REDES SOCIAIS E SUA APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

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1. Resumo

Este artigo aborda, por meio de pesquisas bibliográficas, as redes sociais enquanto ferramenta de comunicação e instrumento de interação dentro da educação à distância. A sua importância enquanto meio de interação entre estudantes e professores, qual a melhor forma de unir as redes sociais com os ambientes virtuais, sem restringir as redes unicamente ao caráter acadêmico. Ou seja, seu caráter comunicativo e informacional, as redes sociais enquanto meio de comunicação entre os alunos para debater temas acadêmicos e para a distração. Mas sempre mantendo as características educomunicacionais necessárias para o crescimento e aperfeiçoamento do aluno em sua formação educacional.

Palavras-chave: redes sociais; educação à distância; cibercultura; ensino-aprendizagem; ciberespaço; educomunicação; mobile.

Abstract

This article discusses, through literature searches, social networks as a communication tool and interaction tool in distance education. Its importance as a means of interaction between students and teachers, what better way to unite social networks with virtual environments, without restricting the network only to the academic nature. That is, communicative and informational character, social networks as a means of communication between the students to discuss academic issues and the distraction. But always keeping the necessary educomunications characteristics for growth and improvement of the student in their educational background.

Key Words: social networks; distance education; cyberculture; teaching and learning; cyberspace; educational communication; mobile.

2. Introdução

Vivemos na era da informação, nunca houve tanta evolução tecnológica no mundo quanto nos últimos vinte anos, esta evolução impulsionou a comunicação a novos patamares.

Nos dias atuais trabalhamos a comunicação de muitos para muitos, temos que estar sempre atualizados, e neste contexto de ciberespaço/ cibercultura surgem as Redes Sociais Virtuais, aonde as pessoas podem buscar informações e conectar com o mundo inteiro, esta interconexão tem estreitado a relação entre a tecnologia e o aprendizado.

O grande crescimento tecnológico, a criação das redes sociais virtuais, geraram a necessidade de novas formas de aprendizado que abrangessem estes novos meios e tecnologias. Buscando não somente a inserção destes dentro dos AVAs (Ambiente Virtual de Aprendizagem), mas também a mudança do caráter puramente comunicacional destes meios, mas as aplicações educomunicacionais necessárias para o desenvolvimento dos estudantes.

Compreendendo estes parâmetros, será abordado neste artigo o porquê e como devem ser aplicadas as redes sociais nos sistemas de educação à distância, suas fragilidades e potencialidades, do ponto de vista educacional.

Figura 1: Nuvem

3. Problematização

Analisar a importância e as aplicações das Redes Sociais na educação à distância (EAD), suas características educomunicacionais.

4. Justificavas do tema

Entender o quanto a existência ou não das redes sociais influenciam no ensino a distância é necessário para melhorar o desempenho dos alunos que estudam via EAD.

O ser humanos necessita viver em sociedade tanto para a vida pessoal quanto a profissional e acadêmica, por este motivo foram estabelecidas redes sociais on-line ou off-line. Contudo, as redes sociais on-line ainda não foram efetivamente vinculadas aos sistemas de educação a distância, e para que exista este vínculo é necessário compreender a sua aderência nestes sistemas.

5. Estabelecimento dos objetivos

O objetivo primário é avaliar a aderência das redes sociais digitais nos sistemas de Educação a Distância. Como demais objetivos temos:

  • Avaliar o acesso ao ensino a distância, para identificar a importância deste, na educação;

  • Identificar qual o público das redes sociais e o da educação a distância atualmente;

  • Avaliar a usabilidade das redes sociais digitais no EaD;

  • Influência das redes sociais aplicadas nos sistemas de educação a distância.

6. Fundamentação teórica

Estre artigo se fundamenta principalmente em estudiosos da área da comunicação e educação, que abordaram temas em seus livros, artigos e teses, que correlacionam com o tema aqui abordado.

A sociedade mostrou alterações comportamentais drásticas nestes últimos 30 anos. Os tópicos aqui apresentados mostram um paralelo entre a comunicação, a cultura e a educação, no que diz respeito à virtualização destes.

O ciberespaço vem se desenvolvendo e alterando a sociedade, seus pensamentos e comportamentos.

Segundo Levy, “[...] o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (LEVY, p.17). Este desenvolvimento tecnológico e informacional cria novas vertentes à educação tradicional, que durante séculos se mantiveram como a principal forma de ensino.

A presença de um ciberespaço que aloja informações das mais diversas ordens, passíveis de serem acessadas através das tecnologias informacionais, coloca em xeque a educação formal e seu domínio, durante quase dois séculos, das fontes e da transmissão de conhecimento (SOARES, 2006, p.60).

Novos conceitos foram criados e alguns adaptados a esta nova era cibercultural. Doravante, o conceito de Educomunicação surge para planejar novas estratégias, com o intuito de fomentar seja, a educação tradicional, seja a educação virtual.

O conceito de Educomunicação entendido por Ismar de Oliveira Soares é “o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios educativos”, e outros espaços informais de ensino aprendizagem. (SANTANA; VITAL, p.2)

Atualmente o mundo vive um “boom” informacional decorrente do uso contínuo de novas tecnologias, dentre as áreas mais afetadas por este crescimento está a educação a distância. Contudo, este crescimento somente se deu devido a facilidade de comunicação entre os usuários destas ferramentas. O que mostra a necessidade de facilitar a comunicação entre os usuários.

Nas ultimas três décadas o aumento da comunicação humana mediada pelo computador para fins educativos levou a uma proliferação de tecnologias com o propósito de oferecer ambientes educacionais on-line. Desde o e-mail até os chats e as plataformas de aprendizagens educacionais, a comunicação humana mediada pelo computador tem sido uma ferramenta de uso crescente no ensino superior (TELES, 2009, p. 72).

