Desenhos Animados: A Percepção das Práticas Corporais de Lutas em Crianças de 08 a 10 anos

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1. RESUMO

O presente estudo trata-se de uma discussão acerca da percepção das lutas, na qual os desenhos animados passam para crianças de 8 a 10 anos de idade. Tendo como questão central: qual é a percepção de lutas que as crianças entre 08 a 10 anos tem adquirido através dos desenhos animados? O objetivo geral deste trabalho é investigar a percepção que crianças entre 8 a 10 anos de idade apresentam sobre as práticas corporais de lutas através dos desenhos animados. De forma mais especifica buscamos discutir sobre a influência dos desenhos animados no entendimento das crianças (08 a 10 anos) a respeito das lutas; verificar se existe diferença do entendimento a respeito de lutas entre meninos e meninas; defender o conteúdo lutas aplicado na Educação Física escolar como forma de ampliar os conhecimentos e romper com o preconceito social no que diz respeito a esse tema. Esta pesquisa é caracterizada como estudo de campo, onde o instrumento de coleta foi um questionário com cinco questões de fácil compreensão para as crianças, voltado para as práticas corporais de lutas través dos desenhos animados e o método de análise foi o dialético. Nos resultados, percebemos que a falta de conhecimento por parte das crianças e a falta de contextualização nas cenas dos desenhos animados, acarretam uma percepção confusa e muitas vezes errônea do que sejam de fato as práticas corporais de lutas por parte do público infantil. É sugerível que se façam outras pesquisas relacionadas a esta prática corporal envolvendo o âmbito escolar, para que possamos integrar este conteúdo nas aulas de Educação Física, proporcionando um entendimento mais amplo sobre esse assunto.

Palavras-Chave: Lutas. Crianças. Desenhos Animados. Percepção.

ABSTRACT

The present study this is a discussion about the perception of the struggles in which cartoons are for children 8-10 years old. With the central question: what is the perception of struggles that children between 08-10 years it has acquired through cartoon? The aim of this study is to investigate the perception that children between 8-10 years of age have about bodily practices struggles through cartoon. So we discuss more specific about the cartoon affect the understanding of children (08-10 years) about the struggles; verify the difference of understanding about fights between boys and girls; defend struggles content applied in Physical Education as a way to increase their knowledge and to break with social prejudice with regard to this issue. This research is characterized as field study, where the data collection instrument was a questionnaire with five questions easy to understand for children, focusing on bodily practices struggles abeam cartoon and the analysis method was dialectical. In the results, we realized that the lack of knowledge on the part of children and the lack of contextualization in cartoon scenes, lead a confused and often erroneous perception of what are in fact the bodily practices of struggle on the part of children. It sugerível that may be related to this other body practice research involving the school environment so that we can integrate this content in physical education classes, providing a broader understanding of this topic.

Keywords: Struggle. Children. Cartoons. Perception.

2. INTRODUÇÃO

O presente estudo trata-se de um trabalho, que é um produto final materializado por meio da disciplina Monografia, ofertada no oitavo semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Regional do Cariri, Campus Iguatu. O mesmo apresenta uma discussão acerca da percepção das lutas, na qual os desenhos animados passam para crianças de 8 a 10 anos de idade.

Os desenhos animados passam o dia inteiro nos canais a cabo e nas manhãs nos canais abertos. Com tanta alternativa fica complicado a criança escolher e saber qual é o mais aconselhado ou menos ruim. A influência dos programas televisivos, principalmente dos desenhos animados começa desde muito cedo com a sua capacidade de convencimento. Tudo que a TV mostra, a criança recebe com veracidade e inocência. Muitas crianças passam mais tempo em frente à televisão, do que fazendo outras atividades inerentes à sua idade, bem como, na maioria das vezes não têm um adulto presente para controlar o que assistem ou para esclarecer os conteúdos exibidos.

O poder que os heróis dos desenhos animados têm de derrotar os inimigos e sair como vitorioso de uma luta, chama a atenção das crianças. Muitas vezes com cenas violentas e no fim o herói salva quem estava em apuros, vencendo o oponente. Desta forma, a criança formula seu pensamento a respeito das lutas de forma errônea, algumas se tornando violentas e outras reprimidas com medo da violência.

Talvez o conteúdo transmitido pelos desenhos animados esteja fugindo dos padrões educativos, centrando-se na violência, na informação deformada e errônea sobre a realidade das práticas corporais de lutas. Com isso, surgiu o questionamento: qual é a percepção de lutas que as crianças entre 08 a 10 anos tem adquirido através dos desenhos animados?

Acredita-se hipoteticamente que os desenhos animados influenciam em uma compreensão errônea das práticas corporais de lutas pelas crianças, podendo causar reflexo em sua personalidade, assim como, em sua forma de pensar sobre lutas, isso porque, o que observamos nos desenhos animados são mensagens distorcidas, em que imagens são simplesmente lançadas sem nenhuma contextualização mais aprofundada.

O objetivo geral deste trabalho é investigar a percepção que crianças entre 8 a 10 anos de idade apresentam sobre as práticas corporais de lutas através dos desenhos animados. De forma mais especifica buscamos discutir sobre a influência dos desenhos animados no entendimento das crianças (08 a 10 anos) a respeito das lutas; verificar se existe diferença do entendimento a respeito de lutas entre meninos e meninas; defender o conteúdo lutas aplicado na Educação Física escolar como forma de ampliar os conhecimentos e romper com o preconceito social no que diz respeito a esse tema.

Justifica-se essa pesquisa em três aspectos dos quais o primeiro está vinculado ao gosto pelo assunto a ser trabalhado. No qual desde a infância surgiu uma paixão pelos desenhos animados, acarretando uma visão diferenciada sobre as práticas corporais de lutas. Em relação ao segundo, é que se observa que as pessoas têm preconceito sobre lutas, onde as mesmas não sabem seu significado, mas tabula essa prática como algo somente agressivo, tendo assim, um pensamento errôneo a respeito das lutas, pensamento esse que é muito influenciado através da mídia, onde a mesma produz uma definição através dos elementos implícitos aos personagens apresentados em desenhos animados, filmes, séries e etc.. Desta forma, este trabalho busca enfatizar que lutar não é brigar, visando romper com o preconceito estabelecido socialmente em relação às lutas e apontar uma das possíveis causas da visão distorcida que a sociedade tem em relação a essa prática.

Como terceiro e ultimo ponto da justificativa, nota-se que essa temática não é frequentemente debatida no meio acadêmico, com isso, busca-se por meio deste trabalho, levantar questões relevantes acerca da influência dos desenhos animados em relação ao entendimento que as crianças têm sobre lutas, bem como ampliar o leque de referencial teórico acerca do tema.

Para fundamentar essa pesquisa buscamos fontes em livros, revistas, artigos, filmes, desenhos animados, sites e outros locais que pudessem contribuir com a fundamentação teórica da investigação. Alguns autores como Pacheco (2004); Ferreira (2006); Gil (2002); Lançanova (2009); Lima (2010) dentre outros, serviram para embasar esse trabalho.

Esta pesquisa é caracterizada como estudo de campo onde se pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. O instrumento de coleta foi um questionário com cinco questões de fácil compreensão para as crianças, voltado para as práticas corporais de lutas través dos desenhos animados. O método de análise foi o dialético, o qual se refere a um modo esquemático de esclarecimento da realidade que se baseia em oposições entre situações diversas.

Espera-se que este trabalho alcance os objetivos já descritos anteriormente, e que seja um incentivo para que outras pesquisas no âmbito possam surgir, contribuindo assim, com a quebra do preconceito existente na sociedade em relação às práticas corporais de lutas.

