Cultura no MST

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1. RESUMO

Este texto visa estudar sobre a cultura de um movimento onde é necessário trabalhar temas que vão além do imaginário, do tocável. Onde cultura no MST é tratada com uma relevância, que se tem a responsabilidade de se passar a identidade do movimento para seus futuros sucessores.

Palavras chaves: MST. Cultura. Identidade.

RESUMEN

Este trabajo tiene como objetivo estudiar la cultura de un movimiento en el que tienen que trabajar los temas que van más allá de lo imaginario, de lo tangible. Cuando la cultura es tratada con una relevancia MST, que tiene la responsabilidad de transmitir la identidad del movimiento para sus futuros sucesores.

Palabras clave: MST. Cultura. Identidad.

2. INTRODUÇÃO

A cultura de um povo é a parte essencial na diferenciação dos animais, pois só os seres humanos são capazes de tê-la. A cultura do MST, não só o diferencia como grupo de pessoas organizadas, mas também mostra a identidade de ser Sem Terra. A cultura, a identidade e a memória são os tripés de uma história que vem sendo escrita há 28 anos, mas não se chegou ao final, pois é uma estrada na qual se faz cotidianamente com os passos dados, observando os que por ela passaram, deixando rastros para os que virão poder encontrar o caminho com menos tropeços.

O presente trabalho buscou resgatar a cultura do MST (Movimento Dos trabalhadores Rurais Sem Terra) conhecido também por Movimento dos Sem Terra. A pesquisa analisou dois assentamentos desse movimento, que se localizam em Ariquemes – RO, sendo eles o Assentamento Madre Cristina e o Assentamento Migrantes. A análise foi do significado de cultura e sua importância para um movimento de luta pela terra, e a diferença entre as expressões artísticas e culturais do MST de outras. Buscando ter um panorama da cultura do MST em Rondônia, através da abordagem nos assentamentos pesquisados, a pesquisa se pautou em compreender a dimensão dada ao tema em suas diferentes formas de expressão. Utilizou-se de materiais que tratam o tema tanto de autores internos quanto outros de fora do MST.

Este tema tem uma relevância não só para o movimento quanto para que a sociedade conheça uma parte do MST que apesar de ser importante é muita as vezes desconsiderada por não pertencer as esfera política.

3. HISTÓRIA DO MST

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) é uma organização que já tem 28 anos de existência, movimento social, organizado por camponeses com maior tempo de vida no Brasil. Nasceu da necessidade dos que tinham sido expulsos da terra, e não queriam viver nas cidades, ou dessas queriam sair e voltar a cultivar a terra, da qual poderiam tirar seu sustento e o de sua família. Foi organizado inicialmente com ajuda da CPT1 e de Igrejas que buscavam um rumo para as famílias que estavam acampadas à beira de estradas.

Sua primeira ocupação foi dia 07 de setembro de 1979, ainda durante a ditadura militar, na fazenda Macali, no município de Sarandi, no Rio Grande do Sul, antes da fundação do movimento. Mas seu nascimento como movimento social camponês aconteceu no l Encontro Nacional do MST, realizado em Cascavel, Paraná, em janeiro de 1984, no qual se definiu as diretrizes de atuação. Neste encontro estavam presentes representantes de 11 Estados brasileiros, mobilizados através da Igreja Católica e dos Sindicatos de Trabalhadores Rurais.

Entre representantes dos Estados, com a tarefa de organizar o Movimento estavam os de Rondônia. Que ao retornarem, iniciaram as mobilizações das muitas famílias que tinham vindo para o estado em busca de terra2 e não tinham conseguido se manter nela, devido a muitas dificuldades como as doenças e a difícil saída para outras regiões, estavam se refugiando nas cidades. Em Rondônia, o MST iniciou suas atividades em 1989, no dia 26 de junho, na fazenda Seringal em Espigão D’Oeste, onde ficaram apenas por oito dias até serem despejados pela policia, a iniciativa que tiveram as 110 famílias que ali estavam foi a de ocupar a sede do INCRA em Pimenta Bueno, permaneceram por quase um mês com varias tentativas de negociações, até que após esse período mensal devido as varias pressões e ao aumento de requerentes que estavam na sede da organização, o INCRA liberou 500 hectares para as 300 famílias que já se encontravam acampadas no perímetro da sede. A partir desse levante muitos outros foram sendo organizados em vários municípios do Estado de Rondônia.

3.1. OS CONGRESSOS

O lema de cada Congresso é definido a partir de discussões nos assentamentos e acampamentos, passando por encontros estaduais baseados na análise de conjuntura política atual, para se definir as linhas de atuação até o próximo. A cada novo Congresso Nacional cresce o número de participantes, e reúne militantes de todas as áreas de todos os Estados, além de ser um espaço de estudo, discussão e análise, é também de confraternização. No próximo ano haverá o sexto Congresso nacional, o seu lema ainda está em construção, levando em consideração o momento que o país está passando em relação à política, principalmente a agrária.

