A insegurança do professor quanto a inclusão

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1. RESUMO

FARIAS, Karoline Bonardo. Insegurança do professor em relação à inclusão. Monografia , Curso Pós Graduação em Gestão escolar e coordenação pedagógica à Escola Superior Verbo jurídico.

Esta monografia teve por objetivo realizar uma análise sobre a insegurança do professor (a) em relação à inclusão de alunos com necessidades especiais em sala de aula. Utilizando como base fundamental, vários autores que estudaram as mais diversas deficiências e as suas reais necessidades. Nos últimos anos surgiram muitos estudos e debates no que se referem ao assunto da inclusão em sala de aula e as dificuldades que geram inseguranças no educador para lidar com o aluno incluso. O que leva o educador a sentir dificuldade quando se trata de ter em sua turma “normal” um aluno portador de algum tipo de necessidade especial? Quais os conflitos que ocorrem durante a transmissão dos conhecimentos básicos e, a formação profissional abrange o estudo direcionado a estes alunos, preparando os mesmos para terem confiança em si para lidar com as ocorrências emergenciais que possam surgir durante o processo de aprendizagem? Estas questões colocam em dúvida o ensino inclusivo sem a devida preparação do profissional da educação para lidar com este assunto, a inclusão. Para tentar elucidar estas questões, são abordadas nesta pesquisa teorias que permitem a clareza do objetivo proposto inicialmente, uma vez que, o ato de aprender visa a uma educação para uma sociedade que está em constante movimento, de uma forma veloz em direção às transformações contemporâneas.

Palavras-chaves: professor/insegurança; educação especial; inclusão; distúrbios de aprendizagem; formação.

Abstract

This monograph aims to perform an analysis on the uncertainty of the teacher (a) regarding the inclusion of students with special needs in the classroom. Using as a fundamental basis, several authors have studied many different disabilities and their real needs. In recent years there have been many studies and debates that relate to the subject of inclusion in the classroom and the difficulties that generate insecurity in the educator to deal with the studentincluded. What makes the educator to have trouble when it comes to take his class "normal"one student with some kind of special need? What are the conflicts that occur during the transmission of basic knowledge, training includes the study directed at these students, preparing them to have confidence in themselves to deal with emergency incidents that may arise during the learning process? These issues raise questions about inclusive educationwithout the proper preparation of education professionals to deal with this issue, the inclusion.To try to clarify these issues are addressed in this research theories that allow clear objectiveinitially proposed, since the act of learning is aimed at an education for a society that is constantly moving, in a fast towards the contemporary transformations .

Keywords: teacher / insecurity, special education inclusion, learning disorders; training.

2. INTRODUÇÃO

Assuntos como a inclusão , causam grande morosidade, diante das dificuldades e inseguranças que alguns educadores do ensino fundamental encontram quando acolhe um aluno inclusivo em sala de aula. Desta forma, buscar compreendimento para as problemáticas nas quais se encontram muitos profissionais da educação é, de certa forma aliviadora, visto que muitos profissionais se questionam sobre o que fazer diante de um aluno incluso e como proceder. Estes problemas são de grande importância na área educacional, pois levam ao entendimento do que de fato ocorre.

A inclusão é uma realidade que ganhou força nas últimas décadas e está inserida nas mais diversas modalidades educacionais. Isto causa muitas dúvidas na posição em que se teve ter o educador em sala de aula. Algumas instituições de ensino contam com o apoio de profissionais especializados que dão suporte para que o professor possa ministrar os conteúdos e transmitir o conhecimento para estes alunos. Mas, muitas escolas ainda contam com o apoio e o suporte de outra instituição secundária, pois não tem os próprios meios de formalizar a educação para os mesmos.

As instituições de ensino superior formam educadores com conhecimentos vastos, mas algumas ainda falham quando os acadêmicos se encontram diante deste tema: inclusão. Devido ao pouco contato, ou nenhum, com as escolas especiais. Acadêmicos com insuficiência de fundamentação teórica e prática se perdem diante da realidade “especial” e não vivenciam a realidade inclusiva colocando em dúvida seu futuro profissional quando se deparam diante da questão abordada na prática.

