Impactos e mudanças no modo de vida em Planaltina com a construção da Capital Federal

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1. RESUMO

A cidade de Planaltina é ao mesmo tempo histórica, religiosa e turística, além de ser moderna. Em Planaltina nos deparamos com o antigo/moderno, o que torna a cidade esplêndida. Mesmo com toda a modernidade oferecida por Brasília, Planaltina manteve e preservou muitos de seus valores, o que a diferencia das demais cidades do Distrito Federal. Chamada anteriormente de Mestre D’Armas e por ter um passado riquíssimo, Planaltina possui um contexto repleto de tradições e costumes herdados e repassados. O marco inicial para que Planaltina pudesse sofre diversas mudanças foi à construção de Brasília, que foi percebida e sentida com a visita da Comissão Cruls, causando imediatas mudanças socioculturais. No entanto mesmo após a construção de Brasília, por insistência permanece vivos e mantidos os costumes, hábitos e valores goianos herdados por Planaltina, tendo que ser reelaborados diversas vezes para adequar-se ás novas estruturas trazidas pela modernidade.

Palavras – Chave: Planaltina, Brasília, Tradição, Modernidade.

2. INTRODUÇÃO

O objeto de estudo desta monografia é uma reflexão sobre o modo de vida em Planaltina antes e depois de Brasília. O tema da pesquisa justifica-se pela curiosidade de se compreender a diversidade existente na cidade, na qual é possível perceber traços interioranos ao ser contados “histórias” e “causos” pelos moradores mais antigos, o que a torna diferente das demais cidades formadas no Distrito Federal. É ao mesmo tempo é possível notar um grupo formado após a vinda de Brasília, o que acaba por colocar a cidade em um contexto modernizador. Esse contraste entre tradição e modernidade desperta inquietações de estudo sobre seu contexto histórico. O objetivo principal deste trabalho de pesquisa é comparar como Planaltina era e como passou a ser depois da construção de Brasília, já que essa contribuiu para que a cidade se tornasse o que é atualmente. Esse objetivo estende-se do modo de vida dos que habitavam ali e dos que habitam atualmente, suas culturas, seus costumes tradicionais, suas crenças, o papel da Igreja e suas características. O processo de formação de Planaltina, que assim como as demais cidades com características coloniais estrutura-se a partir da formação da Igreja de São Sebastião. Com a construção da igreja passaram a estabelecer diversas famílias na cidade, famílias estas que receberam concessões de terras pela mesma instituição e pela Coroa Portuguesa, o que representa a força política e religiosa da época, que era comum nas cidades de interior. A igreja tinha capacidade de influenciar a vida social dos diferentes grupos planaltinense. De fato o elemento religioso condicionava o comportamento das pessoas. Mesmo com a proclamação da República e com a promulgação da Constituição de 1891 que previa a transferência da Capital Federal para o interior do país, Planaltina e as cidades existentes no interior do Goiás não sentiram essas mudanças. Tais mudanças só puderam ser percebidas devido à vinda da Comissão Cruls, que passou a ligar diretamente a história de Planaltina a de Brasília. A chegada de Brasília causa impactos nos moradores de Planaltina, principalmente sob a questão da terra, onde os que aqui habitavam tiveram que abrir mão de suas terras por diversas justificativas, para que a modernidade pudesse chegar. No primeiro capítulo, estudaremos a formação de Planaltina que se inicia bem anterior a Brasília, quando a cidade ainda pertencia ao Estado de Goiás, procurando desenvolver a construção de uma tradição goiana. Falaremos também da historiografia da cidade, das suas características, seus costumes e crenças. No segundo capítulo, trataremos da ambiguidade cultural, uma cidade com um passado tradicional em contato com o moderno de Brasília. Como se dá essa interação por parte de Planaltina? Seus impactos e a singularidade de se ter uma cidade no Distrito Federal, que se deslumbra com o novo, porém, preserva e zela o antigo. As mudanças ocorridas com a construção da Capital causaram grandes mudanças em Planaltina, já que Brasília surge do nada e acaba por ser o centro das atenções. E, por último, como o Brasil participa dessa modernidade, seus defensores e suas políticas civilizadoras e as mudanças sociais provocadas pela interiorização política de forma a analisar a tradição que existia e que permanece e a inovação proveniente da modernidade proporcionada por Brasília; O projeto de interiorização buscava modernizar as regiões mais afastadas do litoral, abrindo novas fontes de desenvolvimento.

3. A FORMAÇÃO HISTÓRICA DE PLANALTINA

3.1. História e Tradição

Para se compreender a formação histórica de uma determinada religião, antes de qualquer coisa é necessário entender o que é identidade?

Segundo Michael Pollak “identidade é entendida como construção de um fenômeno que produz em referência aos outros, em referência aos critérios de aceitabilidade, de administração de credibilidade, e que faz por meio da negociação direta com outros.” 1

Na cidade há uma diversidade, onde é possível perceber traços interioranos aos ser contados “histórias” e “causos” pelos moradores mais antigos, o que a diferencia das demais cidades formadas no Distrito Federal. É ao mesmo tempo possível notar um grupo formado após a chegada de Brasília, o que acaba por colocar a cidade em um contexto modernizador. A partir de então é possível compreender que ao falarmos de Planaltina nos deparamos com uma tradição formada bem anterior a Brasília e que possui uma imensa variedade entre arquitetura, formação familiar, religiosidade, povoamento etc., fatores diversos que contribuíram para a sua formação histórica. A história de Planaltina se confunde com a história de Brasília. A origem desse fator é a ideia de se criar uma capital moderna, que involuntariamente oculta o passado histórico da região, seus valores e tradições passam a serem vistos como decadentes:

As iniciativas de desenvolvimento (a construção de Goiânia e a de Brasília) procuram repassar, portanto, a imagem de desbravamento. À construção de Brasília, associamos um conceito que ainda perdura: o da ausência de passado. A prática adotada pelo movimento moderno na arquitetura, que nega os princípios artísticos que antecederam, soma-se à intenção política de desbravamento e à ideia de modernização brasileira, criando o imaginário de que a capital foi construída “do nada”.2

A estruturação de Planaltina se dá em dois momentos distintos. No primeiro momento sua formação, povoamento etc., e nos segundo momento no pós-Brasília, onde mesmo sendo mais antiga que a Capital, acaba envolvida em seu contexto. A influência da Capital na região é grande. Isso ocorre pela ideia de inovação proporcionada por Brasília. A cidade é herdeira de uma imensa tradição goiana repassada de geração em geração, estabelecendo uma relação permanente de continuidade. Os valores herdados desperta curiosidade e discussões sobre a herança tradicional e sua relação com a modernidade.

Planaltina assim como, Minas Gerais e Mato Grosso insere-se no quadro econômico da mineração. Os bandeirantes foram extremamente importantes para a inserção populacional, aumento de atividades econômicas e expansão territorial, contribuindo para a formação de muitos povoados nesse período. O Estado de Goiás recebeu diversas visitas de bandeirantes que buscavam riquezas.

Geneticamente, pode-se afirmar que a história goiana foi marcada até meados do século XX por duas grandes atividades econômicas: a mineração e a agropecuária. A mineração iniciou o processo de ocupação e a agropecuária possibilitou a fixação do colonizador. A buscar de riquezas minerais atraiu para as zonas mineradoras uma vasta população, livre e escrava, e possibilitou intenso comércio entre as regiões da colônia portuguesa.3

A mineração entra no contexto goiano como um método para se alcançar a modernidade, o que não acontece em Planaltina que acaba por acolher a agricultura e a pecuária como atividade econômica, e se coloca como atraso de desenvolvimento, segundo a visão modernizadora. A descoberta de ouro aumenta cada vez mais a população e diminui a quantidade de indígenas, colaborando para o surgimento e o crescimento de arraias, vilas e cidades. Planaltina como ponto de acesso a estrada real, foi utilizada como mediadora para o escoamento de ouro e arrecadação de dízimos para a Coroa.

A febre do ouro dura pouco, mas tempo suficiente para trazer um grande fluxo de pessoas para a região, mas o que influencia o surgimento de diversas atividades econômicas e a expansão territorial é a passagens das expedições bandeirantes, estes por sua vez trás a abertura de rotas. Assim como nas demais cidades mineradoras, esse ciclo logo entra em decadência e consequentemente se esgota. O esgotamento do ouro desmotiva diversas pessoas que adentraram o interior do país em busca de melhores condições de vida. Estas pessoas sem alternativas e por falta de opção de mudar essa situação ao qual estão envolvidas optam por voltarem para os centros desenvolvidos, no entanto, uma parcela frustrada, mas sem condições devido a diversos motivos de voltarem a sua região de origem, permanecem no interior, porém com a necessidade de busca por novas condições de subsistência.

Não existem documentos que indicam a data exata da formação de Planaltina, mas segundo a tradição oral, durante o período colonial, por volta de 1790, um ferreiro descendente de bandeirantes, fixa-se a beira de um riacho. Esse homem que não se sabe até os dias de hoje seu verdadeiro nome, tinha técnicas em consertar e manejar armas e passou a ser conhecido como mestre e chamado por muitos de Mestre D’ Armas. Com o estabelecimento desse sítio a beira do riacho e com a denominação dada a esse homem, toda a região passa a ser chamada de Mestre D’Armas.

As características socioculturais planaltinense foram se organizando através do modo de vida de seus habitantes. A ligação com o passado permite que seus novos habitantes desenvolvam suas tradições, utilizando-o como base. Tento o passado sendo representado pelo presente, percebemos a mudança e/ou a conservação da tradição. De fato, tradição para Eric Hobsbawm pode ser entendida como:

Um conjunto de praticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas: tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se estabelecer continuidade com o passado histórico apropriado.4

Através do conceito elaborado por Hobsbawm percebemos que a ligação com o passado continua de modo em que os homens do presente desenvolvam suas tradições por meio das heranças do passado. O fator responsável pelo tradicional é o passado. O passado impõe sua praticas fixas, de repetição e de continuidade em relação ao presente.