3. PRÁTICAS CORPORAIS DE LUTAS

Nesta seção do trabalho serão expostos conceitos de lutas, bem como suas origens e desenvolvimento, perfazendo um breve histórico destas, produzindo uma rápida diferenciação entre lutas e artes marciais, como também contextualizar as mesmas na situação atual, mostrando que esta é um conteúdo da disciplina de Educação Física Escolar. Visto isso, será debatido a influência da mídia na personalidade da criança, focando os desenhos animados e o conteúdo neles transmitido.

3.1. LUTAS: CONCEITO E HISTÓRIA

As lutas são combates entre opositores que possuem técnicas e estratégias, resignando qualquer tipo de violência, a fim de enfatizar o equilíbrio do corpo e da mente, onde não tem o objetivo de brigar e muito menos de violência. Deste modo, vários autores trazem conceitos de lutas semelhantes, e segundo a definição proposta nos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais):

As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade (BRASIL, 1997 p.37).

Conforme citado anteriormente, as lutas não estão direcionadas à violência e possuem técnicas e estratégias para o seu desenvolvimento. A maioria das lutas enfatiza o respeito e a estabilização do corpo e da mente, tendo por finalidade lutar com ou contra o adversário.

Uma prática de lutas pode ter uma vivência em desempenho da situação em que ocorre e das intenções dos seus praticantes, podendo ser praticadas como forma competitiva, considerando as regras que são estabelecidas. Desta forma, diante de mais um conceito de lutas, Mocarzel 2011, diz que:

Uma proposta para conceituação de “lutas” seria: conjuntos de técnicas estruturadas para combates físicos com praticantes desarmados ou armados, que buscam primordialmente a autodefesa e o desenvolvimento físico, sem considerar questões filosófico-culturais no momento de criação ou utilização de suas técnicas (MOCARZEL, 2011, p.13).

Nesta visão, as lutas não compreendem somente um apanhado de técnicas, mas também um conjunto de tradições de combate, para o desenvolvimento físico dos oponentes que lutam com ou sem armas.

Tendo conceituado as lutas, agora iremos abordar um pouco a sua história. Em suas origens, as lutas são atribuídas à sobrevivência, ao exercício físico, ao treinamento militar, à defesa e ao ataque pessoal, tendo também decorrências religiosas, bem como um caráter voltado para a defesa da nação e do próprio combatente. O homem, desde a sua pré-história, luta por questão de sobrevivência da espécie e do grupo ao qual está inserido.

Desde os primórdios até hoje o homem utiliza-se da manifestação corporal Lutas para diferentes objetivos e situações. Seja para a autodefesa ou mesmo para condicionar-se fisicamente. As lutas sempre estiveram presentes na natureza através dos animais e do ser humano (MAZZONI E OLIVEIRA JÚNIOR, 2011, p.01).

Desta maneira, fica claro que não existe ao certo uma data na qual as lutas surgiram, mas é evidente que desde a pré-história estavam presentes no dia a dia do homem. A origem e os fatos foram distorcidos ao longo dos tempos, pois, os conhecimentos não eram repassados facilmente, além disso, não existiam muitas notas documentadas e quando existiam ficavam com poucos ou foram destruídos ao longo do tempo, com isso as tradições eram passadas apenas de forma oral.

Com o passar do tempo as lutas foram ganhando foco em competições, bem como no caso dos gladiadores que se enfrentavam com o intuito de entreter o público. Com esse direcionamento, surgiram lutas com vários nomes, assim, cada uma com sua definição, técnicas e estratégias, possuindo uma época e um local onde se originou, tendo sua própria evolução histórica, estando associada ao contexto social do país ao qual surgiu.

E assim surge as Artes Marciais que são práticas corporais de ataque e defesa, sendo um termo mais abrangente, utilizado para definir um conjunto de informações com intuito de combate entre guerreiros. É uma forma de lutar que foi aperfeiçoada visando melhor execução contra o adversário.

As lutas são práticas em que se verificam embates corporais. As artes marciais significam um conjunto de preceitos que um guerreiro deve ter e fazer uso, englobando preceitos éticos, estéticos e morais, sendo utilizados em situações de legítima defesa (LOURENÇO et al 2006, apud LIMA 2010, p.10).

As lutas, bem como as artes marciais buscam primordialmente em sua essência o caráter da autodefesa. Dessa forma, ambas as atividades, possuem um conteúdo marcial, tanto no caráter educacional quanto prático. Visto o contexto das lutas, o próximo sub tópico será debatido sobre as artes marciais.

3.2. ARTES MARCIAIS

Agora iremos conhecer um breve histórico da arte marcial, transpondo também seu conceito. Arte marcial é um conjunto de técnicas de luta individual. As primeiras artes marciais surgiram no oriente e representavam técnicas para manejarem armas brancas, sendo estruturadas para a guerra, bem como envolvem processos de defesa pessoal com ou sem armas, inicialmente. Desta forma:

Arte Marcial faz referência a um conjunto de práticas corporais que são configuradas a partir de uma noção aqui denominada de “metáfora da guerra”, uma vez que essas práticas derivam de técnicas de guerra como denota o nome, isto é, marcial (de Marte, deus romano da guerra; Ares para os gregos) (CORREIA E FRANCHINI, 2010, p.01).

As artes marciais consistem em um conjunto de instrumentos sócio educativos que colaboram para o incremento físico e na estruturação do desempenho e do caráter de seus praticantes, independentemente da localidade ou cultura. Mocarzel (2011), também tem um conceito de Artes Marciais, que segundo ele:

“Artes marciais” seriam: todas as técnicas marciais de caráter sócio-educativas, estruturadas em métodos didático-pedagógicos, que por sua vez são embasados por uma ou múltiplas filosofias que pregam harmonia, saúde, qualidade de vida e acima de tudo a paz por seus praticantes (MOCARZEL, 2011, p.15).

Visando o corpo e a mente, os samurais desenvolveram várias técnicas de combate corpo-a-corpo que tinham como objetivo vencer o adversário mesmo quando não tinham armas em sua posse.

Com o passar do tempo, as artes marciais se transformaram em atividades esportivas, que tinham como finalidade aprimorar o corpo e a mente, usando as técnicas no âmbito da defesa pessoal. Podem ser contempladas como forma de exercício físico, tendo como vigor o desenvolvimento compensado de todas as partes do corpo, impulsionando a habilidade física e mental, ajudando a obter comando próprio, coragem e honra. Assim, essa prática corporal foi crescendo e sendo reconhecida até os dias atuais, no próximo sub tópico será explanada as lutas voltadas para o contexto atual, apontando a visão da sociedade diante deste conteúdo.

3.3. LUTAS NO CONTEXTO ATUAL

A difusão das lutas no mundo deveu-se muito ao interesse em difundir também a cultura do país de origem, e é pela difusão da cultura que esta se perpetua. As lutas na atualidade têm se tornado cada vez mais presentes, sendo vistas em olimpíadas, programações televisivas, desenhos animados, filmes, academias de lutas e dentro da escola nas aulas de Educação Física, pois a mesma se integra no grupo dos conteúdos desta disciplina.

As lutas sempre tiveram espaço na mídia televisiva e começaram a ganhar mais destaques através dos filmes marcantes que envolviam artes marciais do ator Bruce Lee (A Fúria do Dragão; O Jogo da Morte; Conexão Chinesa; Punhos de Aço; A Lenda, entre outros), os quais enfatizavam a luta de forma violenta, e que ajudou a difundir uma imagem distorcida sobre essa prática corporal, desde então as lutas começaram a ser vista com aspecto agressivo.

Talvez por essa exibição e interpretação errada diante da sociedade, as lutas no nosso dia a dia ainda traz consigo um preconceito. O pensamento de muitos, as lutas são vistas como sinônimos de violência, no entanto, esta prática não visa a violência, mas a busca da auto defesa e o desenvolvimento físico.

Fazendo um embasamento sobre esse conceito que a sociedade traz das lutas, como abordar este conteúdo nas aulas de Educação Física? No próximo sub tópico será discutido a inclusão deste conteúdo na escola dentro das aulas de Educação Física.