Existe uma necessidade natural do ser humano em ser relacionar com os seus pares. Esta relação mostra-se importante para o desenvolvimento pessoal e nos demais patamares da vida.

A configuração em rede é peculiar ao ser humano, ele se agrupa com seus semelhantes e vai estabelecendo relações de trabalho, de amizade, enfim relações de interesses que se desenvolvem e se modificam conforme a sua trajetória. Assim, o indivíduo vai delineando e expandindo sua rede conforme sua inserção na realidade social. (TOLMAÉL; ALCARÁ; CHIARA, 2005)

Atualmente a forma de relacionamento mais comum do ciberespaço atualmente, são as redes sociais. Elas possibilitam uma série de interações, uma “proximidade” que não encontramos em um simples chat ou blog.

No mundo contemporâneo, um espaço público que merece destaque são as redes sociais, que devem ser estudadas no seu de possibilidade para a formação do sujeito. (BERGMANN; GRANÉ, 2013, p.30)

Na educação esta forma de agrupamento não é diferente, para que o ser se desenvolva plenamente é necessária a relação com demais pessoas, não somente para conversar sobre conteúdos acadêmicos, mas também para a descontração em momentos de estresse.

[...] uma aproximação à perspectiva crítica da aprendizagem, com a idealização de um modelo educativo orientado ao desenvolvimento e à transformação do sujeito e de seu contexto. Partindo do ponto de vista do ensino e aprendizagem, buscamos compreender como hoje se planejam, pensam e constroem os entornos de aprendizagem em rede a partir das universidades para a formação superior, além da mudança do papel dos professores, a adaptação às novas necessidades de aprendizagem, o desenvolvimento colaborativo e o uso das redes sociais e dos sistemas online que emergem para potencializar estes processos. (BERGMANN; GRANÉ, 2013, p.20)

A partir destas fundamentações teóricas será apresentado este artigo, abordando as redes sociais e sua aderência na educação à distância.

7. Metodologia

Este estudo tem como base o método misto, qualitativo e quantitativo, de teoria fundamentada em pesquisas bibliográficas: bibliografias, artigos, e demais dados disponíveis na internet; e fenomenologia e análise de pesquisas desenvolvidas por institutos de pesquisa e entidades de classe.

Com a apresentação de informações dispostas por teóricos e pesquisas, na área da comunicação voltadas ás redes sociais virtuais e a educação. Tornou-se possível trassar um paralelo entre as informações aqui discriminadas, e identificar necessidades e similaridades que corroboraram para a estruturação e desenvolvimento deste artigo.

Doravante, o objetivo deste trabalho é a busca da compreensão da aplicação das redes sociais virtuais no ambiente de educação virtual. Se esta aplicação é necessária, sua importância e como aplica-la.

8. Exposição de dados

O mundo enfrenta atualmente uma supervalorização do tempo, em contrapartida, uma desvalorização do espaço. Torna-se cada vez mais necessário ter tempo para estudar, trabalhar, relacionar etc. Contudo, devido ao imediatismo contemporâneo, estas formas de estudo, trabalho e relacionamento tem alterado os seus padrões. O espaço geográfico não é mais imprescindível para a comunicação, não somente auditiva, mas a visual.

Ferramentas têm sido criadas para que esta diferença espacial torne-se “nula”. Diminuindo o tempo de locomoção e valorizando o tempo restante para determinada ação.

Uma das ferramentas que mais tem crescido foram as redes sociais digitais. Sua expansão exponencial nas últimas décadas, o investimento das empresas não somente em ações, mas em publicidades na rede tem aumentado, e não demonstra queda em seu progresso.

Unido a este ocorrido, os sistemas de educação à distância tem crescido de forma similar. A busca por um lugar no mercado de trabalho, o crescimento da classe C, brasileira, e a facilidade de cursar uma graduação, pós-graduação, técnico etc. tem aumentado a busca por estes cursos.

Doravante, a correria contemporânea, o imediatismo tem feito com que as pessoas busquem cada vez mais os sistemas EaD para suprir esta falta de tempo. Porém, estes sistemas isolados tornam-se insuficientes para a formação integral de um indivíduo, que necessita da interação com professores e alunos para ter uma formação cada vez menos sintética e mais humana. Mesmo que esta formação seja feita virtualmente.

Logo, a mescla destes meios, as redes sociais virtuais e os sistemas EaD, mostram-se necessárias para o desenvolvimento humano atual.

Com este propósito serão discriminados dados de diferentes fontes, e ao final do artigo o cruzamento dos dados expostos, possibilitarão a compreensão da necessidade ou não, das redes sociais virtuais serem aplicadas também, nos ambientes virtuais de aprendizagem.

8.1. Cibercultura

O termo Cibercultura foi axiomatizado por Pierry Levy na década de 80. As principais características evidenciadas pelo autor dizem respeito a novas mídias e a sua influência na sociedade.

[...] o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LEVY, p.17)

A Cibercultura surge como a resposta ao meio de vida contemporâneo, instantâneo, comunicativo e midiático. Este novo meio de vida mudou a percepção do ser humano, seus valores, e modos de pensar. Estas mudanças possibilitaram a disseminação do conhecimento de forma prática e ágil, a utilização do conhecimento do outro e a sua aceitação enquanto fonte de informação.

Este conceito de disseminação do conhecimento unido com as novas tecnologias criaram o que chamamos de Redes Sociais Virtuais ou On-line. Nestas as pessoas podem conhecer novas pessoas, falar sobre suas experiências de vida e transmitir os seus conhecimentos.

Apesar de ser extremamente disseminado nos campos comunicacionais, informacionais e tecnológicos, o conceito de cibercultura torna-se incompleto se não for abordado juntamente com o conceito de ciberespaço.

8.2. Ciberespaço

Segundo Levy o ciberespaço é “[...] o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores.” (LEVY, p.92), ou seja, um espaço em que podemos transmitir informações de maneira simultânea sem limites geográficos.