Pode-se dizer que a insegurança de alguns educadores e o seu despreparo para enfrentar estas dificuldades os leva a frustração pessoal e ao mesmo tempo a uma piedade para com o educando incluso. E o professor que não sabe enfrentar estes sentimentos conflitantes sente-se perdido e incapaz de transmitir os conhecimentos científicos, morais e sociais para que se cumpra a função da educação, independente das capacidades mental e motora dos alunos, que é a de formar cidadãos conscientes e críticos.

Acredita-se que a solução para esta problemática da vida profissional de um educador, se faz fundamentalmente através da formação que obtêm durante sua graduação. Pois é através, além do teórico, do contato real e concreto, dos estágios supervisionados e direcionados pedagogicamente, que capacitara o acadêmico para enfrentar estes dilemas na sua vida como educador. Desta forma, a inclusão seria vista como um fato normal, já familiar ao professor, quando recebesse um aluno portador de alguma deficiência, que necessitasse de uma aprendizagem diferenciada dos demais educandos. A obrigatoriedade de um plano de ação que visasse a uma disciplina específica nas graduações sobre Educação Especial, conduziria e fortaleceria o futuro dos profissionais da educação para trabalhar de forma consistente e segura quando surgisse a insegurança e as dificuldades no decorrer da sua prática profissional e pedagógica.

Para concluir esta ideia é valido lembrar a distinção proposta de admitir as suas incertezas pessoais, e os fenômenos de mudança que ocorre quando este recebe um aluno inclusivo, entre as propostas formalizadas em constituições e leis que nem sempre acontecem como da forma que estão legalizadas.

3. Transmissão de conhecimentos – Metodologias Diferenciadas

No geral, a escola se propõe a atender todas as crianças como se fossem todas iguais, com a mesma capacidade de aprendizagem. Mas há necessidade de colocarmos cada qual em sua condição, para que se possam compreendê-las e as adequarem aos métodos de ensino mais eficazes para cada possibilidade de condições de internalização de conteúdos.

Para sanar as inseguranças e as dificuldades geradas pela inclusão, um dos primeiros passos é o da busca por meio de metodologias que diferenciem o ensino, tornado-o particular para atender as mais diversas necessidades dos alunos inclusos. Uma vez que constatado que cada um é uma pessoa diferente, o atendimento às diferenças individuais tem sido uma das causas mais expressivas da escola, e não somente o educando especial.

Estudando os meios de assegurar a cada aluno o máximo de autodesenvolvimento, independente de suas diferenças e necessidades, o professor com um método adequado chegará a uma conclusão óbvia: uma experiência de aprendizagem suscita reações diferentes em cada aluno, porque cada criança é intrinsecamente diferente da outra.

A capacidade mental do aluno se desenvolve através da orientação das disciplinas ministradas pelo professor, mas para que isto ocorra é necessária uma combinação de atividades. E, estas devem estar dentro de um planejamento que faz parte do processo de ensino e que requerem ações sistematizadas para atingir os objetivos propostos. Ainda mais em se tratando do aluno especial.

Para que o educador “drible” sua insegurança em sala e trabalhe de forma a garantir a transmissão e a assimilação dos conhecimentos é primordial que ele desenvolva métodos específicos para que se obtenha o resultado esperado. O autor Libâneo (1994, pág. 150), nos dá uma definição sobre o que vem a ser o método: “O conceito mais simples de “método” é o de caminho para atingir um objetivo. (...). Os métodos são, assim, meios adequados para realizar objetivos.”, e ainda:

“O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos, utiliza intencionalmente um conjunto de ações, passos, condições externas e procedimentos, a que chamamos de métodos de ensino.”

Assim, o profissional da educação, após verificar quais distúrbios e necessidades de aprendizagem o seu aluno apresenta, deve buscar metodologias diversificadas para atender o mesmo em seu amplo anseio. E por meio de ações humanas internas e externas, dependentes e independentes, formulam concepções que os conduzem a uma prática com significados definidos para a transformação e o pleno desenvolvimento do educando especial.

Os novos desafios a serem enfrentados em sala de aula pelo educador com a inclusão trazem vários estudos sobre assunto. Estes servem para o professor ter uma base edificada no trato com os mesmos, possibilidades e flexibilidades na evolução do ensino. Perrenoud (2000), em seu Livro 10 Novas Competências para Ensinar nos traz reflexões pedagógicas para a autonomia e a responsabilidade com relação às práticas aplicadas em sala de aula, e estas podem auxiliar o educador e transmitir com mais segurança os conteúdos disciplinares aos alunos, em especial ao portador de necessidades especiais. Estes elementos de reflexão são: 1) Organizar e dirigir situações de aprendizagem; 2) Administrar a progressão das aprendizagens; 3) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 4) Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; 5) Trabalhar em equipe; 6) Participar da administração da escola; 7) Informar e envolver os pais; 8) Utilizar novas tecnologias; 9) enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 10) Administrar sua própria formação contínua.