Nota-se que algumas tradições, aceitam inovações e pode mudar até certo ponto, este é o caso da Festa do Divino Espírito Santo representada na figura 1 que ocorrem até os dias atuais na cidade e seguindo padrões inovadores. Em Planaltina nos deparamos com o antigo/moderno, o que torna a cidade esplêndida. Como diz Le Goff, “embora o essencial pese a favor do ‘moderno’, o conteúdo histórico adquirido pelo ‘antigo’(...) teve muito peso na luta travada pela emergência de novos valores modernos”.5

As comidas servidas durante essas festas aparecem como forma de costume. Já o uso do cavalo, as músicas e a figura do festeiro, caracterizam a tradição, como forma de continuidade utilizada até a atualidade. Todas as características culturais e sociais repassadas estabelecem uma relação com o passado. Nesse momento a modernidade circula em torno das principais capitais brasileiras, sendo influenciadas pelo modelo que vigorava como moderno na Europa e que consequentemente se espalha no Brasil, sendo abraçado nas principais capitais em desenvolvimento na época. Desse modo “em certos momentos a cultura brasileira é profundamente desvalorizada pelas elites, tornando-se em seu lugar europeia (ou mais recentemente a norte-americana) como modelo de modernidade a ser alcançada”.6

Com a necessidade de subsistência no pós-mineração, o contexto econômico da cidade baseia-se na agricultura e na pecuária, o que dá uma nova estruturação a economia planaltinense constituindo características interioranas com hábitos e costumes tradicionais e sertanejos, o que para o patamar atingido pela mineração seria um retrocesso ao estagio de desenvolvimento da região. O comércio e a circulação monetária diminuíram muito rapidamente. Uma cultura passou a ser gerada lentamente no interior novamente isolado.

A formação de Planaltina é atribuída à família Gomes Rabello, que estabeleceram as primeiras residências, que se transferiram da Província de Goiás para as proximidades de uma lagoa (Bonita ou Mestre D’Armas), dando a essa localidade condições necessárias à formação do povoado. O fazendeiro José Gomes Rabello ergueu em suas propriedades próximas a lagoa, uma capela sobre a proteção de São Sebastião. A família Gomes Rabello edificaram suas casas, plantaram e cercaram pastagens. No entanto não desenvolveram construções suficientes a ser denominado povoado, mas deram condições suficientes para que o povoado pudesse ser construído de forma natural e gradual.

Em 1810 a região onde atualmente se localiza a cidade de Planaltina, já se apresenta “composta por cerca de 200 famílias oriundas da doação de lotes de terras – as sesmarias – pela Coroa Portuguesa e donos de capitanias, conforme registro do livro de Impostos Rurais (dízimo) de Santa Luzia, hoje Luziânia”.7 Assim como o Arraial Mestre D’Armas, importantes Vilas e Arraias mineradores goianos do século XVIII, como Vila Boa, Meia Ponte, Corumbá, Santa Cruz, Santa Luzia, Traíras, Crixá, Pilar, Natividade, Cavalcante, Arraias e Porto Real, passaram a investir na agricultura e na pecuária como forma de subsistência e introdução em um novo contexto econômico. Na primeira metade do século XIX, o então e oficial Arraial de Mestre D’Armas passou a ser citado e conhecido como referência em mapas, pois sua formação geográfica o tornava passagem obrigatória para viajantes que transitavam pelo desconhecido interior do Brasil, pois era um ponto de ligação para diversas cidades. A partir desse momento as rotas vindas das principais cidades do Brasil como Salvador e São Paulo e da então capital Rio de Janeiro dirigir-se a Mestre D’Armas. A mais antiga dessas rotas é a Picada da Bahia que ligava Salvador ás minas de Goiás. Havia também a Estrada Real de Minas, que saia do Rio de janeiro, passava por Minas Gerais e chegava a Luziânia, segundo registro do Arraial dos Couros (hoje cidade de Formosa). Ao norte seguia a estrada denominada cavaleira que dava acesso ás Minas do Tocantins. Aparece uma referência à Igreja, que acende vivamente a memoria da cidade por meio de festas aos santos como São Sebastião (padroeiro da cidade) e das romarias. A Igreja torna-se para a sociedade um meio de informação, que por sua vez não possui um caráter histórico, mas oficial na falta da história documentada. A ocupação de Planaltina por várias famílias distintas, marca uma das principais condições de representar sua formação, assim também como a religiosidade através da fé nos registros e nas doações de terras devido a promessas feitas na época. Tanto a ocupação territorial, quanto a religiosidade deram rumo aos processos urbano, social, cultural, econômico e politico na cidade, ressaltando que ambos foram fundamentais na constituição e na permanência de uma nova formação cotidiana e nas relações interpessoais, dando origem à força da tradição família permanente na estrutura planaltinense.

3.2. Costume e Religião

A formação da cidade baseia-se na doação de terras feita pela Igreja (sesmarias), os costumes que predominavam eram passados de geração em geração, a exemplo disso está a Festa do Divino Espirito Santo, que atualmente é comemorada em Planaltina, Formosa e Planaltina GO. O núcleo urbano passa a estruturar-se a partir da construção da igreja de São Sebastião, que hoje é um ponto turístico da cidade, conforme é possível ver na figura 2. São estabelecidas diversas famílias que recebiam terras doadas pela igreja. A construção da igreja mostra a força da crença religiosa da época, característica comum nas cidades interioranas. A doação de terra para a construção da igreja deu-se através de devoção feita por fazendeiros da região em troca do reestabelecimento da saúde de seus habitantes em virtude de uma epidemia que arrasou a região em 1811. As concessões de terras feitas pela igreja não seguia nenhum padrão, tal instituição religiosa e seus “ocupantes delimitaram seus lotes, abriram as ruas, criaram as praças e as Paróquias fizeram as anotações iniciais, gerando os Registros das propriedades que posteriormente passaram para a competência de Cartórios” 8, predominando as características coloniais da época, onde a igreja estaria ao centro e a cidade se estruturaria ao seu redor. A partir de sua criação, a igreja passou a ter papel de destaque no Arraial de Mestre D’Armas. Assim como a estrutura física da cidade, os costumes da época também era herança da colonização portuguesa. A particularidade do costume em Planaltina e que o padre, era de Formosa e as missas só eram celebradas uma vez a cada mês. No restante do tempo, havia um grupo de oração formado por beatas da comunidade e a Igreja ficava quase sempre fechada. O período posterior à construção da igreja e caracterizado por mudanças politicas e sociais. O Arraial de Mestre D’Armas não possuía poder de decisão política, pertencendo assim ora a Vila de Santa Luzia (hoje Luziânia), ora ao Julgado de Couros (hoje Formosa). A participação política de Planaltina veio na primeira metade do século XIX, onde as pessoas que ali habitavam queriam que a cidade ficasse por conta de Luziânia, por ter impostos mais baratos. Planaltina por está em meio a essas duas cidades acaba absorvendo e compartilhando muitas de suas tradições, como por exemplo, a Festa do Divino Espirito Santo, que é uma manifestação cultural e que tem como objetivo celebrar o Divino Espirito Santo e é comemorado tanto em Formosa quanto em Planaltina. Em 19 de Agosto de 1859 o sítio é elevado à categoria de Distrito Municipal de Formosa, ficando aos cuidados de Formosa. Esta mais tarde, passou a ser a data oficial da Fundação de Planaltina. Os habitantes de Planaltina e de outras cidades do interior goiano, não percebiam os efeitos da proclamação da República, que pôs fim a fase Imperial do Brasil em 1891. Nesse mesmo ano, após a doação de casa para a construção da cadeia pública e de escolas, o Distrito de Mestre D’Armas é transformado no município de Mestre D’ Armas – GO por Decreto do Presidente da Província, Antônio de Faria Albernaz, a cidade, então, se desliga de Formosa. A partir desse momento acontece um fato que ligará definitivamente a história de Planaltina à de Brasília. Trata-se da vinda da Comissão Cruls, responsável pela realização dos primeiros estudos para a demarcação e posteriormente a implantação da nova Capital Brasileira. Em 1892, o Congresso Nacional aprova a Comissão Exploradora do Planalto Central, composta pelo engenheiro Luís Cruls conforme a figura 3, e mais 21 membros (astrônomos, médicos, geógrafos, etc.). A Primeira Missão Cruls saiu do Rio de Janeiro em junho de 1892, seguindo o roteiro de Varnhagen, por ferrovia até chegar ao ponto final dos trilhos em Uberaba. Daquela localidade seguiram a cavalo, passando por Pirenópolis, Santa Luzia e Formosa. Coletando muitos informações e levantamentos, lançaram um marco definindo uma área cercada pelas três cidades, contendo nascentes das bacias dos rios Amazonas, São Francisco e Paraná. Ao voltarem para o Rio de Janeiro, apresentaram mapas, fotografias, anotações e amostra do solo (flora e fauna do Planalto). O Relatório Cruls, referente à Primeira Missão foi publicado em 1894. Antes mesmo dessa publicação, o governo já havia publicado no Diário Oficial da União em 1893 um relatório parcial dessa expedição. O Congresso Nacional “oficializou” a área demarcada para a instalação da nova capital e a partir de então o “retângulo Cruls” passou a conter em todos os mapas do Brasil. O Presidente Floriano Peixoto , em 1894, convoca novamente a Comissão Cruls para escolher o local exato dentro do quadrilátero onde ficaria definitivamente a nova capital e aprofunda-se nos estudos relacionados à área. Durante a segunda visita, são destacadas condições favoráveis para a criação do Lago Paranoá, na localidade demarcada. Esta Comissão utilizou a cidade de Planaltina como ponto de apoio de suas pesquisas durante cerca de dois anos, fazendo levantamentos sobre clima, fauna, flora, etc., nas cidades de Luziânia, Brazlândia e Planaltina. Ao final da pesquisa foi emitido um relatório técnico, apontando a possibilidade de construção da capital na região e “demarcou uma área de 14.400 km2.9

A escolha do local recaiu sobre o trecho do Planalto Central onde se localizam as cabeceiras dos tributários de três dos maiores rios brasileiros – O Maranhão, afluentes Tocantins, o Preto, do São Francisco, e os rios São Bartolomeu e Descoberto, do Paraná.10

A Segunda Missão durou até 1895, quando foram interrompidos ao serem alegados falta de verba pelo Estado e ao mesmo tempo de interesse por parte do então presidente Prudente de Morais. Só os militares permaneceram no local, aguardando uma verba emergencial para levar os equipamentos de volta para o Rio de Janeiro. Um segundo relatório foi emitido e publicado em 1896, com informações mais precisas.