O I deles realizou-se em Curitiba no Estado do Paraná, no mês de janeiro de 1985, um ano após o 1º Encontro. Este reuniu 1.600 delegados de todo o Brasil, inclusive estavam presentes representantes de Rondônia. Naquele ano, com término da ditadura militar o movimento decidiu não fazer nenhum tipo de pacto com o governo, seguindo a linha de que “Ocupação é a Única Solução”. Nos anos seguintes aconteceram varias ocupações em todas as regiões do país, dando sequência ao processo de expansão do Movimento em âmbito nacional.

Após o primeiro congresso, houve conversas entre representantes do MST com o governo, fazendo propostas para mudanças na estrutura fundiária brasileira. Nestas conversas foram estabelecidos compromissos, o de que a polícia não seria mais usada contra os trabalhadores, a violência no campo seria combatida e os agricultores participariam na elaboração do PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária). Após o anúncio do plano aconteceu por parte do ruralistas uma forte oposição, depois transformando em repressão, aumentando a violência no campo, contrariando totalmente o acordo com o ministro. Nesta disputa os ruralistas tiveram mais força política, inclusive participando diretamente do governo, com as conquistas dos latifundiários a UDR (União Democrática Ruralista) se fortalece inaugurando a sede nacional em Brasília.

No ano de 1989 o MST em análise durante o 5º encontro nacional3, pode notar que além do PNRA não ter sido cumprido, mais famílias perderam suas terras tendo o governo federal extinto os órgãos ligados à reforma agrária. Neste encontro foi escolhido o hino do MST e marcado a data para o segundo Congresso Nacional.

O II aconteceu no ano de 1990 em Brasília, com delegados de 19 estados, teve o apoio de várias organizações e entidades, e diferente do anterior teve participação de delegados de organizações camponesas de varias nações da América Latina e de Angola. Com o lema “Ocupar, Resistir, Produzir” mantendo a linha de ocupação em latifúndios, resistindo neles apesar da violência e da polícia, produzir nos assentamentos já ocupados.

Neste período o MST teve a preocupação não apenas da conquista da terra, mas também de que as famílias assentadas tivessem a condições de se manterem nessas terras. Houve um crescimento de cooperativas e associações que dessem suporte a produção, auxiliando na busca de créditos. Nasceu o SCA (Sistema Cooperativista dos Assentados), que é responsável por fortalecer as cooperativas dando formação técnica, cursos, fazendo interação entre as cooperativas existentes. Em 1993, considerado internamente um avanço para a reforma, foi aprovada na câmara dos deputados a lei agrária, regulamentando a desapropriações de terras para fim de reforma, recolocando a função social como critério de desapropriação, após este teve debates e emendas que inviabilizou a reforma agrária.

O III congresso com o lema “Reforma Agrária: Uma Luta de Todos” aconteceu no início do 1º mandato do FHC como Presidente da República, que foi o primeiro presidente a receber o MST, fazendo algumas promessas, que não foram cumpridas. Por ele ser um representante do neoliberalismo, fez gerar uma crise na agricultura. Neste período houve uma maior visibilidade do movimento, isso atraiu tanto opiniões favoráveis tanto contrárias. Não só pelas chacinas de Corumbiara e Eldorado do Carajás4, mas também por vários prêmios recebidos como o do Itaú-Unicef, pelo programa de educação nas áreas de Reforma Agrária, que foi produzido especialmente para a comunidade que vive no movimento dos sem terras, nos assentamentos e o Prêmio Rei Balduíno pelo rei da Bélgica, por ser uma organização que luta pelo desenvolvimento dos países do terceiro mundo. Esses prêmios foram entregues as representantes da direção nacional do movimento. Apesar da mobilização da mídia contra o MST, este não deixou de fazer suas ações, o que fez ficarem em uma pesquisa de opinião pública entre as cinco instituições de maior credibilidade no ano de 1996.

Como prova do apoio da sociedade o movimento neste período houve a inauguração da Escola Técnica Josué de Castro, convênio com várias universidades, um CD gravado por cantores da MPB, com músicas do MST, filmes independentes sobre o MST e prêmios internacionais. A década de 90 terminou com saldo negativo para o MST, com fortes acusações do governo a este movimento.