Por meio de uma análise destas reflexões, mesmo que superficial, o educador poderá observar seus limites e até onde consegue ir à primazia de sua profissão. Visto que, obtendo conceitos pré-estabelecidos terá condições de mobilizar sua insegurança no que se refere às metodologias e recursos que utilizará pata alcançar os seus objetivos na vida educacional do aluno especial.

4. Principais Causas dos Distúrbios da Aprendizagem

A preocupação com os distúrbios da aprendizagem deu-se início, segundo Drouet, (2006, pág. 87,) com os pedagogos e educadores, para com as crianças que apresentavam dificuldades de qualquer tipo de aprendizagem. Sinalizando e buscando as causas para os diversos distúrbios de aprendizagem, pode-se compreender o porquê das inseguranças do professor em relação às estas dificuldades. No decorrer dos anos, diversos educadores passaram a dedicar-se as mesmas e suas dificuldades. E a mesma autora destaca ainda os notáveis trabalhos de:

”Itard com seus estudos sobre percepções e retardo mental; Pereire com a educação dos sentidos, principalmente a visão e o tato; Pestalozzi com base nas idéias de educação natural de Rosseuaus e na filantropia, característica de sua época, findou um centro de educação através do trabalho, em Yverdun, na suíça. Neste centro de educação, que abrigava crianças pobres de todas as idades usava-se o método intuitivo e natural e estimulavam-se principalmente as percepções; Seguim fundou, na França, a primeira escola de reeducação. Publicou um livro sobre o tratamento das crianças abandonadas e dos idiotas e criou um método educativo para estes.”

A partir de 1898, teve inicio a primeira escola pública a ser inserida uma classe para a educação de crianças retardadas, as chamadas classes especiais, isto se deve Professor de Psicologia Clarapade que contou com a colaboração do outros interessados no assunto. E ainda, “Esta foi a primeira colaboração dos médicos e pedagogos no campo da reeducação de deficiência sensoriais e do retardo mental.”, Drouet, (2006, pág. 88).

Montessori, inspirada nos trabalhos de Itard e Seguim, criou um método que é utilizado até nos dias de hoje, o Método Montessori. Este método se preocupa em educar a vontade e a alfabetização, estimulando os órgãos dos sentidos e suas percepções. Já Decroly usou técnicas de filmagens de comportamentos e de situações de aprendizagem, com a finalidade de estudar detalhadamente o desempenho das crianças frente às tarefas educacionais. E como disse Elen Key, o século XX é o “século da criança”, apud Drouet (2006).

(OBS.: “Elen Key se referindo a Escala Binet-Simon, teste que mede o quociente intelectual (QI) criado em 1905 pelos psicólogos franceses: Alfred Binet e Theodore Simon”.)

4.1. Causas Físicas

A febre, a dor de cabeça, dor de ouvido, cólicas intestinais, anemia, asma, verminose, etc. representam as perturbações passageiras ou permanentes, que provém de qualquer estado físico geral da criança.

4.2. Causas Sensoriais

Os órgãos dos sentidos são atingidos afetando todos os órgãos responsáveis pela percepção como o ouvido, gustação, olfato, tato, visão, equilíbrio, reflexo postural e, tantos outros como o sistema de condução entre esses órgãos e o sistema nervoso. Esses distúrbios causam problemas no modo da criança captar a mensagem exterior para posteriormente internalizá-la e compreender o mundo em torno de si.

4.3. Causas Neurológicas

Quando ocorrem lesões de maior ou menor grau que afetam o cérebro, o cerebelo, a medula e os nervos. Uma lesão, seja ela em que grau ocorrer, pode afetar o sistema que controla as ações físicas e mentais do ser humano, impossibilitando a criança de se movimentar, agir e pensar normalmente. Isto afeta de forma visível a sua aprendizagem, constituindo em problemas, muitas vezes, como o “ausência”.