3.4. LUTAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

É indispensável dizer que conteúdo de ensino, de acordo com Libaneo (1994 apud Lima 2010): “[...] é o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida [...]”. Esses conteúdos devem trazer consigo informações que instiguem o aluno a concretizar um pensamento pedagógico que o permita fazer uma leitura da realidade.

Tendo contextualizado o conteúdo de ensino, é importante dizer que as lutas estão integradas ao grupo de conteúdos que fazem parte da Educação Física Escolar.

A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal. Ela será configurada com temas ou atividades, particularmente corporais, como as nomeadas anteriormente: jogo, esporte, ginástica, dança ou outras que constituirão seu conteúdo (COLETIVO DE AUTORES, 1996 p.61).

Isto é, o conteúdo lutas está inserido na disciplina de Educação Física e deve ser ministrado como qualquer outro conteúdo da mesma. As lutas são parte integrante e representada na cultura corporal das pessoas e por isso devem ser lecionadas nos mais diversos lugares.

Mas muitas vezes a Educação Física escolar compreende em Futsal, Voleibol, Basquetebol e Handebol, ou somente Futsal, deixando de lado os demais conteúdos. O aprendizado esportivo é tratado por um número abundante de professores como a própria Educação Física, ou seja, tais professores ensinam aulas que se designam como aulas de esportes e não da Educação Física com seus vários e importantes conteúdos.

Nem sempre a Educação Física Escolar é desenvolvida de forma significativa com grande abordagem dos conteúdos. Estes estão resumidos à prática desportiva, principalmente aos esportes coletivos como voleibol, basquetebol, handebol e futebol, limitando a produção de conhecimento corporal e cultural do aluno (LANÇANOVA, 2006 p.25).

Assim, as aulas entendem-se como um treinamento desportivo voltado somente para tais modalidades. A aplicação do conteúdo lutas também como proposta pode ser desenvolvida com jogos ou brincadeiras de força e capacidades motoras onde cabem até táticas complicadas para vencer e que o lado da agressão com brigas e xingamentos não devem se fazer presentes.

As lutas como conteúdo da Educação Física escolar propõe a vivência dos educandos nessa prática corporal, de tal forma que venha a colaborar para seu desenvolvimento integral, pois a Educação Física escolar proporciona subsídios para o processo educacional do ser humano.

Apesar da prática das lutas não conduzir à violência, este ainda é um fator que depende do docente, pois ele acarretará os alunos à uma prática que na maior parte haverá o contato físico, necessitando assim buscar metodologias adequadas a fim de conduzir suas aulas de forma a encantar, estimular e fazer com que os educandos pensem sobre esse aprendizado.

Talvez alguns dos professores desta disciplina, ou até mesmo a maioria, não oferecem lutas como conteúdo, por medo de rejeição dos alunos e até mesmo a falta de conhecimento dos pais que podem acabar questionando que seu filho está aprendendo a “brigar”.

A inclusão das lutas na disciplina de Educação Física não é promover alunos-soldados, nem prepará-los para a guerra. Pretende-se oferece-las, na escola, com o objetivo de proporcionar diversidade cultural e amplitude de atividades corporais (FERREIRA, 2006, p.40).

Contudo, ensinar esta prática corporal compreende os aspectos didáticos e pedagógicos dos métodos de ensino e aprendizagem das lutas. Os professores de Educação Física veem as lutas importantes enquanto conteúdo escolar, porém pouco ou nenhum esforço se vê da parte deles para que as aulas sejam realizadas.

Tais práticas devem envolver o lado lúdico nas aulas de Educação Física escolar, para que os alunos acabem com o pensamento de violência e agressividade em seu conceito, pois a mesma ainda sendo conteúdo desta disciplina, é vítima de restrição nas aulas devido aos preconceitos relacionados a ela, como a associação das lutas com a violência.

Desta forma, deve-se quebrar tal preconceito sobre este conteúdo, pois o mesmo reflete diretamente nos professores através dos pais dos alunos que levam em consideração a transmissão da violência pela mídia, nascendo a partir daí, um conceito errôneo sobre este conteúdo. Por outro lado existem aqueles professores que se restringem à prática deste conteúdo por não ter vivência em lutas, mas Nascimento e Almeida (2007) contestam essa justificativa, argumentando que não é necessário saber lutar para ensinar lutas na escola, já que não é intenção dela formar atletas/lutadores, mas sim transmitir valores, conceitos e atitudes.

Tal prática corporal é um meio para a descoberta de noções de espaço, de peso, de tempo, de movimento, entre outros, proporcionando o desenvolvimento das habilidades motoras mediante movimentos. Por meio das lutas, os alunos podem conhecer a si próprio e aos outros, explorando o mundo das emoções e da imaginação, criando e descobrindo novos movimentos. Assim, a escola e o professor de Educação Física não devem oportunizar ao aluno o conhecimento de somente uma luta ou arte marcial.

As lutas reúnem um conjunto de informações e propriedades que cooperam para o desenvolvimento integral do educando. Analisando a sua potencialidade pedagógica, é uma ferramenta de grande importância nas mãos do educador, por sua atuação corporal e sua natureza histórica.

É inquestionável o poder de fascinação que as lutas provocam nos alunos. Nos dias atuais, constata-se que o tema está em moda, seja em desenhos animados, em filmes ou em academias. Não é difícil encontrar crianças brincando de luta nos intervalos das aulas ou colecionando figurinhas dos heróis que lutam em seus desenhos animados (FERREIRA, 2006, p.40).

Sendo influenciados pela mídia como dito anteriormente, deve-se debater sobre tal influência onde o maior atingido é a criança. Com isso, o próximo capítulo deste trabalho será abordada a personalidade da criança com tal influência.

4. A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA PERSONALIDADE DA CRIANÇA

Neste tópico será mostrado os motivos que levam a mídia influenciar na personalidade da criança, bem como os procedimentos para evitar a preparação do psicológico e social da criança de forma errônea.

As mídias são instrumentos usados para a transmissão de informação, muitas vezes é usado como meio de comunicação de massa, podendo se dirigir a um único meio utilizado para comunicar-se em qualquer finalidade.

Todos os dias somos bombardeados por diversas mídias, que tem por objetivo nos vender algo e acabam influenciando diretamente em nossas vidas. Vestir-se como a personagem de uma novela, pintar ou cortar o cabelo igual da cantora que está no auge do sucesso, comprar o celular da propaganda, etc. Isso se faz presente em nosso cotidiano e inclui de forma direta as crianças.

Programas televisivos, bem como desenhos animados atraem a atenção das crianças, buscando a todo custo que se tenham desejo por tais programações, onde a mídia busca vender seu produto satisfazendo o público alvo, bem como bonecas das personagens da novela Chiquititas, bonecos dos super-heróis, revistinhas, sandálias e roupas dos seus personagens favoritos, etc.

Segundo Pacheco (1999 apud Mouro e Oliveira 2014), ressalva que a indústria eletrônica impingiu às crianças uma "babá eletrônica" - a TV - que funciona vinte e quatro horas por dia, condicionando a rotina destas e de seus familiares, através do "show" que não para. Com isso as crianças perdem maior parte do seu tempo assistindo TV, às vezes até programações inadequadas à sua idade, isso acontece porque os pais deixam as crianças sozinhas ou na companhia de alguém que não as auxiliam que tipo de programação devem assistir.

Colvara (2014), em um de seus estudos destaca que o IBOPE nota que as crianças assistem em média 03 horas e 55 minutos de TV todos os dias (Média Nacional), tempo comparável às 04 horas em que permanecem na escola, concluindo que estes números englobam audiência infantil em programações tais como o Programa do Ratinho e Big Brother Brasil, onde as crianças veem cenas violentas e inadequadas para a sua idade.

Infelizmente, a televisão é um dos meios de comunicação atual que está presente nas famílias, onde as crianças encontram seu lazer justificando o tempo exagerado que se ocupam diante dela.