Um ano após o Massacre de Eldorado de Carajás foi celebrado o primeiro dia Internacional de Luta Camponesa, com a chegada da Marcha Nacional por Emprego, Justiça e Reforma Agrária. Também nesse dia foi inaugurada simultaneamente em várias cidades do Brasil e do mundo a exposição de fotos “Terra” de Sebastião Salgado e o Livro de José Saramago acompanhado por um CD de Chico Buarque ambos tendo o mesmo nome da exposição de fotos.

No início do século XX, em 2000 aconteceu o IV Congresso Nacional com a participação de 11 mil delegados e delegadas dos 23 estados onde o MST está organizado, representantes de 45 organizações de 25 países. A militância do Movimento continuava animada, apesar das dificuldades pelas quais o MST estava passando. O lema do Congresso foi “Por um Brasil sem Latifúndio”, e contou com exposições de professores e demais autoridades que mostravam seu apoio à Reforma Agrária e ao MST.

As decisões permaneceram as mesmas anteriormente elaboradas, com acréscimo de algumas outras.

O grande desafio era contra a liberação dos transgênicos no Brasil, por entender que estes produtos prejudicam a saúde das pessoas e o meio ambiente, além de ser monopolizado por um grupo de empresas, que tornam as sementes estéreis.

O grande inimigo não era mais os latifúndios, muitas vezes improdutivos, e sim o agronegócio, as empresas rurais, monocultoras, que concentram cada vez mais terras, gerando menos emprego e expulsando famílias do campo para a cidade.

A euforia e a esperança iniciais havia sido desfeita. A eleição de um Presidente de esquerda, que vinha de lutas sindicais, era a grande chance de se fazer a Reforma Agrária, o que em 2006 já estava claro que não aconteceria, pois no jogo de forças políticas, a UDR, cada vez mais forte e mais articulada estava conseguindo manter a pauta da Reforma Agrária afastada dos centros de atenção, interessada em desmobilizar o MST, que também havia se fortalecido.

Em 2005, o ano de realização do V Congresso Nacional, que foi adiado para 2007, foi bastante significativo, pelas ações e conquistas. Aconteceu a “Marcha Nacional pela Reforma Agrária” que saiu de Goiânia e chegou a Brasília com mais de 12 mil caminhantes, e foi um espaço de estudo e confraternização, além de ser um momento em que o MST recebeu o apoio de personalidades intelectuais, artísticas e políticas e da sociedade em geral por onde passou a Marcha, chegando a Brasília com vinte mil caminhantes. Houve também a inauguração da Escola Nacional Florestan Fernandes, construída ao longo de cinco anos com a participação voluntária de militantes de todos os estados, usando materiais alternativos, como o tijolo de argila.

O V Congresso Nacional aconteceu apenas em 2007, teve como lema “Reforma Agrária: Por Justiça Social e Soberania Popular”. As dificuldades conjunturais e econômicas pelas quais o Movimento estava passando, não diminuíram a vontade da militância de participar, contou com a participação de 17.500 delegados e delegadas dos vários Estados.

A cooperação e a solidariedade entre os povos foi uma das resoluções desse Congresso, o capitalismo globalizou a exploração e opressão de trabalhadores do mundo todo, a saída é fortalecer a solidariedade, na busca de um projeto alternativo de sobrevivência para a vida humana. Uma das ações concretas foi a construção da Via Campesina5, tanto dentro do Brasil quanto a nível global, para a consolidação de um projeto popular.

Quando o MST completou seus 25 anos houve uma grande comemoração no local da primeira ocupação, em Sarandi, RS. Além desse encontro, para comemorar um quarto de século de existência, foi lançada uma Revista Sem Terra, edição especial contando e analisando toda a trajetória desde a fundação até os dias atuais.

3.2. ORGANIZAÇÃO

O MST é organizado por regionais dentro dos Estados, para assim facilitar o trabalho, as atividades e as informações. Essa organização é existente também para não ser necessário deslocar as famílias do seu local de moradia quando estas são assentadas.

A organização do MST enquanto instâncias de discussão e decisão são as mesmas nas esferas Locais, Regionais, Estaduais e Nacional. Em ordem hierárquica crescente temos a Coordenação, Direção e Encontro. A primeira instância são os Núcleos de Base, e a instância máxima é o Congresso Nacional que acontece a cada cinco anos sendo que este define os rumos políticos do Movimento para o próximo período.

Nos seus 28 anos, passou por mudanças organizativas e políticas, mas seus objetivos permaneceram. Entre eles o de lutar pela terra, pela produção de alimentos saudáveis, pela preservação do meio ambiente, pela justiça social, enfim cuidar da vida das pessoas que o compõe.

As mudanças organizativas foram mais visíveis internamente e se deram principalmente na criação de setores, comissões e frentes de trabalho, organizando os vários campos de busca por melhoria de vida das famílias.