A tecnologia nos dias atuais, mais do que nunca tem influenciado o hábito das pessoas principalmente os das gerações que nasceram nas décadas de 80, 90 e 00. As pessoas tem utilizado os blogs, sites e redes sociais como provedores de informação, tanto informação contemporânea, futebol, tempo, novela quanto acadêmica. Esta utilização do ciberespaço ajudou no seu crescimento e aderência na sociedade.

O conceito de ciberespaço tem sido utilizado também nos sistemas de Educação á Distância, aonde dos estudantes tem a oportunidade de estudar de casa, na escola ou no metrô, por um computador, notbook ou mobile com acesso a internet.

A presença de um ciberespaço que aloja informações das mais diversas ordens, passíveis de serem acessadas através das tecnologias informacionais, coloca em xeque a educação formal e seu domínio, durante quase dois séculos, das fontes e da transmissão de conhecimento (SOARES, 2006, p.60).

Neste ciberespaço encontramos dois ambientes em crescimento, as redes sociais e os sistemas de educação à distância. Conforme descreve Soares, “o ciberespaço aloja informações das mais diversas ordens”. Ou seja, é literalmente um novo espaço a ser explorado.

Esta nova forma de transmitir informação aonde todos são emissores e todos são receptores, tudo depende do tema e do momento, traz uma nova forma de comunicação, dentro e fora do ciberespaço. Fazendo com que surjam as redes sociais virtuais, sistemas de educação á distância, novas teorias e técnicas de comunicação.

A seguir, será apresentado duas teorias que quando adaptadas ao ciberespaço trazem informações essenciais para o alicersamento das redes sociais e os sistemas EaD, convergindo assim, com o propósito do artigo.

8.2.1. Convergência Midiática

As mídias tem evoluído e se adaptado no decorrer dos anos. Quando surgiu o rádio as pessoas pensaram que seria o fim do jornal, e quando se iniciou a televisão concluíram então que era o fim do rádio. Contudo, ao invés destas mídias substituírem as demais, elas simplesmente se adaptaram, e dividiram o bolo do público-alvo midiático.

Entretanto, nenhuma das formas de mídias até então inventadas continham o poder de mudar o panorama mundial. Entretanto, com o surgimento da internet e por sua vez das mídias digitais, este vislumbre comunicacional até então imutável, foi reestruturado. As mídias digitais possibilitaram a interligação de todos os demais meios utilizados, além de disponibilizar a interação entre mídia e público alvo. Ou seja, a quebra do sistema de comunicação tradicional.

[...] a característica principal da era de convergência midiática seria o cruzamento de mídias alternativas e de massa e a hibridização de conteúdos de novas e velhas mídias que ocasionam outras formas de relações entre as tecnologias, indústria, mercados, gêneros e públicos (STASIAK, 2010, p.3).

De acordo com Stasiak, a mescla das antigas com as novas formas de comunicação tem criado novas formas de relacionamento. Estas misturas tem criado ambientes virtuais como os sistemas de educação à distância e as redes sociais virtuais.

Atualmente as pessoas podem conversar com as mídias e não somete isso, elas podem em qualquer momento ser as “mídias”. O sistema um para muitos foi deixado de lado, e hoje emprega o sistema muitos para muitos. Com o advento do ciberespaço as pessoas comuns podem fazer com que as suas vozes sejam ouvidas.

8.2.2. Educomunicação

Com o avanço da cibercultura, as formas de ler, falar e pensar tem sido alteradas. Desta forma, as maneiras de se comunicar sofreram alterações, mutacionando assim, as formas de educação. Neste contexto surge a educomunicação.

A educomunicação trabalha os processos e estratégias que criam os espaços de comunicação em ambientes virtuais.

...o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios educativos. (SOARES, Ismar. 2006)

Segundo Soares, o educomunicação é um processo estratégico utilizado para trabalhar a parte comunicacional dos espaços educativos. Este processo aplicado nos ambientes virtuais de aprendizagem, quantificam os processos de criação de tecnologias, principalmente no que diz respeito à comunicação.

8.3. Educação à distância

O primeiro curso a distância sediado no Brasil foi de datilografia, em 1900. O curso era anunciado no jornal e disponibilizado via correspondência. Após este início singelo houve uma explosão de cursos a distância oferecidos via correspondência, rádio e televisão. Contudo, nada se compara com a introdução dos cursos á distância no mundo virtual. Existem hoje, cursos de diversas áreas do conhecimento para “N” qualificações.

O formato dos cursos de educação á distância é simples. Um especialista cria o conteúdo, este conteúdo é postado na rede, e a rede é acessada pelos alunos, que por sua vez postam perguntas e até mesmo respondem as perguntas uns dos outros, e este processo nunca para. A imagem a seguir retrata este processo.

Figura 2: Modelo de interação dos cursos EaD

Nas ultimas três décadas o aumento da comunicação humana mediada pelo computador para fins educativos levou a uma proliferação de tecnologias com o propósito de oferecer ambientes educacionais on-line. Desde o e-mail até os chats e as plataformas de aprendizagens educacionais, a comunicação humana mediada pelo computador tem sido uma ferramenta de uso crescente no ensino superior (TELES, 2009, p. 72).

Conforme o argumento de Teles, existe um crescente aumento na criação de cursos voltados a Educação à Distância. Possibilitado pelo investimento tecnológico em novas formas de comunicação, este crescimento tem mudado pouco a pouco a cultura da sociedade, dentre uma das principais alterações culturais constam a maciça atuação do EaD em cursos voltados a graduação, pós-graduação e tecnólogos.

Novas análises da área de EaD no Brasil, publicados pelo Censo EAD.BR 2012, mais de 5,7 milhões de alunos estão matriculados em cursos a distância no Brasil. Este número aponta um aumento de 60% relativos ao ano anterior. Ou seja, além da busca por cursos on-line terem aumentado no país, estes dados demonstram também a necessidade de investimento tecnológico/ comunicacional na área.