Quando as crianças estão diante da TV assistindo um desenho, ninguém questiona o perigo que há, pois elas estão quietas. No entanto, ao contrário do que se pensa, nem toda programação ou nem todos os desenhos são adequados para este público (PEÑA E PITTA, 2003, p.70).

Essa quietação que traz a criança quando está assistindo muitas vezes pode não ser bom, pois é neste momento que ela começa a processar o que ela assiste, obtendo assim um caráter. A criança põe-se absorver o que ela quer e interpreta à sua maneira, onde a mesma começa a ter uma visão de mundo no seu ponto de vista.

Desta forma, os pais têm uma responsabilidade enorme em conduzir os filhos, em segurança e bons caminhos, pois o que a criança vê e ouve produz impressões profundas em sua mente que nenhuma situação durante sua vida poderá apagar totalmente.

Os pais deixam as crianças a maior parte do tempo sozinhas, enquanto eles trabalham e cumprem suas responsabilidades, onde as mesmas muitas vezes irão fazer o que querem. Entre as grandes escolhas, elas buscam assistir a programação televisiva, bem como os desenhos animados, o qual é a programação favorita das crianças, tendo o seu conteúdo de informações que podem educá-las de maneira errada.

Deste modo, existe uma ausência de fiscalização dos pais diante dos conteúdos que a criança assiste na programação televisiva, bem como a indistinção de horários de exibição. A televisão ocupa horas do dia a dia das crianças, roubando o tempo das mesmas para atividades mais educativas.

Isto acontece porque os pais muitas vezes estão ocupados para dar a devida atenção ao seu filho, entregando esta função a TV, que é o meio mais prático, quando estão no trabalho e quando chegam não tem tempo porque ou estão cansados da rotina diária ou possuem outros afazeres.

Numa modernidade carregada de mandos e exigências fora do círculo familiar, pais e mães trabalhadores podem ter na televisão um recurso para “distrair” os filhos em casa enquanto eles estão fora, ou quando retornam exauridos de suas lutas do dia-a-dia profissional. Assim, a TV passa a ser justificada como um meio eficaz. Mas não faltam a muitos os discursos panfletários sobre o maquiavelismo de tal uso, e as ideias persecutórias sobre o “mal” inerente à TV (PACHECO, 2004, p.72).

Com isso, a TV traz um leque de informações diante de várias programações, o que pode transformar o pensamento das crianças, ou mesmo criá-lo, já que a criança tem a facilidade de aprender o que recebe. E por distinguir-se como um atrativo de comunicação simples e de fácil acesso é que se faz imprescindível o objetivo de educar as crianças para a concepção dos conteúdos difundidos pela TV, especialmente pelos desenhos animados à elas destinadas.

Face à frequente substituição da família e da escola enquanto sócio educadoras e controladoras de informação, a mídia vem desempenhando um novo papel educacional, responsabilizando-se também pela instrução das crianças (FERREIRA E ALMEIDA, 2014 p. 01).

A mídia, especificamente a TV, atualmente ganhou a responsabilidade de educar as crianças com as suas programações, pois as mesmas são influenciados ao assistir o que gostam, despertando o seu cognitivo, onde a criança começa a produzir o que lhe despertou a atenção, reproduzindo um caráter influenciado.

Kohn (2007) diz que a criança, como sujeito do processo de comunicação, está exposta àquilo que recebe, ou seja, os conteúdos repassados exercem influência nas atitudes, no comportamento e no desenvolvimento das suas atividades diárias. E isso pode gerar fatores positivos e negativos na vida da criança, transcendendo pela sua vida.

Ao que diz respeito à violência na programação televisiva, a mesma é enfeitiçadora e memorável. Pacheco (2004) diz que o Pica-Pau massacra, destrói, mas ninguém morre, é uma agressividade caricata e a criança não ignora isso. Uma cena que dura apenas alguns segundos, transmitida numa pequena parte de tal programação, pode ser relembrada a um extenso prazo mais do qualquer outra cena. E não existe hoje nenhuma outra força que influencie tão intensamente o comportamento quanto à televisão.

Não há muita diferença em relação ao Super-homem, à Mulher-Maravilha, ao Incrível Hulk, aos massacres feitos pelo Pica-Pau e pelo Jerry (de “Tom e Jerry), que não deixam rastros de crueldade, pois tudo volta ao normal num passe de mágica e ninguém sai machucado (PACHECO, 2004, p.34).

A autora faz uma comparação com tais desenhos animados que uns são super-heróis tentando vencer a força do mal, outros buscam aventura quando se faz algo errado, e isso contribui para o comportamento da criança, onde ela acha que nada é errado e tudo pode fazer. Para complementar este assunto, o próximo tópico foca a influência dos desenhos animados na personalidade da criança, onde esta é a programação que mais desperta a atenção das crianças.

4.1. A INFLUÊNCIA DOS DESENHOS ANIMADOS NO IMAGINÁRIO INFANTIL

O desenho animado é o processo onde os desenhos manuais ganham movimentos e assim pode constituir contos animados. Os desenhos animados vieram para aumentar o mundo do faz de conta das crianças. Com a animação, fadas, princesas, animais, entre outros, que ganham vida e instigam o imaginário, torna-se assim muito mais fácil soltar a imaginação vendo a animação na tela.

Os efeitos da TV, maior meio de comunicação de massa, sobre as crianças é algo que necessita ser seriamente policiado, pois o público mirim é subordinado a influência por sua dificuldade em diferenciar a realidade e a ficção. A televisão é um aparelho contador de histórias, que estará sempre nutrindo a imaginação da criança com abundantes enredos.

As influências que a mídia têm sobre a formação do caráter e da maturidade emocional das crianças é muito grande. Os programas de TV apresentam constantemente contra valores e essas mensagens talvez poderão determinar como as crianças serão, sua honestidade, respeito e outros valores.

A participação da mídia televisiva na vida das crianças é enorme. Ela formula opiniões, institui conceitos, direciona ao consumo e influência o comportamento es crianças imitam o que veem na TV. Infelizmente grande parte da programação atual oferecida pelos canais de televisão envolve violência.

Assistir a desenhos animados permite e produz a criação e a construção do imaginário infantil acerca do mundo que as crianças fazem parte. Possibilitando novas formas de criar e imaginar o mundo, proporcionando instrumentos para construí-lo.

A criança interpreta as mensagens que são emitidas pelos heróis e suas trajetórias fantásticas internalizando grande parte destes discursos. Os programas televisivos exercem papel importante no desenvolvimento infantil, pois na medida em que a criança se diverte diante da TV, satisfaz sua necessidade lúdica; ela vive imaginariamente conflitos, medos e aventuras num processo de amadurecimento emocional e cognitivo (COLVARA, 2014, p.10-11).

Com isso, as crianças recebem mensagens ao assistir seus desenhos favoritos e isso pode gerar a formação do seu caráter e visão de mundo. E temos que nos preocupar, pois o conteúdo transmitido por alguns desenhos foge dos padrões educativos, centrando-se na violência, na informação deformada e errônea da realidade sobre lutas.

Não existe uma idade certa onde as crianças possam ser expostas à influência da programação televisiva, entretanto, tanto elas quanto os adultos procuram personagens da TV para se espelharem na vida real. O problema maior são os tipos de desenhos aos quais as crianças são submetidas. Os desenhos estão presentes na infância e não se pode afastar o crescimento e desenvolvimento da criança da presença da televisão nessa formação.

O desenho animado, pela sua estrutura narrativa, conteúdo mítico e simbólico, pela interatividade da criança com a TV e por ser capaz de elaborar suas representações de acordo com seu universo sociocultural, permite que a criança imprima sua experiência subjetiva no conteúdo assistido e construa mensagens diferentes sobre o mesmo aspecto da temática ou de personagens, trabalho sem referencial próprio. (MENDONÇA, 2014, p.58).