No início do Movimento existiam apenas poucos setores, cada um tinha sua bandeira de luta. Com o passar do tempo foi-se vendo a necessidade de criação de outros, e como as realidades são diferentes, em cada acampamento, marcha, curso, seminário se criava e se desfazia comissões de trabalho conforme a necessidade. Hoje, estes foram agrupados em frentes de trabalho conforme os interesses. Alguns iniciaram sendo comissões, exemplo de Gênero e Frente de Massas. Esses setores hoje são: Educação, Saúde, Gênero, Produção, Cultura, Juventude, Formação, Direitos Humanos, Frente de Massas, Finanças, Comunicação, Projetos e Relações Internacionais6.

As mudanças políticas foram vistas e sentidas internamente e externamente, provocando e provocada por mudanças conjunturais e por relações com a sociedade.

4. IDENTIDADE CULTURAL DO MST

Cultura trata-se de um tema, que vem sendo tratado recentemente por varias ciências como a filosofia, a sociologia entre outras. A palavra cultura na sua essência etimológica é tratada segundo Chauí como:

Vinda do verbo latino colere, que tem o sentido de “cultivar”, “criar”, tomar conta” e “cuidar”, cultura significativa, na antiguidade romana, cuidado do homem com a natureza – donde agricultura. Tinha o sentido também de “cuidado dos homens com os deuses” – donde a palavra culto para se referir aos ritos religiosos -, e o de “cuidado com a alma e o corpo da crianças”, com sua educação e formação – donde a palavra puericultura (em latim, puer significa “menino” e puera, “menina”). (CHAUI, 2006, p. 245).

Temos outras definições entendidas em dois modelos, ''a primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade social; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às ideias e crenças de um povo.'' (SANTOS, p.23, 2006).

O trabalho realizou – se através da concepção de que cultura significa:

Conjunto de praticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou através dela, modificando-a. (CHAUI, 2006, p.251).

Nota-se que tratando de um tema com tal pluralidade deve se explanar também outra questão. Para discutirmos a cultura de um povo devemos detalhar sobre sua identidade cultural, que também vem causando um alvoroço nos meios cientifico. Hall definiu identidade em três conceitos básicos: o sujeito do iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno.

A primeira concepção de sujeito era como uma pessoa individualista, a sua identidade é ele quem faz, e permanece idêntica por toda sua vida. O sociológico é a mais usada nos dias atuais, como uma pessoa que sofre influencia sim do meio onde convive, é alterável, o sujeito ainda tem o eu real, mas é modificado através da relação com o mundo exterior. E o ultimo, o sujeito pós-moderno estrutura-se como um ser que não tem uma identidade fixa, essencial e permanente. (Hall, 2006, pp. 10, 11-2).

Percebe-se que a cultura do movimento não é permanente, embora as mudanças no campesinato sejam mais lentas, do que é observado nas cidades, pois nestas o acesso as informações e aos meios de comunicação chegam com formas menos expressivas, devido às localizações onde situam as famílias assentadas, mas com o avanço nas ultimas décadas em relação ao constante aumento das tecnologias voltadas para as telecomunicações está fazendo com que possa mudar esse modelo camponês, mas na contramão desse fato está à base cultural movimentista, os princípios e a visão própria e única.

Com alicerces reforçados, através de embasamentos teóricos e práticos são passados aos seus integrantes os valores essenciais de uma vida social igualitária, sem exacerbo, preponderância, uma vida simples apenas com exagero de força de vontade e sobra de trabalho, por que “É através do trabalho – esforço físico e mental – que o ser humano produz a si próprio e a sociedade em que vive. Daí é que toda a ação coletiva, o pensar, o fazer e o sentir constituem a cultura de um grupo social ou de um povo” 7.

4.1. CULTURA CAMPONESA E A SUA VISÃO NA SOCIEDADE

A cultura camponesa é de forma unificada, não há diferenças entre localidades, embora a produção agrícola se diferencia devido ao clima, as terras e outros fatores. E a visão que é passada pela a elite burguesa também é única, mostrando um conceito pejorativo do camponês à sociedade, impedindo-a de ver como é vivido à cultura no campesinato, que segundo Bogo (2009) o modelo camponês que é mostrado já foi superado pelo próprio desenvolvimento cultural. Sendo assim a partir do momento que se acredita que essa imagem é verdadeira, a sociedade passa não apoiar as varias organizações de diversos fins que existe no âmbito rural, que nesse embate de ideias a burguesia leva vantagens, pois têm meios facilitadores que ajudam nessa disputa.

De um lado é mostrado um camponês atrasado, dos moldes de um “Jeca Tatu”, mas a realidade vivida mostra sua essência, que é a boa convivência com a vizinhança, formas alternativas de trabalho e de ajuda mutua, as festas, conhecimentos sobre a natureza, musica, poesia e outras formas de arte popular como afirma Bogo (2009).