A Vila de Mestre D’Armas ficou dentro do Quadrilátero Cruls, desta forma a história de Planaltina vincula-se a de Brasília. No ano de 1910, a Vila de Mestre D’Armas passa a denomina-se Vila de Altamir nominação que permanece até 14 de julho de 1914 quando passa a chamar-se Planaltina. Na década de 20 houve em Planaltina um progresso de mudanças sociais e politicas na vida dos moradores. “Era a História, o Brasil, que penetrava Planaltina”.11 No ano do Centenário da Independência do Brasil, entre as celebrações, houve o lançamento da Pedra Fundamental. A primeira pedra do monumento foi colocada às 15 horas do dia 6, e a construção do obelisco foi concluída no dia seguinte às 10 horas, vale ressaltar que a base do marco é constituída de 33 pedras artificiais de concreto, lembrando os anos da República (1889-1922). A cerimonia de inauguração foi em 07 de setembro, no Morro do Centenário a 9 km de Planaltina. Nessa época, um grande fluxo de pessoas inunda a cidade de Planaltina, em busca de um futuro promissor. A maioria dessas pessoas que aqui chegavam era goianos, de cidades vizinhas decadentes. Planaltina se destaca no cenário regional pelo desenvolvimento que se aproximava. O entusiasmo dos moradores e perceptível nos grandes movimentos de festejos, o município torna-se centro de atividades e festanças. A cidade é representada nessa época por suas festas, tudo era motivo de se festejar, além das festas tradicionais religiosas. A organização social de Planaltina é envolvida por elementos predominantes na região Centro-Oeste e nordeste do Brasil. Caracterizada pela sociedade rural oligárquica, a figura do coronel representava o ponto mais alto da pirâmide hierárquica social, definida pela relação terra/não terra. Em torno da terra circulava todas as relações sociais, além da família, propriedade, poder, autoridade, religiosidade, moralidade, história, riqueza e política. A figura do coronel, fez com que ele e seus descendentes obtivessem a oportunidade de adquirir um conhecimento formal imprescindível na dimensão politica. Ainda na década de 20, a cidade conseguiu bons recursos para obras públicas, o Prefeito Deodato do Amaral Louly legalizou e doou à Mucipalidade 200 hectares de terra de sua propriedade, destinados a realização de permuta com a igreja. Trazendo para a cidade um grande fluxo de pessoas que vieram assegurar, em Planaltina um futuro promissor. A maioria dessas pessoas era de cidades goianas, que tinham sofrido decadência. Planaltina passou a se destacar no cenário regional pelo desenvolvimento que havia se sujeitado. A cidade por sua vez é representada por festas tradicionais e religiosas como a Folia do Divino Espirito Santo. Essas relações participam de forma ativa do sonho de implantar a Capital Federal e se transformam conforme os sinais de mudança e progresso em Planaltina. Mas, o eixo migratório estava voltado para a região sudeste, devido à economia cafeeira. Além do mais outras regiões entraram na cota para abrigar a nova capital.

Os motivos que determinaram a transferência todos sabem, era aquela preocupação antiga do perigo das guerras e das invasões. Nós já tínhamos tido duas invasões aqui no Brasil. Uma dos holandeses no norte e dos franceses no Rio de Janeiro. E isso trouxe aquelas necessidades daqueles brasileiros do outro século de interiorizar a capital. E muitos pensaram nisso. E para muitos lugares pensaram de levar, principalmente a campanha era mais pra ir para Minas. Paracatu, Triângulo Mineiro deles12.

Algumas medidas nacionais tinham por objetivo incentivar o desenvolvimento do interior brasileiro, uma dessas medidas que norteou o Centro-Oeste foi à construção de Goiânia, nova capital de Goiás. Mas esse incentivo atingiu apenas as cidades próximas e/ou as mais relevantes economicamente para o Estado de Goiás. Planaltina não teve reflexo desse desenvolvimento, por ter estradas precárias e viam outras cidades desempenhado o papel de cidades-base para o abastecimento de infraestrutura para a população. Todos esses fatores adicionados à disputa de outras regiões para abrigar a nova capital, gera pausa no progresso, onde o tão esperado desenvolvimento entra em decadência. O silêncio de Vargas a respeito da transferência da Capital era motivo para especulações. Nesse momento em Planaltina, indústrias faliram e muitas pessoas emigram em busca de emprego e oportunidades em cidades atrativas, até a década de 40 à cidade apresenta poucas transformações urbanas. Na área urbana permaneceram alguns comerciantes, artesãos e famílias de fazendeiros maiores que desenvolveram mais a criação e o comercio bovino. Nas áreas rurais ficaram pequenos proprietários de terras, ligados a subsistência. No Centro-Oeste prevalece então a ideia de atraso. Posteriormente esse período é beneficiado pela abertura de novas estradas e aparecimento de automóveis na região, mesmo que em pequena escala, mas o suficiente para facilitar o deslocamento das pessoas que buscavam melhores condições de vida e das que permaneciam, tento acesso livre aos centros mais desenvolvidos. A construção de Brasília rondava o ambiente, pois já era um sonho antigo. A certeza da construção veio através de um discurso em que Juscelino Kubitschek, num comício em uma cidade de Goiás, quando candidato a presidência, promete cumprir o que estava previsto na Constituição e transferir a Capital para o Planalto Central. A ideia projetada desde o século XVIII, foi crescendo. Mantida na Constituição de 1934, houve até um projeto de transferência para o Triângulo Mineiro. Essas especulações trouxe em um primeiro momento reflexos positivos para Planaltina como a construção de indústrias, a criação de empregos, a rede elétrica, a chegada do telefone, do primeiro jornal, o aumento do comércio e a criação da Comarca que trazia desenvolvimento a região. Os reflexos negativos vieram consequentemente, através da dúvida que no esfriava o desenvolvimento pela definição da vinda de Brasília ou não. A vinda de Brasília era considerada por muitos como um mito, mas para outros ficavam a espera, seria o ápice para a melhoria de vida.

4. O IMPACTO DA CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

4.1. Planaltina X Brasília

Fator de extrema importância que contribuiu para a implantação de Brasília no Centro-Oeste foi o relatório emitido pela Comissão Cruls. Que continha análise técnicas.

Em 1945 é retomada a ideia de construção da Capital no interior, e em 1951 a cidade hospeda a Comissão do General Poli Coelho que ao realizar seus estudos, reafirma a demarcação da Comissão Cruls.

Tendo em vista a importância da visita, o Decreto N°. 6, de 09 de outubro de 1951, da Prefeitura Municipal de Planaltina, estabeleceu feriado municipal para o dia da chegada de Coelho. O que demonstra a deferência com que os poderes públicos locais tratavam não só o General, mas o que se considerava ser o “problema máximo da nacionalidade no momento”: a mudança da capital. Nos considerados do Decreto, há também uma indicação da importância dada pelas autoridades aos trabalhos das comissões de estudos para a definição do sitio da futura capital (...).13

Nota-se através do Decreto N° 06 de 09 de outubro de 1951, ao qual pode ser observada através da figura 4, a importância da política para as famílias tradicionais da região. Em 1955, a Comissão chefiada por Marechal José Pessôa permaneceu por 20 meses no quadrilátero e pôde delimitar definitivamente o quadrilátero do Distrito Federal, com área de 5.814 km2, que abrangia grande parte de Planaltina. O restante do município que ficou de fora do quadrilátero, passou a pertencer ao Estado de Goiás (Planaltina de Goiás). E finalmente o Relatório Belcher And Associates Incorporated, contratada pelo Governo Federal para confirmar a escolha do Sitio Castanho (futuro Plano Piloto) como local da construção da Capital. Esse período de retomada da ideia da construção da Capital Federal no Planalto, é marcado pela formação e pelo crescimento de fazendas no município e pelo desenvolvimento na criação de bois. Trazendo assim, aumento no número de empregos na zona rural e, ao mesmo tempo, o crescimento do número de famílias que construíam casas na área urbana para o abrigo de seus filhos que frequentariam a escola, enquanto seus pais trabalhariam na zona rural. É um período em que volta a crescer o fluxo de pessoas imigrando para a cidade, atraídas pelo projeto de mudança da Capital. O aumento do número de habitantes torna-se maior e visível depois da promessa feita por Juscelino Kubitschek. Em meio ao desenvolvimento proveniente da chegada da futura Capital, surge o Jornal Planalto, que fica responsável pelas noticias locais e regionais. Após a definição exata da construção, “as noticias sobre a nova capital se avolumam”.14 Após tomar posse, Juscelino leva a diante a ideia de implantação, por causa da delimitação da área feita por José Pessôa. Em 02 de janeiro de 1956 o Prefeito Veluziano Antônio Silva, conhecido como “seu Luza”, assina a lei que regulamenta a reversão de direitos sobre ruas, avenidas e logradouros públicos entre a NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital) e a Municipalidade. Assim, grande parte de Planaltina passou para a propriedade do Distrito Federal. Como Veluziano Antônio Silva descreve em seus relatos, cedidos por sua família ao Arquivo Público do Distrito Federal:

Chegou na cidade uma comissão chefiada pelo Marechal José Pessoa, e foi recebido no campo de pouso que nós tinha nessa cidade, pelas autoridades. Professor, aluno, enfiam, a comunidade quase toda estava presente. Mas, chegando, descendo, do avião o Marechal José Pessoas me disse – “Sr. Prefeito, nós não queremos manifestações porque viemos para trabalhar, e nós queremos ir a fazenda Bananal para quê...ficamos informados da localidade onde vamos escolher a sede da futura Capital da República, esse é o nosso compromisso hoje. E ai seguiremos para Goiânia onde vamos pernoitar e amanhã retornaremos ao Rio. De lá nós vamos comunicar, com a prefeitura, com o Prefeito para que algumas providências sejam tomadas ao nosso pedido”. Passado mais ou menos dez dias, recebi um telegrama do Marechal José Pessoa pedindo a hospedagem para quarenta engenheiros e qual nós recorremos aos dois hotéis que tinha nessa cidade e conseguimos agasalhar esses quarenta engenheiros por dois meses. Esse foi nosso... foi um dos passos mais positivos. Depois tivemos o pedido do Governador do Estado de Goiás, Dr Pedro Ludovico Teixeira, depois que nós pedia a recersão do direito que a prefeitura tinha no loteamento com nome de Planópoles, que hoje é Plano Piloto. (...) tava lavrada e sancionada a lei que fazia ao governo do Estado de Goiás a reversão dos direitos de Planápoles, foi uma coisa da maior importância para a mudança da capital. Depois de concretizada esse fase já não nos coube mais ajuda-los, porque aí já foi criadas entidades capaz de fazer todo o serviço que requeria no momento a nova capital”.15

Com a região demarcada e a reversão dos direitos de propriedades das terras pertencentes ao Distrito Federal, ficou por parte de Juscelino Kubitschek a promessa de campanha da construção da nova Capital Federal. Brasília traria um progresso que mudaria toda a estrutura social da região. Em Planaltina o movimento cresceu em um ritmo acelerado, diferentemente daquele aos quais os moradores antigos estavam acostumados. A construção de Brasília era um marco fundamental para a modernização do Brasil. Entusiasmados com a obra, esqueciam-se os conflitos e as disputas que se deram no território onde a Capital estava sendo construída. O cenário de construção de Brasília trazem grandes conflitos. A questão da terra não estava prevista pelos moradores de Planaltina e da região. Muitos moradores tiveram que dispor de suas terras sob diferentes justificativas, estes com medo de serem acusados de ideias contrarias a mudança da Capital, não mostraram resistência às desapropriações e as vendas das propriedades, mesmo por preços injustos. Era preciso que os proprietários da região tivessem compreensão e vendessem suas terras para o governo, mesmo sem obterem lucros.

As pessoas que iam sendo abordadas discutiam preços com os governantes e aceitavam, até porque para nós que morávamos aqui em Planaltina, parecia que era uma determinação, ninguém podia ser contra, ninguém era contra a desapropriação (...). Uma imposição que não tinha retorno, por isso mesmo que muitos aqui achavam que não deviam, torceram para as fazendas ficarem fora do Distrito Federal. Eu me lembro da alegria do meu pai quando ele soube que a nossa fazenda ficava a mil metros da divisão do Distrito Federal, do lado de fora, eu me lembro da alegria que ele teve “Puxa vida, minha fazenda está fora do Distrito Federal” porque a gente esperava essa imposição, porque já estava se trabalhando com essa ideia da desapropriação das terras e que muitas vezes pagavam o que queriam, que era uma imposição, pronto, ali é a área de importância nacional é a capital do Brasil, quem é que vai dizer contra alguma coisa? Ninguém diz nada, povo humilde, pobre do interior, que mal conhece as leis.16

A população acreditava que deveria facilitar a construção da nova capital, as resistências nas vendas eram vista como uma atitude de ignorância, pois Brasília seria a oportunidade de desenvolvimento da região, e Planaltina por ser um município carente de recursos públicos, poderia contar com os elementos existentes onde havia o progresso, como educação, saúde, empregos, enfim, satisfazer suas necessidades e aproveitar as vantagens que uma Capital traria para a região. O movimento de construção da nova Sede do Governo transmitia uma perspectiva de melhoras para o município e para o Estado de Goiás. A resistência em vender a terra era vista como uma atitude ignorante, já que Brasília significaria uma oportunidade de desenvolvimento. Apesar de toda expectativa de progresso, houve as resistências e algumas insatisfações pela forma que foram feitas as transações de terras. Essa percepção de abuso gerou uma tensão no povo de Planaltina, o sentimento era de que foram lesados, como relata o Sr. Otaviano Guimaraes, ex-proprietário de terras “Vendi (as terras) como se vendesse uma galinha, um cavalo ou um porco, diziam pra gente que a gente não ia ser dono de nada mesmo, que ia ser desapropriado, então a gente foi forçado a fazer mal negocio.17 Segundo as perspectiva oficial, as desapropriações foram feitas de forma amigável, pois era mediada pelo Governo de Goiás. Os partidários mudancistas acreditavam que esta era uma forma eficaz de dar impulso ao desenvolvimento de integração econômica do Estado com o resto do País. No entanto hoje podemos perceber a decepção e o arrependimento por parte de alguns ex- proprietários de terras. Planaltina, Luziânia e Brazlândia nos primeiros anos da construção de Brasília, receberam poucos investimentos, essas situações permitiu que pessoas que não tem tradição nessas cidades fizesse parte de sua estrutura social, veio gente de todo lado para trabalhar na construção de Brasília e tentar melhorar de vida, fez surgir inúmeros agrupamentos marginalizados e com condições precárias, que passaram a constituir problemas econômicos e sociais. As desapropriações do território fez com que as relações sociais se modificassem. A Prefeitura e a Câmara de Vereadores foram transferidas para o povoado de São Gabriel, área que ficou fora do Quadrilátero do Distrito Federal, onde surgiria Planaltina de Goiás (conhecida como Brasilinha), titulo que a antiga proprietária (Planaltina DF) perdeu por se integrar ao território brasiliense. A escolha dessa localidade foi cheia de conflitos políticos e econômicos. Os políticos tradicionais tinham interesse de instalar a nova sede em São Gabriel, onde a política estaria ligada a família Guimarães, a mais influente da época. Havia também os interesses imobiliários que faziam pressão para que a sede fosse instalada na fazenda Brasília, a qual seria mais próxima do Distrito Federal. A cidade foi construída com título de município goiano, embora a nova sede fundada no Estado de Goiás mantinha interesses e pressões imobiliárias de pessoas ligada a Brasília. Continuava a ser uma sede nascida no estado goiano, sem convivência cultural com outras sedes de municípios, assim como Planaltina era quando pertencia ao Estado de Goiás. Já Planaltina permaneceu em solo brasiliense e a construção da Capital mudaria de vez sua identidade social, onde seria influenciada de forma direta, diferente do que acontece com a construção de Goiânia, que como já foi mencionado, não sofreu impacto algum, já que a cidade não tinha recursos e nem estradas para servir de cidade- base no abastecimento das demais cidades do interior goiano. Logo no inicio da construção de Brasília, muitos imigrantes vieram ocupar diferentes áreas do Distrito Federal. Em Planaltina estabeleceram-se nas proximidades da Sede do Município. A construção da Capital Federal faz com que a história de Planaltina se confunda com a sua, deixando transparecer que a ocupação urbana do Distrito Federal inicia-se nos anos 60. “O conceito da tábula rasa (onde a história da região seria escrita) condenou ao esquecimento a história de cidades como Planaltina, Luziânia e Brazlândia”18, dando a intender que a capital surgiu do nada. Brasília foi alvo de um grande fluxo de migrantes, vindos de diversas partes do país. O resultado disso foi invasões, que encheram Brasília de cidades e de vilas em péssimas condições de habitação, como atualmente é o caso do Varjão, da Estrutura, do Areal, etc., que compõe uma Brasília moderna e completamente diferente desses fatores constantes. A noticia da construção de Brasília repercutiu no mundo inteiro, cercada de especulações e conspiração mundial, a nova Capital da República implanta-se a base de pressão e teria a obrigação de se sobre sair como uma obra esplendorosa. O início da construção de Brasília obrigou a sociedade planaltinense a conviver com novos valores e contrários aos seus. Os acontecimentos provocaram diversas mudanças culturais. O sistema cultural e religioso foi atacado e as lideranças politicas se apressaram para se inserir nos novos tempos.

4.2. Política e Religião

Medidas radicais foram tomadas, como as interrupções das festas religiosas, como resposta que os moradores tradicionais de Planaltina fizeram diante das novas exigências. Diante da abertura da modernidade chamada Brasília, os devotos do Divino reagiram suspendendo a folia de roça, onde 80% da população que na época era rural (maioria dos habitantes) aderiram o protesto. No entanto, a suspensão da folia foi temporária, retornando dezessete anos depois, quando a nova Capital já estava consolidada, porém com um conjunto de 26 disposições e proibições feita para os foliões.

Entre elas, o consumo de bebidas alcoólicas; o porte de arma de fogo ou branca, com prisão inafiançável em flagrantes. Outros crimes também foram ressaltados: como os de apanhar frutas nos quintais ou alimentos nas mesas e residências dos pouseiros, sem a devida permissão; ou entoar cânticos de promessas (cantorias) dentro da Igreja ou na entrega da Folia; ou, ainda, deixar cavalos no pátio da Igreja, dançar o catira com homem e mulheres, etc. Caso contrário, ameaçava, “o folião infrator auxiliará na limpeza em conjunto com alguns membros da equipe de serviço ou ser for necessário será pedido sua retirada da folia como folião” (ANEXO H), o que corresponde a uma meia excomunhão19.