4.4. Causas Emocionais

Nunca aparecem sozinhos, distintos, estão sempre ligados, associados a problemas de outras regiões como o da motora, da sensorial, etc. Mas estes distúrbios são sempre de caráter psicológicos, unidos aos sentimentos dos indivíduos e à sua personalidade.

4.5. Causas Intelectuais ou Cognitivas

São dificuldades de estabelecer associações entre o que é animado ou inanimado. Diz respeito à capacidade da inteligência de conhecer e compreender o meio em que vive. Este distúrbio também é influenciado, danificado se o sistema nervoso é também afetado. Pois este, também é capaz de construir e buscar soluções para os mais diversos desafios, através de suas estruturas mentais e de sua capacidade intelectual.

4.6. Causas Educacionais

As falhas educacionais ocorridas na infância, quando dada de forma inadequada pelos pais ou responsáveis, poderão acarretar ocorrências futuras de distúrbios que prejudicarão a sua vida estudantil, e por conseqüência profissional, social, civil, e até mesmo moralmente.

4.7. Causas Sócio-econômicas

São distúrbios originados no meio social em que o aluno vive, e em como ele vive economicamente. Também não são visíveis, muitas vezes, nos educandos, pois para muitos, isto acontece naturalmente no meio em que vive, mas para outros, a adaptação de uma nova realidade vai interferir de forma mais drástica na vida deste aluno do que na daquele que nasceu num meio menos desfavorável.

Todas estas causas dão origem a vários distúrbios que interferem diretamente na aprendizagem significativa do alunado e o professor deve estar atento, não só nas dificuldades visíveis, como a de um aluno com paralisia cerebral, com nenhuma visão ou audição, mas estes distúrbios ocultos presentes há todos os instantes na esfera educacional. Visto que, segundo Pilleti (2001, pág. 106 e 107) diz que:

“Embora oferecida (...) na rede regular de ensino, (...) ”os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, (...)”, o Poder Público adotará de preferência a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública de ensino (...). Para tanto o Poder Público providenciará, de acordo com o artigo 58:

Serviços de apoio especializado, na escola regular de ensino, quando necessário e de acordo com as condições físicas dos alunos; quando não houver a possibilidade de integração em sala normal; e será garantido o ingresso da criança da criança desde a idade de zero a seis, durante a educação infantil.

Se o Poder Público garante todos estes direitos, além de outros, para os alunos especiais, qual a razão para tanta insegurança e necessidade de aperfeiçoamento do professor para lidar com a inclusão? Além da falta de incompreensão, há necessidade de se ter por parte do professor alguma noção de investigação que o leve a compreender os pressupostos de as dificuldades apresentadas pelos educandos especiais. E através destas pesquisas, basear-se em fatos concretos e exemplos próximos para colher doses de autoconfiança na questão de administrar conteúdos diários aos mesmos.

5. Conflitos internos do educador

Não faz muito, a escola acreditava que os insucessos na vida escolar eram devidos à insuficiência do educando, e os sucessos, à eficiência do professor. O aluno era sempre olhado, entre tantos, como um ser não aplicado aos estudos. E ao aluno especial cabia-lhe o rótulo de “incapaz” e este era excluso das instituições de ensino.

A “Campanha de Aperfeiçoamento e Divulgação do Ensino Secundário”, promovida pelo Ministério da Educação e Cultura ocorrida pelos anos idos de 1958, promoveu uma formação urgente, rápida e eficiente de professores, para expandir a educação no país. Assim, surgiram os primeiros orientadores educacionais para trabalharem nas diversas necessidades de aprendizagem dos alunos. Este evento, segundo Nérici (1983, pág. 19) “... representa uma tomada de consciência em relação à realidade do educando e à complexidade da vida social.”. Vida social esta, na qual está inserido o professor e seus conflitos perante a transmissão de conhecimentos aos alunos inclusos.

O aluno especial visto como um indivíduo carente e diferente do outro, com virtudes, inadaptações e aspirações diferentes, levaram o educando a ser uma pessoa falível diante desta situação. Pois o encontro da realidade social choca com o que se é tido por “normal” numa sala de aula. Para isto a psicologia social nos traz conceitos que podem nos levam a entender as diversas maneiras de ajudar no entendimento e nas resoluções dos conflitos internos que ocorrem com os professores.