Percebe-se mudanças culturais na atualidade no meio campesino, relacionado à herança que foi deixada das gerações anteriores, como a preocupação com o meio ambiente, o que hoje é visto como degradação, antes era comum, tanto para os camponeses quanto para os governos. Assim como a educação não era vista como necessária atualmente e indispensável para o desenvolvimento agrícola. Dentro do MST os programas desenvolvidos servem de exemplos para se implantar a educação do campo, deixando de lado a ideia de, para que estudar sobre agricultura? Para aprender capinar? E explicitando a importância de ter conhecimento sobre técnicas agroecológicas, a necessidade de termos que reelaborar os conceitos sobre a área rural.

É viável dizermos que em relação à conscientização ambiental, uma boa parte do que é ensinado teoricamente e praticamente hoje em instituições de ensino tanto técnico como superior, já era usado nas roças dos assentamentos, como a desnecessidade do uso de agrotóxico, modelos de plantio entre outras técnicas, mas é claro que com embasamentos científicos.

O MST também usa a educação para passar para seus integrantes os ensinamentos básicos e complexos, com o uso de pensamentos e teorias produzidos por importantes personalidades como Marx, Engels, Che guevara e escritores do meio movimentista como Bogo e Pedro Stedile. Esses ensinamentos são reproduzidos através do dia a dia dos camponeses. Outros aspectos como a ligação com a terra e o misticismo também são aprendidos e trabalhados nos assentamentos, esses mesmos são expressos nas mais diversas áreas artísticas como, a musica, poesia e apresentações teatrais.

5.  A MÍSTICA E A MEMÓRIA

Não é possível falar em cultura dentro do MST sem falar em mística, pois as duas estão de tal forma entrelaçadas que se confundem. A palavra vem de mistério, mas no MST adquire outro significado, que se traduz no coletivo, nos acampamentos e assentamentos, nas reuniões, encontros, marchas, seminários, enfim nos espaços em que o MST esteja presente através de seu povo.

Não se define a mística pelo que encontramos no dicionário, mas segundo Peloso (1994) como uma força que alimenta o povo e aparece principalmente nos momentos mais difíceis da luta e da vida, mostra o caminho pelo qual o povo está caminhando, mas também aonde se quer chegar. Está presente em todos os momentos da vida, no lazer, no trabalho, no estudo, na família, nas reuniões, nas mobilizações, na relação com a natureza. Não tem uma fórmula ou receita, pode ser uma música, uma encenação, um gesto, uma poesia, uma palavra, o jeito de realizar um trabalho ou de coordenar uma reunião. O mais importante não é como se mostra, mas como ela é vivida por cada pessoa e por cada grupo, os valores nela escondidos.

Há definições que traduzem de forma mais abrangente o que está se tratando:

... a mística é uma motivação que está no coração de cada pessoa que abraçou a causa da justiça e da liberdade. Essa força que sustenta o militante pode se manifestar de forma simples ou solene, de forma individual ou coletiva. Mas é sempre uma convicção profunda experimentada e transmitida para reforçar uma luta e reunir muitos outros combatentes. (PELOSO, 1994, p. 8).

A mística está entrelaçada com a consciência do ser humano, portanto “A alienação é a pena de morte da mística” (Bogo, 2009, p 33). Pauta-se na estética, “na forma de olhar de cada ser vivo há pureza, esperteza, malícia, paixão e dor. São características da mística que se revelam no piscar das pálpebras”. (BOGO, 2002, p.26) E não se distancia da cultura, pois “... tudo que fazemos, sentimos e pensamos de forma repetida cotidianamente faz parte da cultura. É de fazer, pensar, sentir e sonhar que é feita a vida humana [...]” (BOGO, 2002, p. 21).

Por essa definição de Bogo, pode-se entender que a cultura dos Sem Terra é essencial para sua sobrevivência como movimento, e sendo a mística e a memória partes de uma mesma história escrita cotidianamente pelos milhões que compõem e constroem o MST, impulsionados por esta força presente no fazer. Até mesmo o nome carrega esta mística e mostra a identidade. Ser ‘Sem Terra’ enquanto movimento organizado nacionalmente não é o mesmo que ser ‘sem terra’, despossuída da terra.

Mas a diferença não é apenas essa aparente forma de escrever, é mais profunda, pois um Sem Terra continua a sê-lo mesmo quando a conquista e passa a ser assentado. Como é mostrado por Pinto, em um trecho de sua poesia Questão de Identidade. “Vou ter terra para plantar, Mas vou ser sempre sem terra, assim vou continuar” (PINTO, p. 53)

Por ser um nome que carrega a identidade, as pessoas se orgulham de mostrar nos símbolos, nos bonés, camisetas, agendas e outros objetos, a nas bandeiras hasteadas nas portas das casas.