Este crescimento exponencial da procura por cursos EaD demonstram o quanto o setor ainda pode crescer, e conhecer o seu target é a melhor forma de trilhar o desenvolvimento deste nicho.

8.3.1. Público do EAD

Segundo Carlos Longo diretor da Universidade Positivo, em matéria para o Guia EaD - 2015, o target dos cursos EaD são adultos com faixa etária entre 25 a 45 anos. “Temos 25 milhões de brasileiros nessa faixa etária”, afirma Longo.

Porém, dados também apontam aumento de jovens recém-saídos do ensino médio. Estes dados apontam que a cultura dos jovens está mudando, e com isso o aumento do público alvo.

8.3.2. Dificuldades EAD

Os sistemas de educação à distância enfrentam diversas dificuldades que devem ser amenizadas para que a educação à distância venha a existir de forma homogênea com a educação presencial, sem preconceitos ou divergências nos aspectos técnicos cabíveis a educação. Em sua grande maioria os fatores que implicam nesta dificuldade são em sua maioria fatores macro ambientais, ou seja, não tem em sua maioria motivos ocasionados pelos cursos de EaD ou a metodologia de ensino empregada.

Exclusão digital

A exclusão digital tem sido abordada em diversos fóruns e simpósios que discutem os rumos dos Ambientes Virtuais de aprendizagens ao redor do mundo. Contudo, a abrangência deste tema não contempla somente o ensino à distância, mas todas as áreas nas quais a cibercultura atua.

Exclusão digital é o termo utilizado para sintetizar todo um contexto que impede a maior parte das pessoas de participar dos benefícios das novas tecnologias de informação. Digital também porque hoje as consequências da exclusão social acentuam a desigualdade tecnológica e o acesso ao conhecimento, aumentando o abismo entre ricos e pobres (SPAGNOLO apud SILVA; PALHARES; ROSA, 2005, p.5).

Segundo Spagnolo, exclusão digital é o termo utilizado para descrever o contexto que impede parte das pessoas em usufruir das novas formas de tecnologia da informação. Ou seja, toda a forma de impedimento de operar estas novas tecnologias seja por desconhecimento, poder aquisitivo ou limites geográficos são considerados formas de exclusão digital.

Este é um problema que somente será resolvido quando houver uma mudança política no que diz respeito a educação, infraestruturas básicas de telecomunicação e eletricidade e possibilidades sociais iguais entre as classes A, B, C, D e E. Este último aspecto é descrito por Spagnolo como “abismo entre ricos e pobres”.

Evasão

A evasão dos cursos EaD é destacada neste texto devido a sua importância, pois nem sempre são os fatores externos que implicam na desistência dos cursos.

A evasão em 2012 foi menor que em 2011, correspondendo a 3% nas disciplinas de EAD em cursos presenciais autorizados e corporativos e a até 11,74% nos cursos autorizados. As principais causas apontadas para a evasão foram: falta de tempo para o estudo e para participar do curso (23,4%), falta de adaptação à metodologia (18,3%) e aumento de trabalho (15%). (Censo EAD.BR 2012 - Abed)

O Censo EAD da Abed descreve três principais causas para a evasão dos sistemas de educação á distância.

O primeiro é a falta de tempo, para estudo, pois os Ambientes Virtuais de Aprendizagem exigem uma carga horária mínima para o estudo e concentração, pois diferente da sala de aula tradicional no AVA a troca de experiências entre os alunos tornam-se mais difíceis devido a falta de contato entre estes.

O segundo aspecto destacado é a inadaptação a metodologia de ensino. Os ensinos básicos de educação nãos nos ensinam necessariamente a estudar e sim a receber um conteúdo de forma explicativa. Este é um dos motivos que possibilitam a falta de adaptação a metodologia.

O terceiro motivo exposto pelo Censo é o aumento de trabalho. Este tema deve ser abordado, porém, esta dificuldade mais uma vez evolui no macro ambiente, o quem impossibilita a erradicação deste tema.

8.3.3. Contextualizando o EaD

Após analisar as informações expostas, torna-se claro que existe ainda um longo processo a ser trilhado pela educação à distância, contudo, certas alterações mostram mais pressa do que as demais.

A educação caminha no linear das inovações tecnológicas. Este descompasso atrasa o desenvolvimento de alunos e professores que hoje vivem em uma sociedade virtual.

A virtualização cada dia mais constante do cotidiano tem cobrado uma agilidade até então inexistente nos sistemas de educação. Os AVAs necessitam de vinculação não somente com a mobilidade, mas com as redes sociais, trazendo para o ambiente virtual de aprendizagem não somente o estudante enquanto aluno, mas o estudante enquanto pessoa. Este deve criar o costume de acessar o AVA, não somente para estudar, mas o aluno, como em uma escola física, deve ser envolvido por toda uma cultura diferente, que tenha as mais diversas tribos.

Para esta imersão do estudante no ambiente virtual de aprendizagem, torna-se necessário uma adaptação dos sistemas atuais que dificultam o relacionamento entre alunos e alunos e alunos e professores. Este trabalho educomunicacional mostra-se necessário, pois, como em uma escola tradicional, o estudante deve ter o direito de compartilhar o seu conhecimento com os demais alunos, além de ter os seus momentos de espairecimento, porém sem sair deste ambiente.

8.4. Redes Sociais

O termo “Redes Sociais” tem sido utilizado muito nos últimos anos, contudo é muito mais abrangente do que simplesmente algo como Facebook, Youtube ou Orkut.

Sua trajetória advém de muito antes, podemos considerar que todas as formas de sociedade geraram “redes sociais”, ou seja, redes de comunicação (qualquer forma de comunicação) e interação interpessoal.