A criança desde muito cedo está perante a televisão contornando assim um receptor ativo por meio de tanta comunicação. Alguns pais permitem que a criança escolha determinados desenhos, porém esquecem de fiscalizar para saber se é, adequado à idade dela, pois os conteúdos divulgados diariamente na TV são muito avançados. O que não podemos deixar de lembrar que o desenvolvimento infantil possui fases únicas. No entanto o progresso que a mídia vem alcançando, nos deparamos que tem sido cada vez mais difícil educar as crianças, pois a televisão tem sido uma influência não muito bem salientada.

Os pais devem nortear os filhos tendo um conhecimento significativo no desenvolvimento crítico das crianças. Mais respeitável que proibir a televisão é educar o olhar dos telespectadores infantis. É eficaz que os pais se disponham como intercessores, que discutam e relativizem os conteúdos da televisão com seus filhos, auxiliando-os a compreender os conceitos apresentados e a sua semelhança com a vida cotidiana.

A maioria dos pais não sabe que os simples desenhos podem influenciar no desenvolvimento dos filhos. Assistir a desenhos animados permite e produz a criação e a organização do imaginário infantil acerca do mundo que as crianças fazem parte. Os desenhos têm o poder de influenciar o comportamento das crianças já que, assistindo-os, elas tendem a imitar seus personagens favoritos.

Hoje a programação diurna das emissoras de televisão exibem desenhos que contém grande número de cenas violentas, com o uso de armas e índole duvidosa. Se observarmos o desenho animado Pica Pau onde o protagonista é um pássaro de topete vermelho que é esperto, atrevido, intrometido sendo às vezes até mal caráter e não abdica de seus interesses sofrendo consequência de seus atos perversos (MOURA, LEAL E PADILHA, 2012, p.05-06).

Não só este desenho citado anteriormente, mas muitos desenhos podem influenciar no comportamento agressivo da criança, repercutindo ao longo de sua vida, bem como seu entendimento sobre lutas, onde a criança cria seu ponto de vista, e a partir desse conceito, algumas não têm medo da violência, pois os desenhos mostram que o super-herói sai de uma luta ileso, onde o “bem” vence o “mal”. Por outro lado, existem aquelas crianças que se amedrontam no seu cotidiano, dificultando a sua convivência no meio social.

Tratando-se dos desenhos animados que possuem super-heróis, as cenas de violência e perigos de super-heróis invencíveis que conseguem, através de forças sobrenaturais, vencerem gigantes, monstruosidades e impossibilitar as mais terríveis catástrofes que ameaçam o mundo, deixam as crianças fascinadas. Tais cenas mostram que os heróis lutam por uma “boa causa”, e a criança é receptiva das mensagens levadas, ela recria de acordo com suas experiências em um processo de troca de informações, agrupando o que vê e ouve de maneira criativa, retirando o que lhe interessa naquele momento.

Nos desenhos animados, os super-heróis ao lutar contra o mal usam seus poderes especiais para espancar violentamente os vilões. As cenas com murros e chutes são explicitamente expostas às crianças. O choque dessas imagens sobre a audiência infantil é incontestável, a violência “justificada” tem efeitos, dentre outros, de forma agressiva.

Pacheco (2004), diz que a partir dos mitos nos desenhos animados preferidos, a criança elabora medos e satisfaz necessidades fundamentais como viver a magia da ficção, onde a criança constrói seu próprio mundo reproduzindo o que ela adquiriu ao assistir algo que teve como papel influenciá-la.

O contexto da violência justificável tornou-se personagem principal dos desenhos infantis, ao qual o público mirim se adaptou de tal modo que, desenhos que não contenham esta temática já não lhes chamam tanto atenção, criando certo desinteresse.

5. METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS

5.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa é caracterizada como estudo de campo onde se pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada, iniciando-se pela fase exploratória, que consiste em uma caracterização do problema, do objeto, dos pressupostos, das teorias e do percurso metodológico.

O estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias (GIL, 2002, p.53).

Desta forma, a pesquisa de campo é uma pesquisa tradicionalmente usada para estudar a cultura de um grupo social, tendo por finalidade conseguir dados sobre um problema que necessita de resposta. Fundamentando-se numa pesquisa qualitativa, que compreende em um conjunto de diversos métodos interpretativas que tendem a apresentar e a interpretar os elementos da pesquisa. Tendo por objetivo reduzir o alcance entre teoria e dados.

O termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa. (CHIZZOTTI, 2003, p. 221).

Tendo essa base, a pesquisa qualitativa compreende a perspectiva das pessoas envolvidas na investigação, possibilitando enriquecer as verificações e dados obtidos dentro da situação apropriada de sua ocorrência, traduzindo-se por aquilo que não pode ser mensurável, pois a realidade e o sujeito são elementos que não podem ser separados.

5.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA

O estudo foi realizado com crianças de 08 a 10 anos de idade de quatro escolas públicas na zona urbana da cidade de Iguatu – CE. As escolas selecionadas foram: CEM Padre Januário Campos; EEF Carlota Távora; EEF Alba Araújo e EEF Francisco das Chagas Alves Berto (CAIC). As mesmas foram escolhidas por serem distantes uma das outras, para que pudéssemos ter o contato com o maior número de bairros.

De cada escola foram solicitados 15 meninos e 15 meninas, num total de 120 alunos. E assim podemos ver a diferença dos conhecimentos a respeito de lutas entre meninos e meninas.

5.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

O critério de inclusão foi usar apenas crianças de escolas públicas da zuna urbana, que estavam na faixa etária de 08 a 10 anos de idade e que os pais assinaram o TCLE, excluindo assim as escolas da zona rural e particulares, pela dificuldade de localização e pela falta de transporte para se deslocar até as escolas.

5.4. INSTRUMENTO DA COLETA DE DADOS

O instrumento utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi um questionário com cinco perguntas de fácil compreensão para as crianças, voltado para o conteúdo Lutas e focando os desenhos animados. O mesmo foi composto de questões objetivas as quais foram apresentadas como opções de marcar (alternativas) de imagens, onde as crianças pudessem ter melhor entendimento do questionário.

5.5. PROCEDIMENTOS

Primeiramente conversamos com a direção das escolas para a realização da pesquisa em tais instituições, feito isso, escolhemos o 3º, 4º e 5º ano do Ensino Fundamental I para conversar com eles, explicando o objetivo da pesquisa. Entregamos o TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Vide TCLE em apêndice B), onde as crianças levaram para casa e pediram que os pais assinassem para que elas pudessem participar da pesquisa.

No dia seguinte retornamos à escola para receber o TCLE assinado e posteriormente as crianças foram retiradas da sala de aula para ouvirem o objetivo do trabalho e a importância delas para o desenvolvimento deste, em seguida as mesmas resolveram o questionário entregue.

5.6. ANÁLISE E DISCUSSÃO

Neste tópico será feito a análise do questionário realizado com as crianças e discutido os referidos resultados obtidos. O método de análise foi o dialético, o qual se refere a um modo esquemático de esclarecimento da realidade que se baseia em oposições entre situações diversas.

Na primeira questão perguntamos aos investigados qual dentre as figuras mostradas nas alternativas era uma representação de lutas. Apresentamos seis alternativas que continham as respectivas imagens:

Figura 01: Futebol 


Fonte: globoesporte.com

Figura 02: Basquetebol


Fonte: http://liviochoramendessemedo.blogspot.com.br

Figura 03: Pega-pega


Fonte: http://www.tocadacotia.com

Figura 04: Caratê


Fonte: www.jogosabertos2013.com.br

Figura 05: Amarelinha


Fonte: http://saojorgerecreando.blogspot.com.br 

Figura 06: Briga de Rua


http://jblog.jb.com.br/asuasaude/2013/07/page/3/

No tocante ao questionamento da referida questão, 64% dos participantes da pesquisa marcaram a alternativa D como luta e 36% marcaram a alternativa F. As opções A, B, C e E não foram marcadas por nenhuma das crianças. Enfatizando estes números entre meninos e meninas, 38 meninos e 39 meninas marcaram a letra D, 22 meninos e 21 meninas marcaram letra F.