Essa identidade presente também nas músicas e poesias, mostram a cultura, que necessita da memória para permanecer viva.

A ponte entre o passado e o futuro é papel desempenhado pela memória, que guarda as experiências a serem usada no momento oportuno. “Memória é a existência já produzida com todas as suas dimensões”. (BOGO, 2009, p. 38).

Essa memória que guarda a sabedoria dos antepassados e se traduz hoje para os camponeses o fator determinante na construção do seu ser histórico. No se fazer Sem Terra há memória na sabedoria sobre as fases da lua e o plantio conforme estas, no trabalho artesanal, na culinária, nas fotografias, nos livros, na crença passada de uma geração a outra. Bogo (2009), afirma que são com estas memórias que os Sem Terra buscam produzir uma nova existência, através de um novo momento histórico.

A cultura está ligada ao trabalho e à forma de produzir, e aqui também se busca a memória. Bogo (2002) afirma que o trabalho constrói o ser humano, embora se torne desprazeroso pela forma que é realizado, pois o capitalismo se apodera do conhecimento das gerações anteriores, transformando-o em produtos.

O MST, desde seu nascimento, passando pela sua consolidação sempre buscou exemplos nas experiências anteriores, a fim de evitar os mesmos erros, mas usando os acertos, com olhar crítico, analisando as diferenças decorrentes do tempo em que aconteceram. Assim, cultiva a memória dos lutadores, dando continuidade aos seus sonhos, na busca por viver seu legado. È uma forma também de homenagear e manter viva a memória. Estes nomes podem ser de personalidades bastante conhecidas, ou pessoas que participaram do MST. Mas sendo muito ou pouco conhecido, todos e todas tiveram importância para a classe trabalhadora. Além de dar seus nomes a assentamentos, agrovilas, praças, escolas, centros de formação, há outras formas de homenagem, para que permaneçam vivos na memória do povo. Na agenda anual do MST, há um espaço reservado para essas homenagens, assim como estão presentes em musicas e poesias.

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os assentamentos pesquisados situam em Ariquemes – RO, mas têm diferenças entre si. O Migrantes, é mais antigo, tem 65 lotes, mas é composto por aproximadamente 85 famílias, foi organizado no sistema tradicional8 sendo os lotes todos de frente para a estrada que passa pelo assentamento e dá acesso a outras comunidades. O Madre Cristina é mais recente tem 35 lotes, foi organizado em sistema de agrovilas9, São duas agrovilas que ficam distantes aproximadamente três quilômetros uma da outra.

Também há muitas diferenças na organicidade e na forma de convivência, que não é influenciada pela organização geográfica. No assentamento Madre Cristina a organicidade proposta pelo movimento é mais visível, há o funcionamento dos núcleos e das frentes de trabalho, neste foi possível conversar com o responsável pelo setor de cultura, que embora afirme que não esteja conseguindo desenvolver um bom trabalho sabe da importância da cultura na organicidade do assentamento. No Assentamento Migrantes, as discussões referentes ao MST ou internas passam pela Associação ou pelos avisos da Igreja Católica. Há também um campo de futebol no qual se reúnem para jogar ou para assistir aos jogos. Este assentamento não perdeu o que é essencial para a sobrevivência humana, a mística de grupo, a alegria de estarem juntos, apesar da distancia que percorrem. Isso não se encontra no Assentamento Madre Cristina, no qual o lazer é improvisado pelos jovens e se resume a um campo de vôlei, ou a banhos no rio São João, que atravessa o assentamento. A Igreja funciona por curtos períodos e perde o ritmo. As festas não são muito frequentes. Mas as reuniões da coordenação do assentamento acontecem periodicamente. A localização geográfica dos assentamentos permitem a locomoção até a cidade, O Madre Cristina fica a 15 quilômetros da cidade, e o Assentamento Migrantes fica a 50 quilômetros da cidade, ambos próximos à RO 257. A educação que é parte fundamental para a sobrevivência de grupos, também se diferencia de uma realidade a outra, embora ambos tenham acesso a escola até o ensino médio em escola polos, as crianças e adolescentes moradoras do Madre Cristina precisam andar até 11 quilômetros em ônibus e frequentam uma escola que por muitas vezes as discriminam por sua situação. Há uma escola polo dentro do Assentamento Migrantes que atende as comunidades vizinhas, por se localizar dentro do assentamento, e muitos funcionários serem assentados, as crianças e adolescentes recebem outro tipo de tratamento.