A configuração em rede é peculiar ao ser humano, ele se agrupa com seus semelhantes e vai estabelecendo relações de trabalho, de amizade, enfim relações de interesses que se desenvolvem e se modificam conforme a sua trajetória. Assim, o indivíduo vai delineando e expandindo sua rede conforme sua inserção na realidade social. (TOLMAÉL; ALCARÁ; CHIARA, 2005)

Segundo Tolmael et al. as redes sociais são todas as formas de relações humanas que criam vínculos. Inicialmente a nossa família, depois esta rede sem amplia com os vizinhos, colegas de escola, trabalho e continua ampliando no decorrer das nossas vidas.

Esta forma de agrupamento é natural ao ser humano, todos sentem a necessidade de participar de um grupo. Segundo Abraham Maslow (1908 – 1970), o ser humano tem segue uma teoria da motivação, que tem cinco níveis:

  • Atender as necessidades básicas ou fisiológicas;

  • Atender as necessidades de segurança;

  • Atender as necessidades sociais ou de associação;

  • Atender as necessidades de status ou auto estima;

  • Atender as necessidades de auto realização.

Figura 3: Pirâmide de Maslow

Esta hierarquia concebida por Maslow, as necessidades sociais estão no centro. Também chamada de necessidades de amor e pertencimento, ou seja, as pessoas necessitam ser sociais, pertencer a grupos, conhecer pessoas. Neste contexto psicológico entram as redes sociais.

8.5. Redes sociais virtuais

Criadas em meados de 1997, as redes sociais virtuais tiveram seu expoente no site SixDegrees.com, neste os usuários poderiam criar os seus perfis e sua lista de amigos. Desde então as redes sociais não pararam de evoluir, Orkut, Twitter, MySpace, Facebook, dentre outros entraram no mercado, cada um com as suas evoluções tecnológicas, suas diferenças e particularidades. Contudo, o foco de todos sempre foi a inter-relação entre as pessoas.

Com a evolução tecnológica e o contexto cibercultural as pessoas começaram a buscar na rede pessoas que partilhassem de suas culturas, pensamentos, hobbies, trabalhos etc. estas aglomerações em blogs, microblogs, sites e fóruns possibilitaram a criação das Redes Sociais Virtuais.

[...] o objetivo principal das redes sociais virtuais é o de agrupar indivíduos com necessidades semelhantes, sejam elas profissionais, sentimentais, sociais, lúdicas etc. Em outras palavras, tudo depende da rede da qual o indivíduo participa. Portanto, de forma gratuita e bastante econômica, as redes ajudam seus membros a conseguir o que procuram ou aquilo que desejam” (Doyle apud. WHARTON SCHOOL, 2008).

Segundo Doyle, em comentário para a Wharton University of Pensilvania, o objetivo das redes sociais virtuais é sempre o de reunir pessoas com os seus pares. Contudo, a temática deste grupo dependerá unicamente da vontade dos seus membros.

Compreende-se então, que as redes sociais virtuais são uma transposição das redes sociais físicas, porém, sem o limite geográfico até então conhecido pelo homem. Dificilmente, á 100 anos atrás, uma pessoa pudesse fazer parte de um grupo de um país ou continente diferente, esta distância impossibilitava a comunicação, era uma fronteira até então intransponível, e a criação da rede mudou este contexto. Atualmente a interconexão quebrou a ideia de tempo-espaço conhecida, pode-se comunicar com pessoas em qualquer parte do globo simultaneamente por texto, som ou imagem.

8.5.1. Público das redes sociais virtuais

As redes virtuais demandam de um público variado e dinâmico. Segundo dados disponibilizados pela consultoria Hitwise, publicados pelo site G1 em 20 de janeiro de 2014, o público das redes sociais no Brasil tem a faixa etária entre 25 e 34 anos com 27,45% da participação, de 18 a 24 anos com 23,57% da participação, fica em segundo lugar e pessoas com idade de 35 e 44 anos com parcela de 20,46%, do bolo do público alvo. Compreender este público é por sua vez compreender grande parte ciberespaço, seus costumes, vontades e atitudes.

Figura 4: Perfil do público de redes sociais no Brasil

8.6. Novas tecnologias

As tecnologias tem evoluído nas últimas décadas principalmente no que diz respeito à virtualização do mundo. O mundo real está em processo de migração para o virtual, este processo tem mudado não somente a forma das pessoas viverem, mas também os seus comportamentos e pensamentos.

As diversas faces do desenvolvimento da comunicação foram acompanhadas de movimentos de profunda modificação de comportamento da comunidade, constando-se uma crescente integração dos grupos sociais como consequência desse progresso e da adoção de uma nova e sofisticada tecnologia.” (MELO; PAIVA, p.70)

Um dos principais fatores que propiciou o desenvolvimento de novas tecnologias foi a busca pela facilidade de comunicação. Estes desenvolvimentos por sua vez alteraram a sociedade, seus costumes e valores.

Inovações simples porém de constantes como os processos de virtualização da comunicação e atualmente até das pessoas, tem proporcionado constantes avanços nos modos de vida.

8.6.1. Mobile

Dentre as cobranças exigidas pela sociedade cibercultural, a mobilidade é uma das principais. A modernidade trouxe a falta de tempo, vive-se hoje o tempo do imediatismo, e para que as pessoas possam acompanhar esta nova realidade torna-se necessária uma alteração nos sistemas de ensino.

A simples virtualização dos sistemas de educação tornou-se banal em decorrência ao imediatismo. A mobilidade é hoje uma das principais dificuldades, contudo, de suma importância para o modelo de sociedade atual.

Segundo a revista Exame.com o Brasil tem 260 milhões linhas de celular, média de 132 linhas a cada 100 habitantes. “[...] a cada minuto foram vendidos cerca de 68 smartphones no Brasil em 2013 e para 2015 ‘a expectativa é que esse número suba para mais de 100’ [...]". (EXAME, 2014)

Este avanço mostra o quanto a venda de mobile está crescendo no país. Contudo, existem diferenças etárias, sociais e geográficas que dificultam a expansão desta ferramenta.