Diante desses achados podemos refletir que tanto os meninos quanto as meninas, alguns não conseguem compreender tal diferença. Onde a briga tem intuito de machucar, ferir, há uma pretensão de raiva, não possui respeito pelo outro e acontece em qualquer ambiente. Já a luta, não há a intenção de lesionar, é efetivada como prática da cultura corporal, não produz sentimento de ira, há respeito pelo competidor e ocorre em lugares apropriados.

As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade (BRASIL, 1997 p.37).

Os PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física dá um conceito onde deixa claro que as lutas precisam de técnicas e estratégias para o desenvolvimento, punindo os combatentes caso ocorra atitudes de violência, pois cada movimento deve se enquadrar às regras de cada estilo.

Lançanova (2006) conceitua esta prática corporal como todo combate entre dois ou mais indivíduos, dotados estes de treinamento especial para luta ou não. O mesmo refere-se ao treinamento específico para cada luta, objetivando o aprimoramento físico e às técnicas de combates.

Por outro lado, os que marcaram a opção correta que seria a alternativa D, a qual foi a maioria dos participantes, mesmo não tendo uma base sobre o entendimento dessa prática corporal, soube diferenciar luta e briga. Dessa forma, constata-se que tais participantes supracitados apresentam pontos de vista diferenciados, mas que em sua maioria sabe dizer o que é uma luta ao analisar tais imagens.

Dando continuidade ao questionário, na segunda questão indagamos qual era o local onde eles mais viam a prática de lutas. Como opção de resposta apresentamos na letra A (Na Escola); B (Na academia); C (Nas Praças); D (Em Desenhos Animados); E (Em Filmes) e F (Outro. Qual?)

Nas respostas obtidas, 3% dos participantes marcaram opção A; 13% opção B; 0,08% opção C; 27% opção D; 55% opção E e a opção F 0,16% citando TV. Tais participantes que marcaram a opção A corresponde a 03 meninos e 01 menina, deste modo podemos nos perguntar se os mesmos realmente viram atividades de lutas na escola, talvez tenham confundido luta com briga.

Na opção B obteve-se um resultado de 10 meninos e 06 meninas, isso consta o pouco conhecimento que eles tem sobre academias que existem para a prática de lutas. E apenas uma menina marcou a opção C, o que talvez podemos fazer o mesmo questionamento da primeira opção, e verificar se realmente era uma atividade de luta.

No caso da opção D, tivemos 15 meninos e 18 meninas, os quais marcaram os desenhos animados onde eles mais viam atividades de luta, será mesmo que era uma luta? Os desenhos animados usam vários recursos para encantar os telespectadores como as fantasias, a capacidade dos personagens e cada vez que os super-heróis socorrem a terra dos vilões, transformam-se em heróis para o público alvo.

Essas são demonstrações de como as lutas (“brigas”) são aceitáveis na sociedade e sugere às crianças que combater o mal com técnicas ninja espetaculares é certo, e dessensibiliza os mais novos acerca da violência, do choque e do terror de ver alguém sendo agredido. (LANÇANOVA, 2006, p.07).

Supostamente isso pode gerar uma confusão na cabeça da criança, porque ao assistir tais desenhos sempre se ouve que os super-heróis irão lutar, e a criança acaba conceituando lutas da forma que os desenhos repassam. A briga entre a força do bem e do mal para salvar o mundo confunde os pensamentos e conceitos das crianças, e isto talvez seja um dos motivos pelos quais as crianças distorçam o significado das lutas.

Transparecendo a opção E, 31 meninos e 36 meninas marcaram esta alternativa, pensamos que a maioria dos participantes que marcaram filmes, onde eles mais viam atividades de Lutas talvez estudassem no turno da manhã, pois no contra turno a programação televisiva é voltada para um público de faixa etária maior, passando mais filmes e novelas.

As lutas sempre tiveram espaço na mídia televisiva e começaram a ganhar mais destaques através dos filmes marcantes que envolviam artes marciais do ator Bruce Lee (A Fúria do Dragão; O Jogo da Morte; Conexão Chinesa; Punhos de Aço; A Lenda, entre outros), os quais enfatizavam a luta de forma violenta, com efeitos especiais e que ajudou a difundir uma imagem distorcida sobre essa prática corporal.

Em “Matrix”, “O Tigre e o Dragão”, “O Monge a prova de balas”, e outros do gênero, as artes marciais são combinadas com efeitos especiais, causando uma impressão de superpoderes nos personagens, que é transferida para as artes marciais, podendo produzir uma compreensão distorcida destas. (LANÇANOVA, 2006, p. 07).

Isso quer dizer que os filmes que envolvem lutas muitas vezes trazem efeitos especiais que confunde a cabeça dos telespectadores e estes acabam por não conseguir definir o que sejam as lutas de fato, formulando assim, um pensamento errôneo, pensamento esse que é muito influenciado através da mídia. Ramos et al (2011) diz que os conteúdos midiáticos têm estabelecido uma nova forma de ver e interpretar as situações cotidianas. E através dessas mídias a criança passa a conceituar algumas coisas durante o seu dia a dia com base nos conhecimentos adquiridos.

Concluindo a análise da questão dois, foi perceptível que os investigados possuem pouco conhecimento sobre o assunto, havendo assim uma influência da mídia, pois em sua maioria tem o tempo voltado para assistir TV, onde adquirem informações, muitas vezes errôneas, e acabam por formular seu próprio conceito sobre tais assuntos.

Prosseguindo para a terceira questão, perguntamos aos investigados se eles já tinham assistido algum desenho animado em que tinha muita briga, tendo duas opções como respostas, que eram: Sim, qual desenho? E Não.

Tivemos 32% dos participantes que marcaram Não e 68% que marcaram a opção sim, descrevendo os seguintes desenhos animados que tinham briga: 16 Jovens Titãs; 03 Naruto; 02 As meninas Superpoderosas; 01 Três espiãs demais; 22 Kung Fu Panda; 01 Os Guardiões; 19 Ben 10; 02 Pokémon; 06 Dragon Ball Z; 03 X Men; e 07 que não deram para identificar por conta da letra.

Diante destes achados, podemos nos interrogar por que na segunda questão marcaram os desenhos animados entre os locais onde eles mais viam atividades de lutas e agora eles descrevem tais desenhos que exibem briga. Isso se torna um pouco contraditório, como se os investigados estivessem confusos, ora é luta, ora é briga.

Com essa indagação, podemos observar o quão equivocadas as crianças questionadas estão diante de tal diferenciação, assim é aceitável a ideia de que a mídia influencia direta ou indiretamente a vida da criança, seja no comportamento, atitudes ou na sua visão de mundo. Pacheco (2004) fala sobre tal influência quando ela diz que o real e o imaginário, o comum e o mágico, a vida real e a ficção se sucedem, interpenetram e misturam, criando um mundo paralelo que, como no conto tradicional, se encontra com o nosso e interfere na imaginação.

Com isso, a criança cria seu próprio pensamento com o imaginário criado em sua cabeça a partir da programação televisiva que ela assiste no seu dia a dia. Assim, podemos concluir os resultados da terceira questão, onde Girardello (2001) diz que as crianças em geral, são capazes de decodificar a televisão de forma ativa, ou seja, construindo e desconstruindo saberes a partir desse referencial.