6.1. ASSSENTAMENTO MADRE CRISTINA

O Assentamento Madre Cristina tem 15 anos de existência, embora esteja ainda em fase de desenvolvimento; ocupou a fazenda Tupi, na madrugada do dia 24 de julho de 1998, com aproximadamente 50 famílias oriundas principalmente do município de Jarú, mas muitas dessas famílias não ficaram e retornaram no mesmo transporte que as trouxeram. Aquelas que alimentavam o sonho de ter um pedaço de terra e junto com ela poderem propiciar às suas famílias um futuro melhor e mais digno permaneceram, embora posteriormente tenham passado por muitos problemas, entre eles de falta de comida, de trabalho, recusa da escola, por preconceito, doenças e até mortes de membros de algumas famílias. Ainda assim, algumas famílias continuaram firmes, mesmo quando outras desistiram, receberam apoio de Igrejas e de outras famílias assentadas do Estado. Um ano após a ocupação, mudaram de local, ficaram temporariamente no sítio vizinho à Fazenda Tupi para que esta fosse vistoriada10.No momento de voltarem à fazenda as famílias preferiu fazer o novo acampamento em outro local, pois onde estavam era propício a malárias, devido à proximidade do rio São João. O novo local também facilitou a locomoção até a cidade, pois ficava mais próximo à RO – 257. Com a eleição do Lula em 2002, e sua promessa de fazer a reforma agrária, muitas famílias foram para o acampamento, que quase triplicou seu número em poucos meses, mas com a demora de ser liberada a área novamente houve uma diminuição do número de famílias acampadas. Após muita idas ao INCRA, pressões por parte das famílias assentamento se tornou uma realidade, mas com um desenvolvimento lento. Apenas em 2009 o INCRA liberou a compra da área e as famílias puderam plantar e colher, puderam ver o sonho de ter um pedaço de terra realizado. Mas ainda está em fase de desenvolvimento, com a liberação de créditos em pendência.

6.2. ASSENTAMENTO MIGRANTES

Migrantes, foi o segundo acampamento do Estado, tendo hoje 25 anos. Neste tempo de existência esteve em outros municípios do Estado, de onde vem a origem de muitas famílias que estão assentadas. O Assentamento Migrantes ocupou a fazenda Lambari em Espigão D'Oeste no dia 24 de julho de 1990, quatro dias depois houve um despejo e as famílias foram levadas para Pimenta Bueno onde permaneceram por noventa dias na frente do INCRA, e foram despejadas para o pátio do lixão, local que foi a moradia destas famílias por seis meses. O INCRA levou as famílias para Alto Alegre dos Parecis com uma proposta de assentá-las em 300 hectares de terra, mas as famílias viram que a terra não oferecia condições de se trabalhar nela, recusaram-na, e permaneceram por três meses na cidade, acampando a beira do rio Igarapé do Norte. Mas logo em seguida foram novamente despejadas e foram para o pátio da Igreja Católica de Pimenta Bueno. Cansadas de ficarem de um lado para outro, fizeram uma ocupação 13 de agosto de 1991, três meses depois houve novamente o despejo pela polícia, que usou de violência, o que fez muitas pessoas perder todos seus pertences e até documentos, depois foram levados para o parque de exposição da cidade, entre muitos despejos e sofrimentos foram trazidos para Ariquemes em janeiro de 1992 com a promessa de serem assentadas na fazenda Escondida de propriedade do Senhor Bellotto, que deveria ser desapropriada para este fim. Foram abandonados neste local, tendo que promoverem seu sustento em um lugar hostil, desconhecido e alheio. Somente 15 anos depois, sob muita pressão o INCRA iniciou o processo de Projeto de Assentamento, liberando créditos e infraestrutura necessários ao desenvolvimento do Assentamento.

6.3. AS INFLUÊNCIAS EXTERNAS

Sabe-se que desde os primórdios da existência dos seres humanos, que a relação de uma cultura com outra há um choque e com o tempo ocorrem algumas adequações umas com as outras, fazendo com que se perda ou mude a roupagem de costumes, valores, da própria identidade à dita “aculturação”.

Percebeu-se nas pesquisas realizadas através de questionário subjetivo que, não sendo diferentes ocorrem essas questões de mudanças, de agregações da cultura externa, ou seja, fora do movimento dos trabalhadores sem terra. Viu-se que tanto no assentamento Migrantes quanto no Madre Cristina a chegada da energia, fez com que ocasionasse aspectos favoráveis e negativos. Com a eletricidade veio o conforto, a praticidade, facilitando tarefas que às vezes eram árduas e dificultosas, mas também vieram acarretados de fatores que põem em riscos sua cultura, relatado por moradores dos assentamentos que após a implantação das redes elétricas suas vidas tornaram-se diferentes, devido que anteriormente ao fato ocorrido à convivência era muito mais prazerosa, havia constantes reuniões, conversas confraternizações, após a vinda da “luz” 11 muitos deixaram de fazerem vistas que eram rotineiras aos vizinhos, abandonaram as rodas que eram feitas para tocar viola, cantar, conversar, contar piadas para ficarem em casa assistindo novela, futebol, filmes e etc.; esquecendo-se de costumes, tradições que venham de longos anos.