De acordo com o diretor-gerente digital da Nielsen Brasil, Thiago Moreira, em palestra no Fórum Brasil Happy Mobile Days MMA, que existe uma igualdade entre os gêneros, contudo, a maior presença está na faixa etária de 25 a 34 anos, cerca de 28%.

Moreira também informa que 54% dos consumidores de smartphones participam da classe B, 34% da classe C, 10% classe A e 2% D e E. Descreve também que geograficamente 25% dos usuários estão em São Paulo, número correspondente ao de todo o nordeste brasileiro.

9. Análise dos dados

Os dados aqui dispostos apresentam as tendências das novas tecnologias, e meios de comunicação e educação. Compreendendo que a proposta deste artigo é demonstrar as Redes Sociais e sua aderência na educação à distância, serão cruzadas as informações e pensamentos aqui destacados para chegar ao objetivo proposto no início do artigo.

A cibercultura trouxe consigo um novo mundo, o mundo virtual. Apesar de ser em sua maioria apenas a virtualização do mundo comum, sabemos também que trouxe consigo novas tecnologias, novas formas de se comunicar e pensar.

O ciberespaço tornou-se ambiente integrante das casas de todo o mundo1, sua realidade e importância não são mais contestados. Dados apresentados também informam que 90,8% dos internautas acessam as redes sociais virtuais. Hoje todos têm perfil em alguma rede social, leem jornais, revistas ou livros virtuais, ou estudam via EaD, várias funções podem ser feitas em um único lugar, o ciberespaço.

Parte destas funções somente foram possíveis graças a convergência midiática, que juntou várias formas de mídias em um único lugar. Esta possibilitou o início das redes sociais como conhecemos hoje, e dos sistemas EaD atuais.

Outro fruto da cibercultura é a educomunicação, que trabalha os espaços educativos presenciais ou virtuais. Estes processos ecucomunicacionais aplicados aos ambientes virtuais de aprendizagem melhoram e viabilizam novas formas de aprendizagem. E sustentam a aplicação das redes sociais na educação á distância.

Por sua vez, a educação à distância como um dos objetos desta pesquisa, nos mostra a sua evolução e proliferação, o que possibilitou este estudo, pois aumentou os dados disponíveis ao público. Ao analisar estes dados, eles nos mostram que o formato comunicacional existente no EaD, suporta o sistema de redes sociais virtuais, pois os seus processos sãos similares, de forma simples: existe um gerador de conteúdo, pessoas (alunos), interagem entre sí, envolta destes conteúdos e existe a interação com o gerador do conteúdo.

Também verifiquei que, o público alvo das redes sociais e da educação a distância tem em sua maioria a mesma faixa etária, ou seja, entre 25 e 34 anos e 25 a 45 anos, respectivamente. Estes dados apresentam uma convergência entre os públicos, ambos trabalham as gerações X e Y. Estas gerações tem facilidade em trabalhar com novas tecnologias além de serem extremamente receptíveis a estas.

Outros dados importantes, são as dificuldades na educação à distância, o primeiro aspecto é a exclusão digital, que não afeta somente a EaD, mas todo o ciberespaço, automaticamente as redes sociais virtuais. Em segundo lugar, a evasão, que é composta por três principais pilares, falta de tempo, inadaptação a metodologia de ensino e aumento da carga horária de trabalho. Destes, as redes sociais podem ajudar na adaptação da metodologia de ensino, pois com a permanência dos alunos no AVA, mesmo que fora da secção de aprendizagem, o aluno terá melhor adaptação a ferramenta, maior convívio além de poder interagir e tirar as dúvidas com demais alunos e professores.

Todavia, para o melhor desempenho das redes sociais virtuais no AVA, torna-se necessário o acompanhamento das TIC. A mobilidade atualmente é uma das principais tecnologias, e sua presença é constante dentro e fora dos ambientes acadêmicos.

Segundos os dados apresentados, cerca de 58% dos usuários de redes sociais acessam via mobile. Outros números apresentados mostram que a faixa etária dos usuários de mobile é de 25 á 34 anos, a mesma dos usuários de redes sociais e EaD. Com estes dados pode-se traçar uma linha paralela do perfil destes usuários. Estes dados mostram que o mesmo público que acessa as redes sociais virtuais, fazem cursos EaD, e são usuários de mobile, o que facilita a interação entre estas tecnologias.

Em análise aos dados aqui apresentados, nota-se um grande paralelo entre os públicos, além do próprio avanço natural destas tecnologias convergirem em um mesmo sentido, a interação das redes sociais virtuais, com a educação à distância e a implementação da tecnologia mobile neste “novo sistema”.

9.1. Aplicação das redes sociais na EaD

O crescimento das redes sociais virtuais tem chamado à atenção de diversas áreas do pensamento humano, entre estas encontra-se a área acadêmica.

Independente do nível do aprendizado, mostra-se necessária a utilização das redes sociais. O aluno quando esta sozinho tem maior dificuldade no aprendizado, esta característica é natural ao ser humano, como comentado anteriormente, somos seres sociais, e necessitamos do outro. Por este motivo, as escolas iniciadas a na Grécia antiga, eram anfiteatros, com vários lugares, aonde eram discutidas dúvidas naturais ao ser humano. E todos (os cidadãos) poderiam expressar as suas ideias e concepções para o crescimento educacional da população.

Com o passar do tempo, apesar de grandes mudanças na forma de ensino, a formação de uma rede social, para o crescimento acadêmico dos alunos se manteve. Dificilmente encontramos uma sala de aula, seja qual for o curso, que contenha apenas um ou dois alunos.