Dando continuidade na discussão dos resultados, na quarta questão, fizemos a seguinte pergunta: Qual é o seu desenho animado favorito? Como opção de resposta apresentamos onze alternativas para que marcassem apenas uma, que continham as respectivas imagens:

Figura 07: As Meninas Super Poderosas 


Fonte: http://www.infoanimation.com.br 

Figura 08: Ben 10


Fonte: http://www.elo7.com.br

Figura 09: Kung Fu Panda 


Fonte: www.hdwallpapersinn.com 

Figura 10: Jovens Titãs


Fonte: http://ultradownloads.com.br

Figura 11: X Men Evolution


Fonte: www.comicvine.com 

Figura 12: Scooby Doo


Fonte: http://cinema10.com.br

Figura 13: Pinguins de Madagascar


Fonte: http://www.portal-cinema.com 

Figura 14: Pica Pau


Fonte: http://desenhosantigos.tk/tag/desenho-pica-pau/

Figura 15: Looney Tunes


Fonte: http://www.animamundi.com.br 

Figura 16: Bob Esponja


Fonte: http://flaviaaleixo.wordpress.com

OUTRO. QUAL? ___________________________________________________

 

Com isso, obtemos os seguintes resultados, 5% dos participantes marcaram a opção A; 8,33% marcaram B; 8,33% opção C; 10,83% opção D; 37,5% marcaram E; 15% opção F; 1,66% opção G; 3,33% marcaram H; 4,16% opção I; 2,5% opção J; e 2,5% marcaram a opção K citando Pingo, Hora da Aventura e Homem Aranha como o desenho favorito.

Distribuindo estes resultados entre meninas e meninos, 05 meninas e 01 menino marcaram A; 03 meninas e 07 meninos marcaram B; 03 meninas e 07 meninos opção C; 08 meninas e 05 meninos opção D; 23 meninas e 22 meninos marcaram E; 11 meninas e 07 meninos opção F; 02 meninos opção G; 03 meninas e 01 menino opção H; 02 meninas e 03 meninos marcaram I; 01 menina e 02 meninos opção J; e 03 meninos opção K descrevendo os seguintes desenhos animados, Pingo; Hora da Aventura; e Homem Aranha.

Desta forma podemos ver que tanto para as meninas como para os meninos X-Men ficou em primeiro lugar como o desenho favorito dos investigados, onde quebra a ideia de que meninas não gostam de desenhos que contenha “lutas”. Em segundo lugar, para as meninas foi Scooby Doo, um desenho que não possui um caráter de luta, mas que existe muito suspense e investigação.

Já para os meninos, três ficaram empatados com Scooby Doo, Ben 10 e Kung Fu Panda, tendo 07 participantes de cada. Um desenho foi a mesma escolha das meninas (Scooby Doo), o outro (Ben 10) é um desenho que fala sobre um menino que usa um dispositivo extraterrestre em formato de relógio de pulso, que a cada série é renovada ou trocada por algum motivo. Tal relógio, permite ao garoto se transformar em diversas criaturas alienígenas, Ben luta contra o crime e alienígenas do mal com seus novos poderes. A maioria dos episódios deste desenho inicia com uma briga entre monstros, e assim podemos nos perguntar se tal desenho não esteja influenciando a visão de lutas dos telespectadores mirins.

O terceiro desenho que também ficou em segundo lugar para os meninos foi Kung Fu Panda, um desenho que mostra os princípios da arte marcial Kung Fu. No desenho existem cinco personagens (Tigresa, Louva-a-Deus, Macaco, Garça e Víbora) que falam sobre 5 estilos do Kung Fu (Estilo Garra do Tigre, Estilo Louva a Deus, Estilo do Macaco, Estilo da Garça e Estilo da Serpente). Este desenhos na terceira questão foram citados como o desenho que exibia muita briga, sendo que um deles, no caso, o Kung Fu Panda exibe lutas relacionadas ao Kung Fu.

Em terceiro lugar tanto para as meninas como para os meninos ficou o desenho Jovens Titãs, este é baseado no famoso time de super-heróis adolescentes (Robin, Flash, Tempest, Moça-Maravilha e Arqueiro Vermelho), com o objetivo de combater o mal afim de salvar o mundo.

Diante destes resultados, podemos voltar aos questionários e perceber que na terceira questão 02 meninas marcaram Jovens Titãs, 02 meninas e 01 menino marcaram Ben 10, 01 menina X Men e 03 meninos e 01 menina marcaram Kung Fu Panda como o desenho que eles já haviam assistido que exibia muita briga, e mesmo assim os mesmos marcaram tais desenhos na quarta questão como o desenho favorito escolhido por eles.

Já os participantes que marcaram que não assistiram nenhum desenho que exibia muita briga na terceira questão, 03 meninos marcaram Ben 10; 01 menino e 04 meninas marcaram Jovens Titãs; 05 meninos e 05 meninas marcaram X Men como o desenho favorito na quarta questão. Isso se torna um pouco confuso por parte das respostas dos investigados, pois os mesmos disseram que não assistiam desenhos que exibiam brigas, mas logo em seguida eles marcaram os desenhos que exibem briga como seu desenho favorito.

Dessa forma, constata-se que tais participantes supracitados mesmo citando tais desenhos onde exibe muita briga ainda assim escolhe-os como favorito. 70% dos participantes escolheram os desenhos que envolvem briga ou luta no seu contexto, como preferido.

Dando seguimento a análise dos dados, na quinta e última questão, expomos 14 imagens onde continham lutas e brigas e pedimos que os investigados marcassem X nas imagens em que eles achassem que estava acontecendo uma Luta e uma nas imagens em que eles viam uma briga. Tais imagens da referida questão foram:

Figura 17: Boxe (Luta)  ( )

Fonte: http://portalcostanorte.meionorte.com

Figura 18: Dragon Ball Z (Briga) ( )

Fonte: http://dborpg.blogspot.com.br/

Figura 19: Capoeira (Luta)  ( )

Fonte: http://afisha.bigmir.net 

Figura 20: Desenho Animado Japonês (Briga) ( )

Fonte: http://junkenpunch.blogspot.com.br

Figura 21: Naruto (Briga)  ( )

Fonte: http://socialspirit.com.br 

Figura 22: Caratê (Luta) ( )

Fonte: http://sgnh.com.br

Figura 23: Judô (Luta)  ( )

Fonte: www.tenisclubedesuzano.com.br

Figura 24: Os Simpsons (Briga) ( )

Fonte: http://blogs.estadao.com.br

Figura 25: Muay Thai (Luta)  ( )

Fonte: http://jorgevelhoteam.com.br 

Figura 26: Dragon Ball Z (Briga) ( )

Fonte: http://revistapushstart.com

Figura 27: Capitão América (Briga)  ( )

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br 

Figura 28: Esgrima (Luta) ( )

Fonte: http://esportes.terra.com.br

Figura 29: Kendô (Luta)  ( )

Fonte: http://www.multifight.com.br/kendo.htm 

Figura 30: As Meninas Super Poderosas (Briga) ( )

Fonte: http://www.infoanimation.com.br

A figura 7 é uma luta de boxe a qual obtemos 90,8% dos investigados que marcaram “X” (55 meninos e 54 meninas) e 9,2% marcaram bolinha (05 meninos e 06 meninas), onde esta expos claramente algumas características de tal luta, bem como o uso de capacete e luvas, ficando fácil a compreensão desta figura.

A figura 18 é uma briga no desenho animado Dragon Ball Z onde 55% marcaram bolinha (38 meninos e 29 meninas) e 45% marcaram “X” (22 meninos e 31 meninas), podemos ver que quase a metade dos investigados marcaram que era uma Luta. Voltando para a figura 17, podemos observar o resultado, que a maioria deles, quase todos, souberam identificar que era uma luta, porém na figura 18, estes interpretaram tal figura como luta, e mais uma vez os desenhos animados vêm confundindo a cabeça das crianças no tocante das lutas.

A figura 19 é uma luta de Capoeira tendo 68,33% (46 meninos e 36 meninas) que marcaram “X” e 31,67% bolinha (14 meninos e 24 meninas), sendo esta uma luta brasileira, tais investigados que marcaram bolinha, desconhecem tal luta, mesmo sendo esta bastante conhecida, distinguem assim como briga.