De fato as mudanças ocorridas na Folia enquadram-se nas exigências propostas por Brasília, onde antigos costumes rurais se adequam a nova modernidade predominante. Os planaltinenses tiraram o Jornal Planalto de circulação e o transferiram para Goiânia abrindo caminhos para a chegada de novidades dignas de uma Capital e substituindo as noticias regionais típicas goianas.

Com a inauguração de Brasília em 21 de Abril de 1960, Juscelino Kubitschek cumpria parte de suas promessas feita em sua campanha presidencial. Com a inauguração, as modificações no modo de vida em Planaltina não se amenizaram, pelo contrário, o número de pessoas carentes vindas atraídas pela fama de Brasília aumentou, que se espalhou com as notícias da inauguração, e com as promessas de qualidade de vida. Planaltina começa a viver com uma realidade diferente da vivida antes, a organização social e politica era dada a partir das relações de parentesco e compadrio estabelecidos entre as famílias proprietárias de terras. A chegada de Brasília trouxe varias novidades, entre elas o surgimento de uma grande Imprensa, Juscelino Kubitschek propôs ao diretor dos Diários dos Associados, Assis Chateaubriand, o lançamento de um jornal que tivesse a grandiosidade e a linguagem da nova Capital Federal. Na região onde as coisas começaram a mudar rapidamente, os valores culturais começaram a serem trocados, a exemplo disso temos a chegada do Correio Braziliense, jornal moderno e que seria um poderoso instrumento de divulgação. Cidades como Planaltina Luziânia e Brazlândia deveriam funcionar como núcleo populacional e de comércio que daria suporte e sustentação as obras de Brasília. Mas foram consideradas inadequadas para essas funções, já que os casarões eram antigos e não possuía condições de ocupação. Por esses motivos, optaram pela construção de uma cidade nova e voltada para os operários candangos, que a construíram de forma simples, através de tabuas de madeiras e telhas metálicas, reforçando a provisoriedade. Percebe-se que não se trata de uma área em condições boa para se habitar, mas sim de um espaço que reforçasse as ideias mudancistas. Nas primeiras décadas pós-inauguração de Brasília, Planaltina continuou sendo esquecida, já que os incentivos governamentais dirigiam-se para novas cidades satélites como Taguatinga e Ceilândia. Planaltina só passa a ter mudanças em 1966, quando a cidade foi administrada pelo arquiteto Paulo Magalhães que elaborou um plano de urbanização que orientou o crescimento e adequou a condição de cidade-satélite de Brasília. O Plano Diretor de Ocupação Territorial propunha-se de proteger a antiga comunidade, preservar a cultura e a história da cidade, mantendo a cidade em limites razoáveis, com objetivo de evitar agregações de novas áreas urbanas que terminaria por destruí-la. Antes Planaltina era composta pela cidade tradicional, pelos lotes criados em 1958 e pela “nova cidade”, que foi construída por causa do fluxo imigratório. O setor de integração foi criado com a intenção de facilitar e intervir na interação das duas comunidades (a tradicional e a moderna). O princípio do crescimento urbano partiu da ideia de independência da “nova cidade”. Planaltina tornou-se Região Administrativa do Distrito Federal e influenciada pelo urbanismo de Brasília, o Plano Diretor tinha por objetivo criar uma nova vila, afastada da tradicional, para com o tempo adequar-se as necessidades de crescimento. Desta forma foi implantada a Vila Buritis e o Setor de Integração (coração da cidade: fórum, rodoviária, escolas, delegacia, hospital, etc.), dentro das características urbanísticas previstas por Brasília. O Setor de Integração tinha por objetivo integrar a comunidade antiga com os novos moradores da região. A rua passa a ser chamada de via, por ser um espaço agora especial destinado à passagem de automóveis e não mais de pedestre e animais como antigamente. As famílias tradicionais na politica ficaram impossibilitadas de permanecer na nova estrutura administrativa da cidade. No primeiro momento o Governo do Distrito Federal foi designado pelo Presidente da Republica, e este passa a escolher o Administrador Regional de cada cidade-satélite. Para Planaltina, essa mudança foi substancial, pois o administrador, não era mais escolhido pela população e muitas vezes o escolhido nem seria da região. Mesmo sem a oportunidade de participação de um representante da região, a cidade foi compensada pelas melhorias que foram feitas. De fato os primeiros administradores, como sinal de desenvolvimento tiveram muito poder para conseguir recursos e executar obras públicas. A mudança ocorreu através da eleição direta para Governador que elegeu Joaquim Roriz (entre 1989-1994) e trouxe de volta a oligarquia goiana para a esfera do poder político do Distrito Federal, promovendo a expansão dos espaços existentes, o crescimento urbano desorganizado e a criação de novas cidades e bairros. Em Planaltina o crescimento urbano acelerado da população, ocasionou a criação dos bairros Jardim Roriz e Vila Nossa Senhora de Fátima, além da expansão da Vila Buritis. Esse crescimento acelerado trouxe para Planaltina a expansão da cidade, atualmente a cidade é composta pelos seguintes setores: Setor Tradicional, Vila Vicentina, Setor de Integração, Vila Buritis I, II, III e IV, Vila Nossa Senhora de Fátima, Jardim Roriz, Bairro Nossa Senhora de Fátima, Mestre d’Armas, Estâncias I a VI, Estância Planaltina, Vale do Amanhecer e Arapoangas. Além dos condomínios Sarandi, Recanto do Sossego, Samaúma, Vale do Sol e Aprodarmas. A cidade também é composta por núcleo rural que por ser distante não se integra a estrutura econômica e social de Planaltina. Planaltina é uma cidade histórica e conta com a diversidade de atrativos turísticos como: o Morro do Centenário, a Pedra Fundamental, a Estação Ecológica de Águas Emendadas, o Vale do Amanhecer, a Igreja Matriz, a igrejinha de São Sebastião, a Barragem do Pipiripau, a Lagoa Bonita, o Museu Histórico e Artístico, a Casa do Artesão, 26 casarões, o Pesque e Pague Sol Nascente, o PADF, as praças tradicionais que permaneceram, entre outros. Planaltina tornou-se uma Região Administrativa do Distrito Federal que se diferencias das demais Regiões Administrativas, por causa de sua historicidade tradicional e de sua herança goiana. A igreja sempre teve um papel de destaque, pois esta era o palco das atividades sociais mais importantes naquele lugar: casamentos, batizados, sepultamentos, etc. Durante a construção de Brasília a praça que abriga a igrejinha São Sebastião teve seu ápice, pois os trabalhadores da construção se dirigiam a Planaltina, em busca de diversão, assim como os moradores da cidade. Com a inauguração de Brasília, muitos trabalhadores acabaram voltando para suas cidades de origem, o que diminuiu o fluxo de pessoas. Essa redução afeta também o comércio. A praça deixa de ser “interessante”. Em um curto espaço tempo o município passou por várias mudanças, novas pessoas chegaram e passaram a ser donas das terras, que antes eram propriedades das famílias tradicionais de Planaltina, outras propriedade antes particulares passaram a ser do governo. Em consequência disso, as relações políticas e religiosas transformaram-se. Podemos dizer que a cidade sofreu uma crise de identidade. Planaltina possui uma grande diversidade religiosa, o Vale do Amanhecer é um bairro que surge por volta de 1969, sua formação foi influenciada principalmente pelo fator religioso, diferentemente de outros bairros e cidades que surgiram em torno de interesses econômicos. A fundadora da “Doutrina do Amanhecer” foi Neiva Chaves Zelaya, mais conhecida como Tia Neiva. Esta veio trabalhar em Brasília como caminhoneira na época da construção da Capital. Foi em Planaltina que começou a desenvolver sua mediunidade, até conhecer o espiritismo Kardecista, que ajudou em suas primeiras lições de vida. Ao começar a ouvir espíritos, surgem diversas pessoas em busca de ajuda e estas ficam alojadas em uma pequena fazenda que recebe o nome de “Vale do Amanhecer”. Os membros dessa religião são pessoas comuns que buscam solucionar problemas pessoais e coletivos. Essa religião possui valor simbólico e sentimental. O simbolismo é refletido nas vestes, nos costumes, nas orações e na arquitetura. A Via Sacra surge em abril de 1973 com um sonho acordado que o Padre Aleixo Susin (Pároco da Paroquia São Sebastião) teve ao chegar ao Morro da Capelinha. No inicio a Via Sacra era marcada por três procissões que saiam das três Igrejas Católicas da Planaltina: São Sebastião, São Vicente de Paulo e Santa Rita de Cássia e se encontravam no Morro da Capelinha. A Via Sacra foi ganhando força e o alto do Morro ficou pequeno para comportar o grande número de fiéis e foi necessária a transferência da encenação, para onde ocorre atualmente. Com o passar dos anos a encenação foi crescendo e com o aumento do público, foram aplicados novos recursos como microfones, figurinos, telões, iluminação e etc. Em 1986, o evento foi incluído no Calendário Oficial de Eventos do Distrito Federal. A partir desse momento o espetáculo passou a atrair milhares de pessoas de diversas regiões e a atenção da imprensa. A parceria com o Governo foi decisivo para o seu crescimento. Em 2008 o evento foi registrado como Patrimônio Imaterial do Distrito Federal conforme o Decreto n° 28.870, de 17 de março de 2008. O local de encenação, juntamente como seus cenários fixos também foram registrados no Livro de Registro de Lugares. As festas regionais de Planaltina, talvez sejam os fatores que mais contribuiu para a inserção da modernidade oriunda de Brasília, afinal, elas seriam as manifestações tradicionais que mantem viva a tradição goiana. A vida predominante rural cede espaço para a conformação que empurra diversos roceiros para os espaços urbanos. Os antigos aprendizados passados de pais para filhos são substituídos pela necessidade de alfabetização e escolarização. Os calendários substituem os ciclos festeiros e os relógios, os sinos das Igrejas. Brasília promove uma expansão jamais vista anteriormente por Planaltina e por nenhuma outra cidade. Diferentemente do que acontece no passado com a chegada de Goiânia que só visava às cidades-base, Brasília avançou para o que não era desenvolvido, lançou proposta e trouxe o progresso para o Planalto. O fator que contribuiu para esse acontecimento foi à interiorização, que elimina as distâncias e dá início a macha pelo desenvolvimento que ocorreu de forma política. O país caminhava para o desenvolvimento. O progresso viria para superar o passado agrícola do interior e privilegiar os habitantes urbanos, os quais contariam com a facilidade de uma vida moderna e inovadora. A construção de Brasília pode ser entendida como grande colaboradora, mas não como a única a promover mudanças. Em si, a imprensa, a eletricidade, a água encanada e etc., já constituíam em Planaltina um evento efetivo para o avanço a modernidade. No entanto é correto afirmar que Brasília contribuiu de forma grandiosa para o aceleramento de tal modernidade. Com a chegada de Brasília muitas representações culturais de Planaltina deixam de ser realizadas, e outras novas, foram elaboradas.·.