Compreendendo então que quanto mais alunos, melhor para o desenvolvimento do estudante, torna-se claro o déficit nos sistemas de educação à distância a atualmente empregados. Torna-se necessária uma forma de interação entre os alunos EaD.

Bergmann e Granné citam que “No mundo contemporâneo, um espaço público que merece destaque são as redes sociais, que devem ser estudadas no seu de possibilidade para a formação do sujeito”. (BERGMANN; GRANÉ, 2013, p.30)

Segundo estes, as redes sociais merecem destaque devido a sua capacidade na formação do sujeito. Ou seja, com as redes sociais virtuais, podemos nos comunicar, colocar as nossas opiniões e ouvir a dos demais, de forma que haja uma evolução informacional e pessoal no sujeito.

Esta ferramenta empregada na educação à distância, mostra grandes possibilidades no desenvolvimento do estudante EaD. Este, ao se relacionar com demais estudantes, seja para abordar temas de cunho estudantil, ou para abordar temas triviais, trazem ao virtual o ambiente escolar tradicional, o aluno com os seus demais colegas discutindo assuntos de classe ou assuntos paralelos.

Neste contexto Roblyer e Wiencke argumentam que a qualidade da inter-relação dos cursos EaD podem ser avaliadas em cinco componentes: relação concebida socialmente, relação projetada instrucionalmente, viabilidade de relação da tecnologia, comprometimento dos estudantes e empenho do instrutor. Estes componentes descrevem com simplicidade os pilares da inter-relação EaD.

  • Relação concebida socialmente: esta forma de inter-relação remete a comunicação entre alunos e professores não somente no âmbito educacional, mas também pessoal;

  • Relação projetada instrucionalmente: esta inter-relação caracteriza especificamente a relação professor aluno essencial em qualquer tipo de educação, seja à distância ou não;

  • Possibilidade de relação da tecnologia: a possibilidade descrita neste tópico remete efetividade dos meios e ferramentas tecnológicas necessários para que esta interatividade ocorra. Exemplo, o próprio ambiente virtual de aprendizagem, ou o computador (smartphone, tablet etc), para acessar o AVA;

  • Comprometimento dos estudantes: o envolvimento dos estudantes é característica indispensável para o processo educacional;

  • Empenho do instrutor: similar ao tópico acima, é pressuposto que o professor esteja engajado para que exista um bom ambiente de estudos.

Todos estes cinco tópicos são integral ou parcialmente influenciados pelas redes sociais virtuais. Ou seja, ao criar uma ferramenta de rede social virtual no AVA, devemos compreender que estas características devem ser trabalhadas para que diminuam os ruídos comunicacionais, mesmo aumentando a inter-relação dos usuários.

Seguindo a sequência da lista supramencionada, o primeiro tema, interação concebida socialmente, é o mais afetado pela presença ou falta das redes sociais virtuais na EaD. Pois ao criar uma ferramenta desta, temos que trabalhar a sua principal característica, a interação social, independente do foco instrucional, compreendemos que deve haver a relação interpessoal tradicional.

O tópico em posterior apresenta a relação dos temas abordados, da interação entre informação, professor e aluno. Não diz respeito simplesmente a qualidade do conteúdo, mas sim a qualidade do ensino. Compreendendo a importância deste tema, que se caracteriza no próprio ensino, a rede social virtual torna-se necessária para que os alunos tenham não somente o aprendizado necessários, mas também o ambiente escolar que os envolvam, tanto professor quanto aluno.

A viabilidade de interação da tecnologia expõe a necessidade de ferramentas que tragam uma real interatividade entre alunos e alunos e alunos e professores, diferentes das tecnologias tradicionalmente utilizadas como fóruns ou e-mails.

O envolvimento dos estudantes pode ser estimulado com as diversas formas de interatividade possibilitadas pela inclusão das redes sociais virtuais nos sistemas EaD. Os alunos ao interagirem criam um vínculo não somente com os colegas, mas com a tecnologia e com o curso. E este vínculo melhora o envolvimento, e por sua vez o desenvolvimento dos alunos.

A proposta de trabalhar o engajamento dos instrutores/ tutores, funciona de forma similar à do envolvimento dos alunos, contudo, esta deve-se trabalhar não somente com o cunho comunicacional da ferramenta, mas também a sua praticidade para que o professor possa receber o feedback dos alunos que estão participando ou não da aula, a conversa simultânea nas redes sociais tradicionais e mensagens gravadas.

O papel das redes sociais na educação à distância, no entanto, não se limita aos processos educacionais. As ferramentas podem contribuir também para a captação e retenção dos alunos, assim como para o diagnóstico dos processos e na tomada de decisões pedagógicas e de gestão. É mais um caminho para manter diálogo mais próximo dos alunos, esclarecendo dúvidas, recebendo sugestões e críticas. (O papel das redes sociais na Educação a Distância)

Sintetizando a análise anteriormente realizada, pode-se então definir que as redes sociais virtuais não se limitam apenas aos processos educacionais, mas também para a retenção dos alunos no AVA.

Ao analisar as dificuldades no EaD, notamos que estas são em sua maioria externas a educação à distância. Doravante, podemos trabalhar parcialmente estes itens vinculando as características das redes sociais virtuais.

A exclusão digital apesar de decorrente no Brasil, pode ser minimizada com o uso de mobile, que facilita o acesso as redes sociais virtuais, aonde a o estudante mesmo com horários mais restritos poderia interagir com os seus colegas e estudar.

A evasão por sua vez mostra que um dos seus grandes motivos são a falta de adaptação com o sistema de EaD. Contudo, ao imergir o aluno no AVA por intermédio das redes sociais temos uma maior qualidade de estudo, por sua vez no envolvimento do aluno com a metodologia de educação á distância.

Analisa-se então, que existe uma grande necessidade de interação entre redes sociais e educação á distância, já que ambos podem trabalhar simultaneamente com o propósito de melhorar o ensino e a comunicação destes.