Outro fator segundo relatos no Migrantes, é que após as distribuições das terras, e em seguida a venda dessas propriedades12 trouxeram pessoas que não estavam relacionadas ao movimento, assim deixaram de fazerem suas festas, onde mostravam suas místicas, sua cultura, devido estarem infiltrados por gente não acostumadas com as expressões movimentista e por ficarem apreensivos de deixarem suas casas as sós, com medo de serem roubados e com receio de irem para as festas devido ao risco de serem surpreendidos por uma briga e suas consequências. No mesmo assentamento disseram que em suas celebrações, como a do dia das mães, eles faziam um bolo e passava praticamente a noite inteira intacto, ficavam em suas festas até que o dia amanhecesse, atualmente não é mais possível, por conta da grande influencia externa.

Já no Madre Cristina, relataram que para eles à energia não fui um empecilho, mas no entanto a distancia de uma agrovila para outra dificultou o relacionamento entre os antigos acampados, acampamento esse onde passaram vários anos. Relacionado aos acampamentos disseram-nos que a vida neles era muito diferente do que o momento atual, que vivem em seus lotes, antes o todos tinham o mesmo objetivo que eram conquistar suas terras, hoje todos ainda tem o mesmo objetivo, mas é pela produção e não pela ocupação.

Essa produção que é um fator relevante para que tenha havido mudanças no modelo de vida, a partir do momento em que tenham de produzir mais tem de trabalhar mais, assim a exaustão é consequência, impossibilitando-os segundo eles de saírem para visitas em seus conhecidos.

Nos assentamentos pesquisados, o setor de cultura indagou que já faz algum tempo que estão desligados, por falta de interesse dos componentes, às vezes por falta também de motivação, antes quando ocorria reuniões havia uma maior mobilização das pessoas dos assentamentos.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um movimento que luta por um objetivo, onde suas raízes são extramente forte, passada entre varias gerações, observa que não é somente o ter a terra que os motiva, mas sim o ser a terra, o poder cuidar, produzir, morar nessa é muito mais importante do que apenas invadir, tomar, por isso que muita das vezes é observado a garra que os tem.

Com este trabalho podemos observar o que não são transmitidos para a sociedade, por intermédio das bibliografias até a pesquisa de campo notamos a importância e relevância da cultura ser trabalhada e repassada de modo que possa ser contínua, claro que com mudanças, mas a sua essência não altera. Os objetivos foram alcançados, nos possibilitando uma visão mais ampla, retirando conceitos pobres e alienados.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 Comissão Pastoral da Terra

2 Na década de 1970 o governo trouxe milhares de famílias com a promessa de terra, expandindo a fronteira agrícola do país, mas não deu condições das famílias se manterem na terra.

3 Os encontros nacionais acontecem anualmente para analisar o ano anterior e definir as metas do ano seguinte.

4 Massacre de Corumbiara aconteceu em 1995 em Rondônia onde morreram 11 pessoas; Eldorado dos Carajás aconteceu no Pará em 1995 onde morreram 19 pessoas, em memória das vítimas o dia 17 de abril se tornou o dia internacional de luta camponesa.

5 Via Campesina é uma organização presente em 102 países, que agrega movimentos sociais camponeses. No Brasil é composto por MST, MAB (Movimentos dos Atingidos por Barragens), MPA(Movimento de Pequenos Agricultores), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), FEAB (Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil), CPT (Comissão Pastoral da Terra), PJR (Pastoral da Juventude Rural), CIMI( Conselho Indigenista Missionário).

6 Este setor só existe na secretaria Nacional, é formado por pessoas com formação técnica nesta área.

7 Trecho retirado da orelha do livro O MST e a Cultura, Ademar Bogo, 2009.

8 Este sistema é quando os lotes ficam com as frentes extensas e por isso as casas ficam distanciadas uma das outras. Também conhecido internamente como quadrado burro.

9Essa forma de corte dos lotes, estes ficam com a frente mais estreitas, com formato de funil, para que as casas permaneçam próximas.

10Uma propriedade não pode ser vistoriada pelo INCRA se estiver ocupada.

11 Termo usado pelos assentados referindo-se a eletricidade.

12Ato que não é permitido por lei.


Publicado por: Maicon Cleber

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