5. 3.1 Planaltina: Progresso inovado vindo com Brasília

Planaltina passou por uma mudança significativa em seu contexto histórico. Com um modo de vida rude, com características típicas de interior, com uma população pequena, distante dos centros desenvolvidos e praticamente sem referências, Planaltina viu Brasília e sua modernidade tomar conta de seu espaço físico e a partir desse momento passou a pensar e a vivenciar uma nova tradição, que se rotulou com influências internas e externas. No Brasil a modernidade sempre seguiu um padrão, baseado na ideologia da Europa, onde os conceito e concepções apreendidos lá passavam por uma adaptação. O Brasil é testemunho de um desenvolvimento alcançado pela política de interiorização feita por Juscelino, que com confiança no seu “Plano de Metas” criou uma nova tradição, denominada Brasília. O projeto de interiorização tinha por objetivo “socializar” as regiões mais afastadas do litoral, abrindo o desenvolvimento no país. Brasília representava a inserção dessa modernidade. Brasília procurou através de sua construção referenciar a história do Centro-Oeste. A nova Capital tenta romper com o passado para atingir sua modernidade, povoando e interagindo com as áreas mais afastadas do litoral. A Capital traria desenvolvimento ao interior, como realmente trouxe. De fato, Brasília promoveu uma expansão jamais vista anteriormente e foi marco do desenvolvimento brasileiro, mas não foi com Juscelino que essa ideia de interiorização iniciou. Esse sonho passou pela colonização, pelo Império até a sua chegada triunfante pela República. Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, tendo Salvador como sua primeira capital. Como a economia cresceu na Região Sudeste do país, a capital foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. Mas, ficava vulnerável, no que se refere a eventual invasão pelo mar. Era previsível a interiorização, por medida de segurança e como forma de levar desenvolvimento para o resto do território. As primeiras manifestações voltadas para a necessidade de mudança da Capital, foram no século XVIII com o Marquês de Pombal. Em 1808, em Londres, o jornalista Hippollyto da Costa, por meio do Correio Braziliense, divulga ideias liberais e sugestões para a interiorização da capital do Império. Nessa época a corte portuguesa se transferia para o Rio de Janeiro e reconhecia a necessidade da mudança. Em 1821, já se esboçava o local da futura capital, ou seja, já tinham noção do local, onde se situa hoje Brasília. A ideia de interiorização foi tomando rumo, até que em 1823, o deputado José Bonifácio, encaminhou a Assembleia Constituinte a “Memória sobre a Necessidade de Edificar no Brasil uma Nova Capital”. Em 1883, o frade italiano Dom Bosco teve uma visão, sua visão dizia a latitude e a longitude da futura capital e que a terra onde ela seria estabelecida seria uma terra de fartura e beleza. Essa sequência de fatos ocorridos durante o Brasil Imperial, sugerindo a interiorização, deixou um espirito mudancista. Em 1889 veio a Proclamação da República e a mudança tornou-se fator constitucional. O Governo de Juscelino Kubitschek, iniciado em 1956, esteve voltado para a construção de Brasília. Depois do processo de demarcação e da construção, Brasília foi inaugurada oficialmente em 21 de abril de 1960. Brasília foi um exemplo de projeção dentro dos parâmetros de arquitetura moderna. Hoje é considerada Patrimônio Histórico da Humanidade, mas com problemas típicos de uma grande metrópole. Lúcio Costa declarou em 1974 que Brasília é um milagre. Formada sobre os parâmetros da arquitetura modernista para ser o centro do poder politico brasileiro, a nova Capital dirige-se para o progresso e para uma sociedade construída em moldes europeus com conotações de desenvolvimento. A negação dos princípios artísticos e culturais que precederam Brasília deixou nas populações a imagem de que a ocupação urbana da região começa com a construção da cidade nos anos 60. Em Planaltina esse conceito de negação dos princípios e o projeto de modernidade caminham lado a lado. Construídos a partir dos moldes dos países modernos e desenvolvidos, Brasília procurou não ligar sua inovação ao rústico. Para compreender melhor essa relação a respeito do antigo/moderno Le Goff diz que “ao mesmo tempo, cria, para a denegrir ou para exaltar- ou, simplesmente, para a distinguir e afastar-, uma “antiguidade”, descobrindo uma modernidade, tanto para promover como para vilipendiar.20 Le Goff situa o tempo histórico com a participação do conceito de modernidade, mas a relação do antigo com o moderno não precisa se opor, no entanto, no caso de Planaltina e Brasília, os interesses eram opostos, isso explica a relação de negação. No caso de Brasília a atitude foi de construir uma nova história. Assim, Planaltina, por muito tempo não foi lembrada quanto a seus valores considerados rústicos, a população planaltinense estava fascinada pelo novo e Brasília o representava. Brasília por um momento “apaga” a história centenária de Planaltina. O tradicionalismo pertencente à Planaltina representa decadência e atraso, fugindo do contexto proposto por Brasília. A nova Capital traz a sensação de que não existia nada no Planalto Central e que a história daquela região deveria ser contada a partir de sua implantação. Foi dessa forma que Lúcio Costa pensou o seu plano, como uma cidade que deveria ser edificada com função de centro de governo e administração do país. A construção da capital no centro do país, consequentemente levaria o progresso para a região do entorno do Distrito Federal. Esse progresso é alcançado por meio da modernização, que era vista como um desenvolvimento econômico. A modernização baseada em moldes europeus, deixa as populações já existentes no Distrito Federal à margem social, onde Brasília era o ápice e as demais cidades simplesmente não serviam de “nada”. Em contrapartida, a cultura antiga, representa atraso no desenvolvimento e portadora de uma herança tradicional com características ibérica, o que já não fazia parte das características do país. A decadência que tem como outra face o progresso, visa uma sociedade modelo, construída com moldes dos países modernos. Nesse âmbito, Brasília não se prende ao passado já existente. A Capital não poderia construir sua história com bases no atraso. Brasília é uma cidade inovadora e repassou essa imagem para o território brasileiro. Sua inauguração cria um marco de modernização, pois isso é associado o conceito de ausência de passado na região, negando, os princípios econômicos, sociais, culturais e condenando ao esquecimento histórico cidades com Planaltina, Luziânia e Brazlândia. Brasília traz para Goiás uma nova face, que se transforma rapidamente com a construção de estradas, residências e com a imigração. O Estado de Goiás ganha uma nova rotulagem e começa a valoriza-se. Em Goiás a agricultura com forma de subsistência carregava dois problemas seríssimos, de um lado o desprezo dos mineiros pelo trabalho agrícola e por outro a legislação fiscal. Durante a mineração, ou mesmo fora após a decadência, os que se mantinham na região, tinham sua visão voltada para a criação de gado. Essa atividade era vista pela maioria da sociedade brasileira como atitude que lembra pobreza. Alimentando o desprezo existente em relação à vida rural. Ainda hoje é possível nos depararmos com algumas palavras como “roceiros” e “caipiras”, usadas de forma pejorativas para demostrar desprezo por pessoas que ainda vivem da atividade rural. Com a intenção de acabarem com esse isolamento vivido no interior do país, mudanças foram estabelecidas como forma de alcançar o desenvolvimento. A região que cercava Goiânia teve um grande desenvolvimento após sua inauguração, o que não trouxe reflexos para Planaltina e seus vizinhos. Mesmo com essa inauguração, Goiás não perde o símbolo da decadência. Trazer essas características para a nova Capital seria um desastre, uma cidade com o objetivo de ser o elemento pioneiro de um novo projeto de nação não poderia construir a sua base sobre o atraso. Brasília é inovadora e procurou repassar a imagem de desbravamento e progresso. A sua inauguração criava um marco fundamental para a modernização em nível nacional. Por isso é associada à construção da Capital a ocultação de passado na região, os princípios socioculturais e econômicos. Enquanto o Goiás associa-se a decadência, Brasília mostra-se triunfante. Isso traz para o interior goiano uma nova face, que podem ser sentidas nas construções de novas estradas, loteamentos feitos em terras antes desvalorizadas, tudo isso dá a ideias de será modificado o panorama da região, com a mudança da Capital. Era o Goiás contando sua história através das referências de Brasília. A modernidade no país sempre foi vista como fator extremo a ser alcançado, como mudança tanto pelas elites tanto pelo povo. O Brasil é a prova viva de sucesso da politica interiorana desenvolvida por Juscelino, que confia de forma plena no seu Plano de Metas, deixando a entender que a mudança da capital seria melhor para todos. Para Juscelino a construção de Brasília foi um fenômeno como podemos notar em sua descrição conforme a figura 5. O projeto de adentrar o interior do país tinha por objetivo modernizar as regiões mais afastadas do litoral, abrindo novos caminhos de desenvolvimento. A nova Capital representava a introdução dessas concepções no interior, eliminando as distâncias internas. Tratava-se da marcha inicial para o desenvolvimento que ocorreu com um espetáculo político, o país caminhava rapidamente para o planejamento estatal. O desenvolvimento e o progresso viriam para superar o passado agrícola do país e privilegiar os habitantes urbanos, os quais teria acesso rápido às facilidades modernas. Planaltina mesmo já esperando pela chegada de Brasília, teve que lidar com um rápido progresso urbano implantado pela construção da Capital. Conviver com pessoas novas e diferentes, vindas de diversas regiões do Brasil, com objetivos e costumes estranhos aos da sociedade planaltinense, vão transformando aos poucos a estrutura social da cidade. A inovação se apresenta, mas a tradição permanece. O ano de 1960, foi o ano que mudou completamente a história do Brasil. Com a inauguração de Brasília em 21 de Abril de 1960, os olhos da imprensa internacional se voltaram para o país. Brasília tinha a obrigação de ser de fato inovadora como já era qualificada antes de ser implantada. E realmente foi e trouxe para o país várias mudanças e tudo de mais moderno e sofisticado da época. A Imprensa Internacional sem dúvida contribuiu para a divulgação do espetáculo que foi para o Brasil inaugura sua mais nova Capital, como pode ser visto nas figuras 6, 7 e 8, onde os jornais mais conhecidos e mais vendidos da Europa e do mundo como A Voz de Portugal, La Prensa da Argentina e o Time magazine dos Estados Unidos que se propuseram a noticiar tal fenômeno. Os prejuízos tragos por Brasília ficaram nas mãos dos menos favorecidos financeiramente, que desde o movimento de implantação foram deixados de lado. No campo social, a vida coletiva sofre estremas mudanças, passando a predominar o individualismo. Se pensarmos nos abalos causados na cultura planaltinense fica evidente que nas disputas pela terra, ocorreram reações apesar do cumprimento do plano de ação que era a construção da nova capital. A construção de uma cidade nova impõe a aceleração de mudanças na região. O tempo de três anos gastos para a construção soa como ficção para as mentes modernas e mais ainda para as expectativas das mentes rurais que a vivenciou. De fato Juscelino conseguiu cumprir sua promessa mudancista. As novas cidades construídas no entorno de Brasília consolida a realidade social, marcada pelo contraste entre ricos e pobres, onde os ricos se estabeleceram na Capital e os pobres nas cidades ao seu redor. A atual Capital Brasília é a maior experiência em cidade projetada, única dentro dos conceitos de arquitetura moderna. Hoje Patrimônio Histórico da Humanidade e marco da expansão para o interior, mas com problemas das grandes metrópoles brasileiras. Não há como ocultar os problemas existentes em Brasília como invasões e o crescimento populacional dos contingentes pobres de forma desordenada. Apesar de ter meio século de vida, Brasília tem pela frente uma grande luta para aniquilar as desigualdade e trazer a modernidade como foi vista por aquela que almejavam qualidade e melhoria de vida.

