordo com (Gouveia 2003):

[...] As crianças não podem dizer não aos exames, aos médicos, aos tratamentos, aos procedimentos impostos para sua sobrevida. Mas podem dizer não para um livro, para uma brincadeira, para o contador. Nesse momento elas estão exercendo a sua autonomia. Isso preserva o indivíduo como ser humano, fortalece a criança e a ajuda a enfrentar todo um processo de dor e sofrimento. E quando existem essas atividades, certamente está se oferecendo esperança. (GOUVEIA, 2003, p. 31)

Zalewsky (apud KETZER; AMODEO; SISTO, 2013, p. 188), diz que “de quando em quando, os pequenos estão com dores constantes ou cansados e pedem para não ouvirem histórias”, mas que o afeto entre os bolsistas e os pacientes serve como um consolo para eles.

A entrevistada E2 disse: “Que quando uma criança ouve “Era uma vez...” já sabe que vai entrar num mundo imaginário”, pois tudo que deixou para trás, em sua casa, é diferente do que está vivenciando na qualidade de paciente do hospital. É “uma grande diferença entre o mundo que ela deixou lá e esse mundo aqui”. A entrevistada disse ainda que: “Essas histórias da imaginação é uma forma de trabalhar esse vínculo de aproximação das realidades e que “a imaginação sempre vai ajudar a resgatar essas relações com o mundo real”.

Considerando a resposta da E2, (Dohme 2010), diz que:

[...] O exercício da imaginação traz grande proveito às crianças, primeiro porque atende a uma necessidade muito grande que elas têm de imaginar. As fantasias não são somente um passatempo; elas ajudam na formação da personalidade na medida em que possibilitam fazer conjecturas, combinações, visualizações como tal coisa seria “desta” ou “de outra forma”. (DOHME, 2010, p. 18)

Schenkel (apud KETZER; AMODEO; SISTO, 2013, p.182), diz que: “a narração de histórias, além de possibilitar a formação de leitores, auxilia de forma inegável na recuperação das crianças internadas, através do fortalecimento emocional das mesmas, que inicia com: era uma vez...”.

E esse “era uma vez”, segundo a entrevistada E2, não mexe somente com a imaginação das crianças, mas com a dos adultos, sejam pais, acompanhantes, equipe médica e de enfermeiros, nós (bolsistas e coordenação do projeto). Portanto beneficia, não somente a eles, às crianças que estão hospitalizadas na Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS, mas a equipe como um todo.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral desse trabalho foi investigar como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no Setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS. Nesse sentido foi realizada, como primeiro passo, uma observação de Contação de Histórias na Biblioteca Infantojuvenil Solange Medina Ketzer, seguida de contação diretamente nos leitos das crianças que se encontravam acamadas. Por outro lado, a pesquisa buscou também caracterizar o setor de Pediatria do Hospital São Lucas, descrevendo o ambiente onde são contadas as histórias para as crianças e identificando os benefícios da Contação de Histórias para o desenvolvimento infantojuvenil.

Desta forma, ao longo do estudo, pude perceber que a Contação de Histórias na Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS é extremamente importante para a recuperação da criança e do adolescente internados.

Ao longo deste trabalho surgiram novas possibilidades de pesquisa que não foram desenvolvidas, pois se tornaria muito extenso. As duas principais possibilidades são a análise de encontros semanais da equipe de bolsistas com a Coordenação na arena do CELIN, para discutirem os pontos positivos e/ou negativos da realização do trabalho durante a semana vigente e a atividade desenvolvida na Ala Psiquiátrica do 6º andar (apesar de ser um trabalho desenvolvido com adultos).

Em contato direto com as crianças hospitalizadas, através dos bolsistas contadores de histórias, encontrei resposta para minha inquietação. A Contação de Histórias traz benefícios para elas que estão privadas de seu mundo em particular, que estão afastadas de tudo e de todos que gostam. Não gostariam de estar ali, mas, mesmo assim, dedicam um tempinho para ouvirem histórias de contos de fadas, duendes, seres mitológicos e viajam pelo mundo mágico da fantasia e do faz de conta.