5.1. Percepção Social

Percebe-se um ao outro, através da presença, de um conjunto organizado de características pessoais e partir disto, formar-se-á uma primeira impressão social do aluno, na qual o educador obterá suas primeiras percepções para “enquadrá-lo” nas “primeiras” perspectivas especiais de aprendizagem. Pois segundo Bock, Furtado e Teixeira ([ca. 1995], pág. 111), “A percepção é, pois, um processo que vai desde a recepção do estímulo pelos órgãos dos sentidos (...) até a atribuição de significado ao estímulo.” E segundo Ribeiro (2001, pág. 11), deve-se considerar:

“A visão de totalidade – Aceita-se que para se chegar a uma compreensão do fenômeno social – organização escolar brasileira – há que se ter uma visão do contexto social – sociedade brasileira – do qual é parte e com o qual estabelece uma relação permanente.”

Esta consideração do autor deve estar vinculada aos princípios básicos da percepção, pois a busca para uma compreensão profunda da sociedade diferente é um meio de atingir o educador nas soluções que podem levá-lo a exclusão de seus conflitos internos e a aceitação da inclusão no meio educacional homogêneo, ou seja, todos são capazes, independentemente de suas capacidades e habilidades.

5.2. Comunicação

Após a primeira condição para um encontro, o educador necessita do processo da comunicação. Este envolve a formação de códigos e sua codificação e decodificação para entender as mensagens trocadas entre os indivíduos. A comunicação não é entendida apenas através da fala, mas também de gestos, símbolos, movimentos, expressões, sinais, etc., assim um professor preparado para receber os mais diversos meios de comunicação poderá sanar muitas das dificuldades encontradas no decorrer de sua função. Poderá ainda evitar conflitos como o de não ser capaz de desenvolver seus objetivos em sala de aula. E ainda, segundo Bock, Furtado e Teixeira ([ca. 1995], pág. 111), deve se observar “(...) questões do tipo: “Como se dá a influência, quais as características da mensagem e quais os processos psicológicos, envolvidos na comunicação?”

5.3. As Atitudes

A partir da percepção do meio social e do contato, da comunicação como outro, o educador poderá organizar seus conflitos, relacionando-os com emoções positivas e negativas diante do “diferente”. Para isto é necessário uma tomada de atitudes predispostas para agir conforme as relações se apresentam e como se comportam o que está diante de si. Desenvolver atitudes que se referem às crenças, valores, opiniões, etc. possibilitam ao mesmo regularidades positivas e balanceadas com o meio diferente. Desta forma passam a agir com mais positividade perante os componentes que diferem o “normal” do “anormal” numa sociedade na qual o que se

espera é o comportamento “esperado” diante de atitudes positivas e negativas. Neste caso, os autores citados acima ([ca. 1995], pág. 112), diz que:

“As atitudes possibilitam-nos uma certa regularidade na relação com o meio. Temos atitudes positivas em relação a determinados objetos ou pessoas e isto predispõe-nos a uma ação favorável em relação a eles. Isto porque os componentes de atitudes – informações, afeto e predisposição para a ação – tendem a ser congruentes.”

5.4. Mudança de Atitude

Com o decorrer do contato, do conhecimento do outro obtido através das informações organizadas e caracterizadas de acordo com as suas necessidades, o indivíduo poderá modificar suas atitudes. Este advento forma conjuntos de atitudes que poderão ser trabalhadas diante de como as dificuldades se apresentarem nos educandos. E, uma vez que o educador procurar pontos positivos para os comportamentos e necessidades negativas dos alunos ele evitará futuramente uma tensão constante, que poderá conduzi-lo a um conflito desfavorável em relação aos conteúdos de aprendizagem que necessita transmitir aos educandos. Ainda segundo os autores citados acima ([ca. 1995, pág. 112), “Nossas atitudes podem ser modificadas a partir de novas informações, novos afetos ou novos comportamentos ou situações.” E ainda segundo Ribeiro, também citado acima, (2001, pág. 13):

A mudança e suas causas – Aceita-se ser causa das mudanças pelas quais passam os fenômenos esta relação com elementos contrários, (...). Mas a contradição, causa da primeira mudança, não é esta exterior mas a interior, isto é, aquela que cada elemento comporta dentro de si.

5.5. Papéis Sociais

Conforme Bock, Furtado e Teixeira, ([ca. [1995], pág. 114),

“Entendida a sociedade como um conjunto de posições sociais, (como a posição de (...), de professor, de aluno de filho, de pai) todas as expectativas de comportamento estabelecidas pelo conjunto social para os ocupantes das diferentes posições sociais determinam o chamado papel prescrito. Assim, sabemos o que esperar de alguém que ocupa uma determinada posição.”