9.1.1. Aplicação das novas tecnologias nas redes sociais e na EaD

O aprimoramento continuo das tecnologias tem cobrado velocidade similar para as redes sociais e os sistemas de educação á distância.

A progressiva miniaturização e integração das tecnologias, junto com o desenvolvimento de plataformas móveis e da conexão sem fio, permitirão que os alunos possam continuar avançando em sua formação tendo acesso, a qualquer momento, por meio de seu celular várias funções (COLL; MONEREO, 2010, p. 28).

Ao abordar o tema de tecnologia nos deparamos com as plataformas móveis, e notamos que não existe outro rumo tanto para as redes sociais como para os AVA. A facilidade trazida pelas plataformas móveis aumentam as possibilidades de estudos de alunos e a possibilidade de comunicação a todo o tempo, independente de limites geográficos.

Las tecnologías modifican la forma en que nos relacionamos y la forma de acceder a la información, lo cual, en ambos casos, se debería traducir en cambios severos no solo en el diseño de las actividades sino también en los roles que ejercen unos y otros, docentes y alumnado, incluso escuela y sociedad, en esos nuevos procesos de aprendizaje. (BERGMANN; GRANÉ, 2013)

Segundo Bergmann e Grané as novas tecnologias digitais tem alterado a maneira de se comunicar, automaticamente de se relacionar. Esta alteração comportamental reflete em como os professores e alunos se comportam uns com os outros.

Este desenvolvimento possibilita novas abordagens na aprendizagem, e apesar de poder ser visto como uma ameaça, ao modelo atual, a inclusão de novas tecnologias no EaD é um meio de melhorar o desenvolvimento do aluno.

10. Conclusão

O tema disposto no início do artigo traz uma pergunta subentendida “Qual a aderência das redes sociais na educação à distância”, pois, para existir uma aplicabilidade deve antes existir um propósito. Para responder esta questão de forma satisfatória (de preferência), foram necessários meses de estudos, de livros e artigos científicos que explanassem mesmo que de forma superficial o tema, para a coleta de informações. Ao cruzar estas informações e analisa-las, compreende-se de forma clara a citação de Soares, 2006:

A perspectiva de uma comunicação democrática dos saberes tecnológicos projetadas na Educação a distância deve ser perseguida como objeto de estudo das ciências da informação, da informática, das ciências cognitivas, das ciências da informação, e da sociologia da educação como uma alavanca para a inovação pedagógica, num abandono das práticas tradicionais onde o conhecimento era guardado sob domínio do professor e nas torres de marfim das academias (SOARES, 2006, p.150).

Ao citar que “a perspectiva de uma comunicação democrática dos saberes tecnológicos projetadas na Educação a distância deve ser perseguida…” Soares traz nesta frase a dificuldade em se trabalhar não somente a comunicação democrática, mas todos os temas relacionados a comunicação, pois trabalham não somente o que é visível, mas o que não é, o cognitivo, como por exemplo, os sentidos, as vontades, dificuldades e facilidades psicológicas, inerentes a cada ser humano mas difusos, mesmo entre pares. A questão proposta neste artigo torna-se então parte de um todo, uma dentre várias questões a serem esclarecidas dentro do saber da comunicação.

Nas análises expostas neste artigo, notamos a importância da comunicação nos sistemas de educação à distância. Estas análises demonstram que existe uma real necessidade de comunicação entre os alunos, para que exista um melhor proveito e desempenho por parte dos alunos.

Para tanto, propus a aplicação das redes sociais virtuais nos sistemas de educação à distância. Esta ferramenta não deve ser utilizada unicamente como um complemento nos estudo para que os estudantes conversem sobre assuntos voltados aos temas estudados, mas também como um ambiente de descompressão aonde o educando se distrai mas sem sair do contexto educacional. Como acontece em um período de intervalo, comum nos ambientes educacionais tradicionais.

O problema inicialmente proposto, “Qual a aderência das redes sociais na educação à distância”, é respondido, com as análises aqui descritas, aonde mostram que existe a importância da comunicação no ambiente virtual, e não somente uma comunicação rasa, mas de forma profunda, buscando imergir os estudantes no mundo educacional, mesmo que à distância.

Logo, podemos concluir que nos tempos atuais tanto quanto as novas tecnologias ou a educação á distância é importante. Igualmente temos as redes sociais virtuais que complementam este macro ambiente, dentro ou fora do EaD.

11. Referências

Livros

Associação brasileira de educação a distância (ABED). Censo EAD.BR 2011/2012: Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil. 2013. Disponível em: <http://www.abed.org.br/censoead/censo2012.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2013.

Associação brasileira de educação a distância (ABED). Censo EAD.BR 2013: Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil. 2014. Disponível em: < http://www.abed.org.br/censoead2013/CENSO_EAD_2013_PORTUGUES.pdf>. Acesso em: 14 outubro. 2014.

BEHAR, Patricia Alejandra. Competências em Educação a Distância. Santana: Penso, 2013.

BERGMANN, Juliana; GRANÉ, Mariona (Org.).  A Universidade na Nuvem. Barcelona: Laboratori de Mitjans Interactius, 2013.

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MORAN, José Manuel. A educação que desejamos novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007.

Artigos

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LORENZO, Eder Maia. O papel das redes sociais na Educação a Distância. 2013. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/47629/o-papel-das-redes-sociais-na-educacao-a-distancia#ixzz3LGVZb4zd>. Acesso em: 20 maio 2013.

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Sites

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1 Conforme visto na pesquisa, a exclusão digital é uma das grandes limitações dos sistemas de educação á distância, igualmente da cibercultura e suas tecnologias. Logo, ao citar as casas de todo o mundo, estão inclusos apenas as que têm à sua disposição os meios e tecnologias necessários para estarem inclusos neste contexto.


Publicado por: MICHELE PERRONE FILHO

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