Finalizando este trabalho é possível ressaltar que a Contação de Histórias no ambiente hospitalar, no caso específico a Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS, é de fundamental importância, pois além dos bolsistas contadores de histórias proporcionarem belos e mágicos momentos que mexem com o imaginário dos pacientes hospitalizados, há por trás deste cenário um afeto e acolhimento que o ambiente, a pequena Biblioteca propicia trazendo benefícios para o desenvolvimento infantojuvenil.

7. REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2001. 174 p.

ADAMS, Patch. Patch Adams: o amor é contagioso. Ilustrações de Jerry Van Amerongen; tradução Fabiana Colasanti. – Rio de Janeiro: Sextante, 1999. 158 p.

ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 3 ed. São Paulo: Pioneira, 2001. 203 p.

BARCELLOS, Gládis Maria Ferrão; NEVES, Iara Conceição Bitencourt. A Hora do Conto: da fantasia ao prazer de ler. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto, 1995. 136p.

BERNARDINO, Maria Cleide Rodrigues. Biblioterapia com crianças com câncer. Revista Informação & Informação. Londrina, v. 17, n. 3. p. 198-210, set./dez. 2012. Disponível em http://www.uel.br/revistas/informacao Acesso em: 16 mar. 2016

CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991. 164 p.

COELHO, Betty. Contar histórias, uma arte sem idade. 4. ed. São Paulo: Ática, 1991. 78 p.

DEMO, Pedro. Pesquisa e construção do conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1994. 125p.

________. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/grades/salto_ple.pdf? Acesso em: 26 abr. 2016

DHOME, Vania D’Angelo. Técnicas de contar histórias: um guia para desenvolver as suas habilidades e obter sucesso na apresentação de uma história. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. 222 p.

DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. Tipos de observação segundo critérios específicos. São Paulo, 2016. Disponível em https://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/tipos-observacao-segundo-criterios-especificos.htm Acesso em: 10 jun. 2016

FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. - 2. ed. – Porto Alegre: Bookman, 2004. 312 p.

GASPAROTTO, Geisa Mari. Pedagogia hospitalar: a literatura infantil como elemento de mediação no desenvolvimento da criança hospitalizada. Maringá, 2011. Disponível em http://www.dfe.uem.br/TCC/Trabalhos%202011/Turma%2032/Geisa_Gasparotto.pdf  Acesso em: 12 jun. 2015

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de Pesquisa. Disponível em http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf Acesso em: 02 maio 2016

GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. In: Revista de Administração de Empresas. São Paulo: v. 35, n. 2, p. 57-63, abr. 1995

GOUVEIA, Maria Helena. Viva e Deixe Viver: histórias de quem conta histórias. São Paulo: Globo, 2003. 175 p.

KETZER, Solange Medina; AMODEO, Maria Tereza (org). Histórias para ouvir, criar e contar: inventar ajuda a curar. – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. 84 p.

KETZER, Solange Medina; AMODEO, Maria Tereza; SISTO, Celso. No mundo hospitalar, história também tem lugar. – Porto Alegre: EDIPUCRS, 2013. 191 p.

KNOCHE, Liège Maria Martins. Contar, ler e brincar: A Importância da Contação e da Leitura de Histórias aliada ao Lúdico como Agentes Transformadores da Rotina Hospitalar. Disponível em http://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/871 Acesso em: 26 jul. 2015

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8. ed. São Paulo: HUCITEC, 2004. 269 p.

OLIVEIRA, Cristiano Lessa de. Um apanhado teórico-conceitual sobre a pesquisa qualitativa: tipos, técnicas e características. Revista Travessias. v. 2, n. 3, 2008. Disponível em http://e-revista.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/3122/2459 Acesso em: 29 abr. 2016

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2007. 334 p.