Esta posição indeterminada pelos autores pode remeter-se a posição, ao papel que o educador ocupa no meio ao qual está inserido, o meio educacional. E este, reforçando, lida com as diferenças individuais, sejam de ordens patológicas, psicológicas, motoras, físicas, intelectuais, etc.. O papel deste é o de mediador de conhecimentos, de transformador, de influenciador nos valores morais e sociais, sempre sem esquecer de que para estar apto a isto, deve estar preparado receber as diversidades citadas acima. E uma vez capacitado, informatizado, entendido nestas divergências jamais entrará de forma inadequada em conflitos internos consigo mesmo, sem poder resolvê-los de modo satisfatório.

6. Integração/Adaptação/ do educador com a criança diferente

Integrar pode significar objetivos que visam aproximar e fomentar um elo entre os diferentes; pode significar também medidas de caráter social, educacional, etc. que visam promover formas comuns de convivência, de participação nos processos, neste caso, o educacional, de aprendizagem e de transmissão de conhecimentos científicos para alunos deficientes e não deficientes. Conforme os autores Vayer e Roncin, (1989, pág. 59):

“Esta integração no mundo da comunicação faz necessária a presença do outro, pois é o outro que possibilita ao indivíduo reconhecer-se, logo, ajustar-se - sua pessoa e seu discurso – ao contexto que constitui a realidade do momento.”

É desejável por todos a inclusão das crianças diferentes no meio comum das outras. Principalmente pelos educadores, que vivem profissionalmente da educação. A aceitação quase que incondicional, provoca pedidos de informações urgentes na classe educadora; e a não recusa da integração mostra como a deficiência do grupo é tratada, muitas vezes, com indulgência pela falta da busca de conhecimentos que favorecem a integração e a adaptação do profissional da educação no meio especial. Visto que seus objetivos profissionais e educacionais é o de prevalecer às aptidões dos indivíduos em situações de perdas de primazia. Mas segundo os mesmos mencionados acima (1989, pág. 75):

“O problema é que a integração é entendida de uma maneira sensivelmente diferente pelos responsáveis da Instituição Escolar e pelos interessados, isto é, aqueles que deverão inserir em sua classe os indivíduos diferentes e em quem a integração provoca reações variadas.”

Os professores das escolas normais são favoráveis à integração dos alunos especiais, mas ficam divididos diante das proposições que lhe são impostas no ato deste ato. Pois não recebem somente crianças com atrasos mentais, mas também crianças com fracassos escolares, devidos a diversos fatores. Esta aceitação corre mais facilmente nos professores mais jovens, na qual consideram a integração incontestável, e estes têm atitudes mais favoráveis referente ao assunto, visto que, percebem que falta uma dimensão em sua intervenção na ação educativa. Já aos professores mais experientes, a concepção do novo, do diferente pode gerar comportamentos, no qual serão obrigados a mudar seus modos habituais de ser e de fazer o ensino, e conseguintemente ficam receosos quanto ao que vai ser modificado com a inclusão educacional.

Os motivos coerentes e concisos de educadores que os levam a se interessarem pela integração e pela adaptação do aluno especial podem ser vários como, por exemplo: meio de ganhar a vida; encadeamento de circunstâncias; influência de alguém; acaso, mas confirmação do desejo; desejo de ajudar as crianças com problemas; etc.. Quaisquer que sejam os motivos e a sinceridade das circunstâncias em que se encontram os profissionais da educação, todos evidenciam insegurança. Pois partem das dificuldades em reconhecer e aceitar a diversidade em sala de aula, talvez seja pela falta tanto de orientação, que deveria ser iniciada na sua formação como educador e mediador de conhecimentos, quanto de apoio de ordem administrativa e pedagógica adequada da Instituição de Ensino para o qual desenvolve o seu trabalho.