5.1. Modernidade e Tradição Planaltina só percebe a modernidade quase uma década depois da consolidação de Brasília, essa perda de identidade, cria com o passar do tempo, a necessidade de retomar as tradições por parte de alguns moradores e é nesse momento que a cidade passa a preservar e contar sua história, travando uma relação de convivência entre modernidade e tradição, e não mais oposição como era antes. Passando a conviver os dois estilos numa mesma cidade e ao mesmo tempo. Antes de estruturação de Brasília, Planaltina mantinha características de interior. Planaltina teve que aprender a lidar com esse progresso e a conviver com pessoas vindas de diferentes partes do Brasil, como costumes e hábitos estranhos, e, que vão transformando aos poucos a estrutura social e econômica da cidade. O novo chega, porém, o tradicional permanece. A cidade cresce de forma acelerada, conforme mostra o gráfico a seguir:


Fonte: IBGE

Na década de 50 quando a cidade ainda pertencia ao Estado de Goiás, sua população era pequena, mas proporcional à região com características interioranas. Mas após a chegada de Brasília sua população aumenta bastante e rapidamente. O Goiás foi visto durante muito tempo como atrasado. No entanto seria preciso transformar o interior atrasado em uma terra com progresso. O progresso só poderia ser alcançado por meio da modernização. A modernização era vista como desenvolvimento econômico. Para que houvesse a chegada da modernização, seria necessário romper com o passado atrasado. O sonho de modernidade que enchia o coração dos brasileiros, só poderia ser alcançado com a construção de Brasília, alicerce de tal sonho. Tal modernidade só foi concebida a partir da construção da nova Capital, erguida no meio do interior.

O Brasil vive um momento em que o desejo de desenvolvimento parece mobilizar o país. Os nacionalistas defendem a ideia de um país moderno e tinham como lugar de unidade a expectativa de instaurar um novo tempo no Brasil – marcado, até então, segundo eles, pelos arcaísmos políticos e sociais. É nesse momento de efervescência das discussões nacionalistas, de propostas de desenvolvimento que JK assume a presidência da República, incorporando os sonhos endêmicos de modernidade – e colada a esse personagem, Brasília, a corporificação de todos esses sonhos, alvorada de um novo Brasil21.

Após 1960, Planaltina passou a acomodar a população que chegava atraída pela modernidade de Brasília e passa a conviver com uma realidade distante do seu contexto, mas inovadora no contexto nacional.

Um século antes de JK, Planaltina já acumulava história e tradição. A cidade e cheia de história, festa populares e cultura, “é a matriarca do Distrito Federal. Suas Igrejas, casarões, ruas, confirmam que ela é uma velha senhora, com um respeitável passado”22 Ainda hoje é possível encontrar em Planaltina, vestígios do passado goiano. No entanto o Setor Tradicional de Planaltina não é valorizado de forma cultural, pelos “novos” moradores, aqueles de Planaltina pós – Brasília. Pelo fato de muitos moradores não se sentirem participantes dessa história, a preservação seria responsabilidade de apenas uns, os tradicionais. Atualmente nos deparamos com alguns costumes antigos mantidos pela população. A tradição e a modernidade são visíveis pelo modo de vida das pessoas e concretizadas nas construções. Diferente dos demais espaços urbanos, a parte mais antiga da cidade não teve um projeto urbanístico feito pelo governo. No Setor Tradicional da cidade é possível voltar ao passado. Planaltina é vestígio do passado. Os casarios, alguns datados do século XVIII nas ruas estreitas da cidade, com janelas de madeira dando para a calçada. Os bancos em frente as casa denuncia que ali as pessoas se sentam para ver o tempo passar. Preserva a tradição de um século de história faz parte daqueles que valorizam a valor do lugar. A partir do final dos anos 50 que a forma das casas passou a ser modificadas. Influenciados pela nova arquitetura de Brasília, as fachadas das casas recebem novos revestimentos. Hoje poucas casas continuam de portas abertas e nas ruas circulam mais carros do que pessoas. O passado de Planaltina é representado por história, tradição e folclore. Diferentemente das demais Regiões Administrativas, Planaltina é única e possui uma cultura forte. Em Planaltina nos deparamos com o antigo/moderno, o que torna a cidade esplêndida. Mesmo com toda a modernidade oferecida por Brasília, Planaltina manteve e preservou muito de seus valores. A cidade é ao mesmo tempo histórica, religiosa e turística, além de ser moderna. Ao transferir a Capital para o Planalto Central, a Capital teria a obrigação de trazer desenvolvimento e progresso para todas as regiões que ficasse entorno e a trouxe. Em Planaltina a tradição e a modernidade são figuras representadas a partir do modo de vida das pessoas e instrumentadas nas construções, ruas, praças, ou seja, na estrutura urbana. A arquitetura das casas é refletida por alguns modos de viver e na relação do morador com os espaços coletivos e domésticos. A parte mais antiga da cidade não foi elaborada pelo governo, diferentemente das demais Regiões Administrativas. A época da construção de Brasília nos remete que o desenvolvimento coloca em evidencia fatores econômicos. Dessa forma, a cultura desempenhava um papel ilustrativo para Brasília e com isso ocorre a incapacidade de considerar os valores do outro. Os planaltinenses que tinham a terra como seu bem maior, onde eram mantidos seus valores culturais baseados na essência rural, perderam seus valores através do processo de expropriação. Passaram a viver de forma desoladora no qual só a memória seria capaz de resgatar e transmitir a sensação de pertencer a um passado bem maior.

Para se compreender esse gênero de influencia que exercem os diversos lugares de uma cidade sobre os grupos que ela se adaptaram lentamente, seria necessário, numa grande cidade moderna, observar, sobretudo os quarteirões antigos, ou as regiões relativamente isoladas onde seus habitantes não se afastam, a não ser para ir ao trabalho, e que formam como pequenos mundos fechados, ou ainda, mesmo nas partes novas da cidade, as ruas e as avenidas povoadas sobretudo de operários e onde estes se encontram em casa, porque entre a casa e a rua há trocas permanentes e porque as relações de vizinhança ali se multiplicam.(...) Os hábitos locais resistem às forças que atendem a transformá-los, e essa resistência permite perceber melhor até que ponto, em tais grupos, a memória coletiva tem seu ponto de apoio sobre as imagens espaciais.(...) as obras públicas, os traços de novas ruas ocasionam muitas demolições e construções os planos se sobrepõem uns aos outros. Arrabaldes que se desenvolveram ao redor dos muros da cidade se unem a estes. O centro se desloca. Os antigos quarteirões, fechados por altas e novas construções, parecem perpetuar o espetáculo da vida de outrora. Mas esta é somente uma imagem da velhice, e não é certo que seus antigos habitantes, se reaparecessem, os reconhecessem.23

Devido à política de negação, a história que veio sendo escrita após a construção de Brasília fecha em Planaltina a acesso para sua história. A ausência dessa história despertou em alguns planaltinos o cuidado especial de lembrar e narrar histórias.