SEIBT, Taís. Patch Adams está em Porto Alegre e ensina que o riso não é o melhor remédio. Disponível em http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2012/12/patch-adams-esta-em-porto-alegre-e-ensina-que-o-riso-nao-e-o-melhor-remedio-3980749.html Acesso em: 04 maio 2016

8. APÊNDICES

8.1. APÊNDICE A – Roteiro das entrevistas

  1. Dados de Identificação

  2. Idade

  3. Formação

  4. Já trabalhaste com Contação de Histórias em outros espaços?

  5. Formação escolar

  6. Há quanto tempo estás no projeto?

  7. Relate tua trajetória no projeto.

  8. Rotina

  9. Quais os desafios do projeto?

  10. Na tua opinião, quais os benefícios da CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS para o desenvolvimento infanto-juvenil?

  11. Como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS?

Sinta-se livre para comentar mais alguma coisa e para falar das possibilidades de trabalho.

8.2. APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada COMO A ATIVIDADE DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PODE BENEFICIAR CRIANÇAS HOSPITALIZADAS NO SETOR DE PEDIATRIA DO HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS?, sob a responsabilidade da pesquisadora Janaína Lenzi da Silva.

Nesta pesquisa estou buscando entender como a atividade de Contação de Histórias pode beneficiar crianças hospitalizadas no setor de Pediatria do Hospital São Lucas da PUCRS.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será obtido pela pesquisadora Janaína Lenzi da Silva no dia 19/04/2016 na sala 223 da Faculdade de Letras da PUCRS às ------------. Na sua participação você será submetida a uma entrevista qualitativa e dos dados coletados serão analisados em seguida para embasar meu Trabalho de Conclusão de Curso.

Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão publicados e ainda assim a sua identidade será preservada.

Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar da pesquisa.

A entrevista não apresenta riscos de qualquer natureza para você.

Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum prejuízo ou coação.

Uma via original deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você.

Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com: Janaína Lenzi da Silva, telefone (51) 8169-0098, formanda do curso de Pedagogia da Escola de Humanidades da PUCRS.

Porto Alegre, -------- de ---------------- de 2016.

__________________________________
Assinatura do(s) pesquisador(s)

Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido devidamente esclarecido.

_________________
Participante da pesquisa

8.3. APÊNDICE C – Sacola Literária

8.4. APÊNDICE E – Teatro de Fantoches

8.5. APÊNDICE F – Espaço onde registram o dia a dia da Biblioteca

8.6. APÊNDICE G – Montagem de fotos para a apresentação do TCC à banca

9. ANEXOS

9.1. ANEXO A – Patch Adams e seus sapatos

9.2. ANEXO B – Patch Adams palestrando para médicos e residentes no Hospital São Lucas

9.3. ANEXO C – Patch Adams

9.4. ANEXO D – Patch Adams plantando uma árvore no pátio do Hospital São Lucas da PUCRS

9.5. ANEXO E – Patch Adams entre bolhas de sabão

9.6. ANEXO F – Robin Williams como Patch Adams

9.7. ANEXO G – Credo do Contador de Histórias

Creio que a imaginação
pode mais que o conhecimento,

Que o mito pode mais
que a história,

Que os sonhos podem
mais que os fatos,

Que a esperança sempre
vence a experiência,

Que só o riso cura a tristeza,

E creio que o amor pode
mais que a morte.

Tudo o que devia saber na vida aprendi no jardim-de-infância.”
Robert Fulghum

1 O Programa Universidade para Todos – Prouni tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior privadas. Criado pelo Governo Federal em 2004 e institucionalizado pela Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005 oferece, em contrapartida, isenção de tributos àquelas instituições que aderem ao Programa.

2 É uma abordagem da pesquisa social aplicada na qual o pesquisador e o cliente colaboram no desenvolvimento de um diagnóstico e para a solução de um problema, por meio da qual as descobertas resultantes irão contribuir para a base de conhecimento em um domínio empírico particular.

3 Paciente antigo do Hospital São Lucas da PUCRS. Apesar de suas moléstias, é alegre. Faz músicas, canta, dança. Disse que não vê a hora de sair dali e ir para o McDonald’s comer um lanche bem grande com batata frita e ketchup especial.

4 Serviço Social do Comércio do Rio Grande do Sul


Publicado por: Janaína Lenzi da Silva

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