Mediante o quadro apresentado é necessário para a afirmação deste assunto que lhes assegurassem métodos eficazes; conhecimentos precisos do que se deve fazer diante de qualquer caso; oportunidades de uma melhor compreensão dele mesmo e das crianças; etc.. Uma observação neste campo possibilitará ao educador empenhar-se em preencher as carências, aceitar e ajustar-se à criança; procurar ajudas específicas, etc.. Pois uma vez interessado e estimulado o professor viabilizará ações, por conta própria, para que possa relacionar-se de forma “normal” com o especial. Ações estas que poderão ser: a busca pelo afeto da criança; conhecer o seu estado; ter disponibilidade para ela; e ainda: ser uma pessoa bem equilibrada; especializar-se; ter ações coordenadas e competentes, no que se refere aos conteúdos; e tantas outras.

O que mais pode alegar o professor diante do educando especial são as dificuldades de comunicação; a falta de informação; a integração do mesmo no grupo social escolar. Diante de questões como estas, o mesmo deve buscar uma realidade complexa, uma reflexão incomum, devendo analisar suas próprias dificuldades diante do que se encontra. Pois o sistema educacional é dependente dos poderes públicos e pedagógicos que definem o seu papel e o julga.

Então, cabe ao educador refletir nas situações que o conduz no trato com a criança especial, aceitando de forma aberta as diferenças específicas de cada ser em formação. Para afirmar isto buscamos apoio nas palavras de Vayer e Roncim (1989, pág. 84),

“(...) Em toda relação com a criança, portanto na relação educativa, todos são obrigados a refletir, mas a reflexão que só tem valor para si mesmo nunca precisa ser expressa. (...), pois as respostas propostas nunca correspondem integralmente aos sentimentos dos interessados.”

7. Formação profissional do educador

As transformações do mundo contemporâneo vêm acarretando sobre o profissional da educação várias funções, funções estas, que muitas vezes estão além da sua formação acadêmica. Exigem-se condições objetivas dentro de uma sociedade educacional diversificada e inclusiva, na qual os nexos da formação não condizem com a realidade vivenciada no dia a dia escolar.

A prática educativa acadêmica visa a uma formação constituída de valores, de conceitos e de declarações operacionais e intencionais, sendo que, o que de fato se espera de um formando, é um indivíduo competente, reflexivo e inquestionável na sua escolha como educador. Ao mesmo tempo em que o meio educacional exige um profissional qualificado, opera-se quais as vantagens remuneráveis e de valorização profissional que este terá em relação ao desenvolvimento de sua profissão. Desta forma aparecem contradições que desafiam o novo educador a pensar qual o sentido profissional que recebeu durante o seu percurso acadêmico. Para firmar estes conflitos no que refere ao assunto, Ferreira (1998, pág. 104), nos trás as seguintes palavras:

“É num tempo como esse que nós, educadores e educadoras, nos vemos moralmente obrigados, mais do que nunca, a fazer perguntas cruciais e vitais sobre o nosso trabalho e nossas responsabilidades, a fim de respondê-las com propostas e ações coerentes e eficazes. É num tempo como esse que nós, administradores da educação, nos vemos moralmente desafiados a responder de forma competente aos reclamos da sociedade contemporânea com decisões firmes e ousadas, comprometidas com a formação humana do cidadão brasileiro e da cidadã brasileira. Do/a profissional da educação.”

Neste sentido, o questionamento está presente na educação especial inclusiva, pois o profissional da educação que recebe um aluno incluso não está devidamente preparado. Visto que o mesmo, muitas vezes ficou aprisionado aos modos restritos do saber acadêmico. Este deverá, diante da insegurança gerada na realidade inclusiva, delimitar questões, ampliar suas possibilidades de atendimento e entendimento “especial”; criar e propiciar ações de experiência humana para lidar com diferente; e assim, articular seus conhecimentos acadêmicos e pedagógicos para transformar, através de estratégias alteradas e reorientadas a participação do aluno incluso, em seu meio tido como “normal”.

A sociedade reclama pela inclusão com todos os seus direitos, uma vez que estes já estão garantidos nas leis educacionais, mas a falta de formação específica atrapalha o atendimento a esta clientela. Na formação acadêmica obtêm-se o mínimo de instrução teórica sobre a educação especial e nada sobre a prática de estágios em escolas especiais. Encontram-se somente cursos de especialização, e muitos deles à distância, o profissional que busca atender os reclames desta sociedade, sai frustrado de suas especializações, pois mesmo assim, a realidade teórica é diferente da vivência experimentada diariamente com o aluno incluso.