As modificações e trás o encontro do moderno com o tradicional se transforma e resulta num novo cenário. No entanto não se consegue romper totalmente com o passado, mesmo com os processos de transformação vividos nas estruturas socioeconômicas e culturais, sinais de conservação da estrutura da cidade vão permanecer.

Para manter e cuidar de todo esse patrimônio de história, muitos moradores antigos da cidade se dispuseram a colaborar entregando objetos valiosíssimos para ter a possibilidade de resgatar a própria cultura que foi tirada pela mudança. Nos causos contados e escritos na cidade, indicam a busca romântica de um passado heroico. Passando por esse tempo místico, em Planaltina, a figura de herói é atribuída a Mestre D’Armas, personagem desconhecida pela historiografia, mas que fertilizou a imaginação sobre a criação de um pequeno povoado de mesmo nome, durante o século XVIII. E que se constitui em Altamir e finalmente, Planaltina. Contudo a mudança ocorrida na década de 50, diante da negação, passou a soar como o único registro de passado distante. A memória de Planaltina é fácil de ser encontrada, basta caminhar pelo Setor Tradicional da cidade para nos depararmos com nomes de ruas e avenidas que trazem a memória antiga. O exemplo disso nas avenidas Gomes Rabello e Salvador Coelho, assim como a Praça Salviano Monteiro e o bairro Mestre D’Armas que nos remete ao passado. Fica evidente que o lapso de memória que atinge os novos planaltinenses pode ser superado, pois a modernidade continua pisando em solo rico por nomes que preenchem a história. O passado de Planaltina representa mudança, transformações e inovações e se apresenta também como um processo de construção presente, sempre como traço que caracteriza a comunidade. A cidade se mostra sempre em construção, não tem característica acabada, sempre em desenvolvimento. Essas características são expressas pelos festejos, já que esses são importantes no processo de integração social, de formação, reformulação e no pós-Brasília. A convivência de uma cidade tradicional com uma cidade moderna torna Planaltina diferenciada de qualquer outra forma social existente em Brasília e as festas soa determinante na singularidade. Ser moderna e ao mesmo tempo conservar a tradição caiu em desuso após a construção de Brasília e ao perceber isso a comunidade de Planaltina ver a necessidade de conservar e manifestar essa tradição em suas festas. Percebemos nas festas o aspecto fundamental para se compreender a tradição da cidade, que entre suas características desempenha uma função na criação de laços entre a zona rural e a sede urbana. Planaltina não se priva das possibilidades de ser inserido na modernidade brasiliense. Fato é que aos poucos a cidade se insere nesse contexto, tanto na arquitetura como no modo de se viver as festas religiosas. Planaltina possui certa dificuldade de sair do clima bucólico, as novas modificações feitas no espaço físico não podem competir com o valor histórico de suas construções antigas, e a invasão de novos mercados consumidores não alteram o movimento das feiras populares de alimento e artesanato na cidade. Então Planaltina se modifica continuamente em suas estruturas políticas e socioeconômicas, mas sempre mantendo um olhar atento à tradição. A cidade não fica estática, pois construí e reconstrói constantemente seus valores ora goiano, ora brasiliense. O que torna Planaltina como uma cidade singular, ou seja, não é somente uma cidade do Distrito federal, mas um lugar com patrimônio histórico e que reproduz aspectos sociais ainda pouco desagregado do meio goiano. A desvalorização e o desprezo pela vida rural atravessaram décadas e acabou por nos fazer esquecer que Planaltina está dentro desse contexto e que tem uma historia centenária a ser contada e vivida.

6. CONCLUSÃO

Nas análises feitas para interpretar os movimentos feitos pela transferência da Capital para a região, buscou-se trabalhar com elementos da herança goiana e procurou representar o impacto que transformou a cidade e as regiões entorno de Brasília. A história e a tradicionalidade de Planaltina a diferencia das demais cidades do Distrito Federal. A chegada de Brasília traz impactos relevantes para Planaltina, pois nesse momento muitas representações culturais deixaram de realizadas, e outras novas, foram elaboradas, além das mudanças feitas nas estruturas físicas da cidade. Assim a cidade passa a vivenciar duas facetas, a da modernidade com a tradicional. Com base na modernidade, acreditava-se que a vinda da Capital para o interior, com a construção de uma cidade nova ser capaz de promover uma expansão para as áreas mais afastadas e que tal implantação atuaria como uma alavanca para o Brasil superar o estágio de uma nação subdesenvolvida. No projeto Brasília faltou essência no sentido de cuidar da cultura. A criação de território moderno, ao apresentar violência e desigualdades sociais, ratifica que algo deu errado na missão redentora da cidade nova.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. ANEXOS


Figura 1. FOLIA DO DIVINO ESPIRITO SANTO
Fonte: Deputado Distrital Claudio Abrantes


Figura 2. IGREJA SÃO SEBASTIÃO
Fonte: www.portalplanaltina.com.br

Figura 3. LUÍS CRULS
Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal

Figura 4. CÓPIA DO DECRETO MUNICIPAL N° 06, DE 09 DE OUTUBRO DE 1951, DA PREFEITURA DE PLANALTINA-GO
Fonte: MAGALHÃES, Luiz Ricardo. Sertão Planaltina: uma outra história de BRASÍLIA – 1ª edição – Curitiba, PR: CRV, 2011, p. 100.

Figura 5. JUSCELINO KUBITSCHEK
Fonte: Do concreto ao papel: o nascimento de Brasília na imprensa mundial. Brasília: Santafé Idéias e Comunicação, 2010.

Figura 6. A VOZ, JORNAL DE PORTUGAL.
Fonte: Do concreto ao papel: o nascimento de Brasília na imprensa mundial. Brasília: Santafé Idéias e Comunicação, 2010.

Figura 7. LA PRENSA, JORNAL DA ARGENTINA.
Fonte: Do concreto ao papel: o nascimento de Brasília na imprensa mundial. Brasília: Santafé Idéias e Comunicação, 2010.

Figura 8. TIME MAGAZINE, JORNAL DOS ESTADOS UNIDOS.
Fonte: Do concreto ao papel: o nascimento de Brasília na imprensa mundial. Brasília: Santafé Idéias e Comunicação, 2010.

1 POLLAK, Michael. “Memória e identidade social”. In: Estudos Históricos. v.5, n 19. Rio de Janeiro, 1992, p. 200-215.

2 GDF. Ruas de Planaltina - Projetos Ruas da Cidade - Inventário do Patrimônio Cultural de Planaltina,

1998, p. 11.

3Arquivo Público do Distrito Federal. Planaltina: um referenciamento de fontes. Caderno de Pesquisa 8, 4ª edição, Brasília, 2008, p.7.

4 HOBSBAWM, E. Eric. “Introdução: a invenção das tradições.” In: HOBSBAWM, Eric, RANGER, Terence (orgs.). A invenção das tradições. 3ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002, p. 09.

5 LE GOFF, Jacques. “Antigo/Moderno”. In: História e memória. Campinas: Unicamp, 1992, p. 145.

6 OLIVEN, R. G. Brasil, uma Modernidade Tropical. Etnográfica, Lisboa, v. 3, n. 2, 1999, p. 409-410.

7 BERTRAN, Paulo. História da Terra e do Homem no Planalto Central: Eco- história do Distrito Federal -1ª edição, Brasília, Solo Editores, 1994, p. 188.

8 GDF. Ruas de Planaltina – Projetos Ruas da Cidade - Inventário do Patrimônio de Planaltina, 1998, p. 8.

9 Ibidem. p. 9.

10 Arquivo Público do Distrito Federal. Planaltina: um referenciamento de fontes. Caderno de Pesquisa 8, 4ª edição, Brasília, 2008, p. 10.

11 ZATZ, Inês. Gonzaga. Catireiros e Candangos: a construção da identidade no encontro do passado e do presente em Planaltina. Dissertação de mestrado não publicada, Departamento de Antropologia Social, Universidade de Brasília, Distrito Federal, 1986, p. 37.

12 GUIMARÃES, Hossanah Campos. Depoimento - Programa de História Oral. Brasília, Arquivo Público do Distrito Federal, 1999, p.30.

13 MAGALHÃES, Luiz Ricardo. Sertão Planaltina: uma outra história de BRASÍLIA – 1ª edição – Curitiba, PR: CRV, 2011. p . 99.

14 Ibidem. p.128.

15 Transcrição do relato de Velusiano Antônio da Silva, cedida por sua família ao Arquivo Público do Distrito Federal.

16 CASTRO, Mario César de Sousa. Depoimento - Programa de História Oral. Brasília, Arquivo Público do Distrito Federal, 1999, p. 10.

17 GDF, Administração Regional de Planaltina. Planaltina... Relatos. Brasília, 1985, p. 69.

18GDF. Ruas de Planaltina – Projetos Ruas da Cidade - Inventário do Patrimônio de Planaltina, 1998, p. 11.

19MAGALHÃES, Luiz Ricardo. Sertão Planaltina: uma outra história de BRASÍLIA – 1ª edição – Curitiba, PR: CRV, 2011. p. 139-140.

20 LE GOFF, Jacques. “Antigo/Moderno”. In História e memória. Campinas: Unicamp, 1992, p. 143.

21 CEBALLOS, Viviane Gomes de. E a historia se fez cidade... “a construção histórica e historiográfica de Brasília”. Dissertação de mestrado, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, 2005, p. 51.

22 GDF, Administração Regional de Planaltina. Planaltina... Relatos. Brasília, 1985, p. 15.

23 Halbawachs, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, Editora Revista dos Tribunais, 1990, p.135-136.


Publicado por: Nayara Carla Rodrigues da Conceição

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