A figura 20 é uma briga entre duas garotas em um desenho japonês obtendo 79% de bolinha (51 meninos e 44 meninas) e 21% “X” (09 meninos e 16 meninas) nas respostas. Esta figura exibe armas e aspectos de agressividade, tendo mais que a metade dos investigados que marcaram como briga, sendo a resposta correta.

A figura 21 é uma briga entre os personagens do desenho Naruto com 55% (34 meninos e 32 meninas) marcando bolinha e 45% X (26 meninos e 28 meninas), também como na figura 18, quase a metade das crianças interpretaram tal figura deste desenho como luta, talvez porque muitos desenhos animados quando os personagens vão brigar, eles sempre dizem que estão lutando, e isso pode confundir o público mirim.

A figura 22 é uma Luta de Caratê tendo 71% (45 meninos e 41 meninas) que marcaram X e 29% bolinha (15 meninos e 19 meninas), exibindo lutadores com quimonos, o que deixa claro que é uma luta, onde a maioria marcou esta opção.

Na figura 23 temos uma luta de Judô com 81% (50 meninos e 48 meninas) marcando X e 19% bolinha (10 meninos e 12 meninas), também podemos fazer o mesmo comentário da figura anterior, que exibe claramente um combate de luta.

A figura 24 é uma briga de rua do desenho Os Simpsons com 79% (47 meninos e 48 meninas) que marcaram bolinha e 21% X (13 meninos e 12 meninas), para a maioria dos investigados representa uma briga, porém ainda que os personagens estejam com arranhões, olho roxo e em lugar inadequado, 25 crianças marcaram que era uma luta.

A figura 25 é uma luta do Muay Thai com os resultados de 89% (54 meninos e 53 meninas) que marcaram X e 11% bolinha (06 meninos e 07 meninas), a figura exibe combatentes com luvas em um ringue lutando, onde poucas crianças marcaram como briga.

A figura 26 é uma briga entre personagens do desenho Dragon Ball Z que obtemos 57% (36 meninos e 33 meninas) que marcaram bolinha e 43% X (24 meninos e 27 meninas), este é o mesmo desenho da figura 18, com quase a metade dos investigados também marcando esta figura como luta.

A figura 27 é uma briga em uma das cenas do filme do Capitão América com 41% (22 meninos e 27 meninas) que marcaram bolinha e 59% X (38 meninos e 33 meninas), mais da metade dos alunos marcaram tal imagem como luta, talvez por ter o pensamento que os desenhos animados trazem dizer que os super heróis lutam para salvar o mundo.

A figura 28 é uma luta de esgrima tendo 59% (42 meninos e 31 meninas) marcando X e 41% (18 meninos e 29 meninas) que marcaram bolinha; mesmo a figura exibindo armas, capacetes e roupas apropriados para tal luta, 47 crianças marcaram como briga, tendo uma interpretação errônea.

A figura 29 que é uma luta de Kendô, 60% (36 meninos e 36 meninas) marcaram X e 40% bolinha (24 meninos e 24 meninas), 48 crianças que marcaram tal Luta como briga, não tem conhecimento dessa prática corporal, pois a figura exibe os equipamentos apropriados para tal luta, e mesmo assim os investigados supracitados apontaram como briga.

A figura 30 que é uma briga entre os personagens do desenho As Meninas Super Poderosas, obtendo um resultado de 67,5% (45 meninos e 36 meninas) que marcaram bolinha e 32,5% X (15 meninos e 24 meninas), esta imagem expõe claramente uma cena de agressividade, e é questionável que 39 crianças tenham apontado como luta, onde nas figuras 28 e 29 se observarmos o número de crianças que marcaram tais lutas como briga foram parecidas com o resultado desta imagem que marcaram como luta.

Perante estes resultados podemos perceber que a maioria dos investigados tem certa confusão para diferenciar as figuras, não conseguindo distinguir imagens que tratam de briga das que demostram uma luta. Acredita-se que isso ocorra, por que através dos desenhos animados as crianças criam sua visão de mundo e fazem sua própria concepção sobre determinadas coisas que os desenhos exibem, através do imaginário.

O imaginário se apresenta no campo das representações, não como uma tradução reprodutora, mas sim inventiva, criadora, poética; ele é parte da representação, que é intelectual, mas vai além dela. [...] As relações a partir dos desenhos animados se representam fortemente no cotidiano infantil (RAMOS et al. 2011, p.07).

Os desenhos animados instigam o imaginário da criança, onde ela cria seu próprio mundo, muitas vezes bloqueando seus medos e outras vezes incitando o medo do que é real. Assim, Serafim e Girardello (2012) diz que as pesquisas mais recentes afirmam que muita ação e violência na televisão podem inibir o desenvolvimento das fantasias agradáveis nas crianças, e estimular fantasias de agressividade.

Diante destes achados, analisa-se a confusão que os investigados fazem na interpretação de tais imagens, visando os desenhos animados voltados para super heróis, onde desperta na criança o poder da imaginação, tais personagens tem o poder de salvar o mundo quando “luta contra o mal”, isso desenvolve a percepção das crianças diante das lutas.

Perante os dados, percebemos que a falta de conhecimento por parte das crianças e a falta de contextualização nas cenas dos desenhos animados, acarretam uma percepção confusa e muitas vezes errônea do que sejam de fato as práticas corporais de lutas por parte do público infantil. Com isso, comprova-se a hipótese destacada no inicio do trabalho, na qual levantamos questões acerca dos dados constatados.

Ressaltamos que a televisão, especificamente os desenhos animados, pode transformar a vida da criança, as referências de que ela dispõe, influenciou particularmente, no seu imaginário. A luta, o confronto com o perigo, o socorro levado a alguém, fascina a criança, absorvendo o que ela quer e interpretam à sua maneira as mensagens que são emitidas pelos heróis, onde a mesma começa a ter uma visão de mundo no seu ponto de vista. Sendo assim, destacamos a importância da Educação Física escolar no trato com os seus conteúdos, dos quais se incluem as lutas, para que as crianças tenham uma compreensão exata do que sejam essas práticas, e por meio desse entendimento, consigamos romper com o preconceito existente no âmbito social relacionado às lutas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou focar na percepção que crianças de 8 a 10 anos têm sobre as lutas através dos desenhos animados. Apresentamos o conceito e história das lutas, bem como o seu trato no contexto atual e sua importância enquanto conteúdo da Educação Física escolar. Destacando a influência da mídia na personalidade das crianças focando os desenhos animados, que foi o ponto principal deste trabalho.

Dentro da problemática social relacionada à mídia e lutas, extraímos nosso problema, o qual foi respondido através da análise dos dados, em que contatou-se a hipótese inicial de que as crianças quando influenciadas pelos desenhos animados tem uma percepção confusa e errônea a respeito das práticas corporais de luta.

Em relação aos objetivos traçados para o trabalho, também se obteve êxito, já que conseguimos investigar a percepção do grupo planejado, verificamos a diferença sobre o entendimento das lutas entre meninos e meninas e defender a presença do conteúdo lutas na Educação Física escolar como forma de ampliar os conhecimentos e romper com o preconceito social no que diz respeito a esse tema.

Certamente, precisará obter novos dados através de estudos e pesquisas complementares, objetivando adquirir informações indispensáveis para implantar esse conteúdo na escola e assim repassar para as crianças o real significado das lutas. Por isso, é sugerível que se façam outras pesquisas relacionadas a esta prática corporal envolvendo o âmbito escolar, para que possamos integrar este conteúdo nas aulas de Educação Física, proporcionando um entendimento mais amplo sobre esse assunto.

7. REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1998.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Petrópolis: Vozes, 2003.

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Publicado por: Dayane holanda barboza

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