A produção do conhecimento recebido pelo professor é limitada à compreensão da prática, necessita-se de recursos que o auxiliem na sua compreensão com o diferente, com o novo, para que trabalhem a dimensão das relações humanas independentes de suas diferenças e dificuldades de aprendizagem. É preciso que o educador busque também reforçar seus conhecimentos com os princípios educacionais inclusivo. Pois a educação especial inclusiva é levada em conta como essencial, como transformadora da formação fundamental do educando especial. E o educador se não conseguiu isto na sua formação, deve desvendar e percorrer este caminho, muitas vezes, por si.

A capacitação para atender a demanda dos alunos inclusos e a garantia de que o professor desenvolverá seus conteúdos de forma segura e sem dificuldades é apoiada pelos gestores educacionais e seus núcleos especiais de educação. Estes oferecem possibilidades de estudos, de entendimento sobre a constituição do sujeito diferente em sala, suas necessidades reais e suas dificuldades de aprendizagem, sejam elas quais forem.

Mas preparação do profissional da educação para lidar com o aluno especial deveria vir mesmo da sua formação acadêmica como nos confirma a Doutora Marilda Moraes Garcia Bruno (UNESP), no artigo publicado pela Revista Benjamim Constant de dezembro de 2007, ano 13, número 38:

(...) “Torna-se imprescindível focalizar este tema na revisão dos cursos de Pedagogia e nas demais licenciaturas, para que não fique restrito ao campo da especialização, como sugere a Resolução CNR/CP nº 01/2006.” (...)

A fala desta Doutora em Educação evidencia a realidade vivida por muitos professores em sala de aula, tornando-o inapto a desenvolver seus trabalhos de transmissão e assimilação de conhecimentos científicos para com o educando especial. Esta problemática também é evidenciada nas Diretrizes Curriculares Da Educação Especial Para A Construção De Currículos Inclusivos (Secretaria de Estado da Educação-SEED, 2006).

“A compreensão da Educação Especial como modalidade que dialoga e compartilha os mesmos princípios e práticas da educação geral é recente e exige das famílias, alunos, profissionais da educação e gestores das políticas públicas um novo olhar sobre o aluno com necessidades educacionais especiais.”

8. Considerações Finais

Neste trabalho objetivou-se buscar as causas que levam o profissional da educação a sentir-se inseguro diante da educação inclusiva na sala de aula. Para tanto foram utilizados, como base teórica, educadores que visam a educação como prioridade fundamental para o pleno desenvolvimento do ser, independente de suas capacidades físicas, motoras e intelectuais.

Assim, constatamos que existem diversos fatores que contribuem para esta insegurança, além da clássica formação do professor. Pois o processo ensino-aprendizagem não é estático, traz uma concepção de educação, na qual a normalidade gerou mais um processo “o especial”. E muitos educadores não estão preparados psicologicamente para lidar com o diferente, com as divergências de ensino e nem com as diversas dificuldades trazidas pelo educando especial.

Uma vez que o profissional da educação está “aberto” e busca meios para interagir com o diferente, ele poderá contribuir para desenvolver uma equiparação, que talvez seja utópica, de oportunidades para que a criança, o jovem especial seja preparado para a sociedade. Na qual os seus limites e possibilidades serão respeitados dentro das suas capacidades e aptidões e possam interagir com os “ditos” normais sem causar prejuízos pessoais e sociais a eles.

Neste contexto, a inclusão deve ser um processo no qual a sociedade escolar deve se adaptar para incluir em seus sistemas de ensino estes alunos com distúrbios e necessidades especiais. Para poder prepará-los e inseri-los com um papel definido na sociedade de forma em geral, como um cidadão capaz de exercer os seus direitos e cumprir com os seus deveres com plena consciência.

Transpor as barreiras que impedem a transformação escolar inclusiva é meta das várias propostas de lei que já existem. Mas para isto é necessário que os projetos constitucionais que se referem ao assunto sejam colocados em prática, tanto no preparo do profissional, quanto na prática diária da sua função dentro da sala de aula. Pois não basta obter especializações e recursos é necessário o apoio dentro de toda a instituição governamental e educacional de uma forma ampla, e que a mesma seja encaminhada a prática cotidiana das escolas.

Neste âmbito educacional especial acredita-se que é necessário preparar o professor no processo de inclusão, pois o mesmo necessita deste, para que sejam obtidos os resultados esperados em relação ao aluno especial.

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Publicado por: karoline bonardo farias

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